ufpb centro de comunicaÇÃo, turismo e …...comunicação e seus públicos para elaboração de...

34
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS CYBELLE BEZERRA MEDEIROS NÓBREGA RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UMA PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS NUMA ONG FEMINISTA JOÃO PESSOA 2019

Upload: others

Post on 23-Jun-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

CYBELLE BEZERRA MEDEIROS NÓBREGA

RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UMA PROFISSIONAL DE RELAÇÕES

PÚBLICAS NUMA ONG FEMINISTA

JOÃO PESSOA

2019

Page 2: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

CYBELLE BEZERRA MEDEIROS NÓBREGA

RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UMA PROFISSIONAL DE RELAÇÕES

PÚBLICAS NUMA ONG FEMINISTA

Artigo científico apresentado ao Centro de Comunicação, Turismo

e Artes, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial

para a obtenção do título de Bacharel(a) em Relações Públicas.

Orientadora: Prof. Dra. Glória Rabay

JOÃO PESSOA

2019

Page 3: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

CYBELLE BEZERRA MEDEIROS NÓBREGA

RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UMA PROFISSIONAL DE RELAÇÕES

PÚBLICAS NUMA ONG FEMINISTA

Artigo científico apresentado ao Centro de Comunicação, Turismo e Artes, da Universidade

Federal da Paraíba, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em

Relações Públicas.

Resultado: ______________ Nota:__________________

Banca examinadora:

_______________________________________________________________________

Prof. Dra. Glória Rabay (orientadora)

________________________________________________________________________

Prof. Me. Andréa Karinne Albuquerque Maia (examinadora)

_________________________________________________________________________

Prof. Dra. Fernanda Gabriela Gadelha Romero (examinadora)

Page 4: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

Agradecimentos

Antes de começar a escrever meu trabalho achei que a parte de agradecimentos

seria bem pequena, mas o processo foi longo e doloroso. Obtive a ajuda de pessoas

muito importantes para que esse projeto fosse finalmente concluído.

Primeiramente, agradeço a Deus pelo apoio incondicional e a Maria por sua

intercessão, por nunca terem me abandonado, mesmo nos momentos em que me

abandonei.

Depois, minha eterna gratidão e carinho as pessoas que estiveram ao meu lado,

sendo meu esteio, os meus melhores ouvintes em momentos de desabafos, dando longos

conselhos ou simplesmente dizendo que tudo iria acabar bem. Que abdicaram de seu

tempo para me dar suporte. São elas: Minha mãe, Gláucia Magalhães, Amanda

Amorim, Tito Trigo, Rosália Freire (minha psicóloga), Dr. José Kênio, Maurício

Falavigna e Flávia Camargo.

E por último, as pessoas mais competentes, incentivadoras, inteligentes,

acolhedoras, compreensíveis e pacientes que tive a sorte de ter ao meu lado nessa

caminhada: Glória Rabay, minha orientadora e Andréa Karinne, coordenadora do curso

de Relações Públicas/UFPB.

E um agradecimento especial ao Centro da Mulher 8 de Março pelo suporte e

por ter aberto as portas do Centro e permitido ser objeto de estudo.

Enfim, posso dizer que esse ciclo foi encerrado.

“E é tão bonito quando a gente entende

Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá.

E é tão bonito quando a gente sente

Que nunca estará sozinho por mais que pense estar”

Gonzaguinha

Page 5: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Perfil do Centro da Mulher 8 de Março na FanPage, em 2017.....................20

Figura 2 – Capa do Centro da Mulher 8 de Março na FanPage, em 2017.....................20

Figura 3 – Print da postagem mais curtida e comentada antes da intervenção..............21

Figura 4 – Imagem com o logo do Centro da Mulher 8 de Março e dados cadastrais

postados na caixa de comentários da foto.......................................................................22

Figura 5 – A arte desenvolvida por um designer gráfico para ser utilizada na FanPage.

.........................................................................................................................................25

Figura 6 – Imagem que foi desenvolvida por um designer gráfico para ser a primeira

figura na capa a ser publicada pela pesquisadora............................................................25

Figura 7 – A primeira publicação com conteúdo se deu em 10 de fevereiro 2017.......26

Figura 8 – Campanha contra assédio no carnaval em que obteve um alcance de 64

pessoas.............................................................................................................................27

Figura 9 – Postagem relativa ao convite para participar da Greve Internacional das

Mulheres e foi uma das mais compartilhadas e com um alcance de 1049 pessoas.........28

Figura 10 – Postagem convocando a participarem do Ato das Mulheres em João Pessoa

e suas reivindicações.......................................................................................................29

Figura 11 – Postagem impulsionada relacionada à Greve Geral contra a Reforma da

Previdência e que foi a mais curtida e compartilhada.....................................................29

Figura 12 – Postagem na página pessoal da autora........................................................33

Page 6: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

SUMÁRIO

1. O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS NAS ORGANIZAÇÕES ...................... 8

1.1 Terceiro Setor e Relações Públicas........................................................................... 12

1.2 Redes Sociais e Relações Públicas ................................................................................. 15

1.3 Centro da Mulher 8 de Março ........................................................................................ 18

2. RELATO DA EXPERIÊNCIA ............................................................................. 19

2.1 Desenvolvimento das ações ........................................................................................... 24

3. ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................. 30

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 32

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 34

Page 7: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

RESUMO

O artigo tem por finalidade examinar e descrever a comunicação do Centro da Mulher 8

de Março utilizada por meio do Facebook, baseada na experiência vivenciada dentro da

Organização e no conhecimento na área de Relações Públicas. O estudo foi efetuado

com base numa pesquisa exploratória descritiva, que consistiu na coleta de dados

preliminares obtidos através de entrevistas com as colaboradoras da ONG, com intuito

de conhecer a história, o trabalho e a atuação da instituição na rede social, além disto,

foram feitas observações participantes já que a autora se inseriu no cotidiano da

organização com a finalidade de cooperar com seus objetivos por meio da atuação na

rede social Facebook. Essa inserção permitiu a análise das dinâmicas de funcionamento

da comunicação digital da instituição, por meio de uma rede social. Após a finalização

do período de colaboração, percebeu-se quais as dificuldades que o Centro da Mulher 8

de Março possui para ter uma comunicação efetiva e atuante, portanto, se fazendo

necessário pontuar melhorias e reforçar a importância da atuação de um profissional de

Relações Públicas que trabalhe em sua comunicação digital.

Palavras-chave: Relações Públicas. Terceiro Setor. Facebook. Comunicação Digital.

Centro da Mulher 8 de Março.

ABSTRACT

This article aims to examine and describe the Womens’s Center 8 de Março

communication through Facebook, based on the experience in the Organization and in

the knowledge in the area of Public Relations. This study was made based on a

descriptive exploratory research, consisting on a data collection obtained through which

NGO's workers interviews with the purpose of getting to know the NGO's history, its

work and social network activity, participative observations were also where the author

took part in the organization’s routine aiming at cooperate with its purposes by acting

on the social network named Facebook. Made inside the organization and cooperating

with its goals through the Social Network. The author’s participation made it possible to

analyse the dynamics of the digital communication used by the institution in the above

mentioned social network. After the conclusion of this collaboration period, it was

noticed which difficulties the Womens’s Center 8 de Março faces to have an effective

and active communication, therefore make it necessary to punctuate improvements and

reinforce the importance of a Public Relations professional's work in its digital

communication.

