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EURIPEDES MENDONÇA DE ABREU JUNIOR O IPTU PROGRESSIVO COMO INSTRUMENTO CONCRETIZADO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

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EURIPEDES MENDONÇA DE ABREU JUNIOR

O IPTU PROGRESSIVO COMO INSTRUMENTO CONCRETIZADO DA FUNÇÃO

SOCIAL DA PROPRIEDADE

Palmas - TO

2019

EURIPEDES MENDONÇA DE ABREU JUNIOR

O IPTU PROGRESSIVO COMO INSTRUMENTO CONCRETIZADO DA FUNÇÃO

SOCIAL DA PROPRIEDADE

Trabalho de Curso em Direito apresentado

como requisito parcial da disciplina de

Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do

Curso de Direito do Centro Universitário

Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA.

Orientador: Prof. Me. Sinvaldo Conceição

Neves

Palmas - TO

2019

EURIPEDES MENDONÇA DE ABREU JUNIOR

O IPTU PROGRESSIVO COMO INSTRUMENTO CONCRETIZADA DA FUNÇÃO

SOCIAL DA PROPRIEDADE

Trabalho de Curso em Direito apresentado

como requisito parcial da disciplina de

Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do

Curso de Direito do Centro Universitário

Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA.

Orientador: Prof. Me. Sinvaldo Conceição

Neves

Aprovado (a) em : ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Prof. Me. Sinvaldo Conceição Neves

Centro Universitário Luterano de Palmas

__________________________________________________

Prof. Dr. Gustavo Paschoal de Castro Oliveira

Centro Universitário Luterano de Palmas

__________________________________________________

Prof. Dr. Vinícius Pinheiro Marques

Centro Universitário Luterano de Palmas

Palmas-TO

2019

Dedico este trabalho primeiramente a Deus e

minha esposa Gracyelli, e a meus pais, por

todo carinho e compreensão.

Agradeço a minha sogra Rosângela Freire

acadêmica do CEULP/ULBRA por sempre

manifestar a meu favor e aos meus pais,

amigos e familiares e em especial a Tia

Afonsina pela confiança dado por aceitar ser

fiadora do FIES, e todos pelo apoio dado nessa

fase da minha vida, a todos os professores e

funcionários do CEULP/ULBRA, todos os

colegas de Graduação e ao orientador

Professor Mestre Sinvaldo Neves, pela

colaboração, paciência e dedicação e, de

maneira especial a minha esposa Gracyelli F.

S. Mendonça que pelo apoio e estímulo

possibilitou a realização desse trabalho.

“As leis são feitas para os homens e não os

homens para as leis”.

John Locke

RESUMO

O presente trabalho é elucidar a sistemática do IPTU e a progressividade deste imposto como um instrumento utilizado pelo ente federativo municipal e do Distrito Federal, para atingir a função social da propriedade urbana, através de política urbana, com diretrizes de ordenar pleno desenvolvimento das cidades. O IPTU destaca dois tipos de progressividade: a fiscal e a extrafiscal, sendo a norma autorizadora inserida na Carta Magna Art. 156 § 1º da EC nº 29/2000 e o Art. 182 § 4º. E o Estatuto da Cidade Lei nº 10.257, de 2001. Com isso o Município de Palmas – TO, regulamentou a LC nº 195/09 e alterada pela LC nº 296/2014 e LC nº 285/2013, alterada pela LC nº 411/2018, as áreas urbanas sujeitas ao Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórias – PEUC. Existem aproximadamente 1.453,938,10 m2

de vazios urbanos sujeitos a progressividade na capital. Conclui-se, portanto que antes à LC nº 411/2018, havia 323 imóveis notificados e lançados na progressividade, informados pela SEFIN, e após a LC nº 411/2018, em que o IPTU Progressivo no tempo se limitando ao imóvel urbano com área igual ou superior a 5.000 m² (cinco mil metros quadrados). Em 2019, apenas 6 (seis) lotes no IPTU Progressivo no Tempo. Deste modo o cumprimento da função social não será totalmente eficaz, em que irá atingir apenas os lotes superiores a 5.000 m².

Palavras Chave: Estatuto da Cidade. Função da Propriedade. Imposto. IPTU Progressivo. Município de Palmas. Plano diretor.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10

1 O PODER DE TRIBUTAR DOS ENTES FEDERATIVOS............................................13

1.1 AS LIMITAÇÕES DOS ENTES FEDERATIVOS............................................................13

1.2 A NATUREZA JURÍDICA ESPECÍFICA DOS TRIBUTOS...........................................15

1.3 ESPÉCIES DE TRIBUTOS................................................................................................18

1.4 FUNÇÃO DOS TRIBUTOS...............................................................................................23

1.5 NORMAS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO...........................................................24

1.6 OS PRINCÍPIOS JURÍDICOS DA TRIBUTAÇÃO..........................................................25

2 A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE COMO DIREITO FUNDAMENTAL....31

2.1 A PROPRIEDADE COMO DIREITO FUNDAMENTAL................................................31

2.2 O DIREITO DE PROPRIEDADE INSERIDOS NA CONSTITUIÇÃO DO

BRASIL....................................................................................................................................33

2.3 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE PROPRIEDADE.................................................38

2.4 A FUNÇÃO SOCIAL E A RELATIVIZAÇÃO DE PROPRIEDADE AO

SOCIOAMBIENTAL...............................................................................................................40

2.5 LIMITAÇÕES IMPOSTAS PELO ESTATUTO DA CIDADE E O PLANO

DIRETOR.................................................................................................................................47

3 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ANÁLISES SISTEMÁTICA DO IPTU

PROGRESSIVO COM ÊNFASE NO MUNICIPIO DE PALMAS - TO..........................53

3.1 BREVE HISTORICO DO IPTU.........................................................................................53

3.2 IMOPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA –

IPTU..........................................................................................................................................54

3.3 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO IPTU...........................................................55

3.4 A POLITICA URBANA COM DINÂMICA AO IPTU PROGRESSIVO........................57

3.5 ANÁLISES DE OCUPAÇÃO E EXPANSÃO DOS VAZIOS URBANOS EM

PALMAS..................................................................................................................................63

3.6 PALMAS E A LEGISLAÇÃO URBANISTICA DO IPTU PROGRESSIVO..................66

3.7 PALMAS E SUAS ÁREAS INSERIDAS NO IPTU PROGRESSIVO.............................70

CONCLUSÃO.........................................................................................................................73

REFERÊNCIAS......................................................................................................................76

ANEXOS..................................................................................................................................81

ANEXO 1: IMÓVEIS NOTIFICADOS AO IPTU PROGRESSIVO......................................81

ANEXO 2: VAZIOS URBANOS EM METROS QUADRADOS..........................................81

ANEXO 3: PLANO DIRETOR DE PALMAS........................................................................82

ANEXO 4: MAPA DA DENSIDADE POPULACIONAL DE PALMAS..............................82

ANEXO 5: QUANTIDADE LOTES NO IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO ANTES E

APÓS A LC Nº 411/2018.........................................................................................................83

ANEXO 6: VAZIOS URBANOS DE PALMAS.....................................................................83

ANEXO 7: VAZIOS URBANOS NA AVENIDA TEOTONIO SEGURADO PRÓXIMO

CEULP/ULBRA - PALMAS....................................................................................................84

INTRODUÇÃO

O presente estudo possui a seguinte temática: análise ao IPTU progressivo no tempo,

Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios - (PEUC) delimitados ao Plano diretor,

instrumentos de política urbana previstos na Magna Carta e regulamentados pelo Estatuto da

Cidade Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, com ênfase no Município de Palmas - TO.

Metodologicamente, consistiu em um estudo bibliográfico e documental, com o fulcro de

trazer respostas sobre a aplicação do PEUC e os instrumentos que lhe sucedem o IPTU

progressivo no tempo e a desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública, têm

como obrigação positiva de cumprir a função social da propriedade urbana, submetendo-a ao

interesse coletivo. Acolher à diretriz geral da política urbana nacional definida pelo Estatuto

da Cidade: ordenação e controle do uso do solo de forma a evitar a retenção especulativa de

imóvel urbano que resulte em sua subutilização ou não utilização (Art. 2º, inciso VI, alínea e

Lei nº 10.257/01).

A justificativa do estudo reside no fato de que as cidades brasileiras trazem as marcas

de um processo de urbanização predatório e excludente, que resulta em grande desigualdade

urbana: nas áreas mais centrais e bem dotadas de infraestrutura, onde o preço da terra é

elevado, é comum encontrar imóveis vazios ou subutilizados, retidos especulativamente, à

espera de uma “ainda maior” valorização, enquanto a cidade se expande e a periferia se

adéspota de terreno que não está sob domínio ou posse.

De início, entende-se que o instrumento do PEUC e seus sucedâneos legais têm

como objetivo intervir nesse processo perverso, coibindo-o e penalizando o não cumprimento

da função social. Assim, a aplicação desses instrumentos articula-se à lógica de produção de

cidades socialmente mais justas e ambientalmente menos predatórias, visando a ampliar as

oportunidades de acesso à terra urbanizada, otimizar a infraestrutura instalada e evitar o

crescimento das cidades em direção às áreas rurais e às ambientalmente frágeis ou de risco.

Dessa forma, o instrumento contribui com o ordenamento territorial, induzindo o crescimento

ou o adensamento de regiões ou setores urbanos mais adequados.

A despeito da importância do instrumento e de sua previsão em parte significativa

dos novos planos diretores, há poucos registros de experiências relacionadas à aplicação do

PEUC nos municípios brasileiros.

O estudo é dividido em três capítulos. No primeiro capítulo, foi esmiuçado o poder

de tributar dos entes federativos e suas limitações, as espécies de tributos e a função dos

tributos e por fim os princípios jurídicos, tais como os da legalidade, irretroatividade, da

anterioridade noventena, da capacidade contributiva, da competência, da vedação ao confisco

e o da liberdade de tráfego. Tal capitulo destacou que os entes federativos possui um grande

poder de, por ato próprio a lei, e esse poder é de grande amplitude, mas esse poder não é

ilimitado. A relação jurídico-tributária não é meramente uma relação de poder, pois é limitada

e disciplinada pelo direito e exposto no texto da Carta Magna.

No segundo capítulo, foram abordados o objetivo da função social de propriedade

como direito fundamental a fim de se aferir o efetivo cumprimento da função social da

propriedade nas mesmas em detrimento da sua viabilidade econômica e do bem estar de seu

proprietário. Provém, o direito a propriedade é considerado um direito fundamental da pessoa

humana, subjetivo e real, podendo o seu titular usar, fruir e dispor do mesmo. No entanto, a

Carta Magna Art. 156 § 1º da Emenda Constitucional nº 29/2000 e o Art. 182 § 4º, e o

Estatuto da Cidade Lei nº 10.257, de 2001, regulou a imposição de sanções sucessivas ao

proprietário, cujo imóvel não esteja cumprindo a função social, podendo inclusive

desapropriar a área que não esteja cumprindo sua função social, com pagamento mediante

títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de

resgate de até dez anos em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da

indenização e os juros legais.

No terceiro e último capítulo, será abordado o tema principal desse trabalho, qual

seja será abordada as principais características e análises sistemática do IPTU Progressivo

com ênfase no Município de Palmas – TO, no que abrange a regulamentação das Leis

Complementares nº 155/07 e LC nº 195/09 alteradas pela LC nº 296/2014 e a LC nº 285/2013

alterada pela LC nº 411/2018 e as notificações de lançamento dos lotes vazios em sua

progressividade do IPTU no tempo, em diário oficial de Palmas.

Será abordada se a progressividade é decorrência da aplicação do princípio da

capacidade contributiva, no qual se resultará a sua fiscalidade e a extrafiscalidade no IPTU se

atribui a sua natureza de imposto de caráter real. Entretanto, quer nos parecer que, para a

instituição e cobrança do IPTU extrafiscal, não é suficiente que a autorização constitucional

seja dada ao ente político apenas para tributar. É indispensável que a Constituição Federal

autorize expressamente o Município e o Distrito Federal, para que tributem com

extrafiscalidade.

Além disso, se o Município que esteja habilitado a aplicar a sanção da

progressividade ao proprietário do imóvel que não cumpre a função social é indispensável o

cumprimento do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257, de 2001) e a elaboração do Projeto do

Plano Diretor para a vigência da lei municipal.

O estudo, por fim, busca demonstrar a importância de que o IPTU progressivo é

instrumento utilizado pelo ente federativo municipal e do Distrito Federal, para atingir a

finalidade social da propriedade urbana, especificamente a de “ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”

(Art. 182 da Carta Magna), garantir a extrafiscalidade do IPTU Progressivo,

preponderantemente punição ao proprietário, cujo imóvel esteja sendo usado em violação à

função social da propriedade.

1 O PODER DE TRIBUTAR DOS ENTES FEDERATIVOS

O primeiro capítulo deste trabalho será utilizado para trazer ao conhecimento de

noções preliminares sobre o objeto central deste trabalho o IPTU Progressivo.

Este capítulo pretende introduzir o poder de tributar dos entes federativos, e suas

limitações, acerca da natureza jurídica dos tributos, e as normas do direito tributário, e

seguinte às espécies tributárias, sejam elas os Impostos, as taxas, as contribuições de

melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais. A acerca dos tributos em

espécie, e seguida pela análise da teoria pentapartida, e por fim deste capítulo explanação dos

princípios jurídicos da tributação, e assim relatar uma breve amostra ao atual panorama dos

tributos dos entes federativos.

1.1 AS LIMITAÇÕES DOS ENTES FEDERATIVOS

A República federativa do Brasil por se constituir em um Estado Democrático e de

Direito, tem-se, que o Estado existe para a consecução do bem comum. Justamente por conta

disto é que goza, no ordenamento jurídico, de um conjunto de prerrogativas que lhe

asseguram uma posição privilegiada nas relações jurídicas de que faz parte, afinal, se o

interesse público deve se sobrepor ao interesse privado, deve-se admitir em certos casos a

preponderância do ente que visa ao bem comum nas suas relações com os particulares.

Uma das situações em que a prevalência é claramente visualizada é a possibilidade

de cobrança de tributos. O Estado possui o poder de, por ato próprio a lei, obrigar os

particulares a se solidarizarem com o interesse público mediante a entrega compulsória de um

valor em dinheiro.

Nessa linha, percebe-se que o Estado possui um poder de grande amplitude, mas esse

poder não é ilimitado. A relação jurídico-tributária não é meramente uma relação de poder,

pois é limitada e disciplinada pelo direito. Como toda relação jurídica, é batizada pelo direito

e, em face da interferência que o poder de tributar gera sobre o direito de propriedade no qual

traça as principais diretrizes e limitações ao exercício de tal poder diretamente na Constituição

Federal.

Assim, a Carta Magna estatui as principais limitações e finalidades ao exercício da

competência tributária, mas não necessariamente todas. Isto é percebido pela simples leitura

do Art. 150 da CF/1988. É imprescindível, pois, que haja recursos suficientes para o

cumprimento de tais finalidades. Assim para tanto, o Estado possui duas formas para compor

sua receita. A receita originária, também conhecida como não tributária, diz respeito à renda

gerada pelo próprio setor público, ou seja, pelo patrimônio do próprio Estado; a receita

derivada, ou tributária, é composta de uma parcela do patrimônio de particulares, que, por

força de lei, são arrecadadas como tributos. A primeira, no entanto, é de menor peso no

critério arrecadatório, enquanto as segundas abastecem os cofres públicos, propiciando

estrutura para que os entes federados possam cumprir suas finalidades. Cumpre ao Estado,

portanto, arrecadação, gestão e aplicação de recursos obtidos com o pagamento de tributos

visando ao atendimento das despesas públicas indispensáveis à vida em sociedade como, por

exemplo, saúde, educação, segurança pública e para a plena realização do princípio basilar da

dignidade da pessoa humana.

Considera que o fundamento do poder de tributar está diretamente relacionado ao

fato da obtenção das receitas necessárias à realização de fins institucionais. Onde, neste

processo, todos recebem diretamente da Constituição as suas respectivas parcelas de

competência e, ao passo que passam a exercê-las, passam a obter as receitas que são

necessárias para a execução dos princípios institucionais, onde em função destes existem

discriminação de rendas tributárias (COELHO, 2012, p. 88).

Na concepção do poder de tributar pode ser entendido como a soberania fiscal de um

Estado em relação aos seus contribuintes onde cabe a este mesmo Estado prover as

necessidades coletivas, inclusive por meio da participação dos cidadãos nos cargos públicos

(SABBAG, 2013, p. 42).

A fim de alcançar tais objetivos, o Estado necessita verbas, as quais serão

arrecadadas através do custeio por toda a sociedade, utilizando do poder de tributar, o qual

impõe à todos o dever de contribuir com a sua manutenção. Ocorre que, em termos

econômicos, é sabido que muitas vezes as pessoas, tanto físicas quanto jurídicas, não se

encontram em plena igualdade.

A Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar, ou seja, limites à invasão

patrimonial tendente a percepção estatal do tributo. Essas limitações advêm, basicamente, dos

princípios e das imunidades constitucionais tributarias e estão inseridas nos Arts. 150, 151 e

152 da Carta Magna (SABBAG, 2013, p. 60).

Conforme menciona do texto, os tributos são criados pela Carta Magna aos entes

federativos, porém essa outorga não pode ser sem fronteiras. Por isso, cabe ressaltar que às

áreas de atuação de cada ente político, com a partilha da competência tributária, são

estabelecidos limites ao poder de tributar.

Desse modo, cabe ao Estado mensurar a tributação com justiça, de modo que os

contribuintes paguem os tributos dentro de suas possibilidades. Assim o poder de o Estado

criar e cobrar tributos não é ilimitado no Estado democrático de direito, no caso a nossa Carta

magna, esse poder sofre diversas limitações.

Como ressalvado, as denominadas cláusulas pétreas possuem tal status por conta da

proteção contra Emendas, conferida pelo § 4º do Art. 60 da CF/1988.

Quando se fala em limitações ao poder de tributar como cláusula pétrea, deve-se

tomar o cuidado de analisar o conteúdo de cada limitação, verificando a possibilidade de

enquadramento em uma das situações petrificadas pelo legislador constituinte originário

“Constituição Federal de 1988, Art. 60, § 4º, I”.

Para tanto, nosso legislador constitucional criou uma série de mecanismos que tem

por finalidade limitar esse poder de tributar.

Dessa forma, ao contrário do que muitos afirmam, a configuração de uma limitação

constitucional ao poder de tributar como garantia individual do contribuinte não é a única

situação que possui o condão de lhe atribuir o status de cláusula pétrea.

1.2 A NATUREZA JURÍDICA ESPECÍFICA DOS TRIBUTOS

No exercício de sua soberania o Estado exige que os indivíduos lhe forneçam os

recursos de que necessita. O tributo, portanto, surge da necessidade que o Estado possui de

arrecadar recursos financeiros para o desenvolvimento de seus projetos em prol da sociedade.

Importante ressaltar que, para a identificação da natureza jurídica do tributo, o

relevante é o seu fato gerador (CTN, Art. 4º), sendo de somenos importância o seu nome ou a

destinação do produto de sua arrecadação:

Art. 4º CTN. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I. a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II. a destinação legal do produto da sua arrecadação.

A natureza jurídica específica do tributo é identificada, portanto, com base no seu

fato gerador e base de cálculo.

Para atender tais necessidades, o Estado, enquanto organização política realiza a

arrecadação promovida pelas normas tributárias. O inter-relacionamento destes tributos e as

receitas geram a denominada atividade financeira do Estado. Assim a atividade financeira do

Estado está voltada para obter, gerir e aplicar os recursos financeiros necessários à efetivação

das finalidades do Estado que, em última análise, se resumem no bem comum. Ainda segundo

o autor: A finalidade destas atividades está vinculada à satisfação de três necessidades

públicas básicas, inseridas na ordem jurídico-constitucional: a prestação de serviços públicos,

o exercício regular do poder de polícia e a intervenção no domínio econômico (HARADA,

2018, p. 31).

Através da definição legal, o tributo é estabelecido pelo Art. 3º do Código Tributário

Nacional, “ Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se

possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante

atividade administrativa plenamente vinculada”.

