ulbra-to.br · web viewdedico este trabalho primeiramente a deus, que é a base em minha vida, à...

77
Bruna Lorrane De Castro Souza A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO ANIMAL NA SOCIEDADE SOB OS ASPECTOS DA GUARDA COMPARTILHADA

Upload: others

Post on 28-Dec-2019

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

Bruna Lorrane De Castro Souza

A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO ANIMAL NA SOCIEDADE SOB OS ASPECTOS DA GUARDA COMPARTILHADA

Palmas -TO2019

Page 2: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

Bruna Lorrane De Castro Souza

A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO ANIMAL NA SOCIEDADE SOB OS ASPECTOS DA

GUARDA COMPARTILHADA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) II

elaborado e apresentado como requisito parcial

para obtenção do título de bacharel em Direito

pelo Centro Universitário Luterano de Palmas

(CEULP/ULBRA).

Prof. Gustavo Paschoal Teixeira de Castro

Oliveira

Palmas -TO2019

Page 3: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

Bruna Lorrane De Castro Souza

A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO ANIMAL NA SOCIEDADE SOB OS ASPECTOS DA

GUARDA COMPARTILHADA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) II

elaborado e apresentado como requisito parcial

para obtenção do título de bacharel em Direito

pelo Centro Universitário Luterano de Palmas

(CEULP/ULBRA).

Prof. Gustavo Paschoal Teixeira de Castro

Oliveira

Aprovado em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

Prof.

Orientador

Prof.

Prof.

Palmas -TO2019

Page 4: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos, ao Pedro Virgílio que me acompanhou nessa caminhada, como irmão e acadêmico. Dos meus amigos, destaco Amanda F. Lima, pois sem seu companheirismo, amizade e incentivo a jornada teria sido mais árdua. Para encerrar quero agradecer especialmente ao meu pai, Claudio Ferreira de Souza, que é o meu exemplo de amor não só para com as pessoas, mas principalmente para com os animais.

Page 5: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

Agradeço a Deus por ter me fortalecido ao ponto de superar as

dificuldades. Agradeço a todos os meus professores, pela

orientação incansável, o empenho e a confiança. Ao meu

orientador Gustavo Pascoal, pela atenção e suporte no pouco

tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.

Agradeço também a todas as pessoas que de alguma forma

fizeram parte do meu percurso.

Page 6: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele

trata os animais.

Immanuel Kant.

Page 7: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Primeiras Normas Jurídicas.......................................................................22

Page 8: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

RESUMO

O presente trabalho, por meio da pesquisa bibliográfica às leis, às decisões judiciais

e à doutrina, tem por objetivo trazer ao leitor, de maneira objetiva, as reflexões e o

posicionamento do ordenamento jurídico brasileiro sobre o tema da guarda

compartilha de animais. Demonstra-se a importância dos semoventes na vida

familiar ao classificar os bens no direito brasileiro. Ao estudar o assunto, observa-se

que a legislação pátria é omissa com relação à possibilidade do seu

reconhecimento. Portanto, urge uma reclassificação dos animais no Direito

Brasileiro, bem como a elaboração de uma lei que discipline a guarda de animais de

estimação no Brasil, que deverá estabelecer requisitos que resguardem os

interesses e o bem-estar dos animais.

Palavras-chave: Guarda compartilhada; Proteção animal; Casos concretos.

ABSTRACT

The present work, through the bibliographical research to the laws, judicial decisions

and doctrine, aims to bring to the reader, in an objective way, the reflections and the

positioning of the Brazilian legal system on the subject of shared guard of animals. It

is demonstrated the importance of the livestock in family life when classifying the

assets in Brazilian law. When studying the subject, it is observed that the national

legislation is silent regarding the possibility of its recognition. Therefore, it is urgent to

reclassify the animals in Brazilian Law, as well as the elaboration of a law that

regulates the guarding of pets in Brazil, which should establish requirements that

safeguard the interests and welfare of animals.

Keywords: Shared guard; Animal protection; Concrete Cases

Page 9: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................10

1 O ANIMAL TRATADO COMO “BENS” SE DESTACA COMO “SERES SENCIENTES”...............................................................................................................12

1.1 O CONTATO HUMANO COM O ANIMAL................................................................13

1.2 A SOCIEDADE E O TRATAMENTO AOS ANIMAIS................................................18

1.3 EVOLUÇÃO HISTORICA DA PROTEÇÃO ANIMAL................................................20

2 ANIMAL COMO SUJEITO DE DIREITO.....................................................................25

2.1 O DIREITO DO ANIMAL...........................................................................................25

2.1.1 Personalidade do animal.....................................................................................28

2.1.2 Conceito jurídico do animal................................................................................29

2.1.3 Maus-tratos..........................................................................................................30

2.2 A MOTIVAÇÃO A TUTELA DO ANIMAL COMO TITULAR DE DIREITO.................32

3 A GUARDA COMPARTILHADA DE ANIMAIS E SEUS EFEITOS JURÍDICOS........36

3.1 DECISÕES DE PAÍSES DIVERSOS E O REFLEXO NO BRASIL...........................40

3.2 CASOS CONCRETOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO.................42

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................48

REFERENCIAS BIBILOGRÁFICAS..............................................................................50

Page 10: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

10

INTRODUÇÃO

O contato dos animais com o homem tem início já na pré-história, quando os

animais eram utilizados como forma de proteger o território em que o homem vivia,

dando auxílio a caças e transporte de cargas e humanos (CAETANO, 2010).

O homem sempre viu o animal como um instrumento ou objeto ao qual

encontrava meios de usufruir, desde a primitiva caça para subsistência, à

domesticação de algumas espécies tanto para proteção como para próprio

aperfeiçoamento da caçada. Mais tarde moldando nesse contexto o uso do animal

como objeto de uso contínuo, para roupas, alimentos, trabalhos laborais e

conseguinte recurso financeiroscomo moeda de valor.

Na relação do homem com os animais, observa-se que com o avanço da

história surge uma moderação no pensamento coletivo da necessidade do uso do

animal somente para servir aos homens. Torna-se importante a mudança de

compreensão e atitudes com relação a esses seres vivos, através da

conscientização de que os animais possuem alma, sentimento e estímulos físicos.

Eles sentem frio, calor e fome.

Meio a tantos debates com relação à vida pregressa e atual dos animais o

que se discute é, se estes seres têm ou não, amparo legal de modo a garantir de

modo satisfatório os seus direitos, mesmo sendo animais irracionais, porém, com

sensações tão semelhantes à dos humanos, protegidos pela legislação.

Dessa forma, o objeto deste trabalho é a análise da guarda compartilhada de

animais no Brasil. Analisar o interesse na tutela pela guarda de animais, bem como

os elementos que devem ser observados na construção de uma legislação que

regulamente o tema.

Nesse ponto, é essencial analisar os requisitos que serão levados em conta

para a concessão dessa guarda, os quais incluem a propriedade do animal, a

possibilidade de mantê-lo, condições financeiras, afeto, entre outros. Será dada

especial atenção à compreensão do uso do termo ‘guarda’, expressão inerente ao

Direito de Família, o qual vem sendo aplicado à posse de animais de estimação,

apesar de estes serem classificados como semoventes no Código Civil de 2002,

bem como, à eventual necessidade de reclassificação dos animais no Direito

Brasileiro.

Page 11: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

11

Outro ponto discutido em questão é saber o que as cortes judiciárias

brasileiras têm decidido nas causas relativas à guarda de animais domésticos,

evidenciando a fundamentação utilizada nas decisões e as especificidades do modo

de guarda determinado nesses julgados. Neste ponto, deve-se buscar como os

magistrados brasileiros têm decidido na ausência de legislação acerca do tema.

Outro ponto não menos importante é a analise dos projetos de lei já

elaborados, com o fim de saber qual o teor da normatização que se pretende

aprovar, uma vez que esses projetos, possivelmente, têm pontos em comum e que

podem servir de subsídio para um projeto de lei que venha a ser de fato aprovado.

Em resumo, os problemas principais apresentados foram como analisar a

evolução do animal na sociedade; como explanar a aplicabilidade dos direitos

animais; e também como classificar a importância da competência da vara da família

para julgar a guarda compartilhada.

A solução desses problemas permitirá, então, tecer considerações e

recomendações para a regulamentação da matéria.

É um tema intrigante e merece ampla discussão jurídica, tendo em vista a

necessidade de adotar critérios factíveis para a melhor solução dos casos

apresentados ao Poder Judiciário. Os critérios para a solução dos problemas devem

ser definidos a partir do bem-estar do animal de estimação, levando em

consideração seus interesses, quebrando, portanto, os paradigmas antropocêntricos

e especialistas formadores da sociedade.

Page 12: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

12

1 O ANIMAL TRATADO COMO “BENS” SE DESTACA COMO “SERES SENCIENTES”

 É necessário esclarecer o significado do termo Ser Senciente: Senciencia =

sensibilidade + consciência, ou seja, capacidade do animal não humano sentir e

manifestar dor, medo, sofrimento, felicidade, anseios, lembranças, e por que não

dizer, pensamentos. A senciencia é amplamente reconhecida nos animais

vertebrados, portadores de sistema nervoso central, ou seja, quase todos

amplamente usados pelo ser humano. Entende-se por senciencia a aptidão de sentir

de forma consciente. Da mesma forma, ser consciente é ser capaz de ter

experiências negativas ou positivas, sentimento que desencadeia do ser

internamente, ou seja, é a capacidade do animal não humano em sentir, raciocinar,

manifestar dor, medo, sofrimento, felicidade, lembranças, podendo ainda ressaltar

“pensamentos”. Atualmente, o sinal de senciencia mais conhecido é a dor.

A relevância da discussão referente á proteção aos direitos dos animais surge

no intuito de contribuir para que todos passem a ver o animal não apenas como

mero objeto, mas sim, como um ser senciente que possui a capacidade de sentir

prazer e dor, necessitando que seja preservado seu direito no tocante a vida,

integridade física e também suas condições psicológicas.

No relacionamento entre homem e animal é possível observar que com o

avanço da história surge uma moderação no pensamento coletivo da necessidade

do uso do animal somente para servir aos homens, como mero “bens”. Torna-se

importante a mudança de compreensão e atitudes com relação a esses seres vivos,

através da conscientização de que os animais possuem alma, sentimento e

estímulos físicos. O equilíbrio e a responsabilidade é o primordial neste contato para

ambos, para que assim possamos quebrar o tabu de que somos os únicos animais

racionais do planeta.

No decorrer do tempo juridicamente prevaleceu a idéia segundo a qual

animais são bens, são itens sujeitos a apropriação humana e que podem, portanto,

ser comprados, vendidos, usados e mortos sem maior dificuldade, estando ligados a

tão somente o mundo instrumental, para que atenda, direta ou indiretamente, a

interesses, utilidades ou convivências humanas.

A legislação está ligada de acordo com a moral da época, com o tempo, e os

costumes, assim, desenvolve a premissa de que o animal deixa de ser objeto de

Page 13: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

13

direito na condição de coisa e passa a ser inserido como sujeito de direito. Pois,

além de possui capacidade de raciocinar, eles detém de sensações tão semelhantes

a dos humanos, protegidos pela legislação.

Contudo, se faz necessário abranger discussões para o reconhecimento de

uma condição jurídica diferente daquela que ensina que os animais são simples

bens, para que ao percurso do tempo não persistam condições esdrúxulas que

afastam a necessária diferença entre a condição de ser senciente e de objeto.

1.1 O CONTATO HUMANO COM O ANIMAL

Desde a pré-história, a relação próxima entre homens e animais é relatada

nas pinturas encontradas nas cavernas. Ao longo dos séculos, o processo

conhecido como domesticação adaptava determinadas características nos animais

que os tornavam cada vez mais úteis às necessidades humanas, gerando

consequências tanto positivas quanto negativas para ambos.

A relação entre os seres humanos e os animais está presente desde os

tempos pré-históricos. Mas, com o passar do tempo o vínculo foi se estreitando cada

vez mais, pois o animal deixou de ser apenas uma ferramenta de trabalho para se

tornar membro da família.

