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UM ESTUDO SOBRE OS CONTROLES DE GESTÃO UTILIZADOS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS COMERCIAIS DA CIDADE DE IVAIPORÃ/PR

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UM ESTUDO SOBRE OS CONTROLES DE GESTÃO

UTILIZADOS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

COMERCIAIS DA CIDADE DE IVAIPORÃ/PR

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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção

UM ESTUDO SOBRE OS CONTROLES DE GESTÃO UTILIZADOS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

COMERCIAIS DA CIDADE DE IVAIPORÃ/PR

Nanci Ribeiro Prestes

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Engenharia de Produção

Orientadora: Profa. Ilse Maria Beuren, Dra.

Florianópolis 2002

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Nanci Ribeiro Prestes

UM ESTUDO SOBRE OS CONTROLES DE GESTÃO UTILIZADOS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

COMERCIAIS DA CIDADE DE IVAIPORÃ/PR Esta dissertação foi julgada adequada e aprovada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 31 de julho de 2002.

Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph. D. Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA

__________________________ Profª. Ilse Maria Beuren, Drª.

Orientadora

___________________________________ Prof. Newton Carneiro A. da Costa Jr. Dr. Membro

____________________________________ Prof. Norberto Hochheim Dr. Membro

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que me sustentou e me fez perseverante nesta conquista.

À professora Dr.ª Ilse Maria Beuren, minha orientadora, pela dedicação,

sabedoria, paciência e confiança depositada na realização desta dissertação.

Aos professores do Mestrado da Engenharia de Produção da UFSC, pela

segurança com que transmitiram seus ensinamentos, e a toda equipe da

Universidade Federal de Santa Catarina.

À Secretaria da Receita Estadual de Ivaiporã/PR, SEBRAE, Associação

Comercial, Junta Comercial e todas as empresas que com presteza cederam os

dados para a realização desta pesquisa.

Ao presidente da UNIVALE – União das Escolas Superiores do Vale do Ivai,

Clorivaldo Gatti, e às diretoras, Miriam Isabel Gavassi Santos Gatti e Magda Hirata

Vanzela, por proporcionarem condições para a realização deste trabalho.

Aos meus filhos Cristine, Marco, Murillo e Caroline, pelo incentivo, amor e

compreensão dedicados durante a realização deste Mestrado.

Ao meu esposo e amigo Maurílio, pela paciência e incentivo.

Aos meus familiares, especialmente minha mãe e minha irmã Uilse, que me

incentivaram nos momentos de fraqueza.

Enfim, a todos os anjos e santos que me sustentaram nesta jornada.

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...................................................................................... 7 LISTA DE TABELAS..................................................................................... 8 RESUMO......................................................................................................... 10 ABSTRACT.....................................................................................................

11

1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 12 1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA................................................ 14 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA................................................................ 16 1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................... 16 1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA........................................................ 18 1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO...........................................................

20

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 21 2.1 EMPRESAS COMERCIAIS.................................................................. 21

2.1.1 Caracterização de empresa comercial........................................... 21 2.1.2 Classificação das empresas por tamanho...................................... 22 2.1.3 Organizações visualizadas como sistemas.................................... 24 2.1.4 Processos empresariais vitais........................................................ 25 2.1.5 Gestão empresarial........................................................................ 26

2.2 CONTROLES DE GESTÃO................................................................. 28 2.2.1 Significado de controle de gestão.................................................. 29 2.2.2 Tipos de controles de gestão......................................................... 30 2.2.2.1 Controle de capital de giro......................................................... 31 2.2.2.2 Controle de contas a receber...................................................... 34 2.2.2.3 Controle de contas a pagar......................................................... 36 2.2.2.4 Controle de estoques.................................................................. 37 2.2.2.5 Indicadores de rotação................................................................ 43 2.2.2.6 Fluxo de caixa............................................................................ 47 2.2.2.7 Controle de custos e despesas.................................................... 51

2.3 TECNOLOGIA DE SUPORTE AO CONTROLE DE GESTÃO.........

52

3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.................................................. 55 3.1 APRESENTAÇÃO DE DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ/PR.............................................................................................

55

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS................. 57 3.3 PERFIL DOS RESPONDENTES.......................................................... 63 3.4 IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS VITAIS NA GESTÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS COMERCIAIS DE IVAIPORÃ/PR

69

3.5 CONTROLES DE GESTÃO NECESSÁRIOS PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS COMERCIAIS..................................................

71

3.6 IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA E INTENSIDADE DE USO DOS CONTROLES DE GESTÃO.......................................................................

78

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CONTROLES DE GESTÃO....................................................................... 3.7 INTENSIDADE DE USO DOS RECURSOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO APOIO À GESTÃO.....................................

81

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................... 84 4.1 CONCLUSÕES...................................................................................... 84 4.2 RECOMENDAÇÕES............................................................................ 86

REFERÊNCIAS............................................................................................... 87 APÊNDICE...................................................................................................... 91

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Classificação por atividade econômica e participação no recolhimento do ICMS pelo Vale do Ivaí .............................................56 TABELA 2 - Distribuição e retorno dos questionários enviados às empresas .........57 TABELA 3 - Devolução dos questionários por faixa de faturamento .......................58 TABELA 4 - Quadro societário das micro e pequenas empresas comerciais de Ivaiporã/PR ....................................................................................59 TABELA 5 - Tempo de atividade das micro e pequenas empresas comerciais ......59 TABELA 6 - Número de empregados das empresas pesquisadas ..........................60 TABELA 7 - Faturamento anual informado pelas empresas.....................................61 TABELA 8 – Número de sócios X faturamento anual................................................61 TABELA 9 – Número de empregados X faturamento anual......................................62 TABELA 10 - Propriedade das instalações ...............................................................62 TABELA 11 - Tempo de atividade X situação do imóvel de instalação da empresa ................................................................................................63 TABELA 12 - Função que os respondentes ocupam na empresa ............................64 TABELA 13 - Tempo de função que ocupa na empresa ..........................................65 TABELA 14 - Faixa etária dos respondentes ............................................................66 TABELA 15 - Grau de escolaridade dos entrevistados .............................................66 TABELA 16 - Área de formação na graduação ........................................................67 TABELA 17 - Área que cursou a Pós-graduação .....................................................67 TABELA 18 – Grau de instrução X faturamento anual..............................................68 TABELA 19 - Participação em cursos/treinamentos .................................................68 TABELA 20 - Processos vitais na gestão das micro e pequenas empresas comerciais ..........................................................................................70 TABELA 21 - Grau de dificuldade encontrada em alguns aspectos da gestão ...........................................................................................71

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TABELA 22 - Controles de gestão necessários para a gestão das micro e pequenas empresas comerciais ...................................................72 TABELA 23 - Definição do preço de venda das mercadorias .................................73 TABELA 24 - Contagem física dos estoques ..........................................................74 TABELA 25 - Periodicidade da contagem física dos estoques ...............................74 TABELA 26 - Critérios para concessão de créditos nas vendas à prazo ................75 TABELA 27 - Nível de inadimplência enfrentado pelas empresas ..........................75 TABELA 28 - Prazo médio de atraso (dias) .............................................................76 TABELA 29 - Critérios para concessão de crédito X nível de inadimplência...........77 TABELA 30 - Possui cadastro de fornecedores ......................................................77 TABELA 31 - Forma de pagamento das compras ..................................................78 TABELA 32 - Grau de importância dos controles na gestão das empresas pesquisadas ....................................................................79 TABELA 33 - Periodicidade de elaboração do fluxo de caixa na empresa ............80 TABELA 34 - Intensidade de uso dos controles de gestão ....................................80 TABELA 35 - Disponibilidade dos controles de gestão e meio utilizado ................81 TABELA 36 - Nível de utilização da informática .....................................................82 TABELA 37 - Utilização da internet para o gerenciamento e busca de informações referentes ao ramo de atividade da empresa ..............83

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Classificação de empresas pelo SEBRAE ......................................23 FIGURA 2 - Paralelo entre os ativos financeiros, operacionais e permanentes ...................................................................................32 FIGURA 3 - Paralelo entre os passivos financeiros, operacionais e permanentes ...................................................................................33 FIGURA 4 - Modelo de fluxo de caixa prospectivo .............................................50 FIGURA 5 - Localização do município de Ivaiporã .............................................56

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RESUMO

PRESTES, Nanci Ribeiro. Um estudo sobre os controles de gestão utilizados nas

micro e pequenas empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR. Florianópolis,

2002, 96 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós

Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,

2002.

Orientadora: Ilse Maria Beuren, Dra.

Defesa: 31/07/2002.

O objetivo geral do presente estudo consiste em verificar as características do conjunto

de controles de gestão utilizados nas micro e pequenas empresas comerciais da cidade

de Ivaiporã/PR. O trabalho consubstancia-se em pesquisa exploratória-descritiva, com

abordagem predominantemente quantitativa. A população da cidade de Ivaiporã,

compreende as empresas cadastradas na Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná

- Cadastro Geral de Contribuintes de ICMS. Constatou-se que a maior deficiência está

quanto à utilização do controle de estoque. Não obstante, da maioria das empresas

terem critérios definidos para concessão de vendas a prazo, mais da metade das

empresas pesquisadas enfrentam problemas de inadimplência. Um percentual alto de

empresas compram sempre à vista e normalmente à vista. O controle de contas a pagar

obteve o maior grau de importância atribuído pelas pessoas que responderam o

questionário, e o maior índice de utilização. As maiores dificuldades são na utilização

da informática e relatórios contábeis. Portanto, conclui-se que a característica

predominante dos controles está voltada à gestão financeira destas empresas. No

entanto, devem ser intensificados os controles quanto aos prazos de pagamento e

recebimentos, concessão de crédito, controle de estoque e a adoção do fluxo de caixa

prospectivo.

Palavras-chave: controles de gestão, micro e pequenas empresas, empresas

comerciais

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ABSTRACT

PRESTES, Nanci Ribeiro. A study about the control of management used in

micro and small commercial companies in town of Ivaiporã/PR. Florianópolis,

2002, 96 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós

Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,

2002.

Advisor: Ilse Maria Beuren, Dra.

Dissertation conclusion: 31/07/2002

The general purpose of the current study consists in verifying the characteritics of

the control entirety of management used in micro and small commercial companies in

the town of Ivaiporã/PR. This work consubstantiates in a descriptive and exploratory

research whose approach is mainly quantitative. Ivaiporã’s population comprises the

companies registered in a cadaster at the State Secretary of Revenue – General

Registries of IRS Taxpayers. It was observed that the biggest deficiency is in utilizing

the stock control. Even though most of the companies have defined wich were

checked face default problems. A high percentage of these firms usually or always

buy cash down. The account payable control was the highest in a rank of importance

and also got the highest indicator of utilisation according to the survey answers. The

greatest difficulties are in the use of computers and accounting reports. Therefore, it

is concluded that the main feature of the control is pointed to the financial

management of these firms. However, should be intensified the controls regarding

payment and collecting dates, concession credit, stock control and adoption of the

prospective cash flow.

Key words: control of management, micro and small companies, commercial

companies.

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1. INTRODUÇÃO

Não há como negar a velocidade com que as mudanças estão ocorrendo, e o

impacto causado pela evolução da tecnologia da informação e da globalização. No

aspecto econômico e financeiro as empresas independente do seu ramo de

atividade ou porte precisam rever suas estratégias e adaptar-se às novas realidades.

Bassi (2000:19) afirma que “a globalização é o ambiente econômico da

atualidade, no qual trafegam com mais desenvoltura as empresas multinacionais,

mas do qual não podem escapar as nacionais – grandes ou pequenas, industriais,

comerciais ou de serviço”.

Inseridas nesse cenário destacam-se também as micro e pequenas

empresas, pela sua importância na economia, tanto como alternativa de

investimento, quanto geração de emprego e renda. Como alternativa de

investimentos, constata-se a presença das pequenas empresas. Conforme Solomon

(1986:393), desde meados do século XVIII, em pleno ciclo do ouro, com as

tecelagens, fiações, olarias, o comércio na época já abrangia redes varejistas e

importadoras. No Brasil, no início do século XIX, com a vinda de D. João VI, e

abertura de nossos portos às nações amigas, os pequenos negócios especialmente

na área do comércio experimentaram novo surto de expansão.

Como geração de emprego e renda, verifica-se através de dados do Cadastro

Central de Empresas de 1999, fornecidos pelo IBGE que as empresas com até 9

pessoas ocupadas representam 92,2% do total de empresas, empregam 11,9% do

pessoal ocupado assalariado e pagam 5,8% dos salários e outras remunerações.

Acrescenta ainda que, de 1996 para 1999, as empresas na faixa de 0 a 9 pessoas

ocupadas apresentaram as maiores taxas de crescimento, tanto de número de

empresas (21,3%) como de pessoas ocupadas assalariadas (22,4%). Portanto, a

criação dessas empresas depende, em grande parte, de iniciativas individuais

desses pequenos investidores, que como empreendedores se lançam no mercado

com a responsabilidade social de garantir a sua própria sobrevivência e de milhões

de brasileiros que delas dependem.

Muitas conseguem vencer os desafios e prosperam. Outras nascem

pequenas e assim se mantém, talvez por opção de seus proprietários, que se

conformam com uma lucratividade mínima, mas com a clientela fiel que fizeram no

decorrer dos anos, ainda assim sustentam seu papel social como geradoras de

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emprego. No entanto, estas podem estar perdendo espaço para as mais arrojadas

que buscam inovações e acompanham as exigências do ambiente.

Grzybovski e Tedesco (2000:99) realçam a importância das micro e pequenas

empresas em nível mundial, quando citam que: “uma das formas de compreender o

porquê de algumas nações hoje serem desenvolvidas, com economia sólida e

distribuição de renda mais equilibrada, está nas políticas de apoio às micro e

pequenas empresas adotadas há mais de trinta anos”.

Destacam que o Japão, já em 1947, criou uma série de medidas de apoio,

entre as quais se destacam as financeiras e as de crédito para financiamento de

projetos de longo prazo. A Itália iniciou sua política de apoio às micro e pequenas

empresas na década de 1950, e hoje cerca de 70% do PIB vêm das pequenas

empresas, que realizam em torno de 18% das exportações e representam cerca de

25% do total de empresas da Europa. Na Alemanha, apesar do apoio ser mais

recente, intensificado em 1970, há um plano de pesquisa e tecnologia específico

para esse segmento, destinando de 25% a 30% dos gastos federais a pequenas e

médias empresas. Ressaltam que o governo desses países considera o segmento

como elemento vital para a expansão econômica. Além disso, esclarecem que,

mesmo tendo como característica a administração familiar, o gerenciamento é

exercido por pessoas com elevado nível cultural e com treinamento em técnicas

modernas de gestão.

No Brasil, o incentivo apresentado a essas empresas, para estimular a

regularização e, ao mesmo tempo, simplificar suas ações é o enquadramento

tributário baseado no faturamento anual de forma simplificada, “o simples”, conforme

a Lei n. 9.317,Lei do Simples Federal de 05 de dezembro de 1996. O Estatuto das

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, Lei n. 9.841, de 05 de outubro de

1999, e sua regulamentação pelo Decreto n. 3.474, de 19 de maio de 2000, prevêem

tratamento favorecido às micro e pequenas empresas nos campos previdenciário,

trabalhista, creditício e desenvolvimento empresarial, não abrangidos pela Lei do

Simples Federal.

Conforme o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior

(www.mdic.gov.br), entre os programas desenvolvidos, resultantes da política

pública do governo federal, destaca-se o Brasil Empreendedor, lançado no início do

ano 2000, com realização a cargo do SEBRAE. O objetivo do programa é orientar o

gestor para as oportunidades de crédito, e aos aspectos conceituais e alternativas

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adequadas aos seus estabelecimentos, inserindo-os na visão estratégica através da

elaboração de planos de negócios.

O Programa Brasil Empreendedor tem como premissas a concessão de

crédito, com recurso do BNDES/FINAME, através das instituições financeiras oficiais

federais, Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil, Banco da Amazônia e Caixa

Econômica Federal. Segundo informações obtidas junto à agência da Caixa

Econômica Federal em Ivaiporã/PR, só no ano de 2001, de 2,95 bilhões destinados

para financiamentos para pessoas jurídicas, as micro e pequenas empresas

receberam 90% desse total, sendo que em 2002 a Caixa Econômica Federal

disponibilizou R$ 2,9 bilhões para as micro e pequenas empresas.

Portanto, é inquestionável a importância das pequenas empresas em nível

mundial, bem como o papel exercido pelo governo para o desenvolvimento das

mesmas. Neste sentido, o foco do presente estudo está na administração destas,

mais especificamente como os gestores destas empresas estão utilizando controles

de gestão na busca da sobrevivência num cenário globalizado, com inovações e

constantes mudanças.

1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA

Grunewald (1992:37), citando Camões, aduz que no século XVI repercutiu:

“mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. À luz da realidade empresarial

constata-se a reflexão do autor, com o constante desenvolvimento da tecnologia que

tem sido fator marcante nos hábitos dos consumidores e, por conseguinte, na

mudança das organizações, forçando as empresas a se adequarem para atender às

exigências de um mercado globalizado e altamente competitivo.

Nesse sentido, Drucker (1973:171), menciona que há muito tempo já

considerava que um dos objetivos de sobrevivência da empresa provém da sua

existência em uma sociedade e economia e que apenas garantirá sua efetividade

enquanto essa mesma sociedade e economia acreditar que ela cumpre uma função

necessária, útil e produtiva. Percebe-se que na velocidade com que as

transformações acontecem na sociedade em função das tecnologias emergentes, as

empresas que não corresponderem aos anseios do mercado, podem estar fadadas

a fechar, restando apenas aquelas que se renovam constantemente.

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Na administração das pequenas empresas, Longenecker et.al. (1997:420)

afirmam que, uma das restrições ao gerenciamento é que “as empresas pequenas

não têm dinheiro suficiente nem pessoas suficientemente talentosas. Precisam

enfrentar a dura realidade das pequenas contas bancárias e o staff gerencial

limitado”.

Por outro lado, Resnik (1990:3) destaca que, “a boa administração é

responsável pelo sucesso da pequena empresa”. Explica que a má administração e

não a economia, a concorrência, a inconstância dos clientes ou o azar é o fator que

determina o fracasso. Verifica-se que a garantia da sobrevivência e da

competitividade dessas empresas está nas mãos dos dirigentes, que devem

conduzir a organização para seus objetivos.

Para o cumprimento dos objetivos das pequenas empresas, apesar das

dificuldades encontradas, é necessário que se adote um modelo de gestão,

obedecendo a um processo de planejamento, execução e controle, que seja

dinâmico, flexível e adaptável às mudanças do meio ambiente.

O controle é imprescindível para que uma empresa possa competir no

mercado, pois sem a capacidade de avaliar o desempenho de suas atividades e

reverter um processo inadequado, qualquer empresa estará em desvantagem

competitiva em relação a seus concorrentes e às exigências do mercado. Gomes e

Salas (1999:22) afirmam que “o controle, seja muito ou pouco formalizado, é

fundamental para assegurar que as atividades de uma empresa se realizem da

forma desejada pelos membros da organização e contribuam para a manutenção e

melhoria da posição competitiva”.

Conforme Bassi (2000:28), “em pesquisa realizada pelo SEBRAE/SP em

conjunto com a FIPE, em 1999, 56 de cada grupo de 100 empresas micro e médias

fecharam as portas antes de atingir três anos de operação”. Portanto, observa-se a

necessidade dos gestores adotarem instrumentos de controle que garantam a

competitividade e sobrevivência destas empresas dentro de uma abordagem

sistêmica. É necessário que visualizem o ambiente interno, em suas atividades

operacionais, e seu desempenho junto às exigências impostas pelo ambiente

externo onde estão inseridas.