Keywords: Public Relations. Third Sector. Facebook. Digital Communication.

Womens’s Center 8 de Março.

Page 8: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

8

1. O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS NAS ORGANIZAÇÕES

O aparecimento do profissional de Relações Públicas no Brasil adveio, em 1914.

Foi nesse período que empresa energética canadense Light and Power, hoje chamada de

AES Eletropaulo, desenvolveu um setor de relações públicas, chefiada por Eduardo

Pinheiro Lobo (OLIVEIRA, 2008).

Compete às Relações Públicas conduzir de modo estratégico a comunicação

organizacional perante os diversos públicos e a sociedade utilizando de múltiplos

recursos. “A atividade de Relações Públicas têm como seus objetivos principais,

mapear, reconhecer e aproximar a organização de seus públicos” (FARIAS 2011, p. 56).

Um dos motivos para uma organização se desenvolver acertadamente é

estabelecer uma comunicação eficiente com seus variados públicos, a exemplo da

imprensa, público-alvo, comunidades, poder público e outras instituições. Portanto,

acolher e responder aos anseios, sugestões e os questionamentos com quem opta por

interagir com a organização é imprescindível para estabelecer uma relação de confiança

e fidelidade entre as partes.

Uma das funções do profissional de Relações Públicas é a realização da pesquisa

de opinião para traçar o perfil do público-alvo e definir o tipo de abordagem a ser

exercida. Como afirma J. B. Pinho (2008, p. 32), “a grande importância, aqui, deve ser

dada à opinião pública. Percebe-se que quando a sociedade civil americana começa a

organizar-se, surge a necessidade da profissão de relações públicas.”

É ressaltado por Roberto Simões (1995) que existe outro cerne em questão a

respeito da relevância da pesquisa de opinião que é a de que “nem sempre é possível

controlar todas as variáveis ou evitar que haja indução nas respostas, que por

incompetência do formulador das perguntas”, ou seja, existe a possibilidade de que o

resultado obtido por meio de alguma pesquisa não corresponda com a realidade. Para

que haja uma pesquisa de opinião eficiente e proveitosa com o público interno ou

externo de modo com a aquisição de informações relevantes que fundamentem a criação

de determinado planejamento estratégico, na tomada de decisões e no desenvolvimento

da comunicação organizacional.

As pesquisas que envolvem o público buscam saber a opinião dos seus públicos-

alvo a respeito da identidade da organização e como é o relacionamento entre as partes.

Já a pesquisa realizada com o público interno, procura conhecer como atua a sua

Page 9: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

9

comunicação, parte funcional, o relacionamento interpessoal, ações políticas, decisões,

os anseios dos colaboradores em relação à instituição, etc, para que seja viável a

concepção de projetos, montar diagnóstico, evitar ruídos, e assim, gerenciar da melhor

forma possível a comunicação organizacional.

As ações organizacionais demandam planejamento e são oriundas de várias

sugestões ofertadas que são debatidas, com isso, possibilitam a escolha de tomadas de

decisões oportunas em prol da instituição. Conforme destaca March e Simon (1972) “O

processo decisório consiste na seleção de um curso preferencial de ação a partir de duas

ou mais alternativas, na tentativa racional de atingir os objetivos de uma organização”.

Margarida Kunsch (2003) cita alguns objetivos que a pesquisa em Relações

Públicas trabalha, como conhecer a opinião dos públicos, construir diagnósticos do setor

de comunicação organizacional, conhecer detalhadamente a instituição, sua

comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas

exemplificações conclui que a pesquisa é construtiva para o sucesso do planejamento

estratégico elaborado pelo profissional em parceria com a direção da organização ao

tomar conhecimento exatamente da opinião pública que contribuirá para a diminuição

de problemas e possíveis crises no ambiente institucional, e por fim, assegurar maior

objetividade na elaboração de um plano comunicacional externo e interno.

Mais alguns autores ressaltam a relevância da pesquisa como uma etapa

significativa que antecede ao planejamento. Segundo Glen M. Broom e David M.

Dozier (1990 apud KUNSCH 2003), “autoridade, observação pessoal e história não

oferecem respostas satisfatórias a muitas questões levantadas no gerenciamento de

relações públicas. Surge a necessidade de pesquisar”. Isso diminui o risco de fazer uma

análise equivocada baseada em achismos e observações circunstanciais de alguma

situação ou na proposta de um planejamento.

Um ponto que deve ser levado bastante em consideração é a formação e a

manutenção de um diálogo interno entre os funcionários e a diretoria para desenvolver

um relacionamento institucional produtivo. Existe organização que dedica-se maior

empenho na comunicação externa até em relação aos investimentos na área que é menor

neste setor já que em muitos casos é considerada como despesa. Porém, é essencial que

a comunicação interna ocorra com harmonia, interação adequada que vise tornar a

participação dos funcionários maior nas discussões sobre as decisões estratégicas,

comunicacionais e que proveniente disso, aconteça uma relação proveitosa no ambiente

interno.

Page 10: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

10

A importância da comunicação interna reside sobretudo nas possibilidades

que ela oferece de estímulo ao diálogo e à troca de informações entre a gestão

executiva e a base operacional, na busca de qualidade total de produtos ou

serviços e do cumprimento da missão de qualquer organização. (KUNSCH,

2003, p. 160)

A troca de informações e sugestões por meio de uma comunicação interna

acessível facilita o entendimento e diminui os ruídos por meio de mural, caixa de

sugestões, e-mail, boletins, telefone, reuniões, intranet e aplicativos de mensagens

instantâneas.

De acordo com Gaudêncio Torquato (2002) a comunicação interna tem o

compromisso de “contribuir para o desenvolvimento e a manutenção de um clima

positivo, propício ao cumprimento das metas estratégicas da organização e ao

crescimento continuado de suas atividades e serviços à expansão de suas linhas de

produto”. Evidenciando que a participação do público interno nas discussões e decisões

auxilia a promover e conservar um ambiente organizacional aprazível.

O escritor Pinho (2006) discorda da premissa básica dissertada por Torquato e

Kunsch a respeito do que seja comunicação interna, ele a descreve como algo que é

“constituído pelos processos comunicativos realizados no interior das organizações,

cujo propósito básico é permitir que os seus membros cumpram tarefas estabelecidas”.

Ele sinaliza, então, que o objetivo da comunicação interna é apenas exercer funções

operacionais por meio do diálogo corporativo.

O profissional de Relações Públicas é responsável por trabalhar a comunicação

organizacional da corporação que é conceber, mediar e manter a sua reputação positiva

perante o seu público interno, público-alvo e a sociedade em geral. As Relações

Públicas por meio da missão, valor e visão que direcionam o comportamento social da

empresa, em vista disso, ser exemplo para a comunidade na qual está inserida.