A arte de domesticar animais começou a fazer parte da cultura da

humanidade quando estes começaram a se fixar em determinadas regiões do

planeta. Isto permitiu a criação de animais, principalmente para a alimentação,

transporte de pessoas ou cargas e para executar trabalhos como a aragem de

terrenos para agricultura.

Com o tempo, os animais foram cada vez mais incorporados à sociedade

humana, inclusive para práticas recreativas, esportivas ou apenas para a mais

simples e pura amizade. Atualmente, os animais de estimação ou pets se tornaram

uma companhia de tremenda importância para muitos homens e mulheres ao redor

do mundo, sendo que os mais comuns nos lares das pessoas são cães e gatos,

considerados até mesmo como “filhos” em muitas famílias.

Contudo, essa interação cria uma dependência cada vez maior dos animais

em relação aos humanos, que nem sempre se mostram indivíduos responsáveis o

suficiente para oferecer o cuidado e carinho que um pet tanto necessita. Em muitos

Page 14: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

14

lugares, é frequente ver situações terríveis de animais abandonados nas ruas sem

um lar para morar, a mercê de maus-tratos, falta de comida, doenças, entre outros.

Dentre essas situações, as zoonoses (doenças transmitidas ao homem pelos

animais) são outras consequências dessa convivência negligente, agravado por

fatores como a falta de higiene e limpeza do bichinho ou do ambiente de convívio

dele, assim como a falta de cuidados veterinários como vermífugo e vacinas, que

potencializam a transmissão de doenças como leptospirose, brucelose, raiva,

gastrenterites, entre outras.

O relacionamento entre homem e animal está em andamento, resultando em

mudanças diretas na vida de ambos. No entanto, a convivência harmônica entre eles

é fundamental para o benefício da vida como um todo. Portanto, ser responsável é

tratá-los dignamente e agir em sua defesa ao longo dessa história que ainda está

sendo escrita, pois se os animais dependem dos homens hoje, é devido à

necessidade maior ainda que os humanos têm de viver com e para esses seres

capazes de amar, sofrer e sonhar.

Fuchs (1988) afirmou que o relacionamento entre ser humano e o animal é

muito amplo, compreendendo desde pesquisa aplicada, clínica, terapêutica e

estudos de comunicação. Já Bergler (1988) ressaltou que as pesquisas continuam a

ignorar a relação psicológica entre o homem e o seu animal, no sentido de buscar o

significado dos animais para as pessoas e de suas funções psicológicas no

cotidiano, preocupando-se em focalizar os aspectos estritamente terapêuticos.

Por outro lado, por mais desculpável que isso possa parecer assemelhar o

animal ao pequeno ser humano é um erro biológico que pode revelar-se perigoso

para o animal. Klein (1995) advertiu que a humanização dos animais pode conduzir

a uma animalização dos seres humanos, particularmente no âmbito dos

assassinatos por um capricho qualquer. Assim, Lorenz (1999) citado por Garber

(2000), se coloca contra a ideia de permitir que o amor pelos animais substitua o

amor pelos seres humanos, chamando tal preferência de eticamente perigosa ou de

perigo moral. Segundo ele o ser humano que, desiludido e amargurado pela

fraqueza dos homens, retira seu amor da humanidade e o deposita sobre os

animais, está cometendo um pecado grave, uma repulsiva perversão social. 

A discussão é uma oportunidade para encontrar-se o equilíbrio. Se for usar a

razão lógica e habilidade para erradicar as doenças, cria-se um ambiente saudável

para todas as criaturas. Esse elo vital com o mundo alimenta o espírito, proporciona

Page 15: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

15

paixão à nossa vida e nos faz rir. É o vínculo com Deus, com os animais, com a

natureza e com as outras pessoas. É a força primordial de uma pessoa feliz e

saudável uma das principais armas da sociedade contra a solidão, a apatia e a

depressão. Os bichos são como vitaminas que nos fortalecem contra ameaças

invisíveis; como cintos de segurança nos protegendo contra os desastres da vida;

como sistemas de alarmes proporcionando um sentimento de segurança.

A etologia nos explica a aproximação entre seres humanos e animais. O

comportamento em toda a sua riqueza de detalhe, variação, causação e controle é a

realização principal da evolução animal, a consequência essencial da estrutura

animal, a razão de ser de todo o resto.

A etologia é a parte da ciência que estuda o comportamento dos animais

(incluindo os seres humanos). Através da analise dos movimentos executados

cotidianamente por determinado grupo é possível identificar os ritos de submissão,

insubordinação, acasalamento, dominância, liderança e etc. No decorrer desse

estudo biólogos podem analisar, identificar e descrever os movimentos corporais e

faciais (nos animais mais desenvolvidos como os hominídeos) para a formação

social e o desenvolvimento de uma determinada espécie em seu habitat.

Compreender a correlação existente entre animais da mesma espécie,

animais de espécies diferentes e animais com o meio abiótico. Os estudos do

comportamento dos animais separam as causas de qualquer movimento

comportamental em dois grupos: ligadas à atividade dos sistemas de

desenvolvimento interno e fisiológico; ligadas a questões sobre valor adaptativo e

modificações históricas.

Chamamos de comportamento àquilo que percebemos das reações de um

animal ao ambiente que o cerca e que são, por sua vez, influenciadas por fatores

internos variáveis. O estudo do comportamento começa com observações dos

movimentos, postura e outros aspectos de um animal. Frequentemente, parece que

um animal não está fazendo nada, mesmo que seu ambiente mude. Isto pode

acontecer porque ele não consegue perceber as mudanças, mas é igualmente

possível que sua resposta às mudanças seja ficar parado.

A observação dos comportamentos realizada pelos etnólogos são

desenvolvidos no habitat em que a espécime determinada para ser analisada

encontram-se, poucas vezes serão realizadas em ambientes que o aprisionam

(como laboratórios e jardim zoológico) e fora do habitat, pois acredita-se que apenas

Page 16: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

16

um estudo no ambiente natural pode evidenciar os comportamentos sociais

verdadeiramente.

Em cativeiro, os animais tendem a realizar movimentos condicionados,

podendo assim, influenciar a interpretação do pesquisador e propiciando o estudo ao

erro. Após a interpretação dos resultados é possível verificar que as conclusões são

utilizadas por cuidadores de animais em cativeiro, pois podem indicar, por exemplo,

se um animal está estressado e permitir ao responsável intervir no comportamento,

prevenindo de ritos que prejudique a sobrevivência do animal ou do bando.

A análise do comportamento dos animais é um procedimento tão antigo

quanto à própria existência da humanidade, uma vez que nossos ancestrais

observavam os movimentos dos demais animais para: conseguir alimento, evitar

determinado grupo de alimento, proteger-se de predadores, e mais posteriormente

para domesticar e criar alguns grupos de animais para a subsistência, proteção de

plantações e rebanhos, gados, bandos e etc..

Charles Darwin foi o primeiro biólogo a realizar e descrever o comportamento

dos animais (incluindo o ser humano - livro: A expressão das emoções no homem e

nos animais) e considerava que o comportamento expressado atualmente foram um

dos influenciadores no processo evolutivo e na seleção natural, assim como, que

alguns dos comportamentos visualizados em espécies evoluídas são respostas

condicionadas ao vivido por nossos antepassados.

Segundo ele, o homem que descobriu a identidade do projetista de homens e

animais (a seleção natural), a mente parecia seguir certa continuidade ao longo da

evolução das espécies. Os bichos mais abaixo na escala evolutiva também teriam

inteligência e sentimentos, só que em níveis distintos. E Darwin estava certo. “As

evidências de hoje indicam que muitos animais sentem alegria, tristeza, pena…”, diz

o biólogo Marc Bekoff, da Universidade do Colorado (2003, p. 533).

Ainda segundo Bekoff, cachorros podem ser tão racionais que fazem planos

para o futuro. E elefantes ficam de luto quando morre um amigo ou parente. Um

estudo recente da Universidade de Goethe, na Alemanha, revela que os corvos são

capazes de se reconhecer no espelho. E cientistas da Universidade Paul Sabatier,

na França, demonstraram que abelhas entendem conceitos abstratos como

“equivalente” e “diferente”. Agora responda: dá para continuar achando que somos

os únicos animais racionais do planeta?

Page 17: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

17

Assim, ao decorrer do estudo da etologia é notório dizer que esta se tornou

atraente para outros setores além da zoologia, chegando a ser utilizada na análise

comportamental em humanos. Apesar de ser um estudo tão antigo como o próprio

desenvolvido por Darwin, apenas nos séculos XX e XXI é comum ver esse tipo de

estudo relacionado às atividades humanas e sendo desenvolvidas por psicólogos,

marketing, vendedores e antropólogos.

Uma das principais razões para estes especialistas utilizarem a etologia

encontra-se na compreensão de comportamentos repetitivos afim de identificá-los e

cataloga-los para desenvolver ferramentas que classifiquem, por exemplo,

comportamento comum em psicopatas, compreender como desenvolve-se os

relacionamentos interpessoais, a orientação para se interessar ou não por

determinado objeto, a estruturação da sociedade, o padrão de resposta para

determinadas ações e reações, etc.

De acordo com a filósofa Christine Korsgaard, a relação entre o homem e os

(outros) animais (não-humanos) é instável e oscila entre o nosso tratamento e a

nossa visão do animal como co-criatura e como recurso útil.

Práticas e atitudes éticas dos humanos, no que diz respeito a outros animais deixam transparecer uma curiosa instabilidade. Por um lado, a maioria das pessoas acredita que seja errado infligir dor a, ou causar a morte de um animal não-humano por razões inadequadas. Esfolar ou incendiar um gato por diversão juvenil são exemplos-padrão óbvios de malfeitos que figuram na literatura filosófica. (...) Por um lado, seres humanos tradicionalmente consideram praticamente qualquer razão que nós venhamos a ter, excluindo prazer malicioso, como razão adequada. Nós matamos animais não-humanos e às vezes lhes infligimos dor porque queremos comê-los, porque queremos fabricar produtos úteis a partir deles, porque podemos aprender praticando experimentos neles e porque eles interferem na agricultura ou na jardinagem ou são considerados pestes de alguma outra maneira. Nós também os matamos, e às vezes lhes infligimos dor, por esporte - caçando, pescando, organizando rinhas de galos ou de cães, touradas e assim por diante. Poderíamos até mesmo matá-los, pois, tendo executado algum trabalho útil para nós, perderam a utilidade por causa da idade e agora causam despesas. (KORSGAARD, 2008, p. 1, tradução nossa)

Christine Korsgaard compara a atitude e a preocupação moral com os

animais, compartilhada por muitas pessoas, com a preocupação com prisioneiros de

guerra, porque, quando usamos animais para os nossos fins, devemos fazê-lo de

forma mais “humana” possível:

Fragilmente equilibrada entre esses dois exemplos, aparentemente extremos, de atitude, há a convicção, compartilhada por tantas pessoas, de que quando nós usamos animais para nossos próprios propósitos, devemos

Page 18: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

18

tratá-los tão “humanamente” quanto possível. Devemos continuar a comê-los, mas os animais devem ser mantidos em condições agradáveis e abatidos humanamente; as experimentações devem prosseguir, mas o sofrimento deve ser reduzido o tanto quanto possível, a caça deve continuar, mas o caçador escrupuloso deve almejar sempre a morte rápida que não envolva terror prolongado ou sofrimento. Os contornos de nossa preocupação moral pelos outros animais, se me permitem essa colocação, assemelha-se aos contornos da nossa preocupação moral por prisioneiros de guerra. Da mesma forma que atingimos um equilíbrio frágil entre tratar prisioneiros de guerra como inimigos e tratá-los de uma maneira que expressa o reconhecimento da humanidade que nós compartilhamos, nós atingimos um equilíbrio frágil entre tratar os outros animais como recurso útil – como explicitou o filósofo Immanuel Kant, apenas como fins - e tratá-los de uma maneira que expressa o reconhecimento da nossa natureza em comum de seres conscientes e sencientes. O conflito existente entre a visão do outro como recurso útil e a visão de co-criaturas atingiu novos extremos no mundo contemporâneo. (KORSGAARD, 2008, p. 1, tradução nossa).

