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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ UM HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS CURITIBA/PR 2016

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

UM HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

CURITIBA/PR 2016

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

SANDRA MARIA LANG SANCHES

UM HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

Trabalho entregue à Faculdade de Educação

São Braz, como requisito legal para

convalidação de competências, para obtenção

de certificado de Especialização Lato Sensu,

do curso de LIBRAS - Língua Brasileira De

Sinais, conforme Norma Regimental Interna e

Art. 47, Inciso 2, da LDB 9394/96.

Orientador: Prof. Fábio Vargas

CURITIBA/PR 2016

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FOLHA DE APROVAÇÃO

SANDRA MARIA LANG SANCHES UM HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

Trabalho entregue à Faculdade de Educação

São Braz, como requisito legal para

convalidação de competências, para

obtenção de certificado de Especialização

Lato Sensu, do curso de LIBRAS - Língua

Brasileira De Sinais, conforme Norma

Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da

LDB 9394/96.

Orientador: Prof. Fábio Vargas

Aprovada em: _____/_____/_______

Examinadores: Prof. (Esp./MSc./Dr.) ________________________________________________ Instituição: __________________________ Assinatura: ____________________ Prof. (Esp./MSc./Dr.) ________________________________________________ Instituição: __________________________ Assinatura: ____________________ Prof. (Esp./MSc./Dr.) ________________________________________________ Instituição: __________________________ Assinatura: ____________________

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RESUMO

Este artigo apresenta um histórico da evolução da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), detalhando aspectos educacionais, culturais, filosóficos e sociais, e mostrando diferentes olhares sobre as pessoas portadoras de deficiência auditiva, a educação e a inclusão delas na sociedade. Desde que a língua de sinais passou a ser utilizada nas salas de aula, a partir do final da década de 80, muito se fala sobre a educação bilíngue, em ensinar e aprender Libras, novas oportunidades no mercado de trabalho, porém, é necessário observar também a importância de professores capacitados e compromissados com a educação das pessoas com deficiência auditiva. A Libras é reconhecida no país como um meio legal de comunicação e expressão. A comunicação é um fator fundamental para o ser humano e a Libras é uma ferramenta que possibilita a interação dos surdos. As comunidades surdas conquistaram o direito de usar uma língua que possibilita não só a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes, mas também sua efetiva participação na sociedade.

Palavras-chave: Língua Brasileira de Sinais. Libras. Surdez. Inclusão.

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1 INTRODUÇÃO

A Língua Brasileira de Sinais, ou LIBRAS como é mais conhecida, é a

forma de comunicação e expressão das comunidades de pessoas surdas do

Brasil.

Na Língua Portuguesa utiliza-se sons que são emitidos pela voz, que para

um surdo é impossível de se perceber. Enquanto a Língua Portuguesa é uma

língua oral-auditiva, a Libras, como toda língua de sinais, é uma língua de

modalidade gestual-visual porque utiliza movimentos gestuais e expressões

faciais que são percebidos através da visão. O bilinguismo apresenta uma

distinção essencial entre a L1 (primeira língua) e a L2 (segunda língua).

Aprender uma nova língua é um grande desafio, e se for uma modalidade

diferente, como no caso da Libras, maior será essa dificuldade. Desde que a

língua de sinais passou a ser utilizada nas salas de aula, a partir do final da

década de 80, os educadores de surdos, de um modo geral, buscam ter maior

conhecimento dessa língua, para que sua atuação seja mais adequada e cumpra

com seu verdadeiro papel. É importante que a escola atue na formação de

professores capacitados e compromissados com a educação das pessoas com

deficiência auditiva.

Na língua de sinais, o sinal representa o conjunto de configuração, ponto

de articulação e movimento da mão que expressa um significado, formando dessa

maneira um meio de comunicação que se constitui em uma língua. Para

conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso

aprender as regras de combinação destas palavras em frases.

2 A LINGUA DE SINAIS

Nesta seção, será apresentado um histórico da língua de sinais. Durante

muitos anos, a comunicação entre as pessoas surdas não era considerada como

um sistema linguístico verdadeiro. Hoje, as línguas de sinais são consideradas

línguas naturais assim como as línguas faladas.

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De muitas maneiras, as línguas de sinais são como línguas naturais que

surgem espontaneamente ou como um sistema linguístico legítimo.

2.1 Histórico

Em 1760, na França, o Abade Charles Michel de L’Epèe iniciou seus

estudos da Língua de Sinais com duas irmãs surdas que usavam gestos para se

comunicar. L’Epèe foi também o responsável pela fundação do Instituto Nacional

de Surdos-Mudos de Paris (atualmente Instituto Nacional de Jovens Surdos de

Paris), a primeira escola pública especializada na educação de surdos.