Portanto com este tópico de conceito do Código Tributário Nacional, podemos

evidenciar alguns elementos, quais sejam: que Tributo é uma prestação pecuniária e trata-se

de um ato compulsório, só pode haver um tributo através de lei ordinária ou complementar, é

diferente de sanção de ato ilícito, e é cobrado por uma atividade administrativa plenamente

vinculada, o que significa que a cobrança do tributo deve ocorrer primordialmente do ente

Público, sendo eles: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ou seja, os entes

públicos que tem regras tributárias.

De acordo com Leandro Paulsen, em relação ao tributo:

Cuida-se de prestação em dinheiro exigida compulsoriamente, pelos entes políticos ou por outras pessoas jurídicas de direito público, de pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem promessa de devolução, forte na ocorrência de situação estabelecida por lei que revele sua capacidade contributiva ou que consubstancie atividade estatal a elas diretamente relacionada, com vista à obtenção de recursos para o financiamento geral do Estado, para o financiamento de fins específicos realizados e promovidos pelo próprio Estado ou por terceiros em prol do interesse público. Tais características evidenciam-se quando da leitura, no texto constitucional, do capítulo Do sistema tributário nacional. (PAULSEN, 2017.p.33)

O Tributo é cobrado para custear as custas realizadas pelo Estado assim temos uma

posição de Leandro Paulsen (2017, p. 33) “Tributa-se porque há a necessidade de recursos

para manter as atividades a cargo do poder público ou, ao menos, atividades que são do

interesse público, ainda que desenvolvidas por outros entes.” É a forma que o Estado detém

de arrecadação para a compensação daquilo que ele produz, não apenas só arrecadar mais

também fazer uma manutenção do nosso Estado.

Sendo que o regime jurídico aplicável a determinado instituto é consequência da sua

natureza jurídica. Primeiro verifica-se a natureza, depois se define o regime aplicável.

Ou seja, a essência do instituto é que condiciona as normas a eles aplicáveis e não o

contrário. Nessa lógica, se determinada figura é tributo, então deve-se aplicar para eles as

regras do regime jurídico tributário. Do contrário, tem-se uma incoerência lógica no plano

abstrato da norma.

O fator gerador e a base de cálculo são essenciais para entender a complexidade do

esquema formal. Portanto se faz necessário a tipologia tributária como critério para

determinar a natureza do tributo. Como cita o Art. 4 do CTN: “A natureza jurídica específica

do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para

qualificá-la”.

Seguindo outra linha de estudo a da natureza jurídica dos tributos levará em

consideração as espécies tributárias existentes em suas peculiares características. No atual

Sistema Tributário Nacional, prevalecem duas teorias, a saber: tripartição e pentapartição.

Conforme alude à própria nomenclatura, a teoria da Tripartição (também

denominada teoria tripartite) designa a existência de apenas três espécies tributárias:

impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Tal teoria é a adotada pelo Código Tributário Nacional (Art. 5º do CTN), designando

como ponto fundamental para diferenciar uma espécie de outra o seu fato gerador, pois cada

uma delas reúnem elementos pontuais em suas características.

Os Impostos incidem sobre manifestações de riqueza (Art. 16 do CTN), as Taxas

sobre o exercício do poder de polícia ou a prestação de serviços públicos específicos e

divisíveis (Art. 77 do CTN) e as Contribuições de Melhorias sobre obras públicas que

acarretam valorização em imóveis (Art. 81 do CTN), ressaltando as diferenças de seus fatos

geradores.

Também podemos citar aqui similitude existente entre os conceitos de renda a partir

do momento que se pratica o fato gerador, neste momento nasce a relação jurídica tributaria,

um bom exemplo de fato gerador que ocorre todos os anos no Brasil é o Imposto de Renda

Pessoa Física (IRPF), o acumulo de renda do ano anterior faz o fato gerador, assim a União

que é o ente que tem competência tributária para arrecadar este imposto vai ser realizada a

cobrança em cima da renda obtida.

Somente seria admitida a instituição dessas novas espécies tributárias, introduzidas

pela Carta Magna, se deixássemos de aplicar a citada regra do art. 4º do CTN. Em termos

mais simples, para as espécies tributárias introduzidas pela teoria da Pentapartição, a natureza

jurídica do tributo não será definida apenas pelo fato gerador da obrigação, mas também pela

denominação, formalidades e o destino legal da arrecadação.

1.3 ESPÉCIES DE TRIBUTOS

A Constituição Federal e o Código Tributário Nacional preveem que as espécies

tributárias são impostos, taxas e contribuições de melhoria. No entanto, prevalece na doutrina

que o sistema tributário brasileiro adotou a teoria pentapartida. Segundo essa teoria, o tributo

é um gênero e é integrado por cinco espécies, a saber: impostos, taxas, contribuições de

melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

Assim a partir da Constituição Federal de 1988, além das espécies contidas no Art. 5º

do CTN (Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria), inovou ao instituir as contribuições

especiais e empréstimos compulsórios. Tornando assim, inviável a observância unicamente do

fato gerador, o qual passou a ser insuficiente para definição dos diferentes regimes jurídicos a

que cada espécie de tributo está sujeita.

Ademais, a Carta Magna ao dispor em seu Art. 145 que a União, os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios podem instituir Impostos, Taxas e Contribuições de

Melhorias não limitou em dizer que apenas existem estas espécies de tributos, e sim, que estas

são de competência comum entre os Entes Federativos. Isto porque, os Empréstimos

Compulsórios bem como as Contribuições especiais, diferentemente dos demais, tem

competência exclusiva da União. Analisando isoladamente o Art. 145 da Constituição Federal

e do Art. 5º do CTN, o entendimento é que as espécies tributárias se resumem em: impostos,

taxas e contribuições de melhorias. No entanto, considerando o texto constitucional expresso

nos Arts. 145, 148 e 149, é possível vislumbrara existência de cinco espécies tributárias quais

sejam: o imposto, a taxa e a contribuição de melhoria(Art. 145), o empréstimo compulsório

(Art. 148) e as contribuições especiais (Art. 149 e 149-A).

As cinco espécies tributárias é pacificada de pentapartição que é adotada pelo

Supremo Tribunal Federal, vez que, segundo sua jurisprudência, os empréstimos

compulsórios são espécies tributárias autônomas, ostentando natureza jurídica própria que as

distingue dos impostos, taxas e contribuição de melhoria.

Não obstante, o entendimento a essa e outras questões já foram enfrentadas pelo

Supremo Tribunal Federal nos autos do RE 138.284-8/CE e do RE 146.733-9/SP.

Os julgamentos proferidos têm as seguintes ementas:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS JURÍDICAS. Lei 7.689, de 15.12.88.I - Contribuições parafiscais: contribuições sociais, contribuições de intervenção e contribuições corporativas. CF, art. 149. Contribuições sociais de seguridade social. CF, arts. 149 e 195. As diversas espécies de contribuições sociais.II - A contribuição da Lei 7.689, de 15.12.88, é uma contribuição social instituída com base no art. 195, I, da Constituição. As contribuições do art. 195, I, II, III, da Constituição não exigem, para a sua instituição, lei complementar. Apenas a contribuição do parág. 4º do mesmo art. 195 é que exige, para a sua instituição, lei complementar, dado que essa instituição deverá observar a técnica da competência residual da União (CF, art. 195, parág. 4º; CF, art. 154, I). Posto estarem sujeitas à lei complementar do art. 146, III, da Constituição, porque não são impostos, não há necessidade de que a lei complementar defina o seu fato gerador, base de cálculo e contribuintes (CF, art. 146, III, 'a').III - Adicional ao imposto de renda: classificação desarrazoada.IV - Irrelevância do fato de a receita integrar o orçamento fiscal da União. O que importa é que ela se destina ao financiamento da seguridade social (Lei 7.689/88, art. 1º). V - Inconstitucionalidade do art. 8º, da lei 7.689/88, por ofender o princípio da irretroatividade (CF, ART. 150, III, 'a') qualificado pela inexigibilidade da contribuição dentro no prazo de noventa dias da publicação da lei (CF, art. 195, parág. 6º). Vigência e eficácia da lei: distinção.VI - Recurso Extraordinário conhecido, mas improvido, declarada a inconstitucionalidade apenas do art. 8º da Lei 7.689/88. (RE 138.284-8/CE, Relator Ministro Carlos Velloso, Tribunal Pleno, j. 1/7/1992, v.u., DJ 28/8/1992, RTJ 143/313).Contribuição Social sobre o lucro das pessoas jurídicas. Lei 7689/88.Não é inconstitucional a instituição da contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, cuja natureza é tributária. Constitucionalidade dos artigos 1º, 2º e 3º da Lei 7689/88. Refutação dos diferentes argumentos com que se pretende sustentar a inconstitucionalidade desses dispositivos legais.Ao determinar, porém, o artigo 8º da lei 7689/88 que a contribuição em causa já seria devida a partir do lucro apurado no período-base a ser encerrado em 31 de dezembro de 1988, violou ele o princípio da irretroatividade contido no artigo 150, III, 'a', da Constituição Federal, que proíbe que a lei que institui tributo tenha, como fato gerador deste, fato ocorrido antes do início da vigência dela.Recurso extraordinário conhecido com base na letra b do inciso III do artigo 102 da Constituição Federal, mas a que se nega provimento porque o mandado de segurança foi concedido pra impedir a cobrança das parcelas da contribuição social cujo fato gerador seria o lucro apurado no período-base que se encerrou em 31 de dezembro de 1988. Declaração de inconstitucionalidade do artigo 8º da Lei 7689/88.(RE 146.733-9/SP, Relator Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, j. 29/6/1992, v.u., DJ 6/11/1992, RTJ 143/684).

Neste, conceito acima, o Supremo Tribunal Federal já referendou a Natureza Jurídica

de Tributo para essas contribuições especiais (RE 138.284-8/CE) e seguindo o Recurso

Extraordinário (RE 146.733-9/SP) e , ressaltando que, nesses casos, não seria aplicável apenas

o critério de fato gerador adotado pela tripartição (art. 4º do CTN), mas também o acréscimo

da denominação, formalidades e o destino do produto de sua arrecadação, adotado na

pentapartição. Conforme o entendimento predominante prevalece a existência de cinco

espécies de tributos: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e

contribuições especiais.

De acordo com Aliomar Baleeiro, imposto:

[...] é a prestação de dinheiro que, para fins de interesse coletivo, uma pessoa jurídica de direito público, por lei, exige coativamente de quantos lhe estão sujeitos e têm capacidade contributiva, sem que lhes assegure qualquer vantagem ou serviçoespecífico em retribuição desse pagamento. (BALEEIRO, 2013, p. 261).

Destarte, os impostos, previsto no art. 16, do CTN, são exações não vinculadas, isto

é, independem de uma contraprestação do Estado, incidindo sobre a manifestação de riqueza

do sujeito passivo. Ademais, são tributos de destinação não vinculada, pois as suas receitas

não tem destino específico, servindo para o financiamento das atividades gerais do Estado.

Deve-se salientar que os impostos consistem de uma forma de captação de riqueza do

contribuinte para o Estado, respeitando a capacidade econômica do contribuinte, de acordo

com o princípio da capacidade contributiva. Este principio está disposto na Constituição

Federal, no art. 145:

Art. 145 [...]§ 1° Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado a administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar respeitados os direitos individuals e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Assim, entende-se que Imposto é um tributo cuja hipótese de incidência tributária é

um fato gerador alheio a qualquer atuação do Estado. Desta forma, o contribuinte que se

enquadre na hipótese de incidência tributária, deverá pagar o Imposto, sem que haja uma

contraprestação do Poder Público.

Portanto, o Imposto é um tributo unilateral, bastando a realização do fato gerador

pelo contribuinte, que deverá pagar o referido tributo.

De outro lado, as taxas, conforme o Art. 77 do CTN, são tributos contraprestacionais,

dado que exigem que o Estado preste uma atividade específica ao contribuinte, através do

exercício do poder de polícia, prestando ou colocando à disposição do contribuinte, um

serviço público específico e divisível, pois as receitas obtidas por esse tributo são para o

custeio do serviço prestado ao contribuinte. Assim como no imposto, a taxa é criada através

de lei ordinária e também como o tributo, é obrigatório o seu pagamento. As taxas não podem

ter base de cálculo própria de imposto de acordo com o Art. 145 § 2º da Constituição

Federal. A Súmula Vinculante nº 29 do Supremo Tribunal Federal: “É constitucional a

adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de

determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra”. Prevê

que pode ser utilizada alguns elementos de cálculos, mas não podem ser idênticos.

Da Doutrina segue-se o conceito dado por Paulo de Barros Carvalho, para quem o

tributo denominado “taxa”, pode ser entendido como:

A espécie tributária denominada ‘taxa’ apresenta, em seu antecedente normativo, a previsão conotativa de atividade do Estado diretamente relacionada ao contribuinte, que somente pagará o valor exigido pelo Poder Público quando deste receber ou tiver à disposição alguma prestação de serviços públicos específicos e divisíveis, utilizados, efetiva ou potencialmente, ou, ainda, se for exercido o poder de polícia, ficando certo que é imprescindível lei anterior prevendo determinada prática estatal como condição suficiente e necessária à exigência do tributo (CARVALHO, 2009, p.780).

Ocorre, entretanto, que a taxa além de estar vinculada a um serviço prestado pelo

município, também pode ser exigida em virtude do exercício do poder de polícia. Já a

contribuição de melhoria, de acordo com o art. 81 do CTN, trata-se de tributo que, também,

depende de uma atuação do Estado. Difere-se da taxa, pois enquanto a taxa está ligada ao

exercício do poder de polícia ou a um serviço público, a contribuição de melhoria decorre da

realização de uma obra pública que implique, necessariamente, a valorização imobiliária.

Nesse diapasão, a lição de Aliomar Baleeiro:

[...] ela não é a contraprestação de um serviço público incorpóreo, mas a recuperaçãodo enriquecimento ganho por um proprietário em virtude de uma obra pública concreta no local da situação do prédio. Daí a justificação do tributo pelo princípio do enriquecimento sem causa, peculiar do Direito Privado (BALEEIRO, 2013, p. 886).

O principal requisito para o município instituir a contribuição de melhoria, é a

execução de obra com impacto positivo na valorização de imóveis. Depreende-se disso, que

não é qualquer obra pública que pode ensejar a cobrança dessa contribuição, porque, no caso

daquelas em que não for possível ao poder público mensurar a efetiva influência na

valorização imobiliária, a cobrança será indevida.

Por se tratar de um tributo vinculado, cuja obrigação de pagar decorre de uma

atuação estatal, é necessário estar presente o nexo causal entre a obra empreendida pelo Poder

Público e o imóvel que obteve ganho de valor, isto é, a valorização do imóvel deve ser

consequência direta da obra.

Designa-se, o empréstimo compulsório, com previsão legal no Art. 148 da

Constituição Federal de 1988, é um tributo de competência exclusiva da União, e que pode ser

instituído nos seguintes casos: a) guerra externa ou sua iminência; b) calamidade pública que

exija auxílio funeral federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis;

c) conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Trata-se de um tributo que

é cobrado coativamente, por meio de uma determinação legal, e diferentemente dos demais,

os recursos arrecadados não são incorporados definitivamente ao patrimônio estatal. Outra

característica desse tributo é a sua destinação vinculada, assim, os recursos provenientes de

empréstimo compulsório, necessariamente, tem que ser destinados à despesa que

fundamentou a sua instituição.

Por fim, a Constituição Federal enuncia no seu Art. 149, as contribuições especiais,

que são tributos que podem assumir a feição de imposto ou de taxas, mas que com esses

tributos não se confundem pelo fato de serem tributos de destinação vinculada a uma

determinada atividade estatal. As contribuições, espécie tributária cuja competência é, em

regra, da União, são divididas em contribuições sociais, de intervenção no domínio

econômico e as de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Entretanto, o

constituinte derivado acresceu no ano de 2002, por intermédio da emenda constitucional

número 39, a contribuição de iluminação pública, cuja competência não é da União, mas sim

dos Municípios e do Distrito Federal.

Alexandre (2007, p. 69) manifesta-se no sentido de que: “a denominação doutrinária

contribuições especiais visa diferenciar tais espécies tributárias das já estudadas contribuições

de melhoria”.

Paulsen (2017, p. 53) compartilha o entendimento de Alexandre acerca da

diferenciação de nomenclatura, complementando que devem ser chamadas de contribuições

especiais ou apenas contribuições. O referido autor leciona que em algumas oportunidades o

Estado atua não para a coletividade (custeada por impostos), nem para um grupo específico e

divisível (custeado por taxas), mas sim para grupos de contribuintes cujas finalidades são

específicas, sendo que esta é a seara das contribuições especiais, ressalvando que tais

contribuições são dotadas de critérios distributivos, ou seja, podem variar de acordo com a

capacidade contributiva de cada sujeito passivo.

Sabbag (2013, p. 507) também leciona neste sentido, prescrevendo que: “se a

referibilidade for indireta, sendo desenvolvida para ao atendimento do interesse geral, porém

deflagrando um especial benefício a uma pessoa ou grupo de pessoas, ter-se-á contribuição.”

Acerca das características gerais que circundam as contribuições especiais, Sabbag

(2013, p. 509) leciona que “a instituição desse tipo de exação deve se dar por lei ordinária,

ressalvado o caso de contribuição residual para a seguridade social, que a exemplo dos

impostos residuais, deve ser versada sob a forma de lei complementar.”

Portanto, pode-se definir a natureza de um tributo pelo fato gerador dessas exações,

observando se tratam de tributos vinculados ou não vinculados. No entanto, no que tange aos

tributos empréstimos compulsórios e contribuições especiais, o fato gerador não serve para

determinar essas duas figuras tributárias, sendo necessário observar se possuem destinação

vinculada, pois são considerados tributos finalísticos.

1.4 FUNÇÃO DOS TRIBUTOS

Os tributos podem exercer três funções, quais sejam: fiscal, extrafiscal e parafiscal. A

primeira função, a fiscal, possui finalidade fiscal quando visa precipuamente a arrecadar,

carrear recursos para os cofres públicos. No qual consiste na arrecadação de receitas pelo

Poder Público para o custeio das atividades desenvolvidas pelo Estado. Trata-se da principal

função dos tributos e pode ser observada, principalmente, nos seguintes tributos: IR (Imposto

de Renda), IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e IPTU (Imposto

sobre Propriedade Territorial Urbana).

Há tributos que apesar de exercerem a função fiscal, tem como função principal, a

extrafiscal. Nesse sentido, Aliomar Baleeiro ensina que:

Quando os tributos são empregados como instrumento de intervenção ou regulaçãopública, a função fiscal propriamente dita, ou “puramente fiscal”, é sobrepujadapelas funções “extrafiscais”. A sua técnica é, então, adaptada ao desenvolvimento de determinada politica ou diretriz (BALEEIRO, 2013, p. 873).

A função extrafiscal objetiva fundamentalmente intervir numa situação social ou

econômica, seja incentivando ou desestimulando certas atividades. Assim, se o Estado quer

estimular a venda dos produtos nacionais em detrimento dos produtos estrangeiros, ele

aumenta as alíquotas do II (Imposto de Importação). Da mesma maneira, se ele quer instigar o

consumo, disponibiliza mais crédito aos consumidores, através da redução das alíquotas do

IOF sobre o crédito. Os principais tributos extrafiscais são: II (Imposto de Importação), IE

(Imposto de Exportação), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), IOF (Imposto sobre

Operações de Crédito, Câmbio e Seguro) e a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio

Econômico).

Por fim, temos a função parafiscal, o tributo possui finalidade parafiscal quando a lei

tributária nomeia sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu, atribuindo-lhe a

disponibilidade dos recursos arrecadados para o implemento de seus objetivos. A definição de

parafiscalidade. Explica CARVALHO (2013, p. 235) “fenômeno jurídico que consiste na

circunstância de a lei tributária nomear sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu,

atribuindo-lhe a disponibilidade dos recursos auferidos, para o implemento de seus objetivos

peculiares”.

Destarte, a função parafiscal, nos termos § 3º, do art. 7, do CTN, caracteriza-se por

ser uma função exercida por um ente federativo diverso daquele que instituiu o tributo. Nesse

caso, o sujeito ativo, não detém a competência tributária, mas tem a atribuição de arrecadar e

fiscalizar o tributo. Como exemplo dessa função, podemos citar as contribuições arrecadas e

fiscalizadas pelo SESI, SENAI, SESC, Conselho Regional de Medicina - CRM.

