ufrb - 5 anos - caminhos, histórias e memórias

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Livro UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias.

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Reitor Paulo Gabriel Soledade Nacif

Vice-ReitorSílvio Luiz de Oliveira Soglia

Pró-Reitoria de GraduaçãoDinalva Melo do Nascimento

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-GraduaçãoCarlos Alfredo Lopes de Carvalho

Pró-Reitoria de ExtensãoAelson Silva de Almeida

Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos EstudantisRita de Cássia Dias Pereira de Jesus

Pró-Reitoria de PlanejamentoWarli Anjos de Souza

Pró-Reitoria de Gestão de PessoalMaria Inês Almeida de Oliveira Pinto

Pró-Reitoria de AdministraçãoRosilda Santana dos Santos

Chefia de Gabinete Luiz Flávio Godinho

Page 4: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Caminhos, Histórias e Memórias

1ª Edição

Cruz das Almas

Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia

2010

Page 5: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

“Ofimdumaviageméapenasocomeçodeou-tra.Éprecisoveroquenãofoivisto,veroutravezoqueseviujá,vernaprimaveraoqueseviranoverão,verdediaoqueseviudenoite,comosolondeprimei-ramenteachuvacaía,verasearaverde,ofrutomadu-ro,apedraquemudoudelugar,asombraqueaquinãoestava.Éprecisovoltaraospassosque foramdados,pararepetireparatraçarcaminhosnovosaoladode-les.Éprecisorecomeçaraviagem.Sempre.”

JoséSaramago Cada aniversário, além de uma come-moração, é um momento que nos convida a re-fletir, observar a caminhada, e olhar pra o fu-turo. A UFRB completa 5 anos, um tempo que parece correr ligeiro, e começa a emoldurar essa história, revelando sua grandiosidade. O momento ainda é novo, mas tudo co-meçou muito antes. O projeto de uma univer-sidade no Recôncavo remonta aos tempos do império, quando a Câmara de Vereadores de Santo Amaro, em 1822, já pleiteava uma insti-

tuição de ensino superior. Do Imperial Insti-tuto de Agronomia, depois de muitas transfor-mações até ser Escola de Agronomia da Ufba, finalmente, chegamos à primeira universidade federal do interior da Bahia. Um percurso que contou com a parti-cipação de muitos. Temos muito orgulho dos nossos servidores docentes, servidores técni-co-administrativos e estudantes: os que foram pilares da Escola de Agronomia e iniciaram a UFRB, bem como aqueles que foram chegan-do depois e enriquecem cada vez mais a nossa Instituição. A UFRB é resultado de uma mobi-lização de todo o Recôncavo, dos mais diver-sos setores da comunidade. E é por isso que, em toda a ocasião em que se celebre essa his-tória, compartilhamos o nosso orgulho com muita gente. Pessoas de todas as cidades do Recôncavo que caminharam juntas nessa jor-nada, olharam pra o horizonte, abraçaram esse desejo, acreditaram em uma causa, e construí-ram algo verdadeiro e forte para o futuro. Cada

O livro, a data, nosso caminho.

Uma universidade que nasceu depois de muito tempo de exclusão. Esta região, com toda sua importância para o país, passou muito tempo sem investimentos relevantes e

condizentes com sua dimensão cultural e histórica.

A UFRB é resultado de uma mobilização de todo do Recôncavo, dos mais diversos setores da comunidade. E é

por isso que, em toda a ocasião em que se

celebre essa história, compartilhamos o nosso

orgulho com muita gente.

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cidadão e cidadã que moveu esse sonho pode e deve sentir-se autor dessa realização chamada UFRB. Uma universidade que nasceu depois de muito tempo de exclusão. Esta região, com toda sua importância para o país, passou mui-to tempo sem investimentos relevantes e con-dizentes com sua dimensão cultural e históri-ca. A UFRB surge, portanto, com a marca do resgate histórico. Acreditamos que pode-mos apontar um novo começo para o Recôn-cavo, através da arte, da ciência e do conhe-cimento. Através dessa invenção humana tão audaciosa a que chamamos universidade. Jus-tamente nessa região tão rica em pluralidade e diversidade, tão repleta de linguagens e sabe-dorias, tão forte em suas resistências e mistu-ras, temos a ambição de transformar esse lugar em um grande espaço de vivências e aprendi-zagem. Nosso desafio, depois de conquistar a Universidade Federal do Recôncavo é trans-formar o Recôncavo em uma Universidade.

Assim, após 5 anos daquele histórico 2005, quando a nossa Universidade Federal do Recôncavo da Bahia tornou-se, enfim, uma realidade, queremos comemorar contando um pouco da nossa história. Daí nasceu este livro, um pequeno registro da trajetória e do nasci-mento desta instituição. A consolidação de uma universidade é tarefa para muitas gerações. Uma bela história nos trouxe até aqui, e sabemos que uma longa jornada ainda temos pela frente. Nossa come-moração e o registro que fazemos neste livro são apenas marcos nessa viagem, que segue rumo ao futuro. Para que a UFRB seja, para o Recôncavo e para a Bahia, um instrumento de emancipação de um povo, de transforma-ção através da educação, da oportunidade e da inclusão. Pois somos nós, seres humanos, formados e modificados pelo conhecimento, os responsáveis permanentes pela vida e pela construção de uma sociedade mais justa e me-lhor.

Uma universidade que nasceu depois de muito tempo de exclusão. Esta região, com toda sua importância para o país, passou muito tempo sem investimentos relevantes e

condizentes com sua dimensão cultural e histórica.

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A UFRB E O RECÔNCAVO DA BAHIA

A palavra Recôncavo significa terra em redor de qualquer baía. No Brasil ela terminou se vinculando mais fortemente à região que circunda a Baía de Todos os Santos. O processo de ocupação da região seguiu de-terminados vetores que por muito tempo definiram os caminhos e percursos que ligavam a capital da Bahia às localidades mais distantes do litoral. Quando o gover-no português decidiu ocupar em definitivo o território que mais tarde se chamaria Brasil, o Recôncavo foi a primeira região da América Portuguesa a ser sistemati-camente colonizada. Em 1549, quando se fundou a cida-de do Salvador, a ideia era erguer uma cidade-fortaleza que pudesse servir de apoio à ocupação do território seguindo o curso dos grandes rios, o Paraguaçu, o Ja-guaripe e o Subaé. Nos baixios formados nas margens desses rios, especialmente nos limites onde era possí-vel a navegação, estabeleceram-se os primeiros núcleos

populacionais. Surgiram então as povoações que mais tarde dariam origem às cidades de Cachoeira, São Fé-lix, São Francisco do Conde, Maragojipe, Santo Amaro, Jaguaripe e Nazaré das Farinhas. Foi no extremo navegável do Paraguaçu que fo-ram edificadas a vila de Cachoeira e o povoado de São Félix. Estas localidades cresceram ao longo das duas margens do rio, espremidas entre o rio e as montanhas e se transformaram nos grandes entrepostos comer-ciais ligando a cidade da Bahia, era assim que também se chamava a cidade do Salvador, ao interior mais dis-tante, genericamente conhecido como sertão. Desses núcleos populacionais a colonização se expandiu para o interior do território baiano, um processo que se es-tendeu até fins do século XVIII com a expansão das fa-zendas de gado pelo Vale do São Francisco. Quando as primeiras levas de colonizadores

por Walter Fraga*

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Cachoeira e o povoado de São Félix. Estas localidades cresceram ao longo das duas

margens do rio, espremidas entre o rio e as montanhas e se transformaram nos gran-des entrepostos comerciais ligando a cida-

de da BahiaA ponte Dom Pedro II liga Cacheira a São Félix

São Félix, a cidade presépio

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portugueses chegaram à região encontraram diversos povos e culturas indígenas. A Ilha de Itaparica, os arredores da cidade do Salvador e o Vale do Paraguaçu eram ocupados há sé-culos por índios tupinambás. Mas à medida que a ocupação colonial se expandiu para os sertões outros grupos indígenas foram força-dos a migrar para as povoações do Recôncavo. Muitos vieram para combater outras comu-nidades indígenas que resistiam à ocupação ou à catequização jesuítica. Outros foram trazidos para trabalhar como escravos nas nascentes lavouras de cana. O fato é que os indígenas contribuíram profundamente para a formação cultural do Recôncavo. Traços da cultura indígena estão presentes nos hábitos alimentares, na religiosidade e nos costumes. Nomes como Muritiba, Murutuba, Capivari, Paraguaçu, Iguape, ainda hoje identificam a topografia local. Mais tarde, chegaram os africanos. Provavelmente os primeiros africanos que aqui aportaram faziam parte da expedição de Tomé de Souza que veio com a incumbência de fundar a cidade do Salvador. Os africanos vieram à força como escravos para erguer a ci-

dade e trabalhar na lavoura de cana. Vinham de diferentes regiões da África. O encontro de etnias, línguas, costumes e religiosidade afri-canas se processou no Recôncavo, algo que iria se repetir em outros lugares do Brasil. Para aqui vieram povos da África Centro-Ocidental genericamente chamados de congos, angolas, cabindas e benguelas. Do norte da África, so-bretudo da região do Golfo do Benim, vieram os iorubas (também chamados nagôs), haus-sás, jejes, tapas e outros. Muitos desses povos não se conheciam na África, falavam línguas diferentes, cultuavam divindades diferentes. E no Recôncavo eles criaram novas alianças e estabeleceram novas trocas culturais que mol-daram as formas de viver e sentir das popula-ções locais. Em fins do século XIX, os africanos e seus descendentes já representavam a maio-ria da população do Recôncavo; quase 70 por cento da população local eram negra e mestiça. Parte significativa dessa população negro-mestiça ainda vivia a experiência da es-cravidão. Mas a despeito da escravidão e das desigualdades sociais, os africanos e seus des-cendentes tiveram papel fundamental na mol-

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dagem cultural do Recôncavo. As memórias da África marcariam para sempre a musicalidade, os sentimentos, a forma de vestir, alimentar-se, divertir-se, de criar os filhos, de celebrar a vida e lidar com a morte. Nas cidades do Recôncavo, mulheres negras dominavam o comércio ambu-lante levando para as ruas tabuleiros com aca-rajé, abará, caruru e outras iguarias. Os saberes africanos também foram incorporados na cura de doenças físicas e mentais. Quando a medi-cina falhava era no Recôncavo que a população baiana buscava os mais famosos curandeiros africanos. Assim como em outros lugares do Bra-sil, aqui emergiram formas exuberantes de ca-tolicismo afro-brasileiro. No Recôncavo as fes-tas de santos e santas são animadas com muita música, dança, comida e bebida. Isto porque o catolicismo popular incorporou característica importante das tradições religiosas de matriz africana: a celebração da vida. Isso fez das ce-lebrações religiosas momentos de fé carregados de muito colorido, movimento e alegria de festa de largo. Entre as manifestações do catolicismo afro-brasileiro destacam-se as irmandades

Assim como em outros lugares do Brasil, aqui emer-giram formas exuberantes de catolicismo afro-brasi-

leiro.

Capoeira nas ruas de Cachoeira

Cerâmica produzida em Coqueiro, distrito de MaragogipeA pesca é meio de subsistência para muitas famílias em Maragogipe

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O fato de receber povos de diferentes lugares da África permitiu que aqui coexistissem tradições religiosas africanas diversas

Cerimônia da festa da Boa Morte. Foto: Jomar Lima

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religiosas. Nas cidades existiam muitas ir-mandades formadas por homens e mulheres, africanos, mulatos e crioulos (assim eram chamados os negros nascidos no Brasil). Em diversas localidades havia irmandades negras que celebravam Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Nossa Senhora da Boa Morte. As irmandades da Boa Morte e a de Nossa Se-nhora do Rosário, em Cachoeira, são as mais famosas e até hoje persistem com seus rituais e celebrações. Além do culto católico, o obje-tivo principal das irmandades era promover ajuda mútua, socorrer os irmãos e irmãs em dificuldades e garantir enterro digno em local consagrado. Sabe-se que no tempo do cativei-ro muitas dessas irmandades promoviam a al-forria de irmãos e irmãs. O fato de receber povos de diferentes lugares da África permitiu que aqui coexis-tissem tradições religiosas africanas diversas. Ainda hoje os candomblés do Recôncavo se organizam a partir de “nações”, ou seja, cul-tuando deuses e divindades de determinadas regiões da África. Porém, essas tradições re-ligiosas africanas foram modificadas ou rein-ventadas. Uma característica importante do

candomblé é a sacralização dos elementos da natureza. Rios, árvores, montanhas e animais abrigam divindades ou encarnam as próprias divindades. Daí que muitos lugares do Recôn-cavo são territórios sagrados, de encantamen-to. Foi nessa região de encontro de dife-rentes povos africanos, indígenas e portugue-ses que surgiu uma sociedade culturalmente complexa e diversificada. A diversidade des-se encontro nem sempre amistoso ainda hoje está presente nas formas de viver e crer das populações locais. Foi dessa diversidade que surgiram ritmos musicais que terminaram se incorporando ao patrimônio cultural do Bra-sil. O samba de roda certamente é a expres-são maior dessa rica musicalidade. A palavra “samba” vem de semba, que na região de An-gola denomina a reunião em círculo de músi-cos e dançarinos que se alternam executando passos cadenciados com braços, pernas e qua-dris. O ritmo se espalhou por várias regiões do país, sobretudo o Rio de Janeiro onde ganhou nova roupagem rítmica, espaço nas rádios e nas avenidas através das escolas de samba. Esse encontro cultural ocorreu num

O fato de receber povos de diferentes lugares da África permitiu que aqui coexistissem tradições religiosas africanas diversas

Foto: Diego Almeida de Souza. Samba de roda em Santo Amaro

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contexto de conflitos e desigualdades sociais. A riqueza aqui consumida e exportada foi fruto da escravização de indígenas e africanos. A sociedade era desigual e intoleran-te com as tradições culturais indígenas e africanas. Até a década de 1970, os terreiros de candomblé da região eram obrigados a pedir permissão à polícia para realizarem suas celebrações. A capoeira só foi reconhecida como cultura na década de 1930. E o samba de roda, muitas vezes chamado pelas elites brasileiras de “batuque”, só ganhou as ruas e o reconhecimento de bem cultural depois de muitos anos de luta contra o preconceito. Esse legado de luta contra a intolerância é também um traço cultural dos povos que formaram a sociedade do Recôncavo. Aliás, esse legado cultural marcou a própria fundação do Brasil como país. Isso mesmo, aqui na Bahia a independência do Brasil do colonialismo português ocorreu em meio a muita luta e o Recôncavo foi o palco de episódios decisivos. Quando em 1821, tropas portuguesas ocuparam a cidade do Salvador, a resistência se organizou nas cidades de Santo Amaro, Cachoeira, Maragogipe e Itaparica.Comandavam as tropas do chamado Exército Libertador, membros das elites locais, senhores de engenho e escravos,

mas quem esteve nas frentes de batalha foi a gente livre po-bre e liberta. Entre esses combatentes participaram mulhe-res como Maria Quitéria e Maria Felipa. Em 2 de julho de 1823, as tropas que marcharam do Recôncavo retomaram a cidade do Salvador. Esse episódio até hoje é lembrado e celebrado nos desfiles cívicos que acontecem em Salvador e em várias cidades da Bahia. O ponto alto da festa é a “le-vada” das imagens do caboclo e da cabocla, os símbolos da participação do povo pobre, negro e mestiço, nas lutas de independência. Depois da independência a luta continuou. As desi-gualdades sociais e a escravidão persistiram. A gente pobre do Recôncavo retornou às ruas para travar outras batalhas. Em diversos momentos, protestaram contra a carestia, a exclusão social e a intolerância religiosa. Mas fundamen-talmente lutavam por uma Bahia sem escravidão e com cidadania. Em 1832, ocorreu a Revolta Federalista de São Félix e, em 1837, a Sabinada, movimentos rebeldes que mo-bilizaram muita gente e ambicionavam outro ordenamento político para o Brasil. Foi nessa mesma conjuntura crítica do pós-independência que escravos do Recôncavo fizeram suas próprias revoltas contra a escravidão. A maior dessas

Depois da independência a luta continuou. As de-sigualdades sociais e a escravidão persistiram.

Convento em São Francisco do CondeCeramista de Coqueiros, distrito de Maragogipe.

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contexto de conflitos e desigualdades sociais. A riqueza aqui consumida e exportada foi fruto da escravização de indígenas e africanos. A sociedade era desigual e intoleran-te com as tradições culturais indígenas e africanas. Até a década de 1970, os terreiros de candomblé da região eram obrigados a pedir permissão à polícia para realizarem suas celebrações. A capoeira só foi reconhecida como cultura na década de 1930. E o samba de roda, muitas vezes chamado pelas elites brasileiras de “batuque”, só ganhou as ruas e o reconhecimento de bem cultural depois de muitos anos de luta contra o preconceito. Esse legado de luta contra a intolerância é também um traço cultural dos povos que formaram a sociedade do Recôncavo. Aliás, esse legado cultural marcou a própria fundação do Brasil como país. Isso mesmo, aqui na Bahia a independência do Brasil do colonialismo português ocorreu em meio a muita luta e o Recôncavo foi o palco de episódios decisivos. Quando em 1821, tropas portuguesas ocuparam a cidade do Salvador, a resistência se organizou nas cidades de Santo Amaro, Cachoeira, Maragogipe e Itaparica.Comandavam as tropas do chamado Exército Libertador, membros das elites locais, senhores de engenho e escravos,

mas quem esteve nas frentes de batalha foi a gente livre po-bre e liberta. Entre esses combatentes participaram mulhe-res como Maria Quitéria e Maria Felipa. Em 2 de julho de 1823, as tropas que marcharam do Recôncavo retomaram a cidade do Salvador. Esse episódio até hoje é lembrado e celebrado nos desfiles cívicos que acontecem em Salvador e em várias cidades da Bahia. O ponto alto da festa é a “le-vada” das imagens do caboclo e da cabocla, os símbolos da participação do povo pobre, negro e mestiço, nas lutas de independência. Depois da independência a luta continuou. As desi-gualdades sociais e a escravidão persistiram. A gente pobre do Recôncavo retornou às ruas para travar outras batalhas. Em diversos momentos, protestaram contra a carestia, a exclusão social e a intolerância religiosa. Mas fundamen-talmente lutavam por uma Bahia sem escravidão e com cidadania. Em 1832, ocorreu a Revolta Federalista de São Félix e, em 1837, a Sabinada, movimentos rebeldes que mo-bilizaram muita gente e ambicionavam outro ordenamento político para o Brasil. Foi nessa mesma conjuntura crítica do pós-independência que escravos do Recôncavo fizeram suas próprias revoltas contra a escravidão. A maior dessas

Depois da independência a luta continuou. As de-sigualdades sociais e a escravidão persistiram.

Convento em São Francisco do CondeCeramista de Coqueiros, distrito de Maragogipe.