Em 1880, no II Congresso Internacional de Educadores de Surdos,

realizado na cidade de Milão, votou-se pelo oralismo como o método mais

adequado para se utilizar na educação de surdos. Decidiu-se que as línguas de

sinais deveriam ser banidas como forma de comunicação na educação de

pessoas surdas.

Estudos linguísticos de línguas de sinais começaram em 1960. Neste ano,

o linguista americano William C. Stokoe publicou uma pequena gramática

(STOKOE, 1960) da Língua de Sinais Americana (American Sign Language –

ASL) e um dicionário, baseado em princípios linguísticos (STOKOE,

CASTERLINE e CRONEBERG, 1965), considerados os trabalhos pioneiros de

uma língua de sinais. Neste dicionário, os autores afirmam que cada sinal da ASL

possui três elementos que distinguem de todos os outros sinais, e eles chamaram

esses fatores de aspectos.

Stokoe, trabalhando em uma abordagem estruturalista, mostrou que os

sinais poderiam ser descritos como combinações de um conjunto limitado de

partes, parecidos com a fonologia das línguas faladas.

Na década de 70, linguistas passaram a dar maior importância na ASL e

produziram uma análise detalhada de sua fonologia, morfologia e sintaxe.

Em 1974, a americana Valerie Sutton criou a Escrita das Línguas de

Sinais (SignWriting). O SignWriting (SUTTON, 2009) é um sistema de registro

para representação de gestos visuais que representam as diferentes formas que

as mãos assumem durante a constituição dos termos sinalizados. É aplicado às

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línguas de sinais e pode ser utilizado para escrever qualquer uma delas. Desde a

sua criação, o sistema sofreu diversas modificações e aperfeiçoamento.

3 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

A língua de sinais para surdos tem características especiais que são

bastante diferentes daquelas da língua falada. As línguas de sinais não são

universais, assim como as línguas faladas. Cada país define a sua própria

estrutura gramatical.

No Brasil tem-se a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A Libras é a

língua de sinais usada pelas comunidades surdas nos centros urbanos do Brasil.

A Libras é uma das diversas linguagens de sinais utilizada para a comunicação

dos surdos existentes no mundo. Foi desenvolvida a partir da Língua de Sinais

Francesa (Langue des Signes Française - LSF).

A luta pelo reconhecimento dos direitos das pessoas surdas ganhou apoio

legal nas ultimas décadas. A Libras foi oficializada, como a língua natural dos

povos surdos no Brasil, através do Decreto Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002

(BRASIL, 2002) e em seguida regulamentada pelo Decreto Lei nº 5.626 de 22 de

dezembro de 2005 (BRASIL, 2005).

O Decreto Lei nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, no artigo 2°,

considera-se pessoa surda como “aquela que, por ter perda auditiva, compreende

e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua

cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras” (BRASIL,

2005).

Esse Decreto, que oficializou a Língua Brasileira de Sinais, foi um marco

importante para a comunidade de surdos do Brasil, abrindo novos caminhos para

a comunicação, inclusão e o ensino da língua de sinais.

A área da Educação também foi contemplada no decreto Lei nº 5.626 que

trata da inclusão da Libras como disciplina obrigatória. Os sistemas educacionais

públicos de níveis médio e superior, devem garantir a inclusão do ensino de

Libras nos cursos de Magistério, Fonoaudiologia e formação de Educação

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Especial, como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL,

2005).

Além da Libras, existe uma outra língua de sinais no Brasil, a Língua de

Sinais Urubu-Kaapor, usada por uma pequena comunidade indígena no estado do

Maranhão.

3.1 Estrutura Gramatical da Língua de Sinais

Na língua de sinais existem três aspectos ou parâmetros principais

fonológicos (Stokoe at. al. 1965; QUADROS e KARNOPP, 2004):

1) Configuração da mão (CM): a configuração distinta da mão ou mãos,

fazendo um sinal;

2) Locação da mão (L) ou Ponto de articulação (PA): o lugar onde um

sinal é feito; e

3) Movimento da mão (M): a ação da mão ou das mãos.

Os parâmetros linguísticos secundários da língua de sinais correspondem

a disposição e orientação das mãos e a expressão facial e/ou corporal.

Falar com as mãos é, portanto, uma combinação desses elementos que

combinados formam as palavras e estas formam as frases em um contexto

específico. A Figura 1 ilustra os três parâmetros fonológicos primários da língua

brasileira de sinais.

Figura 1: Parâmetros fonológicos primários da LIBRAS

Fonte: QUADROS e KARNOPP (2004).

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3.1.1 Configuração da Mão

São as formas que a(s) mão(s) assume(m) durante a realização de um

sinal, podendo ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas. Pode ser

utilizada a mão direita (mão dominante para os destros), a mão esquerda

(dominante para os canhotos) ou ambas as mãos.

