twiki - cooperativismo da informaÇÃo: um caso unibanco
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Monografias do Curso de Pos-graduacao em Administracao de Redes Linux - ARL - UflaTRANSCRIPT
LUCIANO PRADO REIS NASCIMENTO
TWIKI - COOPERATIVISMO DA INFORMAÇÃO: UM CASO
UNIBANCO
Monografia apresentada ao curso deAdministração em Redes Linux (ARL) daUniversidade Federal de Lavras como parte dasexigências da disciplina Monografia para aobtenção do título de Especialista emAdministração em Redes Linux.
OrientadoraProf. Msc. Kátia Cilene Amaral Uchôa
Lavras
Minas Gerais - Brasil
2005
LUCIANO PRADO REIS NASCIMENTO
TWIKI - COOPERATIVISMO DA INFORMAÇÃO: UM CASO
UNIBANCO
Monografia apresentada ao curso deAdministração em Redes Linux (ARL) daUniversidade Federal de Lavras como parte dasexigências da disciplina Monografia para aobtenção do título de Especialista emAdministração em Redes Linux.
Aprovada em 16 de abril de 2005.
__________________________________Prof. Msc. Olinda Nogueira Paes
__________________________________Prof. Msc. Prof. José Monserrat Neto
___________________________________Prof. Msc Kátia Cilene Amaral Uchoa
(Orientadora)
Lavras
Minas Gerais - Brasil
2005
SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................................1
2. Cooperativismo da informação.................................................3
2.1 Inteligência coletiva..........................................................3
2.2 Cooperativismo.................................................................5
3. Wiki ...........................................................................................9
3.1. História.............................................................................9
3.2. Cultura Wiki....................................................................11
3.3. Crescimento Wiki............................................................12
3.4. Twiki.................................................................................14
3.4.1. Características.......................................................14
3.4.2. Histórias de sucesso...............................................19
4. Projeto TWiki-Unibanco............................................................22
4.1. Apresentação e Contextualização: Unibanco............... 22
4.2. Desafio: Gerenciamento de Informação
no Command Center.......................................................23
4.3. Alternativas para o gerenciamento da informação..... 25
4.3.1. Escolha da ferramenta para o projeto................ 27
4.4. Implantação do TWiki no Unibanco.............................28
4.5. Cultura Corporativa.......................................................29
4.6. Motivar o uso da ferramenta.........................................31
4.7. Crescimento da utilização da ferramenta Twiki..........32
4.8. Sucesso do projeto...........................................................33
5. Conclusões...................................................................................35
6. Referências bibliográficas..........................................................37
LISTA DE FIGURAS
3.1 Página inicial TWiki Unibanco............................................14
3.2 Tabela das webs do TWiki.....................................................15
LISTA DE TABELAS
3.1 Comandos para formatação de texto no TWiki................. 14
3.2 Uso das WikiWords e criação de Links...............................15
Agradecimentos
Aos meus pais, Maria Prado e Durval Porto,que mesmo distantes estão sempre apoiando minhas iniciativas;À minha noiva Tamara, por toda ajuda e paciência do mundo;À Prof. Msc. Kátia Cilene, pela esplêndida orientação;Aos amigos de longa data;E a todos que colaboraram de alguma forma para esteprojeto, em especial ao Coordenador e idealizador do projetono Unibanco, Carlos Dudorenko.
Muito obrigado!
1. Introdução
O trabalho é referente à importância do contexto colaborativo para o
gerenciamento da informação. Neste sentido, são abordados conceitos
relacionados ao cooperativismo, ciberespaço e ferramentas para
colaboração, exemplificando, através de um estudo de caso, a
implantação e uso da colaboração em um ambiente corporativo.
O estudo objetiva o entendimento geral e a divulgação das
possibilidades do uso colaborativo do conhecimento, com ênfase na
colaboração eletrônica e gerenciamento do conhecimento, sem, no
entanto, aprofundamento específico em determinadas ferramentas
colaborativas.
O exemplo apresentado no trabalho descreve a implantação do projeto
colaborativo no Unibanco S.A.1, e foi escolhido em virtude da
participação efetiva do autor deste trabalho no projeto como gestor do
projeto.
O trabalho está dividido em três partes, a primeira parte correspondente
ao Capítulo 2 apresenta a inteligência coletiva, segundo os conceitos de
Pierre Levy; descreve ciberespaço e a nova velocidade da informação,
conta brevemente a história do cooperativismo, definindo os termos
colaboração e cooperação, posicionando a internet e o surgimento das
ferramentas Wiki neste contexto.
