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Ultra-Trail Vila Velha de Rodão Realizou-se no passado dia 8 de fevereiro de 2014 o Ultra-Trail de Vila Velha de Rodão na distância de 48 km. Prova organizada pela Horizontes e denominada por “Oh Meu Deus”. Fazem parte deste “Oh Meu Deus” 4 provas e a última culminará nas 100 milhas (160 km) na Serra da Estrela. Como não podia deixar de ser, o Clube Millennium bcp fez-se representar e com um bom número de atletas. Vou relatar (J. Lanzinha) a minha prova. Uma vez mais não me tinha inscrito para esta prova, mas um impedimento de última hora, por parte do Manuel Pereira, levou a que eu ficasse com o dorsal que lhe estava atribuído. Efetuados os pedidos de alteração à organização e depois destes confirmarem a alteração, já não havia nada a fazer, a não ser ir a V. V. de Rodão. O tempo durante a semana toda não tinha sido nada convidativo para se fazerem provas de trail. Depois de combinada a hora de saída, por volta das 6h da manhã, lá rumámos a V. V. de Rodão, sempre com a expectativa de melhoras por parte da meteorologia o que só viria a acontecer durante o decorrer da prova, já que a viagem até V. V. de Rodão foi toda ela praticamente feita debaixo de chuva. Esta prova tinha algum encanto para mim, já que, sendo natural da Covilhã, quase todas as minhas deslocações que fazia para sul, era praticamente impossível que se fizessem sem passar em V. V. de Rodão. Quer fosse em direção ao Algarve de férias, quer fosse em direção a Portalegre, onde fiz a recruta durante o Serviço Militar Obrigatório, quer quando fiz o resto do Serviço Militar Obrigatório, já colocado em Lisboa. Fosse de automóvel ou fosse de comboio,

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Ultra-Trail Vila Velha de Rodão

Realizou-se no passado dia 8 de fevereiro de 2014 o Ultra-Trail de Vila Velha de Rodão na distância de 48 km. Prova organizada pela Horizontes e denominada por “Oh Meu Deus”. Fazem parte deste “Oh Meu Deus” 4 provas e a última culminará nas 100 milhas (160 km) na Serra da Estrela.

Como não podia deixar de ser, o Clube Millennium bcp fez-se representar e com um bom número de atletas.

Vou relatar (J. Lanzinha) a minha prova. Uma vez mais não me tinha inscrito para esta prova, mas um impedimento de última hora, por parte do Manuel Pereira, levou a que eu ficasse com o dorsal que lhe estava atribuído. Efetuados os pedidos de alteração à organização e depois destes confirmarem a alteração, já não havia nada a fazer, a não ser ir a V. V. de Rodão.

O tempo durante a semana toda não tinha sido nada convidativo para se fazerem provas de trail. Depois de combinada a hora de saída, por volta das 6h da manhã, lá rumámos a V. V. de Rodão, sempre com a expectativa de melhoras por parte da meteorologia o que só viria a acontecer durante o decorrer da prova, já que a viagem até V. V. de Rodão foi toda ela praticamente feita debaixo de chuva.

Esta prova tinha algum encanto para mim, já que, sendo natural da Covilhã, quase todas as minhas deslocações que fazia para sul, era praticamente impossível que se fizessem sem passar em V. V. de Rodão. Quer fosse em direção ao Algarve de férias, quer fosse em direção a Portalegre, onde fiz a recruta durante o Serviço Militar Obrigatório, quer quando fiz o resto do Serviço Militar Obrigatório, já colocado em Lisboa. Fosse de automóvel ou fosse de comboio,

tinha que passar por V. V. de Rodão e com as magníficas Portas de Rodão, por onde passa o rio Tejo.

Mas vamos ao relato do Ultra-Trail.

Chegámos a V. V. de Rodão por volta das 8.15h. Depois de andarmos perdidos, lá demos com a Pousada de onde era dada a saída e respetiva chegada da prova.

Levantados os dorsais, efetuados os ajustes no equipamento e ouvido o briefing da prova, estamos prontos para a partida. Esta é dada às 9h.