Nesse sentido, busca-se no presente trabalho responder a seguinte pergunta

de pesquisa: Como se caracteriza o conjunto de controles de gestão utilizados nas

micro e pequenas empresas comerciais do município de Ivaiporã/PR?

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16

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo geral deste trabalho é verificar as características do conjunto de

controles de gestão utilizados nas micro e pequenas empresas comerciais do

município de Ivaiporã/PR

Como objetivos específicos têm-se os seguintes:

♣ identificar os processos empresariais vitais na gestão das micro e

pequenas empresas comerciais do município de Ivaiporã/PR;

♣ verificar as necessidades de controles de gestão, percebidas pelos

gestores dessas empresas;

♣ averiguar a importância atribuída e a intensidade de uso dos controles de

gestão nestas micro e pequenas empresas;

♣ investigar a intensidade de uso da tecnologia da informação como apoio

ao controle de gestão.

1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Sobre a importância da pequena empresa no contexto sócio-econômico, ao

longo de sua existência, Solomon (1986:243) cita que:

desde os dias em que o armazém de secos e molhados do interior era a principal fonte de suprimentos, muitas vezes a única fonte de crédito, e o local de reunião social para se ouvir as últimas notícias e bater papo, a pequena empresa tem sido um elemento vital da economia e da vida da pequena cidade e da zona rural. No entanto, percebe-se ainda nos tempos atuais a presença ativa da pequena

empresa, não só nas pequenas cidades, como também pelo que se verifica, através

de dados estatísticos de órgãos como o SEBRAE e IBGE, que a força econômica da

pequena empresa é vital para economia do país.

Segundo Castor (2000:51), “de acordo com o Ministério da Previdência

Social, existem dois milhões de empresas legalmente registradas no país, das quais

800 mil estão enquadradas no regime fiscal do Simples, ou seja, são pequenas e

microempresas, empregando 17 milhões de trabalhadores com carteira assinada”.

Apesar do que representam em termos numéricos, são limitadas quanto a

recursos financeiros e administrativos, especialmente se consideradas a evolução

tecnológica e a globalização, que trazem ao mercado consumidor novas exigências,

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e ao mercado fornecedor novas técnicas administrativas. Nesse sentido, considera-

se relevante o tema da pesquisa, pela importância das micro e pequenas empresas

no cenário econômico nacional, e mais especificamente municipal, tendo em vista

que a região estudada é composta basicamente de micro empresários, que

absorvem a maior parte da mão-de- obra local.

Por meio de consultas realizadas na bibliografia disponível, internet, e

contatos informais com empresários do município, verificou-se que um dos desafios

dos gestores é a correta utilização de controles de gestão, desenvolvidos a partir

dos relatórios contábeis e financeiros que proporcionem uma visão global dos

processos internos da empresa e sua interação com o ambiente.

Assim, buscou-se verificar os controles de gestão utilizados nas micro e

pequenas empresas comerciais do município de Ivaiporã. Estes, além de

contribuírem para uma melhor liquidez e rentabilidade ao gestor, agregam valor no

atendimento ao cliente, que poderá dispor de produtos de qualidade a preços mais

acessíveis.

Apesar da variedade de trabalhos já publicados sobre as micro e pequenas

empresas, considera-se relevante e inesgotável o tema, pois na maioria das

abordagens ainda são contemplados controles de gestão direcionados às médias e

grandes empresas, dificultando o entendimento aos pequenos empresários que,

quando muito, possuem controles improvisados e que não proporcionam uma visão

geral dos processos da empresa.

Diante dos dados coletados nas empresas e dos controles de gestão

disponíveis na literatura, procurou-se cotejar a realidade dessas empresas de forma

prática e simples para revelar sua forma de administração. Para tanto, fez-se

necessário uma pesquisa de campo na cidade de Ivaiporã/PR, para investigar a

necessidade de controles de gestão, possível existência, características e como têm

sido utilizados nessas empresas.

Como contribuição teórica, procurou-se evidenciar a necessidade e

importância dos controles, num mercado globalizado e altamente competitivo, onde

o pequeno gestor tem, além das empresas locais a venda por internet, mesmo que

de forma ainda tímida, como concorrente.

A contribuição prática está na abordagem de controles de gestão simples e de

fácil entendimento para esses empresários. No entanto, que contemplem os

processos internos e sua interação com o meio ambiente, garantindo, assim,

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vantagem competitiva e sustentabilidade das mesmas, trazendo, conseqüentemente,

benefícios à economia do município de Ivaiporã/PR.

1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA

Para Lakatos e Marconi (1991:155), “a pesquisa é um procedimento formal

com método de pensamento reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui

no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.

A metodologia da pesquisa é definida por Gil (1994:27) “como o conjunto de

procedimentos intelectuais e técnicos para se atingir o conhecimento”, onde se

define a abordagem de pesquisa, a população, a amostragem, os instrumentos de

coleta de dados e também a forma de tabular.

Assim, o presente estudo é do tipo exploratório. Segundo Goldenberg

(1997:72), “a pesquisa exploratória, lembra uma “paquera” de dois adolescentes. É o

momento em que se tenta descobrir algo sobre o objeto de desejo, quem mais

escreveu (ou se interessou) sobre ele, como poderia haver uma aproximação, qual a

melhor abordagem dentre todas possíveis para conquistar este objeto”.

O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa exploratória porque

não se encontrou nenhum estudo sobre o tema controles de gestão utilizados pelas

micro e pequenas empresas comerciais de Ivaiporã/PR, e o levantamento

bibliográfico para investigar um conjunto de controles de gestão passíveis de

utilização em micro e pequenas empresas comerciais.

Também apresenta-se como sendo descritiva. Para Gil (1994:46), “a pesquisa

descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre

variáveis”. É descritiva porque, com a utilização de técnica de coleta de dados,

através de questionários aplicados aos gestores das micro e pequenas empresas

comerciais de Ivaiporã/PR, busca-se descrever as características dessas empresas

e evidenciar quais relatórios estão sendo utilizados para a sua gestão.

A abordagem utilizada no trabalho é de natureza quali-quantitativa, pois

analisa tanto os aspectos qualitativos quanto quantitativos do objeto de estudo, o

que permite uma visão ampla do tema abordado. Qualitativa porque procura

identificar conceitos importantes do objeto de estudo que não podem ser estudados

quantitativamente. Quantitativas porque através dos dados coletados, sejam de

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19

natureza quantitativa ou qualitativa se complementam, são quantificados e

analisados por meio de métodos estatísticos.

No que concerne aos tipos de dados da pesquisa, de acordo com Marconi e

Lakatos (1992:58), o levantamento de dados através de documentação indireta,

fontes primárias, origina–se de documentos de arquivos públicos, publicações

parlamentares e administrativas, estatísticas, documentos de arquivos privados,

cartas, contratos. Por sua vez, as fontes secundárias são originadas de livros, teses,

dissertações, periódicos, jornais, publicações avulsas.

O levantamento de dados para a realização deste estudo deu-se por meio de

pesquisa bibliográfica, constituindo-se na fonte secundária; e de fonte primária, cujos

dados foram coletados por meio da realização de uma pesquisa de campo, através

de questionário (apêndice A) remetido aos gestores das micro e pequenas empresas

de Ivaiporã/PR.

Para a validação do questionário, antes de sua aplicação definitiva realizou-se

um pré teste junto a três empresários, para certificar-se do entendimento das

questões. Na elaboração das questões foram consideradas questões fechadas,

abertas e duplas, considerando tanto aspectos qualitativos como quantitativos do

objeto de pesquisa.

No que diz respeito à população e amostra, de acordo com Lapponi (1997:8),

“população é um conjunto ou coleção de dados que descreve algum fenômeno do

nosso interesse (...) amostra é um subconjunto de dados selecionados de uma

população”.

A população deste estudo compreende as micro e pequenas empresas

comerciais da cidade de Ivaiporã/PR. Para a realização desta pesquisa foram

obtidos dados junto à Receita Estadual do município de Ivaiporã/PR, o qual

apresentava, em 08.11.2001, um cadastro com 540 (quinhentos e quarenta) micro e

pequenas empresas comerciais, industriais e prestadoras de serviços existentes na

cidade. Desta população foram extraídas e estratificadas as empresas comerciais

conforme o faturamento, resultando em 407 (quatrocentos e sete) empresas. Dos

questionários enviados, 123 retornaram respondidos, portanto, representando a

amostra da pesquisa.

O tratamento dos dados coletados deu-se por meio de métodos estatísticos

simples, como a frequência, média, desvio padrão, utilizando-se de planilha

eletrônica.

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20

Quanto às limitações da pesquisa, pode-se destacar a própria metodologia

utilizada. Como os questionários foram enviados pelo correio, qualquer falta de

entendimento por parte dos respondentes pode ter prejudicado as respostas.

Além disso, mesmo tendo alcançado um razoável número de questionários

respondidos, vale destacar que as conclusões aqui apresentadas se restringem a

esta população.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

No sentido de melhor atender aos objetivos estabelecidos, o presente

trabalho está estruturado em quatro capítulos.

No primeiro capítulo encontra-se a introdução do trabalho. Assim,

primeiramente, evidencia-se o tema e o problema do trabalho. Na seqüência

apresenta-se, os objetivos geral e específicos, a justificativa, a metodologia utilizada

na pesquisa e a organização do estudo.

A fundamentação teórica é abordada no segundo capítulo. Inicia-se com a

caracterização de empresas comerciais, bem como de micro e pequenas empresas.

Em seguida são apresentadas noções de organizações como sistemas e de

processos empresariais. Adicionalmente, faz-se uma incursão na definição de

controles de gestão, tipos de controle de gestão para micro e pequenas empresa e

tecnologia de suporte ao controle de gestão .

No terceiro capítulo é apresentada inicialmente, a caracterização do município

onde estão inseridas as empresas objeto deste estudo. A seguir são feitas as

análises dos dados coletados nas empresas comerciais do município de

Ivaiporã/PR, com ênfase na apresentação das empresas, perfil dos entrevistados,

instrumentos de controle de gestão utilizados nestas empresas e o uso da tecnologia

como suporte à gestão.

No quarto capítulo são apresentadas as conclusões relativas a pesquisa,

além de recomendações para futuros trabalhos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo encontra-se a fundamentação teórica do presente trabalho.

Inicialmente é abordada a caracterização de empresa comercial e de micro e

pequenas empresas. Na seqüência, faz-se uma incursão teórica em noções sobre

organizações como sistemas e processos empresariais.

2.1 EMPRESAS COMERCIAIS

Sobre a importância do comércio na evolução da sociedade, observa-se na

enciclopédia Barsa (1994:419:v5) que:

o comércio desempenha, desde a Antiguidade, importantes funções econômicas. Abastece os mercados com produtos de que necessitam os consumidores; contribui para o desenvolvimento da produção e do consumo; estimula a expansão dos meios de transporte e comunicações; e estabelece o intercâmbio cultural entre as diferentes comunidades. Portanto, as atividades de comerciar são inerentes às empresas comerciais.

Estas podem se apresentar com diferentes portes, mas guardam na sua essência a

função principal de intermediação entre o produtor e o consumidor.

Assim, nesta seção contempla-se primeiramente a caracterização da

empresa comercial. Depois evidencia-se os controles de gestão, seu significado e

tipos de controles que podem ser utilizados na micro e pequenas empresas

comerciais e por fim a tecnologia de suporte ao controle de gestão.

2.1.1 Caracterização de empresa comercial

Quanto ao conceito de empresa Franco (1991:14) afirma que,

empresa é toda entidade econômica, isto é, com fim lucrativo,(...) assim toda entidade que se constitui, sob qualquer forma jurídica, para exploração de atividade econômica, seja ela mercantil, industrial, agrícola ou de prestação de serviços, é uma empresa. Denota-se que as atividades podem ser as mais variadas, mas basicamente

são agrupadas em três categorias: comercial, industrial, prestadora de serviços. No

caso específico do presente estudo interessa a primeira categoria, que compreende

as empresas comerciais.

As empresas comerciais são definidas por Franco (1991:14) em duas

perspectivas. Na acepção estrita ou econômica representam aquelas que servem de

mediadoras entre o produtor e o consumidor de bens, com a finalidade de obter

lucros, isto é, são aquelas que se constituem com o fim de exercer atividade

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mercantil. Na acepção genérica, comércio é troca, permuta ou intercâmbio, ou seja,

comércio intelectual, de idéias, industrial, agrícola etc.

Neste estudo foram consideradas as empresas comerciais constituídas com a

finalidade de servirem como mediadoras entre a indústria ou o atacadista e o

consumidor, com a finalidade de obter lucros, portanto, na sua acepção estrita ou

econômica. Vale ressaltar que estas empresas podem ser classificadas por

tamanho.

2.1.2 Classificação das empresas por tamanho

Conforme Shulterbrandt (www.revistainterforum.com), não há uma definição

clara que estabeleça os parâmetros de maneira coerente que diferenciem as

pequenas empresas das médias. Tampouco dizer que existem esses parâmetros

para as grandes empresas. O que se pode afirmar é que em muitos países existem

parâmetros fundamentados na média das vendas brutas, no número de

empregados, nas tabelas impostas e outros mecanismos e fórmulas econômicas que

permitem categorizar as micro, pequenas e médias empresas de maneira mais

coerente e eficiente.

No Brasil, diversos são os critérios utilizados para classificar as empresas por

tamanho. Uma das modalidades é conforme institui o Estatuto da Microempresa e da

Empresa de Pequeno Porte, Lei n. 9.841, de 05 de outubro de 1999, no art. 2o.

Microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais); Empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, não enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais) e igual ou inferior R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). Observa-se que o critério utilizado para classificar as empresas em micro e

empresas de pequeno porte neste instrumento legal é o seu faturamento anual.

A classificação de porte de empresa adotada pelo BNDES, (www.bndes.gov.br)

é a seguinte:

Microempresas: receita operacional bruta anual ou anualizada até R$ 900 mil (novecentos mil reais). Pequenas empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada superior a R$ 900 mil (novecentos mil reais) e inferior ou igual a R$ 7.875 mil (sete milhões e oitocentos e setenta e cinco mil reais). Médias empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada superior a R$ 7.875 (sete milhões e oitocentos e setenta e cinco mil reais) e inferior ou igual a R$45 milhões (quarenta e cinco milhões).

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23

Grandes empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada superior a R$45 milhões (quarenta e cinco milhões). Observa-se que os critérios de classificação de micro, pequenas e médias

empresas nacionais se assemelham à classificação adotada pela legislação

apresentada.

De modo semelhante, a classificação do porte de empresas é definido no

âmbito do Mercosul, (www.mdic.gov.br) como sendo, microempresa aquela que tem

receita bruta anual até US$ 400 mil e pequena empresa a que tem receita bruta

anual acima de US$ 400 mil e inferior a US$ 3.500 mil.

Vale ressaltar que o Estatuto das microempresas e empresas de pequeno

porte utiliza essa classificação, exclusivamente para apoio creditício à exportação.

No entanto, o critério adotado pelo SEBRAE para a classificação das

empresas por porte é com base no número de empregados, conforme evidenciado

na Figura 1 :

Figura 1 - Classificação de empresas pelo SEBRAE

ME

(microempresa)

P (pequena

empresa)

MDE (média

empresa)

GE (Grande

empresa)

Indústria Até 19

empregados

20 a 99 100 a 499 Acima de 499

Comércio Até 09

empregados

10 a 49 50 a 99 Mais de 99

Prestação

de Serviços

Até 09

empregados

10 a 49 50 a 99 Mais de 99

Fonte: SEBRAE( www.sebrae.com.br)

Ressalta-se que a classificação de empresas por número de empregados é

um critério adotado exclusivamente pelo SEBRAE.

Percebe-se que, as variáveis, número de empregados e faturamento

adotados pelo SEBRAE e Governo Federal são os critérios mais adequados para

atender ao propósito do presente estudo, mesmo porque são mais fáceis de se

quantificar.

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24

2.1.3 Organizações visualizadas como sistemas

Em uma organização, as pessoas, os departamentos e as atividades são

interdependentes e estão constantemente interagindo entre si e com o ambiente que

as rodeiam, constituindo um sistema. Chiavenato (1999:7) define a organização

como “um conjunto integrado de partes, íntima e dinamicamente relacionadas, que

desenvolve uma atividade ou função e é destinado a atingir um objetivo específico”.

Ressalta que, a organização é visualizada como um sistema constituído de

subsistemas, que são seus departamentos, divisões, equipes etc.

É do ambiente que as organizações buscam seus recursos humanos,

financeiros, materiais, tecnológicos e informações, para que possam através de seus

subsistemas transformá-los e devolvê-los ao ambiente em forma de produtos,

serviços ou mesmo informações, de maneira que atenda às expectativas do

mercado e garantam sua continuidade.

Essa relação da empresa com o seu ambiente acontece em razão de sua

característica de sistema aberto, ou seja, recebe insumos do ambiente, os processa

e devolve, para então recomeçar o ciclo da estrutura básica (entrada,

processamento e saída). Conforme Robbins e Coulter (1998:31), “quando falamos

das organizações como sistemas, queremos dizer sistemas abertos, ou seja,

aceitamos a constante interação da organização com o seu ambiente”.

Beuren (1998) ressalta que, “ao mesmo tempo em que a empresa é

impactada pela turbulência ambiental, também ela interage com seu ambiente, em

constante mutação. Tal fato pode gerar oportunidades ou ameaças para a empresa”.

Infere-se que mesmo impactadas pela instabilidade ambiental, as empresas que

acompanharem as mudanças, e que estejam constantemente revendo suas

estratégias terão condições de competirem.

Por sua vez, Rezende e Abreu (2000:53) citam que, “a empresa não deve

adaptar-se aos subsistemas que a compõem, mas os subsistemas devem adaptar-

se à empresa, para atender as suas necessidades e auxiliar em seu funcionamento

harmônico e integrativo, facilitando sua modernidade e perenidade”. Portanto, é

imprescindível a integração, dinamismo, flexibilidade entre os departamentos,

divisões, tarefas e pessoas de uma organização, para que esta possa acompanhar

as exigências do ambiente.

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25

A abordagem sistêmica das organizações proporciona ao gestor uma visão

abrangente dos processos internos e da interação destes com o ambiente, pois

consegue identificar os focos de problema de interação, não só de processos

internos, mas da necessidade de estar revendo estratégias em função das

oportunidades ou ameaças advindas do ambiente, sejam de concorrentes,

fornecedores, clientes ou governo.

2. 1.4 Processos empresariais vitais

Na abordagem sistêmica das organizações, consideram-se os processos

existentes interagindo entre si. No entanto, existem aqueles que são essenciais para

o cumprimento dos objetivos e atividade fim, os quais são chamados processos

vitais, que respondem por quase tudo que o sistema empresa produz. Com a

identificação desses processos, têm-se condições de direcionar os esforços sobre

estes e assim atingir melhores resultados.

Hammer e Champy (1994:24) definem “um processo empresarial como um

conjunto de atividades com uma ou mais espécies de entrada e que cria uma saída

de valor para o cliente”.

Portanto, a partir dessas conceituações, infere-se que qualquer tipo de

trabalho realizado por uma empresa constitui-se em um processo. Rummler e

Brache apud Cury (2000:303) identificam três tipos de processos:

a) processo de clientes, que confecciona um produto ou serviço para um cliente externo da organização;

b) processos administrativos, fabricam produtos que são invisíveis para os clientes externos, sendo, porém, essenciais ao gerenciamento efetivo dos negócios;

c) processos de gerenciamento, incluem as decisões que os gerentes devem tomar para apoiar os processos de negócios.

Percebe-se que todos os processos realizados numa empresa precisam ser

bem administrados, pois têm interdependência e interagem entre si para que as

organizações atinjam seus objetivos. Tal também ocorre nas empresas comerciais,

onde um processo de vendas depende de um processo de compras, de atendimento

a clientes, financeiro, e vários outros processos administrativos e de gerenciamento.