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A luta do povo do Recôncavo contra o cativeiro e pela cidadania avançou pelo século XIX e emergiu com força no movimento antiescravista das décadas de 1870 e 1880

revoltas, conhecida como Revolta do Malês, em 1835, teve como palco as ruas de Salvador. A luta do povo do Recôncavo contra o cativeiro e pela cidadania avançou pelo sé-culo XIX e emergiu com força no movimento antiescravista das décadas de 1870 e 1880. Na Bahia, o movimento antiescravista mobilizou grande número de populares, especialmente dos que viveram a experiência da escravidão. Cachoeira e São Félix abrigaram os movimen-tos abolicionistas mais atuantes do interior da província. Quando a escravidão acabou, no dia 13 de maio de 1888, ex-escravos e populares sa-íram às ruas para festejar. A festa celebrava a vitória contra os que não queriam o fim da es-cravidão. Mas depois da abolição do cativeiro foi preciso lutar por terra, por escola e cida-dania. São lutas que se estendem até nossos dias. O contato permanente com Salvador moldou a vida cultural do Recôncavo. Ao lon-go do século XIX, Salvador foi o centro gra-vitacional de toda a região. Mas, o Recônca-vo concentrava a maior parte da população e

onde se produziam os principais gêneros de exportação da província, o açúcar e o fumo. Daqui saíam também a farinha de mandioca que abastecia Salvador, um dos maiores por-tos das Américas, empório de produtos vindos da Europa, da África e do extremo Oriente. No Recôncavo se formou a mais antiga rede urbana do Brasil. Antigos caminhos par-tiam de Cachoeira para o norte, via Jacobina, descendo em seguida na direção de Maracás, Caetité e norte da Província de Minas Gerais. Essa rede de comunicações fez a riqueza de Cachoeira, São Félix, Nazaré das Farinhas e Santo Amaro. Para ali chegavam embarcações carregadas de novidades vindas de Salvador e dali reenviadas para o interior em tropas de muares. Podemos imaginar o cotidiano desses centros, o apito dos vapores, a marcha apres-sada dos estivadores, o sobe e desce de caixei-ros viajantes, carroceiros, canoeiros, saveiris-tas e tropeiros. A ferrovia na década de 1880 só reforçou a posição daqueles centros como os grandes entrepostos comerciais do interior.Na década de 1940, transformações aceleradas

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A luta do povo do Recôncavo contra o cativeiro e pela cidadania avançou pelo século XIX e emergiu com força no movimento antiescravista das décadas de 1870 e 1880

ocorreram no Recôncavo. Naquela época as estradas de ro-dagens criaram outros percursos ligando a capital com o interior. O caminhão foi substituindo os saveiros e os vapo-res que singravam os grandes rios da região. As estradas de rodagens deram projeção a Feira de Santana, Cruz das Al-mas e Alagoinhas em detrimento de antigos portos fluviais como Cachoeira, São Félix e Santo Amaro. Não por acaso, versos de conhecido samba de roda da região cantava: “O Vapor da Cachoeira não navega mais no mar”. Sem a navegação a vela, nem os velhos navios de ca-botagem, e com as novas estradas de rodagens, Salvador viu desaparecer grande parte de seu vínculo com o Recôncavo, com suas águas, com o mar. A cidade perdeu seu interior imediato. A exploração e o refino de petróleo na década de 1950 causaram grande impacto cultural e econômico no Re-côncavo. Como por ironia, poços de petróleo foram desco-bertos em áreas onde outrora funcionavam engenhos e usi-nas de açúcar. Em 1950, foi fundada a Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde. Mais tarde, em 1957, foi construído o terminal marítimo em Madre de Deus. As atividades petrolíferas transformaram a vida econômica e social da região. Mas os ganhos advindos do petróleo se concentraram nas cidades diretamente envolvidas naque-

Estação Ferroviária de São Félix

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Assim, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia nasce numa região que carrega uma rica história de encontros, contradições e trocas culturais.

Samba de roda é patrimônio imaterial do Recôncavo. Foto: Renata Machado

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Assim, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia nasce numa região que carrega uma rica história de encontros, contradições e trocas culturais.

las atividades como Salvador, Candeias e São Francisco do Conde. Na década de 1960, o governo criou o CIA, Centro Industrial de Aratu, área infra-estruturada para receber investimentos, algo que terminou aumentando o distan-ciamento entre Salvador e Recôncavo. Esses arrancos de-senvolvimentistas terminaram modificando os vetores de desenvolvimento da região e aprofundando desigualdades intra-regionais. As áreas de ocupação antiga da região fica-ram de fora desse processo. Assim, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia nasce numa região que carrega uma rica história de encontros, contradições e trocas culturais. A UFRB faz par-te e se reconhece como parte dessa história, pois é fruto das aspirações e da mobilização das comunidades locais. Daí que ela também é herdeira das tradições culturais de luta do povo do Recôncavo. Mas como lugar de encontro e de diversidade, o Recôncavo sempre foi terreno fértil para a in-venção e reinvenção. Não por acaso um dos compromissos fundadores da UFRB é com a invenção de outra perspectiva de desenvolvimento que promova a melhoria da vida das pessoas e o exercício pleno de suas capacidades humanas.

* Walter Fraga, Professor Doutor em História e Superin-tendente de Cultura da UFRB.

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Os responsáveis pela pri-meira expedição explorado-ra da Terra de Santa Cruz denominaram de Baía de Todos os Santos o pequeno

golfo que encontraram ao se aproximarem da latitude

13º.

RECÔNCAVO DA BAHIA: UM UNIVERSO ENTRE O

MAR E O SERTÃO

Era primeiro de novembro de 1501 e a primeira ex-pedição portuguesa exploradora da Terra de Santa Cruz navegava em torno da latitude 12º Sul. Ao identificarem um pequeno golfo, os responsáveis pela expedição deno-minaram o acidente geográfico de Baía de Todos os Santos. Aquela Baía, com 1.052 km², num litoral pobre em recor-tes, logo se constituiu em um ponto de referência precio-so; como consta nos dicionários, a área continental que se apresenta em forma de arco em torno da Baía passou a ser chamada de Recôncavo. A Baía de Todos os Santos e o seu Recôncavo se originam de um sistema de fraturas e falhas geológicas que

definem uma importante depressão ou bacia sedimentar (rifte). Este rifte teve origem há cerca de 180 milhões de anos e se associa ao processo de separação entre a Amé-rica do Sul e a África. O complexo substrato geológico da região se originou nos últimos milhões de anos, por novos processos tectônicos e mudanças climáticas que possibili-taram transgressões e regressões marinhas no continente que, por sua vez, são responsáveis pelo processo erosivo regional. Essa dinâmica é fundamental para explicar, por exemplo, a existência de diferentes manchas de solos nas terras do Recôncavo, que definiram, primariamente, a dis-tribuição das culturas agrícolas nessa região.

por Paulo Gabriel Soledade Nacif*

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Os responsáveis pela pri-meira expedição explorado-ra da Terra de Santa Cruz denominaram de Baía de Todos os Santos o pequeno

golfo que encontraram ao se aproximarem da latitude

13º.

Mapa dos confins do Brazil com terras da Coroa de Espanha na América.Fonte: KEATING V. & MARANHÃO R. Caminhos da Conquista: A Formação do Espaço Brasileiro. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2008.

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A abrangência geográfica do Recôncavo sempre foi motivo de controvérsias, entretanto, é notável a si-milaridade entre alguns traçados dessa região propostos desde o século XVIII até o presente.

A Baía de Todos os Santos e o Recôncavo no Império Português do século XVI

RECÔNCAVO DA BAHIA

LISBOA

ILHA DA MADEIRAMACAU

ILHAS CANÁ-RIAS MINA

LUANDA

CABO DA BOA ESPERANÇA

GOA

CALICUTE

AÇORES

MALACAILHAS DE CABO VERDE

Fonte: A implantação da capital da colônia portuguesa nas Américas – Salvador. Disponível em: <http://www.atlas.ufba.br/atlas_2004_2/adriano_mila_carolina/baia.htm>. Acesso em: 27 out. 2010.

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A abrangência geográfica do Recôncavo sempre foi motivo de controvérsias, entretanto, é notável a si-milaridade entre alguns traçados dessa região propostos desde o século XVIII até o presente.

Luis Henrique Dias Tavares (1926), historiador baiano, destaca que depois que os governos de Duar-te da Costa e Mem de Sá dizimaram dezenas de aldeias de tupinambás nos arredores da cidade do Salvador, a ex-pansão dos colonos alcançou terras dos vales dos rios Paraguaçu e Jagua-ripe. Na franja litorânea e nos va-les dos rios que desembocam na Baía de Todos os Santos se estabeleceram os primeiros engenhos da Bahia e em torno desses surgiram os primeiros povoados. Neste aspecto, vale lem-brar a observação do sociólogo bra-sileiro Gilberto Freire (1900 - 1987): “se os grandes rios já foram glorifica-dos em monumento... aos rios meno-res, tão mais prestadios, falta o estu-do que lhes fixe o importante papel civilizador em nossa formação. Os

grandes foram por excelência os rios do bandeirante e do missionário... os outros, os do senhor de engenho, do fazendeiro, do escravo, do comércio de produtos da terra. Aqueles disper-saram o colonizador; os rios menores fixaram-no tornando possível a se-dentariedade rural”. É bastante conhecida a emer-gência do complexo canavieiro ao norte da Baía de Todos os Santos, es-pacialmente nucleado numa área com domínio de classes de solos localmen-te denominadas de massapês. As ou-tras áreas, no sul do Recôncavo e ao norte de Salvador, se especializaram na produção de gêneros alimentícios, principalmente a mandioca, e madei-ras para abastecimento dos engenhos e de Salvador; o cultivo do fumo ga-nhou importância nessas áreas, se tornando uma atividade subsidiária

da lavoura açucareira, dado o papel que desempenhava na compra de afri-canos. Nesse processo, os coloniza-dores portugueses fizeram do Recôn-cavo um dos principais destinos mun-diais da diáspora africana. Aqui, as ações dos donos do poder encontra-ram infinitas formas de resistências por meio de rebeliões, fugas, negocia-ções e redimensionamentos culturais, exercitadas pelos povos dominados. Essas páginas da história foram tra-duzidas em belos versos pelo poeta baiano Caetano Veloso (1942): “o co-ração/ que é soberano e que é senhor/ não cabe na escravidão/... e o povo ne-gro entendeu/ que o grande vencedor/ se ergue além da dor”. Originalmente, o Recôncavo era coberto pela Mata Atlântica. Atu-almente, a região apresenta um dos

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Percorrendo o Recôncavo, um observador do cotidiano notará entre seus habitantes uma sensação de pertencimento à região

mais baixos percentuais de remanescentes florestais do Brasil. A mata foi rapidamente destruída a fim de abrir terrenos para a lavou-ra, fornecendo pranchas de madeira de lei para os estaleiros, inclusive à armada portuguesa e, talvez de maneira mais devastadora, para obter combustível, inicialmente para os engenhos e, depois, também para as diversas atividades de uma região que foi rapidamente povoada. O Jesuíta italiano André João Antonil (1649 – 1716), quando escreveu sobre o Brasil do início do século XVIII, relatou: “junto à casa da mo-enda, que chamam casa do engenho, segue-se a casa das fornalhas, bocas verdadeiramente tragadoras de matos, cárcere do fogo e fumo perpétuo e viva imagem dos vulcões, Vesúvios e Etnas e, quase disse, do Purgatório ou do In-ferno. Nem faltam perto destas fornalhas seus condenados, que são os escravos boubentos e os que têm corrimentos, obrigados a esta pe-nosa assistência para purgarem com suor vio-

lento os humores gálicos de que têm cheios seus corpos”. O Recôncavo produziu grandes rique-zas. No entanto, a resistência às inovações está entre os motivos que determinaram um grave atraso na sua modernização socioeconômica. A modernidade no Recôncavo, inclusive em Salvador, só ocorreu com a exploração do pe-tróleo a partir da metade do século XX, quan-do aconteceram importantes mudanças nas relações de poder nessa sociedade. Todo esse processo ajuda a explicar o lugar do Recônca-vo nas divisões do trabalho em escalas global e nacional e seus desdobramentos locais. A abrangência geográfica do Recôn-cavo sempre foi motivo de controvérsias. Entretanto, é notável a similaridade entre al-guns traçados dessa região propostos desde o século XVIII até o presente. Nesses estudos o Recôncavo forma um semicírculo com uma área de cerca de 11.000 Km2, com a seguinte

SALVADOR

CRUZ DAS ALMAS

AMARGOSA

CACHOEIRA

SANTO ANTÔNIO DE JESUS

A malha da rede do Recôncavo no século

XVIIICidade do Salvador da Bahia de todos os Santos - 1549

Vila de São Francisco da Barra do Sergipe do Conde - 1698

Vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amario - 1725

Vila de Nossa Senhora do Rosário do porto da Cachoeira - 1698

Vila de São Bartolomeu de Mangabeira - 1724

Vila de Nossa Senhora da Ajuda do Jaguaripe

Caminhos e estradas

PovoadosSede das vilas

Sede da cidade do Salvador

Fonte: ANDRADE, A. B. A espacialização da rede urbana no Recôncavo Baiano setecentista à luz da cartografia histórica. In: SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA HISTÓRICA, 3., 2009, Ouro Preto, MG. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2009. Disponível em: <http://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/resumos-trabalhos.htm>. Acesso em: 27 out. 2010.

O Recôncavo produziu grandes riquezas. No entanto, a resistência às inovações

está entre os motivos que determinaram um grave atraso na sua modernização

socioeconômica.

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abrangência: o norte de Salvador até Mata de São João e Alagoinhas; a área de solos massapês, localizada ao norte da Baía de Todos Santos e que segue até a região de Teodoro Sampaio; a península de Saubara-Iguape; as terras baixas de Maragogipe a Jaguaripe; e as regiões mais elevadas de Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus. Os limites do Recôncavo devem ser percebidos como ensinou o sociólogo baiano Luiz de Aguiar Costa Pinto (1920 - 2002): “em verdade, as fronteiras sociológi-cas do Recôncavo não se representaria por linhas, mas sim por faixas, faixas de transição, nas quais os seus caracteres geográficos, econômicos e sociais mesclam-se com traços típicos de outras áreas adjacentes, que tendem a predomi-nar na medida em que nos afastamos das margens da Baía para as matas do Sul, para as caatingas do Sudoeste ou do Nordeste, para as praias do Litoral Norte”. Em 1989, quando o IBGE definiu novos critérios e nomenclaturas para a regionalização do Brasil, o antigo tra-çado do Recôncavo continuou como referência, verifican-do-se grande semelhança entre o que o IBGE denominou de Mesorregião Metropolitana de Salvador (com 38 municí-

Percorrendo o Recôncavo, um observador do cotidiano notará entre seus habitantes uma sensação de pertencimento à região

SALVADOR

CRUZ DAS ALMAS

AMARGOSA

CACHOEIRA

SANTO ANTÔNIO DE JESUS

A malha da rede do Recôncavo no século

XVIIICidade do Salvador da Bahia de todos os Santos - 1549

Vila de São Francisco da Barra do Sergipe do Conde - 1698

Vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amario - 1725

Vila de Nossa Senhora do Rosário do porto da Cachoeira - 1698

Vila de São Bartolomeu de Mangabeira - 1724

Vila de Nossa Senhora da Ajuda do Jaguaripe

Caminhos e estradas

PovoadosSede das vilas

Sede da cidade do Salvador

Fonte: ANDRADE, A. B. A espacialização da rede urbana no Recôncavo Baiano setecentista à luz da cartografia histórica. In: SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA HISTÓRICA, 3., 2009, Ouro Preto, MG. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2009. Disponível em: <http://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/resumos-trabalhos.htm>. Acesso em: 27 out. 2010.

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Na segunda metade do século XX o Recônca-vo passou por muitas transformações. pios e 11.200 Km2) e o velho Recôncavo. Esta é uma grande evidência da real vitalidade des-te território que, segundo o geógrafo baiano Milton Santos (1926 - 2001), ensaiou, antes do restante do Brasil, um processo então notável de urbanização e constituiu-se na rede urbana de caráter regional mais antiga das Américas. É extraordinária a consistência dos vínculos que determinam a existência dessa região no entorno da Baía. Contribuem para isso o subespaço longamente elaborado e por muito tempo estável, as presenças de Salvador e da Baía de Todos os Santos, a área, relativa-mente pequena, e, como lembra Milton Santos, “as iconografias que mantém a idéia de região através da noção de territorialidade, que une indivíduos herdeiros de um pedaço de territó-rio, uma determinada fração do espaço”. Percorrendo o Recôncavo, um obser-

vador do cotidiano notará entre seus habitan-tes uma sensação de pertencimento à região, o reconhecimento de uma história comum e uma interessante referência a muitos hábitos e tradições. Evidentemente, tudo isso foi for-jado “aos trancos e barrancos” – no sentido que o sociólogo brasileiro Darcy Ribeiro (1922 -1997) emprestou ao termo. Isso, talvez, valo-rize ainda mais esta terra. Na segunda metade do século XX, o Recôncavo passou por muitas transforma-ções. Mudanças da matriz de transportes criaram uma densa rede de estradas e redefi-niram o protagonismo de determinados cen-tros urbanos. A área mais próxima de Salvador se constituiu numa região metropolitana (não confundir com a Mesorregião Metropolitana de Salvador). A exploração de petróleo e a ins-talação do Pólo Petroquímico de Camaçari de-

Mapa da Bahia e suas Mesorregiões

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finiram novos subespaços. O forte desenvolvimento de Feira de Santana estabeleceu um sombreamento de áreas de influências. Tudo isso ocorreu sem arti-culação com a cultura e os processos econômicos e, assim, houve uma redução da coerência funcional da região, mas não suficiente para sua diminuição territorial ou conceitual. A diversidade amalgamada neste pedaço da crosta terrestre constitui uma gênese representati-va da própria formação do nosso país, e, talvez por isso, a socióloga baiana Maria de Azevedo Brandão sempre destaca que o Recôncavo, por tudo que representa para a civilização brasileira, necessita

ter sua unidade fortalecida, a partir de uma nova concepção de desenvolvimento e organização ter-ritorial que possa assegurar um melhor equilíbrio ambiental à área, melhores condições de vida e per-manente afirmação cultural da região. Diante do mundo, é justamente pela força especial e única do seu lugar, do seu chão, da sua cultura e narrativas, que deve estar a base para a construção da dignida-de e alegria de um povo.

Cachoeira, uma cidade do Recôncavo da Bahia

* Reitor e Professor Associado da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Mesorregião metropolitana de Salvador

Mapa da Bahia e suas Mesorregiões, de acordo com o IBGE

Page 27: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

A UFRB

Politicas Afirmativas e estudantis, Ensino, Pesquisa e Extensão. Os valores, perspectivas e objetivos que formam o nos-so perfil institucional e como continuare-mos a construir a universidade que quere-mos.