Todo animal seja ele de produção ou não merecem o respeito e as garantias de proteção ao bem estar. Vale lembrar que existem leis federais, estaduais e municipais que cuidam dos casos de maus tratos.

1.2 A SOCIEDADE E O TRATAMENTO AOS ANIMAIS

Em nossa sociedade, o ativismo em defesa dos animais cresceu juntamente

com o número dos chamados pets, promovendo a adesão de crianças e adultos à

luta em favor dos direitos dos bichos, contra a crueldade e os maus-tratos a eles

infringidos. Entretanto, a despeito da ampliação desse engajamento nos dias de

hoje, a luta em prol dos animais não é recente no Brasil.

A necessidade de desenvolver estudos voltados para a investigação das

relações entre os homens e os animais, ao longo do tempo, está afinada com a

preocupação da sociedade atual com a natureza. A história, sempre atenta ao

presente, tem devotado esforços importantes para a compreensão das diversas

representações da natureza construídas pelo homem no tempo, ciente de que não

existe apenas uma noção de natureza e sim várias, produzidas no próprio devir

histórico, pelas diferentes sociedades humanas.

O Brasil, constantemente associado à uma natureza exuberante, ocupa o

centro das discussões globais sobre o tema. Mas apesar da grande visibilidade do

assunto nos dias de hoje, as reflexões sobre o ambiente natural integram o campo

intelectual e governamental brasileiro há muito tempo, tendo mobilizado diversos

sujeitos históricos segundo os aportes sociais de cada conjuntura.

Em meados do século passado as discussões sobre a necessidade de se

estabelecer formas "racionais" e menos destrutivas de lidar com a natureza

Page 19: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

19

adquiriram grande força e impulso no Brasil. Portanto, não é de se estranhar que tal

período tenha testemunhado a criação de um número significativo de sociedades

protetoras dos animais. Essas entidades preocuparam-se predominantemente com

os bichos domesticados, presentes na lida diária (cavalos, bois, burros) e com

aqueles que, para além da utilidade, eram tidos como de estimação, como cães e

gatos.

Os animais ditos selvagens também mereceram consideração, mas eram

genericamente citados ao se admoestar a sociedade a respeitar as leis de caça e

pesca, no sentido de combater práticas cruéis (como o uso de armadilhas), que

pudessem causar sofrimento desnecessário. A proximidade com a realidade

humana, principalmente na cidade, foi o parâmetro para a maior ou menor atenção

que as sociedades, e as suas revistas, concederam aos diversos tipos de animais.

O certo é que graças à ação e à pressão de tais organizações que foi

promulgada, a partir do ano de 1934, as primeiras leis e Decretos brasileiros

estabelecendo especificamente medidas de proteção aos animais, e os maus-tratos

a eles destinados tornaram-se passíveis de gerar multas e até prisão.

Assim, apesar da história dos movimentos de proteção aos animais no Brasil

ser um tema pouco estudado, ele pode ser de grande interesse para a sociedade

contemporânea, cada vez mais preocupada em problematizar as relações entre o

homem e a natureza e as balizas éticas dessa interação. A perspectiva histórica

amplia os horizontes do debate e evidencia que os fundamentos que guiam a defesa

dos animais ao longo do tempo variam conforme a realidade política, cultural e

econômica de cada sociedade.

Grande parte da sociedade não tolera mais uma cultura de maus-tratos aos

animais e impunidade por parte de quem os inflige. De outro, a própria ausência de

um debate público mais generalizado a este respeito pode ter como resultado uma

exaltação hipertrofiada dos ânimos das pessoas, abrindo margem para a detração

do animalismo como um “fetiche” de quem quer elevar ao patamar de problema

social o que não é. Esta é uma das acusações mais frequentemente ouvidas pela

militância animalista: de que sua “causa” não é suficientemente relevante; de que

qualquer reconhecimento a mais para os animais implicaria necessariamente em um

“rebaixamento” do estatuto ontológico do ser humano.

Page 20: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

20

É forçoso reconhecer que um número cada vez maior de operadores do

direito têm se interessado pela questão dos animais. O mérito destes agentes deve

ser reconhecido.

Segundo Lestel (2002): Se quisermos fazer algo pelos animais, devemos

primeiro, refletir sobre toda uma mentalidade que se possui a respeito deles e o seu

lugar na sociedade. Para iniciar, poderíamos começar a refletir se as nossas

sociedades são mesmo humanas ou se não são, bem a verdade, humano-animais

ou “comunidades híbridas”. Haveria sociedade(s) humana(s), tal qual nós a(s)

conhecemos, sem a participação dos animais? Isto é algo digno de ser pensado e

avaliado. Também em sentido moral.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, passou-se a tutelar a

fauna, in casu (em causa), todas as formas de animais não-humanos, em seu

artigo 225, elevando-se a proteção do bem ambiental, e consequentemente a

fauna e os animais domésticos, a condição de direito fundamental, conforme

entendimento de Benjamin:

[...] os mais recentes modelos constitucionais elevam a tutela ambiental ao nível não de um direito qualquer, mas de um direito fundamental, em pé de igualdade (ou mesmo, para alguns doutrinadores, em patamar superior) com outros também previstos no quadro da Constituição [...] (2007, p. 64).

Com o advento da internet, casos de maus tratos aos animais, como animais

em gaiolas pequenas, cavalos sendo utilizados à serviço do homem até chegarem a

máxima exatidão. Animais presos a correntes expostos ao calor, frio, com fome e

sede, mutilação, envenenamento, bem como cachorros e gatos utilizados para

procriação de maneira desumana em criadouros, aparentemente, ganharam mais

visibilidade, sendo mais comumente expostos.

1.3 EVOLUÇÃO HISTORICA DA PROTEÇÃO ANIMAL

Os primeiros teóricos que propuseram uma nova forma de seleção acerca do

direito dos animais também faziam parte do movimento humanista moderno, dentre

eles, Voltaire, criticou a opressão praticada contra os animais, afirmando que se

tratava de uma extrema pobreza de espírito equiparar seres vivos a máquinas

utilitárias, nas suas palavras:

Page 21: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

21

É preciso, penso eu, ter renunciado à luz natural, para ousar afirmar que os animais são somente máquinas. Há uma contradição manifesta em admitir que Deus deu aos animais todos os órgãos do sentimento e em sustentar que não lhes deu sentimento. Parece-me também que é preciso não ter jamais observado os animais para não distinguir neles as diferentes vozes da necessidade, da alegria, do temor, do amor, da cólera, e de todos os seus afetos; seria muito estranho que exprimissem tão bem o que não sentem. (1993, p. 169).

Rousseau (2001) também criticou o uso de animais em experimentos,

afirmando que, desprovidos de razão, os animais realmente não podem reconhecer

a lei natural, mas, unidos que estão de alguma forma, à natureza humana pela

sensibilidade de que são dotados, é de se entender que também devam participar

do direito natural e o homem estaria obrigado, para com eles a certas espécies de

deveres. Argumenta, ainda, que se a lei natural obriga a não fazer nenhum mal ao

semelhante é menos porque ele é um ser racional do que porque é um ser sensível,

qualidade que, sendo comum ao animal e ao homem, “deve ao menos dar a um o

direito de não ser maltratado inutilmente pelo outro” (2001, p. 11).

Destaca Almeida (2013) que no Brasil o marco importante para o início á

proteção dos direitos dos animais se concedeu com o Decreto n° 16.590 de 1924

que aboliu qualquer conduta cruel nas competições de touros, garraios e novilhos,

brigas de galo e canários em Casas de Diversões Públicas. Assim, vale mencionar a

redação dada pelo artigo 225 da Constituição Federal de 88:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: (...)VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

A Lei nº 7.976/97, no art. 16 – discorre sobre os maus-tratos:

I - praticar atos de abuso ou crueldade com qualquer animal; II - obrigar animais a trabalhos excessivos ou superiores às suas forças e a todo ato que resulte em sofrimento; III - golpear, ferir ou mutilar violentamente qualquer órgão ou tecido do animal, exceto a castração; IV - abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo que, humanitariamente, se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária; V - não dar morte rápida, livre de sofrimentos prolongados, a todo animal cujo extermínio seja necessário; VI - fazer trabalhar animais em período de gestação; VII - atrelar animais a veículos carentes de apetrechos indispensáveis, tais como balancins, ganchos e

Page 22: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

22

lanças; VIII - arrear ou atrelar animais de forma a molestá-los; IX - manter animais atrelados e sedentos.

Posteriormente foram elaboradas numerosas leis, que salientaram resultados

positivos, Almeida (2013) destaca no quadro a seguir exposto exemplos na evolução

do direito dos animais:

Figura 1: Primeiras Normas Jurídicas

Fonte: Ambitojuridico.com.br

É importante mencionar que as normas jurídicas internacionais impulsionaram

e sustentaram a evolução do Brasil neste tema. Neste contexto, Almeida (2013)

enfatiza que merece destaque pelo zelo do texto normativo adquirido a Declaração

Universal dos Direitos dos Animais, Bruxelas, em 1978, proclamada pela UNESCO,

que discorre sobre:

Declaração Universal dos Direitos dos Animais – Unesco – ONU (Bruxelas –

Bélgica, 27 de janeiro de 1978):

Preâmbulo: Considerando que todo o animal possui direitos; Considerando que o desconhecimento e o desprezo desses direitos têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza; Considerando que o

Page 23: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

23

reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo; Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de continuar a perpetrar outros; Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante; Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais, Proclama-se o seguinte: ARTIGO 1: Todos os animais nascem iguais diante da vida,e têm o mesmo direito à existência. ARTIGO 2: a) Cada animal tem direito ao respeito. b) O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais, ou explorá-los, violando esse direito. Ele tem o dever de colocar a sua consciência a serviço dos outros animais. c) Cada animal tem direito à consideração, à cura e à proteção do homem. ARTIGO 3: a) Nenhum animal será submetido a maus-tratos e a atos cruéis. b) Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor ou angústia. ARTIGO 4: a) Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo e aquático, e tem o direito de reproduzir-se. b) A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a este direito ARTIGO 5: a) Cada animal pertencente a uma espécie, que vive habitualmente no ambiente do homem, tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias de sua espécie. B) Toda a modificação imposta pelo homem para fins mercantis é contrária a esse direito [...].

Os animais possuem também lugar nas Leis Federais, como o Decreto nº

24.645, de 10 de junho de 1934 (Brasil, 1934), que estabelece medidas de proteção

aos animais, editado e promulgado pelo presidente da República Getúlio Vargas. O

decreto mencionado possui característica singular na produção dos artigos por

possuir os mais sinceros desejos de compaixão humana para com o bem estar dos

animais. É diante a base história, que embora esteja esquecida no tempo, que os

atuais clamores aos direitos dos animais ganham impulso aos valores e atuais

discussões, felizmente a consciência humana retorna os olhares ao meio ambiente,

questões ecológicas e preservação, pois já era hora frente ao mundo conduzido a

degradação. (MASCHIO, 2005).

Giumelli e Santos (2016) apresenta exemplos a âmbito municipal, pois como

abordado anteriormente são as normas elaboradas por cada sociedade no seu

convívio e necessidade que alimenta a força para uma norma especifica ser

questionada, instituída e valorizada no direito para a proteção dos animais.

Destacam-se, os municípios de Joinvile e Araquari, em Santa Catarina, que

enfatizam e executa o controle em face do abandono de animais domesticados e a

política de educação para conscientização da população, logo é importante dizer

Page 24: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

24

que é possível ao cidadão adquirir benefícios com a legislação mencionada, tudo em

prol de uma motivação para um bem maior.