Portanto, a prática de atos ilegítimos que impedem a tributação, atinge,

principalmente, a função primordial dos tributos que é a arrecadação de receitas aos cofres

públicos, e por conseguinte, implica na impossibilidade do Estado suprir algumas

necessidades da sociedade. No que tange à função extrafiscal, impede que o Estado diminua

as desigualdades sociais e regionais. Já em relação à parafiscalidade, dificulta o

desenvolvimento de certas atividades sociais que são prestadas por entidades privadas.

1.5 NORMAS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

No sistema tributário nacional, a lei ordinária, denominada apenas de lei, é o

instrumento apto, como regra geral, para criação do tributo. Criar o tributo é estabelecer sua

regra matriz, hipótese de incidência, tempo e espaço, sujeitos da relação jurídica e os aspectos

quantitativos do tributo. Conforme Hugo de Brito Machado:

Na lei devem estar todos os elementos necessários a que se possa identificar a situação de fato capaz de criar a obrigação tributária e, diante de tal situação, poder determinar o valor do tributo correspondente. A lei não pode deixar para o regulamento ou para qualquer outro ato normativo inferior a indicação de qualquer dos elementos necessários a essa determinação. Todos os elementos essenciais da relação jurídica tributária devem ser indicados pela lei. O núcleo do fato gerador do tributo, o contribuinte, a base de cálculo, a alíquota, tudo deve estar na própria lei (MACHADO, 2014, p. 110)

As normas gerais do Direito Tributário, que se encontram no CTN (artigos 96 e

seguintes): “Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as

convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou

em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”.

Além do aspecto doutrinário da função da lei, há expressa previsão legislativa para

seu campo de atuação no CTN, conforme transcrição abaixo:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;II -a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;III -a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;IV -a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65.

A legislação tributária refere-se ao conjunto de leis que definem os tributos, como a

responsabilidade do contribuinte, incluindo a fiscalização e as sanções para quem não cumpre

a lei. De acordo com o artigo 101 do Código Tributário Nacional, a “vigência, no espaço e no

tempo da legislação tributária, rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas

em geral”.

Para aplicação das leis tributárias, parte da premissa do artigo 105 do CTN, onde

“aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos

aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116”.

Além disso, a aplicabilidade das leis deve respeitar os princípios constitucionais tributários.

1.6 OS PRINCÍPIOS JURÍDICOS DA TRIBUTAÇÃO

A Carta Magna consagrou, dentro do sistema tributário nacional, a seção II para

abordar as denominadas limitações ao poder de tributar, conceituando um conjunto integrado

de princípios e regras que devem ser respeitados pelos entes políticos como forma de

legitimar a cobrança de seus tributos.

O poder de tributar não será concedido de forma ilimitada para União, Estados,

Distrito Federal e Municípios, pois encontrarão conjunto de normas constitucionais que

refreiam a “sede” de arrecadação, obstando a existência de abusividades contra o contribuinte.

A cobrança dos tributos não será feita, portanto, de forma desarrazoada.

As limitações estabelecidas na Carta Magna expressam-se ordinariamente através de

princípios jurídicos de tributação. É necessário seguir os preceitos do princípio da norma

tributária, já, Machado estabelece que “a palavra princípio serve para designar também as

normas de grande generalidade, embora tenham a estrutura própria das regras”(MACHADO,

2014, p. 31). Os princípios constitucionais convivem ao lado de normas também previstas na

referida Constituição, com a diferença da importância que assumem dentro do sistema

jurídico.

A capacidade de tributar, é um poder, e por isso deve ser limitado, visando a

proteção do contribuinte contra o abuso que pode advir do Estado no uso dessa atribuição. E é

neste cenário que entra a importância dos princípios jurídicos da tributação. Os princípios

com maior destaque, segundo Hugo de Brito Machado (2014, p. 31) são: “da legalidade, da

anterioridade, da igualdade, da competência, da capacidade contributiva, da vedação do

confisco e o da liberdade de tráfego”.

O princípio da legalidade, está albergado no Art.5º, inciso II, CF/88 que diz que

“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. O

princípio repete no art. 150, inciso I, dispondo que “sem prejuízo de outras garantias

asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, os Estados, ao Distrito Federal e os

Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. Esse princípio tem como

finalidade primordial garantir a segurança das pessoas diante da tributação.

O princípio da legalidade, citando o Art. 97 do CTN, prevalece o de definir o fato

gerador, a base de cálculo e o contribuinte do tributo. A lei deve descrever o fato jurídico e a

relação obrigacional, caracterizando a tipicidade tributária. Esses requisitos, como se observa,

servem como limite à atuação do Fisco, pois a criação e a majoração de um tributo somente

terá validade se realizada por meio de lei, emanada do ente competente, regulando condutas e

evitando o arbítrio. Enfim, deve haver lei criada pelo poder competente para a exigência de

todos os tributos, a fim de proteger o patrimônio do cidadão.

Não obstante o já exposto acima, o princípio da legalidade comporta uma exceção no

Art. 153, § 1º, da Constituição Federal, ao permitir que as alíquotas dos impostos de

importação, exportação, sobreprodutos industrializados, e sobre operações de crédito, câmbio

e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários, possam ser alteradas pelo Poder

Executivo, desde que atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei.

O princípio da irretroatividade, estabelece a aplicação da lei tributária a determinados

fatos, protegendo o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, ou, melhor

dizendo, este princípio impede a instituição de normas tributárias versando sobrefatos

geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado,

nos termos do art. 150, inciso III, letra a, Constituição Federal, in verbis:

Art. 150 [...]Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:[...]III-cobrar tributos:a)em relação a

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fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;[...].

Os princípios da anterioridade e da noventena (anterioridade mitigada) vedam a

vigência da legislação tributária que estabeleça um tributo novo ou a majoração de um tributo

no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada e antes de decorridos noventa

dias, nos termos do art. 150, inciso III, letra b e c, da Constituição Federal, in verbis:

Art. 150 [...]Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:[...]III-cobrar tributos:[...]b)no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b.

É preciso ressaltar que consoante norma inserta na alínea “c” do inciso III do artigo

150 da Constituição Federal, o tributo também não pode ser cobrado antes de decorridos

noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

Neste sentido Hugo de Brito Machado leciona:

A exigência da anterioridade não se confunde com a exigência da vacância legal de 90 dias. Assim, se a lei que cria ou aumenta o tributo é publicada até o último dia de dezembro está atendida a exigência do princípio da anterioridade, e a exigência da vacância de 90 dias faz com que a vigência da lei só tenha início 90 dias depois de sua publicação. Isto quer dizer que se a lei é publicada no último dia de dezembro está atendido o princípio da anterioridade, mas essa lei só entrará em vigor em abril do ano seguinte. (MACHADO, 2014, p. 35).

Frise-se que há exceções a regra geral, pois, não estão sujeitos à anterioridade os

impostos de importação, exportação, sobre produtos industrializados, e sobre operações de

crédito, câmbio e seguro, ou relativos a título ou valores mobiliários, bem como o imposto

extraordinário de guerra e o empréstimo compulsório destinado a atender a despesas

extraordinárias. Mas mesmo assim, esse princípio é um dos mais importantes dentre os

existentes no direito tributário.

Já o princípio da isonomia encontra advento constitucional no Art. 150, inciso II, da

Constituição Federal, pois proíbe às pessoas jurídicas de Direito Público “instituir tratamento

desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer

distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente

da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”.Neste conceito, pode ser

afirmado que o referido princípio induz ao princípio da igualdade inserto no art. 5º da

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Constituição Federal, visto que tem por objetivo tratar desigualmente os desiguais. Do

contrário, não seria viável a compatibilização das normas da própria Constituição que

prescrevem isenções e incentivos fiscais com o princípio aludido.

O princípio da isonomia tributária engloba o da capacidade contributiva. “Aquele

que tem maior capacidade contributiva deve pagar imposto maior, pois só assim estará sendo

igualmente tributado. O princípio da igualdade consiste na proporcionalidade da incidência à

capacidade contributiva, em função da utilidade marginal da riqueza”(MACHADO, 2014,

p.38). Sendo assim, o contribuinte, em vez de pagar exatamente o mesmo montante de tributo

que os outros contribuintes, deve assumir um encargo proporcional à sua capacidade

econômica.

O princípio da competência abarca o poder conferido ao ente público de tratar de

matéria tributária com exclusividade. Segundo Hugo de Brito Machado (2014, p.39) “o

princípio da competência é aquele pelo qual a entidade tributante há de restringir sua

atividade tributacional àquela matéria que lhe foi constitucionalmente destinada”. Conforme o

Art. 6º do CTN:

Art. 6º [...]A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios, e observado o disposto nesta Lei.

Sendo assim, conclui-se que o princípio da competência é um poder

constitucionalmente atribuído e delimitado, evitando, dessa forma, a centralização do poder.

Por sua vez, o princípio da capacidade contributiva está evidenciado no art. 145, § 1º, da

Constituição Federal:

Art. 145 [...]Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

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O referido princípio consubstancia-se no entendimento que os sujeitos passivos de

maior capacidade econômica devem recolher proporcionalmente mais tributos, com o objetivo

de fazer valer a justiça fiscal. “Maior capacidade contributiva indica maior riqueza do

contribuinte. Há um ideal maior de justiça, pois vão-se tributar pessoas que têm maior

capacidade de contribuir, em razão de terem maior riqueza”. (MACHADO, 2014, p.39). O

objetivo seria o de distribuir melhor a renda entre os mais ricos e os mais pobres.

A capacidade econômica, do contribuinte é medida por sinais exteriores que não

exprimem necessariamente a riqueza real do contribuinte, mas permitem ao Fisco, de forma

objetiva, a verificação da aplicação do princípio em questão. “A capacidade contributiva

somente poderá ser notada quando existir um patrimônio ou uma renda. A tributação será feita

sobre a exteriorização da riqueza, sobre os efeitos econômicos produzidos pela atividade do

contribuinte”(MACHADO, 2014, p.39).

O princípio da vedação ao confisco busca evitar o excesso de carga tributária a ponto

de se apossar dos bens do contribuinte. “O confisco é a absorção pelo poder do Estado da

propriedade do particular, sem pagar-lhe justa indenização que a Constituição prevê”.

(MACHADO, 2014, p. 41). Nesta sistemática, este princípio “pode ser invocado sempre que o

contribuinte entender que o tributo, no caso, lhe está confiscando os bens” (MACHADO,

2014, p. 46)”.

Um tributo pode ser excessivamente oneroso ao ponto de parecer uma penalidade ao

contribuinte. Cabe frisar que, nos termos do Art. 3º do CTN, o tributo não é sanção de ato

ilícito, ao contrário da multa, que é necessariamente uma sanção de ato ilícito.

O tributo deve ser um ônus suportável, um encargo que o contribuinte pode pagar sem sacrifício do desfrute normal dos bens da vida. Por isto mesmo é que não pode ser confiscatório. Já a multa, para alcançar sua finalidade, deve representar um ônus significativamente pesado, de sorte a que as condutas que ensejam sua cobrança restem efetivamente desestimuladas. Por isto mesmo pode ser confiscatória. (MACHADO, 2014, p.42).

Diante do exposto, conclui-se que o princípio da vedação do confisco tem estreita

ligação com a razoabilidade e proporcionalidade.

O último princípio a ser analisado é o da liberdade de tráfego. O artigo 150, inciso V

da CF/88, por sua vez, veda a imposição de “limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por

meio de tributos interestaduais ou intermunicipais”, ressalvado a cobrança de pedágio.

“Importante salientar que o que se proíbe é a instituição de tributo em cuja hipótese de

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incidência seja elemento essencial à transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal

(MACHADO, 2014, p. 43)”. Quanto ao pedágio, para Luciano Amaro (2014, p.153), “embora

a cobrança de pedágio é onerosa, o tráfego, é lícita a sua cobrança”.

Princípios da proporcionalidade e razoabilidade após a dinâmica dos princípios

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apresentados esses dois princípios não pode ficar sem citá-los, devido ao fato de não

constar expressamente na Constituição da República, ou seja, não há empecilho jurídico para

seu reconhecimento. Embora esteja “implícito” na Constituição, a sua aplicação pelos demais

poderes é obrigatória, incluindo aí o Poder Judiciário, pois assim dispõe o parágrafo 2º do

artigo 5º, da CF/88: "Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros

decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados."

Insta frisar, que no direito administrativo disciplinar, os princípios da

proporcionalidade e razoabilidade estão expressos no art. 2° da lei nº 9.784/1999, que trata do

processo administrativo.

Para o processo administrativo disciplinar, a utilização dos princípios da

proporcionalidade e razoabilidade é de fundamental importância, pois dessa forma poderemos

saber qual valor deve ser adotado no momento da aplicação da sanção disciplinar, bem como

se a quantidade de pena é suficiente para reprimir o cometimento de ilícitos administrativos.

Os princípios constitucionais que ganha cada vez mais dinâmica é o princípio da

proporcionalidade. Diante, é possível visualizarmos duas funções distintas. A primeira delas

configura-se como instrumento de suprir os direitos fundamentais contra a ação do Estado

quando este impõe limites a esses direitos. O princípio da proporcionalidade funciona como

critério para solução de conflitos entre direitos fundamentais, através do qual se faz um juízo

comparativo, em examinar os interesses envolvidos no caso concreto.

O principio da razoabilidade está muito ligado ao da discricionariedade

administrativa, pois o ato administrativo discricionário praticado não esteja previsto em lei,

ele há de obedecer a certos parâmetros. No Direito Disciplinar, deve angariar a aplicação das

sanções, uma vez que não há mínimo e máximo de pena, salvo a sanção de suspensão em que

o mínimo é um dia e o máximo é 90 dias (art. 130, da lei nº 8.112/1990), e mesmo a aplicação

da suspensão necessita de um juízo de proporcionalidade. Entretanto, deve-se sempre ter em

mente que a punição de um ato administrativo, nesse ponto, pode-se até afirmar que em

muitos casos a punição poderá ser afastada, sendo substituída, por exemplo, por um “termo de

ajustamento de conduta”.

Enfim, existem inúmeros princípios a ser observados quando se trata de obtenção de

receitas pelos tributos por parte do Estado, pois o contribuinte já paga um valor exorbitante de

impostos, não havendo mais como suportar tamanha carga tributária. Todavia, na linha do que

foi explanado, seguir-se-á a terminologia consagrada, que denomina as limitações

constitucionais ao poder de tributar como verdadeiros Princípios Constitucionais Tributários.

30

2 A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE COMO DIREITO FUNDAMENTAL

Insta frisar que para contextualizar a função social da propriedade dentro da

dinâmica dos direitos fundamentais, assim como explanar na constituição e relativizar o seu

direito a propriedade e a sua função social e suas limitações impostas na Carta Magna de 1988

e bem como no Estatuto da Cidade, que tem, o viés da importância para os municípios

mediante em lei regulamentar, o Plano Diretor, para melhor compreensão do tema.

2.1 A PROPRIEDADE COMO DIREITO FUNDAMENTAL

No tocante que dos direitos fundamentais, temos o reconhecimento, generalizado na

doutrina e na jurisprudência, da força normativa de todos os dispositivos constitucionais, a

realização dos direitos fundamentais de caráter coletivo, tendo em vista a concretização da

igualdade de oportunidades entre os cidadãos, é dever constitucionalmente imposto ao Estado.

Não obstante, diversos direitos fundamentais, mormente de caráter coletivo, consagrados pelo

nosso ordenamento jurídico-constitucional encontram-se carentes de concretização pelo

Estado.

No que rege o direito a propriedade na Constituição Federal de 1988, consagra-se ao

cumprimento da função social da propriedade é uma exigência ao exercício do direito de

propriedade, sendo que tal direito sustenta o sistema capitalista brasileiro como sendo um de

seus esteios.

Descreve Jean Jacques Erenberg:

O dever de atendimento da função social da propriedade é contrapartida de direito que tem status de fundamental, nos planos individual e coletivo. Previsto no artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, trata-se de princípio da mais alta relevância, ligado diretamente à determinação constitucional da igualdade, e é desdobramento umbilical ligado ao princípio que fundamenta o regime constitucional brasileiro, que é a ideia de dignidade da vida humana. (ERENBERG, 2008, p. 163).

A propriedade disposta como elemento fundamental para assegurar a existência

digna, ligada ao elemento econômico da faculdade de usar, gozar e dispor, posto que desta é

que o proprietário obtém vantagens econômicas.

Nesse sentido também José Eduardo Soares de Melo leciona que:

Na sociedade atual não há mais espaço para entender a propriedade divorciada do elemento que lhe confere conteúdo e tutela jurídica que vem a ser o exercício do domínio mediante a atenta observância da função social, pois, em que pese a

30

32

proteção privatística da propriedade, ela deverá retratar uma finalidade econômica e social apta a sua vocação urbana ou rural, gerando frutos, empregos e conduzindo à uma justa circulação das riquezas de modo a que tenhamos uma sociedade mais justa e solidária, objetivo primaz do estado democrático de direito inaugurado pela Constituição da República Federativa do Brasil (MELO, 2010, p. 88).

Assim o que lhe confere bem relatado a proteção privalística da propriedade justa na

Constituição brasileira de 1988 dispõe no seu artigo 3º, inciso I, os objetivos fundamentais da

República, prevê: construir uma sociedade livre, justa e solidária. Mas, quando observa-se as

condições de vida e bem-estar dos habitantes das principais cidades brasileiras, é sucinta

afirmar que a construção dessa sonhada sociedade humanamente privilegiada não chegou a

transpor sua base.

E para as cidades, se coloca o grande desafio de obter êxito, mobilizando e

sensibilizando a sociedade para que assuma seu papel na reversão do processo de segregação

econômica, cultural, social, territorial e política. Sendo certo que a trajetória da reação do ser

humano dá-se pela atuação cidadã ativa no cenário político e na tomada de decisões que o

afetem diretamente, baseados nos dois princípios fundamentais consagrados no direito

brasileiro: o da igualdade e o da liberdade.

A nossa Magna Carta declara, também, que são direitos fundamentais do indivíduo a

propriedade, a igualdade e a liberdade, estabelecendo ainda, que a República Federativa do

Brasil é um Estado Democrático de Direito. Entretanto, embora tenha o constituinte brasileiro,

formalizado a ordenação do Estado brasileiro, incorporando os princípios, é fato que ainda há

uma enorme lacuna entre a norma e a realidade fática, condenando grande parcela da

população brasileira a viver ao largo da mínima dimensão desses direitos.

Assim sendo, conclui-se que os direitos fundamentais não são absolutos e, como

consequência, sua realização está sujeita a restrições, e, por serem geralmente estruturados

como princípios, são repetidamente aplicados mediante ponderação.

Diante disso, os direitos fundamentais se tornaram valores essenciais de nossa

sociedade. Contudo, o surgimento de novas preocupações sociais, a exemplo do direito a

moradia e do direito ao meio ambiente equilibrado, ocasionou um possível conflito entre o

resguardo de um em detrimento do outro.

Diante da constitucionalização do direito civil e do direito privado como um todo

decorre o reconhecimento da aplicação dos direitos fundamentais inclusive nas relações

privadas. Ainda que os direitos fundamentais constituem garantias constitucionais universais,

é crível que a constituição, não se pode restringir seu uso às relações de direito público sob o

risco de transformar o direito civil em um ramo da ciência jurídica isentada incidência das

32

normas constitucionais. E mais, não se pode imaginar que, nas relações privadas, as

partes possam atentar contra os direitos fundamentais.

Por fim, essa capacidade dos direitos fundamentais não serem oponíveis apenas aos

poderes públicos, mas que seus efeitos irradiem no âmbito das relações particulares,

permitindo ao particular buscar na Constituição um direito ou uma garantia fundamental para

opô-lo a outro igual é chamado de eficácia horizontal dos direitos fundamentais ou aplicação

dos direitos fundamentais às relações privadas.

2.2 O DIREITO DE PROPRIEDADE INSERIDAS NA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL

Com o passar dos tempos o histórico das Constituições brasileiras permite identificar

a preocupação do ordenamento em proteger o direito de propriedade. A Constituição Política

do Império do Brasil foi outorgada em 25 de março de 1824, sendo a primeira constituição

brasileira a tratar do direito de propriedade incluindo-o no rol das Disposições Gerais e

Garantias dos Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, dispondo em seu Artigo 179

que:

Art. 179 [...]A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte: Inciso XXII.. E’garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem publico legalmente verificado exigir o uso, e emprego da Propriedade do Cidadão, será elle préviamente indemnisado do valor della. A Lei marcará os casos, em que terá logar esta unica excepção, e dará as regras para se determinar a indemnisação.