O Capitulo 3 compõe a segunda parte do trabalho, mostra a história das
ferramentas Wiki, descreve a cultura da ferramenta e apresenta com
mais detalhes a ferramenta utilizada no projeto do Unibanco.1 http://www.unibanco.com
1
A terceira parte do trabalho, Capítulo 4, mostra o estudo de caso
propriamente. dito Apresenta o Unibanco e descreve o projeto desde o
surgimento da necessidade, as alternativas levantadas, as pesquisas e
descoberta das ferramentas Wiki, justifica a escolha da ferramenta, as
resistências encontradas, as mudanças de cultura ocorridas e o sucesso
do projeto.
2
2. Cooperativismo da informação
2.1. Inteligência coletiva
[Levy (2003)] define inteligência coletiva como “a inteligência
distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em
tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”.
Este conceito se completa destacando-se como base e objetivo da
inteligência coletiva o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das
pessoas.
A inteligência é distribuída e os novos meios de comunicação permitem
e facilitam o compartilhar das informações e a multiplicação da
inteligência. As vias e o universo onde o trânsito da informação e
conhecimento acontece formam o Ciberespaço. De [Priberan (2005)]:
Ciberespaço: s. m., Inform., neol., ambiente virtual
criado pela rede global de sistemas informáticos
(nomeadamente a Internet) e pelo sistema de
organização e acesso à enorme quantidade de
informação armazenada em computadores.
A definição simples e direta de forma léxica do ciberespaço, talvez seja
esclarecedora, mas não abrangente. Há muitos conceitos do ciberespaço,
o próprio ciberespaço é a maior fonte de seus conceitos.
O termo "ciberespaço" (uma mistura de cibernética e espaço) foi
inventado por William Gibson, autor canadense de ficção científica, em
1982 na sua história "Burning Chrome" na revista Omni e foi
3
subsequentemente popularizado na sua novela Neuromancer [Nunes
(2004)].
O ciberespaço pode ser entendido como a virtualidade do uso dos meios
de comunicação modernos, onde o posicionamento geográfico, contexto
social e até mesmo a definição de tempo ganham novas concepções. As
informações são trocadas de formas variadas, sem preocupações
relacionadas a barreiras físicas, sócio-conceituais e até mesmo barreiras
de tempo (mensagens síncronas e assíncronas). [Stinghen (2001)]
A velocidade da mídia eletrônica altera os conceitos e introduz uma
nova forma de tempo e espaço. O ciberespaço se explica através do
deslocamento das relações sociais, contextos locais de interação e as
extensões indefinidas de tempo-espaço, promovido pela telemática.
Pierre Lévy [Levy (2003)] especula em torno da possibilidade da
criação, em função das novas tecnologias e, principalmente, do
ciberespaço, de uma nova forma de espaço Antropológico. Por Espaço
antropológico Lévy entende um sistema de proximidade (espaço)
próprio do mundo humano (antropológico) e, portanto, dependente da
linguagem, da cultura, de significações, das convenções e das emoções
humanas.
A semente da inteligência coletiva encontra no ciberespaço a
oportunidade e a via para a disseminação do conhecimento. Ainda
compõe esta oportunidade, a velocidade de evolução dos saberes, a
massa de pessoas convocadas a aprender e produzir novos
conhecimentos e o surgimento de novas ferramentas.
4
2.2. Cooperativismo
A história do Cooperativismo tem seu início por volta de 1844 na cidade
de Rochdale na Inglaterra, quando um grupo de tecelões, acreditando
que a união dos esforços e objetivos afins era o melhor caminho para o
sucesso na realização dos projetos, criou a primeira cooperativa da qual
se tem conhecimento [Cooperplan (2004)].
A partir daí, surgia um novo modo de organização sócio-produtiva
caracterizado pela união de pessoas voltadas para um objetivo comum,
baseado na realização coletiva de alguma atividade, organizado em
bases democráticas e apoiado na ajuda mútua para atender,
solidariamente, às necessidades de todos.
Piaget acrescenta que a cooperação é fator fundamental no
desenvolvimento humano [Ambientes (2003)] lembrando também que a
cooperação favorece o equilíbrio nas trocas sociais. Segundo Piaget, "o
ser social de mais alto nível é aquele que consegue relacionar-se com
seus semelhantes de forma equilibrada" [Cognitivas (2004)].