Entende-se que a evolução histórica da proteção ao direito do animal nos

acompanha por séculos, desde teóricos movidos pela causa quanto ao indivíduo que

luta no dia a dia munido de ética e moral para com os seres que possuem vida, para

os seres que comprovadamente são sencientes. É necessário concordar que essa

luta vem caminhando vagarosamente, mas também merece ênfase dizer que a

humanidade já possui outros olhos para a causa, expandindo a cada dia mais o

número de defensores dos animais. Nesse contexto é necessário observar a falta de

conhecimento ao verdadeiro significado ao ativismo, que embora possua um

impacto negativo por abranger diferentes causas sem equilíbrio, esse termo exprime

que “o ativista é a pessoa que trabalha por uma ideologia política e/ou social de

modo ativo por uma causa” (dicionário online). Assim, não basta ter amor ao animal

e repúdio a crueldade, é necessário agir.

Page 25: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

25

2 ANIMAL COMO SUJEITO DE DIREITO

Expande o clamor social para uma consideração moral e garantidora de

direitos aos animais, desde a célula da sociedade – a família, aos meios jurídicos e

políticos. O impacto a necessidade de proteção aos interesses dos animais

movimenta as máquinas legislativa, judiciária, mobiliza a sociedade e ainda estimula

pesquisas, e o vínculo que percorre todos os ambientes que visam à proteção dos

animais é o entrave provocado pela condição jurídica de coisas.

Ganha proporção não só os direitos dos animais, mas também os direitos e

deveres das pessoas que os incluem em seu núcleo familiar. A sociedade e os

tribunais vêm sensibilizando-se em relação ao tema, seja sob a ótica do direito

penal, civil, ambiental e outros. Já é possível conversar sobre o assunto, já surgem

vozes e atitudes aqui e ali, com abordagens diferentes, mas com propósitos

similares.

A tutela jurídica dos animais ainda é deficiente no próprio ordenamento

jurídico brasileiro, pois ainda apresentam-se “válvulas de escape”, uma vez que

existem diplomas permissivos de comportamentos cruéis. Portanto, mudanças estão

acontecendo e nosso ordenamento jurídico já apresenta algumas modificações

pontuais, embrionárias aos olhos dos que defendem a causa, mas significativas aos

olhos da história.

Diante a discussão da guarda compartilhada manifesta claramente que os

animais não são meros bens, uma vez que é necessário ao magistrado à

preocupação sobre qual das partes tem melhor condição para mantê-lo, sendo

necessária a criação de “guarda compartilhada”, “visitações” e até auxílio financeiro

para os cuidados do dia a dia, como se fosse filho das partes. Podemos falar em

“guarda compartilhada”, “visitas” ou “pensão alimentícia”, de objetos?

2.1 O DIREITO DO ANIMAL

Compreende-se que o direito do animal é a união de princípios de direitos

fundamentais existentes para fins próprios que precisam ser reconhecidos.

Possuidores de senciencia (capazes de sentir), o animal necessita do direito á

liberdade, á vida e á integridade física protegida.

Page 26: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

26

Não há como falar em direito dos animais sem buscar o conhecimento dos

aspectos do direito natural. Pois, mesmo que este pertença à ciência jurídica existe

controvérsias quanto a sua aplicação, no que implica diretamente o desenvolvimento

na pretensão do direito do animal.

O direito natural baseia-se em observar os comandos da natureza, assim,

retrata que viver com dignidade e proteção pertence á essência dos animais

humanos e não humanos, uma vez que esses são observados aos comandos da

natureza que mesmo sendo inconstante é a forma fundamental que resulta em um

universo justo. Assim, todo aquele que é capaz de sentir merece ser protegido pela

legislação, pela ética, pela moral e pela conduta humana. (AMARANTE, 2019).

Segundo Sampaio (2018) “o Direito Natural não é convencionado entre os

homens, ele simplesmente existe, independente da época, das limitações

geográficas, do credo ou cultura. Todo animal deve gozar dos direitos universais, à

vida e à liberdade”. Nesse contexto, observa-se que todos detêm de direitos

universais sem distinção deste e sem superioridade, possuindo o Estado neste

sentido como controle frente a qualquer abuso.

Seguindo com o conceito positivista brasileiro os animais não possuem

direitos, o que se conquistou até o presente momento foi o direito á sua proteção, a

dispor a lei de crimes ambientais nº 9.605 de 1998, que em seu artigo 32 penaliza a

conduta humana em relação à fauna.

A proteção a fauna foi concebida pelo legislador não pelo direito á vida ou ao

bem-estar que cada animal carece em sua individualidade, mas como garantia de

conservação de tudo aquilo que se titula biodiversidade. Diante de tais

circunstancias o animal foi associado ao utilitarismo (direito de propriedade), ao

invés de ser ligado ao respeito que necessita ser alimentado frente aos seres vivos.

Nesse contexto, em regra os animais são facilmente classificados como

coisas, semoventes, propriedade, recursos ou bens, nomenclaturas estas que

causam oposições de ideias, pois são vistas como brutal e egoísta. É importante

ressaltar que a Natureza que era classificada como um ser todo vivo (visão

holística), passou a ser um conjunto de recursos (instrumento) para fins do interesse

humano.

Estudos mostram que na China o cachorro fazia parte da culinária, pois para

eles o cachorro era visto como animal selvagem como qualquer outro, em contra

partida no Brasil o cão antes visto como mero protetor passou a ser considerado o

Page 27: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

27

melhor amigo do homem. Atualmente, devido a globalização, isso está sendo

combatido, e este animal tem passado cada vez mais a ser visto como "de

estimação".

Vale considerar, para conquistar uma ordem jurídica substancialmente justa,

as qualidades humanas de natureza efetiva, psicológica e moral. A compaixão aos

animais, mesmo de sua condição e do destino a ele determinado pelo interesse

humano, institui a uma virtude ética que, dissonar a opressão e a violência, deve

presidir a busca do ideal de justiça.

No Brasil a proteção ao animal passa a ser legalizada no artigo 225 da

Constituição Federal de 1988, a partir deste artigo podemos passar a destinguir o

animal do direito ambiental, o que é muito aignificativo. O mencionado artigo afirma

a senciencia animal no Brasil, uma vez que o inibe de atos cruéis.

Um novo avanço é legalizado, dez anos depois, a Lei de Crimes Ambientais

(Lei nº 9.605/98) traz uma nova ascensão ao criminalizar o ato de abusar, maltratar,

ferir ou mutilar animais — não importa a espécie. Frente as leis locais em cidades e

estados contribuem para criar abertura jurídicas que podem ser usadas pelos

ativistas. Merece destaque a Lei nº 1140 de 2018, estabelece um código de direito e

bem-estar animal. O texto discorre que os animais são seres sencientes e nascem

iguais e que devem ter a sua existência física e psíquica reconhecida, entre outras

garantias.

Nyle Ferrari cita o advogado Mauro Cerri, também integrante da ABRAA: o

problema é que as penas para os maus-tratos aos animais são brandas, variando de

3 meses a um ano. Ele reforça a necessidade de uma legislação específica que

reconheça os direitos dos animais. “É difícil falar em direitos dos animais com uma

legislação que regula como os animais devem ser explorados. Na verdade, o direito

deveria dizer que esses animais não podem ser utilizados.”

Ferrati também menciona o Ex-presidente Mauro da comissão de direito e

proteção animal da Ordem dos Advogados do Brasil de Rio Claro e de São Paulo,

que destaca a importância da entidade e da atuação da OAB. “O principal papel

dessas comissões é cobrar políticas públicas de proteção aos animais desde penas

mais severas até questão de controle de população de cães e gatos, a questão das

carroças, animais em zoológicos”, diz. “As autoridades, sejam do Legislativo,

Executivo, Judiciário, bem como as polícias, começaram a enxergar o movimento de

defesa animal de outra forma pela credibilidade da instituição.”

Page 28: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

28

Vale dizer que Ministério Público vem colaborando para as lutas do direito dos

animais, seja no âmbito estadual ou federal. O Ministério Público possui a função de

receber e apurar denuncia envolvendo os animais e na ocasião precisa realiza

ações de políticas públicas em defesa dos direitos dos animais.

Relevante exprimir que a necessidade de adquirir o direito do animal se faz

presente frente a lacuna que a legislação possui em sentido de proteção ao animal

especificadamente. A utilizar como exemplo, para melhor entendimento, cita-se a Lei

5.197/67 (Lei de Proteção à Fauna), que em seu artigo 1 possui a redação de

proibição da caça profissional, exceção esta que intuitivamente regula a caça

amadora e científica, motivando a instalação de parques de caça, clubes e

sociedades amadoras de caça a vôo, formando criação de animais silvestres para a

industrias a fins de interesse econômico.

Correspondente ao caso mencionado tem outro contrassenso a ser

identificado na lei estadual nº 11.365 de 2000 de Santa Catarina, que desacata uma

decisão do STF que reconhece a inconstitucional a torpe prática da farra do boi

(evento popular do qual uma multidão de sádicos deleita em linchar, publicamente,

bois e garrotes durante a semana santa). A lei catarinense acatou a “tradição

sádica), desde que a prática não pertube a ordem pública.

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina declarou ser sadia e pacífica a

cultura popular, o que torna afrontoso diante tais demonstrações exposta ao público

de brutalidade em relação aos animais, o que estimula o ser humano a praticar fora

deste cenário o mau trato aos animais, inserindo assim na educação da sociedade

comportamento desumano, sem ética e moral.

2.1.1 Personalidade do animal

Precisa-se conhecer a definição dada ao animal para compreender e

desenvolver novos estudos. No reino dos seres vivos falamos em quatro

características para dar significado ao animal: ter a capacidade de ingerir outro ser

vivo; se locomover por vontade e condição própria; conter um sistema nervoso e

dotar de sensibilidade. Diferente ou ausente tais peculiaridades tem-se outro ser

vivo, como exemplo as plantas e os microorganismos (MAGALHAES, 2018).

Almeida (2013) discorre que para a biologia os seres vivos são reunidos em

cinco reinos diferente, citando eles; a Bactéria, o Protoctista, o Fungi, o Plantae e o

Page 29: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

29

Animalia, sendo este último o que acolhe a classe de todos os animais. Ressalta

ainda que o reino Animalia é fragmentado em nove grupos: poríferos, cnidários,

platelmintos, asquelmintos, anelídeos, moluscos, equindermos, artrópodes e

cordados. Assim, diante a biodiversidade da nossa natureza deve se observar as

características individuais frente a cada classe e grupos de singular espécie em sua

individualidade para melhor compreender e proteger todos seus aspectos de vida

digna.

Os animais se destacam na capacidade de possuir seus sentidos como,

olfato, visão, autoproteção, audição, excepcionalmente mais elevada as que

possuem os seres humanos, entretanto no que se conceitua como razão humana os

animais dominam o comportamento instintivo, sendo também desprovido da

linguagem articulada, logo surge à definição de animais não humanos.

Almeida (2013) ainda salienta sobre a função da nossa legislação brasileira

frente ao animal não humano, ele alude que para realizar a análise para a aplicação

do direito de maneira correta e justa é necessário dividi-los sob os aspectos de seu

habitat, sendo estes a fauna silvestre brasileira, fauna silvestre exótica e fauna

doméstica.

Podemos entender que para ser realizada uma analogia coerente da vida, da

necessidade, da vulnerabilidade acerca da classe de animais não humanos, é

necessária a compreensão do contexto não só histórico, mas também do estudo

específico sobre a classe.

Ao decorrer do estudo são perceptíveis como os animais são indefesos frente

aos humanos, pois quando o animal é retirado do seu habitat natural de forma legal

ou ilegal ele se torna sensível ao local onde é obrigado a viver, quando, é importante

destacar, que muitas vezes os mesmos são submetidos a atos de crueldade para

fins lucrativos, interesses pessoais ou mero desejo sádico.

2.1.2 Conceito jurídico do animal

O Código Civil Brasileiro de 1916 tratava os animais como coisas, bem

semoventes, objetos de propriedade e outros interesses alheios como bens móveis

suscetíveis de movimento próprio no artigo 47, como coisas sem dono sujeitas à

apropriação no artigo 593 e como caça nos artigos 596 a 598. Esses dispositivos

foram revogados pela lei de proteção à fauna Lei n. 5.197/1967.