Ficou evidente que o dispositivo Legal previa a propriedade como um direito

absoluto, excepcionada essa força absoluta pela possibilidade de desapropriação por exigência

do bem público, neste contexto prevendo indenização do valor da propriedade.

Sistematicamente a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24

de fevereiro de 1891, não inovou em relação ao texto constitucional anterior, assim mantendo

a propriedade como direito pleno, salvo nos casos de desapropriação por necessidade ou

utilidade pública, quando, no Título IV, Seção II que trata das Declarações de Direitos, dispõe

no seu Artigo 72:

Art. 72 [...]A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: Parágrafo 17 - O direito de propriedade mantém-

32

se em toda a sua plenitude, salvo a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização prévia.

No que tange a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de julho de 1934, constituiu importante inovação em relação aos textos anteriores: pela primeira vez, uma constituição brasileira regulamentou no seu texto que a propriedade não poderá ser exercida contra o interesse social ou coletivo. No Capítulo II, que trata Dos Direitos e das Garantias Individuais, no Artigo 113 dispõe:

Art. 113 [...]A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriação por necessidade ou utilidade pública far-se-á nos termos da lei, mediante prévia e justa indenização. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, poderão as autoridades competentes usar da propriedade particular até onde o bem público o exija, ressalvado o direito à indenização ulterior.

Insta frisar, que a regulamentação por lei descrita no Artigo 113, nunca tenha

ocorrido, a Constituição de 1934, apresentou tendência à modificação do capitalismo nascente

advinda das Constituições Mexicana (1917) e de Weimar (1919).

Embora a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937,

incluiu em seu texto referência ao conteúdo e ao limite do direito de propriedade por meio de

lei que regulasse seu exercício, reconhecendo o caráter não absoluto do direito de

propriedade, retóricamente não proibiu que esse exercício seja contrário aos interesses sociais

e coletivos. A Constituição trata no capítulo dos Direitos e Garantias Individuais e dispõe no

Artigo 122:

Art. 122 [...]A Constituição assegura aos brasileiros e estrangeiros residentes no País o direito à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: Item 14.O direito de propriedade, salvo a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização prévia, ou a hipótese prevista no § 2º do art. 166. O seu conteúdo e os seus limites serão os definidos nas leis que lhe regularem o exercício. O texto do item 14 foi inserido pela Lei Constitucional nº 5, de 1938 e suspenso pelo Decreto nº 10.358, de 1942.

Assim a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 18 de setembro de 1946, trata

no Capítulo II Dos Direitos e das Garantias Individuais e em seu Artigo 141 dispõe:

Art. 141 [...]

32

A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: § 16 - É garantido o direito de propriedade,

salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, as autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, se assim o exigir o bem público, ficando, todavia, assegurado o direito a indenização ulterior.

Provém que o artigo 141 da Constituição de 1946 não altera o direito inviolável da

propriedade, resguardando a possibilidade de desapropriação por necessidade e utilidade

pública. Entretanto, inclui em seu artigo 147 que “o uso da propriedade será condicionado ao

bem estar social. A lei poderá com observância do disposto no artigo 141, § 16, promover a

justa distribuição da propriedade com igual oportunidade para todos”.

Enumera o artigo 147, que inova substancialmente a previsão normativa do direito de

propriedade brasileiro: a propriedade resta condicionada ao bem-estar social e permite-se a

justa distribuição da propriedade. O contexto do artigo tornou-se norma jurídica programática

de eficácia limitada.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1967, pioneiramente, utiliza o

termo função social da propriedade, demonstrando a necessidade de compatibilização entre os

interesses do proprietário e as necessidades da população. Trata no Capítulo IV “Dos Direitos

e Garantias Individuais”, dispondo no artigo 150:

Art. 150 [...]A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:§ 22 – É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, ressalvado o disposto no Art. 157, § 1º. Em caso de perigo público iminente, as autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior.

Ademais o título III, que trata Da Ordem Econômica e Social dispõe, no artigo 157:

”a ordem econômica tem por fim realizar a justiça social com base nos seguintes princípios:

[...]III - função social da propriedade”.

A Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969, repete o texto da

constituição anterior em seu artigo 153, entretanto, insere como forma de indenização em caso

de desapropriação, o pagamento com títulos da dívida pública:

Art. 153 [...]

32

§ 22. É assegurado o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou interêsse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, ressalvado o disposto no artigo 161, facultando-se ao expropriado aceitar o pagamento em título de dívida pública, com cláusula de exata correção monetária. Em caso de perigo público iminente, as autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior.

Insta frisar, que o título III, que trata Da Ordem Econômica e Social, repete ao todo o

texto da Constituição anterior. Os dois textos constitucionais (1967 e 1969) incluíram a

função social da propriedade como princípio de fundamentação da ordem econômica e social,

sem classificá-lo como garantia fundamental do cidadão, já a atual Constituição de 1988

inseriu no texto a garantia fundamental do cidadão.

A Constituição Federal de 05 de outubro de 1988, tratando dos Direitos e Garantias

Fundamentais, no artigo 5º diz:

Art. 5º [...]Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.

Trata, também, no Título Da Ordem Econômica e Financeira, dispondo no artigo 170

que:

Art. 170 [...]A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] II – propriedade privada; III –função social da propriedade.

Na Constituição Federal de 1988, a propriedade privada e a função social da

propriedade merecem destaque especial, na medida em que persistem como princípios

prevalecentes da ordem econômica, também, encontram-se inseridos no contexto dos direitos

e garantias fundamentais. Assim, tem-se cláusula pétrea de efeito imediato, não podendo,

consequentemente, ser alterada ou revogada.

Aproveitando a abordagem do surgimento e desenvolvimento dos direitos

fundamentais, bem como a internacionalização destes graças à relativização do tradicional

conceito de soberania e a concepção do ente humano enquanto ser internacional destina-se o

presente tópico a análise mais acurada da relativização dos contornos da propriedade.

32

Ao discorrer sobre a sociologia da propriedade, consigna que em todos os tempos, no

estudo das mais diversificadas ciências propriedade é objeto de investigação. Todavia, ressalta

a inexistência de um “conceito inflexível de propriedade” (PEREIRA, 2010, p. 67).

Fosse inflexível o conceito de propriedade, não estivesse consignado à realidade

social em que está inserido, o domínio seria absoluto e as desigualdades ainda mais latentes.

Por via de consequência o “caput” do artigo 1.228 do código civil vigente, que regulamenta

quais são os poderes do proprietário, nega que a propriedade seja absoluta no sentido de que

seu possuidor proprietário não pode dela se utilizar da maneira que lhe aprouver posto que

foram estabelecidos limites.

Para Pereira (2010, p. 67). “muito erra o profissional que põe os olhos no direito

positivo e supõe que os lineamentos legais do instituto constituem a cristalização dos

princípios em termos permanentes, ou que o estágio atual da propriedade é a derradeira”.

Muito pelo contrário, consoante mencionado nas considerações preambulares, em razão das

constantes, e ressalte-se indubitáveis, transmutações que se dão pela contínua interpenetração

dos diversos níveis de realidade no entender de Grau a concepção de propriedade sofre

modificações dentro do contexto socioeconômico, político-cultural e religioso em que está

inserida. Nesta tônica, segundo entender de Monteiro, atualizado por Maluf, “nos primórdios

da civilização o domínio era coletivo”. (MONTEIRO, 2003, p.80). Na percepção de Venosa

(2009, p. 158) “essa situação nos tempos primevos facilmente se explica pelas condições de

vida do corpo social de então”.

De todo modo, independentemente se por questões ideológicas ou político-

econômicas, é fato que vige no ordenamento jurídico internacional, em razão dos motivos

explanados no tópico antecedente, a primazia da função social da propriedade, cuja

importância do cumprimento será abordada em capítulo pertinente. Isto implica dizer, e não

poderia ser diferente, que está presente no ordenamento jurídico brasileiro.

Há até quem acredite que a priorização do coletivo em detrimento do individual é

tamanha que o Estado acaba por se transformar em um inveterado intervencionista.

Nesse sentido são dizeres de Maria Helena Diniz;

No direito moderno, o primado do interesse coletivo ou público vem influindo sobremaneira no conceito de propriedade. As medidas restritivas ao direito de propriedade, impostas pelo Estado em prol da supremacia do interesse público, vêm diminuindo o exercício desse direito. De modo que os princípios gerais de direito como os da igualdade das propriedades e repressão ao abuso do direito foram sendo aplicados tão amplamente que o domínio passou a encontrar neles restrições cada vez mais fortes, acarretando o seu enfraquecimento interno e a consolidação da política de intervenção estatal (DINIZ, 2007, p. 251).

32

Veja que no dizeres se refere a propriedade, e seguindo o ordenamento pátrio

observam-se essas limitações. No entanto, deve ser visto com cautela o posicionamento

supramencionado. Os artigos 1° e 3° da Constituição Federal ao preverem, respectivamente,

dentre os fundamentos da República, a dignidade da pessoa humana, e dentre os objetivos a

erradicação da pobreza, marginalização e redução das desigualdades sociais e regionais, além

de estabelecer em suas entrelinhas a incorporação dos ditos direitos de solidariedade,

comprometem-se com o povo a garantir-lhes esse direito.

Deste modo, principalmente no tocante ao aspecto econômico, se a intervenção

estatal é a medida que se mostra efetiva na garantia do cumprimento do direito de propriedade

deve ser aplicada. Contudo, a fim que haja equilíbrio deve-se buscar quanto é limitado o

direito ao domínio que comprometa o desenvolvimento econômico.

2.3 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE PROPRIEDADE

A Constituição Federal de 1988, observando os limites impostos pelo direito natural,

determinou a propriedade como direito fundamental em que estabelece aos brasileiros e

estrangeiros a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a

propriedade. No caso da propriedade o direito que lhe é garantida, também poderá lhe ser

limitado, onde o Estado utiliza a aplicação do princípio da supremacia do interesse público

ou finalidade pública, em face da limitação do direito individual.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:[...]XXII – é garantido o direito de propriedade;XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;XXIV – a lei estabelecerá procedimentos para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta constituição.

A propriedade e a sua função social estão expressas no capítulo dos Direitos e

Deveres Individuais e Coletivos onde está disposto sob o título Dos Direitos e Garantias

Fundamentais, sendo os direitos limitados devido a para atender a sua função social.

Para Evandro Paes Barbosa, corrobora no sentido das condições limitativas:

32

A Própria lei não pode desfigurar a proteção constitucional da propriedade ou estabelecer casos de perda, limitação ou restrição que a norma constitucional não preveja. Com mais forte razão, não o podem fazer o decreto, a portaria, a sentença judicial ou o intérprete. As limitações ao direito de propriedade são excepcionais e, por isso, não podem ser ampliadas por normativos infraconstitucionais. Os atos

infraconstitucionais apenas podem regulamentar o que a Constituição substancialmente dispôs. Não se pode admitir que a lei ordinária, a sentença judicial ou mesmo a interpretação do cientista do direito possa suprimir ou aniquilar o direito fundamental de propriedade, alargando os casos de limitação, restrição ou perda do direito de propriedade, estabelecidos pelo Texto Supremo (BARBOSA, 2007, p. 33).

Veja que o autor corrobora com que a Constituição estabeleça limitações ao direito

de propriedade. Isso porque, conforme descrito no item anterior, apesar de ser um direito

natural que demanda observação até mesmo pelo poder constituinte original, o direito de

propriedade não é absoluto e pode sofrer limitação buscando afastar o uso nocivo.

Nesse sentido, Pedro Lenza:

Esse direito não é absoluto, visto que a propriedade poderá ser desapropriada por necessidade ou utilidade pública e, desde que esteja cumprindo a sua função social, será paga justa e prévia indenização em dinheiro (Art. 5º, XXIV). Por outro lado, caso a propriedade não esteja atendendo a sua função social, poderá haver a chamada desapropriação-sanção pelo Município com pagamentos em títulos da dívida pública (Art. 182, § 4º, III) ou com títulos da dívida agrária, pela União Federal, para fins de reforma agrária (Art. 184). [...] Lembramos, também, as limitações administrativas, as servidões e a expropriação, esta última, no caso de glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas, sendo destinadas aos assentamentos de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei Art. 243 (LENZA, 2012, p. 766).

A disposição da propriedade está no rol taxativo dos direitos reais, artigo 1225 “São

direitos reais: I - a propriedade;” do Código Civil, onde em se tratando de imóvel constituído,

ou transmitido por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de

Imóveis. O artigo 1.228 do Código Civil, ao se referir ao proprietário, afirma que este “tem a

faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que

injustamente a possua ou detenha”.

Nesse sentido Virgílio Afonso da Silva (2014, p. 197) afirma que “restrições a

direitos fundamentais que passam no teste da proporcionalidade não afetam o conteúdo

essencial dos direitos restringidos”.

A legislação ordinária, regulamentando o texto magno, introduz o conceito de direito

real. É mandatório definir os contornos de direito real, para definir propriedade. Direito real

32

pode ser definido como o direito que afeta a coisa direita e imediatamente em todos ou certos

aspectos e a segue em poder de quem quer que a detenha.

A simples definição de direito real não é suficiente para determinar o conceito de

propriedade.

40

A propriedade é um direito real, mas nem todo direito real é propriedade. Resta

diferenciar a propriedade dos demais direitos reais.

A diferenciação acima proposta está no artigo 1.228 do Código Civil atual, que

apesar de tratar do proprietário, estabelece, na verdade, os contornos específicos da

propriedade.

Segundo o Código Civil vigente, o direito de propriedade permite usar, gozar e

dispor da coisa, bem como o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a

possua ou detenha.

Assim a propriedade disposta como elemento fundamental para assegurar a

existência digna, ligada ao elemento econômico da faculdade de usar, gozar e dispor, posto

que desta é que o proprietário obtém vantagens econômicas.

2.4 A FUNÇÃO SOCIAL E A RELATIVIZAÇÃO DE PROPRIEDADE AO

SOCIOAMBIENTAL

A propriedade foi tema de tensões sociais e econômicas, instabilizando relações

jurídicas, causando conflitos entre as pessoas e estas com o Estado, ou seja, possui

repercussões em todas as esferas sociais.

A função social da propriedade, mencionada pela primeira vez no texto

Constitucional de 1967, assume papel de destaque na Constituição Cidadã de 1988, estando

previsto no artigo 5º, XXIII, o qual assegura a função social da propriedade, e no artigo 170,

III, como princípio geral da ordem econômica nacional. Também é mencionado em

dispositivos relativos à política urbana, quando o artigo 182, §2º, define que “a propriedade

urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da

cidade expressas no plano diretor”.

A Constituição Federal de 1988 trouxe inserido no artigo 5º o direito de propriedade

em sentido amplo “é garantido o direito de propriedade”, mas tratou de limitar tal direito logo

no próximo inciso (XXIV), assegurando a função social da propriedade de forma relevante e

expressa no texto constitucional.

O direito de propriedade, com a Constituição Social, apesar de ser garantia

constitucional, está submetido a um processo de relativização. Como bem diz Manoel

Gonçalves Ferreira Filho (2014, p. 393), “a Constituição não nega o direito exclusivo do dono

sobre a coisa, mas exige que o uso da coisa seja condicionado ao bem estar geral”. O direito

de propriedade, com o passar dos tempos, passou pela necessidade de adaptação do seu

40

exercício aos interesses da coletividade. Atualmente, a propriedade deve atender sua função

social, isto é, o exercício do direito de propriedade deve versar, sempre, sobre o bem comum,

independente de qual seja a propriedade ou o proprietário.

Não estando presente a função social, o próprio direito de propriedade desaparece.

“Isto é, não poderá ser juridicamente considerado proprietário aquele que não der ao bem uma

destinação compatível e harmoniosa com o interesse público”.

Nesse sentido temos:

[o direito de propriedade] ao mesmo tempo em que é regulamentado como direito individual fundamental, revela-se o interesse público da sua utilização e de seu aproveitamento em face aos anseios sociais, inclui, a exemplo das duas últimas Constituições, a função social da propriedade como um dos princípios basilares da ordem econômica no sentido de que representa um dos elementos que garantem a circulação de riquezas (MALUF, 2010, p. 37).

O entendimento é que o regime jurídico da propriedade não fica restrito apenas às

normas de Direito Civil, compreendendo todo um complexo de normas administrativas,

ambientais, urbanísticas, empresariais e, evidentemente, civis, fundamentado nas normas

constitucionais.

Estando a propriedade privada constitucionalmente garantida, sua antiga

característica de direito absoluto, no qual o proprietário poderia livremente usar e dispor ao

seu prazer individual, já não mais prevalece, devendo ser observada, portanto, sua função

social.

O direito de propriedade, por muitos anos, era considerado um dos mais importantes

direitos naturais, presentes nas declarações de direitos da época do surgimento do

constitucionalismo.

Apesar de sofrer restrições, principalmente após a Constituição de 1988, o direito de

propriedade está enraizado no nosso ordenamento. A própria Carta Constitucional garante o

direito de propriedade expressamente (art. 5º, XXII), demonstrando o legislador

constitucional que apesar da necessidade de fixação de limites, “nunca deixará o direito de

figurar como objeto da tutela jurídica”.

Com o passar dos tempos, a propriedade passou a exercer função social e não mais

individual, incidindo uma série de regras legais e administrativas na propriedade privada

urbana e rural com o objetivo de disciplinar o convívio harmonioso dos seus habitantes.

40

Assim, inegável que a propriedade não mais se caracteriza como direito absoluto, como

ocorria anteriormente. Atualmente, o direito de propriedade só se legitima se estiver presente

a função social da propriedade. Se não atender a sua função social, “deve o Estado intervir

para amoldá-la a essa qualificação”.

Nesta esteira, defende-se não apenas a função social, mas também uma função

ambiental da propriedade, estabelecendo regras e limites à exploração da propriedade

assegurando uma postura sustentável, com responsabilidade de preservação para as presentes

e futuras gerações.

Fernanda de Salles Cavedon, abordando o assunto, ensina-nos que:

A Propriedade Privada, absoluta e ilimitada, torna-se incompatível com a nova configuração dos direitos, que passam a tutelar Interesses Públicos, dentre os quais a preservação ambiental. Assim, o Direito de Propriedade adquire nova configuração, e passa a estar vinculado ao cumprimento de uma Função Social e Ambiental. É limitado no interesse da coletividade e a fim de adequar-se às novas demandas de ordem ambiental (CAVEDON, 2003, p.61).

Para que a propriedade goze da tutela constitucional, deve-se priorizar a relação entre

os princípios da ordem econômica estabelecidos constitucionalmente e os relativos aos

direitos e garantias individuais referentes à propriedade, procurando harmonizar as vantagens

individuais e privadas do proprietário e os benefícios sociais e ambientais, que são o proveito

coletivo.

A constitucionalização da proteção ambiental pela Constituição Federal de 1988, por

meio de todo um capítulo dedicado ao meio ambiente, significou um salto de qualidade na

normatividade brasileira e colocou as bases fundamentais do Direito Constitucional

Ambiental por uma opção de ecologização do texto constitucional, adotando um novo

paradigma jus ambiental. A Carta Constitucional incorporou bases primordiais da

sustentabilidade ambiental.

A evolução da normatividade ambiental brasileira teve um longo caminho de

percurso desde uma legislação fragmentada, setorizada e desarticulada, sendo construída

historicamente até firmar as bases e se fortalecer normativamente, resultando em um sistema

jurídico ambiental integrado e articulado.

A Constituição incorporou os princípios fundamentais do Direito Ambiental, tais

como o princípio da precaução, da prevenção, do poluidor-pagador, trazendo ao seu texto a

função socioambiental da propriedade privada, demonstrando a importância dos instrumentos

40

da política ambiental. Na esteira da evolução trazida pela Carta Magna, o Código Civil de

2002, também invoca o direito ambiental e o insere no contexto do direito de propriedade,

como se pode observar no artigo 1228, §1º:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

Necessita-se que o meio jurídico aceite e assuma a ideia da propriedade vinculada à

sua função socioambiental, tendo o papel de destaque nessa transformação, afastando uma

antiga postura conservadora que entende a propriedade como algo individual, cuja vontade e

interesses do particular proprietário se sobrepõe aos interesses da coletividade.