De forma geral, a cooperação parte do princípio que dois ou mais
indivíduos, trabalhando conjuntamente, possam chegar a uma situação
de equilíbrio, em que as idéias possam ser trocadas, distribuídas entre os
participantes do grupo, gerando assim, novas idéias, novos
conhecimentos, frutos do trabalho coletivo.
Neste contexto, cabe destacar o significado dos termos cooperativismo e
colaborativismo, conforme a concepção de [Barros (1994)]:
“Colaborar é contribuir, enquanto cooperar é um
5
trabalho coletivo, com objetivo comum que está além da
colaboração. Estão envolvidos vários processos, como
comunicação, negociação, co-realização,
compartilhamento, fazer juntos ou em conjunto. A
concepção de cooperação é mais complexa, pois nela se
encontra inclusa a colaboração”.
Já no ponto de vista de [Sloczinski (2003)] a colaboração é definida:
“A cooperação exige, além da colaboração, que se
trabalhe em conjunto, que o fruto das interações resulte
em um trabalho coletivo, em que os envolvidos troquem
idéias, negociem, compartilhem da mesma proposta e
busquem atingir os objetivos que sejam comuns a todos”.
Observa-se que os autores citados, e outros inclusive, mantém a
distinção entre os termos colaborar e cooperar. Porém, esses termos
quando analisados com mais profundidade apresentam singularidades.
Levando isto em consideração, ambos os termos são utilizadas neste
trabalho como sinônimos, uma vez que, apresentam significados
próximos e complementares e que podem melhor representar a produção
coletiva que é abordada no presente trabalho.
Nesse sentido, cabe destacar que o trabalho cooperativo tem como
principal atitude do indivíduo sua participação ativa e a interação no
grupo. O conhecimento é visto como uma construção social cujo
processo de produção é propiciado pela interação e a colaboração.
Pretende-se que este processo colaborativo seja rico em possibilidades e
estimulem o crescimento do trabalho em grupo com ampla
interdependência entre os indivíduos.
6
Com o advento da internet1, a informação ganha um novo veículo, tudo
acontece mais rápido, uma idéia é criada e em seguida alterada por
outra. A simbiose da informação com os novos meios de comunicação
conta com ingredientes como praticidade, velocidade, criatividade,
quantidade e qualidade.
O papel da colaboração na Internet não é somente reunir textos, mas
também unir idéias, posições, opiniões dos grupos, favorecendo o
trabalho colaborativo. O conhecimento deve crescer qualitativamente
com as trocas, deve categorizar e perceber o mundo, para criar
significado e entendimento próprio. A rede do hipertexto oferece a
oportunidade para repensar a visão de conhecimento colaborativo.
Desta forma, a informação colaborativa tem um valor especial. A
cooperação é capaz de produzir maior quantidade de informação de
qualidade, ocorre uma espécie de lapidação do objeto. Em um ambiente
colaborativo a informação é submetida a processos de refino e revisão,
e, sob as ações participativas dos colaboradores o produto esperado
aumenta suas chances de sucesso.
Neste contexto, nascem na internet ferramentas de auxílio à
colaboração, trazendo consigo simplicidade, rapidez e eficiência,
características que favorecem sua popularização. O conceito Wiki, um
dos mais populares para a criação coletiva de conteúdo, se espalhou
incontrolavelmente pela Internet e gerou projetos de grande destaque e
valor. Uma busca no Google2, por exemplo, com o termo Wiki, retorna
1A palavra internet é grafada em minúsculo por ser considerada um meio decomunicação com popularidade semelhante ao rádio e a televisão.
2 Portal de busca de informação na web, url: http://www.google.com
7
pelo menos 21.700.0003 páginas relacionadas. A maioria destas páginas
aponta para projetos que, a partir dos conceitos básicos de um Wiki,
oferecem novas funcionalidades e recursos que contribuem para a
criação de conteúdo de forma colaborativa, rápida e simples.
3 Consulta realizada em Abril de 2005.
8
3. Wiki
3.1. História
O primeiro Wiki foi criado na Portland Pattern Repository1 em 1995 por
Ward Cunningham. A ferramenta Wiki veio a público em 1 de maio de
1995. depois de pouco mais de dois meses de trabalho, foi criado um
repositório que abrigava estudos em Padrões de Projetos [Projeto SL
(2005)]. Essa ferramenta recebeu várias funcionalidades tempos depois
e está ativa até hoje. Em pouco tempo esse repositório tornou-se
bastante popular e o mesmo ambiente passou abrigar outros projetos.