No quadro das transformações, a comunicação empresarial (institucional)

procurou posicionar-se como mecanismo de ajuste entre grupos sociais, como

atividade que visava à adaptação de homens e instituições às necessidade da

vida moderna e como meio para formar um consenso em torno do sistema

organizacional (TORQUATO, 1986, p. 72).

Outra etapa como parte da função dos profissionais de relações públicas é

cumprir o planejamento que foi traçado e aplicar os procedimentos no interior das

corporações demonstrando tratar de uma ocupação primordial para introduzir uma

comunicabilidade satisfatória no qual pertença às atribuições praticadas pelas relações

públicas. O planejamento deve ser bem delimitado e executado para conquistar bons

Page 11: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

11

resultados, para assim, realizar um prognóstico com o mínimo de erros, reparar antes de

gerar um prejuízo irreversível e avaliar os resultados logrados das ações elaboradas.

O planejamento é um instrumento para a eficácia das atividades de relações

públicas porque evita a improvisação, oferece maiores possibilidades para a execução dos objetivos e o cumprimento da missão organizacional, permite

racionalizar os recursos necessários e dá uma orientação básica, capaz de

permitir a avaliação de resultados (KUNSCH, 2003, p. 316).

Para obter êxito na comunicação dentro das Organizações é necessário que ela

seja planejada, liderada e administrada por profissionais capacitados e qualificados. É

primordial que a instituição exerça ao que se predispõe institucionalmente por meio de

sua missão com a utilização de instrumentos de interação diversificada e mediação de

acordo com o determinado público.

Mediante a estes exemplos de funções do profissional de Relações Públicas

demonstra que o seu objeto de trabalho são as organizações e seus públicos. As

modificações nas organizações também são impulsionadas pelas transformações que

ocorrem na sociedade e no mercado. Por isso, este profissional precisa estar atento ao

que circunda no meio para que as ações que são propostas e executadas sejam coerentes

com a filosofia, objetivos, missão, valor e visão da organização, nas quais promovam

uma comunicação integrada.

A comunicação nas organizações é de responsabilidade do profissional de

Relações Públicas e, para ser efetiva, é fundamental a atividade de mediação, que não

consiste somente na atuação de repassar informações, mas de intermediar a interlocução

entre a organização e seus distintos públicos.

De acordo com Grunig (2010 apud RIBEIRO, SANTOS 2009) salienta que “a

comunicação e negociação são de fato a essência das relações públicas”.

Tendo em vista que a comunicação é um mecanismo substancial para que as

relações públicas possam intermediar relacionamentos organizacionais, público em

geral por meio das mídias, a instituição, na exigência de alcançar os diversificados

públicos, necessita que sejam utilizados variados instrumentos de comunicação que

proporcione identificar os seus projetos e feitos, da mesma maneira o empenho de

estabelecer um intercâmbio entre os participantes e esferas.

Page 12: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

12

1.1 Terceiro Setor e Relações Públicas

O terceiro setor consiste na atuação das ONGS, entidades filantrópicas e

organizações sem fins lucrativos em benefício da população mais carente, onde o

exercício do Estado é ineficaz. As atividades exercidas por este setor são essencialmente

valorosas já que cooperam para modificação social e política da sociedade como um

todo.

No Brasil, os movimentos assistencialistas começaram suas atividades na época

da ditadura do Governo de Getúlio Vargas por meio das entidades filantrópicas e por

obras vinculadas à Igreja Católica com atuações em várias áreas que buscavam sanar

déficits ocasionados pela falta de investimento nas políticas públicas, em vista disso,

reduzir as desigualdades sociais. Após um período de atuação assistencialista, até a

segunda metade da ditadura militar, deu início a uma nova organização que mais se

assemelha com o que é trabalhado nos dias de hoje, que são as ONGS (Organizações

Não-Governamentais), associações, entidades sem fins lucrativos e movimentos sociais

que caracterizaram o terceiro setor, como informa Maria Suzie de Oliveira (2007).

Com a democracia já instalada e com as modificações da sociedade, a atuação

do terceiro setor se expandiu na década de 1990, período este em que sua

representatividade, visibilidade e importância ganharam mais espaço. Ao longo dos

anos, conforme as necessidades aumentaram, o trabalho do terceiro setor foi

consolidado com a população em geral e entre as organizações, mesmo com suas

dificuldades de angariar recursos financeiros para a aplicação de seus projetos sociais e

assistencialistas.

É importante definir a filosofia, missão, valores e visão da organização do

Terceiro Setor, bem como a forma que será realizada a comunicação e como se dará a

utilização dos meios específicos. O profissional responsável por essa comunicação deve

planejar qual será o discurso empregado interna e externamente para que a mensagem

transmitida aconteça de modo coeso, objetivo, eloquente e eficaz, de acordo com a

quantidade de mão de obra humana e verba disponível para alcançar os objetivos

estipulados e também para auxiliar no gerenciamento de possíveis crises. O Terceiro

Setor passou por várias fases em relação aos recursos públicos e privados destinados as

entidades, no volume e qualidade de pessoas que trabalham ou que são voluntárias.

Essas instabilidades acabaram por interferir no desempenho, seja positivamente ou

negativamente nas atividades.

Page 13: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

13

A comunicação popular está inserida no Terceiro Setor e fortaleceu a esfera na

atuação da defesa de direitos, recrutamento e treinamento de indivíduos que

representem os movimentos populares, ONGS e entidades sem fins lucrativos, além de

fomentar discussões de interesse da sociedade civil, buscar transparência na

administração e na relação com os Órgãos Públicos. E para que a comunicação no

Terceiro Setor seja eficiente e ocorra de maneira harmônica com o mínimo de ruídos, a

atuação do profissional de Relações Públicas é essencial.

Existem várias limitações na comunicação popular como bem frisa Peruzzo

(1999), a exemplo da abrangência comunicacional reduzida, inadequações dos meios,

escassez de recursos financeiros e conteúdo mal explorado. Contudo, ela ressalta que

apesar desses limites, nos quais, foram expostos, há condutas positivas, a serem levadas

em conta que colaboram para melhorar a comunicação popular e inseri-la ao processo

de educação para a cidadania. O bom desempenho da comunicação popular contribui na

comunicação interna e externa, conexão com seus públicos, conscientização dos direitos

e deveres dos cidadãos e na responsabilidade social e política.

Com o passar dos anos houve a essencialidade de reproduzir uma nova

perspectiva de entendimento e interlocução entre o terceiro setor, sociedade civil

organizada e os demais setores para que houvesse ações concretas em benefício da

população. Diante deste fato, o primeiro e o segundo setor se viram obrigados a manter

uma relação de parceria e trabalho com o terceiro setor perante a ineficiência dos

serviços e direitos oferecidos aos cidadãos. O setor terciário também comporta

entidades em que há o debate e atitudes em defesa dos direitos, na busca por justiça e na

tentativa de diminuir os danos causados à saúde física e mental das mulheres

provocados pela violência causada pelo homem.

Mesmo nos períodos em que se constatam dificuldades financeiras,

comunicacionais e mão de obra humana é notória a enorme contribuição das

organizações que fazem parte do setor terciário para o desenvolvimento da sociedade.