A função social da propriedade, ao ganhar nova conjectura assumindo também papel

na busca pelo meio ambiente ecologicamente equilibrado, e sendo denominada função

socioambiental da propriedade, além de contemplar interesses do proprietário sobre a

propriedade, deve levar em conta interesses coletivos, difusos, dando à propriedade melhor

destinação no que se refere aos interesses sociais e ambientais. Há, a partir daí, a presença

marcante de um novo componente: a necessidade de atendimento também dos interesses das

futuras gerações.

Nesse panorama, a necessidade de mudanças tornou-se imperiosa, com modificações

consideráveis na legislação brasileira e na concepção ambiental das pessoas, tendo em vista

que políticas ambientais relacionadas ao direito de propriedade assumiriam relevância nesse

contexto. A propriedade privada, absoluta e ilimitada, tornou-se incompatível com a nova

configuração dos espaços urbanos e com a nova política ambiental da segunda metade do

século XX, sobrevindo os interesses da coletividade com valores sociais e ambientais do uso

da propriedade.

A função social da propriedade, então, tornou-se ainda mais importante, em virtude

da imposição do poder público na utilização limitada da propriedade privada em face da

preservação ambiental.

A propriedade não mais poderia ser aceita como plena e absoluta, o modelo

considerado ultrapassado. Com a modificação de paradigma ideológico do Estado Liberal

para o Estado do Bem Estar Social e a instauração dos processos democráticos, a Constituição

40

de 1988 trouxe o princípio da função social da propriedade como pressuposto estrutural do

exercício do direito de propriedade.

A inclusão da temática ambiental de forma consistente na Carta Magna,

principalmente através do disposto no Artigo 225, forneceu ao ordenamento jurídico

fundamentos básicos para a compreensão do instituto, e estruturou uma composição para a

tutela dos valores ambientais. A Carta Magna de 1988 reconheceu-lhes características

próprias, desvinculadas do instituto da posse e da propriedade, revelando uma nova

concepção que ultrapassa os tradicionais institutos jurídicos existentes: os chamados direitos

difusos.

A propriedade, que viu suas características principais – absolutista, exclusiva,

perpétua – sucumbir durante sua evolução, principalmente após a segunda metade do século

XX, hoje acompanha a função social e ambiental como alicerce para o correto

desenvolvimento social.

A função social e a preservação do meio ambiente são condições obrigatórias para o

exercício do direito de propriedade, conforme previsto na Constituição Federal e no Código

Civil. Não mais se admite o exercício do direito de propriedade sem a observância desses

preceitos de ordem pública, servindo para limitar a utilização da propriedade privada.

Nesse sentido, Adriana Maluf (2010, p. 56) traz que “as necessidades sociais e

econômicas impostas pela evolução dos tempos refletiram no que concerne ao direito

subjetivo de propriedade, apresentando cada vez mais limitações ao caráter absoluto da

propriedade apresentado por Napoleão”.

Como se vê, as limitações urbanísticas, sendo medidas de interesse público,

alcançam a todos os indivíduos como membros da coletividade, como imposições de ordem

pública. Tais limitações atingem, precipuamente, a habitação (e, invariavelmente, a

propriedade), porque a casa é a semente da povoação. “Quem constrói a casa está construindo

a cidade. Mas a cidade não é do proprietário da casa; é de todos. E sendo de todos há de

predominar o interesse da coletividade sobre o do particular.”

Os interesses da coletividade justificam as limitações urbanísticas que,

consequentemente, atingem à propriedade privada nas cidades, principalmente limitando

aspectos construtivos como área edificável, altura de prédios, estilo das edificações, área

construída e de ocupação dos terrenos, nivelamentos, afastamentos; regulando e fixando

questões acerca de zoneamentos, como área exclusivamente residencial, industrial e

comercial, espaços verdes, sistemas viários, loteamentos. Em suma, o interesse social e, a

40

partir da Constituição Federal de 1988, o interesse ambiental, norteiam as análises da

utilização da propriedade privada no meio ambiente urbano, buscando o meio ambiente

equilibrado, mesmo que para isso a propriedade privada precise ser relativizada.

Demonstra-se, desta forma, conforme bem explica Adriana Maluf, que,

(...) a natureza jurídica das limitações ao direito de propriedade como uma subordinação do direito de propriedade privada ao interesse precípuo da

coletividade, advinda de normas de direito público e de direito privado e que aparecem de forma mais corriqueira como obrigações positivas ou obrigações de fazer, formulando imposições que apontam para o dever de utilizar o bem visando sempre o interesse público (MALUF, 2010, p. 105).

O Estado traça planos que interferem diretamente no exercício de propriedade,

regulando uso e ocupação do solo, edificações e o direito de construir, desenvolvimento

urbano, espaços verdes. Constituído um direito real limitado, o direito de propriedade não se

destrói, não acaba, apenas se limita por força da constituição de outros direitos que atingem a

coisa, visando o bem da coletividade.

Nesse contexto, traz-se as escritas de Orlando Gomes,

A despeito, porém, de ser um conceito geral, sua utilização varia conforme a vocação social do bem no qual recai o direito –conforme a intensidade do interesse geral que o delimita, e conforme a sua natureza na principal rerum divisio tradicional.(...) Essa política intervencionista compreende técnicas que encontram apoio na necessidade de defender os chamados interesses difusos, como é o caso da proteção do ambiente, ou de restringir certas faculdades do domínio até o ponto de desagrega-las, como já aconteceu em algumas legislações, com o direito de construir. Essas técnicas também são aspectos da modernização do direito de propriedade, mas aspectos distintos de sua concepção finalística, limitações, vínculos, ônus, comprimem a propriedade porque outros interesses mais altos se alevantam, jamais porque o proprietário tenha deveres em situação passiva característica (GOMES, 2012, p. 123-124).

O Estado necessita exercer sua função ao relativizar o direito de propriedade,

intervindo nessa garantia constitucional para que o meio ambiente urbano seja respeitado e a

coletividade possa usufruir de uma qualidade de vida digna.

Assim, um meio ambiente harmônico nos centros urbanos só existirá se houverem

limitações à propriedade, principalmente a propriedade privada, com restrições impostas ao

direito de construir, conforme traz-nos José Afonso da Silva (2010, p. 307) ao afirmar que “a

definição do modelo de assentamento urbano permite a intervenção da municipalidade no

sentido de impor às construções tipos adequados à paisagem urbana”.

40

Além disso, a contribuição dos espaços verdes, seja em área pública ou privada, é

imensurável quando se trata de saúde e qualidade de vida das pessoas. “Os espaços verdes nas

cidades têm um efeito sanitário, servem como um limite para o crescimento

desenfreado,representam também uma necessidade biológica para seus habitantes”(MALUF,

2010).

Essa limitação exercida na propriedade deve servir para uma efetiva preservação do

meio ambiente urbano equilibrado, mesmo que interesses financeiros de grandes corporações

sejam atingidos. Necessário se faz, desta forma, uma análise na atuação dos órgãos de

fiscalização do poder público local para verificar se a propriedade urbana está sendo

relativizada na busca por um meio ambiente equilibrado, mesmo quando se tratar de

interesses com alto poder de investimento financeiro.

A limitação ao direito de propriedade, assegurando que a propriedade seja utilizada

de acordo com sua função socioambiental, não permitindo a exploração sem observar

preceitos socioambientais, visa a preservação do meio ambiente. O próprio direito de

propriedade, na atualidade, possui um conceito que resguarda sua utilização de acordo com o

caráter coletivo, sob pena da propriedade perder sua legitimação no ordenamento

jurídico.Nesse sentido, brilhante o raciocínio de Eros Roberto Grau, quando traz que:

(...) a propriedade dotada de função social, que não esteja a cumpri-la, já não será mais objeto de proteção jurídica. Ou seja, já não haverá mais fundamento jurídico a atribuir direito de propriedade ao titular do bem (propriedade) que não está a cumprir sua função social. Em outros termos: já não há mais, no caso, bem que possa, juridicamente, ser objeto de direito de propriedade (GRAU, 2003, p. 299).

A propriedade, ao assumir caráter socioambiental, exerce papel fundamental na

preservação do meio ambiente, principalmente quanto à preservação de impactos ambientais

urbanos. O direito de propriedade atual não aceita a sua utilização sem submeter-se às

questões coletivas, bens jurídicos difusos. E, estando a exploração da propriedade na

iminência de impactar o meio ambiente, imperioso será a relativização de tal direito,

limitando-se a exploração da propriedade.

Apesar dos textos constitucionais, em sua maioria, mencionarem a cogência do Poder

Público de desapropriar bens particulares, por exigência do bem público, não se confunde

com o princípio da função social da propriedade. O poder de desapropriar incide sobre bens

que cumpram a sua função social, desde que haja a prévia e justa indenização. A

desapropriação não possui natureza jurídica de sanção, pena imposta ao proprietário,

40

configura-se no exercício de um poder estatal que se justifica pela necessidade pública

eventualmente existente.

A desapropriação é limitação pública do caráter absoluto da propriedade, possibilita

a transferência compulsória do domínio privado para o patrimônio do poder público ou de

seus órgãos. Assim, quando o proprietário de um imóvel urbano não utiliza, deixando-o sem

aproveitamento, sem edificação, subutilizado ou não utilizando, poderá ser obrigado a

cumprir a finalidade social, podendo o Município valer do parcelamento ou edificação

compulsória, instituir IPTU (Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbano),

Progressivo no tempo, e até mesmo desapropriá-lo. Rege-se a intervenção na propriedade

particular denominada desapropriação-sanção, nos artigos 182, § 4º, incisos I, II e III, e 184,

aplicáveis somente aos imóveis rurais que não estejam cumprindo a função social que lhes

caberia. Para essa espécie de desapropriação, o pagamento da indenização será efetuado em

títulos da dívida pública, neste caso ao imóvel urbano, sendo os títulos de emissão

previamente aprovada pelo Senado Federal e não em pecúnia.

2.5 LIMITAÇÕES IMPOSTAS PELO ESTATUTO DA CIDADE E O PLANO DIRETOR

Para que as cidades atinjam sua função social, entregando a sua população os

elementos básicos para seu bem-estar, como habitação, trabalho, recreação e mobilidade,

assim como possa seu desenvolvimento ocorrer de forma coerente, ordenada, sem

degradação, possibilitando uma vida digna para todos como prevê o ordenamento

constitucional, cabia ao legislador a regulamentação desses preceitos que se deu pela Lei

10.257, de 10.7.2001, intitulada Estatuto da Cidade, que regulamenta os artigos 182 e 183 da

Constituição Federal, prescrevendo diretrizes gerais para a política urbana, visando o bem

estar da sociedade no município:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em Lei tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º - O plano Diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º - É facultado ao Poder Público Municipal, mediante Lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da Lei Federal, do proprietário do solo

40

urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Art. 183 - Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

O Estatuto fornece uma base estrutural a ser utilizada em matéria urbanística, como a

questão ambiental encontra-se ligada intimamente ao desenvolvimento urbano pois, como

sabido, os grandes centros urbanos são acometidos por graves problemas relativos ao meio

ambiente, tais como a poluição do ar, da água, a poluição visual, sonora, problemas

originados, em grande parte, pela ausência de preservação de áreas verdes e áreas destinadas

ao lazer.

O Estatuto da Cidade é uma lei ordinária e de caráter nacional, limitando a regular

diretrizes gerais, cabendo ao Município cumprir a suas necessidades locais e idealizar a

construção de políticas públicas para reformas urbanas com a aplicabilidade de instrumentos

capazes de promoveram as inclusões social e territorial nos municípios nacionais,

ponderando, portanto, os elementos econômicos, sociais, urbanos, ambientais, entre outros. A

esse respeito, João Aparecido Bazolli, afirma que:

O Estatuto da Cidade cria instrumentos de gestão e sugere diretrizes norteadoras para ações concretas relativas à política urbana. Por previsão constitucional e desse novo marco regulador, ficam instituídas garantias ao direito às cidades sustentáveis, que devem ser entendidas como: o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte urbano coletivo, aos serviços públicos com qualidade, ao trabalho e ao lazer. Para fortalecer a gestão pública, o Estatuto propõe um conjunto de diretrizes, estabelecidas por: cooperação entre o poder público e a iniciativa privada e demais setores da sociedade no processo de urbanização; a justa distribuição dos benefícios e dos ônus do processo de urbanização, com a finalidade de dar sustentabilidade às cidades. Esse processo tem como objetivo sensibilizar a geração presente para a preservação do meio ambiente como garantia do uso do espaço urbano também pelas gerações futuras (BAZOLLI, 2007, p. 75).

A função urbanística é primordialmente exercida no âmbito municipal, por meio dos

planos de desenvolvimento urbano, em forma de planos diretores, que instituem regras para o desenvolvimento físico das cidades, vilas e demais núcleos urbanos do Município.

40

Estabelece o Estatuto normas de ordem pública e interesse social, sendo as principais

limitações ao direito de propriedade dispostas no artigo 39 e seguintes, que cuidam do Plano

Diretor.

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei. Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. § 1º O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. § 2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo. § 3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos. § 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão: I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade; II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos; III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.

O Plano Diretor consubstancia a vida na cidade, buscando ordenar seu crescimento e

seus vazios urbanos, e evitar conflitos sociais, planejar seu desenvolvimento habitacional,

comercial e industrial, recuperar áreas deterioradas, instituindo vias de tráfego que facilitem a

circulação de veículos, por fim, busca dirigir os destinos do município, com o escopo de criar

condições para uma cidade sustentável.

À luz do artigo 182, parágrafos 1º, 2º e 4º, da Constituição Federal, o plano diretor

assume a função de instrumento básico da política urbana do Município, objetivando ordenar

o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus

habitantes. O citado parágrafo primeiro dispõe que: “o plano diretor, aprovado pela Câmara

Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico

da política de desenvolvimento e de expansão urbana”.

Portanto, a política urbana deve-se valer obrigatoriamente de um plano previamente

estabelecido, que é o plano diretor. Tal plano tem caráter facultativo para as cidades com

população inferior a vinte mil habitantes, sendo obrigatório para as demais. Para as cidades

que não possuem plano diretor, as constituições estaduais prescrevem que os municípios

devem elaborar diretrizes gerais para a ocupação do território, por meio de leis que garantam

as funções sociais da propriedade e da própria cidade.

40

O parágrafo 2º do artigo 182 da Constituição Federal de 1988, dispõe, que “a

propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de

ordenação da cidade expressas no plano diretor”.

Ressalta-se que o legislador indica que a função social da propriedade urbana

somente estará atendida se houver obediência às disposições contidas no plano diretor,

considerado o instrumento básico pelo qual os municípios definirão suas metas a serem

alcançadas, suas regras básicas, suas diretrizes e normas de desenvolvimento urbano.

Diante do descumprimento das deliberações ali contidas, sujeita-se o proprietário à

penalidades, tais como: o parcelamento e utilização compulsórios, o IPTU progressivo,

culminando com a desapropriação mediante pagamento em títulos da dívida pública. Enfatiza

o parágrafo 4º do Art. 182 da CF/88 a necessidade de existência de uma lei específica, para a

área incluída no plano diretor, para exigir do proprietário a utilização da sua propriedade de

acordo com o plano diretor, sendo a Lei nº 10.257/2001 responsável por restabelecer

diretrizes gerais da política urbana e, nos seus artigos 39 a 42, dar destaque ao plano diretor.

No artigo 39, o legislador ratifica as funções constitucionais do plano diretor,

ressaltando suas diretrizes gerais e interesses precípuos.

O artigo 40, parágrafo 1º, traz como inovação a inclusão do processo de

planejamento municipal nas leis orçamentárias do Município, submetendo o seu plano

plurianual – planejamento para toda a gestão do administrador ao legislativo, no primeiro ano

de seu mandato; o parágrafo 2º impõe que o plano diretor deve englobar o território do

Município como um todo, não apenas o perímetro urbano, para que a cidade não venha a ser

prejudicada em seu desenvolvimento pela formação de novos núcleos urbanos que tendem a

se desenvolver em sua periferia, provenientes das áreas de expansão urbana; o parágrafo 3º,

prevê a periodicidade da revisão do plano diretor, pelo menos a cada dez anos, para evitar o

desordenamento urbano; o parágrafo 4º valoriza a gestão democrática na elaboração,

fiscalização e implementação do plano diretor, por meio de audiências públicas e debates com

os diversos setores da população, a publicidade dos documentos e informações produzidas.

No artigo 41, tem-se a imposição do plano diretor para as cidades que contem com

mais de vinte mil habitantes, que sejam integrantes das regiões metropolitanas, aglomerações

urbanas ou áreas de especial interesse turístico, assim como, as que estejam inseridas em áreas

de influência de empreendimentos com significativo impacto ambiental a nível regional ou

nacional.

O artigo 42, traz o conteúdo mínimo que deve constar dos planos diretores, assim

como, as regras específicas para seu acompanhamento e controle.

40

O artigo 50, do Estatuto da Cidade comina aos Municípios com mais de vinte mil

habitantes, além das outras supracitadas referências, que não possuem plano diretor que o

façam no prazo de cinco anos.

O plano diretor, como instrumento básico da política urbana, apresenta objetivos

gerais e específicos. Entre os objetivos gerais, encontra-se a ordenação dos espaços

habitáveis, implementando a vida nas cidades. Entre os objetivos específicos, estes abrangem

a reurbanização de um bairro, o alargamento de via pública específica, a construção de casas

populares, a construção de rede de esgotos, o zoneamento, o arruamento, o loteamento, entre

outros. O processo de planejamento das diretrizes municipais é vital para o desenvolvimento

urbano, devendo a prefeitura elaborar planos estritamente adequados à realidade do

Município, considerando as reais necessidades de sua população;os planos devem ser

exequíveis, ou seja, passíveis de serem executados pela prefeitura diante dos recursos

financeiros, técnicos e humanos disponíveis; deve visar a harmonia das realidades rurais e

urbanas do Município, realizando um desenvolvimento local coeso; importante levar em

consideração a realidade regional e o acesso às informações disponíveis de modo a assegurar

a participação efetiva da população em todas as fases do planejamento municipal, como

disposto no artigo 29, X, da Constituição Federal.

Para Silva (2010, p. 136) “a aceitabilidade, a exequibilidade, a viabilidade e a

sensibilidade são, os caracteres de um bom plano”.

No que tange à propriedade privada, as normas do plano diretor fixam os limites e o

âmbito de sua aplicação, ponderam o impacto das novas construções no meio ambiente e no

tráfego, buscam a persecução da função social da propriedade e, de forma mais ampla, a

função da própria cidade, no escopo em que ordena o desenho desta, o traçado de suas ruas, a

distribuição das edificações, a valorização da memória popular, integrando os setores físico,

econômico, social e administrativo, determinando os objetivos a ser alcançados, o prazo para

tal alcance, as atividades a serem desenvolvidas e por qual órgão competente, procurando

evitar o uso inadequado dos imóveis urbanos.

Quando aprovado o plano diretor pela Câmara Municipal e criada a lei específica

para a área nele incluída, torna-se norma jurídica, prescrevendo regras que o proprietário

deverá obedecer, diante das exigências do Poder Público, promovendo a melhor utilização da

propriedade urbana, sob pena de incidir nas sanções do artigo 182, § 4º da Constituição

Federal.

Como forma de intervenção na propriedade imobiliária urbana, o plano diretor é uma

espécie de restrição urbanística, face o seu caráter de lei geral e abstrata aplicada a toda a

40

coletividade.

Nesse sentido José Afonso da Silva leciona o as limitações à no que tange às áreas

não edificaveis;

As limitações à propriedade privada operam imediatamente, quer quanto às obrigações de não-fazer, como exemplo a regra non aedificandi, referente às áreas declaradas não-edificáveis, quer quanto às obrigações de fazer, como na definição de área em que o Poder Público Municipal, mediante lei específica, poderá exigir, nos termos de lei federal, que o proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado promova seu adequado aproveitamento, sob pena de parcelamento ou edificação compulsórios (SILVA, 2010, p. 146).