Saída em direção a uma ponte pedonal sobre uma “língua” do rio Tejo, que nos irá levar de passagem junto à estação do caminho de ferro. A partir daqui entramos no trail propriamente dito. Num trilho por cima do rio Tejo e acompanhando o caminho de ferro para sul.

Parou de chover. O dia está ameno, embora o terreno, como já deu para perceber, esteja muito encharcado e enlameado. Rapidamente saimos deste trilho e entramos noutro, sempre a subir em direção a uma ermida onde existe um miradouro sobre as Portas de Rodão e o Rio Tejo. De seguida fazemos um trilho a descer por entre muita pedra solta e bastante escorregadia. Estamos com cerca de 6 km para cerca de 50 min. O 1.º abastecimento está quase a chegar. Líquidos e sólidos. Praticamente a progressão é feita em estradões o que convida a bons andamentos. Chegada ao 1.º abastecimento que é feito na povoação de Vilar Ruivas. Estamos com 1h.10min. e com 8,6 km.

O abastecimento é rápido e a saída é feita na companhia do Vítor Gomes e da Raquel Afonso. Esta última, atleta da NovaBase, mas que treina connosco em Sintra e que irá cortar a meta e segundo lugar da geral feminino. Iniciamos uma subida forte em estradões. Passados 2 km,

sensivelmente, juntam-se a nós o Eduardo Ferreira e Neville (atleta de nacionalidade sul-africana que tal com a Raquel Afonso também efetua os seus treinos em Sintra, na nossa companhia). A progressão é feita a bom ritmo, mas a passo; a subida é ingreme. O Tó-Zé, o Hugo Luz e o Sandro Jordão estão mais à frente. O José Farinha, o Hélder Baptista e o João Figueiredo (atleta que também treina connosco em Sintra) vêm um pouco mais atrás.

Chegamos ao 2.º abastecimento. Este é feito numa carrinha e tal como já tinha sido anunciado no briefing, é só de líquidos. Aqui dá-se a separação da prova de Ultra-Trail e do Trail (este na distância de 21 km). Estamos com cerca de 1h.30min. e cerca de 11,5 km.

Iniciamos uma descida em estradão, há água e lama por tudo quanto é lado. A progressão é feita a bom ritmo. Passamos numa ponte por cima da A23. Não vai ser a última vez que vamos cruzar com a A23. Iniciamos aquela que vai ser a subida à cota mais elevada de toda a prova. Progressão feita a ritmo moderado, nada de queimar músculo. Tudo o que sobe, desce! Iniciamos a consequente descida a ritmo mais vivo do que na subida, como é expectável. Sempre em estradões. Já deu para reparar que a prova vai ter muito poucos trilhos técnicos. Mas vai ter, como mais à frente vamos ver.

Cerca do km 19 e com 2h.20 min., alcançamos o Hugo. Segue junto connosco. Estamos numa descida longa que nos irá levar a uma linha de água (ribeiro). Antes passamos na povoação de Ladeira.

Seguimos agora junto ao rio Ocreza, numa das cotas mais baixas da prova. Praticamente sempre em estradão. Por esta altura já se juntaram ao grupo o José Farinha e o João Figueiredo. Perguntamos pelo Hélder Baptista, e estes dizem-nos que vem mais atrás com a sua boa disposição.

Estamos a chegar ao 3.º abastecimento, mas antes ainda temos que atravessar um ribeiro. O caudal é forte mas nada que assuste e não há volta a dar, tem que ser mesmo pelo meio.

Antes de chegarmos ao abastecimento propriamente dito, ainda temos que atravessar uma passagem sobre outro ribeiro. Chegamos à povoação de Sobral Fernando e ao abastecimento de sólidos, diga-se, digno desse registo. Espera-nos uma sopa, queijo, pão, fruta, frutos secos, água, coca-cola, etc. Estamos com cerca de 26 km e 3h.20min. de prova.

O abastecimento para alguns é mais rápido do que para outros e aqui, fruto do atrás dito, o grupo divide-se. O Eduardo Ferreira, Vitor Gomes e a Raquel saem em primeiro. Eu, o Hugo Luz, o José Farinha e o João Figueiredo saímos depois. A saída do abastecimento é feita num estradão e eis que surge uma placa indicando “trilho técnico”. Começa aqui aquela que para mim é a parte mais bonita da prova. Trilho junto ao rio, com muita pedra solta. O rio está com bastante caudal, o que provoca muitos rápidos. Andamos cerca de 2,5 km junto ao rio para depois iniciarmos uma subida ao lado de uma “garganta” que nos há de levar a um trilho que para ser transporto tem umas cordas na parede para os atletas se segurarem. Toda atenção é pouca e é proibido escorregar!!!