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Vista aérea do prédio da Reitoria.Foto: Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

Prof ª Dinalva Melo, Prof. Warli Anjos, Profª Rita Dias, Pró- Reitores da UFRB

Prof. Carlos Alfredo Lopes, Profª Maria Inês Almeida, Prof. Aelson Silva, Rosilda Santana, Pró-Reitores da UFRB

Page 29: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

O sentido de diversidade, assim como os valores de convivência, de respeito às diferenças, tolerância e pacifismo, tão caros à alma e iden-tidade brasileiras, não impediram os processos de discriminação e ex-clusão que estão na base da nossa tamanha desigualdade.

Nascida a partir de uma ampla mobilização da sociedade baiana e em especial das regiões do Re-côncavo e do Jiquiriçá, a UFRB traz em sua essência uma expressão e proposição de saberes, conhecimen-tos, formação, pesquisa e extensão diretamente rela-cionada à transformação social, notadamente, no que concerne a inclusão e igualdade sócio-racial. Essa perspectiva revela-se ainda mais significativa quan-do se considera o contexto da realidade educacional brasileira e baiana, em seu empenho para superar os limites relativos à democratização do acesso, da per-manência e da qualidade da educação, e em especial do ensino superior, sobrelevando a necessidade de políticas de ampliação e interiorização dessa modali-dade educacional. A presença da diversidade, e dos valores de convivência, de respeito às diferenças, tolerância e pacifismo, tão caros à alma e identidade brasileiras, não impediram os processos de discriminação e ex-clusão que estão na base da desigualdade social bra-

sileira. Muitos grupos sociais tiveram negados seus direitos a bens culturais e econômicos, instrumentos que deveriam permitir a efetiva e plena participa-ção social e política desses grupos. Essa exclusão se constitui como um processo histórico relacionado a questões como raça, classe social, gênero, etnia e re-gionalidade. As ações afirmativas partem do reconheci-mento da pluralidade da nossa sociedade, ao enten-der que todos os grupos sociais que a constituem têm direito de acesso às políticas públicas e institucionais que visem a promoção da equidade. A UFRB assumiu o compromisso de garantir o acesso, a permanência e a pós-permanência de estudantes oriundos de esco-las públicas, que se declaram pretos ou pardos, índio ou descendentes, índios aldeados e remanescentes de quilombos, através da Política Institucional de Ações Afirmativas. Esse comprometimento tornou-lhe pioneira na implantação de uma pró-reitoria específica, a

Políticas afirmativas e estudantis na UFRB

Fotos: Renata Machado

Page 30: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

O sentido de diversidade, assim como os valores de convivência, de respeito às diferenças, tolerância e pacifismo, tão caros à alma e iden-tidade brasileiras, não impediram os processos de discriminação e ex-clusão que estão na base da nossa tamanha desigualdade.

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PROPAAE – Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assun-tos Estudantis. A UFRB instituiu as ações afirmativas e os assun-tos estudantis como um amplo conjunto interdependente e complementar de propostas e estratégias que integram for-mação acadêmica e políticas de equalização social e assis-tência estudantil, ao contemplar o direito à educação, a de-mocratização do acesso de estudantes de origem popular, a permanência qualificada com êxitos acadêmicos e vivência comunitária, e a pós-permanência em articulação com o de-senvolvimento regional. A PROPAAE atua de forma sistê-mica, na formulação de políticas e na gestão de recursos, integrando programas e objetivos institucionais e sociais. A PROPAAE tem como missão a execução de Polí-ticas Afirmativas e Estudantis na UFRB, garantindo à co-munidade acadêmica condições básicas para o desenvolvi-mento de suas potencialidades, visando a inserção cidadã, cooperativa, propositiva e solidária nos âmbitos cultural, político, econômico e social. São princípios desta política: a co-responsabilidade, o mutualismo, a solidariedade o protagonismo. São referenciais das políticas afirmativas e estudan-tis da PROPAAE/UFRB: a. Política, programas e ações em prol do acesso, permanência e pós-permanência dos discentes no ensino superior, em especial, os oriundos das escolas públicas, os

Esse grau de comprometimento nos levou ao pioneirismo de instituir uma pro-reitoria para atuar especificamente nessa questão, a PROPAAE –

Pro - Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis.

que se declaram pretos ou pardos, índio ou des-cendentes, índios aldeados e remanescentes de quilombos; b. Política de assistência socioeconômi-ca, pedagógica e psicológica; c. Programa de formação que contri-buem para a ampliação da qualidade educa-cional na Região do Recôncavo- Ba, sobretudo, na implantação das Leis 10.639-03 e 11.645-08, que alteram a LDB 9394/96 e incluem nos cur-rículos oficiais das redes de educação básica, as temáticas de história e cultura afro-brasileira e indígena. d. Desenvolvimento regional relaciona-do à formulação e implantação de políticas de promoção da igualdade racial e inclusão social. e. Programa de Acolhimento e Con-vivência Comunitária–PVCOM, integrando ações que visam garantir a acessibilidade e as-sistência a pessoas com deficiências. f. Programa de Permanência Qualifica-da que articula a atenção a demanda material à qualificação da formação acadêmica através da participação em projetos de pesquisa, monito-ria e extensão. São disponibilizadas diferentes modalidades de auxílio: à moradia; à alimenta-

ção; pecuniário à moradia e à alimentação; ao deslocamento; pecuniários vinculados a pro-jetos de Extensão, Pesquisa e Ensino; Auxílios acadêmicos (participação em eventos científi-cos, aquisição de material didático, promoção de eventos); Auxílio à promoção da saúde. Através das ações afirmativas, a UFRB fortalece sua responsabilidade social, defen-dendo o ensino superior deve estar permanen-temente vinculado a ações amplas em prol da democratização do acesso à educação, um tri-buto a ser dado às classes populares em nosso país. Esse resgate deve adotar o compromisso da inclusão e da reparação, respondendo às dis-torções históricas engendradas e acumuladas na formação da nossa sociedade. A igualdade, valor e perspectiva fundamental para a vida comum, deve ser promovida e garantida, sen-do condição essencial para que a UFRB possa cumprir seu papel, sua missão e o sonho que inspiraram seu nascimento como instituição.

Rita de Cássia Dias, Pró-Reitora de Políticas Afirmetivas e Assuntos Estudantis,

Cláudio Orlando C. do NascimentoFotos: Arquivo PROPAAE

Page 32: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

PROPAAE – Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assun-tos Estudantis. A UFRB instituiu as ações afirmativas e os assun-tos estudantis como um amplo conjunto interdependente e complementar de propostas e estratégias que integram for-mação acadêmica e políticas de equalização social e assis-tência estudantil, ao contemplar o direito à educação, a de-mocratização do acesso de estudantes de origem popular, a permanência qualificada com êxitos acadêmicos e vivência comunitária, e a pós-permanência em articulação com o de-senvolvimento regional. A PROPAAE atua de forma sistê-mica, na formulação de políticas e na gestão de recursos, integrando programas e objetivos institucionais e sociais. A PROPAAE tem como missão a execução de Polí-ticas Afirmativas e Estudantis na UFRB, garantindo à co-munidade acadêmica condições básicas para o desenvolvi-mento de suas potencialidades, visando a inserção cidadã, cooperativa, propositiva e solidária nos âmbitos cultural, político, econômico e social. São princípios desta política: a co-responsabilidade, o mutualismo, a solidariedade o protagonismo. São referenciais das políticas afirmativas e estudan-tis da PROPAAE/UFRB: a. Política, programas e ações em prol do acesso, permanência e pós-permanência dos discentes no ensino superior, em especial, os oriundos das escolas públicas, os

Esse grau de comprometimento nos levou ao pioneirismo de instituir uma pro-reitoria para atuar especificamente nessa questão, a PROPAAE –

Pro - Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis.

que se declaram pretos ou pardos, índio ou des-cendentes, índios aldeados e remanescentes de quilombos; b. Política de assistência socioeconômi-ca, pedagógica e psicológica; c. Programa de formação que contri-buem para a ampliação da qualidade educa-cional na Região do Recôncavo- Ba, sobretudo, na implantação das Leis 10.639-03 e 11.645-08, que alteram a LDB 9394/96 e incluem nos cur-rículos oficiais das redes de educação básica, as temáticas de história e cultura afro-brasileira e indígena. d. Desenvolvimento regional relaciona-do à formulação e implantação de políticas de promoção da igualdade racial e inclusão social. e. Programa de Acolhimento e Con-vivência Comunitária–PVCOM, integrando ações que visam garantir a acessibilidade e as-sistência a pessoas com deficiências. f. Programa de Permanência Qualifica-da que articula a atenção a demanda material à qualificação da formação acadêmica através da participação em projetos de pesquisa, monito-ria e extensão. São disponibilizadas diferentes modalidades de auxílio: à moradia; à alimenta-

ção; pecuniário à moradia e à alimentação; ao deslocamento; pecuniários vinculados a pro-jetos de Extensão, Pesquisa e Ensino; Auxílios acadêmicos (participação em eventos científi-cos, aquisição de material didático, promoção de eventos); Auxílio à promoção da saúde. Através das ações afirmativas, a UFRB fortalece sua responsabilidade social, defen-dendo o ensino superior deve estar permanen-temente vinculado a ações amplas em prol da democratização do acesso à educação, um tri-buto a ser dado às classes populares em nosso país. Esse resgate deve adotar o compromisso da inclusão e da reparação, respondendo às dis-torções históricas engendradas e acumuladas na formação da nossa sociedade. A igualdade, valor e perspectiva fundamental para a vida comum, deve ser promovida e garantida, sen-do condição essencial para que a UFRB possa cumprir seu papel, sua missão e o sonho que inspiraram seu nascimento como instituição.

Rita de Cássia Dias, Pró-Reitora de Políticas Afirmetivas e Assuntos Estudantis,

Cláudio Orlando C. do NascimentoFotos: Arquivo PROPAAE

Page 33: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Ensino na UFRB Dizer do papel do ensino em uma Universi-dade significa discutir o sentido do conhecimento e de sua gestão na contemporaneidade, considerando que é na graduação que os jovens se deparam, de for-ma mais consciente, com as exigências de acumular o saber e ao mesmo tempo reinterpretá-lo com um nível de criatividade capaz de dar-lhe um khow how competitivo, especialmente em um momento de re-orientação paradigmática. Assim, entendendo a informação e o conhe-cimento como recursos primordiais ao desenvolvi-mento da sociedade atual e a aprendizagem como ponto central do desenvolvimento, compreende-se a dimensão do papel que o ensino de graduação pos-sui em uma Instituição de Ensino Superior. Enquan-to lócus da gestão do conhecimento é preciso que a Universidade e seu corpo de atores sejam capazes de abordagens diferenciadas, garantindo assim a diversidade tanto teórica quanto metodológica e a efetivação dos princípios sempre presentes nos do-cumentos que conformam as bases dos cursos ofer-tados: alunos capazes do domínio cognitivo, mas também e principalmente, ao considerar no centro desse processo um ser humano, uma formação crí-tica, reflexiva, questionadora, permitindo o acesso a formas evolutivas do que vem a ser conhecimento e

sua apropriação, traduzida em uma práxis de sobre-vivência em tempo de grandes transformações. O conhecimento é a ferramenta disponibi-lizada ao aluno, aguçando-lhe a capacidade de agir intelectual e fisicamente, já que o conhecimento segundo Chun Wei Choo, é a informação transfor-mada, pelo uso da razão e reflexão, em crenças, ex-plicações e modelos mentais que antecedem a ação, construído através do acúmulo de experiências. È lugar comum afirmar que o fator econômi-co sempre foi decisivo para a riqueza de uma nação. Atualmente se enfatiza o lugar de destaque ocupa-do pelo conhecimento, embora nenhuma Era, seja a industrial ou a da informação tenha sido gestada sem o acúmulo do saber historicamente construí-do, revelando a importância destacada que o ensino precisa ter ou adquirir nas Universidades. Em assim sendo, a história tem mostrado que o caminho da transformação de uma sociedade não acontece sem a apropriação do saber, permitida pela democratização de oportunidades educacio-nais. Uma instituição de ensino superior nasce com o compromisso de ser viabilizadora do alcance des-se objetivo. A UFRB, como as demais IES brasileiras fruto da interiorização, nasceu comprometida com a efetivação desse ideário e principalmente para asse-

O ensino, tanto na graduação como na pós-graduação, objetivam a formação de profissionais e cidadãos

capazes de atuação na sociedade de forma criadora, em prol do desenvolvimento, da sustentabilidade e da

inovação gurar aos que vivem no interior da Bahia acesso ao conhecimento, tornan-do-os capazes de geri-lo e usá-lo em benefício da coletividade. O ensino de graduação na UFRB não nasceu e cresceu acelerada-mente apenas e tão somente para indicar o crescimento da nossa universi-dade, ele foi articulado como fator decisivo da inclusão social. Trazer para a academia a comunidade do interior da Bahia é o pensamento uníssono que permeia a instituição. Os nativos precisam adentrar os muros acadê-micos para aqui pesquisar, pensar, construir e retornar com uma marca capaz de disseminar o conhecimento produzido pela prática, pelo contato, alterando caminhos e pensamentos que estorvam o desenvolvimento so-cial. Nesse rumo, partimos da centena de envolvidos para mais de quatro mil estudantes, na busca de um objetivo grandioso que não se concretiza sem os percalços desafiadores que a graduação enfrenta em todo país. Ainda temos muito que pensar e discutir para encontrar soluções que garantam a permanência de nossos discentes; refletir também sobre que saberes, enquanto formadores, devemos nos aportar a fim de garantir que o conhecimento seja fruto de uma construção por parte desses e, não menos importante, buscar meios que permitam a articulação com a educa-ção básica. Assim, na busca do fortalecimento da nossa graduação ainda te-mos muito que lutar, mas sem perder de vista que ela pode ser o principal instrumento para transformar nossa sociedade.

Dinalva MeloPró-Reitora de Graduação

Page 34: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Ensino na UFRB Dizer do papel do ensino em uma Universi-dade significa discutir o sentido do conhecimento e de sua gestão na contemporaneidade, considerando que é na graduação que os jovens se deparam, de for-ma mais consciente, com as exigências de acumular o saber e ao mesmo tempo reinterpretá-lo com um nível de criatividade capaz de dar-lhe um khow how competitivo, especialmente em um momento de re-orientação paradigmática. Assim, entendendo a informação e o conhe-cimento como recursos primordiais ao desenvolvi-mento da sociedade atual e a aprendizagem como ponto central do desenvolvimento, compreende-se a dimensão do papel que o ensino de graduação pos-sui em uma Instituição de Ensino Superior. Enquan-to lócus da gestão do conhecimento é preciso que a Universidade e seu corpo de atores sejam capazes de abordagens diferenciadas, garantindo assim a diversidade tanto teórica quanto metodológica e a efetivação dos princípios sempre presentes nos do-cumentos que conformam as bases dos cursos ofer-tados: alunos capazes do domínio cognitivo, mas também e principalmente, ao considerar no centro desse processo um ser humano, uma formação crí-tica, reflexiva, questionadora, permitindo o acesso a formas evolutivas do que vem a ser conhecimento e

sua apropriação, traduzida em uma práxis de sobre-vivência em tempo de grandes transformações. O conhecimento é a ferramenta disponibi-lizada ao aluno, aguçando-lhe a capacidade de agir intelectual e fisicamente, já que o conhecimento segundo Chun Wei Choo, é a informação transfor-mada, pelo uso da razão e reflexão, em crenças, ex-plicações e modelos mentais que antecedem a ação, construído através do acúmulo de experiências. È lugar comum afirmar que o fator econômi-co sempre foi decisivo para a riqueza de uma nação. Atualmente se enfatiza o lugar de destaque ocupa-do pelo conhecimento, embora nenhuma Era, seja a industrial ou a da informação tenha sido gestada sem o acúmulo do saber historicamente construí-do, revelando a importância destacada que o ensino precisa ter ou adquirir nas Universidades. Em assim sendo, a história tem mostrado que o caminho da transformação de uma sociedade não acontece sem a apropriação do saber, permitida pela democratização de oportunidades educacio-nais. Uma instituição de ensino superior nasce com o compromisso de ser viabilizadora do alcance des-se objetivo. A UFRB, como as demais IES brasileiras fruto da interiorização, nasceu comprometida com a efetivação desse ideário e principalmente para asse-

O ensino, tanto na graduação como na pós-graduação, objetivam a formação de profissionais e cidadãos

capazes de atuação na sociedade de forma criadora, em prol do desenvolvimento, da sustentabilidade e da

inovação gurar aos que vivem no interior da Bahia acesso ao conhecimento, tornan-do-os capazes de geri-lo e usá-lo em benefício da coletividade. O ensino de graduação na UFRB não nasceu e cresceu acelerada-mente apenas e tão somente para indicar o crescimento da nossa universi-dade, ele foi articulado como fator decisivo da inclusão social. Trazer para a academia a comunidade do interior da Bahia é o pensamento uníssono que permeia a instituição. Os nativos precisam adentrar os muros acadê-micos para aqui pesquisar, pensar, construir e retornar com uma marca capaz de disseminar o conhecimento produzido pela prática, pelo contato, alterando caminhos e pensamentos que estorvam o desenvolvimento so-cial. Nesse rumo, partimos da centena de envolvidos para mais de quatro mil estudantes, na busca de um objetivo grandioso que não se concretiza sem os percalços desafiadores que a graduação enfrenta em todo país. Ainda temos muito que pensar e discutir para encontrar soluções que garantam a permanência de nossos discentes; refletir também sobre que saberes, enquanto formadores, devemos nos aportar a fim de garantir que o conhecimento seja fruto de uma construção por parte desses e, não menos importante, buscar meios que permitam a articulação com a educa-ção básica. Assim, na busca do fortalecimento da nossa graduação ainda te-mos muito que lutar, mas sem perder de vista que ela pode ser o principal instrumento para transformar nossa sociedade.

Dinalva MeloPró-Reitora de Graduação

Page 35: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

O desafio de implantar e conso-lidar a pesquisa e o ensino de pós-gradu-ação stricto sensu em uma nova Univer-sidade requer planejamento, articulação entre os gestores e corpo docente, além de forte aproximação com as agências de fomento estaduais e federais. A estrutura para pesquisa na UFRB expandiu rapidamente com os investimentos do processo de implan-tação dos novos Cursos e, sobretudo, pela forte política de captação de recur-sos externos, cujos frutos já podem ser contabilizados em apenas cinco anos. Além dos projetos institucionais de infra-estrutura submetidos à FINEP, muitos docentes têm aprovado projetos de pesquisa junto ao CNPq e a FAPESB, como também em outras instituições

como o BNB e a Petrobrás. Embora ain-da seja necessário ajustes em determina-dos aspectos da infra-estrutura básica, a expectativa é que as medidas tomadas nesses cinco anos permitam a consoli-dação do lastro principal da pesquisa para abrigar os projetos e linhas de in-vestigação desenvolvidas pelos docen-tes e discentes da UFRB. A organização dos Grupos de Pesquisa, a formação de Núcleos de Es-tudos e o fortalecimento das Redes inter e intra institucionais devem ser o próxi-mo desafio, com reflexo direto sobre os Programas de Pós-Graduação. A pós-graduação nasceu junto com a UFRB, com os Cursos de Mestra-do e de Doutorado em Ciências Agrárias. Logo em seguida foi iniciado um proces-

A extensão é desenvolvida, na UFRB, como elo de interação com a sociedade, num encontro do saber acadêmico com outros conhecimentos.