Page 30: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

30

O Código Civil de 2002 manteve, em seu artigo 82, apenas o dispositivo

contido no artigo 47 do Código de 1916. O artigo 82 do novo código civil dispõe que

“são móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força

alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social”, assim, os

animais permanecem sendo considerados coisa ou semovente, sendo, portanto,

passíveis de apropriação pelos homens.

 Entende-se que os animais não são reconhecidos pelo ordenamento jurídico

como sujeitos de direitos, pois são tidos como bens sobre os quais incide a ação do

homem, uma vez que a proteção do meio ambiente existe para favorecer o próprio

homem e somente por via reflexa para proteger as demais espécies.

A Carta Magna que apesar de apresentar espaço aberto para a solução de

conflitos ambientais, não apresenta nenhum traço que dê consideração ou abertura

para a compreensão jurídico-ambiental segregada de noções antropocêntricas, o

que leva a crer que o sistema jurídico-ambiental pátrio continua sob a égide desta

embocadura antropocêntrica, e, por conseguinte, o próprio sistema jurídico se

apresenta como um impasse para se pensar tal justiça ambiental. Assim, Ackel

(2001) cita Olmiro Ferreira da Silva: devemos buscar caminhos de superação e

demonstrar sua pertinência e coerência jus-sistêmica.

2.1.3 Maus-tratos

O Decreto 24.645 de 1934 que proibiu os maus tratos aos animais. Seu

artigo 3º diz que consideram-se maus tratos:

I. Praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal;II. Manter animais em lugar anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz;III. Obrigar animais a trabalhos excessivos ou superiores às suas forças e a todo o ato que resulte em sofrimento para deles obter esforços que, razoavelmente, não se lhes possam exigir senão com castigo;IV. Golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou tecido de economia, exceto de castração, só para animais domésticos, ou operações outras praticadas em benefício exclusivo do animal e as exigidas para defesa do homem, ou no interesse da ciência;V. Abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo o que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária;VI. Não dar morte rápida, livre de sofrimentos prolongados, a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não;VII. Abater para consumo ou fazer trabalhar os animais em período adiantado de gestação;

Page 31: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

31

VIII. Atrelar, no mesmo veículo, instrumento agrícola ou industrial, bovinos com equinos, com muares ou asininos, sendo somente permitido o trabalho em conjunto a animais da mesma espécie;IX. Atrelar animais a veículos sem os apetrechos indispensáveis, como sejam balancins, ganchos e lanças ou arreios incompletos, incômodos ou em mau estado, ou com acréscimo de acessórios que os molestem ou lhes perturbem o funcionamento do organismo;X. Utilizar, em serviço, animal cego, ferido, enfermo, fraco, extenuado ou desferrado, sendo que este último caso somente se aplica a localidades com ruas calçadas;XI. Açoitar, golpear ou castigar por qualquer forma a um animal caído sob o veículo ou com ele, devendo o condutor desprendê-lo do tiro para levantar-se;XII. Descer ladeiras com veículos de tração animal sem utilização das respectivas travas, cujo uso é obrigatório;XIII. Deixar de revestir com couro ou material com idêntica qualidade de proteção as correntes atreladas aos animais de tiro;XIV. Conduzir veículos de tração animal, dirigido por condutor sentado, sem que o mesmo tenha boleia fixa e arreios apropriados, com tesouras, pontas de guia e retranca;XV. Prender animais atrás de veículos ou atado às caudas de outros;XVI. Fazer viajar um animal a pé, mais de 10 quilômetros, sem lhe dar descanso, ou trabalhar mais de 6 horas contínuas sem lhe dar água e alimento;XVII. Conservar animais embarcados por mais de 12 horas, sem água e alimento, devendo as empresas de transporte providenciar sobre as necessárias modificações no seu material, dentro de 12 meses a partir da publicação desta lei;XVIII. Conduzir animais, por qualquer meio de locomoção, colocados de cabeça para baixo, de mãos ou pés atados, ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento;XIX. Transportar animais em cestos, gaiolas ou veículos sem as proporções necessárias ao seu tamanho e número de cabeças, e sem que o meio de condução em que estão encerrados esteja protegido por uma rede metálica ou idêntica que impeça a saída de qualquer membro do animal;XX. Encerrar em curral ou em outros lugares animais em número tal que não lhes seja possível moverem-se livremente, ou deixa-los sem água e alimento mais de 12 horas;XXI. Deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas, quando utilizadas na exploração do leite;XXII. Ter animais encerrados juntamente com outros que os aterrorizem ou molestem;XXIII. Ter animais destinados à venda em locais que não reúnam as condições de higiene e condições relativas;XXIV. Expor, nos mercados e outros locais de venda, por mais de 12 horas, ave em gaiolas, sem que se faça nesta a devida limpeza e renovação de água e alimento;XXV. Engordar aves mecanicamente;XXVI. Despelar ou despenar animais vivos ou entrega-los vivos à alimentação de outros;XXVII. Ministrar ensino a animais com maus tratos físicos;XXVIII. Exercitar tiro ao alvo sobre patos ou qualquer animal selvagem, exceto sobre os pombos, nas sociedades, clubes de caça, inscritos no serviço de Caça e Pesca;XXIX. Realizar ou promover lutas entre animais da mesma espécie ou de espécie diferente, touradas e simulacros de touradas, ainda mesmo em lugar privado;XXX. Alojar aves e outros animais nas casas de espetáculos e exibi-los, para tirar sortes ou realizar acrobacias;

Page 32: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

32

XXXI. Transportar, negociar ou caçar, em qualquer época do ano, aves insetívoras, pássaros canoros, beija-flores e outras aves de pequeno porte, exceção feita das autorizações pra fins científicos, consignados em lei anterior.

 Constituição Federal  em seu Artigo 225, inciso VII esclarece:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VII -  proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.(...)

Para nós, protetores dos animais, importantíssimo é o art. 32 da

Lei 9605/98:Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Sabe-se que nesses casos a pena é muito branda, possibilitando assim,

para quem é réu primário, a substituição da pena restritiva de liberdade por pena

restritiva de direito, ou seja, a pessoa pode vir a ter que prestar serviços à

comunidade, ou pagar cestas básicas, ou ainda pagar multa.

2.2 A MOTIVAÇÃO A TUTELA DO ANIMAL COMO TITULAR DE DIREITO

O termo, tutela é o mais apropriado por representar a definição, conforme o

Dicionário Luft, de s.f. (2). Proteção, amparo e defesa.

Segundo Aspiset al. (2006, p. 85), durante a Primeira Reunião

LatinoAmericana de Especialistas em Posse Responsável de Animais de

Companhia e Controle de Populações Caninas, em 2003, foi elaborada a seguinte

conceituação para Tutela ou Posse Responsável:

É a condição na qual o guardião de um animal de companhia aceita e se compromete a assumir uma série de deveres centrados no atendimento das necessidades físicas, psicológicas e ambientais de seu animal, assim como prevenir os riscos (potencial de agressão, transmissão de doenças ou danos a terceiros) que seu animal possa causar à comunidade ou ao ambiente, como interpretado pela legislação vigente.

Page 33: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

33

Para o Instituto Pasteur, é de responsabilidade do proprietário do animal se

informar sobre todas as implicações de se ter um animal de estimação antes de

adquiri-lo ou adotá-lo. (GIMENEZ, 2006).

A Associação Humanitária de Proteção e Bem Estar Animal - ARCA Brasil

(2008), sediada na cidade de São Paulo, cuja atuação é referência em nível nacional

e internacional, resumiu as principais ações de tutela responsável e criou um

pequeno guia contendo os “dez mandamentos” sobre o tema, a saber:

I - Antes de adquirir um animal, considere que seu tempo médio de vida é de 12 anos. Pergunte à família se todos estão de acordo, se há recursos necessários para mantê-lo e verifique quem cuidará dele nas férias ou em feriados prolongados. II - Adote animais de abrigos públicos e privados (vacinados e castrados), em vez de comprar por impulso. III - Informe-se sobre as características e necessidades da espécie escolhida – tamanho, peculiaridades, espaço físico. IV - Mantenha o seu animal sempre dentro de casa, jamais solto na rua. Para os cães, passeios são fundamentais, mas apenas com coleira/guia e conduzido por quem possa contê-lo. V - Cuide da saúde física do animal. Forneça abrigo, alimento, vacinas e leve-o regularmente ao veterinário. Dê banho, escove e exercite-o regularmente. VI - Zele pela saúde psicológica do animal. Dê atenção, carinho e ambiente adequado a ele. VII - Eduque o animal, se necessário, por meio de adestramento, mas respeite suas características. VIII - Recolha e jogue os dejetos (fezes) em local apropriado. IX - Identifique o animal com plaqueta e registre-o no Centro de Controle de Zoonoses ou similar, informando-se sobre a legislação do local. Também é recomendável uma identificação permanente (microchip ou tatuagem). X - Evite as crias indesejadas de cães e gatos. Castre os machos e fêmeas. A castração (esterilização) é a única medida definitiva no controle da procriação e não tem contraindicações.

Conforme Paro (2008, p.1), o que ocorre atualmente é que no impulso de

adquirir um bichinho de estimação, as pessoas se esquecem de que a partir daquele

momento, aquela vida depende totalmente delas. E afirma:

Tutelar um animal exige responsabilidade, amor, e principalmente abnegação, pois trata-se de um ser vivo que passou a fazer parte de nossas vidas. Além disso, estar preparado psicologicamente, financeiramente e ter espaço físico suficiente para acomodar o animal são deveres primordiais àqueles que aceitam essa responsabilidade. Zelar pelo bem estar e proteger o animal sob nossa tutela é obrigação, e, principalmente um ato de cidadania, afinal, estamos conscientes quando resolvemos adquirir um companheiro.

Quando da tutela jurídica dos animais no Brasil verifica-se a existência de

determinados princípios que orientam o reconhecimento normativo da proteção

Page 34: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

34

jurídica dos animais, apontando diretrizes que levarão o legislador à consideração

de determinados aspectos como a moral e a ética.

Segundo Gordilho (2008), o princípio fundamental da teoria abolicionista é

que em hipótese alguma os interesses fundamentais dos animais devem ser

negligenciados, mesmo que isso possa trazer benefícios para os homens. Segundo

ele o princípio da subsistência nos informa que o animal deve ter assegurado o

direito de nascer, de alimentar-se, e de ter garantidas as condições básicas de

sobrevivência.

Gordilho afirma ainda que o princípio do respeito integral tem como objetivo o

atendimento das exigências éticas em relação ao tratamento dispensado pelo

homem em relação ao animal não humano. E através do qual se entende que deve

ser repudiado qualquer tratamento que exponha o animal à exploração ou aos

maus-tratos, sendo proibidos os atos que possam afetar a integridade física,

psíquica ou o bem-estar dos animais.

A respeito ao princípio do respeito integral, vale mencionar que o sofrimento

animal deve ser evitado e que este pode ser caracterizado pela privação das “cinco

liberdades” do animal: Nutricional – Ambiental - Sanitária - Psicológica –

Comportamental.

Outro princípio em relação à proteção jurídica dos animais é o da

representação adequada. Este se refere à representação dos animais na efetivação

da tutela jurídica que lhes é oferecida, ou seja, diz respeito à procedibilidade

indispensável para que os animais tenham seus interesses garantidos na prática.

Vale ressaltar que estes princípios estão interligados entre si, pois

apresentam características que restam por completar uns aos outros, sendo

princípios que estão diretamente relacionados aos animais.

Podemos encontrar dentre os princípios gerais do direito ambiental que

norteiam a proteção jurídica dos animais, o princípio da participação comunitária,

que é semelhante ao princípio da cooperação, pois pressupõe que o Estado e a

sociedade devem andar juntos na defesa dos interesses ambientais, no

desenvolvimento de uma política ambiental adequada. É o que podemos extrair do

pensamento de Milaré (2018).