A CM pode ser comparada a classificação dos fonemas na Língua

Portuguesa, durante a pronúncia de uma palavra falada.

A Figura 2 apresenta as 46 configurações de mão da Libras. Dentre essas

configurações de mão, 26 são utilizadas para representar as letras do alfabeto

manual.

Figura 2: Configuração da mão da LIBRAS

Fonte: FERREIRA-BRITO (1995).

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3.1.2 Locação

A Locação (L) ou Ponto de Articulação (PA) é a área no corpo ou espaço

neutro onde os sinais são articulados. A mão pode tocar alguma parte do corpo

ou estar em um espaço neutro vertical e horizontal. Cada sinal pode ser

constituído por mais de um Ponto de Articulação, ao considerar o início e o

término da sinalização.

As locações dividem-se em quatro regiões principais (QUADROS e

KARNOPP, 2004): cabeça, mão, tronco e espaço neutro.

3.1.3 Movimento

O Movimento (M) é o deslocamento da mão (ou mãos) no espaço,

durante a realização do sinal. Os sinais podem ter um movimento, mais de um

movimento ou nenhum movimento. Quanto à sua direcionalidade, o movimento

pode ser unidirecional (movimento em uma direção no espaço), bidirecional (em

direções diferentes) ou multidirecional (em várias direções).

A Figura 3 apresenta os tipos de movimentos utilizados na Libras.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figura 2: Tipos de Movimentos. (a) retilíneo; (b) semicircular; (c) circular;

(d) helicoidal; (e) sinuoso e (f) angular.

Fonte: adaptação de (STROBEL e FERNANDES, 1998).

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Os tipos de movimentos são (QUADROS e KARNOPP, 2004):

a) Movimento retilíneo;

b) Movimento helicoidal;

c) Movimento circular;

d) Movimento semicircular;

e) Movimento sinuoso;

f) Movimento angular.

3.1.4 Orientação e Expressão Facial/Corporal

A orientação (O) é a direção para a qual a palma da mão aponta para a

direção do sinal. Alguns sinais têm uma direção e quando invertidos podem

significar ideia de oposição ou contrário.

Expressão Facial e/ou Corporal (EF/C) é um aspecto importante e

diferenciador para o entendimento real do sinal quando incorporados em vários

sinais. A entonação em língua de sinais é feita através da expressão facial.

Além das questões gramaticais e estruturais das línguas de sinais,

comuns no aprendizado de outras línguas, são necessárias habilidades de

expressividade córporo-facial e habilidades motoras.

3.1.5 Alfabeto de Sinais

Os sinais na Libras podem ser simples ou compostos, arbitrários ou

icônicos. Além disso, pode-se também utilizar o alfabeto manual (datilologia),

quando não tiver um sinal próprio. A datilologia permite nomear objetos ou

palavras que ainda não existem na língua de sinais.

A Figura 2 apresenta as configurações de mão usadas na representação

do alfabeto manual de sinais e os números de 0 a 9.

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Figura 2: Alfabeto Manual de Sinais

Fonte: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade1/alfabeto.JPG.

4 EDUCAÇÃO DE SURDOS

Aprender Libras já traz muitos desafios na cultura ouvinte e projeta o olhar

sobre o surdo. Para desempenhar o papel de interpretes de libras é necessário

desenvolver inúmeras habilidades, as quais levam muito tempo para serem

adquiridas. Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras,

é preciso aprender as regras de combinação destas palavras em frases.

A deficiência auditiva é a perda bilateral, parcial ou total das

possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis, que pode variar de

uma surdez leve até a perda total da audição. Pode ocorrer em um ou em ambos

os ouvidos. A surdez pode impedir que o indivíduo possa se expressar através da

comunicação verbal, com a ajuda do ouvido.

De acordo com o Decreto Lei Nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999

(BRASIL, 1999), a surdez pode ser classificada nas seguintes categorias:

• Ligeira deficiência: perda entre 16 e 25 decibéis (dB);

• Leve: perda entre 26 e 40 decibéis;

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• Moderada: perda entre 41 e 55 decibéis;

• Acentuada: perda entre 56 e 70 decibéis;

• Severa: perda entre 71 e 90 decibéis;

• Profunda: perda acima de 91 decibéis; e

• Totalmente surdo: Sem nenhuma audição. Isso é chamado também de

anacusia.

A audição é considerada normal, mesmo que o indivíduo apresente uma

perda que pode variar entre 0 e 25 decibéis.

A surdez pode ser congênita (quando o indivíduo já nasce surdo) ou

adquirida (quando perde a audição no decorrer de sua vida). Quanto a etiologia,

ela pode ser durante o período pré-natal, peri-natal ou pós-natal.

