um balcão de memórias - a presença libanesa no comercio de uberaba

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1 Um balcão de memórias: A presença libanesa no comércio de Uberaba Carla Ribeiro 1 Letícia Lemos 2 Indiara Ferreira 3 Universidade de Uberaba - MG RESUMO Um balcão de memórias: A presença libanesa no comércio de Uberaba é um radiodocumentário que conta a história de libaneses e descendentes que vivem em Uberaba. As histórias de vida ganham espaço, intercaladas com curiosidades de um povo que deu vida aos seus sonhos e negócios por meio do comércio, em um país desconhecido pela maioria deles. O radiodocumentário foi produzido em 2009 como exigência para a conclusão do curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo, da Universidade de Uberaba. PALAVRAS-CHAVE: libaneses, comércio, tradição, cultura. 1. INTRODUÇÃO O comércio foi uma das formas de adaptação mais utilizadas pelos imigrantes libaneses em todo o mundo. Em Uberaba não foi diferente. O povo de características físicas marcantes e forte espírito empreendedor conquistou espaço em Uberaba e hoje é destaque no comércio local. É notável a grande quantidade de lojas libanesas no centro da cidade, especialmente nas ruas comerciais Tristão de Castro, Artur Machado e Leopoldino de Oliveira, e no Bairro São Benedito, que também foi berço destes negócios. As lojas preservam características típicas do comércio libanês, com ampla variedade de mercadorias, dispostas por todas as partes. Cada empresário libanês guarda na memória lembranças de momentos e dificuldades que enfrentou até se firmar no comércio local. 1 Estudante do 8º. Semestre do Curso de Jornalismo da Uniube, email: [email protected] 2 Estudante do 8º. Semestre do Curso de Jornalismo da Uniube, email: [email protected] 3 Professora Orientadora, email: [email protected]

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Paper do Radio documetário apresentado pelas alunas Carla Matos e Letícia Lemos como exigência da conclusão do curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo da Universidade de Uberaba.

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Um balcão de memórias: A presença libanesa no comércio de Uberaba

Carla Ribeiro1 Letícia Lemos2

Indiara Ferreira 3 Universidade de Uberaba - MG

RESUMO Um balcão de memórias: A presença libanesa no comércio de Uberaba é um

radiodocumentário que conta a história de libaneses e descendentes que vivem em

Uberaba. As histórias de vida ganham espaço, intercaladas com curiosidades de um

povo que deu vida aos seus sonhos e negócios por meio do comércio, em um país

desconhecido pela maioria deles. O radiodocumentário foi produzido em 2009 como

exigência para a conclusão do curso de Comunicação Social habilitação em

Jornalismo, da Universidade de Uberaba.

PALAVRAS-CHAVE: libaneses, comércio, tradição, cultura. 1. INTRODUÇÃO

O comércio foi uma das formas de adaptação mais utilizadas pelos imigrantes

libaneses em todo o mundo. Em Uberaba não foi diferente. O povo de

características físicas marcantes e forte espírito empreendedor conquistou espaço

em Uberaba e hoje é destaque no comércio local.

É notável a grande quantidade de lojas libanesas no centro da cidade,

especialmente nas ruas comerciais Tristão de Castro, Artur Machado e Leopoldino

de Oliveira, e no Bairro São Benedito, que também foi berço destes negócios. As

lojas preservam características típicas do comércio libanês, com ampla variedade de

mercadorias, dispostas por todas as partes. Cada empresário libanês guarda na

memória lembranças de momentos e dificuldades que enfrentou até se firmar no

comércio local.

1 Estudante do 8º. Semestre do Curso de Jornalismo da Uniube, email: [email protected] 2 Estudante do 8º. Semestre do Curso de Jornalismo da Uniube, email: [email protected] 3 Professora Orientadora, email: [email protected]

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A inserção ocupacional em massa de libaneses na atividade comercial,

geralmente no mesmo ramo de produtos, exige análise. Os próprios migrantes

justificam a escolha partilhada como produto de uma certa “inclinação natural”,

atividade que, no dizer deles, “está no sangue”. Ao contrário do que poderíamos

supor, não se trata de atividade econômica que os migrantes praticavam antes da

partida. A maioria deles deixou o país de origem ainda jovens e sem a menor

experiência no ramo.

A tendência para o comércio parece estar nas veias desse povo. Apesar dos

países do Oriente possuírem ampla variedade de mercadorias e estratégias que

possibilitam certa habilidade com os negócios, o libanês tem o comércio com um

dom que vem de berço, adquirido por seus antepassados e aperfeiçoado ao longo

dos anos. Prova disso é que foram os árabes os criadores da Rua 25 de Março, em

São Paulo, considerado hoje o maior centro comercial do Brasil.