De fato, é fundamental o envolvimento do cidadão no equacionamento e implementação da política ambiental, dado que o sucesso desta supõe que todas as categorias da população e todas as forças sociais, conscientes, de

Page 35: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

35

suas responsabilidades, contribuam à proteção e melhoria do ambiente, que, afinal é bem e direito de todos (2018, p. 82).

Vale mencionar outro princípio que merece menção, que é o da

obrigatoriedade de intervenção do Poder Público, através do qual se denota que a

gestão do meio ambiente não diz respeito apenas à sociedade civil. Este têm a

função de gestão ou de gerência, ou seja, não figura como proprietário dos bens

ambientais, pois tem a função de administrar esses bens, devendo explicar

convincentemente sua gestão, ou seja, deve prestar contas a respeito da utilização

dos bens de uso comum do povo, que são compreendidos pelas águas, ar, solo,

fauna, florestas e patrimônio histórico.

Importante dizer, ainda, o princípio da proporcionalidade, que prevê a

utilização de mecanismos de melhor qualidade e de proteção contra o arbítrio estatal

para que uma decisão ambiental seja atingida. Este atua como uma ferramenta de

avaliação à adequação, necessidade e proporcionalidade das medidas requeridas

para que seja evitado o risco ambiental.

Pode-se perceber a importância da observância destes e de outros princípios

que servem de alicerce e fundamento para a proteção jurídica dos animais, que visa

garantir que os interesses básicos dos animais sejam respeitados, como uma sadia

qualidade de vida e um tratamento respeitoso dispensado pelos humanos em

relação aos animais.

Page 36: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

36

3 A GUARDA COMPARTILHADA DE ANIMAIS E SEUS EFEITOS JURÍDICOS

Cuidar de um animal de estimação exige não somente oferecer um lar,

abrigo, comida, carinho e proteção, mas também o cuidado do acompanhamento

veterinário, o convívio familiar, os gastos diários e a atenção, o tempo que poderá

e deverá ser dedicado ao animal. Os animais que foram levados para o âmbito

doméstico, assim como as crianças, dependem exclusivamente do ser humano e

essa relação deve ser pensada a longo prazo, como é a vida do animal, de menor

duração que a vida humana, mas que deve ser protegida até o fim. Não devendo

ser tratada como mero objeto ou como simples soma de uma divisão patrimonial ou

como instrumento de manipulação de outra pessoa. Haja vista que tirar um animal

de estimação do lar pode caracterizar um dano ao próprio animal e àquele que fica

privado da vida que ama e que convive.

Com o passar dos anos podemos perceber que os status tratados para com

os animais mudaram, pois, aos que se referiam aos animais de casa como

“criações”; hoje a quem se refira a eles como “filhos”. A quem cria tornou comum o

termo de “guarda” responsável ao de “posse” responsável, sendo utilizado

atualmente o termo “adoção” para com os animais.

Podemos destacar os cuidados domésticos na evolução da sociedadepara

com os animais. Eles possuem rotina de alimentação específica, dormem dentro de

casa em caminhas próprias (e até na cama dos donos), são tratados e higienizados

por profissionais capacitados e utilizam de grandes opções de perfumaria e

acessórios, tornado o Brasil destaque em mercado mundial de produtos para os

pets. Além da presença marcante dos animais nos lares familiar é comum que os

mesmo tenham permissão para freqüentarem hospitais, por meio de projetos de

terapia unidos a tratamentos que promovem a humanização do ambiente hospitalar

e a evolução emotiva dos pacientes.

Diante aos conflitos familiares sobre bens, partilha, filhos, cuidados e

responsabilidade das partes, surge à nova demanda aos animais que atualmente

são considerados como membros dentro deste contexto.

No direito civil atual, no rompimento da união estável ou sociedade conjugal,

quando o assunto é a futura posse do animal de estimação se estabelece que o

proprietário legal seja aquele em queo nome estiver no registro do animal,

Page 37: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

37

(predigree), o magistrado não considera o envolvimento das partes, trata o animal

como um bem.

Todavia na ausência do documento específico (pedrigree), e ambas as

partes desejarem ter o animal para si, o juiz não terá respaldo sob a letra da lei

para a solução do conflito, logo terá que avaliar qual das partes terá a maior

capacidade para promover o melhor cuidado do seu bicho de estimação, ou seja,

além do interesse das partes agora tratamos do bem-estar do animal. Assim, surge

o questionamento de como ainda tratá-los como objeto se estes necessitam dos

mesmos cuidados que dedicamos aos seres humanos incapazes.

É valido mencionar casos reais onde o destino do animal é discutido em

juízo frente à dissolução do vínculo familiar, a fim de desassociar a impressão de

redução de importância e relevância.

Conforme Projeto de Lei, caberá ao magistrado a observação de algumas

condições para que a guarda do animal seja deferida. Sejam, posse responsável,

ambiente adequado para moradia do animal, disponibilidade de tempo, condições

de trato, de zelo e de sustento. Vale o grau de afinidade e afetividade entre o

animal e a parte, dentre outros requisitos que o Juiz considerar imprescindíveis

para a manutenção da sobrevivência do animal, de acordo com as suas

características.

Ademais, nada impede que os gastos sejam divididos, assim como a guarda,

o que proporcionará aos seres humanos e ao animal o direito ao convívio familiar.

Não é somente o homem que sente o pesar do afastamento com aqueles com os

quais convive. Prova disso é o modo como os animais de estimação recebem seus

protetores após chegarem do trabalho ao final do dia, quem tem animal sabe o

tamanho do carinho e da saudade externados pelo animal, tal afirmação dispensa

maiores fundamentações.

A guarda no ordenamento jurídico brasileiro é um instituto regulamentado

por lei, sendo que a legislação pátria estabelece as prerrogativas, direitos e

obrigações em relação à guarda dos menores. Como regra geral, a guarda é um

elemento do Poder Familiar:

Como elemento do poder familiar, a guarda é concomitantemente um direito e um dever dos pais, ou seja, o direito de manter os filhos no convívio familiar, regulando as relações e o dever conferidos aos genitores de zelar pela vida e segurança dos filhos, assim como de cuidar, de proteger e de exercer vigilância sobre estes, para saber onde estão e com

Page 38: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

38

quem, para aonde vão e se estão acompanhados de algum adulto, visando assegurar que estão resguardados de qualquer perigo (MARTINS, 2012, p.29).

Considerando o conceito acima, pode-se inferir que a guarda tem por

finalidade dar ampla proteção ao menor, cabendo ao genitor guardião exercer

todos os direitos e obrigações referentes ao instituto. O genitor não guardião

também participa da criação, educação, fiscalização para com os filhos.

Há diversas espécies de guarda que foram criadas com a evolução do

Direito de Família. No Brasil, a guarda compartilhada é um instituto que em por

objetivo maior atender ao melhor interesse da criança e ao direito da convivência

familiar. Essa é uma garantia expressa na Constituição Federal de 1988, em seu

artigo 227, com lastro na legislação infraconstitucional, isto é, no Estatuto da

Criança e do Adolescente, no artigo 19 segundo leciona Venosa (2010).

Em termos conceituais trata-se de um instituto que prevê a guarda conjunta

entre os pais, no qual se observa o exercício dos direitos e deveres da guarda de

forma conjunta.

Com a promulgação da Lei nº 11.698/2008, que instituiu a guarda

compartilhada no Brasil, foi alterado quatro dispositivos do Código Civil em vigor.

Os artigos 1.583, 1.584, 1.585 e 1.63 receberam uma nova redação para agasalhar

uma nova modalidade de guarda. A título de exemplificação:Art. 1.583. A guarda

será unilateral ou compartilhada.

§ 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos:§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.§ 5º. A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos (BRASIL, CÓDIGO CIVIL DE 2002).

O afeto, segundo informa a doutrina, não se circunscreve somente aos seres

humanos. Se de um lado os animais são coisas para determinadas pessoas, para

Page 39: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

39

outros, contudo, são seres que necessitam de carinho, afeto e atenção. E são

justamente as pessoas que tem uma relação de afeto com os animais, através de

um convívio diário que interessa saber com quem eles ficaram na hipótese de

divórcio ou dissolução da união estável.

Até porque, já é de conhecimento geral que os animais também sofrem com

a ausência de seus donos.

Diante deste sentimento que se cria em entre o dono, pessoa humana, e seu

animal, conflitos também tem se originado, visto que no caso de rompimento

conjugal dos proprietários, o animal também irá se deprimir, sofrer com o

rompimento e todas as consequências então advindas. Havendo este rompimento

e duplo interesse do antigo casal em ter a guarda do animal de estimação, até

então de ambos, cria-se uma situação jurídica que merece atenção, sendo objetivo

de disputas cada vez mais crescente (AMARAL; LUCA 2015, p.306).

No entanto, como mencionado para essa situação jurídica ainda não existe

lei especifica no ordenamento jurídico brasileiro, sendo que, na ausência de norma

específica, alguns magistrados, por analogia, começaram a aplicar o instituto da

guarda compartilhada para solucionar o conflito dos casais em processo de

separação no que tange a guarda dos animais.

Por oportuno reforçar o entendimento de que no direito brasileiro os animais

são classificados como bens móveis, fato este que, a priori impediria o uso por

analogia do instituto da guarda compartilhada a eles. Mas, esse pensamento não é

unanime, até porque é cada vez mais crescente o número de animais de estimação

na família brasileira.

Diante disso, alguns magistrados, sensível ao tema e ao afeto que as

pessoas desenvolvem em relação a esses animais acabam por deferir a guarda

compartilhada dos mesmos. A busca pelo bem-estar, o devido zelo, e respeito para

com os animais é enfatizado no meio social, jurídico e familiar.

Embora a discursão ganhe proporção a cada dia, merecemos também

enfatizar que os animais carecem da atenção e ação do ser humano. Pois no

decorrer da evolução da proteção aos direitos aos animais percebe-se que o

sujeito importante para a conquista é o envolvimento também do ser humano.

Diante as condições precárias para interpretar a condição da proteção a animal

faz-se necessária à ação unida com a compaixão.

Page 40: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

40

3.1 DECISÕES DE PAÍSES DIVERSOS E O REFLEXO NO BRASIL

Diante da análise da Declaração Universal dos Direitos dos Animais (1978),

percebe-se que ambos expressam o “respeito perante a vida dos animais não

humanos, o dever de preservá-los, de dar-lhes uma vida digna, de privá-los de

crueldades quer sejam elas físicas ou psicológicas (angústias), conferindo a eles o

direito à liberdade, à reprodução, etc.” (TINOCO; CORREIA, 2010, p. 184). Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo no qual os seres humanos gozem de liberdade de expressão e de crença e da liberdade do medo e da miséria, foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando que é essencial, para que o Homem não seja obrigado a recorrer, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, que os direitos humanos sejam protegidos pelo estado de direito, Considerando que é essencial para promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, Considerando que os povos das Nações Unidas, na Carta, reafirmaram a sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em maior liberdade, Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, a promoção do respeito universal e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais, Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da maior importância para o pleno cumprimento desse compromisso, Art. 1º - Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência. Art. 2º 1. Todo o animal tem o direito a ser respeitado. 2. O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais. 3. Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. Art. 3º 1. Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. 2. Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não lhe provocar angústia. Art. 4º 1. Todo o 74 animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir. 2. Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito. Art. 5º 1. Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie. 2. Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito. Art. 6º 1. Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural. 2. O abandono de um animal é um ato cruel e degradante. Art. 7º Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso. Art. 8º 1. A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação. 2. As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas. Art. 9º Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor. Art. 10º 1. Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem. 2. As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais

Page 41: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

41

são incompatíveis com a dignidade do animal. Art. 11º Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é, um crime contra a vida. Art. 12º 1. Todo o ato que implique a morte de um grande número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie. 2. A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio. Art. 13º 1. O animal morto deve de ser tratado com respeito. 2. As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal. Art. 14º 1. Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar apresentados a nível governamental. 2. Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem. (UNESCO, 2017).