A pesquisa na UFRB

Foto: Renata Machado

Page 36: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

so de nucleação, que resultou em mais cinco Mestrados nesta grande área do conhecimen-to. Agora o desafio para os próximos anos é implementar novos Cursos de Mestrado em todos os campi da UFRB, e Doutorados nos Programas existentes. Os atuais Programas de Pós-Gradua-ção e Grupos de Pesquisa, o estímulo cons-tante na participação dos editais de apoio a pesquisa, o forte programa de iniciação cien-tífica e tecnológica, a construção de convê-nios e parcerias externas, a implementação do plano de capacitação docente, a organi-zação e consolidação dos grupos de pesqui-sa e o diálogo constante com as agências de avaliação e de fomento, permitem nutrir a expectativa de otimismo para a expansão e consolidação da pesquisa e a pós-graduação, contribuindo, juntamente com os cursos de graduação e as atividades de extensão, com a consolidação da UFRB como liderança no Território do Recôncavo, na Bahia e no Bra-sil.

Carlos Alfredo LopesPró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

A extensão é desenvolvida, na UFRB, como elo de interação com a sociedade, num encontro do saber acadêmico com outros conhecimentos.

Page 37: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Apresentaçã de Grupo de Samba de Roda durante atividade de extensão. Foto: Renata Machado Comunidade cigana atendida pelo topa. Foto: Renata Machado

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A presença da UFRB na sociedade está em sua própria razão de ser. Estar inserida na vida das pessoas e suas organizações deve ir muito além da pura difusão de conhecimentos e tecnologias e primar pela interação perma-nente e dialógica com as práticas sociais. Des-sa forma, a extensão universitária ocorre ple-namente na ação, mediada pelo encontro do saber acadêmico com todas as outras formas de conhecimento. Nesses cinco anos, a extensão em nos-sa universidade realizou seu primeiro ciclo de estruturação e apontou os caminhos para sua institucionalização, condição essa neces-sária ao aprofundamento da relação com os segmentos sociais diversos, mas também re-forçou a indissociabilidade entre a pesquisa e o ensino. Como conseqüência dessas ações, já podemos perceber a formação integral e mais adequadamente próxima da realidade de nos-sa comunidade acadêmica e os primeiros fru-tos que evidenciam a relação transformadora entre universidade e população. Mais concretamente, temos procurado estabelecer as parcerias necessárias, especial-mente para a promoção do acesso de pessoas

e segmentos populares às políticas públicas. Nesse particular, a UFRB tem contribuído para a geração de trabalho e renda; preserva-ção ambiental e desenvolvimento sustentável; combate ao analfabetismo; promoção da se-gurança alimentar e nutricional; formação de gestores de cultura no Território do Recôn-cavo; formação de gestores de cooperativas populares; formação de professores; populari-zação da ciência e outras iniciativas de igual importância social e acadêmica. Compreendemos, portanto, que deve-mos intensificar ainda mais o processo de ins-titucionalização da extensão na UFRB. Res-saltamos que, em momento algum, devemos deixar de estabelecer estratégias que visem ao alcance dos objetivos fundamentais: reafirmar a extensão como indispensável à formação e qualificação da comunidade acadêmica, cons-truída no confronto com a realidade social; integrar as políticas de extensão às demais políticas de ensino superior, e inserir a exten-são no mesmo nível e articulada ao ensino e à pesquisa.

Aelson de AlmeidaPró-Reitor de Extensão

A Extensão na UFRB

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A sessão inaugural foi um evento festejado e concorrido. Não poderia ser diferente, uma vez que o próprio

Imperador estava presente. E tam-bém o Presidente da Província e a

elite açucareira do RecôncavoEU VIM DE LÁ,

EU VIM DE LÁ...

Foi uma sessão festejada e concorrida. Não poderia ser diferente, uma vez que o próprio Imperador estava presente. E também o Presidente da Província e a elite açucareira do Recôncavo, com seus barões, viscondes, coronéis e comendadores. A Ata de criação está recheada de assinaturas importantes. Era 1859 e Dom Pedro II criava naquele momento o Imperial Instituto Baia-no de Agricultura. O Brasil enfrentava uma grave crise agrícola, provocada por atraso tecnológico, problemas de mão-de-obra, e diminuição do preço do açúcar no mercado internacional. Para responder às pressões do setor, representado pelos ricos fazendeiros donos dos engenhos, o governo do império criou os Imperiais Institutos de Agricultura em diversas regiões do país.

D.Pedro II, Óleo sobre tela, acervo MEA, do Memorial do Ensino Agrícola.

Ata de criação do Imperial Instituto Agrícola.

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A sessão inaugural foi um evento festejado e concorrido. Não poderia ser diferente, uma vez que o próprio

Imperador estava presente. E tam-bém o Presidente da Província e a

elite açucareira do Recôncavo

Sala dos Conselhos, Acervo MEA

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+Hoje só restam as ruínas do que outrora foi um prédio imponente: As instalações do campus ofereciam moradia para alunos e professores, salas de aula, biblioteca, museu, capela, curral, estrebaria e áreas de campo experimentais.

Entre as ações do Instituto para a recuperação da economia açucareira foi criada a Escola de Agricultura da Bahia, que entrou em funcionamento em 1877. Nascia a primeira escola superior de agri-cultura da América Latina, em São Bento das Lages, entre os municí-pios de Santo Amaro e São Francisco do Conde. Hoje só restam as ruínas do que outrora foi um prédio im-ponente: As instalações do campus ofereciam moradia para alunos e professores, salas de aula, biblioteca, museu, capela, curral, estre-baria e áreas de campo experimentais. Eram dois graus de ensino: o elementar, que formava lavradores e regentes florestais e o supletivo, para formação de engenheiros agrônomos e veterinários. A primeira turma de engenheiros foi diplomada em 1880. No início do século XX a Escola passa por um período de instabilidade. Cortes de verbas por parte do governo federal termi-nam por transferir a instituição ao controle do Estado, em 1904. Em 1911, com o nome de Escola Média Teórico-Prática de Agricultura, retorna ao controle governo federal. Em 1919, passa novamente ao comando do estado, agora com o nome de Escola Agrícola da Bahia. A Escola foi transferida para Salvador em 1931. A nova sede era a Hospedaria dos Imigrantes, próxima ao forte Monte Serrat. O local aparentemente privilegiado, de frente para o mar, em meio à paisagem da baía de Todos os Santos, era pouco adequado para o ensino agrícola, sem áreas de plantio, criação e locais de pesquisa.

+Hoje só restam as ruínas do que outrora foi um prédio imponente: As instalações do campus ofereciam moradia para alunos e professores, salas de aula, biblioteca, museu, capela, curral, estrebaria e áreas de campo experimentais.

Acervo do Memorial do Ensino Agrícola

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+Hoje só restam as ruínas do que outrora foi um prédio imponente: As instalações do campus ofereciam moradia para alunos e professores, salas de aula, biblioteca, museu, capela, curral, estrebaria e áreas de campo experimentais.

+Hoje só restam as ruínas do que outrora foi um prédio imponente: As instalações do campus ofereciam moradia para alunos e professores, salas de aula, biblioteca, museu, capela, curral, estrebaria e áreas de campo experimentais.

Ruinas da Escola de Agronomia em São Bento das Lages

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No seu período de funcionamento como Instituto Imperial, a escola formou 273 engenheiros agrôno-

mos, e muitos deles se dedicariam à docência e à pes-quisa em novas instituições científicas na Bahia e

em outros estados.

Primeira Pesquisa (These) de Graduação

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O século XIX foi um período efer-vescente em pesquisas no campo da

agropecuária, principalmente na Eu-ropa.

A Escola Imperial Agrícola da Bahia foi a primeira do gênero na América Lati-na, já associando o ensino e a pesquisa. A Segunda instituição de pesquisa em ciên-cias agrárias criada no Brasil foi a Estação Agronômica de Campinas (SP), em 1887, a qual deu origem ao Instituto Agronômico de Campinas. O segundo curso só surgiria em 1891, na Escola Superior de Agricultura Eliseu Maciel, de Pelotas (RS). No seu período de funcionamento como Instituto Imperial, a escola formou 273 engenheiros agrônomos, e muitos deles se dedicariam à docência e à pesquisa em novas instituições científicas na Bahia e em outros estados. As teses produzidas cons-tituíram um valioso acervo para a ciência agronômica, gerando e difundindo conhe-cimentos que iam muito além da produção instalada no Recôncavo, possibilitando a diversificação das atividades e da própria economia regional. Assim, a instituição

teve um papel fundamental na criação de um ambiente científico e cultural na Bahia oitocentista. A pesquisa realizada pelo Ins-tituto foi decisiva também na organização de instituições de pesquisa por produto, em apoio à economia agro-exportadora. As mais conhecidas foram o Instituto de Ca-cau da Bahia, ICB e o Instituto Baiano de Fumo, o IBF. O século XIX foi um período efer-vescente em pesquisas no campo da agrope-cuária, principalmente na Europa. Muitas das descobertas dos centros de pesquisas na Alemanha, França e Inglaterra, bem como técnicas de plantio e variedades de cana-de-açúcar utilizadas com sucesso nas ilhas Maurício e nos Estados Unidos, eram difundidas na Bahia através do IIBA. Isso contribuiu significativamente para o de-senvolvimento das lavouras e recuperação da economia do estado nesse período.

O Imperial Instituto Baiano de Agricultura abriu caminhos para a ciência e a docência.

Fonte: BAIARDI, A. . O Papel do Imperial Instituto de Agricultura na Formação da Comunidade de Ciências Agrárias da Bahia. Acervo do MEA Equipamento da Escola Agricola

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Uma área de 1879 hectares, com fontes e riachos, am-plos pavilhões, auditório, residências para profes-sores, alojamentos para estudantes, campos para

plantio e criação, laboratórios.

Escola de Agromonia de São Bento das Lages.

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Em 1938, o presidente Getúlio Vargas nomeou Landulfo Alves interventor federal na Bahia. Filho de pequeno fazendeiro, Landulfo Alves, estudou agronomia na Escola de São Bento das Lages, e dedicou-se à construção de uma nova escola. Contou com o apoio de Lauro de Almeida Passos, ex-prefeito de Cruz das Almas e então presidente da Caixa Econômica Federal, que garantiu os recursos para a aquisição das terras onde seriam construídas as novas instalações da instituição. Em 1942, a Escola de Agricultura e Medicina Veterinária da Bahia mudou-se para sua nova sede, e em 1946, ganha novo regulamento e denomina-ção, passando a chamou-se Escola Agronômica da Bahia. Uma área de 1879 hectares, com fontes e riachos, amplos pavi-lhões, auditório, residências para professores, alojamentos para estu-dantes, campos para plantio e criação, laboratórios. Enfim, uma com-pleta estrutura que resgatava o passado da escola e a tornava pronta para o futuro.

Uma área de 1879 hectares, com fontes e riachos, am-plos pavilhões, auditório, residências para profes-sores, alojamentos para estudantes, campos para

plantio e criação, laboratórios.

Os primeiros laboratórios da Escola de Agronomia

Em Cruz das Almas, a Escola Agronômica da Bahia

“Apresentandoummagníficoconjuntodemo-numentaispavilhõesmodernos,deestruturaeleganteemajestosa, a EscolaAgronômica da Bahia oferece aovisitante,logoàprimeiravista,umaimpressãodegran-diosidade. E, de fato, pelo grande conjunto arquitetô-nico,pelaenormeáreaquerodeia,emlargaplanície,oestabelecimentobaianodeensinoagronômicosuperiorimpressionamesmoaosmaisleigosdamatéria.” BoletimdaSecretariadeAgriculturaIndús-

triaeComérciodoEstadodaBahia,1946.

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Jayme acredita que em sua vida não tem nada de extraordinário que merca destaque especial, ainda mais um livro sobre ela, mas pelo menos nisso ele está errado, pois sua vida é como se fosse uma fonte luminosa, de onde brotam en-

sinamentos que servem para qualquer pessoa, pois sua vida é um exemplo a ser seguido

Com mais de um século de tradição, são muitas as histórias e personagens que pas-saram pela Escola de Agronomia. Uma des-sas histórias de sucesso está no livro Só Você Pode, Jayme, de autoria do jornalista e profes-sor Sérgio Mattos. O livro conta a trajetória de Jayme Ra-mos de Queiroz, que ingressou na primeira turma a prestar vestibular em Cruz das Almas, para a então Escola Agronômica da Bahia, em 1944. A Escola funcionava em Cruz das Almas desde 1942, mas o vestibular era realizado em Salvador. A vinda para prestar o vestibular já era uma odisséia para os jovens soteropolita-nos, como Jayme. O livro conta: “Na época, para chegar a Cruz das Almas,eranecessáriotomarumnavioatéCachoeiraedaíprafrente,detremoupegandocarona,procurarchegaraodestino,poisnãoexistiaumserviçodetransporteregu-lar.OnavioParaguaçu,quesaíaàs7horasdoPortodeSalvador,chegavanacidadedeCachoeira,quandonohorário,aomeio-dia. Isto,quandonãoencalhava

na‘CoroadeMaragogipe’.” A Escola Agronômica representou uma grande experiência na vida do jovem Jay-me. Segundo Sergio Mattos, “em Cruz da Al-mas, Jayme aprendeu a dançar, tomar conta da república, andar de bicicleta, “comer qualquer comida”, e organizar a solenidade de forma-tura”. A adaptação cultural à vida na cidade, longe da capital, não foi diferente: “Namorar as moças de Cruz da Almas era uma dificulda-de, pois elas diziam que estudante ‘não quer casar” e, portanto, não iam perder tempo”. O engenheiro agrônomo, diplomado em 1947, construiu uma carreira de êxito in-questionável. Foi professor universitário, se-cretário da Agricultura da Bahia, Diretor Presi-dente da CEASA (Central de Abastecimento), onde participou da criação da EBAL (Empresa Baiana de Alimentos), do qual também foi Di-retor, e também da criação do programa Cesta do Povo, foi ainda Diretor Superintendente da Bahia Pesca e trabalhou em altos cargos na

Vida de estudante na década de 40

Acervo MEA

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Jayme acredita que em sua vida não tem nada de extraordinário que merca destaque especial, ainda mais um livro sobre ela, mas pelo menos nisso ele está errado, pois sua vida é como se fosse uma fonte luminosa, de onde brotam en-

sinamentos que servem para qualquer pessoa, pois sua vida é um exemplo a ser seguido

iniciativa privada. É de diversos episódios em sua carreira que vem o nome do livro, quando, à frente das tarefas que pareciam mais complicadas, alguém sempre dizia “só você pode, Jayme”. Em 2010, aos 84 anos e em plena forma, Jayme es-teve novamente em Cruz das Almas e visitou os antigos prédios da antiga Escola Agronômica, hoje UFRB, para o lançamento da sua biografia. Na ocasião, Jayme contou his-tórias da sua passagem por Cruz das Almas e compartilhou as experiências da sua brilhante carreira. O evento contou com a presença de professores e alunos da UFRB, além do professor Sérgio Mattos, autor do livro, e do Reitor Paulo Gabriel Nacif. Uma justa homenagem para alguém que re-presenta a importância e a história dessa escola. Nas pala-vras de Sérgio Mattos: “Jaymeacreditaqueemsuavidanãotemnadadeextraor-dinárioquemereçadestaqueespecial,aindamaisumlivrosobreela,maspelomenosnissoeleestáerrado,poissuavidaécomosefosseumafonteluminosa,deondebrotamensinamentosqueservemparaqual-querpessoa,poissuavidaéumexemploaserseguido.”

Estudante Jayme na década de 40. Foto: arquivo pessoal Jayme Ramos de Queiroz. Foto: arquivo pessoal

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já diplomou milhares de profissionais da agricultura, que passaram a servir melhor à sua pátria como professo-

res, pesquisadores, extensionistas, empresários, produ-tores rurais, vereadores, deputados, secretários de estado,

governadores

A trajetória da escola desde o Instituto Imperial Agrícola, descreve esse percurso como “uma história de peregrina-ção, de sofrimento, de luta e de pertinaz resistência aos que tentaram destruir

UFRB 2010. Vista aérea dos prédios antigos herdados da AGROUFBA. Foto do Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

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UFBA Em 1967 a Escola voltou a ser instituição federal, quando passou a integrar a UFBA-Uni-versidade Federal da Bahia. A mudança renovou a escola, que adotou novo regimento e estrutu-ra de cursos a partir de 1970, fortalecendo seu papel fundamental na formação profissional e no desenvolvimento científico para a agropecu-ária no estado. O professor Joelito Rezende, do-cente e autor de um minucioso trabalho sobre a trajetória da escola desde o Instituto Imperial Agrícola, descreve esse percurso como “uma história de peregrinação, de sofrimento, de luta e de pertinaz resistência aos que tentaram des-truir; de honrosas conquistas e glórias, pois já diplomou milhares de profissionais da agricul-tura, que passaram a servir melhor à sua pátria como professores, pesquisadores, extensionis-tas, empresários, produtores rurais, vereadores, deputados, secretários de estado, governado-res”.

UFRB Finalmente, em 2005, a Escola de Agro-nomia foi desmembrada da UFBA. Nasceu a UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como resultado de uma ampla mo-bilização da comunidade regional. A primeira universidade federal no interior do estado era uma reivindicação antiga de diversos setores da sociedade. A nova instituição representa um marco para o ensino superior na Bahia.

A trajetória da escola desde o Instituto Imperial Agrícola, descreve esse percurso como “uma história de peregrina-ção, de sofrimento, de luta e de pertinaz resistência aos que tentaram destruir

UFRB 2010. Vista aérea dos prédios antigos herdados da AGROUFBA. Foto do Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

Brasão da Escola de Agronomia

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Universidade Federal do Recônca-vo da Bahia, como resultado de uma ampla mobilização da comunidade regional.

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LINHA DE TEMPO

Imagens do Acervo do MEA

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A primeira universidade federal no interior do estado era uma antiga reivindicação de diversos setores da

sociedade. A nova instituição repre-senta um marco para o ensino supe-

rior na Bahia.

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Berço da chegada dos portugueses;Primeira capital da colônia;

Palco de lutas pela independência:Um dos maiores estados da federação, em

território e população;Forte presença histórica, cultural, so-

cial e econômica no Brasil.

O Brasil sequer era independente quando, pela primeira vez, se pensou em uma universidade na região do Recôncavo Baiano. A reunião na câmara da cidade de Santo Ama-ro, em 14 de Junho de 1822, destinava-se justa-mente a manifestar o desejo pela independên-cia do país. A ata de vereação é um documento ousado, que propunha um regime federalista com autonomia para as províncias, abertura ao comércio internacional e liberdade religio-sa, além da criação de uma universidade. As-sim, no pensamento da sociedade que almeja-va a soberania, a educação superior já era base para a emancipação e a liberdade.

