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A COLETA SELETIVA PARA RECICLAGEM DE ÓLEO E GORDURA RESIDUAL Um estudo em unidades comerciais de alimentação de Salvador Daniella de Oliveira Lima, MSc (MEAU/UFBA) Luiz Roberto Santos Moraes, PhD (DEA/UFBA) Salvador 2010

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A COLETA SELETIVA PARA RECICLAGEM DE ÓLEO E GORDURA RESIDUAL

Um estudo em unidades comerciais de alimentação de Salvador

Daniella de Oliveira Lima, MSc (MEAU/UFBA)Luiz Roberto Santos Moraes, PhD (DEA/UFBA)

Salvador2010

1. ÓLEO VEGETAL

1.1 CaracterísticasInsolubilidade em meio aquoso:contribui para a obstrução do sistema de esgotamento sanitário, gerando

o mau funcionamento das estações de tratamento de esgoto.

Ação lubrificante e impermeabilizante.camada que dificulta a entrada de luz e a oxigenação da água:- Contribui para a formação de bancos de lama nos rios.- Polui águas que podem ser usadas, inadequadamente, para o consumohumano.

1.2 Fritura por imersãoReações: alimento em contato com óleo a uma temperatura entre 180º e

190°C (CELLA; REGITANO-D’ARCE; SPOTO, 2002).Hidrólise/ Oxidação/ Polimerização .

Usado: propriedades antinutricionais: inibidores enzimáticos,destruidores de vitaminas, produtos de oxidação de lipídios,irritantes gastrointestinais e agentes mutagênicos oucarcinogênicos Sabor de ranço, sensação gordurosa ao paladar etextura alterada

Descarte: Táctil/olfativa/visual: coloração, cheiro e viscosidade.Medição técnica: Testes, Monitor de gordura (3M).

1.3 Coleta SeletivaRecolhimento dos materiais passíveis de serem reaproveitados.

Beneficiamento de resíduo com valor agregado através da produçãode sabão, massa de vidraceiro, ração animal (impróprio aoconsumo humano), biocombustível, entre outros.

Venda ou doação do resíduo para empresas beneficiadoras oucoletores autônomos.

Sensibilização para conceitos de educação ambiental.Procedimentos: Capacitação/sensibilização/conhecimento do material/boas práticas.

Logística reversa.

Fonte: MATHEUS et al., 2007 ; MORAES, 2009Figura 4: Recipientes acondicionadores e coleta em repartição pública com PEV

reservado para óleo

Algumas ações implementadasFiladelfia (EUA): empresas coletam OGR em mercearias, açougues erestaurantes e vendem à industria de biodiesel.

Curitiba (PR): Fabricação de sabão, ração animal e massa devidraceiro.

Rio de Janeiro (RJ): 40 estabelecimentos do Mac Donald’s geram25.000 litros de OGR e são repassados para processamento.

ABRASEL/ Projeto Papa Óleo

Santa Catarina / Projeto Lagoa Biodiesel

CREUPI/ SP: Fabricação de Sabão Caseiro

Florianópolis (SC): Fazenda Esperança fabrica sabões e sabonetes,reabilitando dependentes químicos.

Porto Alegre (RS): RECOLT recolhe e beneficia (produção de cola etinta de uso industrial.)

Tabela 1. Demonstrativo de ocorrência de obstrução de rede de esgotamento sanitário em Salvador

Fonte: Dados EMBASA

1.4 Legislação sobre OGRÁustria: OGR classificado como resíduo danoso ao meio ambiente pelas leis. Porém a maior parte do OGR gerado é descartado na rede coletora de esgotamento sanitário.

Chile: Regulamentação de limites dos ácidos graxos contidos no óleo. Estes valores são limitantes do reuso.

Brasil: Órgãos reguladores não se posicionam claramente quanto ao OGR.

ANVISA: Boas práticas

Projetos de Leis

1.5 Objetivos do Trabalho

GeralAnalisar o processo de segregação para a coleta seletiva de óleo e gordura residual em restaurantes de Salvador, visando a reciclagem.

EspecíficosIdentificar e analisar a atuação de instituições do Poder Público envolvidos na geração e coleta seletiva de OGR e suas ações para com os geradores deste resíduo.

Analisar as ações realizadas pelas entidades de bares e restaurantes quanto ao controle do descarte de OGR por seus estabelecimentos cadastrados, e as medidas sócio-educativas que previnam o descarte inadequado.

Identificar os procedimentos de segregação para a coleta seletiva de OGR, visando a reciclagem, adotados pelos funcionários em estabelecimentos de alimentação cadastrados na ABRASEL em Salvador.

2. Metodologia

Pesquisa quali-quantitativa:

1. Pesquisa documental (realizada quando da revisão bibliográfica)- Dados da EMBASA. - Legislação vigente e em tramitação.- Análise de competências dos órgãos.