Segundo dados do IBGE do ano de 2010, no Brasil existem 45,6 milhões

de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, que correspondente a 23,9%

da população brasileira. De acordo com a pesquisa, 18,8% apresentam

deficiência visual, 7,0% deficiência motora, 5,1% deficiência auditiva e 1,4%

deficiência mental/intelectual.

Das pessoas que declararam possuir alguma deficiência, 9.722.163

possuem deficiência auditiva. Dessas, 347.481 são surdas, 1.799.885 têm grande

dificuldade de ouvir e 7.574.797 possui alguma dificuldade de ouvir. Entre essas

pessoas, existem surdos oralizados (que não usam a Libras na comunicação) e

os não oralizados (que utilizam a Libras na comunicação).

No Brasil, a educação de surdos iniciou-se com a fundação do Instituto de

Surdos-Mudos (atualmente, Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES1)),

fundada em 26 de setembro de 1857 no Rio de Janeiro. O Instituto foi fundado,

com apoio estatal, pelo professor surdo francês Ernest Huet, que veio ao Brasil a

convite do Imperador D. Pedro II. Neste dia comemora-se também o Dia Nacional

dos Surdos.

A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) é

uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, com finalidade educacional, de

assistência social e sociocultural. Dentre os diversos trabalhos está a divulgação

da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), para pessoas surdas e ouvintes.

1 http://www.ines.gov.br/

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A Libras é uma língua que tem ganhado espaço na sociedade nos dias

atuais após anos de luta. O povo surdo conquistou o direito de usar uma língua

que possibilitasse não só a comunicação, mas também sua efetiva participação

na sociedade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os profissionais da área da educação têm grandes responsabilidades em

relação às necessidades das comunidades surdas. Os surdos estão cada vez

mais inseridos na sociedade, porém ainda sofrem muito preconceito e

apresentam certas dificuldades para se adaptarem à sociedade, principalmente

na comunicação entre pessoas surdas e pessoas ouvintes.

Por meio da língua de sinais, milhares de pessoas portadoras de

deficiência auditiva e da fala conseguem se comunicar. Dessa forma, essas

pessoas conseguem aprender uma serie de sinais que se transformam em

palavras.

O surdo é uma pessoa que, na escola, demanda especial atenção à sua

realidade linguística e a escola deve ser capaz de atender esta sua necessidade.

A utilização da Libras é um caminho necessário para uma efetiva

mudança nas escolas e também no que diz respeito ao atendimento de alunos.

Ao enfatizar o processo de ensino-aprendizagem, e não a dificuldade do aluno, a

escola deve buscar estratégias metodológicas e técnicas que favorecem a

aprendizagem cooperativa, efetiva e individualizada, enfrentando o desafio de

ajustar-se e atender à diversidade dos educandos.

Os profissionais, de diversas áreas de atuação, ainda não se sentem

preparados, devem se qualificar para desenvolverem um trabalho que possa

atender as pessoas portadoras de surdez. É fundamental que as pessoas que

convivem com deficientes auditivos aprendam libras. Qualquer pessoa

interessada poderá aprender libras e dessa forma, os portadores de deficiência

irão se sentir mais inclusos e poderão se comunicar mais facilmente.

A escrita de sinais tem se demonstrado uma das mais poderosas

estratégias para aprender libras e se aprofundar nessa língua. A inclusão dos

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alunos surdos nas escolas de ensino regular requerem diversos investimentos tais

como, estrutura, planejamento pedagógico, profissionais e professores

qualificados na linguagem de sinais. Dessa forma, podem-se inserir os alunos que

de alguma forma necessitam de apoio e proporcionar uma aprendizagem com

sucesso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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União (Brasília, DF), 1999.

_______. Decreto Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002, Dispõe sobre a Língua

Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências, 2002. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 26 jan.

2016.

_______. Decreto Lei Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, Regulamenta a Lei

no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais

- Libras, 2005. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-

2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 27 jan. 2016.

FERREIRA-BRITO, Lucinda, Por Uma Gramatica de Línguas de Sinais. Rio de

Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.

QUADROS, R. M., KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira: Estudos

Lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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Papers, v. 8. Department of Anthropology and Linguistics, University of Buffalo,

1960.

STOKOE, William C., CASTERLINE, Dorothy C., CRONEBERG, Carl G. A

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Gallaudet College Press, 1965.

STOKOE, William C., Sign language structure: An outline of the visual

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STROBEL, Karin L., FERNANDES, Sueli. Aspectos Lingüísticos da LIBRAS.

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SUTTON, Valerie, SignWriting: Sign Languages Are Written Languages!, The

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