Em consequência das inúmeras mudanças ocorridas na forma de estabelecer uma

comunicação interna e externa de uma organização, foi preciso não só focar no

planejamento, mas também construir uma imagem e identidade para que possa auxiliar

a atrair investimentos, estabelecer canais de conversação, visibilidade, pessoas

interessadas em trabalhar e serem voluntárias, com isso, aumentar o seu potencial de

ação.

Page 14: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

14

A sociedade está em constante transformação e as Relações Públicas

acompanham essas modificações. Antigamente o profissional de Relações Públicas era

voltado apenas para as empresas públicas e privadas, mas com o passar do tempo o

terceiro setor ganhou espaço necessitando de um especialista que pudesse dar suporte a

essas organizações não governamentais, entidades filantrópicas, organizações da

sociedade civil de interesse público e entidades sem fins lucrativos.

A participação do profissional de Relações Públicas dentro das instituições

comunitárias ocorre também no trabalho em parceria, que visa contribuir no processo de

conscientização, planejamento e execução. Existe independência entre as esferas, como

as ONGS, poder público, setor privado, público-alvo e a comunidade em geral. Cada

vez mais as organizações populares têm se mostrado atuantes de diversas maneiras

direcionando suas atividades sociais.

No movimento comunitário, ou em outras organizações populares e sindicais,

as relações públicas se concretizam de modo inserido. Não é algo externo, de

fora e independente, mas como parte intrínseca do movimento. Neste sentido

elas vão estar, nem na frente nem atrás do movimento, mas juntas e sendo

constituídas em sua dinâmica (PERUZZO, 1993, p. 2).

Uma das funções do especialista em relações públicas no setor terciário é

conceber um diálogo entre os mais diversos segmentos da sociedade com a finalidade

de construir um discurso harmônico, prático e eficaz além de atividades nas quais

contribuam para transformar o meio social, político e econômico, assim, uma sociedade

mais igualitária. Também faz parte das atribuições do profissional de relações públicas é

identificar o público daquela determinada entidade, traçar um plano apropriado para

cada tipo de público de acordo com o ambiente organizacional e o meio social em que

está inserida além de trabalhar para gerenciar conflitos.

Logo, para que uma organização conduza de modo coerente e eficaz o

planejamento pré-estabelecido e alcance os seus objetivos precisa do auxílio do

profissional de relações públicas que conheça como funciona a organização

institucionalmente, a relação dos funcionários e voluntários entre si e o público externo,

além de manipular corretamente a verba destinada para atender as demandas da

instituição.

Page 15: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

15

1.2 Redes Sociais e Relações Públicas

A comunicação é um recurso primordial para se construir uma relação entre dois

ou mais indivíduos desde a origem do homem. O processo de transmissão de mensagem

ocorreu de várias formas ao longo da história como por meio de sinais, escrita e oral.

Com a evolução do ser humano também surgiu novos mecanismos de comunicação em

que abrange maior número de pessoas e lugares, com isso, possibilita que o

conhecimento seja buscado e compartilhado com mais rapidez e maior interação.

Estabelecer uma boa comunicação para que a mensagem seja enviada e

repassada de maneira clara e objetiva é essencial, principalmente nos dias atuais nos

quais existem muitos ruídos. As pessoas buscam por meio das redes sociais se informar

e propagar informações, obter maior interação com outros indivíduos e entretenimento

já que é disponibilizado todo tipo de conteúdo.

A chegada da internet trouxe revolução tecnológica, econômica, social e cultural

para a sociedade em geral e possibilitou a comunicação entre os mais diversos públicos

e distâncias. E de acordo com Manuel Castell (2003) a internet é um instrumento

fundamental para o desenvolvimento do Terceiro Mundo.

Segundo José Benedito Pinho (2003) existem muitas vantagens usar a internet

para efetuar o trabalho exercido pelo profissional de Relações Públicas, como:

Sua condição de massa e de ferramenta para a comunicação com a imprensa,

a sua capacidade de localização do público-alvo, a presença em tempo

integral, a eliminação das barreiras geográficas e as facilidades que permite

para a busca da informação e administração da comunicação em situações de

crise (PINHO, 2003, p. 33).

No ciberespaço o Relações Públicas tem a oportunidade de ler qualquer opinião

com mais rapidez e maior quantidade já que o acesso é bastante acessível. Desta

maneira, o profissional precisa transmitir com agilidade e objetividade o feedback ao

indivíduo que emitiu opinião pela rede para evitar ruídos e crises na era da informação.

Portanto é relevante salientar que algumas das atribuições do Relações Públicas

são desenvolver uma imagem ideal da pessoa, ação ou organização, elaborar e executar

planos de comunicação, transmitir ponto de vista e notícia, e convencer os cidadãos. Na

atual conjuntura a internet é um meio de comunicação primordial e que é usufruído pelo

Relações Públicas para dialogar com seus públicos de trabalho.

Tratando-se de redes sociais, uma das mais populares no mundo é o Facebook.

Uma das redes sociais mais utilizada é o Facebook, que foi criado em 04 de Fevereiro

Page 16: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

16

de 2004, tinha o nome de ‘TheFacebook’ e foi aberto para uso popular na Universidade

de Harvard para utilizarem como ferramenta para encontrar amigos. Ela opera por meio

de perfis e comunidades. A rede social tem sido utilizada por várias Empresas, Governo,

Organizações Não-Governamentais e público em geral como ferramenta de

comunicação bastante eficaz. O site Techtudo 1 divulgou um estudo em que foi

constatado que dos 144 milhões de usuários brasileiros ativos nas redes, o Facebook é

acessado por 90% da população. Esse estudo foi produzido pela agência We Are Social

em parceria com a plataforma de mídia HootSuite.

Diante do avanço do uso da internet a rede do Zuckerberg2 tomou um espaço

altamente significativo no combate à violência contra a mulher, mobilização de

manifestações, campanhas, denúncias, construção de uma identidade e fortalecimento

na interação com o usuário. Nessa esfera digital o profissional necessita trabalhar com

administração de conteúdo, imagem, crise e mediar relacionamentos, assim estará

inserido no meio e atuará de maneira concisa e clara.

Em vista disso, o responsável pela comunicação nas organizações recorre às

redes sociais para viabilizar um processo comunicacional interativo entre os mais

variados públicos. Projetos que possam ser publicados, discutidos e compartilhados

ultrapassando as barreiras territoriais. É fundamental dominar o assunto que decide

trabalhar, fazer um planejamento de como esse assunto será divulgado e sua linguagem

por meio da rede. Precisa estar atento a repercussão que a ação para consequentemente

dar a resposta e elaborar o comentário que o usuário requer.

A disseminação da mensagem com uso da internet é ágil e facilita o trabalho do

profissional de Relações Públicas como mesmo salienta J.B. Pinho:

A publicação de informações na internet permite que as atividades de

relações públicas estejam presentes e disponíveis 24 horas por dia. Por meio

dos computadores, os públicos interessados podem conhecer mais e melhor uma organização, a qualquer hora (PINHO, 2003, p.35).

Consequentemente, o usuário vai conseguir estar informado sobre algum tema

delimitado ou o que a organização posta na internet durante o dia, pra isso, o

especialista que comanda a comunicação das organizações nas redes sociais necessita

produzir conteúdo para satisfazer o seu público, gerar debates pertinentes e usar uma

linguagem apropriada para se comunicar com o internauta.