O interior da Bahia, no entanto, preci-sou esperar muito para ter uma universidade federal, porque o ensino superior federal sem-pre esteve longe de corresponder à importância que o estado tinha no cenário nacional - berço da chegada dos portugueses, primeira capital da colônia, palco de lutas pela independência, um dos maiores estados da federação, em ter-ritório e população, de forte presença históri-ca, cultural, social e econômica. A educação superior, contudo, sempre foi uma grave lacu-na no tratamento dispensado à Bahia.

ESPERO O AMANHÃ QUE CANTE

AcriaçãodaUFRBéumaaspiraçãodacomunidadedorecôncavodesdeaslutaspelaindependência.Concretizadaemumaaçãoacadêmicaepolíticavisionária,mobilizouasociedaderegionalemarcadecisiva-menteahistóriadaeducaçãosuperiornaBahia.

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Berço da chegada dos portugueses;Primeira capital da colônia;

Palco de lutas pela independência:Um dos maiores estados da federação, em

território e população;Forte presença histórica, cultural, so-

cial e econômica no Brasil.

A nova Universidade renova a esperança de acesso ao ensino superior para o interior da Bahia.

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Nosso Estado possui dimensões territoriais, economia, população e uma multipo-larização dos espaços urbanos que sempre justificaram a existência de outras uni-

versidades federais

O novo mo-mento não

passou des-percebido na Escola de Agro-nomia em Cruz das

Almas. Era a oportu-nidade de mudança, que per-mitiria à

instituição ter um novo papel para a comuni-

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O descompasso entre a importância da Bahia, inclusive com longa tradição de lideranças políticas, e a situação retrata-da por seus indicadores socioeconômicos foi chamada de “enig-ma baiano” por Octávio Mangabeira, governador do estado entre 1947 e 1951. Essa situação persistiu na história dos investimentos federais no ensino superior. A partir da década de quarenta do século XX, a criação de universidades ganhou grande impulso no Brasil, mas a Bahia manteve-se apenas com uma única universida-de federal, criada em 1946. Como resultado, o estado chegou ao século XXI com o me-nor número de matrículas no ensino federal superior no nordeste e o segundo pior do Brasil. A relação de 1,49 matrículas para cada mil habitantes, apresentada pela Bahia, corresponde à metade da apresentada por Pernambuco. Os investimentos federais em en-sino superior no estado são muito inferiores aos destinados a ou-tros estados com população similar, e próximos apenas daqueles que possuem populações muito inferiores como Santa Catarina, Ceará e do Rio Grande do Norte. Apesar das dimensões territoriais, econômicas, popula-cionais e da nossa multipolarização dos espaços geográficos, que justificariam a existência de outras universidades, tal situação se manteve, evidenciando um grave desvio do pacto federativo em relação ao estado, e, talvez o mais grave, com um incômodo silên-cio de gerações de baianos e suas lideranças.

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Nosso Estado possui dimensões territoriais, economia, população e uma multipo-larização dos espaços urbanos que sempre justificaram a existência de outras uni-

versidades federais Era evidente que a oferta do ensino superior estava mui-to aquém das necessidades dessa região. No entanto, o contexto político das décadas de 1980 e 1990, sob forte ideário neoliberal, resultava na diminuição dos investimentos no ensino público su-perior e fortalecimento da atividade privada no setor. Parecia cada vez mais distante a criação de novas universidades. Essa situação muda a partir de 2003, já no governo Lula, quando o Ministério da Educação anuncia o Plano de Expansão e Interiorização do Ensino Público Superior. O novo momento não passou despercebido na Escola de Agronomia em Cruz das Almas. Era a oportunidade de mudança, que permitiria à instituição ter um novo papel para a comunidade do Recôncavo. O plano da nova universidade começa surgir, de-lineado em uma ação política e acadêmica visionária, encampada por um grupo de pessoas liderado pelo Reitor da UFBA, professor Naomar Monteiro, e pelo então diretor da AGRUFBA, professor Paulo Gabriel Nacif. Era chegada a hora de planejar uma universi-dade plena, que contemplasse as mais diversas áreas do conheci-mento, e que atendesse a todo o recôncavo, principalmente a sua juventude, oferecendo oportunidades verdadeiras para a inserção no universo do conhecimento e nas possibilidades de formação profissional. Assim, em 14 de maio 2003, quando da posse do Diretor da Escola de Agronomia, Paulo Nacif, em reunião do Conselho Uni-versitário realizada em Cruz das Almas, foi proposta a criação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, a partir do desmem-

Antigo bairro dos professores. Acervo MEA

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bramento da Escola de Agronomia. A esco-la de Cruz das Almas já era um ponto forte da idéia, pois reduziria substancialmente os investimentos iniciais na construção de instalações para a nova instituição. A par-tir desse momento, iniciou-se a tarefa de elaborar o projeto de criação da nova uni-versidade, bem como de mobilizar a comu-nidade regional em torno desse objetivo. Mesmo que o governo federal apresentasse a intenção de criar novas instituições, es-tava clara a necessidade de construir uma força política em torno da concretização da UFRB. A idéia começou então a ganhar vida para além da comunidade acadêmica. “A opção foi fazer uma base popular. Nós fi-zemos mais de 50 reuniões e audiências em todos os confins desse Recôncavo”, relata o professor Geraldo Costa, um dos integran-tes da comissão formada para elaborar o processo de implantação. “Apresentava-se o projeto, e se abria para a discussão sobre as necessidades e características. Uma des-sas audiências contou com a presença de mais de 40 prefeitos da região, que assina-

ram um documento de compromisso com a criação da universidade”. A mobilização envolveu também o movimento estudantil, a imprensa regional, entidades de classe como Clubes de Dirigentes Lojistas, lide-ranças religiosas , sindicatos e toda comu-nidade civil. Todo o movimento em torno de um ideal foi fundamental, já que a proposta da UFRB concorria com diversos projetos de novas universidades pelo Brasil. Um momento decisivo foi a reu-nião da Comissão de Educação da Câma-ra Federal, realizada aqui, na então Escola de Agronomia, em 17 de Outubro de 2003. “Foi um marco nesse processo. Vieram par-lamentares da Bahia, de outros estados, de vários partidos. Para essa reunião foi convi-dado o então ministro do Trabalho Jaques Wagner, para quem foi entregue o projeto”, conta o professor Silvio Soglia, na época integrante da Comissão de Implantação e hoje Vice-reitor. Em 2005, o projeto foi aprovado no Congresso Nacional e em 29 de Julho do mesmo ano o Presidente da Re-pública, Luiz Inácio Lula da Silva, sanciona a Lei nº 11.151, que cria a UFRB.

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OAtodeCriaçãodaUFRB Sob o sol do Recôncavo, diante do prédio principal da antiga escola de Agronomia, mais de 10 mil pessoas, vindas de toda a região, viviam um dia histórico. Foi em 21 de março de 2006, ato solene de criação da UFRB. Era a concretização de um anseio popular, e a coroação de um árduo trabalho realizado. O Presidente da República, ministros, prefeitos, representantes da UFBA e da UFRB, lideranças e autoridades saudaram a multidão, e reafirma-ram a importância daquele momento.

“Acriaçãodessauniversidadesimbolizaareparaçãodeumainjustiçahistóricacomopovobaiano”

OrlandoPeixoto,PrefeitodeCruzdasAlmas

“Hojeumsonhoserealiza.Nãoéosonhodeumapessoa,masosonhodemuitos,éosonhodeváriasgerações,osonhodetodaumaregião.”

NaomarMonteiro,ReitordaUFBA

“Esperamos construirumaUniversidade solidária, participativa e socialmentereferendada.”

JasonFerreira,RepresentantedosestudantesdaUFRB

“Éumprazerenormeestaraquinessemomento.Essanaçãotemcompromissocomasuaredenção,comopagamentodasdívidashistóricas,earedençãoparaofuturo,parafazerdessanaçãoumanaçãodegente,umanaçãomestiça,profunda,alegre,satisfeita,umanaçãodefesta,trabalhoepão”

GilbertoGil,MinistrodaCulturaem2006

“Omaiorlegadoqueumpaiouumamãe,pormaisricoqueseja,oupormaispobrequeseja,podedeixarparaumfilhoéasuaformação.Assimcomoomaiorlegadodeumgovernoéacriaçãodeescolas.”

Lula,PresidentedaRepúblicaSede da reitoria da UFRB. Foto: Prof. Celso Borges

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“ParticipeidaComissãodeEstudosparaaViabili-zaçãodaImplantaçãodaUFRB.Asreuniões,namaioriadasvezes, eram em Salvador, com freqüência quinzenal. Nessacomissãonãohouvegrandesembatesetodostinhamomesmoobjetivo.Omaiorimpasseeraadefiniçãodoscursosligadosàáreadesaúde,quedefendíamosficaremSantoAntônioehaviaoutrapropostaparaficaremCruzdasAlmas.Tambémparti-cipeidasegundacomissão,formadaparaaconstruçãodoEs-tatutodaUFRB.Nestativemosváriosimpassesemassuntosqueinteressavamdiretamenteaosestudantesefuncionários,ehouveumacoalizãoentreessascategorias. FoiumahonraserestudanteeparticipardestasCo-missões,dasdiscussões,depoderinseriroRecôncavobaianonocenárionacionaldaeducação,defendendoosinteressesdosestudantes que ainda estavam por vir e de poder contribuirparaminimizarasdesigualdadeseducacionaisnaBahia. Hojequandovejoessa ‘pequenagigante’soutomadoporumadeliciosasensaçãodedevercomprido.”

AmistanderJosédosSantosEngenheiroAgrônomo

“AUFRB foi criada coma participação detodaacomunidadedoRecôncavo.Isso,pramim,foiopontomaisimportanteediferentedasdemaisuniver-sidades criadas na época. Forammarcantes aquelasdiscussões, as audiências públicas.Quando chegáva-mosàscidadeséramosrecebidoscomfogos,portodaacomunidade.Issomostrouqueoatoqueestávamosconstruindoteriaqueavançar.Ehoje,depoisdecincoanos,temosumauniversidadereferenciadaportodaaregião. Odiferencialmaior doRecôncavo, hoje, é aUFRB,porqueelavai crescer juntocomessaregião.Foiumalutadetodos,eissoéoquefica.Essapartici-paçãodopovoedetodaacomunidade.”

ProfessorMesquita,Vice-ReitordaUFBAePresidentedaComissãodecriaçãoe

implantaçãodaUFRB.

‘“A comissão começou o trabalho fazendoestudos,levantamentodedadoseconômicosesociais.Depois começaram as audiências públicas, quandocresceu a vontade da população, o interesse muitogrande,todosengajadosnessabandeira. Os funcionários conseguiram garantirmaisparticipação na gestão da universidade. Houve umgrandeavançonisso,umavalorizaçãodosservidorestécnico-administrativos no processo de implantaçãodaUFRB. Foiumagranderealizaçãoeanossaexpec-tativacontinua.Seguimosotimistas,ansiososporesseprocessodeconstruçãoe implantação.VejoaUFRBdeformamuitopositiva,cumprindosuasmetas,cres-cendo para atender as necessidades doRecôncavo, esintomuitoorgulhodeterparticipado.”EdsonSantana,representantedocorpotécnico-admi-nistrativonaComissãodecriaçãoeimplantaçãoda

UFRB.

Page 60: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Representantes das Comissões Municipais em prol da Criação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Raul Lomanto Neto Representante do Município de AmargosaGildete Calumbi da S Moura Representante do Município de Cachoeira.Orlando P. Pereira Filho Representante do Município de Cruz das AlmasHipólito de Brito Representante do Município de NazaréJorge Portugal Representante do Município de Santo AmaroClóvis Ezequiel Santos Representante do Município de Santo Antônio de JesusMartiniano José Costa Representante do Município de Valença

Comissão responsável pelos estudos gerais, necessários à implan-tação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Portaria No 521/04 de 22 de dezembro de 2004 – UFBA/Gabinete do Reitor) Francisco José Gomes Mesquita Presidente da Comissão, Vice-Reitor Benedito Marques da Costa Professor titular, Escola de AgronomiaJoão Lamarck Argolo Professor adjunto, Instituto de GeociênciasMaria Hilda Baqueiro Paraíso Professora adjunta Faculdade de Filosofia e Ciências HumanasPaulo Gabriel Soledade Nacif Diretor da Escola de AgronomiaPaulo de Arruda Penteado Filho Professor adjunto, Escola de AdministraçãoEdson de Jesus Santana Representante do corpo técnico-administrativoAmistander José dos Santos Representante do corpo discenteAlan Oliveira Santos Representante do corpo discente

Comissão elaboradora dos subsídios para criação e implantação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Portaria No 251/03 de 09 de julho de 2003 – UFBA/Gabinete do Reitor)

Francisco José Gomes Mesquita Presidente da Comissão, Vice-ReitorBenedito Marques da Costa Professor titular, Escola de AgronomiaJoão Lamarck Argolo Professor adjunto, Instituto de GeociênciasMaria Hilda Baqueiro Paraíso, Professora adjunta da Faculdade de Filosofia e Ciências HumanasPaulo Gabriel Soledade Nacif Professor adjunto e Diretor da Escola de AgronomiaPaulo de Arruda Penteado Filho, Professor adjunto da Escola de AdministraçãoWalrli Anjos de Souza, Escola de AgronomiaWeliton Antônio Bastos de Almeida, Professor adjunto da Escola de AgronomiaEdson de Jesus Santanak, Representante do corpo técnico-administrativoAntônio Gabriel Pinto Júnior, Representante do corpo discenteGustavo Eduardo Rocha Machado, Representante do corpo discente

Hoje quando vejo essa ‘pequena gigante’

sou tomado por uma deliciosa sensação de dever

comprido.”

Page 61: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Encontrar locais para início das aulas dos novos cursos foi outra grande tarefa, que só foi possível graças às importantes parcerias com o estado e prefeituras.

O esforço valeu a pena para a consolidação do projeto

Foto de Cristiano Gonveia, GRAER-BA

O desejo de tornar o campus da Escola deAgronomiadaUFBAemumauniversidadeautôno-maéantigoeasustentaçãoàpropostafoiomovimen-todasociedadedoRecôncavo.OprojetodaUFRBfoielaboradoduranteoperíododasaudiênciaspúblicas,resultadodasdiscussões,eàmedidaqueomovimen-tofoicrescendoaspessoaspassaramaacreditar.Eraimpressionanteaparticipaçãodaspessoas.Eramcen-tenas,quesedeslocavamparaasaudiênciasereuni-ões.Foiummovimentodasociedadecivilorganizada:estudantes,sindicatos,organizaçõesciviscomoOAB,CDL’s,igrejas,liderançaspolíticas. A presença da universidade no Recôncavotrouxeumarenovaçãodaesperançadeumaretomadado crescimento desta região.Todos os investimentosqueforamfeitoseavelocidadecomqueauniversidadefoiinstaladatrouxeramumnovociclodedesenvolvi-mento, tanto econômico quanto social. Do ponto devistapessoal,éumasatisfaçãoenormeterparticipadodaconstruçãodealgotãosignificativoparaosjovenseparaofuturodetodaapopulaçãodestaregiãoedaBahia.ORecôncavotemumaidentidadeeauniversi-dadetemtodaafinidadecomisso,emtornodassuasatividades, suas políticas, suas ações. É gratificante

verqueessemovimentotododeucerto.Auniversidadeéuma realidade, e o que precisamos fazerdaqui prafrenteéconsolidaremelhorarcadavezmais.

ProfessorSilvioSogliaVice-reitordaUFRB

O primeiro concurso em Cruz das Almas

O primeiro concurso para professor, realizado em Cruz das Almas, teve mais de 500 inscritos, para o preenchimento de mais de 50 novas vagas docentes. “No primeiro concurso realizado em CruzdasAlmas,em2008,houveumcolapsonaagênciadoscorreiosdacidade.Forammaisde500inscrições,pelocorreio, currículos de mestres e doutores em quatroou cinco cópias enviados por sedex, do Brasil todo.Tambémseesgotaramtotalmenteasvagasdehospe-dagemnacidade.Eraprecisoabrigaroscandidatos,os professores das bancas examinadoras, parentes eacompanhantes. As hospedarias de Cruz das Almasnãoderamcontadetantagente.”

ProfessorGeraldoCosta

Prof. Geraldo Costa, Prof. Silvio Soglia, Prof. Paulo Gabriel Nacif

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Encontrar locais para início das aulas dos novos cursos foi outra grande tarefa, que só foi possível graças às importantes parcerias com o estado e prefeituras.

Quando eu cheguei por aqui... A UFRB iniciou suas atividades em 2005, sob a tutoria da UFBA du-rante seu primeiro ano, assegurando a transição administrativa e acadêmica necessária para uma universidade que foi criada em pleno funcionamento. Em 2006, a UFBA foi parceira na coordenação do primeiro concurso de professores para a UFRB e também no primeiro vestibular para a nova universidade. Aos quatro cursos existentes na antiga Escola de Agronomia, somaram-se mais nove cursos nos campi de Santo Antônio de Jesus, Amargo-sa e Cachoeira. Era necessário assegurar as condições de funcionamento para os novos cursos, incluindo instalações, espaço físico, professores, materiais e estrutura administrativa. Exigiu-se, para isso, um trabalho intenso em todos os sentidos, dado o tamanho da tarefa e um prazo muito curto. Encontrar locais para início das aulas dos novos cursos foi outra gran-de tarefa, que só foi possível graças às importantes parcerias com o estado e prefeituras. Em Cachoeira, Santo Antônio de Jesus e Amargosa, os cursos começaram em salas de escolas municipais e estaduais, enquanto ainda se ini-ciava a construção e reforma de prédios para instalações definitivas. O esforço valeu a pena para a consolidação do projeto UFRB, ao passo que demonstrou, mais uma vez, o compromisso da região com a nova universidade. No dia 3 de Julho de 2006, o professor Paulo Gabriel assume a reitoria pro-tempore da universidade, sendo o professor Silvio Soglia, vice-reitor.