Segundo Harrington (1993:19), o aperfeiçoamento dos processos

empresariais auxilia a organização de várias maneiras, destacando os seguintes:

a) desenvolvendo um sistema completo de controles para a área

empresarial;

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b) levando a organização a se concentrar no cliente;

c) aumentando a capacidade de a organização competir, pelo

aperfeiçoamento do uso dos recursos disponíveis;

d) auxiliando as organizações a administrar as interações de modo eficaz;

e) dando um método para preparar a organização para enfrentar seus futuros

desafios;

f) dando uma visão de como os erros ocorrem e um método de corrigi-los.

Portanto, em todas as organizações ocorrem processos de maior ou menor

abrangência, que precisam ser controlados e revistos periodicamente. Na

identificação daqueles que são vitais para o negócio da empresa, esta pode se

certificar se está utilizando seus recursos de forma eficiente. Isto é essencial para

as mudanças impostas pelo ambiente, bem como para atingir o melhor resultado no

atendimento ao cliente e suas necessidades, levando ao melhor resultado global da

organização.

2.1.5 Gestão empresarial

Para sobreviver num ambiente competitivo e inovador, o sistema empresa

necessita de um processo de gestão, também inovador, para que possa atingir seus

objetivos e cumprir sua missão.

A palavra gestão, conforme o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa

(1986:849), “deriva do latim gestione, que quer dizer ato de gerir; gerência,

administração”.

Por sua vez, Montana e Charnov (2000:2) definem administração como, “o

ato de trabalhar com e por meio de pessoas para realizar os objetivos tanto da

organização quanto de seus membros”. Ressaltam, também (2000:14) as cinco

funções administrativas definidas por Fayol, em seu livro Administration industrielle

et generale (1929): planejar, comandar, organizar, controlar e coordenar.

Essas funções administrativas foram conceituadas por Ferreira, Reis e

Pereira (1997:24) como:

planejar: significa estabelecer os objetivos da organização (...) é a primeira das funções. Comandar: significa fazer com que os subordinados executem o que deve ser feito. organizar: coordenar todos os recursos da empresa, sejam humanos, financeiros ou materiais, alocando-os da melhor maneira possível, segundo o planejamento traçado. controlar: estabelecer padrões e medidas de desempenho (...) maximizar a probabilidade de que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e as ordens ditadas.

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coordenar: coordenação das atitudes e esforços de toda a organização, (...) tendo em vista os objetivos traçados. Estas funções, que constituem o processo de gestão, podem ser identificadas

em todas as áreas e atividades da empresa, quer seja em nível institucional, através

do planejamento estratégico e controle das situações advindas do ambiente externo

da organização, quer seja em nível operacional, através do planejamento e controle

da execução das atividades.

Mosimann, Alves e Fisch (1993:28 a 30) subdividem a gestão empresarial em

três grandes vertentes: gestão operacional, gestão financeira e gestão econômica.

A gestão operacional está relacionada com a execução dos trabalhos da forma mais eficiente e racional em todas as áreas da empresa, como, recursos humanos, produção, vendas, compras, finanças, etc. Na gestão financeira são enfatizados os problemas de caixa de liquidez, sendo basicamente duas as suas funções; a aquisição dos fundos de que a empresa precisa para operar e a distribuição eficiente desses fundos entre os vários usos. Por sua vez a gestão econômica, consolida as demais tendo como ponto de sustentação o planejamento e o controle.(...) preocupa-se com o resultado econômico das diversas áreas da empresa, para que esta alcance a eficácia. Arantes (1994) cita que “há vários modelos de subsistemas gerenciais

propostos por autores de administração e em uso na prática. Alguns contemplam as

funções de planejamento, organização, coordenação e controle; outros as de

previsão, execução, relatórios e controle. Alguns alocam a definição dos parâmetros

de desempenho na função de planejamento, outros na de controle”.

Diante do exposto, infere-se que a gestão das empresas consiste de um

processo que envolve todas as funções administrativas, seja na gestão operacional,

financeira ou econômica.

Conforme Beuren (1998:38), “pelo sistema de gestão, a empresa busca

cumprir sua missão e assegurar sua continuidade (...)”. Afirma ainda, “que esse

sistema orienta o processo de gestão operacional (...) onde são contempladas as

etapas do planejamento estratégico, operacional, execução e controle”. Ressalta

que cada organização possui sua própria missão, que é a sua razão de existência, e

um conjunto de princípios que advém de seus proprietários, através de suas crenças

e valores que incorporados à organização determinam a atitude da empresa diante

de seu ambiente interno e externo.

Portanto, o sistema de gestão das empresas, que é responsável pela sua

sustentabilidade, orienta o processo de gestão operacional, que de acordo com os

valores e princípios dos gestores visam cumprir os objetivos, através das etapas do

planejamento estratégico e operacional, execução e controle.

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Com relação ao processo de gestão nas pequenas empresas, Resnik

(1990:8-9) afirma que “a administração de uma pequena empresa é a arte do

essencial”. É tirar o máximo do mínimo. Ressalta que, uma pequena empresa deve

se preocupar especialmente com a eficiência interna, por seus recursos serem tão

limitados. Ao contrário das grandes, não há espaço para custos inúteis e infundados,

que dissipem as suas poucas disponibilidades e bens.

Na administração dessas empresas o poder de decisão normalmente é

centralizado no gestor, muitas vezes o proprietário, que assume total

responsabilidade pelo seu sucesso ou fracasso, e de alguma forma, utiliza

instrumentos como planejamento e controle. No entanto, Resnik (1990:15) cita que

“o proprietário-gerente da pequena empresa pode mostrar uma aversão perigosa

aos processos básicos de administração”. Os processos básicos referidos pelo autor

são:

a) avaliar a empresa analítica e criativamente;

b) projetar controles gerenciais básicos;

c) planejar a venda de mercadorias;

d) criar uma equipe própria;

e) estar atento para as necessidades de caixa; e

f) desenvolver planos de ação específicos para satisfazer objetivos

prioritários.

Esses são alguns dos processos básicos, mas que são essenciais para uma

boa administração. A eficiência interna da empresa é um fator a ser considerado

para um bom relacionamento com o ambiente externo e para a garantia da

competitividade.

Após a identificação dos processos essenciais à sobrevivência e

adaptabilidade da empresa com o seu ambiente, é preciso administrá-los. Além

disso, é preciso certificar-se de que estão de acordo com os objetivos propostos

pelos gestores, através da implantação de controles, de acordo com as

necessidades e recursos de cada empresa.

2.2 CONTROLES DE GESTÃO

Para se identificar os tipos de controles de gestão para micro e pequenas

empresas, é preciso definir controle, o que são e entender a necessidade de utilizá-

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los, como parte do processo de gestão nas etapas de planejamento, organização,

direção e controle.

Chiavenato (1999:160) define controle como “a função administrativa

relacionada com a monitoração das atividades a fim de manter a organização no

caminho adequado para o alcance dos objetivos e permitir as correções necessárias

para atenuar os desvios”.

Arantes (1994) defende que, “a eficácia do controle pode ser auxiliada por um

processo ordenado e integrado com as demais funções gerenciais de planejamento

e direção”. Propõe três fases para a função do controle:

a) a avaliação dos resultados reais em relação aos planejados e

identificação de eventuais desvios;

b) a comunicação dos desvios aos responsáveis por sua correção, e

c) o acompanhamento dos efeitos das ações corretivas até que os

desvios sejam eliminados.

Nesse sentido, o controle é um processo sistemático que vai completar o ciclo

gerencial, comparando o planejamento inicial com os resultados obtidos. Em caso de

desvios, a comunicação aos responsáveis tem que ser feita de imediato e de forma

correta para que a correção também seja instantânea. Quanto ao acompanhamento,

este deve ser efetuado visando a regularização dos desvios para que o resultado

esteja dentro do desempenho desejado.

A função controle representa, assim, uma etapa do processo de gestão

indispensável às organizações, para que possam atingir um bom desempenho frente

às mudanças e crescente complexidades das organizações.

2.2.1 Significado de controle de gestão

O controle de gestão é definido por Campiglia e Campiglia (1995:11) como, “o

conjunto de informações e de ações cujo objetivo é manter o curso das operações

dentro de um rumo desejado”. Ressalta que os desvios de rumo, quando ocorrem,

precisam ser, rapidamente detectado, medidos, investigados para identificação de

suas causas e corrigidos, através de ações eficazes.

Gomes e Salas (2000:73), quando falam das mudanças no contexto social e

no desenho da estrutura de controle, defendem que os sistemas de informação e

controle devem contemplar indicadores de características financeiras e não

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financeiras; apresentar informações internas comparadas à concorrência, com a

utilização do benchmarking; e dados relativos à concorrência, fornecedores, clientes,

que são aspectos relevantes do contexto social onde estão inseridas.

Percebe-se a necessidade do controle em todas as atividades exercidas

internamente nas empresas, sejam elas, financeiras, como contas a pagar, contas a

receber; sejam elas não financeiras, como o atendimento ao cliente. O importante é

que oportunizem correções e sejam passíveis de alterações pelos gestores.

Por sua vez, existem situações advindas do ambiente externo que não são

passíveis de correção ou alteração pelos gestores, mas, que podem interferir nas

atividades da empresa. Neste caso, a utilização de controles de prevenção serve

para que os gestores tomem atitudes pró-ativas, orientadas à manutenção e

melhoria da posição da empresa no mercado.

Na identificação dos tipos de controles de gestão para micro e pequenas

empresas, pretende-se buscar, na literatura, controles com ênfase na gestão

operacional, os quais, se bem administrados, se refletem positivamente de forma

sistêmica e dinâmica na empresa e no ambiente social.

2.2.2 Tipos de controles de gestão

Definidos os termos controle e controle de gestão, bem como a sua

necessidade diante de um ambiente competitivo e incerto no qual encontram-se as

empresas na atualidade, passa-se a identificar aqueles que sirvam de suporte à

tomada de decisão pelos gestores. Vale lembrar que a garantia da eficiência dos

processos desempenhados nas micro e pequenas empresas se centralizam,

normalmente, nas mãos do proprietário, que se torna o principal responsável pelo

sucesso da mesma.

No que diz respeito ao tipo de sistema de controle de gestão, Gomes e Salas

(2000:55) aduzem que:

a preferência por um ou outro sistema de controle de gestão decorre das características da organização e do contexto social. Em particular, as características da organização mais determinantes são: sua dimensão, a relação de propriedade, a cultura dos gerentes e as relações interpessoais, o grau de descentralização e a formalização da atividade. Já com referência ao contexto social, as características mais importantes são o grau de dinamismo e a concorrência. No desenvolvimento de um sistema de controles de gestão para micro e

pequenas empresas comerciais, é preciso considerar quais os processos são vitais à

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sua manutenção. Processos esses, que garantam uma sustentabilidade financeira,

econômica, patrimonial e social.

Segundo Franco (1991:35), “a gestão da empresa comercial decorre da

natureza de sua atividade, que se caracteriza pela compra e venda de mercadorias,

com objetivo de lucro”.

Para Hoji (2001:22), “compra e venda são relacionadas às atividades

operacionais, existem em função do negócio da empresa e são executadas com a

finalidade de proporcionar um retorno adequado para os investimentos feitos pelo

proprietário”.

Portanto, compras e vendas são processos vitais, que necessitam de uma

boa administração, pois influenciam diretamente na necessidade de capital de giro,

para que a empresa possa obter os retornos desejados. Além, de outros igualmente

importantes como a administração geral da empresa, que influenciam na

rentabilidade esperada pelos gestores.

2.2.2.1 Controle do capital de giro

Para o desempenho de suas atividades, a empresa necessita de recursos

financeiros, seja para investir em estoques, salários, encargos, fornecedores,

impostos. Aos recursos destinados à manutenção das atividades operacionais,

denomina-se capital de giro. A boa administração do capital de giro resulta em uma

melhor liquidez e retorno do capital investido na empresa.

Assaf Neto e Silva (1997:15) explicam que, “o capital de giro representa os

recursos demandados por uma empresa para financiar suas atividades operacionais

identificadas desde a aquisição de matérias-primas (ou mercadorias) até o

recebimento pela venda do produto acabado”. Mencionam que, a administração do

capital de giro diz respeito à administração das contas dos ativos e passivos

correntes, e às inter-relações existentes entre eles.

As contas do ativo estão representadas no balanço patrimonial das

organizações como os recursos aplicados em bens e direitos e as contas do passivo

representam as fontes de recursos fornecidos por terceiros e acionistas.

Com referência as contas do ativo circulante, Iudícibus e Marion (1999:43)

citam que, “o dinheiro (caixa ou bancos), que é o item mais líquido, é agrupado com

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outros itens que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto

prazo, ou seja, dentro de um ano”. Os outros itens reportados são definidos como:

♣ Contas a receber, também denominadas duplicatas a receber, são resultantes das vendas a prazo ou prestação de serviço aos clientes.

♣ Estoques, são mercadorias para revenda, no caso de indústria podem ser os produtos acabados ou a matéria prima.

♣ Investimento temporário, são aplicações financeiras a curto prazo, normalmente realizados com o excedente financeiro do caixa, e podem ser resgatadas conforme as necessidades da empresa.

Cumpre destacar que toda a administração do ativo é essencial. No entanto,

as contas do ativo circulante compõe o ciclo operacional da empresa, pois com um

alto giro de valores a receber e estoque, maior a liquidez e consequentemente

menor o risco de não poder pagar suas obrigações e maior o capital de giro para

investir em outros ativos, que bem administrados, consequentemente trarão

rentabilidade.

Assaf Neto e Silva (1995:54) fazem um paralelo entre os ativos operacionais,

financeiros e os permanentes, conforme demonstra-se na Figura 2.

Figura 2 – Paralelo entre os ativos financeiros, operacionais e permanentes

ATIVO

circulante

financeiro operacional

permanente

Caixa e Bancos

Aplicações financeiras

Duplicatas a receber

Estoques

despesas de competência do

exercício seguinte

Realizável a longo prazo e Investimento

fixo

Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Silva (1995: 54)

As contas do ativo circulante financeiro não são necessariamente vinculadas

com o ciclo operacional da empresa. Enquanto que as contas do ativo circulante

operacional dizem respeito ao volume de negócio da empresa, (produção/vendas),

prazos de recebimento, estocagem, portanto, diretamente relacionadas à atividade

operacional da empresa. No ativo permanente encontram-se os direitos que a

empresa tem a receber a longo prazo e o seu imobilizado (instalações,

equipamentos, veículos).

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As contas do passivo circulante são obrigações, normalmente pagas dentro

de um ano, ou seja, a curto prazo. Assaf Neto e Silva (1995:54) também fazem um

paralelo entre as categorias do passivo conforme mostra-se na Figura 3.

Figura 3 – Paralelo entre os passivos financeiros operacionais e permanentes

PASSIVO

Circulante Permanente

financeiro operacional

Empréstimos bancários

Financiamentos

Duplicatas descontadas

Dividendos e IR

Fornecedores

Salários e encargos

Impostos e taxas

Adiantamento de clientes

Exigível a longo prazo

Patrimônio líquido

Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Silva (1995: 54)

No passivo circulante financeiro estão as dívidas da empresa que não

necessariamente apresentam relação direta com a atividade exercida pela empresa.

Já no passivo circulante operacional estão as obrigações de curto prazo, as quais

são diretamente relacionadas com o ciclo operacional da empresa. Enquanto que no

passivo permanente estão as dívidas a longo prazo com terceiros e o capital

investido pelos sócios na empresa ( patrimônio líquido).

A administração do capital de giro implica em administrar cada um dos itens

do ativo e do passivo. Conforme Franco (1991:31-32), as empresas comerciais

aplicam menores recursos em ativo permanente, concentrando suas aplicações em

valores circulantes, como a formação de estoques (mercadorias destinadas à venda)

e à constituição de créditos provenientes das vendas a prazo (duplicatas a receber).

Os bens imobilizados, representados pelos prédios, instalações, móveis e

equipamentos, veículos e outros, constituem apenas o meio para que a empresa

atinja seu fim principal que é a compra e venda de mercadorias.

Portanto, na administração do capital de giro das empresas comerciais é

fundamental um bom controle de contas a receber, contas a pagar e estoques, pois

exercem grande influência na sua liquidez e rentabilidade final.

Outro fator importante na administração do capital de giro é a análise dos

prazos médios de recebimentos e pagamentos, pois permite analisar os ciclos

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operacionais e financeiros da empresa. Segundo Assaf Neto e Silva (1997),

basicamente têm-se três índices de prazos médios:

a) prazo médio de recebimento de vendas, corresponde à média de número de

dias decorridos entre a venda e o seu recebimento;

b) prazo médio de pagamento de compras, corresponde ao tempo médio que

há entre o recebimento das mercadorias para revenda, ou da matéria-prima

para serem transformadas (indústrias), e o seu respectivo pagamento.

c) prazo médio de estocagem indica quantos dias em média os produtos da

empresa ficam armazenados até o momento da venda.

Percebe-se que, controlando os prazos de recebimentos, pagamentos e

estocagem, o gestor terá condições de equilibrar o caixa da empresa e o giro das

mercadorias, tendo como resultado uma maior liquidez e rentabilidade.

2.2.2.2 Controle de contas a receber

As contas ou duplicatas a receber representam as vendas a prazo,

concedidas pelas empresas, para conservar ou atrair novos clientes. Vale ressaltar

que, assim como podem aumentar o volume das vendas e a lucratividade, podem

incorrer no risco da inadimplência, implicando em custos adicionais ou até prejuízos.

Neste sentido Zdanowicz (2000:199) cita que:

cabe ao administrador financeiro a responsabilidade de analisar os valores a receber para que não haja concentração ou carência de recursos financeiros investidos neste item, pois podem por em risco a liquidez e o dimensionamento do capital de giro da empresa. Esse ativo circulante merece atenção especial dos administradores das

pequenas empresas, que na expectativa do aumento de suas vendas não adotam

políticas de concessão de crédito e cobrança adequados, que minimizem as

inadimplências e os custos em mantê-las, ocorrendo no risco de não cumprir suas

obrigações em dia ou recorrer a financiamentos para saldá-las, comprometendo sua

liquidez e rentabilidade.

Gitman (1997:714) faz uma relação entre estoques e duplicatas a receber

quando cita, “a decisão de conceder crédito a um cliente poderá resultar num maior

nível de vendas, que só podem ser garantidas com níveis mais elevados de

estoques e de duplicatas a receber”. Acrescenta que as condições de crédito

concedidas também afetarão os investimentos em estoque e em duplicatas a

receber, uma vez que maiores períodos de crédito possibilitarão a transferência de

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itens do estoque para duplicatas a receber. Explica que, geralmente é vantajoso

para a empresa, pois o custo em manter um item em estoque é maior do que o custo

em manter uma duplicata a receber. Infere-se que, para tanto, o gestor da empresa

deve estar atento ao volume investido nos estoques, e aos prazos negociados com

os clientes para a concessão do crédito, assumindo atitudes pró-ativas, desde a

análise e concessão do crédito às políticas de cobrança adotadas.

Segundo Hoji (2001:129), “a análise de crédito não se resume a uma análise

inicial. A situação do cliente, mesmo daqueles antigos e tradicionais, deve ser

constantemente monitorada e atualizada, quanto aos aspectos de pontualidade,

capacidade de pagamento e situação financeira”.

Neste sentido, Zdanowicz (2000:201) reforça que, “se é cliente antigo, deve-

se procurar averiguar periodicamente, qual a sua situação econômico-financeira

atual”. Por outro lado, menciona que algumas rotinas devem ser observadas na

concessão de crédito ao cliente novo, como:

♣ Ficha cadastral, para definir os atributos dos clientes, com vistas à fixação do limite de crédito.