Foi o próprio criador, Ward Cunningham, quem usou a palavra Wiki-
Wiki para nomear esse tipo de ferramenta e definir o seu conceito.
O termo Wiki originou-se da palavra "WikiWiki", que significa "rápido"
em havaiano Wiki é basicamente uma ferramenta de gerência e
desenvolvimento colaborativo de conteúdo [Wikipedia (2005)],
conceitualmente não remete à rapidez. Entretanto, o uso da ferramenta
mostrou que seu criador Ward Cunningham [Cunningham (1995)] foi
feliz em sua escolha, pois a colaboração torna qualquer trabalho mais
rápido e ajuda bastante o amadurecimento de conteúdo.
1A Portland Pattern Repository é uma empresa especializada em consultoria emprogramação orientada a objeto, url: http://www.c2.com/
9
Vários clones Wiki foram criados com o tempo, PHPWiki2, TikiWiki4,
WikiWiki5 e em 1997, surge o JosWiki6 que serve como base para o
desenvolvimento em 1998 do TWiki7 por Peter Thoeny.
3.2. Cultura Wiki
Em paralelo à criação da ferrementa Wiki, nasce a Cultura Wiki, uma
filosofia de quem usa e vive o mundo Wiki. Essa cultura significa mais
que desenvolver conteúdos, significa colaborar, somar, ajudar.
Para entrar na Cultura Wiki é preciso estar disposto a participar de
grupos de trabalho cooperativos, trabalhar em conteúdos pré-existentes,
completar conteúdos alheios e não se importar em ver o seu conteúdo
modificado por outrem. Por fim, na Cultura Wiki a autoria é um bem
comum a todos os seus participantes.
O conhecimento formado nesta cooperação é crescente, a evolução da
qualidade do conteúdo é estimulada e cada acréscimo é incentivado.
Desta forma, a informação não para, o conhecimento é vivo, links são
criados e novos caminhos informativos aparecem. O hipertexto é a
estrutura deste processo, a informação ganha movimento, co-autoria e
dinamismo. Cabe destacar que por hipertexto deve ser compreendido,
segundo a definição de [Levy (1993)]:
2http://phpwiki.sourceforge.net/phpwiki/4 http://tikiwiki.org/5 http://c2.com/cgi/wiki?WikiWikiWeb6 http://jos.sourceforge.net/7 http://twiki.org
10
"Conjunto de nós por conexões, os nós podem ser
palavras, páginas, imagens, gráficos, ou parte de
gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que
eles mesmos podem ser hipertextos, navegar em um
hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em
uma rede que pode ser tão complicada quanto possível,
porque cada nó pode por sua vez, conter uma rede
inteira."
A Cultura Wiki, possui características que beneficiam o crescimento da
informação em quantidade e qualidade, alem de alimentar a filosofia da
liberdade e participação coletiva, entre essas características pode-se citar
[Cultura Wiki (2005)]:
• Qualquer e toda informação pode ser alterada por qualquer
participante da comunidade. Informações Wiki não representam
mais do que discussão.
• Qualquer um pode jogar. Isso pode soar arriscado ou
comprometedor certamente Wiki é atingido por mensagens sujas
tanto quanto qualquer outro site. Mas para causar algum tipo de
impacto no Wiki você precisa estar apto a gerar conteúdo. Deste
modo, qualquer um pode jogar, mas somente os bons jogadores tem
vontade de continuar jogando [Cultura Wiki (2005)].
• Wiki está distante do tempo real. As pessoas têm tempo para pensar,
com freqüência dias ou semanas, antes de criarem uma informação
Wiki. Assim, o que as pessoas escrevem é levado em consideração.
11
A cultura wiki significa colaborar, somar, participar e isso significa
crescimento, desenvolvimento. Na cultura wiki, líderes devem ser
discretos, permitindo a evolução natural do conteúdo.
Como observado, as características do Wiki são embasadas na
versatilidade de suas ferramentas e na liberdade de expressão conferida
aos colaboradores. A proximidade destas características com a internet
apóia e facilita o entendimento da cultura.