1 Site de tecnologia Techtudo.Disponível em: <https://www.techtudo.com.br/noticias/2019/02/conheca-

as-redes-sociais-mais-usadas-no-brasil-e-no-mundo-em-2018.ghtml> Acesso em 12 mar. 2019. 2 É um dos fundadores do Facebook.

Page 17: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

17

Muitas instituições já perceberam que o ciberespaço é o âmbito que mais evoluiu

para obter uma comunicação eficiente e produtiva, portanto, é propício dispor de um

especialista para cuidar da sua comunicabilidade. Perante o exposto, a pessoa designada

deve desenvolver, monitorar e gerir uma FanPage 3 destinada à organização para

começar um processo de comunicação na rede. Numa FanPage o responsável em atuar

na página é incumbido de gerar conteúdo, estar atento às opiniões que ocorrerão a partir

das publicações que é chamado de engajamento e isso se dar por meio de curtidas,

mensagens, compartilhamentos entre os interessados em discutir sobre determinado

tema e a organização.

Como hoje em dia tudo é muito imediatista certas ações na página precisam

ocorrer com rapidez e eficácia para que não haja problemas que acarretem disseminação

de falsas informações e insatisfação do usuário na demora em responder mensagens já

que o mesmo quer ser atendido, impedir que postagens repercutam de modo negativo no

ambiente cibernético e passem para a vida fora do computador.

Então é imprescindível que o especialista na área de comunicação esteja

antenado as constantes atualizações nas relações comunicacionais que envolvem

ONG’S e redes sociais, portanto, cabe a ele idealizar estratégias que sejam eficazes na

execução do trabalho. As ações que são desempenhadas por meio da FanPage e a maior

contingência de usuários conectados virtualmente contribuíram para uma nova

perspectiva no desempenho do relações públicas.

É imprescindível que as ONGS que combatem à violência contra a mulher se

utilizem desse meio para difundir seus trabalhos e serviços. Para tornar uma página

interessante ao seguidor é necessário customizar adequadamente sua página de

Facebook de acordo com a proposta desenvolvida para cria-la. Um dos recursos que é

disponibilizado pelo Facebook é a criação do que é chamado de guia no qual se pode

criar ou mesmo retirar a guia de acordo com o interesse de divulgação. Portanto colocar

uma guia em que divulgue seus serviços, compartilhar informações, blogs feministas,

postar fotos, vídeos e conscientização sobre a violência contra a mulher com postagens

diárias visando exercer um trabalho ideal de conteúdo com o objetivo de conquistar o

interesse e fidelidade do público-alvo. Quando uma página de Facebook é devidamente

elaborada traz um ótimo retorno para a ONG já que a divulgação nessa rede acontece de

forma direta entre ela e o usuário.

3 É uma página que é criada no Facebook.

Page 18: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

18

1.3 Centro da Mulher 8 de Março

A organização feminista tem vinte e nove anos de existência, foi fundada numa

assembleia com 68 mulheres, numa época efervescente em que o país estava saindo de

uma ditadura militar, e as professoras da rede pública tinham uma atuação significativa

na questão de gênero e da mulher no Sindicato dos Professores (SINTEP/PB). Foi então

que estudantes e professoras universitárias como professoras da rede púbica, mulheres

de associações de bairros e de sindicatos decidiram criar uma entidade feminista com o

foco de combate à violência contra a mulher.

Em 1990, quando foi criado o Centro da Mulher 8 de Março, não existia

nenhuma organização na Paraíba que fosse dirigida para defender os direitos femininos.

Inicialmente a situação financeira do Centro era extremamente precária devido a

ausência de financiamentos. Dependiam exclusivamente das militantes tanto do

Sindicato dos Professores, quanto das comunidades, da Universidade Federal que se

propunham a atuar no Centro da Mulher 8 de Março e assim foi conduzido por alguns

anos. Inicialmente as atividades eram desempenhadas numa pequena sala

disponibilizada pela SINTEP/PB. Com dois a três anos após sua criação o Centro

começou a ter apoio de agências financiadores de outros países, então, alugou-se uma

casa para servir de sede.

Ao longo dos anos, o Centro da Mulher 8 de Março continuou conquistando

financiamento para suas ações através de projetos aprovados em editais juntos a

agencias internacionais, durante os governos democráticos e populares quando houve

investimento em políticas públicas voltadas para as necessidades das mulheres a

entidade também conquistou alguns financiamentos através de projetos aprovados por

meio de editais públicos. Em todos os editais os projetos aprovados diziam respeito a

intervenções educacionais para prevenção da violência doméstica, prevenção das

infecções transmitidas através do sexo, ampliação dos direitos das mulheres e luta

contra a exploração sexual de meninas e adolescentes.

O destaque da atividade da organização é o combate a violência contra a mulher.

A primeira ação produzida foi a elaboração de um banco de dados, que existe há 27

anos. Essa coleta de dados produz um diagnóstico anual de número de mulheres vítimas

de violência doméstica e violência sexual, com o tempo, foi estendido para a coleta do

número de crianças e adolescentes vítimas de abuso físico e sexual. Esse banco de

Page 19: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

19

dados serviu de exemplo para todo o Brasil. Todas as organizações do país solicitam os

dados desse banco demonstrando sua importância.

2. RELATO DA EXPERIÊNCIA

Quando comecei a pensar no projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC) queria trabalhar com um tema que envolvesse violência contra a mulher. Mas

precisava encontrar um componente de Comunicação Social no meu interesse de

trabalhar com a questão das mulheres em situação de violência, por isso juntamente com

a professora orientadora Glória Rabay decidi examinar a FanPage da ONG e fazer um

levantamento das atividades exercidas pela entidade por meio da página, como se dava

o seu manuseio e o que poderia ser trabalhado especificamente.

Escolhi o Centro da Mulher 8 de Março devido ao seu histórico de luta contra a

violência doméstica e de gênero. Além disto, o seu trabalho envolve o combate à

exploração sexual de crianças e adolescentes, tráfico de pessoas e possui uma parceria

com o Governo do Estado da Paraíba em que fica responsável por monitorar o Disque

Cidadão/PB 123 (canal que recebe denúncias de violência de direitos).

O propósito do projeto foi realizar uma intervenção a partir das competências de

um profissional de Relações Públicas, indicando ações que tornassem a comunicação da

mencionada ONG com seu público-alvo e sociedade em geral mais eficiente. A

intervenção propunha algumas ações e objetivos que foram apresentados à ONG, como

fortalecer a identidade no meio digital perante o público-alvo e geral, manter

regularidade nas publicações e aumentar a visibilidade da organização através das

publicações na FanPage .

A FanPage foi visitada pela primeira vez em novembro de 2016 em companhia

da orientadora do projeto. Identificamos várias falhas que refletiam uma má utilização

do canal, assim como constatamos que não havia qualquer regularidade de publicações,

nem critérios para qualidade e padrão.

Page 20: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

20

Figura 1 – Perfil do Centro da Mulher 8 de Março na FanPage, em 2017.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

30 jan. 2017.