A paisagem cá em cima é deslumbrante!!!

A progressão até aqui foi mais lenta. A subida foi abrupta. Estamos eu e o Hugo. O resto do grupo já vai mais à frente. Depois de sairmos deste trilho, voltamos aos estradões e vai ser praticamente em estradões que a prova se vai realizar até ao seu terminus.

Estamos numa zona de serra. Ora vamos correndo, quando o declive não é acentuado, ora vamos caminhando, quando o declive do terreno não permite grandes andamentos. E há que dizê-lo, as pernas também já não permitem grandes “loucuras”. Passamos pela povoação de Cerejal, avista-se já V. V. de Rodão, mas pela quilometragem que trazemos, cerca de 36 km para 4h.51min., ainda nos falta uma dúzia de km para acabar. Voltamos a passar pela A23, desta vez por baixo. Andamos em terrenos que andam a ser limpos e nota-se pelos rodados no chão que andam por ali carros pesados. O terreno continua muito pesado.

Chegamos ao último abastecimento do Tostão. Estamos com cerca de 5h.25min. e com cerca de 40 km. O abastecimento é bom. Tinha um bom Caldo Verde e os voluntários que estavam no abastecimento faziam questão de dizer isso. Havia mais coisas, frutos secos, fruta variável

com a inevitável banana, água e coca-cola. Aqui percebi que o Hugo já não estava nas melhores condições, sentou-se para comer o caldo verde, coisa quase impossível nele. Pois quando chega aos abastecimentos quase não deixa ninguém comer e beber adequadamente tal é sempre a pressa.

Já faltavam menos de 10 km. Saímos do Tostão por um trilho a descer e que rapidamente passou a uma subida, mas curta, para apanharmos um estradão todo ele a descer. Comecei a correr na expectativa de que o Hugo vinha ter comigo. Comecei a sentir umas passadas atrás de mim e digo cá para mim, “o Hugo já está aqui”, quando olho para o lado era outro atleta que tinha saído atrás de nós no abastecimento. Parei e fiz sinal ao Hugo para se despachar para seguirmos com este atleta. Percebi que ele já não tinha pernas. Esperei. Ao fim desta descida entravamos numa estrada de alcatrão. Comecei a sentir novamente passos e novamente pensei que era o Hugo, mas quando olhei para o lado reparei que era uma moça! Faço novamente sinal ao Hugo para se despachar para seguirmos com esta atleta, mas a resposta dele foi para eu seguir com ela. E foi isso mesmo que fiz! Na estrada de alcatrão, não a consegui alcançar pois a distância que me ganhou quando fiquei à espera do Hugo, ela conseguia manter. Mas depois de sairmos do alcatrão entramos novamente num estradão e eis que surge uma subida. Curta é verdade, mas o suficiente para a alcançar e seguir até ao final da prova com ela. Pelo meio ainda tivemos que atravessar um ribeiro. Pelas minhas contas e veio-se a confirmar, era a 4.ª atleta da geral feminina.

Como disse, fui até ao fim da prova com ela em amena cavaqueira, falando de provas já feitas e a fazer.

Cheguei a V. V. de Rodão ao cabo de quase 48 km e com 6h.33min.

Classificação dos atletas do Grupo Millennium bcp foram as seguintes:

27.º Sandro Jordão - 6h. 03m. 07s

28.º António Santos - 6h. 03m. 35s

34.º Vítor Gomes - 6h. 16m. 29s

35.º Eduardo Ferreira - 6h. 16m. 34s

38.º José Farinha - 6h. 30m. 14s

40.º Jorge Lanzinha - 6h. 33m. 22s

42.º Hugo Luz - 6h. 41m. 25s

54.º Hélder Baptista - 7h. 38m. 23s

61.º Paulo Caetano - 8h. 06m. 05s

Até à próxima!