3.3. Crescimento Wiki
Dentre os projetos Wiki, o que mais se destaca é o WikiPedia8. Este
projeto nasceu em 2001, com o objetivo de criar uma enciclopédia livre,
completa e precisa. Atualmente conta com mais de 170.000 verbetes
publicados.
Na Wikipédia, os artigos são escritos de forma colaborativa. Vários
autores podem trabalhar em conjunto editando sucessivamente a mesma
página. Um colaborador pode escrever artigos, corrigir artigos e erros
ortográficos, participar esporadicamente, produzir software, traduzir,
divulgar ou participar nas discussões sobre o projeto.
Considerando que qualquer pessoa pode cadastrar-se no sistema e
contribuir com informações, é difícil acreditar na manutenção da
qualidade da informação, entretanto, o projeto tem provado a cada dia
que a missão é possível e a qualidade é mantida. Os criadores da
Wikipedia tomaram como ideal básico o princípio de que a própria
8 A enciclopédia livre, que pode ser acompanhada em http://www.wikipedia.org
12
comunidade é capaz de fiscalizar o seu conteúdo, eliminando as
imperfeições ao longo do tempo [Wikipedia (2005)].
O crescimento dos portais Wiki talvez seja explicado pela facilidade de
geração de conteúdo, para criar páginas não é preciso conhecer a
linguagem HTML. As marcações básicas, como itens numerados,
parágrafos, títulos, itálico, negrito, são de fácil utilização, uma vez que
estão representadas de forma simplificada.
Outra grande facilidade é a forma como as informações podem ser
alteradas. Links para edição de conteúdo estão disponíveis, geralmente
situados no rodapé da página, e permitem que as alterações sejam feitas
e registradas. Ainda existem controles de versões e geração de
estatísticas, oferecendo liberdade de edição e ao mesmo tempo controle
sobre o processo.
A utilização das ferramentas Wiki não se limita a projetos grandiosos,
quaisquer projetos em que a interação entre conhecimentos e o
conhecimento coletivo sejam necessários, podem utilizar os recursos e a
filosofia Wiki.
13
3.4. TWiki
3.4.1. Características
Com essa filosofia desbravadora, era natural que o Wiki florescesse e
gerasse frutos, atualmente estão disponíveis na internet cerca de 50
ferramentas desenvolvidas ou baseadas no software original. Com
interfaces diversas, aplicações distintas e fidelidade ao conceito
cooperativo seguem multiplicando-se.
Neste contexto, esse trabalho destaca o TWiki9, uma ferramenta que trás
todas as características supra destacadas de um Wiki e é objeto de um
projeto virtuoso de gerenciamento e distribuição de informação,
implantado no Unibanco S/A10 em 2003 no centro de operações
mainframe.
Figura 3.1 – Página inicial TWiki Unibanco
9 Pronuncia-se tuiqui, url: http://twiki.org10 União dos bancos Brasileiros S.A, url:http://www.unibanco.com
14
TWiki é uma abreviatura de TakeFive Wiki que é o nome da companhia
onde seu fundador trabalhou. O TWiki é dividido em áreas, também
chamadas de webs. Cada web representa uma região de colaboração
sobre algum assunto principal, os temas ou páginas são chamados de
tópicos e formam o contexto colaborativo.
Figura 3.2 – Tabela de webs TWiki.
Para iniciar a colaboração no TWiki é necessário que o colaborador seja
registrado, isto é feito intuitivamente através da web TWiki, no tópico
“Usuários”. Para um primeiro contato, a ferramenta possui uma área
exclusivamente destinada a testes, onde o colaborador pode incluir,
modificar e familiarizar-se com a ferramenta.
O colaborador encontra no TWiki as facilidades do hipertexto mesmo
não estando habituado com linguagens de programação web. Ao usuário
15
basta criar e inserir textos. Mesmo a formatação de textos é simplória no
uso, com o auxílio de caracteres especiais, como “*” ou “-”, é possível
diferenciar fontes e estilos. Caso seja necessário o TWiki é bem
documentado e recheado de tópicos onde os colaboradores podem
encontrar ajuda para dúvidas específicas.
Tabela 3.1 – Comandos para formatação de textoFormatação Entrada Saída
Parágrafos: Linhas em branco criarãonovos parágrafos.
1° parágrafo2° parágrafo
1° parágrafo 2° parágrafo
Texto em Negrito: Palavras ficam negritadasquando colocadas entreasteriscos.