Neste sentido do autor relaciona as áreas não edificáveis será aplicado mediante lei

específica, em que o Estatuto da Cidade estabelece as diretrizes gerais para a política urbana,

para a administração das cidades, buscando, dentro do possível, tornar a cidade um modelo

sustentável, ou seja, passível de fornecer aos seus habitantes condições adequadas de

habitabilidade, possibilitando-lhes uma vida digna, com acesso aos bens indispensáveis ao

bem-estar como a moradia, o saneamento básico, o transporte, a educação, o lazer, a memória

popular. Nesse intuito, o Estatuto limita, por meio de seus instrumentos urbanísticos, a

liberdade de atuar do particular em benefício da coletividade impondo-lhes limitações ao uso

da propriedade.

Já o Plano Diretor, por outro lado, apresenta-se como instrumento basilar, por meio

do qual os objetivos preconizados pela administração serão concretizados. Atualmente, seria

impossível imaginar o desenvolvimento das cidades e por consequência, o seu crescimento,

sem um instrumento de planejamento prévio que lhe sirva de norte.

40

3 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ANÁLISES SISTEMÁTICA DO IPTU

PROGRESSIVO COM ÊNFASE NO MUNICÍPIO DE PALMAS – TO.

3.1 BREVE HISTÓRICO DO IPTU

Nesse diapasão histórico, temos que a tributação sobre a propriedade de imóveis no

Brasil nasceu da denominada “décima urbana” ou impostos sobre prédios. Provém, a

princípio, a tributação incidia apenas sobre os prédios urbanos presumivelmente habitáveis.

Na Constituição de 1891 (Art. 9°, item 2°), o IPTU, que nessa época era de

competência dos estados, passou a incidir sobre imóveis, edificados ou não, urbanos ou rurais.

Na Lei Fundamental de 1934, dois foram os impostos urbanos outorgados ao município: o

territorial e o urbano, restando o imposto territorial urbano à competência da União.

Nesse sentido escreveu o autor:

Já se tornou uma tradição em nosso país a timidez com que o legislador constituinte trata o Município em matéria de repartição do poder de tributar. Desde a Carta Política de 1934, quando, pela primeira vez, o Município foi contemplado na discriminação das rendas tributárias, tem sido atribuído a essa entidade política apenas um imposto de expressão financeira: o imposto predial e territorial urbano. Isso, de certa forma, tem afetado o exercício pleno da autonomia político-administrativa do Município (HARADA, 2018, p. 498).

Tal divisão manteve-se com a Constituição de 1937, sendo a propriedade territorial

tributada pelos estados, e a predial urbana, pelos municípios.

A partir da Carta Política de 1946 estabeleceu-se a previsão de um único imposto, de

competência dos municípios instituindo-se o IPTU. Sendo mantida pela Constituição Federal

40

de 1988. E com a Emenda Constitucional nº 29/2000, de 13 de setembro de 2000, alterou a

redação do artigo 156 da Carta Magna, de forma que aquela jurisprudência que vinha sendo

pacificada a seu respeito tornou-se superada.

Assim, com a modificação do artigo 156, inciso I, da CRFB/1988, é entendimento de

haver progressividade fiscal em razão do valor venal do imóvel como forma de realização do

princípio da capacidade contributiva. Esse entendimento sustenta a em estabelecer o IPTU

progressivo com base na diferenciação técnica entre impostos pessoais e impostos reais, sendo

o IPTU de caráter real. No entanto, também poderá ser tido por extrafiscal quando se utilizar

da progressividade no tempo que lhe é facultada pelo disposto no Art. 182, § 4°, II, ou pelo

que dispõe o Art. 156, § 1°, II, ambos da CRFB/1988.

Atualmente, como já preceituado, a Constituição Federal de 1988 atribui

competência tributária aos municípios e ao Distrito Federal, nos termos do que dispõem,

respectivamente, os Arts. 156, I, e 147.

Quanto ao último aspecto, a finalidade e função do IPTU é preponderantemente

fiscal, destinando-se a receita obtida aos municípios e ao Distrito Federal, seja por meio de

sua previsão ordinária, seja pela progressividade fiscal disciplinada, atendendo de forma geral

a constitucional política urbana.

3.2 IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA - IPTU

O IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - tem previsão

constitucional no Art. 156, I, e encontra-se disciplinado nos Arts. 32 a 34 do Código

Tributário Nacional (CTN). É um imposto que compete exclusivamente aos municípios e ao

Distrito Federal.

A Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade), dispõe, igualmente, de

normas (Arts. 7° e 8°) que tratam do tributo em comento.

Tendo em vista a competência municipal para a regulamentação do tributo em

análise, cada município e o Distrito Federal deverão editar leis ordinárias para sua instituição

e cobrança. Sendo assim fato que o poder de isentar, sendo correlato ao poder de instituir o

tributo, implica que o IPTU só poderá ser isento por uma lei ordinária editada pelo município

competente. No município de Palmas - TO, a tributação do IPTU encontra-se disciplinada nos

Arts. 04 a 25 da atual Lei Complementar Municipal n° 285, de 31 de outubro de 2013, (que

institui o novo Código Tributário do Município de Palmas – TO e adota outras providências).

40

Em que pese não existir, nos dias atuais, qualquer território federal, a Carta Magna

disciplina, no seu Art. 147, a competência em relação aos impostos nesse ente federativo.

Portanto, caberá à União os impostos estaduais e, se o território não for dividido em

municípios, cumulativamente, os impostos municipais, como o IPTU.

É importante destacar que o IPTU é um imposto que além da propriedade (imóveis

edificados) inclui, também, terrenos de modo geral (imóveis não edificados). E, diante disso,

a lei garante que o município pode estabelecer alíquotas diferentes para imóveis edificados e

os não edificados. Pode também determinar alíquotas variadas para imóveis não edificados,

levando em consideração a localização (MACHADO, 2014). Nesse sentido Hugo de Brito

Machado Segundo (2018, p. 311) diz, “Note-se que, embora a Constituição atribua à

competência e o CTN sobre ela trace normas gerais, será o Município (ou o DF), através de

lei específica, que deverá instituir esse imposto”.

O IPTU, por sua vez, é puramente fiscal, ou seja, sua função principal é obter

recursos financeiros para o município. Porém nos dias de hoje, a maioria dos impostos

também possui uma característica extrafiscal.

No entanto, no caso do IPTU, a extrafiscalidade tem como função estimular os

proprietários a construir edificações em terrenos não edificados, pois a não edificação

prejudica de maneira geral o crescimento das cidades. É por esse motivo que algumas cidades

adotam a progressividade extrafiscal do IPTU, prevista no Art. 182, § 4º, II, da CF/1988,

quanto mais tempo mantida a situação agressiva à finalidade social da propriedade, maior será

a alíquota aplicável no lançamento do IPTU, tendo como objetivo aumentar as alíquotas a

serem pagas e, assim, estimular o proprietário promover a função social da propriedade.

A hipótese se encontra regulada pelo Estatuto da cidade Lei nº 10.257/2001, que

prevê como consequência do descumprimento das condições e prazos para o parcelamento, a

edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não

utilizado a aplicação do IPTU progressivo no tempo, pelo prazo de cinco anos consecutivos,

mediante lei municipal específica determinará a alíquota do IPTU aplicável a cada ano, e que

a mesma não exceda duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota

máxima de 15%, caracterizando, logo, a extrafiscalidade do tributo.

3.3 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GERAIS DO IPTU

40

O IPTU tem por característica ser um imposto direto, ou seja, quando é o próprio

contribuinte, de fato e de direito, quem recolhe diretamente aos cofres públicos do município.

Só que o imposto progressivo aquele em que a alíquota aumenta em relação ao valor do

objeto a ser tributado, o seu aumento se dá em conformidade com a capacidade econômica do

contribuinte, como, por exemplo, o Imposto de Renda de Pessoas Físicas e Jurídicas –

IRPF/IRPJ e o próprio IPTU.

A primeira características primordial é a fiscal: A função primordial consiste na

arrecadação de recursos para os municípios e para o Distrito Federal, seja por meio de sua

previsão ordinária (Art, 156, I, CF/1988), seja por meio de sua progressividade fiscal,

elencada no inciso I do § 1º do Art. 156 da Constituição Federal de 1988.

A segunda característica primordial e a Direto: o critério econômico da repercussão

define se o tributo deve ser tido por direto ou indireto.

Assim o ônus econômico recai diretamente e de forma definitiva sobre o

contribuinte, que é o proprietário, titular do domínio útil ou possuidor com animus domini

em relação ao imóvel. A Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, que dispõe sobre a locação

de imóveis urbanos e disciplina os procedimentos a ela inerentes, permite que o locador,

proprietários do imóvel, transfira para o locatário o adimplemento do IPTU.

Contudo, no âmbito do direito tributário, tal contrato não poderá alterar a definição

de sujeito passivo, uma vez que a implementação da ressalva contida no Art. 123 do CTN

deve ser oriunda de lei tributária, o que não vislumbra na lei em comento.

Nesse sentido, e nos termos da Súmula nº 399 do Superior Tribunal de Justiça (STJ),

“cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU”.

Segue a característica Real: sua instituição e cobrança ocorrem em razão do fato

gerador objetivamente considerado, abstraindo-se, em tese, a capacidade econômica do

contribuinte. Isso equivale a dizer que se leva em consideração a coisa objeto da tributação, e

não as características pessoais de seu titular. A esse respeito, merecem menção as Súmulas nº

539 (STF): “É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre

imóvel ocupado pela residência do proprietário que não possua outro”; Súmula nº 589 (STF):

“É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e territorial urbano

em função do número de imóveis do contribuinte”; e Súmula nº 668 (STF): “É

inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional

29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da

função social da propriedade urbana”.

40

Em sentido contrário ao que até agora foi exposto, destaca-se a posição de Sacha

Calmon Navarro Coelho (2012, p. 541), que sustenta ser o IPTU um imposto pessoal, “pois

incide sobre o direito de propriedade de contribuinte, medindo sua capacidade econômica”.

A atribuição de características pessoais a um tributo real, por decorrência da teoria da

personificação do imposto, não descaracteriza sua natureza real. É o que se constata em

algumas leis municipais que concedem isenção de IPTU aos deficientes físicos.

Em diante temos a característica do não vinculado: nos termos do que dispõe o Art.

16 do CTN, o fato gerador que lhe dá origem consiste em uma situação independente de

qualquer atividade específica por parte do Estado em relação ao obrigado. Isso equivale a

dizer que sua obrigação tem como fato gerador um fato exclusivamente do indivíduo.

A característica de incidência monofásica: o fato gerador do imposto refere-se à

propriedade, ao domínio útil ou à posse do imóvel localizado dentro da região urbana, sendo a

situação que dá origem à tributação estável e permanente.

E por fim temos a característica referente ao Continuado: há uma grande divergência

terminológica envolvendo a classificação dos fatos geradores. Segundo Luciano Amaro, o

fato gerador do IPTU é continuado, pois é;

representado por situação que se mantém no tempo e que é mensurada em cortes temporais. Esse fato tem em comum com o instantâneo a circunstância de ser aferido e qualificado para fins de determinação da obrigação tributária, num determinado momento do tempo (por exemplo, todo dia x de cada ano); e tem em comum com o fato gerador periódico a circunstância de incidir por períodos de tempo (AMARO, 2014, p. 280).

Cabe a lei municipal instituidora do imposto em comento fixar uma data ficta para

que se tenha por ocorrido o fato gerador, com espeque no § 2º do Art. 144 do CTN.

Com todas há essas características gerais do IPTU, conclui-se que a principal

finalidade é a função do IPTU é preponderantemente fiscal, destinando-se a receita obtida aos

municípios e ao Distrito Federal, seja por meio de sua previsão ordinária (Art. 156, I,

CF/1988), seja pela progressividade fiscal disciplinada no inciso I do § 1º do Art. 156 da

CF/1988.

3.4 A POLITICA URBANA COM DINÂMICA AO IPTU PROGRESSIVO

40

Conforme já abordamos as limitações do Estatuto da Cidade e o Plano diretor, Certo

é que os Municípios se adéquam aos três instrumentos – PEUC, IPTU Progressivo no tempo e

a Desapropriação Sanção, dispostos no Estatuto da Cidade que determinam o cumprimento da

função social da propriedade urbana, sendo que neste subitem abordaremos sobre a

Progressividade do IPTU na legislação brasileira.

Assim se o Município não exercer a regulamentação de instituir IPTU progressivo,

através de lei municipal o imposto não terá sua eficácia de progressivo. Não poderá ser

progressivo, na sistemática do artigo 156 § 1º, incisos I e II, no imposto predial, nem no

imposto territorial urbano conceituado no Art. 182 § 4º da Constituição Federal.

A progressividade do imposto territorial urbano e do imposto predial caracteriza a

sua sanção ao não cumprimento da função social da propriedade, a partir da Constituição

Federal de 1988.

Nesse sentido Evandro Paes Barbosa ( 2007, p. 97), leciona sobre sanção dos atos:

O Art. 3º do CTN estabelece como um dos requisitos do tributo o fato de que “não constitua sanção de ato ilícito”. Todo tributo somente decorre da existência de ato

lícito. Assim, no sistema tributário nacional, temos “ser proprietário de imóvel”, “industrializar produtos”, “auferir rendas”, etc (BARBOSA, 2007, p. 97).

Isto esclarece que, na progressividade do IPTU, é que o ilícito é sancionado pela

ordem jurídica em que a propriedade não desempenhou a função social. Mas, o fato a ser

tributado é lícito, ser proprietário de bem imóvel.

Com a Emenda Constitucional nº 29/2000, ficou no entendimento que existem três

espécies de progressividade do IPTU, autorizadas pelo Texto Supremo, sendo a primeira o

Art. 182 § 4º, inciso II, denominada como progressividade no tempo; a segunda espécie com a

Emenda Constitucional nº 29/2000, o Art. 156 § 1º, inciso II, sendo a progressividade de

acordo com a localização e o uso do imóvel; e a terceira do Art. 156 § 1º, inciso I, que

autoriza a progressividade em razão do valor também autorizada pela referida Emenda.

Conforme artigo 156 da Constituição Federal, a competência tributária para instituir

o tributo e dos municípios e do Distrito Federal. São esses entes, os sujeitos ativos da

obrigação.

Observando o arquétipo constitucional, criou-se o conceito de valor venal, para fins

de incidência do IPTU. O valor venal é o valor patrimonial atribuído ao imóvel para fins

fiscais. Para Kiyoshi Harada (2018, p. 505), é “aquele preço que seria alcançado em uma

40

operação de compra e venda, à vista, em condições normais do mercado imobiliário,

admitindo-se a diferença de até 10% para mais ou para menos”.

Verifica-se que o conceito de valor venal tem como ponto fulcral a fixação de um

valor que corresponda ao valor médio de mercado do bem. E pretende-se evitar que

movimentos especulativos do mercado imobiliário afetem a base de cálculo, de forma a

impedir que a incidência do tributo tenha como base de cálculo um valor irreal.

Assim provém explanar sobre a alíquota aplicável ao IPTU. A alíquota do IPTU, em

termos gerais, não apresenta peculiaridades em relação ao conceito de alíquota já apresentado.

A alíquota do IPTU é um percentual aplicável sobre a base de cálculo. Contudo, há

um aspecto relevante da alíquota do IPTU que merece tratamento apartado. Trata-se da

alíquota progressiva com fins meramente arrecadatórios. Isto é, que não busca impor a função

social do imóvel.

A alíquota progressiva do IPTU inserida a Carta Magna de 1988, em sua redação

original, estabeleceu, no artigo 156, o arquétipo constitucional do IPTU. Não houve nenhuma

referência à possibilidade de alíquotas progressivas em função do valor do imóvel, vale dizer,

para fins arrecadatórios.

Ainda na redação original, o Art. 182, § 4º, inciso II, do texto magno, estabeleceu a

possibilidade de alíquotas progressivas do IPTU para fins de cumprimento da função social da

propriedade.

Diante da redação dos dispositivos constitucionais acima citados, formou-se opinião

legal no sentido de que a omissão constitucional era intencional. Ao prever a progressividade

de alíquotas somente no artigo 182, entendeu-se que a Constituição Federal havia vedado a

alíquota progressiva em função do valor do imóvel para fins arrecadatórios.

Apesar desse entendimento, muitos municípios do País, promulgaram leis instituindo

a alíquota progressiva de IPTU, graduando-as em função do valor do imóvel, localização e

utilização (residencial, comercial, industrial, etc.).

A mudança legislativa gerou diversas demandas judiciais. Além do argumento acima

deduzido contra a progressividade de alíquotas (ausência de autorização constitucional),

afirmava-se que, mesmo por emenda à Constituição Federal, não seria possível impor

alíquotas progressivas para fins arrecadatórios.

Alegava-se que as alíquotas progressivas com fins arrecadatórios demandariam,

necessariamente, fundamento no princípio da capacidade contributiva, previsto no artigo 145

(cláusula pétrea do texto magno). Contudo, tal princípio seria incompatível com tributo de

caráter real.

40

Com relação ao aspecto espacial, tem-se que será competente para instituir, majorar e

recolher o imposto, o município de localização do imóvel urbano (Art. 32, CTN). Nesse

contexto, o CTN indica como zona urbana aquele definido em lei municipal observado o

requisito mínimo da existência de 2 (dois) dos melhoramentos públicos referidos no § 1°, do

art. 32, quais sejam:

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Municipio.§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;II – abastecimento de água;III – sistema de esgotos sanitários;IV – rede de iluminação pública, como ou sem posteamento para distribuição domiciliar;V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.

A Lei Municípal no sentido do aspecto temporal destina-se a verificar o momento de

incidência do imposto. Nesse contexto, o Código Tributário Municipal de Palmas Lei

Complementar n° 285/2013, determina que concederá ocorrido o fato gerador no dia 1° de

janeiro de cada ano (Art.6°).

Quanto à base de cálculo do IPTU, é possível afirmar que esta pode ser extraída

diretamente do texto magno e correspondente ao valor patrimonial da propriedade predial e

territorial urbana.

Somente pode ser base de cálculo do IPTU uma grandeza monetária que reflita o

valor do bem imóvel e permita a incidência da alíquota. Nesse arquétipo a definição da base

de cálculo do IPTU leva em conta o valor venal do imóvel previsto na planta genérica de

valores do respectivo município. Salienta destacar que não faz parte desse cálculo o valor dos

bens móveis mantidos em caráter permanente ou temporário (Art. 33, parágrafo único do

CTN).

Discorrendo acerca da base de cálculo e valor venal, Hugo de Brito Machado

Segundo afirma que:

Note-se que o IPTU compreende em seu âmbito constitucional de incidência não apenas a propriedade territorial, mas também a propriedade predial. É por isso que a sua base de cálculo é o valor venal do imóvel por natureza ou por acessão física, envolvendo assim tanto o valor do terreno como também das edificações (CTN, arts.

40

32 e 33). Não ocorre o mesmo com o ITR, que, por ter em seu âmbito de incidência apenas a propriedade territorial rural, tem por base de cálculo apenas o valor fundiário do imóvel por natureza (CTN, arts. 29 e 30), (MACHADO SEGUNDO, 2018, p. 159).

Atento, o autor ainda nos informa que a base de cálculo do imposto em questão,

assim como o respectivo valor venal do imóvel, mas a questão é que a alíquota incide variável

em cada município tem por natureza ou acessão física originariamente prevista no CTN, em

atendimento ao princípio da legalidade tributária.

No momento atual, o IPTU apresenta-se como uma das principais fontes primordial

de arrecadatórias do poder público Municipal, responsável por financiar as políticas locais de

desenvolvimento e, ainda, a implementação, pela gestão municipal, de recursos específicos

em infraestrutura urbana e serviços públicos.

Entretanto a consecução da gestão pública municipal, nossa Carta Magna outorga aos

Municípios competência legislativa para ordenar seu território, mediante o planejamento e

controle do uso, e também do parcelamento e ocupação do solo urbano, conforme exposto no

Texto Supremo o Art. 30, VIII, CF/88. Em tela a previsão constitucional, antes de tudo, busca

garantir que o município estabeleça em seu território uma política de desenvolvimento urbano

voltada em atingir as funções sociais da cidade, garantindo o bem-estar de seus habitantes

conforme a Carta Magna ao Art. 182, CF/88.

Neste arquétipo, confere-se aos municípios a faculdade de exigir, mediante lei

específica para área incluída no plano diretor, e ainda, nos termos da legislação federal, no

qual o proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que realize o

seu adequado aproveitamento, a respeito da Magna Carta inserido o Art. 182, §4° da CF/88.