♣ Investigação do cliente, consiste na pesquisa de seu conceito, junto às instituições de crédito, fornecedores e instituições especializadas na prestação de tais serviços.

♣ Estimativa de probabilidade de pagamento do cliente, em função das informações obtidas na ficha cadastral e nas pesquisas de seu conceito.

♣ Aprovação do pedido, a decisão de aceitar ou não o pedido de um cliente resulta da comparação das estimativas do risco do crédito (devedores, inadimplentes), bem como o limite de crédito a ser fixado pela empresa.

Infere-se que a política de concessão de crédito é um processo dinâmico, que

deve ser renovado constantemente, seja de um cliente antigo, através da

atualização de seus dados cadastrais econômicos e financeiros, seja de um cliente

novo através de uma avaliação criteriosa de sua situação.

A análise de crédito, conforme Hoji (2001:130), pode ser feita com base na

técnica conhecida como 5Cs:

♣ Caráter, está relacionado às características da personalidade do cliente, como honestidade, integridade. Diz respeito à disposição para saldar compromissos financeiros

♣ Capacidade, diz respeito ao potencial do cliente para saldar seus compromissos, através da análise das demonstrações financeiras.

♣ Capital, refere-se a análise do patrimônio líquido, endividamento, tipo e natureza do ativo. ♣ Collateral, uma palavra inglesa que significa garantia, pode ser dado por meio de

hipoteca, fiança pessoal prestada pelo cliente. ♣ Condições, envolvem as varáveis externas que podem afetar a capacidade de

pagamento do cliente, ou seja, o cenário econômico em que a empresa está inserida. Portanto, a análise de crédito é um item que merece atenção especial dos

gestores, para evitar políticas mais rigorosas e de maiores custos de cobrança, no

caso das inadimplências geradas pela falta ou displicência na análise para

concessão de créditos.

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De acordo com Hoji (2001:132), “uma política de crédito liberal aumenta o

volume de venda muito mais do que uma política rígida, porém gera mais

investimento em contas a receber e mais problemas de recebimento, o que exige

maior rigidez na cobrança”. Menciona que, a política de cobrança deve ser

implantada junto com a política de crédito. Se já for esperada a dificuldade de

cobrança no ato da concessão a determinados clientes, a avaliação do crédito

deverá ser mais rigorosa. Quanto aos procedimentos de cobrança, cita que, se feita

por intermédio de bancos é mais segura, prática e eficiente, pois se o sacado atrasar

o pagamento o banco não dispensará os encargos moratórios e, ainda poderá

encaminhar o título para protesto.

Percebe-se um certo rigor no tratamento dado a este item do ativo circulante,

Contas a receber. Porém, os procedimentos recomendados quanto à análise de

concessão de crédito e de cobrança, aliados ao feeling dos gestores só trarão bons

resultados às empresas. Por outro lado, a não utilização de um e outro, podem

trazer transtornos financeiros, econômicos e sociais.

2.2.2.3 Controles de contas a pagar

Gitman (1997:628-633), define as duplicatas a pagar, como a principal fonte

de financiamentos a curto prazo, que resultam da compra de mercadorias a prazo.

As contas a pagar, como a segunda fonte de financiamento a curto prazo, que

resultam dos serviços recebidos, ainda a serem pagos, como salários e impostos.

Segundo Assef (1999:1), as contas a pagar representam as obrigações

assumidas pela empresa, derivadas de compras de mercadorias para revenda,

impostos e outros custos variáveis, fixos.

Depreende-se que, tanto duplicatas a pagar, como contas a pagar são

obrigações assumidas pela empresa, que devem ser saldadas em curto prazo. A

administração dessas contas está intimamente relacionadas ao fluxo de caixa da

empresa, representam uma fonte de financiamento para manter as atividades

operacionais, que devem buscar o equilíbrio com as contas a receber para não

incorrer em falta de credibilidade por parte dos fornecedores de serviços e

mercadorias.

Longenecker, Moore e Petty (1997:572) comentam que “embora contas a

pagar sejam obrigações legais, elas podem ser pagas em diversos prazos ou podem

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até mesmo ser renegociadas em alguns casos”. Nesse sentido, explicam que todas

as empresas estão sujeitas a enfrentar emergências, nessa situação deve haver

uma negociação com seus credores no sentido de prorrogar seus prazos de

pagamento, tendo em vista que para os credores é interessante o sucesso da

empresa.

Vale ressaltar, que a prorrogação dos prazos de pagamentos pela empresa,

fatalmente incorrerá no pagamento de juros, o que pode ser evitado com uma boa

estratégia de vendas ou de contas a receber.

Nesse sentido, a administração dos prazos de pagamentos, recebimentos e

estocagem são fatores que devem ser analisados e considerados em conjunto para

uma boa administração do capital de giro.

2.2.2.4 Controle de estoque

Para a administração do capital de giro das micro e pequenas empresas

comerciais, especialmente as que trabalham com recursos limitados, o controle de

estoque é de suma importância para um adequado desempenho financeiro e

econômico, pois representam uma parcela substancial de seus ativos. Além disso, o

seu controle pode proporcionar maior rapidez e qualidade no atendimento ao cliente.

Conforme Gitman (1997: 713) os estoques “são ativos circulantes necessários

que possibilitam o funcionamento dos processos de produção e vendas, (...)

representam um investimento significativo por parte da maioria das empresas”.

Portanto fica evidente a importância da administração desse ativo nas empresas,

sejam elas industriais ou comerciais.

De acordo com Hoji (2001:123), “em empresas comerciais, os estoques são

basicamente, mercadorias para revenda (...). Os administradores modernos, de

qualquer área de atuação, devem ter a consciência de que o capital de giro

investido em estoques tem custo financeiro, e que afetará o resultado econômico e

financeiro”.

Por outro lado, compete aos gestores das empresas comerciais buscar o

equilibrio quanto às quantidades e periodicidades para adquirir e manter estoques,

que atendam às necessidades dos consumidores no momento certo, quantidades e

preços, que não acarretem custos financeiros além de suas possibilidades

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financeiras. Para isso existem certos princípios que se obedecidos por esses

gestores, podem auxiliar na administração desse ativo.

Dias (1997:25) cita os princípios básicos para o controle dos estoques:

♣ determinar o que deve permanecer em estoque. Número de itens; ♣ determinar quando se devem reabastecer os estoques.Periodicidade; ♣ determinar quanto de estoque será necessário para um período predeterminado,

quantidade de compra; ♣ receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as necessidades; ♣ controlar os estoques em termos de quantidade e valor, e fornecer informações sobre a

posição do estoque; ♣ manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais

estocados; e ♣ identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados. Para a gestão dos estoques existem várias ferramentas que podem ser

usadas pelos micro e pequenos empresários, como, o inventário dos estoques, o

lote econômico de compras, o ponto de pedido e o método ABC.

a) Inventário dos estoques

O estoque representa valor significativo de investimento nas empresas

comerciais, sendo fundamental o conhecimento de seu valor físico e financeiro.

Segundo Franco (1991:57), “a determinação do lucro de empresa que não

possui controle de estoque está na dependência direta do conhecimento da

quantidade de mercadorias existentes em estoque. Isso se consegue elaborando o

inventário, ou seja, o arrolamento das mercadorias, em que se discriminam suas

quantidades e preços”.

Mesmo a empresa que possui controle permanente dos seus estoques, deve

realizar o inventário físico para conferência entre o físico e o contábil, evitando assim

surpresas desagradáveis no momento em que necessita dos mesmos.

Dias (1997:192) cita que, periodicamente a empresa deve efetuar contagens

físicas de seus itens de estoque para verificar:

♣ discrepâncias em valor, entre o estoque físico e o estoque contábil; ♣ discrepâncias entre registros e o físico (quantidade real na prateleira); ♣ apuração do valor total do estoque (contábil) para efeito de balanços ou balancetes.

Neste caso o inventário é realizado próximo ao encerramento fiscal. De acordo com Martins e Campos (2000:156), o inventário físico consiste na

contagem física dos itens de estoque. Geralmente a contagem é efetuada de dois

modos, periódico e rotativo:

a) periódico, quando feito em determinados períodos, normalmente no

encerramento dos exercícios fiscais, ou duas vezes por ano;

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b) rotativo, quando se contam permanentemente os itens em estoque. Um

dos critérios é a contagem a cada três meses, utilizando o método ABC.

Na contagem dos itens em estoque, o gestor, além de ter o controle físico

dos produtos comercializados pela empresa, pode evitar problemas de

armazenamento inadequado, obsolescência, defeitos, excessos ou falta de

mercadorias. Em outras palavras, estará administrando melhor o capital investido

nos estoques.

b) O lote econômico

Mesmo com a existência de novas técnicas e filosofias de gestão, como o

just-in-time, em que a palavra de ordem é lotes cada vez menores, o lote econômico

de compras (LEC), apesar de criticado por alguns estudiosos por preocupar-se em

minimizar os custos, não considerando fatores como a demanda, preço e valor do

dinheiro no tempo, é uma ferramenta eficaz como auxílio na tomada de decisão pelo

gestor, fornecendo estimativas na determinação do quanto e quando comprar.

Assaf Neto e Silva (1997:146), citam que:

o lote econômico procura a melhor estratégia para determinar qual será a quantidade que deve ser mantida em estoque e de quanto em quanto tempo deverá fazer novo pedido (...) o LEC ajuda a encontrar a quantidade ótima de cada pedido, (Q*), de modo que os custos totais, compreendidos pelo custo do pedido e o custo de estocagem, sejam os menores possíveis. Para Hoji (2001:125), “o modelo do lote econômico é utilizado para determinar

a quantidade ótima de compra de um item de estoque”. Pressupõe a existência de

dois tipos de custos, além do custo efetivo da mercadoria:

a) custos de pedido, são os custos fixos administrativos para emitir e receber

um pedido: processamento de requisição interna de compras, pesquisas

de tecnologia, cotação, inspeção de materiais e outros.

b) Custo de manutenção de estoques, são os custos variáveis unitários de

um item em estoque durante um período: custo de armazenagem, seguro,

deterioração e obsolescência e, principalmente o custo de oportunidade.

Para o cálculo do lote econômico, conforme Gitman (1997:718), é necessário

o conhecimento dos custos totais de se manter e pedir mercadorias, ou seja, o custo

de pedir e o custo de manter em estoque uma determinada mercadoria. Esses

cálculos podem ser realizados por meio da seguinte fórmula:

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Custo total = (O X S/Q) + (C X Q/2)

Onde:

O = custo de pedir por pedido

S/Q = a demanda, em unidades, por período, divido pela quantidade do

pedido em unidades

C = o custo de manter estoque, por unidade de período

Q/2 = a quantidade a pedir dividido por 2, que representa o estoque médio

mantido.

Deduzindo a fórmula do custo total, chega-se a fórmula do lote econômico de

compras:

Onde:

LEC = Lote econômico

S= a demanda, em unidades, por período

O= o custo de pedir, por pedido

C= o custo de manter estoque, por unidade de período

A utilização do modelo do lote econômico, apesar de suas deficiências, pode

ser um instrumento útil ao gestor. Desse modo, passa de um controle subjetivo a

uma estimativa calculada das quantidades a serem adquiridas, o que pode resultar

em decisões mais acertadas de estocagem.

c) Ponto de pedido ou reencomenda

Com a utilização do lote econômico, o gestor consegue apurar a melhor

quantidade a ser adquirida, isto é, que minimize seus custos totais em estoque. O

LEC=

2 X S X 0

C

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ponto de pedido ou reencomenda proporciona o tempo necessário para emitir e

receber os pedidos.

Conforme GITMAN (1997:719), o ponto de pedido pode ser determinado pela

seguinte equação:

Ponto de pedido= tempo para reposição, em dias X demanda diária

Onde:

Ponto de pedido= nível do estoque em que deverá ser emitido novo pedido

Tempo para reposição= tempo entre a emissão do pedido e o recebimento do

item na empresa

Demanda diária= quantidade diária utilizada do item.

Gitman (1997:720) cita que, “se forem corretas as estimativas referentes ao

tempo para reposição e a demanda diária, os itens serão recebidos, exatamente

quando o nível do estoque chegar a zero”. Menciona que, em razão das dificuldades

de se fazer tais previsões, as empresas mantêm estoques de segurança, para

eventuais emergências.

Ressalta-se a importância do controle dos itens mantidos em estoques, seja

para revenda, prestação de serviço ou utilização da própria empresa, pois através de

um controle eficiente, esta terá condições de dimensionar as quantidades a serem

estocadas e previstas, além de minimizar os custos de estoques. Nesse sentido,

apresenta-se o método ABC, um instrumento que facilita esse controle.

d) Método ABC

O controle de todos os itens existentes no estoque normalmente se torna

inviável pelo custo e trabalho. Uma das alternativas é controlar aqueles que

representam o maior valor investido, através da utilização do método ABC.

O método ABC resume-se em separar os itens do estoque em três grupos: A,

B, e C. Os itens do grupo A são aqueles onde é feito o maior investimento financeiro,

seu controle deve ser intensivo, pois são os itens mais caros e em menor

quantidade.

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Os itens do grupo B são os intermediários, que estão sujeitos a controle

menos intensivos. Os itens do grupo C, correspondem aqueles de maior número na

empresa, mas com menor investimento feito pelo gestor, que precisam ser

controlados, mas com menor intensidade.

Com relação ao método ABC, Assaf Neto e Silva (1997:188 a 190), afirmam

que:

a classificação pode variar de empresa para empresa, embora o fenômeno de concentração de receita em alguns poucos produtos seja comum a todas. Determinada a curva ABC, pode se trabalhar com ênfase e técnicas diferentes para cada um dos itens. Percebe-se que, com o uso do método, fica evidente para o gestor em quais

itens direcionar maiores esforços de controle. Neste sentido, Dias (1996: 76) cita que

a curva ABC é:

um importante instrumento para o administrador; ela permite identificar aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração (...) a curva ABC tem sido usada para a administração de estoques, para a definição de política de vendas (...) e uma série de outros problemas usuais da empresa. Quanto a sua operacionalização, em termos percentuais de cada classe,

Martins e Campos (2000:162) citam que:

não existe forma totalmente aceita de dizer qual o percentual atribuído aos itens das classes A, B e C . Os itens A são os mais significativos podendo representar algo entre 35% e 70% do valor movimentado dos estoques, os itens B variam de 10 a 45%, e os itens C representam o restante. Complementam que, a experiência demonstra que poucos itens, de 10% a 20% do total, são da classe A, enquanto uma grande quantidade, em torno de 50%, são da classe C e 30% a 40% são da classe B. Para definir quais os itens que pertencem às classes A, B e C, Arnold

(1999:283) explica que o sistema de classificação ABC, para determinar a

importância dos itens, precisa responder às seguintes perguntas:

Qual é a importância do item do estoque?

Como os itens são controlados?

A partir dessas considerações, o gestor pode redefinir os investimentos feitos

nos diversos itens em estoque.

A utilização dos instrumentos relacionados à gestão dos estoques, em

conjunto e periodicamente, proporcionam ao pequeno empresário uma visão de

quão eficaz está sendo a administração dos estoques. Além disso, podem rever

suas estratégicas de mercado em relação aos produtos, quantidades, valores de

investimento, entre outros aspectos.

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2.2.2.5 Indicadores de rotação

Para a administração do capital de giro e otimização dos recursos investidos,

o gestor tem à sua disposição vários indicadores que podem ser úteis nas tomadas

de decisão. No entanto, os que normalmente predominam na análise do

desempenho das empresas são os de caráter econômico-financeiro.

Zdanowicz (2000:62) menciona que “os índices econômico-financeiros podem

ser subdivididos em indicadores não operacionais, operacionais e globais”. Define

estas classes de indicadores como segue:

Índices não operacionais, são constituídos a partir dos dados do Balanço Patrimonial e refletem a posição da empresa em determinado momento. Índices financeiros operacionais, refletem o dinamismo da empresa, em decorrência de suas atividades econômicas, durante determinado período, sendo calculados a partir da Demonstração de Resultado do Exercício. Índices financeiros globais, permitem ao administrador financeiro realizar a avaliação dos investimentos aplicados, principalmente de curto prazo, que irão refletir no fluxo de caixa da empresa. Na administração das pequenas empresas comerciais, a utilização dos

indicadores globais é de grande valia ao administrador. De acordo com Zdanowicz

(2000:75-81), estão vinculados ao ciclo operacional da empresa e permitem medir a

eficiência da utilização de recursos financeiros no ativo circulante em termos de

liquidez e capital de giro. Sendo os principais: índice de rotação de estoques, índice

de rotação de valores a receber e índice de rotação de valores a pagar.

a) Índice de rotação dos estoques

Através desse índice, o gestor terá o número de vezes em que o estoque se

renovou no período. Pode ser calculado através da seguinte relação:

IRE= EI + CTl – EF ou CMV

EM EM

Onde:

IRE = índice de rotação do estoque

EI = estoque inicial

CTl = compras totais líquidas

EF = estoque final

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CMV = custo das mercadorias vendidas

EM = estoque médio

Conforme Zdanowicz (200:77), através da divisão do número de dias do

período analisado, pelo índice de rotação dos estoques, ter-se-á o prazo médio de

rotação de estoques, ou seja, o tempo médio, em dias, que os estoques levam para

serem consumidos ou vendidos. Pode ser calculado da seguinte forma:

PMRE = N º DE DIAS DO PERÍODO

IRE

Onde:

PMRE = prazo médio de rotação dos estoques.

IRE = índice de rotação dos estoques

Quanto menor o prazo médio de rotação dos estoques, ou quanto maior a

rotação dos estoques, melhor será a liquidez da empresa e menor a necessidade de

capital de giro.

No que concerne à importância deste índice, Dias (1996:74) afirma que:

o grande mérito do índice de rotatividade do estoque é que ele representa um parâmetro fácil para a comparação de estoques, entre empresas do mesmo ramo de atividade e entre classes de material do estoque. Através desse índice, o gestor poderá detectar o giro dos principais produtos

comercializados pela empresa, tanto em valor de investimento como em preferência

pelos consumidores, podendo adequar os investimentos nos diversos itens que

integram os estoques.

b) Índice de rotação de valores a receber

Esse índice, segundo Zdanowicz (2000:78), indica o número de vezes que os

valores a receber se renovaram em determinado período. É obtido pela fórmula que

segue:

IRVR = SIVR + VPl - SFVR

SMVR

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Onde:

IRVR = índice de rotação de valores a receber

SIVR = saldo inicial de valores a receber

VPl = vendas a prazo líquidas

SFVR = saldo final de valores a receber

SMVR = saldo médio de valores a receber

O prazo médio com que a empresa recebe suas contas é obtido pela divisão

do número de dias do período pelo índice de rotação de valores a receber, como

segue:

PMR = No. DE DIAS DO PERÍODO

IRVR

Onde:

PMR = prazo médio de recebimentos

IRVR= índice de rotação de valores a receber

Quanto menor o prazo médio de recebimento das vendas, maior será o índice

de rotação de valores a receber e menor a necessidade de capital de giro para

financiar as vendas.

A importância desse índice consiste em adequar os prazos de recebimento

das vendas de forma que não ultrapassem os prazos de pagamento pela empresa,

caso contrário acabará comprometendo o capital de giro para financiar as atividades

operacionais da empresa.

c) Índice de rotação de valores a pagar

Esse índice, de acordo com Zdanowicz (2000:80), indica o número de vezes

que as obrigações com fornecedores foram renovadas, em média, em determinado

período. É calculado com a utilização da seguinte fórmula:

IRVP = SIVP + CPl - SFVP

SMVP

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Onde:

IRVP = índice de rotação de valores a pagar

SIVP = saldo inicial de valores a pagar

CPl = compras a prazo líquidas

SFVP = saldo final de valores a pagar

SMVP = saldo médio de valores a pagar.