*Negrito* Negrito
Texto em Itálico: Palavras ficam em itálicoquando colocadas entre _underscores.
_Itálico_ Itálico
Modo Verbatim: Circunde trechos de códigoe outros textos formatadoscom <verbatim> e</verbatim>.
<verbatim> void teste(){ <codigo> }</verbatim>
void teste(){ <codigo> }
Listar Itens: Três espaços e umasterisco.
* marcador• marcado
r
Os links são criados de forma automática através de palavras-chave,
chamadas de WikiWord. Os tópicos recebem uma WikiWord como título
e, quando uma WikiWord é utilizada é criado um link para o tópico
correspondente, a informação se expande em forma de hipertexto.
16
Tabela 3.2 – Uso das WikiWords e criação de linksFormatação Entrada Saída
WikiWord Links: Letras Maiúsculas Juntasformarão um linkautomaticamente.
WebNotify WebNotify
Links Forçados: Para forçar a criação delinks internos colocandopalavras entre colchetesduplos.
[[wiki syntax]] wiki syntax
Links Específicos: Especifique o texto dolink e a referância ao linkseparadamente, usandocolchetes aninhados
[[WikiSyntax][syntax]][[http://gnu.org][GNU]]
syntax GNU
Prevenindo um Link: Utilize o precedente<nop>.
<nop>SunOS SunOS
A ferramenta preocupa-se com a integridade da informação. Se um
tópico é requerido para edição, ele permanece bloqueado e as tentativas
de edição são recepcionadas por uma página de aviso, o usuário pode
verificar qual colaborador esta editando o tópico em questão. Também é
possível ao colaborador anexar arquivos aos tópicos, inclusive
enriquecendo as páginas com figuras e ilustrações.
Todas as modificações possuem controle de versão, pode-se saber quem
mudou, o que mudou e quando ocorreu a mudança. Opcionalmente, os
colaboradores podem ser notificados por e-mail a cada nova versão de
determinado tópico, o TWiki denomina este recurso de WebNotify.
17
O TWiki possui ferramenta nativa de busca com mecanismos similares
aos dos sites de busca da Internet. Os resultados das pesquisas podem
ser organizados por importância, data, colaborador do projeto.
Embora a cultura Wiki, vista anteriormente, reforce a idéia da liberação
das informações e da coletividade criativa, o TWiki permite a criação de
grupos e definições de permissão para tópicos e webs. Com isto, é
possível definir qual usuário pode ler e alterar cada tópico do projeto.
Todas as alterações e novas contribuições são contabilizadas e as
estatísticas geradas são disponibilizadas em cada web. É possível saber
desde o tópico mais popular até o colaborador mais ativo.
É possível adequar a interface da ferramenta, pode-se personalizar
utilizando skins 11 já disponíveis na Internet ou desenvolvendo uma
nova skin para a ferramenta. Estão disponíveis na internet para
donwload, recursos opcionais mais avançados como “plugins”, gráficos,
calendários, agendas. Além disso, o desenvolvimento de plugins é
aberto à colaboração, pode-se desenvolver plugins para necessidades
recentes e específicas, dessa forma a ferramenta cresce a cada dia.
Com uma comunidade participativa, a ferramenta ganha força, e nesta
mesma comunidade é possível obter suporte à implantação ou
melhoramento da ferramenta, seguindo a filosofia e o desenvolvimento
do software livre.
A bandeira da liberdade também acompanha o ideal TWiki e, assim
como a maioria significativa dos clones Wiki, o TWiki é disponibilizado11 Skins: peles; aparência aplicável à ferramenta sem, no entanto, influenciar ofuncionamento da aplicação.
18
aos interessados juntamente com os direitos de execução, estudo,
modificação e repasse. A liberdade para utilizar o TWiki por pessoas
físicas ou jurídicas, quaisquer sistemas computacionais e para qualquer
trabalho ou atividade, sem que seja necessária a comunicação aos
desenvolvedores. Essas permissões possibilitadas aos usuários TWiki
estão asseguradas na licença GPL12 adotada pelo produto.
Softwares Livres distribuídos sob uma licença como a GPL seguem uma
forma de proteção de direitos de autor que tem como objetivo prevenir
que sejam colocadas barreiras à utilização, difusão e modificação de
uma obra. Este conceito é conhecido como Copyleft13. Um software
Copyleft deverá, se distribuído, ser distribuído também sob a mesma
licença, ou seja, repassando os direitos.