O objetivo do radiodocumentário foi mostrar a representatividade do imigrante

libanês no comércio de Uberaba e o quão esse dom para os negócios contribuiu

para o seu estabelecimento na cidade e, consequentemente, influenciou nos

costumes, nas relações sociais e nos hábitos dos uberabenses. E ainda, um

radiodocumentário que ofereça histórias de vida capazes de recuperar elementos da

memória árabe da cidade e, ao mesmo tempo, procura servir como produto de

comunicação que contribui para que a sociedade conheça um pouco mais sobre

esses personagens.

Sejam libaneses ou descendentes, a grande maioria muitas vezes é deixada

nas entrelinhas do patrimônio histórico de Uberaba e pouco evidenciada nos estudos

acadêmicos e projetos culturais da cidade. Além disso, na cidade não existe nenhum

material devidamente documentado e gravado sobre o tema, umas vez que, o

município e região, no que concerne o registro de suas memórias, é carente de

informações sobre os libaneses. Por isso, nós, alunas do curso de Jornalismo, no

papel de comunicadoras, temos o dever de mostrar à população, por meio de um

olhar crítico, dinâmico e ético, as diversas nuances do povo libanês, principalmente

com relação ao feeling para os negócios.

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2. REFERENCIAIS TEÓRICOS

Antes de iniciarmos a produção do radiodocumentário, fizemos um estudo do

conceito de Cultura, para nos despirmos de todos os pré-conceitos de histórias

diferentes das nossas. Introduzido por Edward B. Tylor, na obra intitulada

“Evolucionismo Cultural, textos de Morgan, Taylor e Frazer e organizados por Celso

Castro”, o conceito de cultura foi por ele definido da seguinte forma: “Este todo

complexo que inclui os conhecimentos, as crenças religiosas, a arte, a moral, o

direito, os costumes e todas as outras aptidões e hábitos que o homem adquire

como membro da sociedade”.

No início de seu texto, Tylor nos apresenta a sua definição de cultura ou

civilização como sendo:

“Aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei,

costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem

na condição de membro da sociedade”. Tylor coloca esse conceito de

cultura numa perspectiva evolucionista e científica ao defender que ela

“possa ser investigada segundo princípios gerais”, sendo “um tema

adequado para o estudo de leis do pensamento e da ação humana”. A

cultura teria uma uniformidade devido “à ação uniforme de causas

uniformes” e uma variabilidade de graus atribuída aos “estágios de

desenvolvimento ou evolução”. (Castro, 2005 p.76).

Tylor lançando-se no debate da época no qual as diferenças entre os homens

deveriam ser explicadas pela diferença de local de origem (determinismo geográfico)

ou de raça (determinismo biológico), posiciona-se contra estes, porque assume

teoricamente o evolucionismo como explicação da variabilidade (de grau) da Cultura,

bem como a origem única do homem, o monogenismo, afirmando que:

“Para o presente propósito, parece tanto possível quanto desejável eliminar

considerações de variedades hereditárias, ou raças humanas, e tratar a

humanidade como homogênea em natureza, embora situada em diferentes

graus de civilização. Os detalhes da pesquisa provarão, parece-me, que

estágios de cultura podem ser comparados sem levar em conta o quanto

tribos que usam o mesmo implemento, seguem o mesmo costume ou

acreditam no mesmo mito podem diferir em sua configuração corporal e na

cor de pelo e cabelo”. (Castro, 2005 pag. 76).

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Além do pensamento de Tylor, também usamos a linha de pensamento da

Unesco, com relação à diversidade cultural. Na Declaração Universal sobre a

Diversidade Cultural, a Unesco reafirma que a cultura deve ser considerada como o

conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que

caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e

das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores,

as tradições e as crenças.

No Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio comum da humanidade, “A

cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa

diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades

que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade.

Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural

é, para o gênero humano, tão necessário como à diversidade biológica para

a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade e

deve ser reconhecida e consolidada em beneficio das gerações presentes e

futuras”.

No Artigo 7 – O patrimônio cultural, fonte da criatividade, toda criação tem

suas origens nas tradições culturais, porém se desenvolve plenamente em

contato com outras. Essa é a razão pela qual o patrimônio, em todas suas

formas, deve ser preservado, valorizado e transmitido às gerações futuras

como testemunho da experiência e das aspirações humanas, a fim de nutrir

a criatividade em toda sua diversidade e estabelecer um verdadeiro diálogo

entre as culturas.

3. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

Durante os quatro anos de formação, vimos que as diretrizes do projeto

pedagógico do curso primava pela criatividade, olhar crítico e diferenciado do

jornalista. Era preciso ir além... Não deixar que histórias e pessoas interessantes

virassem meras paisagens em nosso cotidiano. "A seleção das fontes de

informação terá de se enriquecer através da pluralidade de vozes e, ao mesmo

tempo, da qualificação humanizadora dos entrevistados descobertos", ressalta

Cremilda Medina. (1995, p.37).

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Nada de pessoas famosas ou diariamente evidenciadas na sociedade.

Queríamos encontrar no comum algo que fosse extremamente único e relevante.

Depois de um demorado brainstormig, descobrimos então os libaneses de Uberaba

e o destaque de grande parte deles no comércio local. O brilho dos olhos, a sintonia

das músicas e a sensibilidade nas negociações foi o que mais nos chamou a

atenção. Diante disso, o tema não poderia ser outro se não a presença libanesa no

comércio de Uberaba.

Havia muitas possibilidades. Olhamos no universo do pólo comercial da

cidade e imaginamos que ali seria o lugar que mais pisaríamos durante a produção

do trabalho, afinal, é neste pedaçinho de Uberaba, especialmente na Rua Tristão de

Castro e nos Bairros Centro e São Benedito, que estão concentrados grande parte

dos comerciantes libaneses.

Para evidenciar a importância de cada um deles no desenvolvimento e na

construção do patrimônio histórico de Uberaba, o radiodocumentário se pautou em

abordar as histórias dos imigrantes e descendestes libaneses, contadas pelos

próprios e pelo narrador participativo Daniel Fabri. Um brasileiro nato que admira e

convive diariamente com os libaneses há 35 anos. A proximidade do narrador

personagem com as demais fontes dão naturalidade ao produto e possibilita que o

locutor vivencie como é, de fato, a convivência do libanês com o uberabense, uma

relação aberta e harmônica. Além disso, as datas citadas, curiosidades e causos

são um complemento para melhor se entender quem de fato é o libanês de Uberaba.

O libanês ainda pode ser revelado por meio de cada um dos seus

depoimentos, onde ele vê a oportunidade de revelar e tornar público todos os seus

maiores sofrimentos, desejos, conquistas e pretensões, muitas vezes em torno do

comércio e da família, que também representa uma forte tradição do árabe.

Um bom exemplo é a senhora Marlene Saad, de 63 anos de idade, viúva de

Saad Merlin Saad, um aventureiro e sábio libanês. É uma senhora simpática e

batalhadora, que após a morte do marido, ainda dá sequência aos negócios da

família, mesmo com os filhos formados e bem sucedidos. O que move dona Marlene

a não fechar o famoso “Comercial Saad”, um referencial da cidade por vender de

tudo, é a vontade de que a tradição seja preservada. “Agora estou sozinha, mas,

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mesmo assim, sinto a presença do meu marido em cada canto da loja. Eu gosto de

fazer o que ele fazia. Mesmo a loja não dando tanto lucro quanto dava antigamente,

não tenho coragem de fechar porque é tradição”, conta Dona Marlene.

As histórias de vida permitem de forma organizada e interativa o

conhecimento e compreensão de valores, comportamentos e transculturações do

povo libanês, que aqui aliou hábitos, costumes e trabalho, gerando desenvolvimento

não somente para Uberaba, como para todo o país.

Para se obter uma compreensão mais aprofundada da questão a pesquisa

bibliográfica foi essencial. Como conhecer um universo tão diversificado e buscar

uma contextualização sobre ele? O escritor e pesquisador da História Libanesa,

Jorge Alberto Nabut, no seu livro “Fragmentos Árabes”, aborda questões que nos

fazem entender o por quê da grande quantidade de imigrantes árabes em no Brasil

e, especialmente, em Uberaba:

“A saga dos libaneses que se aventuraram a sair do Líbano, às vezes

fugidos da Violência da I Grande Guerra, da repressão e do domínio do

império otomano, da miséria local e da absoluta falta de perspectivas, é

extremamente significativa. Ela é recontada nos sertões brasileiros, pelos

imigrantes que para cá se dirigem no início do século XX. São os

recordadores de história, recordadores de feridas ainda abertas no

sentimento. Feridas-verdades. Atravessando o Atlântico, as serras e

planaltos brasileiros até Uberaba, no Triângulo Mineiro, os imigrantes

vencem distâncias continentais”. (Nabut, 2001, p.13).