O prazo médio de pagamentos da empresa é obtido pela divisão do número

de dias do período em análise pelo índice de rotação de valores a pagar:

PMP = No. DE DIAS DO PERÍODO

IRVP

Onde:

PMP = prazo médio de pagamentos

IRVP= índice de rotação de valores a pagar

Quanto maior o prazo médio de pagamentos, menor será o índice de rotação

de valores a pagar, o que a princípio parece ser vantajoso para a empresa, mas que

deve ser considerado pois demandará também um volume maior de recursos

financeiros para as compras efetuadas pela empresa, no caso de pagamento de

juros e outros acréscimos.

Vale ressaltar que a finalidade deste índice consiste em adequar os prazos de

pagamentos de acordo com os de recebimentos, diminuindo a defasagem existente

entre esse prazos para uma melhor utilização do capital de giro.

Portanto, a análise desses índices em conjunto, permite ao gestor

dimensionar os recursos aplicados nos estoques, avaliar a política adotada para as

vendas a prazo e o pagamento de fornecedores, esse sincronismo é fundamental

para uma boa administração do capital de giro que influencia diretamente o fluxo de

caixa das empresas.

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47

2.2.2.6 Fluxo de Caixa

Outro instrumento que pode auxiliar na gestão é a demonstração do fluxo de

caixa, que evidencia as saídas e entradas de dinheiro, propiciando ao pequeno

empresário a real situação financeira da empresa.

De acordo com Zdanowicz (2000:28), “o fluxo de caixa é o instrumento mais

importante para o administrador financeiro, pois, através dele, planeja as

necessidades ou não de recursos financeiros a serem captados pela empresa”. Cita

que são alguns dos objetivos básicos do fluxo de caixa:

♣ facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidas junto às instituições financeiras;

♣ programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias;

♣ desenvolver o uso eficiente e racional do disponível; ♣ fixar o nível de caixa, em termos de capital de giro; ♣ auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a

conveniência em aplicar nesses itens ou não; ♣ estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos; ♣ verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa. As informações que o fluxo de caixa fornece possibilitam aos administradores

programar e acompanhar as entradas (recebimentos) e as saídas (pagamentos) de

recursos financeiros, de forma que a empresa possa operar de acordo com os

objetivos e as metas determinadas, a curto e a longo prazo. A curto prazo, para

gerenciar o capital de giro e a longo prazo para fins de investimentos.

Com as informações originadas do fluxo de caixa sobre as origens e

aplicações dos recursos financeiros que giram na empresa, o gestor terá condições

de redimensionar esses recursos de forma a torná-los mais rentáveis, seja aplicando

no ativo circulante, estoques e duplicatas a receber, ou em investimentos e em

outras aplicações de longo prazo.

Nesta perspectiva, Frezati (1997:28) afirma que:

considerar o fluxo de caixa de uma organização um instrumento gerencial não significa que ela vai prescindir da contabilidade e dos relatórios gerenciais por ela gerados. (...) Trata-se de considerar que o fluxo de caixa também deva ser arrolado como instrumento que traga subsídios para o processo de tomada de decisões. Na verdade, o simples reconhecimento disso já é um grande passo para que os gestores do negócio possam dispor de informações adequadas. Percebe-se que a utilização do fluxo de caixa proporciona informações

tempestivas sobre a situação financeira da empresa, pois ao comparar as contas a

receber com os pagamentos a serem efetuados, o gestor terá condições de

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dimensionar a necessidade de capital de giro e evitar situações que possam afetar o

desempenho financeiro da empresa.

Quanto à utilização dos relatórios gerados pela contabilidade, dificilmente são

utilizados como auxílio à gestão e tomada de decisão pelos gestores das pequenas

empresas, não só pelo desconhecimento de seu valor, mas também pela dificuldade

encontrada no seu entendimento.

Já em relação ao fluxo de caixa, Resnick (1990:180) cita que, “a análise e o

planejamento do fluxo de caixa são ferramentas básicas para a administração de

uma pequena empresa”. Complementa que, se ignoradas podem colocar em risco a

sobrevivência e sucesso dessas empresas.

Nesse sentido Kassai (1996:198) afirma que, a adoção do fluxo de caixa se

justifica pela sua facilidade de compreensão e gerenciamento dos recursos

financeiros escassos para a pequena empresa. Porém alerta que, não se deve

abandonar as demais demonstrações contábeis, pois refletem o efetivo retorno do

empreendimento e de sua lucratividade e valor, através do Balanço Patrimonial e da

Demonstração de Resultado.

É importante para o gestor o conhecimento da disponibilidade financeira, tanto

do passado, quanto do presente, para que possa corrigir eventuais situações de

sobra ou falta de recursos financeiros que venham a ocorrer no futuro.

Conforme Zdanowicz (2000:125), “o fluxo de caixa poderá ser elaborado de

diferentes maneiras, conforme as necessidades ou conveniências de cada empresa,

a fim de permitir que se visualize os futuros ingressos de recursos e os respectivos

desembolsos”.

Para a sua elaboração existem vários métodos de fluxo de caixa, disponíveis

na literatura. Dos quais optou-se por demonstrar o método de fluxo de caixa

prospectivo, que, segundo Kassai (1996:223:224), faz com que o empreendedor, ao

lidar com projeções e simulações, começa a compreender o efeito de mudanças dos

prazos de pagamento, recebimento, estocagem, aumento ou diminuição de margem

de venda. Explica que, mesmo que as previsões não se realizem, cada vez que o

fluxo de caixa for manuseado, o empreendedor estará pensando em seus negócios,

tentando visualizar o futuro.

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Conforme Zdanowicz (2000:126), o fluxo de caixa prospectivo pode ser

representado pela a seguinte equação:

SFC = SIC+I-D

Onde:

SFC = saldo final de caixa

SIC = saldo inicial de caixa

I = ingressos

D = desembolsos

Portanto, no modelo de fluxo de caixa prospectivo deverão ser discriminados

todos os valores a serem recebidos e pagos pela empresa, num determinado

período. Assim os gestores podem adequar os prazos de pagamentos e

recebimentos conforme as necessidades da empresa, seja na escassez ou excessos

de recursos, a curto ou a longo prazo. Para isso as informações utilizadas precisam

ser exatas, pois assim o gestor terá a real situação da empresa, podendo atender

às suas necessidades financeiras em tempo hábil.

Para a elaboração do fluxo de caixa prospectivo, Frezatti (1997:65) afirma que

antes de iniciar a montagem, o gestor deve ter uma visão geral do que o espera, ou

seja, perguntar-se: Qual será a utilidade do fluxo de caixa para o processo

decisório? Quem o utilizará? Quais os seus benefícios? Então definir a periodicidade

com que será elaborado; as contas que farão parte, com o devido cuidado, para que

a conta “outros” não mascare ou distorça os resultados finais; e a arquitetura do

sistema, através da qual pode-se visualizar as fontes de informação e seus

responsáveis, e a partir daí definir o seu formato, de acordo com as necessidades da

empresa.

A seguir apresenta-se um dos modelos de fluxo de caixa prospectivo proposto

por Zdanowicz (2000:145), conforme demonstrado na Figura 4:

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Figura 4: Modelo de Fluxo de Caixa Prospectivo

PERÍODOS JAN FEV MAR TOTAL ITENS P R D P R D P R D P R D 1.INGRESSOS Vendas à vista Cobrança em carteira Cobranças bancárias Descontos de duplicatas Vendas de itens do ativo permanente Aluguéis recebidos Aumentos do capital social Receitas financeiras Outros SOMA 2. DESEMBOLSOS Compras a vista Fornecedores Salários Compras de itens do ativo permanente Energia elétrica Telefone Manutenção de máquinas Despesas administrativas Despesas com vendas Despesas tributárias Despesas financeiras Outros SOMA 3. DIFERENÇA DO PERÍODO (1-2) 4. SALDO INICIAL DE CAIXA 5. DISPONIBILIDADES ACUMULADAS (+ou 3+4) 6.NIVEL DESEJADO DE CAIXA PROJETADO 7.EMPRESTIMOS A CAPTAR 8. APLICAÇÕES NO MERCADO FINANCEIRO 9. AMORTIZAÇÕES DE EMPRESTIMOS 10.RESGATES DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS 11.SALDO FINAL DE CAIXA PROJETADO P = projetado R= realizado D = defasagem Fonte: Zdanowicz (2000:145)

O modelo compõe-se de informações oriundas das atividades operacionais e

financeiras das empresas, o qual proporciona aos gestores uma visão do

desempenho esperado, realizado e a necessidade de controles e correções sobre os

itens que apresentem defasagens, sejam elas positivas ou negativas.

A elaboração detalhada do fluxo de caixa, além de proporcionar uma visão do

desempenho financeiro da empresa, proporciona aos gestores visualização dos

processos vitais à sobrevivência e competitividade da empresa.

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2.2.2.7 Controle de custos e despesas

Segundo Franco (1991:37), “na atividade comercial, o custo compreende o

preço de aquisição da mercadoria vendida, mais as despesas decorrentes dessa

atividade, até a obtenção do ingresso pela venda das mercadorias”.

Depreende-se que, nas empresas comerciais, cujo objetivo principal é a

obtenção do lucro decorrente das atividades de compra e venda de mercadorias, o

controle de custos deve abranger todos os gastos relacionados a essas atividades,

mais as despesas relacionadas.

O custo da atividade comercial compreende, segundo Franco (1991:37), os

seguintes elementos:

1. o preço de aquisição da mercadoria vendida;

2. as despesas decorrentes da aquisição até a entrada da mercadoria no

estabelecimento comercial, tais como: IPI, fretes, seguros, juros sobre

financiamentos de compras, além de outras decorrentes da compra de

mercadorias;

3. as despesas decorrentes diretamente das vendas, tais como: comissões

sobre as vendas, descontos concedidos, despesas de cobrança, impostos

de circulação de mercadorias, além de outras diretamente ligadas às

operações de vendas;

4. outra despesas administrativas ou financeiras decorrentes do

funcionamento da empresa comercial, tais como: aluguéis, salários,

impostos diversos, juros, telefone, despesas bancárias, prejuízos com

devedores insolváveis, além de outras indispensáveis à atividade

econômica da empresa.

Martins (2001:323), cita que, “a empresa tem controle dos seus custos e

despesas quando conhece os que estão sendo incorridos, verifica se estão dentro

do que era esperado, analisa as divergências e toma medidas para correção de tais

desvios”.

Apresenta-se alguns classificações de custos, segundo Martins (2001:45):

a) custos diretos: referem-se aos custos que podem ser identificados com os bens produzidos ou com os serviços prestados. Ex: matérias-primas, materiais diretos e mão de obra direto;

b) custos indiretos: incorrem em todo o processo de fabricação de bens ou prestação de serviços e, não sendo possível sua identificação com determinado produto ou serviço, precisam de um critério de rateio para serem identificados e debitados a um produto ou

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serviço. Ex. depreciação, aluguéis; c) custos variáveis: são os custos que estão relacionados com os volumes de produção ou

de vendas, sendo diretamente proporcionais a suas variações; d) custos fixos: são os custos que não guardam dependência com os volumes de produção

e vendas; e) custos das mercadorias vendidas: está representado pelo valor dos custos de todos os

itens vendidos pela entidade em certo período; f) custos totais: são a soma de todos os custos diretos e indiretos de determinada atividade

ou determinado objeto; g) custos unitários: são consequência da divisão do valor total dos custos de determinada

atividade, processo ou produto, pelas quantidades correspondentes. Denota-se que todos os custos podem classificar-se em fixos e variáveis ou

em diretos e indiretos, sendo o custo das mercadorias vendidas, o mais significativo

nas empresas comerciais, pois influencia diretamente no preço de venda das

mercadorias e na lucratividade da empresa.

2.3 TECNOLOGIA DE SUPORTE AO CONTROLE DE GESTÃO

No cenário atual, onde as mudanças são constantes e o avanço da tecnologia

parece não ter limite, não há como as empresas serem administradas de forma

tradicional, seguindo os mesmos padrões de décadas passadas.

Para Keen (1996), “a tecnologia da informação – a soma dos computadores

com as telecomunicações e os recursos de informação só faz sentido quando vista

como uma ferramenta para que as empresas transformem a mudança numa aliada,

e não como uma ameaça”. Explicita também que:

na década de 1960, os computadores se tornaram pela primeira vez economicamente atraentes para as grandes e médias empresas americanas. Custavam muito caro, eram limitadíssimos no que se refere às aplicações, e totalmente incompatíveis entre si, até meados da década de 1970. Como se observa, nos anos 60 e 70, os computadores eram acessíveis

apenas as médias e grandes empresas. Com o avanço da informática, os anos 80

foram marcados pela chegada dos PCs (personal computer), dando início a uma

nova fase na forma de processamento das informações. Conforme citado por

SOLOMON (1986:377):

com um sistema PC simples, (...) uma pequena companhia pode se manter constantemente informada. (...) Relatórios de vendas computadorizadas permitem às pequenas empresas reduzir o volume dos estoques a serem mantidos, aliviando assim as dificuldades de fluxo de caixa. Poucas décadas se passaram, e a situação que se constata é que o

computador deixou de ser uma raridade, para ser objeto de uso comum no ambiente

empresarial ou doméstico. Lastres et al. (1999:99) comentam que numa pesquisa

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realizada pelo IBGE, em 1996 existiam no Brasil 7,8 PCs para cada 100 famílias.

Esta situação deve se apresentar de modo bem diferente hoje.

Quanto à realidade das pequenas empresas cita-se o Regulamento do ICMS

do estado do Paraná, aprovado pelo Decreto n.2736, de 05 de dezembro de 1996,

onde todos os estabelecimentos que exerçam a atividade de venda ou revenda de

mercadorias ou bens a varejo ou de prestação de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de comunicação, com receita bruta anual superior a

R$ 120.000,00 deverão emitir seus documentos fiscais por equipamento emissor de

cupom fiscal até 31 de dezembro de 2000. Para atender ao regulamento as

empresas deverão possuir os seguintes equipamentos: máquina registradora (MR);

terminal ponto de venda (PDV); equipamento emissor de cupom fiscal.

Infere-se que, pela receita bruta determinada, as micro e pequenas empresas

comerciais que se enquadrem nessa situação, sujeitas ao Regulamento do ICMS do

estado do Paraná precisam se adequar às novas tecnologias para poder exercer

suas atividades. O que se percebe, em alguns casos, é a utilização limitada desse

recurso de computação, já obrigatório, nos controles operacionais da empresa.

No entanto, Rezende e Abreu (2000:56) ressaltam que, “muitas empresas

ainda acreditam que o simples ato de informatizar a empresa, espalhando

computadores e impressoras pelas unidades departamentais (...), possa organizar

as mesmas”. Também é o caso das pequenas empresas, que quando muito,

possuem um micro computador. Contudo, nem sempre este é utilizado de maneira a

agilizar as atividades operacionais ou tomadas de decisão. Para assegurar sua

continuidade e competitividade, também as pequenas empresas precisam se

adequar às novas tecnologias.

Quando se fala em tecnologia, está se referindo aos recursos tecnológicos e

computacionais, definidos por REZENDE e ABREU (2000: 76) como a “tecnologia da

informação”. Citam que, a tecnologia da informação está fundamentada nos

seguintes componentes:

a) hardware e seus dispositivos e periféricos;

b) software e seus recursos;

c) sistemas de telecomunicações;

d) gestão de dados e informações.

Esses componentes são definidos por Rezende e Abreu (2000:77-93) da

seguinte forma:

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♣ hardware e seus dispositivos e periféricos, refere-se ao equipamento (computador), e aos seus dispositivos, como, impressoras, mouse, teclado, etc.

♣ software e seus recursos, dirigem, organizam e controlam os recursos de hardware, ou seja, são os programas, como editores de texto, planilhas eletrônicas, etc.

♣ sistemas de telecomunicações, referem-se à transmissão eletrônica de sinais para comunicações, inclusive meios como telefone, rádio, televisão. A transferência eletrônica de dados e informações entre computadores e seus recursos são feitos através de fibras ópticas, microondas, satélites, cabo coaxial, onde são encontradas as mais diversas opções de serviços, como, correio eletrônico, internet, intranet, transferência simples de arquivo, ou troca de textos e dados entre computadores, etc.

♣ gestão de dados e informações, utilização das ferramentas dos sistemas gerenciadores de banco de dados (SGBD). São recursos tecnológicos para trabalhar em banco de dados.

Evidentemente que o gestor não precisará conhecer a fundo todos os

recursos que a tecnologia da informação e a informática apresentam, mas sim, o

básico para poder usufruir dos benefícios que ela pode proporcionar ao seu

empreendimento. Não há como negar que a tecnologia da informação é fator

preponderante no mundo dos negócios, assim como, sua utilização eficiente pode

facilitar a gestão alavancando os negócios da empresa.

Realizada a fundamentação do presente estudo, concluiu-se que os controles

de gestão são fundamentais para o acompanhamento, análise e correções dos

processos empresariais em todas as atividades exercidas na empresa.

Na identificação dos processos essenciais à atividade da empresa, o gestor

terá condições de direcionar seus esforços para uma utilização eficiente dos

controles. Depreende-se que, nas empresas comerciais, os processos essenciais

são a compra e a venda das mercadorias, os quais se relacionam ao atendimento ao

cliente, prazos de pagamento e recebimentos e estoques.

Nesse sentido, buscou-se através de pesquisa de campo, evidenciar a

realidade das micro e pequenas empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR,

quanto à utilização dos controles de gestão, conforme fica evidenciado no capítulo

seguinte.

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3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo contempla a descrição e análise dos dados obtidos na pesquisa

de campo, realizada no período de 06/03/2002 a 10/04/2002, sobre os controles de

gestão utilizados nas micro e pequenas empresas do município de Ivaiporã/PR.

Assim o capítulo foi dividido em sete seções. Primeiro faz-se uma incursão sobre os

dados históricos relevantes do município. A seguir são caracterizadas as empresas

que compreenderam a amostra da pesquisa. Na sequência apresenta-se o perfil dos

respondentes, identificação dos processos vitais na gestão das micro e pequenas

empresas comerciais, os controles de gestão necessários à administração dessas

empresas, a importância atribuída e a intensidade de uso dos controles e por fim a

tecnologia da informação como apoio à gestão.

3.1 APRESENTAÇÃO DE DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ/PR

Situada em uma área de transição limítrofe ao centro Sul e Norte do Paraná,

o município de Ivaiporã teve sua colonização iniciada por volta dos anos de 1940,

quando suas terras férteis passaram a chamar a atenção de desbravadores que

vieram de todas as regiões brasileiras. Antes de sua denominação atual, o município

teve outros nomes, como: Queimada, Cruzeiro, Sapecado, Ivainópolis e, finalmente,

Ivaiporã, em agosto de 1955, cujo vocábulo é oriundo do tupi-guarani, que significa:

Ivai - água, e porã – bonito ou bonita. Portanto, Ivaiporã, quer dizer água bonita em

tupi-guarani.

Conforme dados, de 30/03/02 da AMUVI – Associação dos Municípios do

Vale do Ivai, o município conta com uma população urbana de 25.869 habitantes, e

rural de 13.315 habitantes, num total de 32.245 habitantes, com uma população

economicamente ativa de 22.790 habitantes. A área do município corresponde a 370

Km 2, com uma distância da capital Curitiba de 398 quilometros.

Na área educacional, o município possui, além das escolas públicas e

particulares com ensino até o 2º grau, uma Instituição de Ensino Superior, a Univale

– União das Escolas Superiores do Vale do Ivai, fundada em 13/07/1987, a qual

atende a vários municípios da região.