3.4.2. Histórias de sucesso
O site oficial da ferramenta TWiki apresenta vários casos de sucesso no
uso de TWiki na seção intitulada “histórias de sucesso” [Sucesso
(2002)]. É possível perceber nos tópicos que o TWiki ganha a cada dia
as intranets das mais distintas empresas e com responsabilidades
12 GNU GPL (GNU General Public License) em:http://www.gnu.org/Copyleft/gpl.html , maiores detalhes na seção X.X destetrabalho.13 Copyleft é um trocadilho para "copyright". Traduzindo literalmente,"Copyleft" significa "deixar cópiar".
19
diversas sempre baseadas na colaboração e distribuição do
conhecimento.
As “histórias de sucesso” apresentadas no site mostram que a
implantação dos projetos começa discretamente por um ou outro
departamento da empresa e sofre com uma timidez inicial que perde
espaço com o tempo para a eficiência e amistosidade demonstradas pela
ferramenta. Aos poucos, os projetos ganham força e confiança e
resistem às dificuldades. Ainda assim, são várias as barreiras
encontradas entre elas a substituição de aplicativos, implantação de
novidades e a mudança de cultura que, naturalmente, encontram
objeções por alguns membros desses projetos.
Ampliando-se a utilização, diversificando as responsabilidades da
ferramenta e facilitando a formação da base de conhecimento, o TWiki
passa a fazer sua história dentro das empresas, com mudança de
paradigmas e novos desafios.
Algumas das histórias apresentadas já apresentam sucesso como a
história de sucesso na SAP, que descreve a evolução do projeto dentro
da empresa. Esse sucesso pode ser percebido por duas frases [Sucesso
SAP (2003)]: “No - TWiki is not used at whole SAP... unfortunately
not...” e “YES - TWiki at SAP is now used in all of SAP's development
departments” (“Não – TWiki não é usado em toda SAP…infelizmente
não...” e “SIM – TWiki na SAP é, agora, utilizado em todos os
Departamentos de desenvolvimento da SAP”).
As outras histórias de sucesso do uso da ferramenta TWiki, descritas,
como Disney, Motorola, British Telecommunications, são projetos
20
TWiki onde a informação cresce a cada dia e a colaboração surpreende,
fazendo com que todas caminhem para seus sucessos.
21
4 Projeto TWiki-Unibanco
4.1. Apresentação e Contextualização: Unibanco
O Unibanco1 é o mais antigo e o terceiro maior entre os grupos
financeiros privados de capital nacional, tendo sido fundado em 1924.
Oferece uma ampla gama de produtos e serviços financeiros para uma
diversificada base de clientes pessoa física e jurídica, de todos os
segmentos de renda. Com negócios que compreendem os segmentos de
Varejo, Atacado, Seguros e Previdência e Gestão de Patrimônios, o
Unibanco possui uma sólida posição de mercado em praticamente todas
as áreas em que atua.
Os clientes do Unibanco, bem como de suas associadas Fininvest,
LuizaCred, PontoCred e Tecban (Banco 24 Horas), contam com mais de
16.000 pontos de atendimento. Contam também com 7.455 ATM
(equipamentos para auto atendimento) e toda a família de produtos e
serviços 30 Horas, incluindo o serviço telefônico e o Internet Banking.
A estrutura de negócios de um banco possui dependência eletrônica e
tecnológica, com isto as organizações bancárias devem demonstrar
controles crescentes em gerenciamento da informação.
Em tempos de governança de tecnologia da informação, o
gerenciamento estratégico através da implantação e estruturação de um
ponto focal para gerenciamento de sistemas, redes e negócios, surge
como um ícone fundamental. Através dele, a empresa tem uma ampla
1 http://www.unibanco.com
22
visão dos seus serviços, podendo detectar problemas antes mesmo da
ocorrência.
O Unibanco possui uma área para atendimento emergencial a problemas
relativos ao ambiente mainframe, um ponto focal para identificação dos
problemas. Com uma equipe capacitada e generalista, o Command
Center, como é chamado, tem em sua rotina a monitoração e intervenção
nos problemas do processamento on-line do banco. Faz parte da rotina,
ainda, a execução operacional de processos para manutenção do
ambiente. Formam a equipe do Command Center cerca de 15 pessoas.
A rápida e correta atuação do Command Center é fator fundamental para
a manutenção da disponibilidade dos serviços do banco, disponibilidade
essa que é medida também pelo nível da qualidade dos serviços da
equipe.