O esforço valeu a pena para a consolidação do projeto

Vista aérea de Cruz das Almas. A chegada da UFRB impulsiona o mercado imobiliário e as cidades do Recõncavo crescem. Foto do Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

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“Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, “...hoje,nosseus60anos,aUFBArecebeacomu-nidadebaianaparaapossedoReitordasegundaUniver-sidadeFederaldaBahia,anossaUFRB.Sersujeitodessahistóriaéumimensoorgulhoefaço,associadoaoProfes-sor Silvio Soglia e em nome da comunidade acadêmicaquenasce,umsolenejuramentodequebuscaremoshonrarestatradição.” “...hojecomeçamoscorrigirumgravedesrespeitodafederaçãobrasileiraparacomaBahia.ÉinadimissívelqueduranteoséculoXX,numaevidentequebradopactofederativo,aBahiatenhasidotratadacomoumEstadodesegundacategorianoquedizrespeitoainvestimentosfederaisnoensinosuperior.” “No passado, as tribos indígenas buscaram re-sistirheroicamenteàinvasãodesuasterras.Nopassado,osdiferentespovos lutarampelodireitoao exercíciodasuafé;osnegroslutarampelaliberdade;oRecôncavofoipioneironalutapelaindependênciadaBahiaedoBrasil;FomospioneirosnaAméricaLatinapelacriaçãodeumainstituiçãosuperiordeensinodeciênciasagrárias;fomospioneirosnaproduçãodePetróleo ena lutapelanacio-nalizaçãodestariqueza;lutamoscontraoautoritarismo.Entãopeloquepoderiam lutaroshomensemulheresdehoje? “Comsuasdiferentesvisõesdemundo,eleslutampormuitascoisas,masresolveramhonraranossatradi-çãodemaneiramuito especial e seuniramem tornodaconstruçãodeumaUniversidade.” Nãopodemosesquecer:Oensino,apesquisaeaextensãosãoimportantesporquepormeiodelesauniver-

sidadeajudaaelevaraexistênciadosernomundo.Masdevemosestaratentos:nós,professores,servidores,estu-dantes, cientistas, técnicos, cidadãos, somososprodutosverdadeiramentepreciososquesãooferecidosàsociedadeenós,comavontadedepotência,nossaforçahumana,so-moscapazesdeenriquecê-laemelhorá-la.Esseéonossopapel,gerarpessoas,nosgerar,nosconstruirpermanente-menteenosoferecercadavezmelhoresàsociedadeemqueestamosinseridosequenosmantêm. “Os nossos desafios são imensos,mas enfrenta-remoscomhonra,dignidadeeorgulho.EsperamosqueaUFRBsetorneumamusalibérrimaeaudaz,inspiradoraparamuitosprofessores,estudantes,servidores,homensemulheresquequeiramsersujeitosdahistória,quedeveserpercebidatambémcomoumconstanteviraser.E,assim,possamos,inspiradosporessamusa,ressaltaraexistên-ciadaspessoasedascoisasquenãotêmvoz.Esperemosofalardanossamusa,comopediuCastroAlvesàEugêniaCâmara:

“Seaestrelasecala,SeavagaàpressaresvalaComoumcúmplicefugaz,Peranteanoiteconfusa...Dize-otu,severamusa,

Musa,libérrima,audaz!””

TrechosdodiscursodepossedoProfessorPauloGabrielcomoReitorpro-temporedaUFRB

3deMarçode2006

Page 64: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

“Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz,

década de 40. A implantação em Cruz das Almas da Escola de Agronomia

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O crescente número de alunos exigiu a cons-trução de novos espaços que abrigassem não só salas de aula, mas toda a estrutura de fun-

cionamento. REUNI

O REUNI é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Fede-rais, criado pelo Decreto nº 6.096, de 24 de Abril de 2007. Trata-se de uma ampla ação do governo fede-ral, que visa disponibilizar recursos para que as ins-tituições possam melhorar a qualidade dos cursos de graduação, a infra-estrutura física e os recursos hu-manos. Assim, as universidades que aderiram ao pro-grama estão comprometidas em aumentar o número de vagas, ampliar ou abrir cursos noturnos, reduzir o custo por aluno, flexibilizar os currículos e combater a evasão escolar.

(fonte: http://pde.mec.gov.br)

A recuperação do patrimônio herdado da UFBA foi uma das ações do plano de expansão e reestruturação da UFRB.

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Desde a sua implantação a UFRB viveu um período de intenso crescimento. Com cursos herda-dos da antiga Escola de Agronomia, a universidade, em 2010, já contava com 35 cursos. O crescente número de alunos exigiu a cons-trução de novos espaços que abrigassem não só salas de aula, mas toda a estrutura de funcionamento. Em Cachoeira, esse espaço foi criado a partir da refor-ma do prédio conhecido como quarteirão Leite Al-ves, onde originalmente funcionou uma fábrica de charutos com o mesmo nome. O prédio histórico, patrimônio arquitetônico da cidade, foi restaurado através do Programa Monumenta, do governo fe-deral, através do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Os Campi de Cruz das Almas, Amargosa e Santo Antônio de Jesus ga-nharam pavilhões de aulas inteiramente novos, além de residências universitárias e prédios administrati-vos.

O REUNI na UFRB

A adesão ao REUNI – o plano de reestrutu-ração das universidades federais (veja quadro) - em 2007, trouxe novas possibilidades para o crescimen-to e consolidação da UFRB. O programa garantiu os recursos necessários para investimentos em estru-tura física, contratação de professores e servidores e criação de novos cursos. Significou ainda a amplia-ção de políticas de acesso e permanência, fortalecen-do o projeto de uma UFRB inclusiva, solidária, um espaço de geração de conhecimento e participante do desenvolvimento da sociedade em que está inse-rida. Mesmo trazendo a tradição de mais de um século desde a Imperial Escola Agrícola, a UFRB é uma universidade nova, e, pode-se dizer, em proces-so de nascimento. Esses cinco anos de implantação significam a consolidação inicial de um projeto, os primeiros passos de uma caminhada. O que foi cons-truído e conquistado até aqui já faz da UFRB uma realidade e demonstra a força das possibilidades para o futuro.

Só quero saber do que pode dar certo...

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Amargosa une, é caminho e passagem, entrada e saí-

da, abrigo de muitos povos e manifestações.

Cidade-jardim,encontrodorecôncavocomosertãoetradiçãoeducacional.Atravésdaculturaeeducação,Amargosabuscaumnovodesenvolvimento.

“Vamos às amargosas”, diziam os caçadores que apreciavam as pombas de carne amarga, encontradas naquelas re-dondezas. E assim se criou o nome da cida-de, no século XIX. Encontro do sertão e do recôncavo, a cidade surgiu e cresceu com o ciclo do café e também por ser um importante pon-to na rota entre o semi-árido e o litoral. Por reunir diferentes características naturais, climas e culturas que participaram da sua

formação, Amargosa traz a marca da diver-sidade. Uma multiplicidade que aparece tanto na sua geografia quanto na sua popu-lação, hábitos, expressões e festas popula-res. Amargosa une, é caminho e passa-gem, entrada e saída, abrigo de muitos po-vos e manifestações. É, portanto, diálogo, interação e convivência. Sua história, povo e cultura são orgulhos de sua gente, que olha para o futuro com alegria e confiança.

PELOS CAMINHOS AMARGOSA

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Amargosa une, é caminho e passagem, entrada e saí-

da, abrigo de muitos povos e manifestações.

As praças bem cuidadas são cartões postais de Amargosa

Page 69: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

A universalização do ensino exige uma escola capaz de atender toda a pluralida-de da sociedade. Nesse cenário, a formação de professores, a gestão da escola, polí-ticas públicas, recursos e práticas pedagógicas são questões urgentes.

Cidade jardim O planejamento paisagístico é uma marca de Amar-gosa desde o seu surgimento como centro urbano. Praças bem cuidadas e ruas arborizadas podem ser vistas por toda parte. A tradição de uma cidade ornamentada surgiu com a riqueza do ciclo do café, sob influência de modelos de pla-nejamento que andavam na moda na Inglaterra no início do século XX. Mas também revela uma forte ligação com a na-tureza, proporcionando à cidade um ambiente acolhedor e harmonioso.

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A universalização do ensino exige uma escola capaz de atender toda a pluralida-de da sociedade. Nesse cenário, a formação de professores, a gestão da escola, polí-ticas públicas, recursos e práticas pedagógicas são questões urgentes.

A UFRB em Amargosa A Diocese de Amargosa, criada em 1941, demonstra a importância econômica e política da cidade no início do século XX. A Diocese estendia-se do Recôncavo até o norte de Minas Gerais, abrangendo, na época, uma população de 800 mil habitantes. A Igreja Católica fundou na cidade o Colégio Sacramentinas, iniciando a forte tradição educacio-nal da cidade. A escola recebia alunas de diversas cidades, desde as mais próximas a Amargosa como mais distantes como Jequié e Vitória da Conquista. Durante seu funcio-namento, entre os anos de 1953 e 1973, o Curso Pedagógico, como era chamado, formou 455 professoras, que atuaram em toda a região. Essa trajetória do ensino inspirou a presença de Amargosa no projeto de criação da UFRB. O Centro de For-mação de Professores atende ao perfil histórico e cultural da cidade, bem como à necessidade de formação superior para os profissionais de educação de Amargosa e região.

Prédio onde funcionou o Colégio Sacramentinas no Sec. XX

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A universalização do ensino exige uma escola capaz de atender toda a pluralidade da so-ciedade. Nesse cenário, a formação de professores, a gestão da escola, políticas públicas,

recursos e práticas pedagógicas são questões urgentes. Coração de Estudante

Formaçãoconsistenteecompromissosocialparaapráticaeducativa.OpensamentodoCFP.

“Aalegrianãochegaapenasnoencontrodoachado,masfazpartedoprocessodabusca.Eensinareaprendernãopodedar-seforadaprocura,foradabonitezaedaalegria.”PauloFreire

Educar é ação política. É tentar possibilitar a inser-ção de todos na sociedade da informação e do conhecimen-to. Caminho para emancipar o ser humano em um mundo onde o saber é também poder. São muitos os desafios a serem enfrentados por quem se propõe a atuar em educação. A universalização do ensino exige uma escola capaz de atender toda a pluralida-de da sociedade. Nesse cenário, a formação de professores, a gestão da escola, políticas públicas, recursos e práticas pedagógicas são questões urgentes. Da alfabetização à edu-cação de adultos, há muito a fazer. Aos educadores e educadoras é exigido muito mais que o conhecimento de suas áreas e disciplinas. Espera-se

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A universalização do ensino exige uma escola capaz de atender toda a pluralidade da so-ciedade. Nesse cenário, a formação de professores, a gestão da escola, políticas públicas,

recursos e práticas pedagógicas são questões urgentes.

“Serprofessoréumdesafioemtodososaspectos.Oprincipaléconscienti-zarosjovenssobreaimportânciadoconhecimento. OCFPjácomeçouamudararealidadedaeducaçãoemnossaregião.Alémdaformaçãodosprofessores,temosumtrabalhodiretocomalunosdetodososní-veisdeensino,promovendoamelhoriadaeducaçãoparaaregiãointeira”.

DaviBarreto,AlunodoCFP

“Ainclusãoeaformaçãodeprofessoressãoosgrandesdesafiosdaeduca-ção,hojeemdia.Issoexigeaatuaçãodauniversidadebemcomoaarticulaçãocomaspolíticaspúblicas.Omaiorobjetivodeveserumensinodequalidade,quetraba-lhacomaperspectivadecadaaluno,dasuarealidadeesuasnecessidades.”

JosilândiaBarreto,AlunadoCFP

“Éagarantiaparabuscarumfuturomelhor,umaexpectativadedesenvol-vimentocomopessoa,bemcomoabuscadeumaprofissão.Aspessoasprecisavammigrarparaterumauniversidade.Aexpectativamudaparaosjovenseopessoaljátemessavisão.Temosavontadedeentrarnauniversidade,ingressarnomundoacadêmicoeevoluir.”

TiagoOliveira,Alunodoensinomédio

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Aos educadores e educadoras é exigido muito mais que o conhecimento de suas áreas e disciplinas. Espera-se também a compreensão dos caminhos pelos quais se apren-de, para uma prática pedagógica que considere o aluno em sua historicidade e promova aprendizado de forma dialógi-ca. Mais ainda: a consciência do seu papel social, conside-rando a educação um processo de inserção que deve trazer em si mais que a reprodução de estruturas e valores, mas o questionamento e a mudança. A UFRB, através do Centro de Formação de Pro-fessores, pretende oferecer sua contribuição na história da educação no recôncavo. Instalado em Amargosa, lugar que tem o traço da diversidade, interagindo com nossa cultu-ra, caminhamos para a construção de uma nova realidade educacional, que traga o sonho de garantir a cada cidadão o direito à participação e à cidadania de forma plena, crítica e transformadora.

A UFRB, através do Centro de Formação de Professores, pretende oferecer sua contribuição na história da educação no recôncavo.

Jabes Francisco Andrade Silva Susana Pimentel

Page 74: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

“NoCFPbuscamosaformaçãodoprofessorempar-ceria com a escola básica. Nosso aluno está aprendendo emcontatocomo“chãodaescola”desdeoprimeiromomentodocurso,vivenciandooespaçoescolareconhecendodepertoare-alidadedaeducação.Procuramos implementarumcurrículoondeteoriaepráticacaminhamjuntas,paraformarumprofes-sorcomprometidocomaeducaçãopúblicaecomaresoluçãodosproblemasexistentesnaeducaçãolocal.OCFPtemcarac-terísticasdeumCentromultidisciplinar,porémobjetivamosaformaçãointerdisciplinardoestudantequeaquiingressa,pro-piciandoaeleaconvivênciaeodiálogocomdiferentesáreasdoconhecimentonummesmoespaço.Outroaspectoimportanteéo compromissocomacultura local.Pretendemos formarumprofessorconectadocomomundoglobalizadoevinculadoaoseuespaçoterritorial.”

SusanaPimentel,ProfessoradoCFP

“OBrasiléumapotênciaeconômicacomumprojetodeeducaçãomuitofrágil.Asclassespopulareschegaramàes-cola,aescolaseabriu,sedemocratizou,masnuncasepreparoupara esse público. Quanto mais a escola for democratizadamaisasuatarefapolíticaficacomplexa. Nossopapeldeuniversidadeéfundamental,nãoape-nasemformarprofessores,mascolaborarparaodesenvolvi-mentodepolíticaspúblicas.Temosquepensarnaformaçãodeumprofessorparaosvaloresdavidapública,quepossa tra-balharemproldeumarealidademenosdesigual.Nossoalunovaienfrentarasdiversassituaçõesdeensino,estaránassecre-tariasde educação, publicarão livros.Pensamos emumpro-fissionalcomprometidocomasociedade,comclarezacrítica,comvisãopolítica, quepossaatuarnessemundodemaneiracriativa,desafiadoraecorajosa.”

AlessandraGomes,ProfessoradoCFP

“Oeducador,dequalquerdisciplina,deveterumlequeaberto, ampliar seus horizontes, pensar no conhecimento demundo,nosercidadão.Muitomaisqueconteúdos,oprofessoréumexemploparaoseualuno.”

JabesFranciscoAndradeSilva,ProfessordoCFP

A UFRB, através do Centro de Formação de Professores, pretende oferecer sua contribuição na história da educação no recôncavo.

Alessandra Gomes

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Eu e você, Você e eu.

Umnovociclonaeconomiadacidade,eosignificadodanovauniversidadenaculturaenaeducação.OsimpactosdaUFRBemAmargosa.

“AUFRB é um marco importante dahistória de Amargosa. Mais importante que aquestãoeconômicaéaprópriainserçãodauni-versidade na sociedade. Desde 1962 Amargosatinha um projeto de um centro de formação deprofessoresdenívelsuperioreissoseconcretizacomaUFRB,umauniversidadequenasceucomessapropostademudança,deresgatarumdébitohistóricoqueasociedadetemcomoRecôncavo. AUFRB é um exemplo para o Brasil,porqueacomunidaderegionaldiscutiu,clamouporissoefoiàluta.Eumeorgulhomuitodeterparticipadodoprocessoetodavezqueeufalo,meemociono.”

ValmirSampaio,PrefeitodeAmargosa

“Auniversidadetrouxecrescimentoemvários aspectos, desde econômicos até sociais eculturais.Eudestacoessaalavancadacultural,eaUFRBdesmistifica,mostraqueauniversidadenãoésódequemestáestudando,masdetodaasociedade.Auniversidadeajudaapromoveredi-fundirnãoapenasossaberes,masosfazerescul-turais.AUFRBvemsomarmuitoparaAmargo-sa.”

IvanCouto,Artistaplástico

“AchegadadaUFRBtrouxeumamu-dança substancial na economia de Amargosa,que retomou seu crescimento nos últimos anos.Alémdissoauniversidadeseinserenanossatra-diçãonaeducação,queéumdosnossosvaloresmais importantes, eaUFRBtraznovamenteodesenvolvimento educacional e cultural para anossacidade.”

MiguelSilva,Professorehistoriador

“AUFRB é frutode uma luta, é umaconquista do povo do recôncavo. Todo mundofaladanossacultura,dosaber,dadança,dahis-tória,maséumpovoexcluídodetudo.AUFRBéumnovo2deJulho,dessavezparainserir,incluirumapopulação,entendendoasdiferençasetra-balhandoparaqueessasdiferençassesomem.AUFRBjánascecomessagrandeza,comoomaiorsímbolodauniãodorecôncavo”.

RaulLomanto,Engenheiroagrônomo

Um novo ciclo na economia da cidade, e o significado da nova universidade na cultura e na educação. Os impactos da UFRB em Amargosa.

Raul Lomanto. Foto do arquivo pessoal

Valmir Sampaio

Ivan Couto

Miguel Silva

Page 76: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Eu e você, Você e eu.

Umnovociclonaeconomiadacidade,eosignificadodanovauniversidadenaculturaenaeducação.OsimpactosdaUFRBemAmargosa.

“AUFRB é um marco importante dahistória de Amargosa. Mais importante que aquestãoeconômicaéaprópriainserçãodauni-versidade na sociedade. Desde 1962 Amargosatinha um projeto de um centro de formação deprofessoresdenívelsuperioreissoseconcretizacomaUFRB,umauniversidadequenasceucomessapropostademudança,deresgatarumdébitohistóricoqueasociedadetemcomoRecôncavo. AUFRB é um exemplo para o Brasil,porqueacomunidaderegionaldiscutiu,clamouporissoefoiàluta.Eumeorgulhomuitodeterparticipadodoprocessoetodavezqueeufalo,meemociono.”

ValmirSampaio,PrefeitodeAmargosa

“Auniversidadetrouxecrescimentoemvários aspectos, desde econômicos até sociais eculturais.Eudestacoessaalavancadacultural,eaUFRBdesmistifica,mostraqueauniversidadenãoésódequemestáestudando,masdetodaasociedade.Auniversidadeajudaapromoveredi-fundirnãoapenasossaberes,masosfazerescul-turais.AUFRBvemsomarmuitoparaAmargo-sa.”

IvanCouto,Artistaplástico

“AchegadadaUFRBtrouxeumamu-dança substancial na economia de Amargosa,que retomou seu crescimento nos últimos anos.Alémdissoauniversidadeseinserenanossatra-diçãonaeducação,queéumdosnossosvaloresmais importantes, eaUFRBtraznovamenteodesenvolvimento educacional e cultural para anossacidade.”

MiguelSilva,Professorehistoriador

“AUFRB é frutode uma luta, é umaconquista do povo do recôncavo. Todo mundofaladanossacultura,dosaber,dadança,dahis-tória,maséumpovoexcluídodetudo.AUFRBéumnovo2deJulho,dessavezparainserir,incluirumapopulação,entendendoasdiferençasetra-balhandoparaqueessasdiferençassesomem.AUFRBjánascecomessagrandeza,comoomaiorsímbolodauniãodorecôncavo”.

RaulLomanto,Engenheiroagrônomo

Um novo ciclo na economia da cidade, e o significado da nova universidade na cultura e na educação. Os impactos da UFRB em Amargosa.