A identidade e as características peculiares do povo libanês também são

reveladas em “Fragmentos Árabes”, que representou nossa principal fonte de

pesquisa sobre o tema.

Complementamos nossa pesquisa visitando o Arquivo Público e pesquisando

sobre o tema em livros e dissertações, tais como em Fontoura (2001), Nabut (2001)

e Silva (2006). Depois da análise desse material, iniciamos nossa pesquisa de

campo e por meio de conversas informais com imigrantes árabesoriundos do

Líbano, devidamente gravadas e anotadas, adquirimos um extenso material.

Para concretizar a proposta, unimos as experiências adquiridas, as pesquisas

realizadas e demos início ao documentário de rádio. A escolha da mídia rádio partiu,

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em primeiro lugar, porque admiramos a linguagem e as amplas possibilidades que

os recursos sonoros permitem tanto para o jornalista quanto para o ouvinte. Além

disso, o rádio, por ser um veículo de comunicação dinâmico e que usa uma

linguagem coloquial, é capaz de atingir um número elevado de pessoas, de todas as

classes sociais.

“Trata-se de um meio cego, mas que pode estimulara imaginação,

de modo que logo ao ouvir a voz do locutor, o ouvinte tente visualizar o que

ouve, criando na mente a figura do dono da voz”. E ainda, “a grande

vantagem de um meio de comunicação auditivo sobre o meio impresso está

na voz humana. – o entusiasmo, a compaixão, a raiva, a dor e o sorriso. A

voz é capaz de transmitir muito mais do que o discurso escrito. Ela tem

inflexão e modulação, hesitação e pausa, uma variedade de ênfases e

velocidade”. (MCLEISH, 2001, pag. 15,19).

Por tudo, acreditamos que o rádio seria o único meio de Comunicação

capaz de dar vida e cor às lembranças e peculiaridades de um povo, até então,

deixado nas entrelinhas do patrimônio local. Procuramos aguçar a imaginação dos

nossos ouvintes e, conseqüentemente, permitir que “imagens” diferentes sobre o

assunto surjam ao mesmo tempo em que as informações forem veiculadas.

Queríamos um produto que explanasse todas as nuances dos fatos e

personagens. Uma proposta capaz de instigar o interesse dos ouvintes, do começo

ao fim do trabalho. Nada melhor do que um radiodocumentário, cuja abordagem

difere das demais já produzidas sobre o tema, uma vez que optamos pelo uso de

recursos sonoros diversificados e de um contexto que dá vida e originalidade aos

acontecimentos.

Para concretizar a proposta, afunilamos todas as ideias e elaboramos um pré

roteiro, selecionando os principais temas e entrevistados, para então decidirmos

quem seriam os principais personagens. Após as fontes e o foco já definidos,

agendamos as entrevistas e, em seguida, gravamos todos os depoimentos dos

personagens. Os áudios foram gravados nos próprios estabelecimentos dos

libaneses.

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Vale citar um dos ilustres personagens do radiodocumentário, o libanês Nayef

Fackoury, de 70 anos de idade, possuidor de um amor incondicional à Uberaba.

Naturalizado há muitos anos brasileiro, Nayef é um senhor simpático e bem vivido,

que chegou em Uberaba com 15 anos e hoje não se sente mais um libanês, mas um

uberabense nato. Nayef não nega suas origens, porém afirma com todo orgulho que

suas raízes se aprofundaram na cidade e que se voltasse para o Líbano, se sentiria

um estrangeiro.

Este e outros personagens fazem parte do documentário, que antes de ser

finalizado, passou por diversos processos.

Paralelamente às entrevistas com os demais libaneses, decupávamos os

áudios simultaneamente às gravações, de modo que, a cada entrevista completa, de

imediato, dávamos início às edições. Selecionamos as partes das entrevistas que

dariam forma ao documentário, seguidas da trilha sonora e os efeitos sonoros que

completaram e moldaram o produto final.

Depois das entrevistas editadas, demos forma ao roteiro final, formado por

textos (locs), sonoras, efeitos e trilhas sonoras. Por meio dele, o narrador gravou os

textos e assim entramos no processo final de edição, onde agrupamos todo o

material e, finalmente, surgiu o radiodocumentário Um balcão de memórias: A

presença libanesa no comércio de Uberaba.

Captado em um gravador MD e editado utilizando a Ilha de Edição da

Universidade, pelos programas Adobe Audition 3.0 e Sound Forge 9.0, o

radiodocumentário oferece um som definido e tratado a fim de preservar a qualidade

do ambiente em que as sonoras foram captadas.