Singer (2002) afirma que a luta pela libertação animal é lenta, árdua e exigirá

mais altruísmo por parte dos seres humanos, pois, diante da incapacidade dos

animais não humanos de realizarem qualquer protesto ou exigência. E mesmo que

seja reconhecida a sua natureza emocional, eles, ainda assim, são dependentes da

vontade humana para fazer valer seus direitos. Se eles fossem respeitados,

contribuiriam para uma sociedade mais equânime, justa, solidária e consciente da

preservação do meio ambiente e de forma autônoma, dos animais não humanos que

o compõem.

Voltando-se às leis de proteção dos animais não humanos no Brasil, percebe-

se, como afirma Jesus (2017), uma clara tensão entre o conceito constitucional de

animal (ser sensível) e o conceito legal (objeto). E que as normas, quando não

influenciadas pelo pensar jurídico antropocêntrico do legislador, podem ser

consideradas defasadas em comparação com as vigentes em outros países que,

não mais consideram animais não humanos como coisas ou bens.

É de suma importância destacar, primeiramente, que em relação à fauna, o

Brasil estabelece proteção legal de acordo com a Carta Magna de 1988, em seu

Capítulo VI, art. 225, § 1º, inciso VII, que dispõe:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. (BRASIL, 1988).

Diante de todo o exposto, é comum que haja por grande parte dos juristas

brasileiros uma interpretação de cunho antropocêntrico e utilitarista do referido

artigo, uma vez que, ao analisar o direito estabelecido no caput, percebe-se que o

foco do legislador está voltado à preservação das presentes e futuras gerações, que

Page 42: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

42

só coexistem diante do equilíbrio do meio ambiente, ou seja, a partir dos cuidados

com a fauna e com a flora, que passam a ser meios, e não os fins.

3.2 CASOS CONCRETOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Caso I.

O marido recorreu à decisão alegando que o cachorro era do casal, mas por

meio do cartão de vacinação do animal, constatou-se que o mesmo a mulher havia

ganhado de presente do pai e o magistrado entendeu que a ela compete a guarda.

A Apelação Cível Nº 70007825235 (RIO GRANDE DO SUL, 2016f), da Sétima Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do RS, que teve como relator o Desembargador José Carlos Teixeira Giorgis e foi julgado em 24/03/2004. Este julgado versa sobre a separação litigiosa, além de outros pontos controversos, o apelante alega que havia recebido o cachorro “Julinho” de presente de seu pai, mas não comprovou a propriedade exclusiva do animal. Entretanto, na caderneta de vacinações continha o nome da apelada comprovando que a mesma era a responsável pelo bem estar do animal, conforme decorre da ementa abaixo transcrita: Ementa: UNIÃO ESTÁVEL. RECONHECIMENTO. PARTILHA DOS BENS. CONTRIBUIÇÃO. DESNECESSIDADE. Mantém-se a partilha igualitária do imóvel porque os elementos coligidos aos autos comprovam, à saciedade, que o bem foi edificado com a participação de ambos os conviventes, na medida de suas possibilidades e em terreno de propriedade dos pais da mulher. [...] ANIMAL DE ESTIMAÇÃO. Mantém-se o cachorro com a mulher quando não comprovada a propriedade exclusiva do varão e demonstrado que os cuidados com o animal ficavam a cargo da convivente. Apelo desprovido [grifo nosso]. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70007825235, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Carlos Teixeira Giorgis, Julgado em 24/03/2004). (BRASIL, 2004).

A análise do caso supracitado é fundamentada na documentação, que

conforme a atual legislação no código civil, o direito baseia-se na prova documental

que a priori, pode ser comprovada com o predigree do animal, ou conforme caso

documento que comprove direta ligação ao real dono detentor de todos os cuidados

necessários para com o bichinho de estimação.

Caso II.

Após uma separação sem bens materiais para partilhar casal vai para justiça

por posse de uma cadela.

O processo, em segredo de Justiça, gira em torno de um casal que manteve união estável em São Paulo por mais de sete anos. Os dois viviam em regime de comunhão universal de bens e, enquanto estavam juntos, compraram Kimi. Eles deixaram de conviver em 2011, quando afirmaram

Page 43: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

43

que não havia bens para ser partilhados, o que deixou de lado naquele momento a discussão a respeito da cadela. O ex-companheiro, no entanto, recorreu à Justiça sob a alegação de que, após a separação, foi impedido de manter contatos com a mascote. Ele alega que desenvolveu um "verdadeiro laço afetivo" com a yorkshire, que era o responsável pelos gastos da cadela e que o impedimento de vê-la causa "intensa angústia". O juízo de primeiro grau considerou que nenhum bicho poderia integrar relações familiares equivalentes àquelas existentes entre pais e filhos, “sob pena de subversão dos princípios jurídicos inerentes à hipótese”. A sentença concluiu que a cadela é objeto de direito, não sendo possível se falar em visitação. O Tribunal de Justiça de São Paulo, no entanto, aplicou de forma analógica o instituto da guarda de menores.

O tratamento que o dono ou responsável oferece ao seu animal de estimação

é tão ligado ao amor verdadeiramente ofertado, que se torna involuntário classificá-

lo com um ente familiar, logo não há como negar a aplicação do direito ao caso, pois

para as partes não se trata de um bem de família a ser partilhado. Assim, caso

acima as partes em comum interesse busca a forma justa de resolver sobre a

guarda e visitas da cadelinha, pois embora ambos tenham rompido a união não á

como romper o vínculo forte de afeto pelo animal que possuem forte laço

sentimental.

Caso III.

Justiça deixa decisão de visitas para fins de semana caso as partes optem

por isso.

Direito civil - Reconhecimento/dissolução de união estável - partilha de bens de semovente - sentença de procedência parcial que determina a posse do cão de estimação para a ex- convivente mulher– Recurso que versa exclusivamente sobre a posse do animal – Réu apelante que sustenta ser o real proprietário – conjunto probatório que evidencia que os cuidados com o cão ficavam a cargo da recorrido Direito do apelante/varão em ter o animal em sua companhia – animais de estimação cujo destino, caso dissolvida sociedade conjugal é tema que desafia o operador do direito – Semovente que, por sua natureza e finalidade, não pode ser tratado como simples bem, a ser hermética e irrefletidamente partilhado, rompendo-se abruptamente o convívio até então mantido com um dos integrantes da família – Cachorrinho “dully” que fora presenteado pelo recorrente à recorrida, em momento de especial dissabor enfrentado pelos conviventes, a saber, aborto natural sofrido por esta – vínculos emocionais e afetivos construídos em torno do animal, que devem ser, na medida do possível, mantidos – Solução que não tem o condão de conferir direitos subjetivos ao animal, expressando-se, por outro lado, como mais uma das variadas e multifárias manifestações do princípio da dignidade da pessoa humana, em favor do recorrente –Parcial acolhimento da irresignação para, a despeito da ausência de previsão normativa regente sobre o tema, mas sopesando todos os vetores acima evidenciados, aos quais se soma o princípio que veda o non liquet, permitir ao recorrente, caso queira, ter consigo a companhia do cão dully, exercendo a sua posse provisória, facultando-lhe buscar o cão em fins de semana alternados, das 10:00 h de

Page 44: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

44

sábado às 17:00h do domingo. Sentença que se mantém - apelação cível nº 0019757-79.2013.8.19.0208 - 22ª câmara cível – TJRJ.

Em situações de nossas vidas que marcados pela dor da perca, ou ate

mesmo de uma saudade não suprida o ser humano tende a depositar ao animal de

estimação a ligação de sentimento que necessita, pois depositando ao bichinho a

qual convive é espontâneo a reciprocidade. O cãozinho “dully” correspondeu ao

afeto recebido, pois é instinto do animal, domesticado ou não, oferecer amor a

aqueles que fazem parte do seu convívio.

Caso IV.

Justiça decide por guarda compartilhada.

O Tribunal de Justiça do Rio – Regional da Leopoldina reconheceu, novamente, que animais podem, sim, ser considerados membros da família. Isso porque o juiz titular da 1ª Vara de Família do Fórum Regional da Leopoldina, Dr. André Tredinnick, determinou que um casal divorciado há pouco mais de dois anos se reveze, a cada 15 dias, na posse dos cãezinhos Horus, Athena, Floquinho e Iris. Além disso, o homem e a mulher envolvidos no processo deverão dividir os custos com alimentação, remédios e transporte dos animais.

Não à lei especifica a demanda que desponta a cada dia, o que deve ser

analisado é o bem-estar destinado ao animal. Diante de tal discussão e casos

concretos que surgem atualmente e não muitos distantes, a ciência já se posicionou

comprovando que o animal é capaz de sentir, assim é nítido a necessidade de

prestar a esses seres o direito e a dignidade que cada espécie necessita. Alargamos

a necessidade não só aos pets (animais domesticados), mas a todas as espécies

que se encontram sem respaldo e proteção necessária de vida.

Dos casos relatados acima ou em diversos outros em leituras de pesquisas,

pode-se constatar que todos tem interpretações diferentes, pois as situações

atendem a casos específicos.

Caso V.

Outro caso a respeito de guarda compartilhada de animais no Tribunal de

justiça de São Paulo, é o caso dos donos de Mandic, um cachorro de raça

dachshund, em que a dona do cão conseguiu a guarda do mesmo na primeira

instância no Tribunal de Justiça de São Paulo, mas o seu ex-cônjuge, Adriano

Page 45: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

45

Gianelli, recorreu da decisão e conseguiu a guarda do animal de estimação após

decisão do Superior Tribunal de Justiça.

Maria Berenice Dias menciona sobre o assunto que:

[...] quando o casal possui animais de estimação, no caso de separação, restam a eles a responsabilidade na guarda de um dele e ao outro fica assegurado o direito de visitas.

Também é possível a imposição de direitos de alimentos, visto que não só as

pessoas possuem necessidade de sobrevivência.

Os animais necessitam de cuidados e essa responsabilidade tem que ser

dividida entre os donos do animal, mesmo após a separação do casal porque os

animais de estimação precisam de carinho, afeto e também de alimentos adequados

para poder sobreviver.

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, assim dispõe sobre o

tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO. BUSCA E APREENSÃO DE ANIMAL DE ESTIMAÇÃO. Mantém-se o cachorro com a mulher quando não comprovada a propriedade exclusiva do varão e demonstrado que os cuidados com o animal ficavam a cargo da convivente. RECURSO PROVIDO.

A decisão da Relatora que o animal de estimação deveria ficar sob a guarda

da mulher, pois a mesma comprovou nos autos do processo através de fotos do

cachorro o importante relacionamento de afeto que a agravante e seu filho tem com

o mesmo, e o ex-cônjuge da agravante não conseguiu comprovar por nenhum meio

de documento a propriedade ou contato para com animal.

A relação familiar entre os donos se torna mais forte com a presença de filhos

menores na relação, pois a criança que é educada respeitando o animal, e dando-

lhe carinho e afeto constrói uma ligação que por muitas vezes não se consegue ser

distanciada.

Caso VI.

Caso relevante a ser considerado é os dos quatro cãezinhos chamados,

Belinha, Dik, Buby e Mel. As partes e donas dos animais viviam em uma união

estável, porém após a dissolução desta união estável a parte apelada levou os 4

Page 46: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

46

animais de estimação para morar com a mesma sem deixar nenhum cachorro para

parte apelante que está sofrendo com a ausências dos animais. A parte apelante

resolveu recorrer da sentença de primeira instancia, pois não concordou que todos

os cachorros ficaram com parte apelada e solicita no seu recurso para que o tribunal

modifique a decisão e deixei o apelante ficar pelo menos com “Mel”. A Oitava

Câmara Cível do Tribunal do Rio Grande do Sul se posicionou da seguinte maneira:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL.PARTILHA DE BENS. Descabe a partilha de dívida supostamente do casal junto ao pai do réu, cuja origem e existência não restou demonstradas nos autos. Também descabe a partilha de animais de estimação cachorros, e dos móveis, cuja aquisição na vigência da união estável não restou demonstrada. Apelação desprovida.