Raul Lomanto. Foto do arquivo pessoal

Valmir Sampaio

Ivan Couto

Miguel Silva

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É assim que este lugar se exibe

aos que passam. Sua beleza, seu

povo, seu passa-do construíram

esse cenário. O verde das montanhas, as fachadas coloridas das casas e sobrados projetam-se nas águas do rio Paraguaçu tal qual uma pin-tura. E realmente, a paisagem e sua projeção nas águas formam um conjunto que impres-siona os olhos. Pelas ruas de pedra vemos as cores, enfeites nas fachadas, portas e janelas. Os séculos foram pousando nas paredes, nos telhados, varandas e alpendres. Imagem que nos reporta a outras épocas, mas não é má-quina do tempo, nem imagem de filme. É uma cidade. Duas aliás. Estamos em São Félix e Ca-choeira. Arquitetura feita de história e que nos

conta histórias. Pelas esquinas, pelas calçadas, pelas ruas estreitas caminharam vidas, rique-zas, escravidão, resistência, encantos e de-sencantos, fé e festa. Tudo junto. Tudo muito intenso e vivo. Passado, presente e futuro mis-turando-se não necessariamente nessa mesma ordem. É assim que este lugar se exibe aos que passam. Sua beleza, seu povo, seu passado construíram esse cenário. É bonito de se ver, conhecer, andar, provar. Estar em Cachoeira e São Félix é sentir mais intensamente o Recôn-cavo, como se fez e o caminho percorrido até aqui.

PELOS CAMINHOSCACHOEIRA E SÃO

FÉLIX

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Foto: Igor Fraga

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Importante centro urbano e econômico desde a colonização, Cachoeira e São Félix se tornaram exemplos da confluência de culturas que formam o recôncavo.

A modernidade e a tradição nas ruas de Cachoeira Produção de charutos em São Félix

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Cachoeira e São Félix estão entre as primeiras cidades do Recôn-cavo, surgidas no início da coloniza-ção do Brasil. Em 1534 os portugue-ses chegaram a essas terras, então ocupadas pelos índios tupinambás, para dar início às plantações de cana-de-açúcar. As duas cidades são pro-tagonistas de momentos marcantes da história. Em 1822, a Câmara de Vereadores de Cachoeira proclamou D. Pedro I “Príncipe Regente do Bra-sil”. Uma atitude de rebeldia ao co-lonialismo português. Nesse mesmo momento, iniciou-se a resistência aos portugueses, quando batalhões de diversos municípios vizinhos, or-ganizados pelas câmaras municipais e pelos senhores de engenho, se con-centraram e tomaram um navio de

guerra português ancorado no rio Pa-raguaçu. Este é considerado um mar-co das lutas que consagraram a inde-pendência da Bahia em 2 de Julho de 1823. Em reconhecimento, o governo do estado é sediado em Cachoeira to-dos os anos no dia 25 de Junho, data do início do movimento. Importante centro urbano e econômico desde a colonização, Cachoeira e São Félix se tornaram exemplos da confluência de cultu-ras que formam o Recôncavo. Assim, apresentam um grande mosaico das manifestações criadas e desenvolvi-das na região. Religiosidade, música, culinária, arquitetura. Uma mistura que traz a história, beleza e resistên-cia dos vários povos que geram a alma desse lugar.

Importante centro urbano e econômico desde a colonização, Cachoeira e São Félix se tornaram exemplos da confluência de culturas que formam o recôncavo.

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Irmandade da Boa Morte – As Irmandades eram grupos de leigos católicos muito comuns até o século XIX. Em locais de forte influência afro-descendente, a manifesta-ção incorpora elementos sincréticos aos seus rituais. Essas organizações perderam força durante o século XX, mas a Irmandade da Boa Morte, exclusivamente feminina, resiste ao tempo, mantendo suas tradições. A festa da Irmandade acontece no mês de Agosto, atraindo uma multidão de fiéis e turistas para a cidade.

O patrimônio arquitetônico A cidade de Cachoeira foi tombada pelo IPHAN em 1971. A cidade tem o segundo maior conjunto arquitetôni-co histórico do Brasil, depois de Ouro Preto-MG. São Félix tem seu processo de tombamento em curso. Casas, prédios, Igrejas, a ponte Dom Pedro II, formam uma paisagem arre-batadora e um valioso patrimônio da Bahia e do Brasil.

A cidade de Cachoeira foi tombada pelo IPHAN em 1971. A cidade tem o segundo maior conjunto arquitetônico histórico do Brasil

Mulhheres da Boa Morte preparam se pra procissão. Foto: Jomar Lima

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A cidade de Cachoeira foi tombada pelo IPHAN em 1971. A cidade tem o segundo maior conjunto arquitetônico histórico do Brasil

Conjunto Museo do Convento do Carmo

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Não é por acaso que Cacho-eira e São Félix abrigam o Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB. A trajetória histórica e a diversidade do seu povo e das suas manifestações fazem das duas cida-des um local claramente harmoni-zado com nossas áreas de ensino. O mundo contemporâneo traz desafios inéditos para os estu-

dos das artes e das humanidades. A maneira como nossa organização so-cial avança traz uma complexidade nova. A globalização, comprimindo tempo e espaço, impõe a tudo uma escala e velocidade vertiginosas. Compreender as relações sociais e as expressões humanas nesse con-texto requer novos olhares, novas sensibilidades.

O CAHL – Centro de Artes, Humanidades e Letras, está locali-zado em Cachoeira, no quarteirão Leite Alves. O prédio, que no século XIX era a Fábrica de Charutos Leite & Alves, foi restaurado através do programa Monumenta, do Ministé-rio da Cultura e IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Conta com salas de aula,

laboratórios, salas de vídeo, auditó-rio, biblioteca e praça de convivên-cia. Em São Félix, foram doados prédios para abrigar anexos (pa-vilhão de laboratórios) do CAHL-UFRB. A cidade também é sede da residência estudantil da universi-dade.

CAHL, Pensamento e palavra

A UFRB em São Félix e Cachoeira

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O recôncavo é um museu ao ar livre. Temos essa imensa diversidade de patrimônio e a universi-

dade busca entender a região nesse contexto. “O recôncavo é ummuseuao ar livre.Temosessaimensadiversidadedepatrimônioeauniversidadebuscaentenderaregiãonessecontexto.Preservaropa-trimônioépreservaroserhumano.Éoserhumanoquefazopatrimônio.Oaprendizadoésobreohomem,quemé,eoquefaz.Oqueficaéasuaexperiência,orgulho,vi-vência,suahistóriadevida.

PatríciaVerônica,ProfessoradoCAHL

“Arte e comunicação tem um imbricamentomuitograndeeambíguo.Aartecontemporâneapropõediscutirasociedadedainformação,suasrelações,dita-meseestereótipos.Issotemumimpacto,porqueproble-matizaedesestrutura. Omaiorparadigmadacontemporaneidadeéainclusão.Comoincluirosexcluídos.Umauniversidadepode trazer essademocratização, quandopermite quepessoas das camadas populares, das comunidades ca-rentesentremnoensinosuperior.Essaproduçãoacadê-micaeartísticavaitrazeressasdiferenças,essasexperi-ênciaseumaproblematizaçãosocialporessessujeitos.Umavançoquevaiproporparaqueasociedademude.”

JúlioSanches,AlunodoCAHL

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Responder a esse admirável mundo novo é a pista para a construção do conheci-mento e formação das pessoas em nosso centro. O profissional ou estudioso que temos como horizonte deve estar pronto para a diversidade e para o múltiplo. A realidade nos impõe a ci-ência e a arte como instrumentos de ação. Ação numa sociedade que não espera, mas se organi-za e pressiona. Arte e expressão da pluralidade sob o risco permanente da hegemonia e da uni-formização trazido pela cultura de massa. O CAHL-UFRB busca estar pronto para esta tarefa. Sabemos que, para isso, deve-mos estar atentos e flexíveis ao que se transfor-ma permanentemente. A exuberância artística e humana dessas duas cidades nos oferece uma força e ambiente singulares para que a UFRB, através do CAHL, seja uma universidade in-tegrada à sociedade. Assim, poderá interagir e preparar os mediadores para o desenvolvimen-to, a cidadania, a igualdade e a manifestação plural e subjetiva do ser humano na sua vida em comunidade.

Responder a esse admirável mundo novo é a pista para a construção do conhecimento e formação das pessoas em nosso centro.

Vista Interna do Centro de Artes, Humanidades e Letras.

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“Vivemosumacrisenospadrõesde sociabili-dade.Asciênciassociaisaplicadastemimportânciafun-damentalparaodesenvolvimentodepolíticaspúblicascapazesdereverteressequadrodeaprofundamentodasdesigualdadesedasdiferentesformasdedominação. Essa efervescência cultural e política que orecôncavonosapresenta,propicianovasdescobertasearticulações com a comunidade. Buscamos fazer umapesquisaquesejamaisqueumadescrição,equetenhaum caráter de proposição, no sentido de melhorar ascondiçõesdevidanorecôncavo.”

ValériaMiranda,ProfessoradoCAHL

‘Inseridoemumconjuntoarquitetônicoúnicoque trazvisitantesdomundo inteiro,oCentrodeAr-tes, Humanidades e Letras daUFRB tem a ambiçãodemergulhar nas raízesmúltiplas deste berço da na-çãobrasileiraqueéoRecôncavodaBahia;participarativamente,atravésde ensino,pesquisa e extensão,daemancipaçãodecomunidadeshistoricamentediscrimi-nadas,promovendomudançassócio-econômicaseofe-recendo oportunidades novas, com base na excelênciaacadêmica, para os jovens desta terra; desenvolver asmaisdiversas formasdearteemumaregiãocujapro-dução artística e cultural conta entre asmais signifi-cativasdopaíse,enfim,abrir-separaomundo,atravésde convênios comuniversidadesdos cincocontinentes,aproveitandoopotencialdeatraçãoacadêmicoecien-tíficoqueoRecôncavodaBahiaexercecadavezmais.ComaforçaeoaxédopovodeterminadoelutadordoRecôncavo, tenho certeza que conseguiremosalcançaressesambiciososobjetivos!’

XavierVatin,ProfessordoCAHL

“Odesafiodahistória,hoje,édarespaçoevozaos grupos que ao longo do processo histórico foramcolocadoscomosubalternos.Mudandooespaçoqueaspessoaspodemocuparnasociedade,aUFRBpodecon-tribuirdeformasignificativacomamudançaeconômi-caesocialdorecôncavo.”

LucasCafé,AlunodoCAHL

Xavier Vatan

Lucas Café

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A universidade trouxe um diálogo para o recôncavo. Essa reflexão para que o recôncavo seja um consórcio, que cada espaço tenha o seu sabor, seu poder e sua vocação.

Os impactos da UFRB em Cachoeira e São Félix. Muito mais que contribuir para a economia local, a universidade mudou costumes e trouxe novas possibilidades para a educação dos jovens e maneiras de se com-preender a própria realidade do povo e do lugar.

“Nesse momento, a maior contribuição da univer-sidadeénoscostumes.Orecôncavoélindo,mastemseuladocareta,queéaexpressãosenhorial.Apresençadosjovensquevêmpracá,mexecomosolhares,poiselestrazemoquehádemaiscontemporâneo,queéaconstruçãodoconhecimento. Osmeninosemeninasestãonasnossasruas,sediver-tindo,earuaéolugardaliberdade.Issofortaleceodiscursodaresistência,paraquenossasrelaçõessociaisseequilibremmais,poisasfamíliasdaquiqueremqueseusfilhosentremnauniversidade também, um espaço da elite sendo vivenciado,sendoquestionadodeoutramaneira. Sóumgrupomuitograndedeestudantespodetrazeressacontribuição,essaprovocação,elevandooníveldediscus-sãosobrearegião,comconhecimentocientíficoesistematiza-do.”

PedroArcanjoDiretordoCentroCulturalDannemann

Eu e Você, Você e eu.

“Oimpactomaisdiretoénaeconomiadacidade,nocomércio,nosetorimobiliário.Masomaisimportanteéqueauniversidadecriouumasituaçãofavorávelaodesenvolvimen-tocultural,percebendoaculturaaoladodaeducação.EuvejopessoasdaperiferiadacidadeestudandonaUFRB,possibili-tandoainserçãodessesjovensparaparticiparecontribuircomumacidadeviva.Issoésinônimodedesenvolvimento. Auniversidadetrouxeumdiálogoparaorecôncavo.Essareflexãoparaqueorecôncavosejaumconsórcio,quecadaespaçotenhaoseusabor,seupoderesuavocação.AUFRBtemprovocado isso,dentrodo limitedeuma jovemdecincoanosqueagoracomeçaafalar.”

JoãoMoraes,Poeta

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A universidade trouxe um diálogo para o recôncavo. Essa reflexão para que o recôncavo seja um consórcio, que cada espaço tenha o seu sabor, seu poder e sua vocação.

‘“Cachoeirapassaporumnovomomentocomachegadadauni-versidade.Precisamosnosmoldaraissoeauniversidadetambémprecisasemoldaràvidadacidade.Auniversidadetemmuitoacontribuirparaanossavidasocial.AUFRBéumaconquistaparatodoorecôncavo.Temosamarcadasnossaslutas,iniciamosaquiaguerrapelaindependênciadoBrasileauniversidade,comcerteza,foiumadascoisasmaisimportantesdahistóriadeCachoeira.Queremosumauniversidadeparceiraepresentenavidadoscachoeiranos”.

FernandoPereira(Tato)PrefeitodeCachoeira

“Auniversidadetrouxealunos,professores,umamovimentaçãoeumadinâmicanovasparaacidade.ApresençadaUFRBtransformouaeducaçãoemnossomunicípio.Estamostrabalhandoparaqueosnossosjo-venspossamentrarnauniversidadepreparados,emcondiçõesplenasparaessatrajetória.AUFRBédetodoorecôncavo,enósqueremosqueanossajuventudesebeneficiecomaoportunidadedoensinosuperior.”

AlexAleluia,PrefeitodeSãoFélix

Pedro Arcanjo Alex AleluiaFernando Pereira

O prédio do CAHL foi recuperado pelo programa Monumenta IPHAN

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Damário Dacruz, nascido em Salvador, escolheu Cachoeira para viver e também reali-zar seu sonho: um local dedicado à arte e poe-sia, ao qual chamou Pouso da Palavra. Damário participou ativamente do pro-cesso de implantação da UFRB, sendo um atu-ante representante da comunidade na mobili-zação em prol da nova universidade. Seu apoio foi do cidadão e artista que colocou sua obra a favor da valorização da cultura do Recôncavo. Jornalista, fotógrafo e poeta, fez arte combinando palavra e imagem, sempre expres-sando sua terra, gente, tempo e sentimentos. Precocemente, aos 56 anos, Damário partiu em 2010, deixando-nos, em suas criações, o olhar único e uma sensibilidade sempre reveladora. Obrigado, poeta!

Foto: arquivo pessoal

O poeta das imagens

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Todorisco Damário Dacruz

ApossibilidadedearriscarÉquenosfazhomens

Vôoperfeitonoespaçoquecriamos

Ninguémdecidesobreospassosqueevitamos

Certezadequenãosomospássaros

equevoamosTristeza

dequenãovamospormedodoscaminhos

Foto: Edmar Santos

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Era uma cruz de madeira no ponto mais alto do planalto, fincada pelos tropei-ros, que vinham do sertão com destino a São Félix e Cachoeira, e ali paravam

para descansar e rezar pelas almas.

Era uma cruz de madeira no ponto mais alto do planalto, fincada pelos tro-peiros, que vinham do sertão com destino a São Félix e Cachoeira, e ali paravam para descansar e rezar pelas almas. Daquele cruzeiro cresceu o povo-ado, que virou cidade em 1897. Cruz das Almas, a 140 km de Salvador, é a cidade-sede da reitoria da UFRB. Sua economia é baseada principalmente na cultura do

fumo, laranja e mandioca. A cidade vive um momento de intenso desenvolvimento, ampliando sua rede de comércio e serviços e atraindo novos investimentos. Como em todo o Recôncavo, Cruz das Almas apresenta grande diversidade em manifestações populares, sendo nacio-nalmente conhecida pelo seu animado São João, uma tradição local.

PELOS CAMINHOSCRUZ DAS ALMAS

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Era uma cruz de madeira no ponto mais alto do planalto, fincada pelos tropei-ros, que vinham do sertão com destino a São Félix e Cachoeira, e ali paravam

para descansar e rezar pelas almas.

A manufatura artesanal das espadas, fogos de artifícios tradicionalmente usados no São João.

O são João de Cruz das Almas é atração turística.

Vista aérea de Cruz das almas, cidade que abriga a sede da UFRB.

Foto do Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

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Com a chegada da Escola Agronômica da Bahia, na década de 40, Cruz das Almas tornou-se um pólo da edu-cação superior agrícola. Gerações sucessivas de profissio-nais da agropecuária foram formadas aqui, levando conhe-cimento técnico-científico fundamental para o trabalho e desenvolvimento da produção no estado da Bahia e em todo o Brasil. Em 1946, foi instalado em Cruz das Almas o Insti-tuto Agronômico do Leste, integrado em 1973 à Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Essas ins-tituições fortaleceram o papel da cidade na pesquisa e de-senvolvimento de tecnologias para o sistema produtivo do setor agrícola e do agronegócio.

A tradição do ensino agronômico

Cruz das Almas tornou-se um pólo da educação superior agrícola. Gerações sucessivas de profissionais da agrope-cuária foram formadas aqui,

A Embrapa de Cruz das Almas é referência em pesquisas com mandioca e fruticultura, principalmente cítricos.

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Cruz das Almas tornou-se um pólo da educação superior agrícola. Gerações sucessivas de profissionais da agrope-cuária foram formadas aqui,

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O ensino, a aprendizagem e a pesquisa de ciências exatas, tecnológicas, agrá-rias, ambientais e biológicas passam por esses questionamentos.

Depois de tanto tempo, os desafios apenas aumentaram. Estamos diante da missão de reconstruir nossos laços com o ambiente em que

vivemos.

Pavilhão de Aulas 1 do Campus de Cruz das Almas Foto do Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

A UFRB em Cruz das Almas

Além de sede da Reitoria, Cruz das Al-mas abriga dois centros de ensino da UFRB, o CCAAB, Centro de Ciências Agrárias, Ambien-tais e Biológicas e o CETEC, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas. O campus de Cruz das Almas está ins-talado numa área de 1600 hectares. Esse espaço abriga pavilhões de aulas, prédios administra-tivos, biblioteca, laboratórios e campos experi-mentais de plantio e criação de animais. O cam-pus, que deu origem à UFRB a partir da Escola de Agronomia da UFBA, ampliou sua abrangência para contemplar diversas áreas de conhecimento científico, em sintonia com as necessidades da geração de conhecimento e formação profissio-nal exigidas em nosso tempo.

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O ensino, a aprendizagem e a pesquisa de ciências exatas, tecnológicas, agrá-rias, ambientais e biológicas passam por esses questionamentos.