Mas supondo se o particular não atender à exigência do poder público municipal, a

constituição prevê um conjunto de providências sucessivas a serem adotadas como medida

coercitiva de dar destinação à propriedade urbana, dentre elas vigora-se o IPTU progressivo

no tempo , objeto de estudo do presente tema, assim no rol do Art. 182, §4°, I, II e III CF/88:

Art. 182 [...]§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:I - parcelamento ou edificação compulsórios;II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

40

 

Assim o IPTU progressivo no tempo de forma extrafiscal é um instrumento de gestão

territorial regulado no Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001, tendo por desígnio

desestimular proprietários a manter seus imóveis vazios, ou subutilizados em atendimento as

diretrizes do plano diretor e a Lei Federal.

O IPTU destaca dois tipos de progressividade: a progressividade fiscal e a

extrafiscal. A progressividade fiscal é aquela aplicada ordinariamente, de cunho

eminentemente arrecadatório, voltado a obter recursos aos cofres públicos. Já a

progressividade extrafiscal, prestigia o cumprimento da função social da propriedade,

tributando-se mais gravosamente aqueles proprietários que não deem destinação a

propriedade urbana, trata-se, portanto, de uma sanção. A Carta Magna, no Art. 182, § 2°,

estipula que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências

fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

A cerca do tema, Hugo de Brito Machado Segundo preleciona:

Como a CF/88 somente se reportava, em seu texto originário, à progressividade do IPTU no tempo, o STF entendia inviável a adoção do valor do imóvel como critério

para aplicação das alíquotas progressivas. O art. 182, § 4º, II, não era visto apenas como uma autorização ou uma imposição para que a progressividade extrafiscal no tempo fosse adotada, mas como uma proibição de que outras formas de progressividade fossem adotadas (STF, Pleno, RE 204.827/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 12/12/1996, v. u., DJ de 25/4/1997, p. 15213). Com o advento da EC 29/2000, que expressamente admite a progressividade de acordo com o valor do imóvel sem prejuízo da progressividade no tempo, o STF sumulou seu entendimento ressalvando o período posterior à emenda: “É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional nº 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana” (Súmula nº 668/STF). Na doutrina, tanto há posicionamentos que apontam para a inconstitucionalidade da EC 29/2000, por alegada violação a cláusulas pétreas (v. g., Rogério Vidal Gandra da Silva Martins, José Ruben Marone e Soraya David Monteiro Locatelli, “Inconstitucionalidades do IPTU progressivo instituído nos termos da Lei municipal nº 13.250/01 e da Emenda Constitucional nº 29/00 e inconstitucionalidade e ilegalidade da forma de apuração da base de cálculo, violadora do art. 37 da CF e 148 do CTN”, em RDDT 81/80; Miguel Reale, “O IPTU progressivo e a inconstitucionalidade da EC 29/2000”, em RDDT 81/123; Ives Gandra da Silva Martins e Aires F. Barreto, “IPTU: por ofensa a cláusulas pétreas, a progressividade prevista na Emenda nº 29/2000 é inconstitucional”, em RDDT 80/105), como há autores que sustentam a validade da EC 29/2000, eis que não há qualquer cláusula pétrea a impedir a progressividade do imposto (Clèmerson Merlin Clève e Solon Sehn , “IPTU e Emenda Constitucional nº 29/2000 – legitimidade da progressão das alíquotas em razão do valor venal do imóvel”, em RDDT 94/133; Hugo de Brito Machado, “A progressividade do IPTU e a EC 29”, em RDDT 81/56), (MACHADO SEGUNDO, 2018, p. 163-164).

40

A nossa Carta Magna, à luz do art. 182, § 4º, II, da CF, sempre se admitiu ao IPTU a

progressividade no tempo, para fins extrafiscais, como instrumento de notificação ao

proprietário do bem imóvel que, devendo dar a ele o adequado aproveitamento, mantinha-se

recalcitrante ao necessário cumprimento da função social da propriedade.

Assim temos a sistemática, que o IPTU progressivo no tempo é aplicado como

consequência do descumprimento das condições e prazos para o parcelamento, a edificação

ou a utilização compulsória do solo urbano, cabendo ao respectivo plano diretor de cada

cidade estabelecer a área sujeita à aplicação do instrumento, e a uma lei municipal específica

detalhar a sua aplicação no rol do Art. 5º do Estatuto da Cidade.

Em síntese práticos, tendo o proprietário desatendido a notificação para edificar o

solo urbano, o município poderá majorar a alíquota do IPTU pelo prazo de 5 (cinco) anos

consecutivos. Dentro desse período, a lei municipal deverá especificar a alíquota progressiva

aplicável a cada ano, desde que a mesma não exceda duas vezes o valor referente ao ano

anterior, limitado ao índice máximo de 15% seguindo as normas da Lei nº 10.257/2001, Art.

7º, § 1° do Estatuto da Cidade. Após o decurso do prazo de cinco anos, o município poderá

proceder à desapropriação do imóvel com pagamento em títulos da dívida pública (Art. 8°

Estatuto da Cidade).

Segundo a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Palmas - SEFIN, os proprietários

notificados para edificarem, terão prazo de um ano para a retirada do Alvará de Construção e

mais dois anos para concluírem a edificação. Aqueles que não obtiverem o alvará no prazo

acima referido estarão sujeitos à alíquota progressiva no tempo. Para a Secretaria, “o IPTU

Progressivo não tem finalidade principal de arrecadação, e sim penalizar o proprietário de

imóvel que não cumpre a função social da propriedade, ao deixá-la sem edificação”.

3.5 ANÁLISES DE OCUPAÇÃO E EXPANSÃO DOS VAZIOS URBANOS EM PALMAS

A dinâmica da ocupação e expansão urbana em Palmas, ocorreu de forma que

merece atenção redobrada não só do fenômeno expansionista, mas também dos sentidos

seguidos pela expansão urbana. Tais sentidos, temporais e espaciais, são importantes na

compreensão e interpretação deste fenômeno.

Temos a mais recente capital projetada no pais, a cidade de Palmas, capital do Estado

do Tocantins, fundada em 20 de maio de 1989. Segundo dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e estatística – IBGE, o município possui uma extensão territorial de 2.218,942 km2

e densidade demográfica de 102,90 hab/km2 e Apresenta 67.6% de domicílios com

40

esgotamento sanitário adequado, 79.9% de domicílios urbanos em vias públicas com

arborização e 31.3% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada

(presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio (Censo IBGE 2010).

Atualmente, estima-se que a população da capital é de 291.855 habitantes, conforme

projeção do instituto para o ano de 2018. Para que se possa compreender a importância da

implementação do IPTU progressivo em Palmas, faz-se necessário demonstrar a dinâmica de

ocupação da cidade com enfoque para o seu “processo de ocupação periférica e forte retenção

especulativa é provocadora dos vazios urbanos na região central” (BAZOLLI, 2016, p.1260).

Ao comentar sobre as perspectivas adotadas na implantação da cidade, Luis

Fernando Cruvinel Teixeira esclarece que:

De acordo com o plano urbanístico, uma vez implantada a rede básica de quadras, a partir da abertura das vias arteriais, cada uma delas seria objeto de parcelamento interno próprio, podendo as soluções variar em cada caso, inclusive quanto aos tipos construtivos permitidos para as edificações (casas, edifícios de apartamentos, residências geminadas, etc.). Nos miolos das quadras foram previstos equipamentos públicos básicos, como praças e escolas (TEIXEIRA, 2009, p.95).

A elaboração do plano diretor da cidade de Palmas, apurou uma projeção de

urbanização inicial de 1.624 hectares, equivalente a 110,8km², área capaz de acolher uma

população 120 mil habitantes até o quinto ano da fundação da capital. Nessa projeção, Palmas

atingiria uma população de 200 mil habitantes até o 10º ano de criação, com potencial de

chegar ao 15º ano com 800 mil habitantes, sem causar transtornos de ordem social e com uma

média de adensamento entre 300 a 350 habitantes por hectare (BAZOLLI, 2016).

Ressalta-se que a expansão da cidade foi dividida em etapas a serem

progressivamente a ser distribuídas de acordo com a velocidade e de crescimento urbano,

sendo implementada uma nova etapa somente quando a etapa anterior já estivesse

suficientemente adensada. Contudo, previu-se a distribuição do plano diretor em 5 etapas.

Insta frisar e destacar que o objetivo dessa distribuição gradual era “evitar a

dispersão das frentes de urbanização pela área total prevista para a cidade, garantindo o

aproveitamento racional e econômico da infraestrutura dos serviços públicos que avançaria,

por assim dizer, em ondas (Teixeira 2009, p. 96)”.

O autor estima que a área destinada à primeira etapa, núcleo central, abrigaria uma

população estimada de 200 mil habitantes nos primeiros dez anos. Provém destacar que nesse

ritmo, a ocupação de toda a área reservada ao plano básico atenderia um aglomerado de 1,2

milhão de habitantes.

40

Observa-se que a previsão de expansão apresentada, o próprio governo estadual

desrespeitou a ordem sequencial estabelecida, demonstrando um descompromisso

institucional com o plano diretor ao adotar uma gestão de segregação sócio-espacial da

população com menor poder aquisitivo em favor do mercado imobiliário especulativo.

Na implantação da capital, o Estado era o maior proprietário fundiário do município,

em que foi o responsável pela desapropriação das grandes fazendas situadas na área destinada

ao plano básico. Nessa perspectiva, o governo desempossou e desapropriou terras rurais e

vendeu terras urbanas já valorizadas, o que permitiu o incremento de recursos para o custeio

da estruturação e implementação de infraestrutura básica na capital (TEIXEIRA, 2009).

Ao analisar a expansão, sobre a dinâmica de ocupação da cidade (Bazolli, 2016),

destaca que, para acomodar parte da mão-de-obra que chegava para a construção da nova

cidade, foram criados bairros longínquos do centro administrativo previsto. Desta forma, se

início ao processo de periferização na cidade, a partir do surgimento de povoamento à

margem da região central. Nesse quesito, Pizzio e Rodovalho pontua:

(...) Palmas, desde o início de sua implantação, reservou as vantagens de localização, com a otimização dos gastos de energia e tempo de deslocamento, para as classes sociais de mais alta renda e somente possibilitou a localização das classes mais baixas a 16 quilômetros do centro da cidade, fora da área do Projeto Urbanístico básico. (PIZZIO E RODOVALHO, 2015, p. 104).

Neste caso a expansão e a formação desses espaços distantes, o governo não só

atendia a demanda social do momento, como também obtinha lucro, frente à especulação

imobiliária decorrente da retenção de terras na região central, que eram cada vez mais

valorizadas, pois dispunham de todo o investimento e capacidade de infraestrutura, comércios

e equipamentos públicos.

Um dos pontos de destaque no processo de ocupação e expansão da cidade de

Palmas foi o crescimento para além do plano básico originalmente previsto, conforme pontua

João Aparecido Bazolli:

(...) Definiu-se inicialmente neste plano um perímetro urbano de 110,8km², mas esse espaço se multiplicou por várias vezes. Logo em 1992 ocorreu uma expansão linear da cidade para a região sul, que agregou à sua dimensão geográfica mais 117,4km² (maior do que a cidade original). Foram criados nesta região bairros emblemáticos: Aurenys; Santa Barbara e Taquari, dentre outros, todos destinados à população de baixa renda. Em 2002, com a instituição de um plano de macrozoneamento (PALMAS, 2002), a cidade chegou a ter extensão linear urbana de 35 quilômetros, por ver acrescido um novo perímetro urbano na sua região norte. Porém, de maneira racional, o Plano-Diretor municipal, aprovado em 2007 (PALMAS, 2007), reduziu o perímetro urbano da cidade e fez com que a região norte, em questão, retornasse à condição de área rural. (BAZOLLI, 2016, p. 1261). 

40

Com todo o exposto, destaca-se a inversão do planejamento de ordenação da capital

a partir da ocupação precoce de áreas pertencentes à quinta etapa do projeto inicial e que,

portanto, só deveriam ser abertas a partir da urbanização de 70% da área projetada pelo plano

diretor. Diante da atitude, houve um crescimento descontrolado da cidade, propiciando a

formação de uma grande área ociosa dentro do perímetro urbano, notadamente na região

central, em contraposição a uma densa ocupação totalmente precária na região periférica.

A desordem sujeitou a inversão de capacidade econômica da cidade e encareceu

sobremaneira a implantação e a manutenção da rede de infraestrutura, equipamentos e

serviços públicos, fazendo com que Palmas apresente o maior custo de urbanização per capita

do Brasil, estimado em R$ 216,79 (BAZOLLI, 2007).

Segue uma parte do depoimento à imprensa local no ano de 2013, o ex-prefeito

Carlos Amastha anunciou a existência de “sete milhões de metros quadrados de vazios

urbanos passíveis de se enquadrarem como áreas notificáveis na forma especificada pelo

Plano-Diretor municipal (BAZOLLI, 2016, p. 1270)”.

Nesse contexto, o ex-prefeito municipal Carlos Amastha declarou que a aplicação do

imposto significaria a arrecadação de mais de R$ 40 milhões ou abertura de 20 a 25 mil lotes

nos sete milhões de m² de vazios urbanos da Capital.

As pesquisas de (Bazolli em 2007 p. 106-110) demonstraram que a área de vazios

urbanos na capital em 2006 era em torno de 4.127,81 hectares. Desse quantitativo, a região

das ARSOs - detinha a maior área de espaços vazios, com 1.913,1 hectares, equivalente a

46% do total dos vazios. A segunda maior área fica na Região Sul, fora do plano diretor, com

cerca de 1.245,3 hectares, equivalente a 30% do total dos vazios urbanos.

Observa que depois de mais de 10 anos, o cenário não mudou muito devido que

alguns espaços vazios houve a sua devida edificação, mas ao longo desse tempo a expansão

urbana teve crescimento, exemplo: foi os loteamentos de Taquari, Santa Helena, loteamentos

próximo a Agrotins ambos da região sul, e região norte, loteamentos de Santo Amaro, e

loteamentos circunvizinhos do residencial polinésia. E o resultado disso eleva o custo dos

transportes e o custos financeiros a população e os custos de manutenção dos mesmos em

limpezas e lixos pela Prefeitura Municipal de Palmas.

 3.6 PALMAS E A LEGISLAÇÃO URBANISTICA DO IPTU PROGRESSIVO

40

Diante em vista o que fora proposto neste estudo até o presente momento, é

verossímil a afirmação de que a desapropriação-sanção é um instrumento positivado no

ordenamento jurídico brasileiro, de caráter social, e que tende a ser aplicado nos casos de

inadimplemento do IPTU progressivo no tempo, sendo este imposto de caráter extrafiscal.

Haja vista disso, que se dispõe a observar e criticar como tem sido aplicada ou não a

desapropriação-sanção no atual cenário urbano brasileiro. É integrado um grupo de

instrumentos urbanísticos previstos na Carta Magna de 1988, e regulamentados no Estatuto da

Cidade Lei nº 10.257/2001, tendo por finalidade precípua contribuir para o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. Esses instrumentos

advêm da outorga legislativa conferida pela Constituição Federal aos Municípios, no Art. 30,

VIII, da CF/88, para ordenar seu território, mediante o planejamento e controle do uso, como

também do parcelamento e ocupação do solo.

O Estatuto da cidade institui o PEUC precisa-se de regulamentação na lei específica,

neste sentido João Aparecido Bazolli, diz em Revista de Direito da Cidade:

No conjunto de medidas tomadas para a aplicação do PEUC foi aprovada a Lei Complementar de nº 280 (PALMAS, 2013), que alterou o Plano-Diretor municipal, ampliando a área de ocupação preferencial da Avenida Juscelino Kubistchek com mais duas quadras. Objetivou-se incluir estas áreas que, por similitude às sujeitas ao PEUC, estavam passando por um processo de valorização imobiliária em razão da ausência da aplicação do instrumento (BAZOLLI, 2016, p. 1270).

Deste modo, como já visto anteriormente, verifica-se que, antes de se utilizar a

técnica da desapropriação-sanção, o Município deverá, mediante plano diretor, editar lei

específica que determine o parcelamento, edificação ou utilização compulsória (PEUC). E o

ente municipal poderá aplicar a desapropriação do imóvel, assim dos instrumentos que lhe

sucedem: o IPTU progressivo no tempo e a desapropriação com pagamento em títulos da

dívida pública (art. 74º, inciso II, alínea “a”, “b” e “k”), cabendo ao plano diretor de cada

cidade estabelecer a área urbana sujeita à aplicação dos instrumentos (Art. 5º - EC).

O instrumento (desapropriação-sanção) torna-se ainda menos executável, visto que a

negligência na implementação do IPTU progressivo no tempo pelos entes municipais, o

distancia ainda mais de sua concretização no âmbito urbano. Nessa perspectiva que o plano

diretor municipal de Palmas (Lei complementar nº 155, de 28 de dezembro de 2007),

estabelece como tema prioritário na gestão do plano diretor o combate à especulação

imobiliária e à ocupação dos vazios urbanos (Art. 13º, inciso I, alínea b).

Seguindo nesta lógica, o IPTU progressivo no tempo surge com o propósito de

estimular o acesso aos espaços ociosos no perímetro urbano, através da aplicação de sanção

40

pecuniária àqueles proprietários que venham a descumprir os prazos para parcelar, edificar ou

utilizar a propriedade.

Convém explanar que o instrumento em tela não tem função arrecadatória. Neste

caso é de apenas, sim a de estimular um comportamento socialmente desejável, voltado à

efetividade da função social da propriedade, atendendo as necessidades sociais.

Para a operacionalização do imposto em referência, estabeleceu-se na legislação

urbanística local a caracterização dos imóveis não edificados, subutilizados e não utilizados

no plano diretor. Pois assim, percebe-se que a partir da redação do artigo que o legislador

municipal fez “uma confusão entre os conceitos de imóvel não utilizado e imóvel

subutilizado, de forma que ambos são tratados como se fossem um só fenômeno” - IPEA

(2015, p. 57), citado por Bazolli (2016, p.10) ao que se refere a Lei nº 155/2007, Art. 75.

Art. 75[...]§ 1º Para efeito desta Lei, considera-se imóvel subutilizado e/ou não utilizado:I - aquele cuja área construída seja inferior a 10% da área permitida para edificação no lote;II - aquele cujo investimento na edificação for incompatível com o valor do lote, ou seja, cujo investimento seja inferior ao preço do lote;III - edificações que tenham permanecido sem uso por período igual ou superior a 05 (cinco) anos;IV - lotes ou glebas vazias em áreas dotadas de infra-estrutura básica tais como: água e esgotamento sanitário, energia e acesso por vias pavimentadas e transporte coletivo acessível a menos de 800 metros.

Não obstante a confusão conceitual, Bazolli (2016) destaca que dada a atual

conjuntura de Palmas, permeada por grandes vazios urbanos, o instrumento deve ser aplicado

de forma a alcançar, principalmente, os lotes vazios.

Percebe-se, que o ente municipal deverá proceder a notificação ao proprietário para

apresentar projeto no prazo de 01(um) ano, e aguardar outros 02 (dois) anos para o início

efetivo das obras. E consequentemente havendo o descumprimento da referida obrigação

dentro do prazo proposto, o ente deverá instituir a cobrança do IPTU progressivo no tempo

por, no mínimo, 05 (cinco) anos. Só então, desatendido de igual forma este mandamento,

diante da inércia do proprietário.

Com isso, verifica-se que a desapropriação-sanção urbana, será devidamente

adotada, a Secretaria Municipal de Finanças (SEFIN), que é o órgão responsável por

promover a notificação dos proprietários, bem como efetuar a averbação, nos registros

imobiliários, das notificações realizadas.

Assim destaca-se, a regulamentação do PEUC no plano diretor de Palmas, da

referida Lei Complementar nº 195 de 22 de Dezembro de 2009 e alterada pela Lei nº 296 de

40

03 de Julho de 2014. Discorrendo acerca da notificação, o Plano Diretor Municipal (LC

155/2007) em seu art. 76, assim determina:

Art. 76 [...]§ 1º A notificação far-se-á: I - por funcionário do órgão competente do Executivo, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou administrativa; II - por edital, quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na forma prevista pelo inciso I.§ 2º Os proprietários notificados deverão, no prazo máximo de 1 ano a partir do recebimento da notificação, protocolar pedido de: I - aprovação do parcelamento; II - aprovação do projeto da edificação e emissão do Alvará de Construção. § 3º Para efeito de aplicação da penalidade prevista no artigo seguinte, só poderão ser apresentados pedidos de aprovação de projeto, pelo mesmo proprietário e sem interrupção de quaisquer prazos, até 02 (duas) vezes para o mesmo lote. § 4º Os parcelamentos do solo e edificações deverão ser iniciados no prazo máximo de dois anos a contar da aprovação do projeto ou da emissão do Alvará de Construção. § 5º A transmissão do imóvel, por ato intervivos ou causa mortis, posterior à data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstos neste artigo, sem interrupção de quaisquer prazos, desde que averbado no registro imobiliário, pelo Poder Público Municipal.