O magistrado ao se referir aos animais como bem não considerou a apelante

a guarda, logo a mesma não teve êxito no seu pedido, pois o relator indeferiu o

pedido referente a guarda do animal de estimação chamado como “Mel” porque as

partes não conseguiram provar a propriedade concreta do animal, qual seja

mediante documentos dos mesmos.

Dos casos relatados acima ou em diversos outros em leituras de pesquisas,

pode-se constatar que todos possuem interpretações diferentes, pois as situações

atendem a casos específicos.

Quando tratamos de guarda, partimos do princípio cuidado necessário ao

animal, e o relevante afeto do ser humano. Podemos perceber que o ser humano

possui ligação saudável para com seu animal de estimação, relação esta que para a

medicina já possui específicos tratamentos.

Diante de tais considerações é importante lembrar que a luta para a proteção

ao animal vai além da guarda compartilhada, pois o interesse dos pretores da causa

não se limita apenas para o interesse humano, mas é relevante utilizar as nossas

decisões atuais sobre o tema para considerar que a busca a um direito de dignidade

a vida de cada espécie de animal, seja ela qual for, merece considerações e

destaques na legislação.

Assim, podemos interpretar que a senciencia do animal é a base principal

para esse interesse de cuidado, respeito, ética e moral para com esses seres vivos

que fazem parte da nossa vida, nos dedica afeto sem interesse pessoal, acompanha

no decorrer da vida, e ainda contribui para com a saúde psíquica. Os animais

necessitam de proteção além de meras interpretações jurídicas, logo estes merecem

Page 47: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

47

ser tratados como sujeitos de direitos e não meros objetos de direito. Estamos diante

uma causa que cresce e toma forca a cada dia.

Page 48: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

48

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fala-se muito em direitos do ser humano, como centro da humanidade, centro

das medidas de proteção, mas ignora-se, principalmente no meio jurídico, a

interdependência entre o ser humano e meio ambiente, bem como o desastre social

que advém do desrespeito aos direitos dos animais.

Observa-se que a necessidade de desenvolver estudos voltados para a

investigação das relações entre os homens e os animais, ao longo do tempo, está

afinada com a preocupação da sociedade atual com a natureza. Nossa história,

atenta ao presente, tem devotado esforços importantes para a compreensão das

diversas representações da natureza construídas pelo homem no tempo, ciente de

que não existe apenas uma noção de natureza e sim várias, produzidas no próprio

devir histórico, pelas diferentes sociedades humanas.

O Brasil, constantemente associado a uma natureza exuberante, ocupa o

centro das discussões globais sobre o tema. No início do século anterior as

discussões sobre a necessidade de se estabelecer formas racionais e menos

destrutivas de lidar com a natureza adquiriram grande força e impulso no Brasil.

Portanto, não é de se estranhar que tal período tenha testemunhado a criação de

um número significativo de sociedades protetoras dos animais.

Essas entidades preocuparam-se predominantemente com os bichos

domesticados, presentes na lida diária e com aqueles que, para além da utilidade,

eram tidos como de estimação. Os animais ditos selvagens também mereceram

consideração, mas eram genericamente citados ao se advertir a sociedade a

respeitar as leis de caça e pesca, no sentido de combater práticas cruéis, que

pudessem causar sofrimento desnecessário. A proximidade com a realidade

humana, principalmente na cidade, foi o parâmetro para a maior ou menor atenção

que as sociedades, e as suas revistas, concederam aos diversos tipos de animais.

A partir de 1934 foi promulgada a primeira lei de proteção animal, desse

dispositivo legal todos os animais existentes no país passaram a ser tutelados pelo

Estado e os maus-tratos a eles dispensados tornaram-se passíveis de gerar multas

e até prisão. Assim, apesar da história dos movimentos de proteção aos animais no

Brasil ser um tema pouco estudado, ele pode ser de grande interesse para a

sociedade contemporânea, cada vez mais preocupada em problematizar as relações

entre o homem e a natureza e as balizas éticas dessa interação. A perspectiva

Page 49: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

49

histórica amplia os horizontes do debate e evidencia que os fundamentos que guiam

a defesa dos animais ao longo do tempo variam conforme a realidade política,

cultural e econômica de cada sociedade.

Como se pode aduzir, a legislação federal brasileira, embora essencialmente

antropocêntrica, contém alguns dispositivos capazes de tutelar de maneira eficiente,

se não todos, pelo menos alguns direitos significativos dos animais, livrando-os de

maus tratos e sofrimentos absolutamente desnecessários.  Neste diapasão merece

destaque o Decreto 24.645 de 10/07/1934 que, estabelece diversas medidas

efetivas de proteção dos direitos animais, além de personificá-los, na medida em

que define o Ministério Público como substituto processual. 

Tal legislação, todavia, está por merecer uma atualização, já que completou

mais de 70 anos de existência, período no qual significativa evolução do

pensamento ocorreu na sociedade humana, permitindo assim uma visão não tão

antropocêntrica do tema. 

Observa-se que os últimos anos, ao redor do mundo, que o ordenamento

jurídico está se adaptando a novos conhecimentos científicos e novos anseios

sociais à relação com os animais. A proteção constitucional conferida aos animais

não-humanos pela Constituição Federal, bem como por Decretos, Estatutos, Leis e

demais documentos legais, representaram um avanço muito importante na evolução

do direito ambiental brasileiro. Marcou uma nova fase no desenvolvimento da tutela

da fauna no País.

Page 50: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

50

REFERENCIAS BIBILOGRÁFICAS

ACKEL FILHO, Diomar. Direito dos Animais. São Paulo: Themis, 2001.

ADITAL. ''Haveria sociedade humana sem a participação dos animais?''. Entrevista especial com Caetano Kayuna Sordi Barbará Dias e Daniel Braga

Lourenço. Disponível em:<http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/505942-haveria-

sociedades-humanas-tal-qual-nos-as-conhecemos-sem-a-participacao-dos-animais-

entrevista-especial-com-caetano-kayuna-sordi-barbara-dias-e-daniel-braga-lourenco-

>. Acesso em 2/5/2019.

ALMEIDA, Jeovaldo da Silva. Proteção aos Animais. Disponível

em:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/?

n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13011> Acesso em: 30/03/2019.

AMARAL, Antônio Carlos Ferreira; DE LUCA, Guilherme Domingos. A guarda compartilhada e sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. XXIV

Congresso Nacional do Conpedi - UFMG/FUMEC/DOM Helder Câmara. Direito de

Família e Sucessões. 2015.

AMARANTE, Aparecida I. Animais. Natureza jurídica: objetos ou sujeitos de direito. Animais domésticos. Guarda compartilhada. Disponível em:<

http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,animais-natureza-juridica-objetos-ou-

sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada,590115.html> Acesso

em 15/05/2019.

ASPIS, D.; GOMES, M.S; MALDONADO, N.A. C; GERMANO, S. Recolhimento de animais. In: VIEIRA, A.M.L. (org.) Programa de controle de populações de cães e gatos do Estado de São Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista (BEPA), São

Paulo, supl. n. 5, cap, VI, v.3, p. 85. Disponível em: Acesso em: 26/10/2019.

ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DE PROTEÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL (ARCA

BRASIL) Posse responsável: os dez mandamentos. 2008. Disponível em:

<

Page 51: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

51

http://www.gostinhodeleitura.com.br/uploads/booma/suplemento/4fb14ee518cf2e409

e02e2707a4954a9.pdf >. Acesso em: 15/10/2019.

BERGLER, R. Man and dog – the psychology of a relationship. Oxford:

BlackwellScientificpublications, 1988.

BEKOFF, Mark. O homem não é o único animal racional. Disponível

em<https://super.abril.com.br/ciencia/o-homem-nao-e-o-unico-animal-racional/>.

Acesso em: 04/05/2019.

BRASIL. Código Civil de 2002.VadeMecum. Saraiva: São Paulo, 2017.

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

______.Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ >.Acesso em: 10/03/2019

______.DECRETO-LEI Nº 24.645, de 10 de julho de 1934. Estabelece medidas de proteção aos animais. Brasília, 1934.

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

DARWIN, C. A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo;

Companhia das Letras, 2009.

FERRARI, Nyle . Direitos dos animais: quais são e por que eles precisam ser defendidos? Disponível em:<https://medium.com/@animalequality/direitos-dos-

animais-quais-s%C3%A3o-e-por-que-eles-precisam-ser-defendidos-9d7d7c615ce6>.

Acesso em 15/05/2019.

FUCHS, H. O animal em casa – um estudo no sentido de desvelar o significado

psicológico do animal de estimação. 1988. 185p. Tese (Doutorado). Universidade de

São Paulo, São Paulo.

GARBER, M. Amor de cão – um estudo das relações entre os homens e seus

animais de estimação. Rio de Janeiro: Record, 2000.

Page 52: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

52

GIMENEZ, K. Os animais abandonados: cães e gatos do Município de São Paulo e sua relação com o ambiente urbano. 2006. Trabalho de Graduação

(Bacharelado em Geografia), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

GORDILHO, Heron José de Santana. Abolicionismo Animal – Salvador: Evolução,

2008.

JESUS, Carlos Frederico de. O animal não humano: sujeito ou objeto de direito? Revista Diversitas, USP, 2017.

KORSGAARD, Christine. Just Like All The Other Animals of the Earth. Harvard

Divinity Bulletin. Autumn 2008. Vol. 36 No. 3. p. . Disponível em:

<http://bulletin.hds.harvard.edu/articles/autumn2008/just-all-other-animals-

earth> .Acesso em: 04/04/2019.

LESTEL, Dominique; REIS, Maria João. As origens animais da cultura. São Paulo:

Instituto Piaget, 2002.

LEVAI, Laerte Fernando. Os animais sob a visão da ética: Disponível em<

http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/os__animais__sob__a__visao__da__e

tica.pdf> Acesso em: 2/5/19

______, Laerte Fernando. Os animais sob a visão da ética: Disponível

em:

<http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/os__animais__sob__a__visao__da__

etica.pdf> Acesso em: 2/5/19.

Page 53: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

53

MARTINS, Francisco de Oliveira. Alienação parental e a guarda. 2012. 88 pág.

Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Monografia. Universidade Católica de

Brasília, Taguatinga.

OLIVEIRA, Bruno. A importância dos animais na vida das pessoas. Disponível

em: <https://www.petlove.com.br/dicas/a-importancia-dos-animais-na-vida-das-

pessoas>. Acesso em 30/04/19.

PARO, F.A.G.O. Educação ambiental e posse responsável. 2007. Disponível em:

<http://www.revistas.udesc.br/index.php/cidadaniaemacao/article/view/3289>.

Acesso em: 12/04/2010.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Disponível

em:< http://www.dominiopublico.gov.br /download/texto/cv000053.pdf > Acesso em:

05 fev. 2019.

SCIELLO. A luta em defesa dos animais no Brasil: uma perspectiva histórica.

Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?

script=sci_arttext&pid=S0009-67252017000200018.> Acesso em 2/5/19.

SINGER, Peter. Libertação animal. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

TINOCO, Isis Alexandra Picella; CORREIA, Mary Lúcia Andrade. Análise Crítica sobre a Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Revista Brasileira de Direito Animal, v.5 n.7, p.169-195, 2010. Disponível em: <

http://www.portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/11043/7964>. Acesso em:

01 jun. 2018.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Código Civil Interpretado. São Paulo: Manole, 2010.

Page 54: ulbra-to.br · Web viewDedico este trabalho primeiramente a Deus, que é a base em minha vida, à minha família, que sempre me apoiou e me motivou a conquistar e realizar meus sonhos,

54

_______, Sílvio de Salvo. Proteção jurídica dos animais. Disponível

em:<https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/protecao-juridica-dos-

animais-no-brasil.htm>. Acesso em 2/5/19.

VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. São Paulo: Martins Fontes, 1993.