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Quanto à distribuição das atividades econômicas, com o número de

estabelecimentos sujeitos ao recolhimento do ICMS, no Vale do Ivai por setor,

conforme dados da AMUVI, são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação por atividade econômica e participação no recolhimento do

ICMS pelo Vale do Ivai

Setor Número total de estabelecimentos no

município

Participação % em relação à

associação

Indústria 74 7

Comércio varejista 450 14

Comércio atacadista 33 10

Serviços 84 16

Fonte: AMUVI – Associação dos Municípios do Vale do Ivai ( www.ivaiporã.pr.gov)

Conforme tabela, o município de Ivaiporã se destaca com a participação de

47% do total de recolhimento de ICMS na região do Vale do Ivai entre todos os

municípios da Associação dos municípios do Vale do Ivai (AMUVI).

O município de Ivaiporã também é considerado Pólo regional do Vale do Ivai,

por situar-se no centro de diversos municípios, conforme mostra-se na figura 5.

Figura 5 – Localização do município de Ivaiporã

Fonte: AMUVI (www.ivaiporã.pr.gov)

Cruzmaltina

Ivaiporã

Lidianopolis Rosário do Ivaí Jardim Alegre

Cândido de abreu Manoel Ribas Pitanga Ariranha do Ivaí

Lunardeli

Barbosa Ferraz

Arapuã

Rio Branco do Ivaí

Grandes Rios

Borrazópolis

Faxinal

Nova Tebas

São João do Ivaí

São Pedro do Ivaí

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Observa-se que Ivaiporã se encontra em localização privilegiada em relação

aos municípios do Vale do Ivaí. Vale ressaltar que atende a todos os demais

municípios na área de educação, saúde, trabalho, meio ambiente, agricultura e

vários outros aspectos.

Com relação aos órgãos de apoio às empresas, o município conta com a

Associação Comercial, fundada em 27/05/70, possuindo atualmente um cadastro

com 256 associados, entre pequenas, médias e grandes empresas. O SEBRAE atua

fortemente na região, desde 15/12/92, Conforme informações fornecidas pelo

escritório local, este já realizou aproximadamente 60.000 atendimentos, 50

teleconferências, 200 turmas com treinamento acima de 12 horas nos seus quase 10

anos de atuação; além de outros trabalhos que desenvolve em parceria com

entidades.

De acordo com a Associação dos Empregados do Comércio, existem

atualmente 773 empregados registrados nas empresas comerciais da cidade de

Ivaiporã e mais 155 empregados não registrados.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS

Após uma visão global do município de Ivaiporã/PR, onde estão inseridas as

micro e pequenas empresas comercias, objeto deste estudo, passa-se a caracterizar

o perfil dessas empresas. Adotou-se como critério de classificação o faturamento

conforme previsto pela Secretaria de Estado da Fazenda, no Cadastro de

Contribuintes do ICMS do município de Ivaiporã/PR, foram enviados 407

questionários, como evidencia-se na Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição e retorno dos questionários enviados às empresas

Faturamento anual

Questionários distribuídos

Questionários devolvidos empresas abertas

% devolução

Até R$ 50.000,00 318 71 22,33 De R$ 50.000,01 a R$ 120.000,00

57 35 61,40

De R$ 120.000,01 a R$ 240.000,00

32 17 53,13

Total 407 123 30,22

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Do total de questionários distribuídos, 36 retornaram sem respostas, porque

as empresas haviam fechados suas portas; 123 devoluções ocorreram com sucesso,

representando um percentual de 30,22%. Portanto deixaram de dar um retorno 248

empresas. Ressalte-se que, dos questionários distribuídos o menor percentual de

devolução foi das empresas com faixa de faturamento até R$ 50.000,00, o que se

atribui devido à condição de micro empresa, em que o proprietário muitas vezes

centraliza as atividades, não dispondo de tempo disponível para outras questões.

Na Tabela 3 verifica-se o percentual de empresas que responderam ao

questionário, enquadradas pela Secretaria de Estado da Fazenda, do Paraná, no

Cadastro de Contribuintes do ICMS, conforme as faixas de faturamento.

Tabela 3 – Devolução dos questionários por faixa de faturamento

Faturamento Situação das empresas Nº de empresas %

Até R$50.000,00 71 58 De R$ 50.000,00 a R$ 120.000,00 35 28 De R$ 120.000,00 a R$ 240.000,00 17 14 Total 123 100

Observa-se que 58% das empresas que responderam ao questionário estão

classificadas conforme a Secretaria da Fazenda do Paraná, com um faturamento

anual de até R$ 50.000,00; 28% das empresas estão enquadradas num faturamento

de R$ 50.000,00 a R$ 120.00,00; e 14% possuem faturamento de R$ `120.000,01 a

R$ 240.000,00

A partir da tabulação dos dados coletados nestas empresas, passa-se a

caracterizar as mesmas, destacando-se o quadro societário, o tempo de atividade, o

número de empregados, o faturamento anual informado e as instalações, se são

próprias ou alugadas.

a) Quadro societário

Nesta primeira questão procurou-se averiguar a situação quanto ao número

de sócios , das micro e pequenas empresas comerciais do município de Ivaiporã/PR.

Na Tabela 4 apresenta-se o quadro societário das empresas que responderam o

questionário.

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59

Tabela 4 – Quadro societário das micro e pequenas empresas comerciais de

Ivaiporã/PR

Nº de Sócios Situação das empresas N º de empresas %

Não tem sócios 21 17 1 Sócio 14 11 2 Sócios 59 49 3 Sócios 3 2 Não responderam 26 21 Total 123 100

Observa-se que das 123 empresas, a maioria, num total de 59, representando

49% possuem pelo menos 2 sócios, e 17% não tem sócios, o que pode ser

entendido como firma individual. Vale destacar que 21% não responderam a

questão.

Deduz-se que, alguns respondentes, desconhecem o quadro societário da

empresa, ou não entenderam a questão.

b) Tempo de atividade

Esta questão foi elaborada visando identificar o tempo de atividade das micro

e pequenas empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR. Na Tabela 5 evidencia-

se o tempo que atuam no mercado.

Tabela 5 – Tempo de atividade das micro e pequenas empresas comerciais

Tempo de atividade Situação das empresas N º empresas %

Inferior a 1 ano 9 7 1 a 2 anos 8 7 2 a 5 anos 30 24 6 a 10 anos 23 19 Mais de 10 anos 49 40 Não respondeu 4 3 Total 123 100

Com relação ao tempo de atividade, das 123 empresas pesquisadas,

constatou-se que 40%, num total de 49, tem mais de 10 anos; e 19% estão entre 6 a

10 anos de atividade. Portanto, 59% das empresas pesquisadas tem mais de 5 anos

de atuação no mercado.

Vale ressaltar que, o número de empresas com mais de 5 anos de atuação

no mercado, está acima da média. Pesquisa feita pelo SEBRAE e a FIPE em 1999,

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60

mostra que, de cada grupo de 100 empresas micro e médias, 56 fecharam as suas

portas antes de atingir três anos de atividade.

c) Número de empregados

As micro e pequenas empresas destacam-se como geradoras de emprego.

Nesse sentido, procurou-se nesta questão averiguar qual a participação dessas

empresas na geração de empregos do município. Assim, evidencia-se na Tabela 6 o

número de empregados das empresas pesquisadas.

Tabela 6 – Número de empregados das empresas pesquisadas

Quantidade de funcionários Situação das empresas N º empresas %

Não tem funcionários 10 8 1 Funcionário 19 15 2 funcionários 30 25 3 funcionários 20 16 4 Funcionários 8 7 5 Funcionários 7 6 6 Funcionários 3 2 7 Funcionários 2 2 8 Funcionários 4 3 9 Funcionários 2 2 10 Funcionários ou mais 4 3 Não respondeu 14 11 Total 123 100

Quanto ao número de funcionários, constatou-se que, 25% do universo

pesquisado, são de empresas que possuem 2 funcionários; 16% que possuem 3

funcionários e 15% possuem 1 funcionário. Destaca-se que 56% das empresas

pesquisadas possuem entre 1 e 3 funcionários. Apenas 3% possuem 10 ou mais

funcionários.

Verifica-se que, conforme demonstram as estatísticas, as micro e pequenas

empresas representam um percentual alto em relação ao total de empresas

existentes, que geram um índice elevado de empregos, no entanto, num percentual

pequeno, se consideradas individualmente.

d) Faturamento anual

Buscou-se enquadrar as micro e pequenas empresas, objeto deste estudo,

conforme critério de classificação adotado pela Secretaria de Estado da Fazenda, do

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Paraná, no Cadastro de Contribuintes do ICMS. As respostas a esta pergunta

constam na Tabela 7.

Tabela 7 – Faturamento anual informado pelas empresas

Faturamento Situação das empresas N º empresas %

Até R$ 50.000,00 34 28 De R$ 50.000,00 a R$ 120.000,00 23 19 Acima de R$ 120.000,00 22 18 Não informaram 44 35 Total 123 100

Verifica-se que 35% das 123 empresas que responderam a pesquisa não

informaram o valor do faturamento; 28%, num total de 34 empresas, apresentam

faturamento de até R$ 50.000,00; 19% das empresas, num total de 23, apresentam

faturamento de R$ 50.000,00 a R$ 120.000,00; e 18% apresentam faturamento

acima de R$ 120.000,00. Pode-se notar uma divergência em todas as faixas de

faturamento, conforme apresentado na tabela 3, segundo a Secretaria de Estado da

Fazenda e o informado pelas empresas. Tal fato pode ser decorrente de cadastro

desatualizado ou de valor divergente ao informado ao órgão tributante. Nesse caso,

considera-se para tabulação e análise, os dados informados pelo órgão oficial.

e) Comparação entre o número de sócios e o faturamento anual

Neste comparativo, pretende-se demonstrar a relação do número de sócios

com o faturamento anual das empresas pesquisadas. Conforme evidenciado na

Tabela 8.

Tabela 8 – Número de sócios X faturamento anual

Nº de sócios/Faturamento

Até R$ 50.000,00 De R$ 50.000,01 a R$ 120.000,00

De 120.000,01 a R$ 240.000,00

Não tem sócios 18 2 1 1 Sócio 10 2 2 2 Sócios 23 24 12 3 Sócios 0 2 1 Não responderam 20 5 1 Total 71 35 17

Constata-se a predominância de 2 sócios, nas três faixas de faturamento,

nas empresas pesquisadas, sendo que as empresas com faturamento até R$

50.000,00 não possuem mais de 2 sócios.

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f) Comparação entre o número de empregados e o faturamento anual

Nessa questão buscou averiguar a relação entre o número de empregados

e o faturamento anual das empresas pesquisadas, conforme evidencia-se na Tabela

9.

Tabela 9 – Número de empregados X faturamento anual

Nº de empregados/Faturamento

Até R$ 50.000,00 De R$ 50.000,01 a R$ 120.000,00

De R$ 120.000,01 a R$ 240.000,00

Não tem funcionários 10 0 0 1 Funcionário 15 4 0 2 Funcionários 16 14 0 3 Funcionários 11 7 2 4 Funcionários 2 3 3 5 Funcionários 4 2 1 6 Funcionários 0 2 1 7 Funcionários 1 1 0 8 Funcionários 1 1 2 9 Funcionários 0 0 2 10 Funcionários ou mais 0 0 4 Não respondeu 11 1 2 Total 71 35 17

Comparando-se o número de empregados com o faturamento anual

observa-se que, as 4 empresas que possuem 10 ou mais funcionários tem seu

faturamento na faixa de R$ 120.000,01 a R$ 240.000,00, apenas as empresas com

faturamento até R$ 50.000,00 não possuem funcionários.

g) Propriedade das instalações

Pretendeu-se com esta questão averiguar a condição de uso do imóvel

ocupado pelas micro e pequenas empresas comerciais de Ivaiporã/PR. Assim, a

Tabela 10 evidencia a situação das instalações.

Tabela 10 – Propriedade das instalações

Tipos de instalações Situação das empresas N º empresas %

Instalações alugadas 78 64 Instalações próprias 41 33 Não informou 4 3 Total 123 100

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Observa-se que, 64% das empresas encontram-se em prédio alugado e 33%

possuem instalações próprias. Sendo que 3% das empresas não responderam esta

questão.

h) Comparação entre o tempo de atividade e a propriedade das instalações

Pretende-se com este comparativo analisar a relação entre o tempo em que a

empresa exerce suas atividades e a propriedade do imóvel em que se situa, se

próprio ou alugado. Os resultados do comparativo são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 – Tempo de atividade X situação do imóvel de instalação da empresa

Propriedade das instalações Tempo de atividade Alugadas Próprias

1 a 2 anos 8 7 1 2 a 5 anos 30 27 3 6 a 10 anos 23 18 5 Mais de 10 anos 49 18 31 Não respondeu 4 0 0 Total 123 78 41

Comparando-se o tempo de atividade das empresas, com a condição de

propriedade das instalações, pode-se observar que das 49 empresas que possuem

mais de 10 anos de atividade, 18 estão em instalações alugadas e 31 em

instalações próprias; das 23 empresas entre 6 e 10 anos de atividade, 18 estão em

instalações alugadas e 5 em instalações próprias. Entre 2 e 5 anos de atividade

estão 30 empresas, das quais 27 estão em instalações alugadas e 3 possuem

imóvel próprio. Com relação às empresas de 1 a 2 anos de atividade, em número de

8, 7 estão em imóvel alugado e 1 possui imóvel próprio.

Observa-se que 33% das empresas funcionam em instalações próprias, o

maior percentual das que utilizam instalações próprias, são aquelas com mais de 10

anos de atividade, e que representam 63%.

3.3 PERFIL DOS RESPONDENTES

As questões a seguir visam identificar o perfil dos gestores e ou responsáveis

pelas respostas do questionário da pesquisa realizada junto às micro e pequenas

empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR.

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Foram analisados os aspectos referentes à função ocupada na empresa, o

tempo ocupado na função, a faixa etária, o grau de escolaridade e finalmente a

participação em cursos e treinamentos.

a) Função que ocupa na empresa

Foi solicitado aos empresários, por meio de correspondência que o

questionário fosse respondido pelo proprietário ou pela pessoa responsável pela

administração da empresa. As funçôes que os respondentes ocupam nas empresas

estão evidenciadas na Tabela 12.

Tabela 12 – Função que os respondentes ocupam na empresa

Funções Situação dos respondentes %

Proprietário 42 34,1 Gerente 34 27,7 Sócio Gerente 18 14,6 Vendedora 4 3,3 Administrador 3 2,5 Balconista 3 2,5 Sócio 2 1,6 Outros 10 8 Não informou 7 5,7 Total 123 100

Verifica-se que 34,10% dos questionários foram respondidos pelo proprietário

da empresa, 27,70% foram respondidos pelo gerente e 14,60% pelo sócio gerente.

Observou-se também que 5,70% não informaram o cargo, e os demais, em

proporções menores, distribuídos em outros cargos na empresa.

Esta constatação é importante quando se analisa as demais questões, pois

demonstra o interesse dos gestores em responderem à pesquisa, além do que,

compreendem uma visão sistêmica dos processos empresariais vitais na gestão das

micro e pequenas empresas pesquisadas, sendo que, 21,10% dos entrevistados que

responderam a questão não pertencem ao quadro administrativo da empresa.

b) Tempo que ocupa a função na empresa

Após constatada a função ocupada pelos respondentes na empresa,

averiguou-se há quanto tempo ocupa a função, evidenciada na Tabela 13.

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Tabela 13 – Tempo de função que ocupa na empresa

Função Inf. a 1 ano 1 a 2 anos

2 a 5 anos

6 a 10 anos Acima de 10 anos

Não inf. Total

Proprietário 4 7 7 6 15 3 42 Gerente 4 3 10 6 11 0 34 Sócio Gerente 0 1 3 3 11 0 18 Vendedora 2 0 1 1 0 0 4 Administrador 0 0 2 0 1 0 3 Balconista 1 2 0 0 0 0 3 Sócio 0 0 2 0 0 0 2 Açougueiro 0 1 0 0 0 0 1 Auxiliar adm. 0 0 0 1 0 0 1 Bordadeira 0 1 0 0 0 0 1 Diretor 0 0 0 0 1 0 1 Fotógrafo 0 0 0 0 1 0 1 Gerente ad.fin. 0 0 1 0 0 0 1 Serv.Gerais 0 0 1 0 0 0 1 Sócio adm. 0 1 0 0 0 0 1 Supervisor RH 1 0 0 0 0 0 1 Técnico 0 0 0 0 0 1 1 Não respondeu 0 0 0 0 0 0 7

Com relação ao tempo que ocupam a função na empresa, dos 42

proprietários que responderam a questão, 15 tem mais de 10 anos de atividade,

representando 12% do total dos entrevistados, 6 tem entre 6 a 10 anos,

representando 5% do total dos entrevistados. Dos 34 gerentes, 11 tem mais de 10

anos na função, que correspondem a 9% do total de entrevistados. Portanto, 50%

dos gerentes tem mais de 5 anos na função. Quanto aos respondentes que ocupam

a função de sócio gerente, 11 tem mais de 10 anos de atividade, 9% do total de

entrevistados, e 3 tem entre 6 a 10 anos. Verificou-se que significa que 68,42% dos

sócios gerentes tem mais de 5 anos na função.

Infere-se do exposto que as pessoas que responderam os questionários

enviados demonstraram ter larga experiência nas funções que ocupam na empresa.

c) Faixa etária do entrevistado

A Tabela 14 apresenta a faixa etária das pessoas das micro e pequenas

empresas comerciais da cidade de Ivaipora/PR que responderam o questionário.

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Tabela 14 – Faixa etária dos respondentes

Situação dos respondentes Faixa Etária %

Inferior a 30 anos 33 27 Entre 31 e 40 anos 48 38 Entre 41 e 50 anos 34 28 Superior a 50 anos 8 7 Total 123 100

Percebe-se pelo resultado da pesquisa que 38% dos entrevistados estão na

faixa etária de 31 a 40 anos, 28% entre 41 e 50 anos, 27% não completaram 30

anos e 7% possuem mais de 50 anos.

Denota-se o maior percentual na faixa etária de 31 a 40 anos, porém bem

distribuídos entre as outras faixa etárias, com exceção, de superior a 50 anos, com

apenas 7% de participação.

d) Grau de escolaridade do entrevistado

Nesta questão, procurou-se averiguar qual o grau de instrução das pessoas

que responderam o questionário, evidenciado na Tabela 15.

Tabela 15 – Grau de escolaridade dos entrevistados

Situação dos respondentes Escolaridade %

1º Grau incompleto 13 11 1º Grau completo 14 11 2º Grau incompleto 18 15 2º Grau completo 40 32 3º Grau incompleto 16 13 3º Grau completo 22 18 Total 123 100

Com relação ao grau de escolaridade, verificou-se que 11% possuem o 1º

grau completo, 32% possuem o 2º grau completo e 18% dos respondentes possuem

o 3º grau completo.

Infere-se que, mesmo em percentual baixo, existe a preocupação dos

respondentes quanto a educação formal. Para os que cursaram a graduação,

solicitou-se a formação. Pode-se visualizar na Tabela 16.

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Tabela16– Área de formação na graduação

Área de formação Situação dos respondentes %

Administração 9 40,90 Letras 2 9,09 Matemática 2 9,09 Ciências 1 4,54 Ciências Contábeis 1 4,54 Direito 1 4,54 Farmácia Bioquímica 1 4,54 Processamento de dados 1 4,54 Teologia 1 4,54 Não informou 3 13,64 Total 22 100

Na questão referente a área de formação, observa-se que a maioria, 40,90%

são formados em administração; 9,09% em letras, 9,09% em matemática, sendo que

os demais encontram-se distribuídos entre outros cursos.

Para os que cursaram uma pós-graduação solicitou-se a área da certificação.

O resultado do curso lato sensu indicado pode ser observado na Tabela 17.