Diante disso, destaca-se ainda as áreas estruturantes sujeitas à ocupação prioritária e

preferencial no plano diretor, aconteceu forma aleatória à volta das avenidas comerciais tais a

Theotônio Segurado e Juscelino Kubistchek, sendo os principais eixos estruturantes de

desenvolvimento e integração da cidade, daí porque a importância de estimular o

adensamento nessa região central, no seu espaço urbano, com vistas a maximizar os

investimentos públicos em infraestrutura, equipamentos e transportes, os quais em suma se

dirigem ao capitalista do espaço, ao da propriedade urbana.

Destarte, diante disto, que após o decurso do prazo estabelecido na notificação para

parcelamento, edificação ou utilização compulsória (PEUC), sem que tenha havido o

procedimento estabelecido por parte dos proprietários, o ente municipal poderá majorar a

alíquota do IPTU por cinco anos subsequentes até que o proprietário cumpra com a obrigação

de parcelar, edificar ou utilizar, conforme o caso. Portanto, é necessário que as alíquotas

estejam previstas em lei específica (Art. 7° EC).

Nessa medida, o Estatuto da Cidade nos informa que a alíquota a ser majorada não

poderá exceder a duas vezes o valor relativo ao ano antecedente, e não poderá ultrapassar a

alíquota máxima de 15% (Art. 7º, parágrafo 1º).

Destaca-se, os dados do IPEA que assim replicamos:

40

O Estatuto da Cidade é claro ao determinar que a alíquota do IPTU progressivo no tempo não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de 15% (Art. 7º, parágrafo 1º). Em outras palavras, o Município aumentará a alíquota ao longo de cinco anos para os imóveis notificados e que continuam sem cumprir função social, mas esse aumento não pode ser maior do que o dobro do ano anterior. Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não seja atendida nesse prazo, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima (15%), até que se cumpra a referida obrigação (Art. 7º, parágrafo 2º, EC). IPEA (2015, p. 35).

 Assim é valido ressaltar que a aplicação da progressividade no tempo do IPTU

mediante o descumprimento da função social do imóvel carece substancialmente de efetiva

execução no atual cenário urbano brasileiro. Portanto à previsão da progressividade das

alíquotas, o Código Tributário Municipal de Palmas (Lei Complementar n° 285/2013),

estabelece em seu art. 14 que essas alíquotas serão regulamentadas em legislação própria.

Sendo o ente municipal regulamentou a edição da Lei Complementar nº 296, de 13 de julho

de 2014, apontando que a alíquota a ser a aplicada em cada ano, corresponde ao dobro da

alíquota do ano anterior.

Pondera-se que o município de Palmas pratica diferentes alíquotas a depender da

zona fiscal do imóvel, resultando ao cálculo da progressividade se consistirá sempre na

duplicação ano a ano, da alíquota estipulada na legislação do IPTU.

Registro frisar que o lançamento do imóvel na progressividade no tange ao IPTU

“dispensa comunicação prévia ao proprietário do imóvel, uma vez que esse foi devidamente

notificado para cumprir o mandamento ao parcelamento, a edificação ou a utilização

compulsória e está ciente das consequências do descumprimento da notificação” conforme

destaca os estudos de IPEA (2015, p. 62).

Sendo inserida e aplicada à progressividade em referência, se o proprietário vier a

cumprir a obrigação que lhe foi atribuída, a alíquota retornará ao atribuído referente ao

ordinário, caso contrário, decorrido o prazo legal de majoração, qual seja, 5 (cinco) anos

consecutivos, o município poderá proceder à desapropriação do imóvel com pagamento em

títulos da dívida pública como forma de punir o proprietário que não deu destinação ao seu

imóvel urbano.

Tem outro obstáculo presente na aplicação da desapropriação do imóvel, se dá pelo

fato de que o Poder Constituinte vinculou tal emissão de títulos da dívida pública municipal,

somente com a prévia autorização do Senado Federal e este, por sua vez, editou a Resolução

nº 78, de 01/07/1998, e seguida alterada pela Resolução do Senado Federal nº 43, de

21/12/2001, que proibiu aos municípios a emissão de títulos da dívida pública por 20 anos

com exceções que não comportam o pagamento por esta desapropriação. Portanto, observa-se

40

que, mediante estas circunstancias, os municípios estão definitivamente impossibilitados de

emitir títulos da dívida pública com o propósito de aplicação da desapropriação do imóvel.

De certo que a proibição da emissão de títulos vence em dois anos é preciso fazer um

levantamento das perspectivas quanto a aplicação em um prazo curto, decerto que os

municípios que já aplicam o IPTU progressivo no tempo há no mínimo 3 (três) anos poderão

quando do vencimento da suspensão do que determina a Resolução começar a desapropriar os

imóveis que não cumprem com a função social da propriedade.

 3.7 PALMAS E SUAS ÁREAS INSERIDAS NO IPTU PROGRESSIVO

Conforme já salientado no capítulo anterior, verifica-se que organização do ente

municipal como legitimo instrumento de implementação do planejamento urbano, tipificado

no PEUC, assim definido a Lei Complementar nº 195/09 definiu as áreas sujeitas à aplicação

do PEUC em etapas sucessivas de notificação, aplicando-se, num primeiro momento, nas

áreas de ocupação prioritária e preferencial.

Entretanto, em 2011, o município de Palmas iniciou a aplicação do PEUC, tendo

publicado no Diário Oficial do Município de Palmas (DOM nº 280 p. 3-4, de 16 de maio de

2011), consta a notificação de edificação compulsória, sendo notificados 254 imóveis e

notificação de parcelamento compulsório, sendo notificados 8 imóveis (Totalizando 262

imóveis notificados). Devido equívocos, logo em seguida, a própria o município de Palmas

cancelou as notificações realizadas antes a constatação de irregularidades relacionadas ao

procedimento administrativo efetuado, tais como a ausência de notificação pessoal, e a

precária identificação dos imóveis, a inexistência de processos administrativos

individualizados e de averbação das notificações.

Na gestão seguinte do ano de 2013, o prefeito de Palmas Carlos Amastha, o

executivo Municipal retomou o processo de notificação dos imóveis, tendo expedido o

Decreto nº 699, de 10 de janeiro de 2014, para regulamentar a execução do instrumento.

Neste aspecto o estudo efetuado por Bazolli (2016, p. 1271) afirma que a Prefeitura

Municipal de Palmas, no mês de dezembro de 2014, “emitiu 241 notificações para edificação

e 3 notificações para parcelamento compulsórios” e as devidas notificações citam-se “8

pedidos de Alvarás de Construção; expedição de 85 habite-se e a demais 205 lançamentos de

IPTU progressivo no tempo aos inadimplentes”.

Em Seguida a Superintendência de Administração Tributária da Secretaria Municipal

de Finanças tornou publicou em 2015 a primeira lista de imóveis sujeitos à incidência do

40

IPTU progressivo no tempo decorrentes do não cumprimento da obrigação de construir, os

mesmos já haviam sidos notificados em dezembro de 2013 (DOM nº 1.218, de 17 de março

de 2015), perfazendo um total de 205 imóveis sujeitos a alíquota progressiva no tempo

referente ao ano 2013.

Ocorrendo a segunda lista de proprietários notificados em 2016, com o lançamento

de 310 imóveis (DOM nº 1.451, de 29 de fevereiro de 2016). No entanto, é importante

destacar que esse quantitativo refere-se tanto aos imóveis relançados no exercício de 2016,

comunicados inicialmente no DOM nº 1.218/2015, relançados no total de 149 imóveis, que

agora passam ao segundo ano de alíquota progressiva quanto aos novos lançamentos

aplicados aos inadimplentes do PEUC, com isso somatório de 515 imóveis lançados,

excluindo os 149 que já haviam sidos lançados no (DOM. 1.128/2015), restando 366 imoveis

definitivamente lançados e sujeitos ao IPTU progressivo no tempo (PALMAS, 2016).

Segundo o exposto no Diário Oficial do Município em 2017, houve uma nova

comunicação (DOM – nº 1699, de 22 de fevereiro de 2017), agora com o lançamento da

notificação em 17/02/2017, sendo de 363 imóveis na progressividade do IPTU. Assim como

referido no parágrafo anterior, essa soma reúne os imóveis relançados a partir dos exercícios

de 2015, (terceiro ano de alíquota progressiva, no quantitativo de 113 imóveis); 2016

(segundo ano de alíquota progressiva, relativos a 124 imóveis) e também aos novos

lançamentos efetivamente realizados em 2017, no somatório de 129 imóveis.

Seguindo no contexto, já referente ao ano de 2018, não foram efetuados novos

lançamentos e notificações, porquanto as últimas notificações efetuadas para o PEUC

encerraram-se em 2017. Os atuais imóveis sujeitos à progressividade decorrem da gradação

ordinária de majoração das alíquotas atinentes aos lançamentos já efetuados em 2015, 2016 e

2017. Segundo informado pela SEFIN, existem 323 imóveis na alíquota progressiva no ano

de 2018.

No que tange a legislação do município de Palmas, as alíquotas do IPTU progressivo

no tempo desses imóveis serão reajustadas anualmente até o limite de 15% a partir do

exercício 2015, ou seja, estará sujeitos à desapropriação de sanção ao imóvel a partir do ano

de 2020, que até lá se encontrarem sem cumprir a sua função social.

Em virtude da Lei Complementar Municipal nº 285, de 31 de outubro de 2013,

alterada pela Lei Complementar Municipal nº 411, de 20 de dezembro de 2018. Que altera o

item 4 da alínea “a” do inciso II do art. 171 e o inciso VII do § 1° do art. 242, ambos da Lei

Complementar nº 400, de 2 de abril de 2018, em que o IPTU Progressivo no tempo se

limitando ao imóvel urbano com área igual ou superior a 5.000 m² (cinco mil metros

40

quadrados), e a Lei Complementar nº 195/09 alterada pela LC 296/2014, a que se refere as

áreas urbanas sujeitas ao Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórias – PEUC,

delimitando as áreas submetidas à ocupação prioritária e preferencial no plano diretor.

Ou seja, a Lei Complementar Municipal nº 411, de 20 de dezembro de 2018, em que

o IPTU Progressivo no tempo se limitando ao imóvel urbano com área igual ou superior a

5.000 m² (cinco mil metros quadrados), houve uma queda brusca dos imóveis sujeitos à

progressividade no tempo, referente os anos em 2015, 2016 e 2017, segundo informado pela

SEFIN, haviam 323 imóveis na alíquota progressiva até antes da aprovação da LC nº 411 de

20 de dezembro de 2018. Sendo que após a nova Lei Complementar nº 411/2018, os dados

informados pela SEFIN e demais jornais locais como o Jornal primeira página, que de 323 em

2018, passou a estar com um total de apenas 6 (seis) lotes a restar no IPTU Progressivo no

tempo no exercício de 2019.

CONCLUSÃO

Com a pesquisa analisada observou-se que, um dos fatores importante é que o

direito a propriedade é considerado um direito fundamental, elencado na Carta magna, pelo

qual se permite ao seu proprietário o uso, gozo e disposição desta. No entanto, o exercício

deste direito é limitado, pois se encontra restringido ao cumprimento de várias prerrogativas,

dentre elas a de submeter sua propriedade ao cumprimento de uma função social, com a

Edificação e Utilização, portanto, ao proprietário é atribuído o dever de exercer seu direito em

consonância com as normas legais, em almejar o interesse coletivo.

Entendemos que é indispensável às Capitais do Brasil e aos grandes Municípios e

suas metrópoles que elabore a Lei Municipal inserindo a progressividade do IPTU. A falta de

elaboração do Projeto do Plano Diretor na lei municipal acarretará a ineficácia sintática da

norma a ser construída para o IPTU progressivo. Fica o intérprete impossibilitado de elaborar

a norma jurídica que regerá o IPTU, por falta de um dos veículos introdutores, que é a lei

municipal. Constata-se no atual cenário da capital tocantinense a existência de uma grande

área ociosa dentro do perímetro urbano, notadamente na região central, proveniente da

inversão de planejamento de ocupação territorial pelo Governo Estadual em favor do mercado

imobiliário especulativo em torno da sua expansão urbana.

Nesse aspecto, vislumbra-se a necessidade de ordenar e controlar o uso do solo no

plano diretor, promovendo o adensamento em áreas dotadas de infraestrutura com vistas a

estimular o cumprimento da função social da propriedade, bem como maximizar o

aproveitamento dos investimentos públicos em infraestrutura, equipamentos e transportes.

Foi nessa perspectiva que a Lei Complementar nº 195/09 tratou de regulamentar as

áreas urbanas sujeitas ao Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórias – PEUC,

delimitando as áreas submetidas à ocupação prioritária e preferencial no plano diretor, à volta

das avenidas comerciais Theotônio Segurado e Juscelino Kubistchek, principais eixos

estruturantes de desenvolvimento e integração da cidade. Com isso, a aplicação do IPTU

progressivo se deu com o descumprimento das condições e prazos estabelecidos no PEUC.

Os resultados obtidos com a aplicação do instrumento desde as primeiras notificações

efetuadas em 2015 demonstram o alcance de uma área equivalente a

1.453,938,10 m2 de vazios urbanos sujeitos a progressividade na capital, o que corresponde a

20% dos sete milhões de metros quadrados vazios na cidade.

Assim, observa-se que o instrumento tem grande potencialidade em efetivar o

adensamento urbano, devendo-se articular institucionalmente a gestão de aplicação do

imposto em conformidade com os demais instrumentos urbanísticos previstos no Estatuto da

Cidade.

Aspecto que consideramos importante, neste tema, foi que o Município de Palmas –

TO, tratou de regulamentar a Lei Complementar nº 195/09 e alterada pela LC 296/2014, a

que se refere às áreas urbanas sujeitas ao Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórias

– PEUC, delimitando as áreas submetidas à ocupação prioritária e preferencial no plano

diretor. A Lei Complementar Municipal nº 285, de 31 de outubro de 2013, é alterada pela Lei

Complementar Municipal nº 411, de 20 de dezembro de 2018. Que altera o item 4 da alínea

“a” do inciso II do Art. 171 e o inciso VII do § 1° do Art. 242, ambos da Lei Complementar

nº 400, de 2 de abril de 2018, em que o IPTU Progressivo no tempo se limitando ao imóvel

urbano com área igual ou superior a 5.000 m² (cinco mil metros quadrados), e a Lei

Complementar nº 195/09 alterada pela LC 296/2014, a que se refere às áreas urbanas sujeitas

ao Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórias – PEUC, delimitando as áreas

submetidas à ocupação prioritária e preferencial no plano diretor.

E seguindo na mesma importância é que no período de 2013 a 2018 a Lei

Complementar Municipal nº 285, de 31 de outubro de 2013, recentemente passou por varias

reformulações e por último temos a Lei Complementar Municipal nº 411, de 20 de dezembro

de 2018, em que o IPTU Progressivo no tempo se limitando ao imóvel urbano com área igual

ou superior a 5.000 m² (cinco mil metros quadrados) e a Lei Complementar nº 195/09 alterada

pela LC 296/2014, a que se refere às áreas urbanas sujeitas ao Parcelamento, Edificação e

Utilização Compulsórias – PEUC, delimitando as áreas submetidas à ocupação prioritária e

preferencial no plano diretor.

E no entender com as constantes alterações as Leis Complementares, é

constantemente alterada, devida principalmente com a reformulação da Câmara dos

vereadores de Palmas, em anos que se sucede as eleições, passa ao contribuinte uma síntese

que não há uma segurança jurídica, no qual a Casa de Leis do Município trata a sociedade

palmense com “água e vinho” no que se refere aos pobres, classe média e alta. Assim a Lei

Complementar Municipal nº 411, de 20 de dezembro de 2018, em que o IPTU Progressivo no

tempo se limitando ao imóvel urbano com área igual ou superior a 5.000 m² (cinco mil metros

quadrados), ou seja, constatou uma queda brusca dos imóveis sujeitos à

Progressividade no Tempo, já levantados no último capítulo desta pesquisa, sendo os anos

em 2015, 2016 e 2017, segundo informado pela SEFIN, haviam 323 imóveis na alíquota

progressiva até antes da aprovação da LC nº 411 de 20 de dezembro de 2018. Sendo que após

a nova Lei Complementar nº 411/2018, os dados informados pela SEFIN e demais jornais

locais como o Jornal primeira página, que de 323 em 2018, passou a estar com um total de

apenas 6 (seis) lotes a restar no IPTU Progressivo no Tempo.

Ou seja, no mesmo conceito acima são os lotes com área igual ou superior a 5.000 m²

(cinco mil metros quadrados), ficando somente 6 (seis) lotes, a que se refere às áreas urbanas

sujeitas ao Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórias – PEUC, delimitando as áreas

submetidas à ocupação prioritária e preferencial no plano diretor.

Assim a cidade de Palmas apesar de alcançar uma segregação espacial de obter um

forte caráter social, a sua relação com o custo da cidade será preponderante, haja vista que o

deslocamento para bairros distantes, tanto da classe favorecida quanto do pobre, repercute

substancialmente no orçamento do município, se não prover a infraestrutura no local da

ocupação, deverá possibilitar o acesso a essas novas localidades devidas à expansão da cidade

de Palmas e a seus espaços vazios. E com certeza a Lei complementar nº 411/2018, alcança

objetivo que todos os proprietários dos lotes com a proporção menor que 5.000 m² (cinco mil

metros quadrados), estão fora do IPTU Progressivo no tempo, e apenas 6 (seis) lotes

sujeitando simbolicamente a sua extrafiscalidade.

Neste ponto, necessário seria que os governantes municipais promovessem meios

que auxiliassem os proprietários, a fim de que estes passem a conhecer e compreender a

legislação relativa ao uso da propriedade, principalmente para que promova a sua Edificação e

utilização para não haver especulação, haja vista serem estas as que mais afetam a individual

e a coletividade.

Por último, vale destacar que a realização desta pesquisa não foi uma tarefa fácil.

Portanto como se trata de ciência do Direito, não temos a pretensão de sustentar que a nossa

interpretação sobre a matéria tratada nesta pesquisa seja a mais certa ou a mais verdadeira. A

ciência do Direito é descritiva. Está certo de que essa opinião aplicada está aberta ao jus das

criticas e elogios com êxito positivo e negativo às refutações, razão pela qual, se espera que

surjam novas pesquisas nesse sentido.

REFERÊNCIAS

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AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

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ANEXOS

ANEXO 1: IMÓVEIS NOTIFICADOS AO IPTU PROGRESSIVO

Fonte: SEFIN, Prefeitura Municipal de Palmas. 2017.

ANEXO 2: VAZIOS URBANOS EM METROS QUADRADOS

Fonte: Prefeitura Municipal de Palmas. 2015.

ANEXO 3: PLANO DIRETOR DE PALMAS

Fonte: Prefeitura Municipal de Palmas. 2018.

ANEXO 4: MAPA DA DENSIDADE POPULACIONAL DE PALMAS

ANEXO 5: QUANTIDADE LOTES NO IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO ANTES E

APÓS A LC Nº 411/2018.

Fonte: Prefeitura Municipal de Palmas. 2019.

ANEXO 6: VAZIOS URBANOS DE PALMAS

323

6

Quantidade de Lotes no IPTU Progressivo no Tempo antes e após LC nº 411/2018:

0 a 1011 a 5051 a 100101 a 150151 a 200201 a 300301 a 350351 a 400401 a 450451 a 500501 a 550

ANO 2018 ANO 2019

Fonte: Prefeitura Municipal de Palmas.

ANEXO 7: VAZIOS URBANOS NA AVENIDA TEOTONIO SEGURADO PRÓXIMO AO

CEULP/ULBRA – PALMAS.

Fonte: Google Earth. 2019.