Depois de tanto tempo, os desafios apenas aumentaram. Estamos diante da missão de reconstruir nossos laços com o ambiente em que

vivemos.

“Nãopodemosfazerciênciadamesmamaneiracomosefazianopassado.Mudarnãoéfácil.Estamosnessemomentodeimpacto,derepensar.Temosquepromoverasmudançasdeparadigmas.Pormaisquevalorizemosnossastradições, temos que responder aos desafiosque estão colocados. A universidade precisadarrespostaseasociedadeexigeisso. AUFRBéumdivisordeáguas,por-que trazumaperspectivadepromoveravan-çosparaonossoentorno,nãosópelainserçãodos jovens no ensino superior público e gra-tuito,mastambémporreconhecerosvalores,ostalentoseahistóriadopovodorecôncavo.Temos um papel protagonista no desenvolvi-mentodessaregião”.

AlexandreAlmassy,ProfessordoCCAAB

“O profissional deve se atualizar.A cada momentonovaspesquisassãorealizadas,oprofissionalprecisaseguirastendências,evoluirparaquepossamanteratividadesemcau-sarprejuízosparaomeioambiente”

JaylsonAraújo,Aluno

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Queremos formar profissionais éticos, solidários e que tenham cuidado com meio ambiente,

“A ciência e a tecnologia vivem a era da impre-visibilidade, e os nossos jovens assimilam tudo com uma rapidez muito grande. A velocidade é o grande paradig-ma da ciência e da tecnologia em nosso tempo. Precisa-mos oferecer ao nosso aluno uma base sólida, para que ele possa construir conhecimento e continue sua forma-ção por toda a vida. Nosso desafio é estar na vanguarda, enxergar o que está pela frente, se projetar para atender às demandas futuras.”

Celso BorgesProfessor do CETEC

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Foto do Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

“Seensinares,ensinaaomesmotempoaduvi-dardaquiloqueestásaensinar.”

JoséSaramago

Talvez a maior proeza humana na sua trajetória como espécie seja sua relação com a natureza. Tivemos a descobrir maneiras de re-tirar nosso sustento da terra, das plantas, dos animais. Desvendamos as estações, os ciclos, o jeito como a vida funciona, inventamos o nos-so próprio modo de estar no mundo. E cria-mos a ciência, que investiga, duvida e se refaz dialeticamente em busca da compreensão dos eventos que nos cercam. Depois de tanto tempo, os desafios apenas aumentaram. Estamos diante da mis-são de reconstruir nossos laços com o ambien-te em que vivemos. Desenvolver com susten-tabilidade. Utilizar e preservar. Alimentar e proteger. Uma atitude que já não pode mais prescindir de respeito e ética, pois já não nos vemos como os donos do planeta, mas parte dele, de um todo indivisível. O ensino, a aprendizagem e a pesquisa

de ciências exatas, tecnológicas, agrárias, am-bientais e biológicas passam por esses ques-tionamentos. O CCAAB e o CETEC-UFRB assumem a tarefa de construir conhecimentos e instrumentalizar profissionais e pesquisado-res para essa realidade. É preciso desenvolver novas formas de engenharia para uma socie-dade em que as demandas se multiplicam e as mudanças são rápidas. Somente assim pode-remos ser capazes de atender às necessidades sociais e econômicas de modo consciente e responsável, entendendo que compartilhamos a terra com cada espécie, com todos os rios e florestas, dividindo um patrimônio indispen-sável às nossas vidas e das futuras gerações.

A ciência e as coisas

“Auniversidadedeveformarumprofissionalcomumpapelacumprir,quedêumarespostaàsocie-dade.Umarespostaética,pensandono serhumanoenaqualidadede vidadoplaneta.Nossa contribuiçãoaorecôncavoérelacionarapráticaagrícolaaomeioambiente,àsaúdedaspessoaseàsquestõessociais.”

BeatrizSantos,Aluna

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Eu e você, você e eu. A UFRB por Cruz das Almas

“OúltimoinvestimentodepesonorecôncavobaianofoiaconstruçãodabarragemdePedradeCavalo,nadécadade1970.AUFRBtrouxeumaesperançacompletamentenovaparaopovo,paraosjovens. A cidade vive uma dinâmica de crescimento extra-ordinária.QuemconheceuCruzdasAlmasantesdaUFRBeavisitahoje se surpreende como impacto.EaUniversidadesócomeçou,imagineoqueserádessaregiãodaquiamaisdez,quinze, vinteanos, easoportunidadesqueaUFRBtraránaformaçãodeprofissionaisenageraçãodeconhecimentoedenovastecnologias.Formei-menaantigaEscoladeAgronomia,hojeUFRB,ete-nhoorgulhodeterparticipadocomosujeitodessatransforma-ção.”

OrlandoPeixoto,oOrlandinho,PrefeitodeCruzdasAlmas

Foto do Capitão Cristiano Gouveia, GRAER-BA

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“A universidade é também uma alternativa para aeconomiadacidade.AlugueiumpontonafrentedaUFRB,queestavaemférias.Naprimeirasemanadeaula,comachegadadosalunoseupudeperceberaoportunidade.Aspessoasprocu-ravammuitascoisas,opontoficoupequeno,eeutivequeam-pliaronegócio. Quemsustentameuestabelecimentosãoosestudan-teseéemfunçãodelesqueeupretendocrescer,oferecermaiseatendê-losmelhor. CruzdasAlmasfoiagraciadapelauniversidade.Ficofeliz emveraUFRBoferecendoeducaçãoedesenvolvimentoparaaregião.”

LucianoLordeiro,Comerciante

“AUFRBtrouxeparaCruzdasAlmasnovasinfluên-cias,contatos,gentediferente.Acidadeganhouemcrescimen-to,emmovimento.Auniversidadefazcircularconhecimentos,informaçõeseissomudaamentedaspessoas. Éumoutroambienteculturalquesecria,ecomisso,asmanifestaçõesartísticasdacidadevivemummomentonovo.Aspessoaspassamaveraartedeumjeitodiferenteepodemapreciareconsumirosprodutosculturaisqueacidadeofere-ce. TodosemCruzdasAlmaspercebemeseorgulhamdapresençadaUFRB,pois sabemosquenossos jovens temumaoportunidade para estudar e participar do desenvolvimentodessaregião.”

DinaGarcia,ArtistaPlástica

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No século XVIII, o oratório para Santo Antônio reunia fiéis das proximidades, que aos poucos foram se estabelecendo no local e iniciando um povoamento. Em pouco tempo, o pequeno arraial atraía comerciantes, vendedores e prestadores de serviços, que instalaram as primeiras lojas e armazéns. Do oratório construiu-se uma capela, que depois tornou-se Igreja Matriz. O ar-raial cresceu, virou povoado, vila, e, em 1891, o governo do estado elevou Santo Antônio de Jesus à categoria de cidade. Nas últimas décadas, Santo Antônio de Jesus teve um expressivo crescimento em sua população e em

sua economia, tornando-se um importante centro ur-bano do interior do estado. A rede médico-hospitalar, com diversas clínicas e hospitais, atende grande parte da população dos diversos municípios vizinhos. O co-mércio, variado e dinâmico, é um orgulho da comunida-de. Escolas e universidades completam a rede de servi-ços, tornando a cidade uma referência regional. Localizada na porção sul do Recôncavo, às margens da BR 101, Santo Antônio de Jesus tem a mar-ca de estar voltada para o futuro. A cidade é feita por um povo empreendedor, que aposta no trabalho e na criatividade para conquistar o progresso.

PELOS CAMINHOS SANTO ANTÔNIO DE

JESUS

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Prefeitura de Santo Antônio de Jesus

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Santo Antônio de Jesus sedia o CCS – Centro de Ci-ências da Saúde da UFRB. O campus foi instalado na área de uma antiga escola agrotécnica desativada, e que foi re-cuperada pela prefeitura da cidade para receber a nova uni-versidade. Posteriormente, a UFRB construiu um pavilhão inteiramente novo, com mais salas de aulas, núcleo admi-nistrativo e biblioteca. A presença do CCS harmoniza-se com o perfil de Santo Antônio de Jesus, que se constitui como um impor-tante centro de atendimento médico-hospitalar para toda a região do recôncavo. A cidade dispõe de uma ampla rede de estabelecimentos de saúde, entre clínicas e laboratórios, incluindo o hospital regional, que está preparado para fun-cionar como hospital-escola da UFRB.

A UFRB em Santo Antônio de Jesus

A presença do CCS harmoniza-se com o perfil de Santo Antônio de Jesus, que se constitui como um importante centro de atendimento

médico-hospitalar para toda a região do recôncavo.

A cidade dispõe de uma ampla rede de estabelecimentos de saúde, entre clínicas e laboratórios,

Page 104: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

A presença do CCS harmoniza-se com o perfil de Santo Antônio de Jesus, que se constitui como um importante centro de atendimento

médico-hospitalar para toda a região do recôncavo.

A cidade dispõe de uma ampla rede de estabelecimentos de saúde, entre clínicas e laboratórios,

Centro de cultura

Page 105: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Um novo olhar sobre a saúde para uma formação universitária comprome-tida e cidadã. Assim pulsa o CCS.

Quem decide atuar na área de saúde assume, mais que uma profissão, a possibilidade de lidar com alguns extre-mos da condição humana. Certamente vai se defrontar com a vida em sua força e fragilidade, com momentos de nasci-mento e dor, testemunhando e intervin-do nos limites da mente e do corpo, pois o milagre da vida traz consigo a sua pró-pria luta. A tarefa exige mais que técni-ca e ciência, impondo um compromisso ético e solidário. As demandas da sociedade atual exigem pensar em saúde como algo mui-to mais que doença e cura, estendendo-a como condição de todos os aspectos da teia social. Atuar na perspectiva da pro-moção da saúde significa assegurar con-dições amplas para uma vida saudável. Isso diz respeito desde aos hábitos da

população até as condições estruturais como habitação, água e saneamento; desde renda e trabalho até lazer e cultu-ra. Partindo dessa nova forma de abordagem é que a UFRB, através do seu Centro de Ciências da Saúde orienta-se para a construção de conhecimento da área. Nossa missão, além da formação de profissionais para o setor, passa tam-bém pela contribuição para as políticas públicas em saúde, através da compre-ensão aprofundada sobre nossa reali-dade regional. Assim, pela perspectiva de comprometimento com a sociedade, é que buscamos agir, também no que tange à saúde, para a transformação e desenvolvimento do Recôncavo, tendo a vida e o ser humano como valores cen-trais da nossa ação e reflexão.

“Nosso desafio não é só o de apenas formarexcelentesprofissionais,mastambémcidadãosdefato,impulsionadoresdeumarevolução,paraobem,daso-ciedade que os cercam. Quanto ao aspecto formativoespecífico da área de saúde, se faz necessário quebrara lógicadevisãoapenascurativa,emproldeumaquevislumbreapromoçãodobem-estarfísico,mentaleso-cialdoserhumano.Conseguindoatingirestesobjetivos,certamente a UFRB justificará, perante a sociedadequeporanoslutouporsuaimplantação,arazãodesuaexistência.”

LuizFavero,Professor

Quem somos

Nossa missão, além da formação de profissionais para o setor, passa também pela contribuição para as

políticas públicas em saúde,

Queremos formar um profissional de saúde com uma visão de cuidado com o todo, com a promoção da saú-

de, com o ser humano.

Page 106: UFRB - 5 Anos - Caminhos, Histórias e Memórias

Nossa missão, além da formação de profissionais para o setor, passa também pela contribuição para as

políticas públicas em saúde,

alunos do CCS

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Nossos cursos buscam uma nova visão sobre saúde. Tanto na forma-ção profissional como nas políticas públicas

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“Acreditoquea saúdedeve ser enten-dida considerando seus valores humanistas.Estamossuperandoomodelobiomédico,basea-donadoença,paraummodelobaseadonapro-moçãodasaúdeedodesenvolvimentohumano.AUFRB,porserumauniversidadenova,trazessamarca,essesvaloresquepormuitotempoforammassacradosporumaperspectivatécni-ca, biologicista, que colocoua saúdeaté comomercadoria. AregiãodoRecôncavopassouporumhistórico de exclusão, principalmente em edu-caçãoesaúde.AUFRBtemmuitoaofereceraestaregião, em formaçãodepessoase empro-duçãoeconhecimentosobreanossarealidade,possibilitandosoluçõesedesenvolvimento.”

PedroDantas,AlunodoCCS

“Nossopaísaindaémuito carentenasaúde pública. Precisamos de um olhar maisatento principalmente para a camada menosfavorecida da população.Acredito que a inte-riorizaçãodasuniversidades,comose insereaUFRB,éumavançonessaquestão. O profissional da área, por sua vez,precisa se libertar de preconceitos e estereóti-pos.Nossotrabalhoécuidardepessoas,eparaissotemosquecompreenderadimensãodopa-pelsocialdasaúde.”

FláviaDias,AlunadoCCS

Nosso país ainda é muito carente na saúde pública. Pre-cisamos de um olhar mais atento principalmente para a

camada menos favorecida da população.

Nossos cursos buscam uma nova visão sobre saúde. Tanto na forma-ção profissional como nas políticas públicas

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Eu e você, você e euA UFRB por Santo Antônio de Jesus

Santo Antônio de Jesus é um importante centro regional. Ainda as-sim, os efeitos da chegada da UFRB foram amplamente sentidos na vida e na economia da cidade. O comércio e o mercado imobiliário são os setores imediatamente beneficiados. A universidade é um novo fator de progresso e geração de renda. O efeito mais importante, no entanto, está na educação e cultura da cidade. A UFRB representa uma nova perspectiva para os jovens, que ganham alternativas para sua inserção na sociedade. O ensino superior traz novos parâmetros de desenvolvimento, com educação e conhecimento como parte de um projeto para o presente e o futuro.

“ComaUFRBosestudantestemumincentivomaioreumanovamotivaçãoparaestudar.Terauniversidadenacidadeéumapossibilidaderealparaosjovens.Asescolasmudaram,etentammelhoraremfunçãodauniversidade,poisprecisamosnosprepararparaentrarecursaroensinosuperior.AUFRBfazpartedonossoprojetodevida.”

TalitaSilva,EstudantedoensinomédioemSantoAntôniodeJesus

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“SantoAntônio temumahistória natural naáreadesaúde,poisésededemicrorregião,póloregio-naldesaúdeetemosumhospitalregional.TudoissonoscredenciaparateroCCSemnossacidade. A influência daUFRBpara omunicípio temsidomuitopositiva.Sentimosumamudançadeconcei-tosnacidade,umanovaformaçãodeopinião.Nosúl-timoscinquentaanos,aUFRBfoiofatomaispositivoparaoRecôncavodaBahia.Auniversidadeéumgrandemarco,defineumanovaépocaeagentevaisentirissonofuturo.”

EuvaldoRosa,PrefeitodeSantoAntôniodeJesus

Pavilhão de aulas

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O livro A realização desse livro faz parte das comemorações pelos 5 anos de criação da UFRB, com o objetivo de fazer um registro da história dessa instituição, desde a criação do Imperial Instituto Agrícola, em 1873, e também do processo que permitiu a criação da UFRB. Buscamos relatar também como a UFRB se apresenta hoje, resultado do trabalho para sua consolidação nesses 5 anos de existência, sua estrutura e expansão para que possa cumprir o projeto para o qual foi instituída. Para isso, recorremos a trabalhos bibliográficos e acadêmicos já existentes sobre a instituição e sobre o Recôn-cavo. Também foram realizadas diversas entrevistas com professores, alunos, autoridades e pessoas que participaram do processo de criação da UFRB. As entrevistas realizadas permitiram reconstituir o processo de mobilização que tornou possível a criação da UFRB e delinear as aspirações e valores que norteiam a ação e objetivos da universidade. Agradecemos a todos que colaboraram conosco nesse projeto, compartilhando seus conhecimentos, memórias e vivências. Em especial o Capitão Cristiano Gouveia por ceder as imagens aéreas e ao Major Lázaro Monteiro, Coman-dante do GRAER-BA.

Referências:BAIARDI, A. . O Papel do Imperial Instituto de Agricultura na Formação da Comunidade de Ciências Agrárias da bahia. In: 7º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2000, São Paulo. Anais do 7º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia. São Paulo : Editora da Universidade de São Paaulo, EDUSP, 1999. v. único. LINS, Robson de Oliveira. A região de Amargosa: transformações e dinâmica atual (Recuperando uma contribuição de Milton Santos). Salvador, 2007 (dissertação de mestrado; orientador: Prof. Dr. Sylvio Bandeira de Mello e Silva)REZENDE, Joelito de Oliveira. Recôncavo baiano: berço da Universidade Federal Segunda da Bahia: passado, presen-te e futuro. Salvador: P & A, 2004.SILVA, Miguel José. Educação da rainha do lar – Um estudo sobre a formação das mulheres no Ginásio Santa Berna-dete em Amargosa – 1946/1973. Santo Antônio de Jesus, UNEB, 2006 (monografia; orientadora: Profª Maria José de S. Andrade).MATTOS, Sérgio. Só você pode, Jayme. Salvador, editora Contexto & Arte, 2009.

Músicas que inspiraram alguns títulos de capítulos deste livro:Alguém me avisou, de Dona Ivone Lara. Coração de Estudante, de Wagner Tiso e Milton Nascimento. Go Back, de Sérgio Britto. Sampa, de Caetano Veloso. Soy loco por ti, America, de Gilberto Gil e J. C. Capinam. Você e eu, eu e você, de Tim Maia

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Entrevistados:Alessandra Gomes, professoraAlex Aleluia, prefeito de São FélixAlexandre Almassy, professorAmistander Santos, engenheiro agrônomoAndré Itaparica, professorBeatriz Santos, estudanteCelso de Oliveira, professorDavi Barreto, estudanteDina Garcia, artista plásticaEdson Santana, técnico-administrativoEuvaldo Rosa, prefeito de Santo Antônio de Jesus

Flávia Dias, estudanteGeraldo Costa, professorIvan Couto, artista plásticoJabes Andrade, professorJaylson Araújo, estudanteJoão Moraes, poetaJosé Fernandes, professorJosilândia Barreto, estudanteJúlio César Santos, professorJúlio Sanches, estudanteLucas Café, estudanteLuciano Lordeiro, comercianteLuiz Favero, professorMiguel Silva, professorOrlando Peixoto,

prefeito de Cruz das AlmasPatrícia Santos, professoraPedro Arcanjo, diretor do Centro Cultural DannemanPedro Dantas, estudanteRaul Lomanto, engenheiro agrônomoSilvio Soglia, professor e Vice-Reitor da UFRB.Suzana Pimentel, professoraTalita Silva, estudanteTato Pereira, prefeito de CachoeiraTiago Oliveira, estudanteValéria Miranda, professoraValmir Sampaio, prefeito de Amargosa

Organizadores:Coordenação Geral, Revisão e Projeto Fotográfico:

Alene Lins

Projeto gráfico, edição de imagens e diagramação:Renata Machado

Pesquisa, entrevistas e Textos: Aquilino Paiva

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