Tabela 17 – Área que cursou a Pós-graduação

Área de certificação Situação dos respondentes A B

Economia rural 1 Marketing com ênfase em Recursos Humanos 1 Marketing com ênfase em Gerenciamento 1 Qualidade e Produtividade 1 Total 3 1 Obs. As letras A e B representam os respondentes

Quanto a pós graduação, observou-se que dois dos respondentes tem

certificados de participação em curso lato sensu. Ressalte-se, que 1 possui 3 cursos

de pós-graduação e 1 possui 1 curso de pós-graduação.

Verifica-se que, a formação dos respondentes condiz com a realidade exigida

pelo município de Ivaiporã, onde a base econômica é a agricultura e a agropecuária.

Sendo o comércio sustentado pela agricultura, o que não deixa de ser desafiante,

para os gestores das empresas em razão da sazonalidade e outros fatores

decorrentes.

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e) Comparação entre o grau de instrução e o faturamento anual

Nesse comparativo procurou-se evidenciar a relação entre o grau de instrução

dos respondentes com o faturamento anual da empresa pesquisada, o que fica

evidenciado na Tabela 18.

Tabela 18 – Grau de instrução X Faturamento anual

Grau de instrução/Faturamento

anual

Até R$ 50.000,00 De R$ 50.000,01 a R$ 120.000,00

De R$ 120.000,01 a R$ 240.000,00

1º Grau incompleto 11 1 1 1º Grau completo 10 3 1 2º Grau incompleto 13 2 3 2º Grau completo 25 8 7 3º Grau incompleto 6 9 1 3º Grau completo 6 12 4 Total 71 35 17

Observa-se que, o maior número de pessoas que possuem 3º grau completo

estão nas empresas com faixa de faturamento entre R$ 50.000,01 a R$ 120.000,00.

Chama atenção que, o menor número de pessoas com grau superior estão nas

empresas com faturamento acima de R$ 120.000,00, sendo superada por empresas

com faturamento até R$ 50.000,00.

f) Participação em cursos /treinamentos

Neste item procurou-se identificar o nível de participação dos gestores em

cursos e treinamentos relevantes à administração de suas empresas. As respostas

constam na Tabela 19.

Tabela 19 – Participação em cursos/treinamentos

Situação dos respondentes

Participação em cursos/treinamentos

% Nunca me interessou 11 9 Nunca participei por falta de oportunidade 24 20 Participei uma vez 31 25 Já participei várias vezes 52 42 Não informou 5 4 Total 123 100

Observa-se que com relação à participação em cursos e treinamentos, 42%

dos entrevistados indicaram já ter participado várias vezes, 25% participaram

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apenas uma vez, 20% nunca participaram por falta de oportunidade, 9% nunca se

interessaram e 4% não responderam à questão.

Também foi solicitado aos respondentes que indicassem o (s) curso(s) do(s)

qual (is) já participaram. Verificou-se que os 25% que responderam já ter participado

uma vez em cursos e treinamentos, 10% foram distribuídos entre os cursos de

informática, eletrônica, Brasil Empreendedor, administração empresarial, vendas e

outros cursos, sendo que 15% não informaram o curso realizado. Quanto aos 42%

que indicaram ter participado várias vezes, 5% destes participaram de treinamento

em vendas, 20% foram distribuídos em percentuais menores, entre os cursos de

qualidade total, marketing, atendimento ao cliente e outros como Brasil

Empreendedor, vitrine, treinamento empresarial, sendo que 17% não informaram o

curso.

3.4 IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS VITAIS NA GESTÃO DAS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS COMERCIAIS DE IVAIPORÃ/PR

Qualquer tipo de trabalho realizado por uma empresa constitui-se em um

processo. A abordagem sistêmica das organizações considera os processos internos

interagindo entre si e também com o ambiente externo. No entanto, existem

processos que são considerados vitais para a sobrevivência e sucesso das

organizações. Com a identificação desses processos, os gestores terão condições

de direcionar seus esforços e diminuir o grau de dificuldade encontrada na gestão,

podendo atingir resultados satisfatórios para as organizações.

Portanto, esta seção contempla, a princípio, a opinião dos empresários

quanto aos processos vitais na gestão das micro e pequenas empresas comerciais,

a seguir serão analisados os aspectos referentes a ordem de dificuldade encontrada

em alguns itens de gestão nas empresas.

Nesta questão buscou-se investigar a opinião dos empresários quanto aos

processos essenciais das micro e pequenas empresas comerciais, cujos resultados

encontram-se evidenciado na Tabela 20.

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Tabela 20 – Processos vitais na gestão das micro e pequenas empresas comerciais Processos Nº empresas %

Controle de Contas a Receber 9 5,69 Controle de Contas a Pagar 7 4,43 Atendimento ao cliente 7 4,43 Controle das Despesas 5 3,16 Controle de Custos 5 3,16 Estoque 4 2,53 Administração de Funcionários 3 1,89 Controle de Gestão 3 1,89 Acompanhar a Concorrência 2 1,26 Assistência ao Cliente 2 1.26 Aumentar o Giro 2 1,26 Controle de Caixa 2 1,26 Controle de Compras 2 1,26 Fidelidade dos Funcionários 2 1,26 Qualidade 2 1,26 Realizar controles periódicos juntamente com planejamento futuros 2 1,26 Vendas 2 1,26 Critérios para Preço, prazo 2 1,26 Administrar o setor contábil comercial, pessoal e fiscal da empresa 1 0,63 Atualização constante, obtendo uma visão geral do que ele pode adquirir, no nosso ramo de comercialização

1 0,63

Compras bem feitas 1 0,63 Conhecimento de Gestão 1 0,63 Conhecimento do Mercado 1 0,63 Conhecimento do Produto 1 0,63 Controle rígido das Despesas e Receita 1 0,63 Controle rígido dos custos da matéria prima e das despesas em geral 1 0,63 Custo da Mercadoria e Concorrência 1 0,63 Dedicação 1 0,63 Escolha de bons fornecedores, ponto, atendimento aos clientes, preço atrativo, instalações adequadas ao tipo de atividade

1 0,63

Ficar atento as despesas para poder chegar a uma margem de lucro adequado. 1 0,63 Fluxo de Caixa 1 0,63 Motivação dos Funcionários 1 0,63 Oferecer Vantagens ao Cliente, Preço e Qualidade 1 0,63 Planejamento 1 0,63 Prazo de Entrega 1 0,63 Quando as compras são a vista temos uma forma de saber se estamos ganhando ou perdendo. É uma maneira simples de administrar sem muita burocracia

1 0,63

Revender por um Preço Menor 1 0,63 Trabalhar com Produtos de Qualidade e Prestação de Serviços 1 0,63 Utilização dos Relatórios Contábeis 1 0,63 Não responderam 74 46,83 Total 158 100 Obs. O total de respostas totalizou mais que as 123 empresas pesquisadas, uma vez que foram indicadas mais de uma alternativa.

Essa questão foi respondida por 49 dos entrevistados, num percentual inferior

a 50% do total dos respondentes, no entanto, foram citados 39 processos, sendo os

processos de maior frequência, na ordem, controle de contas a receber, controle de

contas a pagar, atendimento, controle de despesas, controle de custos, estoque,

administração de funcionários e controle de gestão.

Infere-se do exposto que os respondentes têm visão sistêmica dos processos

vitais à gestão das empresas. No entanto, ressalta-se o processo de fluxo de caixa,

citado por apenas 1 dos respondentes como vital à gestão.

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Também foi solicitado aos respondentes que apontassem o grau de

dificuldade encontrada no gerenciamento da empresa, especificamente em relação a

alguns itens. O grau atribuído às diferentes alternativas é apresentado na Tabela 21.

Tabela 21 – Grau de dificuldade encontrada em alguns aspectos da gestão

Min. Grau de dificuldade Max.

Tipos de controles

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Não inf.

Não resp.

Realização de controles

9 7 5 6 10 8 5 11 7 6 3 46

Utilização da informática

6 2 5 4 6 2 8 4 2 28 10 46

Utilização dos relatórios contábeis

5 5 7 2 6 8 3 13 3 22 3 46

Administração dos funcionários

14 6 5 6 10 4 4 7 3 8 10 46

Outros. Quais? Juros e clientes.

0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 123

Observa-se que as maiores dificuldades encontradas são na utilização da

informática e utilização dos relatórios contábeis, sendo que, 46 respondentes, num

percentual de 37,39%, não informaram o grau de dificuldade encontrada nos itens

especificados.

Comparando-se a tabela 18, com a questão anterior, referente aos processos

vitais à gestão, ressalta-se a utilização dos relatórios contábeis, citado por apenas

um dos respondentes como essencial e, no entanto, com o maior grau de dificuldade

por 29,72% das empresas.

3.5 CONTROLES DE GESTÃO NECESSÁRIOS PARA AS MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS COMERCIAIS.

Após levantado quais são os processos vitais à gestão das micro e pequenas

empresas comerciais, e o grau de dificuldade encontrado, passa-se a averiguar

quais são os controles utilizados no gerenciamento desses processos.

Assim, contempla-se nesta seção, quais são os controles de gestão

necessários para a gestão da micro e pequenas empresas; como as empresas

estipulam o preço de venda das mercadorias comercializadas. Como, e se é

realizado o inventário dos estoques e a sua periodicidade. Quanto à concessão de

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72

crédito, se existe uma política adotada pelas empresas e o seu nível de

inadimplência, e finalmente, se a empresa adota um cadastro de seus fornecedores

e a forma de pagamento das mercadorias compradas para revenda.

Esta questão procurou investigar junto aos entrevistados, quais são os

controles necessários para a administração das micro e pequenas empresas

comerciais. As respostas constam na Tabela 22.

Tabela 22 – Controles necessários para a gestão das micro e pequenas empresas

comerciais.

Controles

N º empresas

%

Controle de Estoques 21 10,65 Controle de Contas a Pagar 18 9,14 Controle de Custos 13 6,6 Controle de Vendas 13 6,6 Controle de Caixa 12 6,09 Controle das Despesas 11 5,58 Fluxo de Caixa 7 3,55 Controle de Compras 6 3,04 Controle de Entradas 4 2,03 Controle de Clientes 3 1,52 Controle de Saída 3 1,52 Controle de Fornecedores 2 1,01 Controles Informatizados 2 1,01 Satisfação do Cliente 2 1,01 Controle de Materiais 1 0,5 Controle Financeiro 1 0,5 Controle rigoroso nas vendas a prazo para não haver muito atraso 1 0,5 Controles Gerais 1 0,5 Faturamento 1 0,5 Gerenciamento das vendas, pois temos meta a cumprir 1 0,5 Os mesmos Controles que usam as Grandes Empresas 1 0,5 Produtos não Conforme 1 0,5 Não responderam a questão 72 36,54 Total 197 100 Obs. O total de respostas totalizou mais que as 123 empresas pesquisadas, uma vez que foram indicadas mais de uma alternativa pelos respondentes.

Observa-se que, 72 entrevistados, num percentual de 58,54% não

responderam essa questão Por outro lado, na opinião de 41,46% dos entrevistados,

em ordem de maior frequência são necessários os seguintes controles: controle de

estoques com frequência 10,65; controle de contas a pagar, frequência 9,14;

controle de custos e controle de vendas, com frequência 6,6; controle de caixa, com

frequência 6,09; controle das despesas, frequência 5,58; fluxo de caixa, frequência

3,55; controle de compras, frequência 3,04; e outros, com frequência abaixo de 3

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73

Depreende-se do exposto que, na opinião dos respondentes, os controles

necessários para a gestão das micro e pequenas empresas comerciais são aqueles

ligados diretamente com atividade fim da empresa; estoque, compra, venda, além

dos controles financeiros.

Após investigada a opinião dos respondentes sobre os controles necessários

para a gestão das micro e pequenas empresas comerciais, perguntou-se sobre a

formação de preços.

a) Definição do preço de venda das mercadorias

Neste item procurou-se verificar como é estipulado o preço de venda das

mercadorias comercializadas nas micro e pequenas empresas da cidade de

Ivaiporã/PR. Na Tabela 23 apresenta-se o resultado da pesquisa em relação a esta

pergunta.

Tabela 23 – Definição do preço de venda das mercadorias

Situação nas Empresas Forma de Definir Preço %

De acordo com a Concorrência 16 13 Margem de Lucro sobre o custo das mercadorias 99 80 Aleatoriamente 2 2 Outras formas 4 3 Não respondeu 2 2 Total 123 100%

Observa-se que 80% responderam que o preço é definido através de uma

margem de lucro sobre o custo das mercadorias. Apenas 13% responderam que é

estabelecido de acordo com a concorrência, 2% alegam estipularam o preço das

mercadorias de forma aleatória, ou seja, sem parâmetro definido, e 3% das

empresas afirmam terem outras formas, além das relacionadas, para estabelecer

seus preços

Chama atenção que, apesar de serem micro e pequenas empresas,

conhecem o custo de aquisição das mercadorias, base de cálculo para a definição

de preços. No entanto, é interessante observar que não apontaram a concorrência

como parâmetro.

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74

b) Contagem física dos estoques

Também investigou-se se estas empresas realizam contagem física dos

estoques. Procurou-se verificar com esta questão o percentual de empresas que

realizam a contagem física do estoque, cujas respostas estão sintetizadas na Tabela

24.

Tabela 24 – Contagem física dos estoques

Situação nas Empresas Realiza Contagem de Estoque %

Sim 92 75 Não 26 21 Não respondeu 5 4 Total 123 100

Pode-se observar pela pesquisa que 75% das empresas realizam esse

controle, 21% não realizam e 4% não responderam a questão.

Nota-se que a maioria das empresas são conscientes da importância de se

controlar o estoque.

No que concerne a periodicidade da contagem física dos estoques, na Tabela

25, fica evidenciado a frequência com que as micro e pequenas empresas de

Ivaiporã/PR realizam este procedimento.

Tabela 25 – Periodicidade da contagem física dos estoques

Situação nas Empresas Contagem de Estoque %

No final do exercício 45 37 Quando necessário 65 52 Não respondeu 13 11 Total 123 100

Verifica-se que 37% dos entrevistados responderam que realizam a contagem

de estoques no final do exercício, 52% quando necessário e 11% não responderam

a esta questão.

Depreende-se que, mesmo conscientes da importância de se controlar o

estoque, mais de 50% realizam este procedimento apenas quando necessário, o

que indica que esse procedimento não é realizado com prazos determinados

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75

c) Critérios para concessão de crédito

Procurou-se identificar através desta questão, a existência ou não de critérios

definidos na concessão das vendas a prazo. As respostas tabuladas constam na

Tabela 26.

Tabela 26 – Critérios para concessão de créditos nas vendas a prazo

Situação nas Empresas Tem Critérios %

Sim 76 62 Não 41 33 Não respondeu 6 5 Total 123 100

Observa-se que 62% das empresas pesquisadas tem critérios definidos para

concessão de vendas a prazo, 33% das empresas não tem critérios definidos e 5%

não responderam a questão.

Os resultados sugerem que as empresas pesquisadas possuem em sua

maioria, uma política de crédito bem definida.

A pergunta sobre a política de crédito remete para um questionamento

relacionado a problemas de inadimplência. Assim, neste item procurou-se saber

sobre o nível de inadimplência enfrentado pelas empresas, conforme mostra-se na

Tabela 27.

Tabela 27 – Nível de inadimplência enfrentado pelas empresas

Situação nas Empresas Tem enfrentado problemas de Inadimplência %

Não 10 8 Pouco 35 28 Razoável 45 37 Muito 23 19 Não respondeu 10 8 Total 123 100

Na questão referente a problemas de inadimplência enfrentados pelas

empresas, 8% dos entrevistados não responderam, 19% afirmaram ter muitos

problemas, 37% responderam ter problemas razoáveis, 28% alegaram ter poucos

problemas e 8% informaram não ter problemas com inadimplência.

Portanto, somando os que indicaram problemas de inadimplência de forma

razoável e muito, nota-se que estes representam 56% das empresas.

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76

Na tabela 28, pode-se visualizar o prazo médio de atraso em dias, das vendas

a prazo das micro e pequenas empresas comerciais de Ivaiporã/PR.

Tabela 28 – Prazo médio de atraso (dias)

Dias Fi Fa Xi Xi.Fi 0• 10 8 8 5 40 10• 20 8 16 15 120 20• 30 9 25 25 225 30• 40 19 44 35 665 40• 50 6 50 45 270 50• 60 3 53 55 165 60• 70 10 63 65 650 70• 80 0 63 75 0 80• 90 2 65 85 170 90• 100 6 71 95 570 100• 110 1 72 105 105 110• 120 0 72 115 0 120• 130 4 76 125 500 130• 140 0 76 135 0 140• 150 0 76 145 0 150• 160 0 76 155 0 160• 170 0 76 165 0 170• 180 0 76 175 0 Acima de 180 3 79 185 555 Não informou 44 TOTAL 123 4035 _

X= 51,075 ou 51 dias S= 41,3 ou 41 dias

Conforme resultados da pesquisa, 79 entrevistados, 64,23% do total,

responderam a questão quanto ao número de dias em atraso, sendo que a média

ficou em torno de 51 dias, com um desvio padrão de 41 dias.

d) Comparação entre critérios definidos para concessão de crédito e nível de

inadimplência

Nessa questão, procurou-se comparar as empresas que possuem critérios

definidos para concessão de crédito com as empresas que não possuem. Ainda, as

que possuem de razoável a muitos problemas de inadimplência, conforme

evidenciado na Tabela 29.

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Tabela 29 – Critérios para concessão de crédito X Nível de inadimplência

Critérios/Inadimplência Muito Razoável Pouco Não Não respondeu

Total

Sim 14 33 21 8 76 Não 9 12 14 2 4 41 Não respondeu 6 6 Total 23 45 35 10 10 123

Observa-se que, das 76 empresas que possuem critérios definidos para

vendas a prazo, 47 possuem de razoável a muitos problemas de inadimplência,

representando um percentual de 61,84%, das 41 empresas que não possuem

critérios, 21, possuem problemas com inadimplência, num percentual de 51,21%,

sendo que 4 empresas, num percentual de 9,75% não responderam quanto ao nível

de inadimplência.

e) Cadastro de fornecedores

Nesta pergunta buscou-se averiguar o percentual de empresas que possuem

cadastro de seus fornecedores. Os resultados desta questão constam na Tabela 30

Tabela 30 - Possui cadastro de fornecedores

Situação nas Empresas Possui Cadastro Absoluta Relativa (%)

Sim 69 56% Não 47 38% Não responderam 7 6% Total 123 100%

Verifica-se pela pesquisa que 6% dos entrevistados não responderam a

questão, 38% não possuem cadastro de seus fornecedores e 56% possuem um

cadastro de seus fornecedores.

f) Condições de pagamento das compras

Buscou-se nesta questão saber como são realizados os investimentos nos

estoques das empresas pesquisadas. As respostas à esta pergunta são

evidenciadas na Tabela 31.

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Tabela 31 – Forma de pagamento das compras

Situação nas Empresas Formas de Realizar Compras % Normalmente a prazo 63 52 Normalmente a vista 27 22 Sempre a prazo 14 11 Sempre a vista 15 12 Não responderam 4 3 Total 123 100

As compras realizadas pelas 123 empresas estudadas são realizadas

normalmente a prazo, em 52% da amostra; 22% das empresas realizam suas

compras normalmente à vista; 11% compram sempre a prazo; 12% compram

sempre à vista; e 3% das empresas não responderam a esta questão.

Infere-se do exposto que, 34% das empresas que compram sempre à vista, e

normalmente à vista, utilizam as oportunidades de negociação para uma melhor

movimentação do capital de giro.