Com relação aos procedimentos, todas as pesquisas bibliográficas realizadas

e as entrevistas decupadas e anotadas foram arquivadas em pastas. Além disso,

todos os áudios, trilhas sonoras, efeitos e arquivos digitalizados, estão salvos no pen

drive das alunas.

No papel de mediadoras da informação, aliamos as histórias de vida,

suportadas, dinamizadas e contextualizadas por meio da pesquisa bibliográfica e de

todos os recursos jornalísticos necessários para a produção de uma grande

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reportagem. Basta mergulhar fundo nos sentimentos demonstrados, que torna-se

evidente a maior e mais significante característica do árabe: o feeling para os

negócios.

6. DESCRIÇÃO DO PRODUTO

Um balcão de memórias: A presença libanesa no comércio de Uberaba é um

radiodocumentário de 40 minutos, que mistura o informativo e o reflexivo, de forma

dinâmica e interativa. A história é contada por um narrador observador e

participativo, que convive diariamente com os libaneses. O documentário também

apresenta os relatos dos próprios árabes, que dão vida e veracidade às histórias e

nos fazem refletir sobre quem é esse ser tão diferente e ao mesmo tempo tão igual a

nós.

Por fim, a trilha sonora e os participantes especiais tem papel fundamental

neste produto, uma vez que permitem o ouvinte imaginar situações, lugares e

pessoas.

7. CONSIDERAÇÕES

Produzir o radiodocumentário Um balcão de memórias: A presença libanesa

no comércio de Uberaba permitiu que quebrássemos o gelo com um povo

geralmente “rotulado” e que ao longo dos dez meses de convivência, se mostrou tal

como nós, brasileiros, possuidores de defeitos, qualidades e especificidades típicas

do meio em que vivemos. As culturas se misturaram e hoje o libanês tem espaço

significativo na sociedade uberabense, não somente no comércio, como também

nas relações sociais.

Além disso, o radiodocumentário nos possibilitou aperfeiçoar o exercício da

grande reportagem, de ir em busca da informação e do conhecimento profundo

sobre o tema. Possibilitou ainda o exercício da ética profissional.

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Nos fez perceber o quão é importante que o jornalista saiba lidar com os

vários recursos que possibilitam atrair a atenção do público e fazer com que ele

permaneça na história até o fim, assim como o autor Robert MCLeish expressa em

sua obra Produção de Rádio, um guia abrangente de produção radiofônica:

“A principal vantagem do documentário sobre a fala direta é tornar o tema

mais interessante e mais vivo ao envolver um maior número de pessoas, de

vozes, e um tratamento de maior amplitude. É preciso entreter e ao menos

tempo informar, esclarecer e também estimular novas ideias e interesses”,

(MCLEISH, 2001, p. 192).

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8. REFERÊNCIAS LIBANO SHOW. Rio de Janeiro, 1999. Dispónivel em: http://www.libanoshow.com; UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. 2002. Disponível em:

http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf;

CASTRO, Celso. Evolucionismo cultural, textos de Morgan, Taylor e Frazer.

2005. Editora Jorge Zahar.

CASTRO, Celso. Evolucionismo Cultural. Textos de Morgan, Tylor e Frazer.

Jorge ZAHAR Editor. Rio de Janeiro, 2005.

FONTOURA, Sônia Maria. A invenção do inimigo: racismo e xenofobia em

Uberaba 1890 a 1942. 2001. Dissertação. (Mestrado em História). Universidade

Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Franca, 2001.

SILVA, Luzia Maria de Oliveira. Whady José Nacif na Prefeitura de Uberaba.

Administração pública municipal no Estado Novo. Dissertação. (Pós-Graduação em

História). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.

MEDINA, Cremilda. Entrevista o diálogo possível. 3ª Ed, São Paulo. Editora Ática,

1995.

MCLEISH, Robert. Produção de rádio, um guia abrangente de produção radiofônica. Editora Summus, 2001. São Paulo. Tradução Mauro Silva (Novas

buscas em Comunicação, vol 62.

NABUT, Jorge Alberto. Fragmentos Árabes - Dores de Santa Juliana e Uberaba / Memórias do Século XX. 2ª Ed .Uberaba. Editora Intergraff. 2001.

NABUT, Jorge Alberto. Coisas que me contaram, crônicas que escrevi. 1ª Ed.

Uberaba. Editora Vitória. 1978.

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Pesquisas no arquivo público de Uberaba.