A foto do perfil não era atrativa nem atualizada, não estava no tamanho

adequado e trazia o endereço da ONG com o fundo preto. Consideramos, na ocasião,

que a arte não era compatível com a própria imagem da ONG. Era a primeira que tinha

publicada em 2014 e não havia sido trocada desde então, segundo informações da

coordenação.

Figura 2 – Capa do Centro da Mulher 8 de Março na FanPage, em 2017.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

30 jan. 2017.

Page 21: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

21

Já a foto da capa, que é mutável e pode ser um espaço de evidência para

transmitir mensagens, divulgar campanhas, eventos ou notícia atual relevante ao público

em geral, não estava sendo aproveitada pela instituição que nunca a trocava. Após a

abertura da FanPage, em 2014, foi colocada esta imagem para a Capa.

Da mesma forma foi constatado que não havia um engajamento assíduo,

demonstrado nas curtidas, compartilhamentos e comentários que mostrariam o quanto a

página é atuante e popular. As publicações eram relativas aos eventos e cursos

promovidos pela ONG, notícias sobre protestos referentes à luta em defesa das mulheres

e uma nota de repúdio.

Figura 3 – Print da postagem mais curtida e comentada antes da intervenção.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

30 jan. 2017.

A pouca quantidade de curtidas da página também era algo que chamava a

atenção, pois fazia dois anos que tinha sido criada e tinha apenas 656 curtidas ou

seguidores.

Page 22: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

22

Figura 4 – Imagem com o logo do Centro da Mulher 8 de Março e dados

cadastrais postados na caixa de comentários da foto.

Foi apenas após essas observações que foi decidido que o objeto de estudo seria

a intervenção da profissional de Relações Públicas na FanPage da ONG. Depois dessa

decisão, a orientadora entrou em contato com a responsável pela ONG para agendar um

encontro, conhecer a sede e apresentar a proposta de trabalho. O encontro foi marcado

para a semana seguinte, em novembro/16, contaria com a participação da coordenadora,

uma das funcionárias, da aluna e da orientadora. Neste mesmo dia, foi sugerido que

fossem feitas algumas pesquisas sobre FanPage e temas sobre violência contra a mulher,

além de realizar prints da página para registrar como foi encontrada. No dia marcado,

aconteceu um imprevisto e a reunião acabou sendo ser remarcada para outra semana, no

período da manhã.

Nesta primeira reunião com a ONG, em novembro/16, participaram a

coordenadora Irene Marinheiro (uma das fundadoras da ONG), a funcionária Isabella

Candeia, a orientadora Profª Drª Glória Rabay e a estudante de Relações Públicas

proponente do trabalho, Cybelle B. M. Nóbrega. Foi explanada a proposta do trabalho

Page 23: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

23

de cunho acadêmico que seria praticado durante o período de cinco meses, uma

intervenção das Relações Públicas que se daria na facilitação da comunicação da ONG

utilizando a FanPage; na conscientização da importância de se empregar todos os

mecanismos disponíveis na página do Facebook para dar visibilidade às ações

produzidas pela ONG, assim como divulgar a opinião institucional sobre determinados

assuntos que sejam de interesse público, referentes à violência contra a mulher, direitos

das mulheres e abuso sexual de criança e adolescente; além de relatar as impressões

obtidas a partir da investigação efetuada na página de Facebook da ONG, que despertou

o interesse em intervir para potencializar a FanPage.

Após a exposição do que seria cumprido e o seu intuito, a coordenadora

autorizou que pudesse ser realizado o projeto no período proposto e mostrou que a ONG

estava disposta e disponível a contribuir com o que fosse necessário para a realização do

mesmo.

No mesmo encontro, através de entrevista às participantes da reunião e para

embasar o processo descobrimos que a conta da página do Facebook foi aberta pela

funcionária Isabella, em 10 de Fevereiro de 2014, seguindo as instruções da rede de

como abrir a conta e, logo em seguida, também foram nomeadas outra funcionária e a

própria coordenadora como administradoras. A finalidade foi a de aumentar a relação

com o público alvo por meio desta rede social.

Também se quis saber o motivo pelo qual não existia regularidade de

publicações e por que a página não estava sendo potencialmente utilizada. Foi

respondido que, além de mal operada devido a um certo desconhecimento de como usar

apropriadamente a página de Facebook, existe o fato de a equipe do Centro da Mulher 8

de Março ser pequena e não dar conta da necessária constância na atualização da

página, já que são muitas demandas a serem atendidas dentro da organização.

Nesta reunião, quando conversamos sobre a página com a coordenadora

descobrimos que a mesma tinha uma página pessoal mais atualizada e divulgada e por

isso mesmo com mais engajamento: curtidas, compartilhamentos e comentários, que a

página institucional da organização, e nesta página sempre eram publicadas as ações da

organização e seus posicionamentos, tomando por vezes o papel daquela e até a

substituindo, numa nítida confusão entre a pessoa da coordenação e a pessoa jurídica,

política institucional.

A exemplo de muitas organizações do Terceiro Setor, o Centro da Mulher 8 de

Março na ocasião não possuía um setor de comunicação, nem ao menos alguém

Page 24: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

24

responsável e capacitado para alimentar a página. A funcionária Isabella, que

desempenhava atividades no setor financeiro, era a pessoa informalmente designada

para atuar na administração da página e no perfil usado para publicar sobre a ONG.

Sendo que, na prática, as informações, fotos e notícias eram publicadas habitualmente

em um dos perfis pessoais da coordenadora. Assim como Isabella, A FanPage da

organização tinha também como administradoras outra funcionária e a coordenadora.

Para a execução do Projeto proposto a proponente passou a ter acesso à página

como uma das administradoras para poder facilitar a intervenção, acerto feito nesta

reunião. Foi repassado o número de telefones das pessoas envolvidas no projeto para

propiciar um maior contato e acelerar qualquer tomada de decisão. Ficou acordado que,

inicialmente, toda publicação por parte da estudante passaria pelo crivo da coordenadora

ou de Isabella, que era a funcionária responsável pela página. Publicações que se

referissem às campanhas e aos eventos passariam pela autorização da coordenadora, já

as postagens que dissessem respeito a notícias de interesse tanto do Centro da Mulher 8

de Março – CM8M, quanto do público, existiria autonomia das integrantes da ONG

para publicar.

2.1 Desenvolvimento das ações

Antes da primeira interferência constavam 656 curtidas e não ocorria atividade

regular na FanPage, já que as postagens de relevância para a ONG eram realizadas por

meio do perfil pessoal da dirigente com certa frequência.

A primeira postagem na FanPage do Centro da Mulher 8 de Março foi em 10 de

fevereiro de 2014, e tratou da história e da missão da ONG, apresentadas com fotos.

O perfil no Facebook não é a plataforma adequada para ser utilizada como

instrumento de divulgação do trabalho da entidade, de seus eventos e nem de matérias

de interesse do seu público-alvo, já que o ideal é que esse tipo de trabalho seja

executado por meio de uma FanPage que possua instrumentos para potencializar as

divulgações, um engajamento eficaz e também um alcance maior.

Page 25: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

25

Figura 5 – Arte desenvolvida por um designer gráfico para ser utilizada na FanPage.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

09 fev. 2017.