3.6 IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA E INTENSIDADE DE USO DOS CONTROLES DE

GESTÃO

Nesta seção aborda-se o grau de importância atribuído pelos respondentes

aos controles de gestão, a periodicidade com que realizam o fluxo de caixa, e a

intensidade com que utilizam os controles na gestão das empresas.

a) Grau de importância dos controles de gestão

Na administração das pequenas empresas o poder de decisão normalmente é

centralizado no proprietário, que assume total responsabilidade pelo seu sucesso ou

fracasso, e de alguma forma, utiliza instrumentos como planejamento e controle.

Sendo o controle uma etapa do processo de gestão indispensável às organizações,

para que possam atingir um bom desempenho. Esta questão tem por finalidade

investigar, através de atribuição de graus a importância de cada controle de gestão

na visão dos respondentes. Na Tabela 32 apresentam-se os graus atribuídos.

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Tabela 32 - Grau de importância dos controles na gestão das empresas pesquisadas

Min. Grau de importância Max.

Tipo de Controle 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 media DP

Controle de vendas

3 0 0 1 13 3 6 19 8 39 8,10 2,23

Controle de contas a Receber

4 0 0 0 10 3 5 16 10 45 8,33 2,27

Controle de Contas a pagar

5 0 0 0 5 3 2 6 8 66 8,86 2,30

Controle de estoque

3 2 1 1 12 9 12 15 10 26 7,49 2,35

Controle de Custos

5 0 2 1 7 4 7 17 15 37 8,04 2,42

Controle de despesas

3 1 1 2 6 0 7 8 12 52 8,55 2,31

Controle de Caixa 3 1 2 0 5 2 4 7 10 55 8,67 2,32

Outros 0 0 0 0 1 0 1 0 2 3 8,57 1,76

Não respondeu 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Observa-se pelas respostas apresentadas que, o controle de contas a pagar

obteve a maior média: 8,86, com um desvio padrão de 2,30, o que indica uma certa

homogeneidade com relação ao grau de importância atribuído pelos respondentes,

porém a maior dispersão se encontra no controle de custos, com média de 8,04 e

desvio padrão de 2,42, que indica maior heterogeneidade em relação ao grau de

importância atribuído.

b) Periodicidade de elaboração do fluxo de caixa

Através da elaboração do fluxo de caixa, o gestor terá condições de

dimensionar os recursos financeiros, de forma a evitar situações indesejáveis para

empresa, mesmo porque se apresenta como instrumento de fácil entendimento e

manuseio, o qual o gestor terá conhecimento de todas as entradas e saídas de

recursos financeiros, podendo adequar os prazos de pagamentos, recebimentos e

estocagem de acordo com as necessidades da empresa.

Assim, nesta questão buscou-se averiguar com que frequência é realizado o

fluxo de caixa nas micro e pequenas empresas comerciais pesquisadas de

Ivaiporã/PR. A Tabela 33 evidencia a periodicidade de elaboração do fluxo de caixa.

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80

Tabela 33 - Periodicidade de elaboração do fluxo de caixa na empresa

Número de Empresas Periodicidade %

Trimestral 1 1 Diário 9 7 Mensal 10 8 Semanal 6 5 Quinzenal 1 1 Não informou 96 78 Total 123 100%

Pode-se observar que 78% dos entrevistados não responderam a questão

quanto a frequência de elaboração do fluxo de caixa, 8% informaram que elaboram

o fluxo de caixa mensalmente, 7% alegam ser diário, 5% elaboram semanalmente e

1% tem seu fluxo de caixa trimestral ou quinzenal.

A grande quantidade de empresas que não responderam esta questão sugere

que não realizam o fluxo de caixa, porque desconhecem o benefício proporcionado

por este instrumento de gestão, ou desconhecem uma forma prática de elaboração.

c) Intensidade de uso dos controles de gestão

Com a utilização dos controles, os gestores terão à sua disposição um

conjunto de informações relevantes para a tomada de decisão, sejam operacionais,

financeiras ou econômicas, podendo assim, oportunizar correções e alterações

necessárias para o bom desempenho da empresa. Procurou-se averiguar a

intensidade com que os gestores das micro e pequenas empresas comerciais

utilizam os controles de gestão.

Buscou-se nesta questão, questionar os entrevistados sobre a intensidade

com que utilizam os controles de gestão nas empresas, o que pode ser verificado na

Tabela 34.

Tabela 34 – Intensidade de uso dos controles de gestão

Tipos de Controles Não Usa Usa Pouco

Usa Razoável Usa Muito Não Infor. Não Resp.

Controle de Vendas 9 8 25 53 4 24 Controle de Contas a Receber 8 9 25 54 3 24

Controle de Contas a Pagar 6 7 14 69 3 24

Controle de Estoque 11 27 39 20 2 24 Controle de Custos 5 15 29 45 5 24 Controle de Despesas 5 10 17 63 4 24 Controle de Caixa 8 5 18 65 3 24 Outros. Quais? Banco Contas Correntes 1 0 0 2 0 122

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Conforme se observa o maior número de empresas assinalaram o item “usa

muito”, sendo o controle de contas a pagar o mais utilizado, por 69 empresas; em

segundo lugar está o controle de caixa por 65 entrevistados; em terceiro lugar o

controle de despesas por 63 entrevistados.

Percebe-se pelas respostas, que grande parte das empresas, de alguma

forma, possuem os controles relacionados para a gestão.

3.7 INTENSIDADE DE USO DOS RECURSOS DA TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO COMO APOIO À GESTÃO

Nesta seção foram abordados os aspectos relacionados à disponibilidade e

meios utilizados na elaboração dos controles de gestão nas micro e pequenas

empresas comerciais de Ivaiporã/PR, ainda, como são utilizados os recursos da

tecnologia da informação e da informática na gestão das empresas pesquisadas.

A primeira questão relacionada a este objetivo específico da dissertação

procurou abordar os controles de gestão disponibilizados nas micro e pequenas

empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR, e, se estes controles são

informatizados ou não. As respostas estão evidenciadas na Tabela 35.

Tabela 35 – Disponibilidade dos controles de gestão e meio utilizado

Controles/Meios Controles meios Sim Não

Total Informatizado Não

informatizado Não informou

Controle de vendas 91 10 108 8 50 33 Controle de contas a receber

91 12 108 13 46 32

Controle de contas a pagar

91 11 108 6 52 33

Controle de estoque 69 29 108 14 31 24 Controle de custos 75 22 108 4 44 27 Controle de despesas

85 15 108 9 46 30

Controle de caixa 89 12 108 7 45 37 Outros(Compras, conta corrente e produtos vencidos e estragados

9 0 108 0 5 4

Das 123 empresas pesquisadas, 91 possuem controle de vendas, controle de

contas a receber e controle de contas a pagar; 89 possuem controle de caixa; 85

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possuem controle de despesas; 75 possuem controle de custos; 69 empresas

possuem controle de estoque; 9 possuem outros tipos de controles; e 15

entrevistados não responderam a questão.

Vale ressaltar que, os controles financeiros são os mais utilizados pelas

empresas.

Depreende-se que, a utilização dos controles de gestão utilizados nas micro e

pequenas empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR, são orientados no sentido

de englobar os processos essenciais, decorrente da natureza de sua atividade:

compra e venda de mercadorias, os quais, mesmo que simplificados, procuram

atender aos propósitos da empresa.

Constatou-se que a utilização dos meios na elaboração dos controles pelas

empresas pesquisadas na grande maioria não é informatizado, sendo que, o maior

número de controles informados foi de 14 empresas, com controle de estoque,

seguido pelo controle de contas a receber por 13 empresas. Um grande número de

respondentes não informou quanto aos controles serem informatizados ou não.

Denota-se que, a tecnologia ainda tem uma pequena participação na

realidade dessas empresas.

Também perguntou-se a respeito da intensidade de uso da informática como

apoio aos processos de gestão das micro e pequenas empresas comerciais da

cidade de Ivaiporã/PR. As respostas constam na Tabela 36.

Tabela 36 – Nível de utilização da informática

Situação nas Empresas Utilização da Informática Nº empresas %

Não utiliza 57 46 Utiliza pouco 34 28 Utiliza razoavelmente 15 12 Utiliza muito 17 14 Total 123 100

Verifica-se que 57 dos entrevistados, num percentual de 46%, não utilizam a

informática como recurso na sua gestão, 28% utilizam pouco, 14% utilizam muito e

12% utilizam razoavelmente.

Infere-se que, como verificado na questão anterior, que a informática participa

da realidade dessas empresas, ainda de forma tímida.

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83

Na sequência, perguntou-se aos respondentes quanto à utilização da internet

como apoio ao gerenciamento. As respostas são verificadas na Tabela 37.

Tabela 37 - Utilização da Internet para o gerenciamento e busca de informações

referentes ao ramo de atividade da empresa

Situação nas Empresas Utilização da Internet Nº empresas %

Nunca Utiliza 84 68 Utiliza Pouco 21 17 Utiliza Razoavelmente 10 8 Utiliza Muito 6 5 Não respondeu 2 2 Total 123 100

Pode-se observar que 68% dos entrevistados nunca utilizam a internet, 17%

utilizam pouco, 8% utilizam razoavelmente, 5% utilizam muito, e 2% dos

entrevistados não responderam a esta questão.

Quando se perguntou sobre a utilização da informática, 14% dos

respondentes afirmaram utilizar muito, quanto à utilização da internet, apenas 5%

dos entrevistados, utilizam muito essa tecnologia. Diante da constatação, arrisca-se

afirmar que, em pouco tempo esses percentuais se igualarão, assim como, aqueles

que utilizam esses recursos razoavelmente, e os demais.

Após tabuladas e analisadas as questões referentes à pesquisa, passa-se ao

capítulo quatro e último, onde foram feitas as conclusões finais e recomendações

para os futuros trabalhos.

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4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo contempla-se as conclusões do presente estudo, face aos

objetivos preestabelecidos. A Seguir, apresentam-se algumas recomendações às

futuras pesquisas.

4.1 CONCLUSÕES

O presente estudo consistiu em responder à seguinte pergunta de pesquisa:

como se caracteriza o conjunto de controles de gestão utilizados nas micro e

pequenas empresas comerciais do município de Ivaiporã/PR?

A curiosidade pelo tema proposto originou-se da importância que essas

pequenas empresas representam para a economia mundial, nacional e mais

especificamente municipal. Assim, considera-se relevante conhecer os controles que

tem sido utilizados nestas micro e pequenas empresas no processo de gestão, para

enfrentar os desafios impostos pelo ambiente global, onde as exigências do

consumidor e a concorrência são cada vez maiores.

A princípio, buscou-se na literatura técnica a conceituação e classificação das

empresas comerciais, além dos tipos de controles que podem ser utilizados na

gestão das micro e pequenas empresas comerciais. Em seguida, a partir de um

estudo exploratório-descritivo, investigou-se os tipos de controles de gestão

utilizados nas micro e pequenas empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR.

Para o qual optou-se pela coleta de dados através de questionários, distribuídos

para 407 empresas, classificadas segundo este porte e ramo de atividade pela

Secretaria Estadual da Fazenda do Paraná. Destes retornaram um percentual de

39.07%, sendo que, desse percentual, 36 haviam fechado suas portas, restando

como válidas para tabulação 123 empresas, num percentual de 30,22% do total.

Apresenta-se na sequência, o atendimento aos objetivos específicos do

trabalho. No que concerne à identificação dos processos empresariais vitais na

gestão das micro e pequenas empresas comerciais da cidade de Ivaiporã/PR,

constatou-se que 39,84% dos entrevistados responderam a esta questão. Foram

apontados pelos respondentes por ordem de maior frequência, os processos de

contas a pagar, atendimento aos clientes, contas a receber, despesas e custos.

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Com relação ao segundo objetívo específico que procurou-se verificar as

necessidades de controles de gestão, percebidas pelos gestores das empresas, a

questão foi respondida por 41,46% dos entrevistados. Em ordem de maior

frequência, foram citados os controles de estoques, contas a pagar, custos, vendas,

caixa, despesas, fluxo de caixa e compras.

Em se tratando do terceiro objetivo específico, que buscou averiguar a

importância atribuída e a intensidade de uso dos controles de gestão, esta questão

foi desmembrada. Primeiro, investigou-se sobre o grau de importância atribuído aos

controles de gestão, sendo 1 o mínimo e 10 o máximo. Observou-se que a maioria

dos respondentes, atribuiu grau 10 aos controles relacionados.

Quanto à intensidade com que as empresas utilizam os controles de gestão, utilizou-

se os parâmetros: não usa, usa pouco, usa razoável e usa muito. O maior percentual

encontra-se no item “usa muito”, sendo o controle de contas a pagar o mais utilizado,

e na sequência, o controle de caixa.

No que diz respeito ao quarto objetivo específico, que tratou de investigar

a intensidade de uso da informática e da tecnologia da informação como apoio ao

controle de gestão, observou-se que 46% não a utilizam como recurso na gestão

das empresas, 28% utilizam pouco, 14% utilizam muito e 12% utilizam

razoavelmente. Quanto à utilização da internet, recurso da tecnologia da informação,

68% dos entrevistados nunca utilizam, 17% utilizam pouco, 8% razoavelmente, e

apenas 5% utilizam muito.

Os resultados da pesquisa apontam que as características do conjunto de

controles de gestão, utilizados nas micro e pequenas empresas comerciais de

Ivaiporã/PR, predominam mais a gestão financeira. No entanto, acredita-se que o

lucro destas empresas pode ser melhorado na medida em que for intensificada a

utilização dos controles, principalmente, quanto aos prazos de pagamentos,

recebimentos, controle de estoque e concessão de crédito, diminuindo os índices de

inadimplência e otimizando os recursos investidos em capital de giro. A adoção da

tecnologia da informação desde que bem planejadas, também é uma ferramenta

importante para a competitividade e sobrevivência dessas pequenas empresas.

Portanto, o que se propõe é a utilização do fluxo de caixa prospectivo, que

pode ser facilmente elaborado com a utilização de uma planilha eletrônica. Utilizando

essa ferramenta o gestor terá condições de programar seus recebimentos e

pagamentos, adequando os prazos e investindo melhor o capital de giro. Outro

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86

aspecto importante, é fazer o inventário de estoques, pois através dele serão

identificadas faltas ou excessos de produtos que causam impacto na lucratividade

final. Também é útil, ter o cadastro de cliente, especialmente quanto à pontualidade

com que liquida suas obrigações e prazos concedidos, podendo inclusive, servir

para melhoria do atendimento.

4.2 RECOMENDAÇÕES

Com a realização deste estudo pode-se identificar algumas questões

relevantes que podem dar continuidade a este trabalho, tais como:

• Replicar esta pesquisa em micro e pequenas empresas comerciais de outra

região, a fim de verificar semelhanças e diferenças;

• investigação do uso da informatização na realização dos controles de gestão

pelas empresas que apresentam faturamento acima de R$ 120.000,00 obrigadas

à emissão do cupom fiscal; e

As recomendações sugeridas são percepções do pesquisador à medida do

envolvimento com a pesquisa e do contato com as empresas estudadas.

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87

REFERÊNCIAS

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giro. 2.ed.São Paulo: Atlas, 1997.

ASSEF, Roberto. Guia prático de administração financeira: pequenas e médias

empresas. Rio de Janeiro: Campos, 1999.

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para o dirigente nacional. São Paulo: Cultura, 2000.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A

Caro empresário,

Este questionário tem por objetivo coletar dados junto aos empresários de

micro e pequenas empresas comerciais da cidade de Ivaipora/Pr com a finalidade de

cumprir as exigências para obtenção do título de mestre em Engenharia da

Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Todas as informações prestadas neste questionário serão consideradas

estritamente confidenciais, e servirão de base para um estudo sobre os controles de

gestão utilizados nessas empresas. Portanto, solicitamos que as respostas sejam

as mais exatas possíveis para que possamos tentar cumprir nosso objetivo.

Desde já, agradecemos sua colaboração.

Ivaiporã, 06 de março de 2002.

Nanci Ribeiro Prestes

Mestranda

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1. DADOS GERAIS DA EMPRESA:

1.1 Razão social:

1.2 Endereço:

1.3 Sócios:

1.4 Tempo de atividade:

( ) inferior a 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 2 a 5 anos

( ) 6 a 10 anos ( ) mais de 10 anos

1.5 Número de empregados:

1.6 Faturamento anual:

1.7 Instalações:

( ) alugadas ( ) próprias

2 DADOS GERAIS DO ENTREVISTADO

2.1 Função que ocupa na empresa.

Qual?______________________________

Desde quando?______________________

2.2 Faixa de idade do entrevistado

( ) inferior a 30 anos ( ) entre 31 e 40 anos ( ) entre 41 e 50 anos

( ) superior a 50 anos

2.3 Grau de escolaridade do entrevistado

( ) 1o. .Grau incompleto ( ) 1o. Grau completo

( ) 2o. Grau incompleto ( ) 2o. Grau completo

( ) 3o. Grau incompleto ( ) 3o. Grau completo – Área de

graduação_______________________

( ) Pós-graduação. Qual?__________________________

2.4 Participação em Cursos/Treinamento :

( ) nunca me interessou ( ) nunca participei por falta de oportunidade

( ) participei uma vez.Qual?_________________

( ) já participei várias vezes. Quais?________________________

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3. QUESTÕES DE PESQUISA

3.1 Quais os processos são vitais na gestão das micro e pequenas empresas

comerciais?

............................................................................................................................

............................................................................................................................

3.2 Que controles de gestão são necessários para a gestão das micro e

pequenas empresas comerciais?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

3.3 Quanto à disponibilidade de controles de gestão:

Possui controles informatizados Tipos de controles Sim Não Informatizado Não

informatizado Controle de contas a receber Controle de contas a pagar Controle de estoques Controle de caixa Controle de custos Controle de despesas Controle de vendas Outros. Quais?

3.4 Como é definido o preço de venda das mercadorias?

( ) de acordo com a concorrência ( ) margem de lucro sobre o custo das

mercadorias ( ) aleatoriamente ( ) outras formas.

Como?____________________

3.5 Realiza contagem física dos estoques?

( ) sim ( ) não

3.6 Qual a periodicidade da contagem dos estoques?

( ) no final do exercício ( ) quando necessário

3.7 A empresa tem critérios definidos para concessão de crédito nas vendas a

prazo:

( ) sim ( ) não

3.8 Tem enfrentado problemas de inadimplência:

( ) não ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito

Qual o prazo médio de atraso (dias):____________________

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3.9 Possui cadastro de fornecedores:

( ) sim ( ) não

3.10 As compras são efetuadas:

( ) normalmente a prazo ( ) normalmente à vista

( ) sempre a prazo ( ) sempre à vista

3.11 Qual o grau de importância dos controles de gestão (sendo 1,0 o mínimo e 10

o máximo)?

Tipos de controles Notas Controle de contas a receber

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Controle de contas a pagar

Controle de estoques

Controle de caixa Controle de custos Controle de despesas

Controle de vendas Outros. Quais?

3.12 Qual a periodicidade de elaboração do Fluxo de caixa na sua empresa?

..................................................................................................................................

3.13 Qual a grau de Intensidade de uso dos controles de gestão?

Tipos de controles N Controle de contas a receber

Controle de contas a pagar

Controle de estoques Controle de caixa Controle de custos Controle de despesas Controle de vendas Outros. Quais?

3.14 Coloque em ordem de dificuldade encontrada no gerenciamento dos itens

que seguem na sua empresa: (sendo 10 o de maior dificuldade)

( ) realização de controles

( ) utilização da informática

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( ) utilização dos relatórios contábeis

( ) administração dos funcionários

( ) Outros. Quais? _________________________________________

3.15 Quanto à utilização dos recursos da informática:

( ) não utiliza ( ) utiliza pouco ( ) utiliza razoavelmente

( ) utiliza muito

3.16 Quanto à utilização da internet para o gerenciamento e buscas de

informações referentes ao ramo de atividade da empresa:

( ) nunca utiliza ( ) utiliza pouco ( ) utiliza razoavelmente

( ) utiliza muito