2. Pesquisa de campo:- Órgãos públicos de controle ambiental e limpeza urbana.

- Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – ABRASEL –Seccional Bahia:

- Estabelecimentos comerciais

3. Resultados

LIMPURB: Assessora de Planejamento informa que não realiza ações na área de segregação e coleta seletiva de OGR. Faz coleta seletiva dos resíduos classificados como secos.

VISA: Coordenadora de Saúde Ambiental da Secretaria de Saúde de Salvador informa que não desenvolve ações específicas para controle de lançamento ou coleta seletiva de OGR. As boas práticas indicadas pela ANVISA não são observadas pelos técnicos da VISA quando das visitações periódicas.

SMA: Gerente de Informações da SMA informa que não possui projeto específico para OGR, apenas desenvolve algumas ações espaçadas, porém ainda sem apoio técnico e controle do Órgão.

3. ResultadosIMA: Assessor Técnico do Instituto do Meio Ambiente informa que

realiza ações competentes às suas atribuições legais de licenciar efiscalizar equipamentos e empreendimentos relacionados aosresíduos sólidos.

ABRASEL – Seccional Bahia: Secretária Executiva. Informa que a maioria dos cadastrados realiza a coleta seletiva de OGR, embora muitos estabelecimentos cadastrados não participam do Projeto Papa Óleo. A ABRASEL não recebe apoio ou incentivo de órgãos públicos na ação de coleta seletiva ou controle de descarte de OGR, nem segue uma legislação específica quanto à coleta seletiva de OGR, devido à ausência desta.

A ABRASEL não aprofunda a capacitação ou as boas práticas sugeridas pela VISA quando os estabelecimentos são cadastrados na Associação ou no projeto Papa Óleo.

Tabela 02: Quantitativo funcional do Estabelecimento

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistados

Tabela 03: Quantitativo funcional que manipula OGR no estabelecimento

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistadosTabela 04: Consumo de óleo vegetal por mês nos estabelecimentos da amostra

Tabela 05: Geração de OGR por mês nos estabelecimentos da amostra

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistadosTabela 06: Longevidade de Gestão dos restaurantes

Figura 05: Turnos de funcionamento dos estabelecimentos

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistados

Figura 06:Freqüência de recolhimentodo OGR

Figura 07: Coleta seletiva de resíduos secosgerados nos estabelecimentos da amostra

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistadosTabela 07: Freqüência de visitação da VISA nos estabelecimentos

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistados

Figura 09: Locais e armazenamento doOGR em estabelecimentos da amostra.

Figura 08: Periodicidade da capacitação dofuncionário

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistados

Tabela 08: Tempo de Trabalho do funcionário no estabelecimento

Tabela 09 : Capacitação quanto à coleta seletiva

Figura10: Funcionários que sabem o que é a coleta seletiva

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistados

Figura11: Funcionários capacitados e avaliados com pontuação mínima

Tabela11: Periodicidade de capacitação do funcionário

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistadosTabela10: Conhecimento do funcionário sobre impactos gerados pelo OGR

3. Resultados – Estabelecimentos entrevistados

Tabela 13: Medição de saturação do OGR, segundo informações dos funcionários

Tabela 12: Periodicidade de recolhimento de OGR, segundo informação dos funcionários

4. ConclusãoAs boas práticas sugeridas pela VISA não são usadas na fiscalizaçãorealizada pelos órgãos públicos, ABRASEL ou estabelecimentos.

Os órgãos públicos não possuem ações de controle e descarte e deincentivo à coleta seletiva de OGR e não consideram o alto índice dedescarte na rede coletora de esgotamento sanitário como impactante aofuncionamento da mesma e ao meio ambiente.

Apesar da divulgação da coleta seletiva de OGR por parte daAssociação e do projeto Papa Óleo, a maior parte dos cadastradosfazem a coleta seletiva do OGR por meio de empresas e beneficiadoresautônomos.

Estabelecimentos: Apesar da amostra conter estabelecimentos querealizam a coleta seletiva de OGR, a maioria dos estabelecimentos deSalvador ainda descarta os mesmos na rede coletora de esgotamentosanitário.

Apesar de muitos realizarem coleta seletiva, desconhecem o impacto dodescarte inadequado na rede coletora.

RecomendaçõesRealizar estudo visando avaliar o perfil de restaurantes nãocadastrados na ABRASEL e na VISA, de modo a verificar suacondição de funcionalidade e como é descartado o OGR, bem comoa analisar como o perfil do gerente influi no caso da coleta seletivade OGR.

Analisar como a escolaridade do funcionário pode contribuir nasensibilização para a coleta seletiva e como a implantação dasboas práticas seria um diferencial na produção do estabelecimento.

Comparar o envolvimento dos órgãos públicos de controleambiental e limpeza urbana de outros estados brasileiros e os daBahia quanto ao controle do descarte e coleta seletiva de OGR,bem como as ações que são desenvolvidas em outros municípiosde modo a avaliar a situação da Bahia neste cenário.