Após a primeira reunião, foi definido que seria necessário substituir a foto de

perfil da página para uma logo mais moderna, que representasse a identidade da ONG,

bem como atualizar a foto de capa. O designer gráfico, Tito Trigo, que elaborou a nova

logo para a foto de perfil e a imagem para ser publicada como capa. As publicações

ocorreram em 09 de fevereiro de 2017, gerando respectivamente, 5 e 12 curtidas e

houveram comentários. As intervenções na página em relação as imagens ocorreram no

dia 9 de fevereiro de 2017.

Então, essa última arte anterior printada com o layout moderno, mas sem perder

a essência que o logo original possuía, foi produzida com o propósito de estabelecer

uma consonância entre a atualidade, ONG e a Fanpage.

Figura 6 – Imagem que foi desenvolvida por um designer gráfico para ser a primeira

figura na capa a ser publicada pela pesquisadora.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

09 fev. 2017.

Page 26: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

26

A escolha dessa imagem que tem por base um quadro que a ONG ganhou de um

artista plástico local. As pessoas representam as pessoas que a organização ajudou e

ajuda em todos esses anos de serviços prestados à sociedade, o 8 é o logo do Centro da

Mulher 8 de Março que foi repaginado e as cores escolhidas para fornecer harmonia ao

desenho.

Figura 7 – A primeira publicação com conteúdo se deu em 10 de fevereiro

2017.

Fonte: Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

10 fev. 2017.

Foi decidido que a primeira publicação com conteúdo seria um gráfico

comparativo referente ao número de mulheres vítimas de homicídios na Paraíba entre

2015 e 2016, apresentando texto informativo sobre taxa de feminicídio no mundo de

acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A pesquisadora colheu as

informações por meio do banco de dados que o Centro dispõe para redigir o texto e

postar. Após traçar o que seria realizado, todas essas intenções foram mostradas de

antemão para a funcionária Isabella e a coordenadora Irene, a fim de que avaliassem e

dessem o aval para que fossem executadas as intervenções. Após a aprovação das

Page 27: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

27

mesmas, as modificações foram postas em prática. A primeira publicação contendo

informações realizada pela pesquisadora obteve um alcance de 531 pessoas. Significa

que o Facebook apresentou para os usuários da rede social a referida postagem.

Figura 8 – Campanha contra assédio no carnaval em que obteve um alcance de

64 pessoas.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

24 fev. 2017.

A Figura 8, acima mostra que existia um padrão para publicação que era colocar

telefones de disque-denúncia e as hashtags que na época eram utilizadas para divulgar a

campanha contra assédio que ocorreu no carnaval de 2017.

Em virtude das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, as divulgações

começaram no mês de fevereiro e foram até o dia 8 de março. Portanto, tudo que dizia

respeito aos eventos e a participação da ONG na organização era divulgado na página.

Não havia uma periodicidade de publicações, no entanto, a quantidade de postagens

diárias variava entre uma e três para não poluir o feed de quem seguia e curtia a página.

O critério era conforme a relevância das notícias, eventos e cursos a serem divulgados.

Todas as publicações relacionadas ao dia 8 de março continham imagens, textos

e hashtags de ONGS, associações e pessoas envolvidas no assunto com o propósito de

chamar a atenção dos seguidores e amigos dos citados, propiciando assim visibilidade

ao que estava sendo publicado e promovendo um engajamento.

Page 28: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

28

Figura 9 – Postagem relativa ao convite para participar da Greve Internacional

das Mulheres e foi uma das mais compartilhadas e com um alcance de 1049 pessoas.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

04 mar. 2017.

Em decorrência da manifestação que ocorreria no Dia Internacional da Mulher

as postagens que ocorreram neste período tinham padrão, foto e vídeos explicativos para

que as pessoas participassem do evento. Como é exemplificado na Figura 9. Na imagem

consta as @’s que eram importantes para atrair visibilidade para a página e tema visto

que a publicação apareceria nas páginas marcadas e as hashtags que também servem

para o Facebook identificar e divulgação a postagem. A prova de que o modo como foi

publicado gerou impacto é o alto alcance e compartilhamentos da postagem.

Figura 10 – Postagem convocando a participarem do Ato das Mulheres em João

Pessoa e suas reivindicações.

Page 29: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

29

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

07 mar. 2017.

Mais uma postagem relacionada ao Dia Internacional da Mulher e seu bom

alcance de 557 usuários.

Figura 11 – Postagem impulsionada relacionada à Greve Geral contra a

Reforma da Previdência e que foi a mais curtida e compartilhada.

Fonte:Fanpage institucional. Disponível em <https://www.facebook.com/cm8mar/> Acesso em

26 abr. 2017.

Em relação a essa publicação gerou mais curtidas e compartilhamentos, logo, o

engajamento foi mais efetivo. Essa arte também foi fabricada pelo designer gráfico a

pedido da pesquisadora. Ao fundo mãos levantadas simbolizando luta e reivindicação e

a cor escura em segundo plano para dar destaque a mensagem de convocação para a

manifestação e seu tema.

Page 30: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

30

3. ANÁLISE DE RESULTADOS

Para conhecer a história do Centro da Mulher 8 de Março e compreender o

funcionamento da comunicação digital da ONG, foram utilizados os seguintes recursos:

uma entrevista com a coordenadora geral e as funcionárias, visitas à sede da ONG e

participação em eventos com o objetivo de verificar o desempenho do processo de

organização, realização e divulgação através de sua rede social. A pesquisa gerou um

impacto positivo na organização ao demonstrar a necessidade de um especialista

trabalhando com a rede social de modo exclusivo e eficiente. A falta de verba e a

dificuldade em angariar fundos para efetuar a contratação, no entanto, influenciaram o

planejamento de comunicação nesse sentido. Demandas mais essenciais sob o ponto de

vista da instituição, como o déficit econômico institucional, foram priorizados.

Após realizar um estudo de caso sobre o uso da FanPage da ONG e constatar

que a página era mal administrada – por falta de tempo e orientações adequadas – foram

avaliadas possibilidades estratégicas para reativar a página através da geração de

engajamento. São elas: criação de conteúdo com maior potencial de compartilhamento,

comentários e curtidas, o que resultaria numa maior interação entre a organização e o

público-alvo. Vale registrar, especificamente, que a análise verificou problemas técnicos

de gerenciamento: as publicações eram efetuadas no perfil pessoal da coordenadora

geral do Centro da Mulher 8 de Março, sem nenhuma regularidade ou padrão nas

postagens, e ocorriam no perfil "porque achavam que era um meio mais fácil de agir".

A percepção da pesquisadora, ao longo da avaliação e durante os contatos

realizados com a ONG, é a de que os entrevistados demonstraram entusiasmo na

liberação de informações e enxergaram potencial na oportunidade de desenvolver uma

nova perspectiva de divulgação das ações realizadas pela organização. O trabalho de

manter fiel e participativo o seu seguidor atrairia discussões com temas importantes, que

envolvem os direitos das mulheres. Também foram identificadas, num nível menor,

algumas situações de resistência por parte da coordenadora quando alguma postagem

não a agradava. Na primeira vez que houve esta interferência, a postagem foi

modificada. Em outro caso, em que se solicitou a confecção de artes e um gif4 para uma

campanha em comemoração a 'Lei Maria da Penha', a interferência se sucedeu por causa

de uma falha de comunicação entre as colaboradoras e a coordenadora de como seria

4 Um tipo de arquivo produzido no computador que contém imagem estática ou em movimento.

Page 31: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

31

confeccionada a arte. As funcionárias passaram para a pesquisadora o briefing5 do que

era para ser feito, mas que poderia usar da criatividade, e não falaram a respeito do tipo

de cor que deveria ser aplicada. Com as artes já prontas, houve a necessidade de

modificação por conta da tonalidade da cor, a pedido da coordenadora.

A partir do que se verificou anteriormente, a respeito da inatividade da FanPage

pelos motivos já mencionados, a pesquisadora passou a investigar temas relevantes e

atuais que conversam com as causas defendidas pela instituição, a periodicidade em que

seriam realizadas as postagens, o discurso específico para cada público e o

monitoramento dos comentários e mensagens. Considerando que violência contra

mulher e adolescentes, eventos, palestras e direitos femininos são temas sensíveis e que

causam resistência do público para geração de engajamento, foi estabelecido que as

postagens seriam focadas mais em imagens com pequenos textos e matérias com seus

respectivos links. Textos introdutórios curtos, com hashtags e @’s de perfis e FanPages

que sejam relacionados com os assuntos publicados, se encaixam no formato ideal para

ativação, nessa fase, pela facilidade de compartilhamento e potencial de viralização.

As instituições que compõem o Terceiro Setor, com o passar dos anos, passaram

a compreender a importância de um profissional de Relações Públicas para realizar a

comunicação digital para diversos fins em prol do trabalho exercido. Cada vez mais a

comunicação por meio de rede social ganha espaço e relevância no cenário político,

institucional, econômico e social, pelo alcance que esse tipo de comunicação possui na

contemporaneidade. A ausência de um especialista se deve muito a coordenação política

da ONG e de verba para investir na contratação do profissional.

5 Um documento com informações sobre determinado projeto a ser realizado.

Page 32: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

32

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência conjunta vivenciada pelo Centro da Mulher 8 de Março e

pesquisadora foi engrandecedora devido a troca de conhecimento entre as envolvidas. A

ONG dispõe de um vasto know-how6 no campo social, especificamente na defesa da

mulher, criança e adolescente. Na parte que compete à pesquisadora, agregou-se a teoria

acadêmica da área de Relações Públicas, onde o foco era difundir por meio da internet o

trabalho exercido pela entidade, e com isso aumentar a visibilidade e aprimorar a

comunicação digital e institucional da organização.

O resultado da observação e do comportamento da organização foram

extremamente satisfatórios. Houve aprendizado de ambos os lados. Apesar de haver

escassez financeira, sugerimos algumas estratégias para que a organização pudesse

executar, por exemplo, quando for possível, o impulsionamento de página, o

monitoramento do engajamento, a marcação de perfis que tenham relação com o tema

publicado (a fim de alcançar maior número de usuários e despertar interesse crescente) e

geração de “curtidas”, a manutenção do padrão das postagens, a divulgação de seus

eventos e o registro das palestras educativas nas escolas estaduais, que são fruto de um

projeto com o Governo Estadual.

Por fim, ainda quero assinalar a importância desta experiência em minha vida,

que foi engrandecedora. Poder partilhar e aprender com o movimento feminista,

constatar que mesmo diante de tantas dificuldades as lutas em defesa das mulheres,

crianças e adolescentes continua. Poder colocar em prática o que aprendi em sala de

aula com meus professores ao longo do curso de graduação de Relações Públicas e

perceber o quão é necessário e gratificante o exercício da profissão no ambiente

organizacional e digital. Levo para meu dia a dia o que aprendi ao longo da experiência

e consegui exercer o meu papel como cidadã consciente na busca de uma sociedade

mais justa, respeitosa e igualitária.

6 Refere-se ao conjunto de conhecimentos técnicos e práticos referentes à determinada atividade.

Page 33: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

33

Figura 12 – Postagem na página pessoal da autora.

Postagem relativa à manifestação que houve no Dia Internacional da Mulher, no

Centro, na cidade de João Pessoa.

Page 34: UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E …...comunicação e seus públicos para elaboração de ações na comunicação. À frente destas exemplificações conclui que a pesquisa

34

REFERÊNCIAS

CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e

sociedade. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003.

FARIAS, Luiz Alberto de (Org.). Relações Públicas Estratégicas: técnicas, conceitos e

instrumentos. São Paulo: Summus, 2011.

KUNSCH, Margarida M. Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação

Integrada. São Paulo: Summus, 2003.

MARCH, J; SIMON, H. Teoria das Organizações. RJ: Fund. Getúlio Vargas, 1972.

OLIVEIRA, M. S. de. A Ética no Terceiro Setor eo Novo Liberalismo. Joinville: Clube de

Autores, 2007.

OLIVEIRA, Aline Augusta de. Relações Públicas no Brasil: a teorização das práticas. Revista

Anagrama, São Paulo, ano 1, ed. 3, 2008. Disponível em:

<http://www.usp.br/anagrama/Oliveira_Relacoespublicas.pdf. > Acesso em 09 mar. 2018.

PERUZZO, Cicilia M. K. Relações públicas: movimentos populares e transformação social.

Revista Brasileira de Comunicação, São Paulo, v. 16, n. 2, 1993. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/peruzzo-cicilia-relacoes-publicas.pdf. > Acesso em 09 mar. 2018.

PINHO, J.B. Relações Públicas na Internet: Técnicas e estratégias para informar e

influenciar públicos de interesse. São Paulo: Summus, 2002.

PINHO, Afonso Júlio. História das Relações Públicas: fragmentos da memória de uma

área. Cláudia Peixoto de Moura (Org.). Porto Alegre: ed. ediPUCRS, 2008. Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/historiarp.pdf. > Acesso em 09 mar. 2018.

RIBEIRO, Luana Guimaraens; SANTOS, Michele Bianchini dos. Teoria das Mediações flexionada por Grunig na Teoria da Excelência. In. Congresso de Ciências da Comunicação,

23, Caxias do Sul, 09.2010. Disponível em:

<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2010/resumos/R5-3003-1.pdf> Acesso em

12mar. 2018.

SIMÕES, R. P. Relações Públicas: função política. São Paulo: Summus, 1995.

TORQUATO, F. G. do Rego. Comunicação Empresarial/Comunicação Institucional:

conceitos, estratégias, sistemas, estrutura, planejamento e técnicas. São Paulo: Summus, 1986.

TORQUATO, G.. Tratado de Comunicação Organizacional e Política. S.Paulo: Cencage Learning, 2002.

Sites:

Conheça as redes sociais mais usadas no Brasil e no mundo em 2018.15.02.2019. Disponível

em: <https://www.techtudo.com.br/noticias/2019/02/conheca-as-redes-sociais-mais-usadas-no-

brasil-e-no-mundo-em-2018.ghtml> Acesso em 12 mar. 2019.