Os problemas têm seu prazo de solução mensurado em minutos. A
atuação individual ocorre com freqüencia por conta do paralelismo e
quantidade das ocorrências.
Partições mainframe, interfaces com baixa plataforma, gerenciadores de
transações, banco de dados, sistemas e canais de comunicação fazem
parte da estrutura de processamento do Unibanco. A complexidade do
gerenciamento desta estrutura cria a necessidade de precisão das
informações, rapidez, integração e, principalmente, da facilidade no
acesso às informações.
23
4.2. Desafio: Gerenciamento de Informação no Command Center
A complexidade e a diversidade de informações atrapalhavam a atuação
da equipe do Command Center, que embora capacitada, apresentava
heterogeneidade em seus conhecimentos.
Equalizar o conhecimento, distribuir e organizar as informações era
necessário para a sustentação do nível de serviço requerido, em face ao
aumento dos serviços oferecidos pelo banco, e conseqüente crescimento
das atividades diárias do Command Center.
O conhecimento era armazenado em arquivos locais, recortes de
documentação e, essencialmente, notava-se que não havia
compartilhamento da informação entre os membros da equipe.
A equipe sofria com a desatualizaçao e desorganização das informações.
A dificuldade de encontrar determinada informação, por vezes, inibia
sua utilização.
O problema prioritário era a organização das informações de forma
funcional e segura. Entretanto, a extração do conhecimento individual
caracterizava-se como o problema desafiador.
Em Junho de 2004, percebeu-se a necessidade de processos ou
mecanismos de distribuição da informação, antes individualizada.
Intuía-se que a distribuição correta e o incentivo de seu uso aumentariam
os acertos das intervenções técnicas, padronizando a execução
operacional com ações baseadas em instruções certificadas e
atualizadas.
A distribuição da informação não poderia ocorrer sem a preocupação
com a segurança, as informações tratadas pela equipe do Command
24
Center do Unibanco são seriamente classificadas como restritas e
confidenciais. Informações de performance, processamento, planos
contingenciais e topologias estruturais recebem esta classificação e
deveriam ser distribuídas corretamente apenas às pessoas autorizadas.
Tornou-se necessário, também, controlar a distribuição das
informações.
4.3. Alternativas para o gerenciamento da informação
Os desafios referentes ao gerenciamento da informação ainda não
estavam bem definidos, mas já era possível pensar em alternativas. Foi
decidido que o envolvimento da equipe se daria tão logo as primeiras
alternativas fossem organizados.
De fato, a definição clara dos problemas marcou o começo do trabalho.
Uma reunião explicativa mostrou para a equipe quais eram os objetivos
gerais e que a participação efetiva da equipe seria fundamental para o
desenvolvimento e qualidade do projeto. A primeira grande tarefa da
equipe foi a pesquisa e sugestão de meios, ferramentas e tecnologias
para o gerenciamento da informação.
Esta primeira tarefa não obteve o resultado quantitativo esperado, notou-
se que a motivação não era comum a toda equipe, talvez por possuirem
outras tarefas a desempenhar. Entretanto, foi possível observar o
interesse e disposição de alguns membros em buscar alternativas
tecnológicas para auxiliar a equipe na organização do trabalho diário.
As idéias apresentadas eram focadas no armazenamento das
informações. Foram apresentados protótipos de bancos de dados e
25
idéias para a criação de novos programas, capazes de armazenar e
gerenciar dados. Todas as sugestões, propunham o tratamento da
informação de forma centralizada, sem maiores considerações.
A participação em um congresso de e-learning e gestão de
conhecimento em meados do mês de Julho, por um coordenador do
Command Center, trouxe um novo foco para o desafio. Com o tema do
congresso apontando a importância da inteligência coletiva nas
organizações, destacando a sinergia das inteligências dos indivíduos
para maximização do conhecimento da organização, vislumbrou-se um
novo caminho a ser seguido dentro do Command Center Unibanco. A
partir deste momento iniciou-se o levantamento e aprofundamento do
tema “inteligência coletiva” e distribuição do conhecimento, com
discussões e pesquisa por alguns membros da equipe.
As primeiras pesquisas apontaram para ferramentas denominadas Wiki
e, embora não se apresentassem tão amigáveis à época, foram
consideradas interessantes e aplicáveis em virtude dos conceitos de
colaboração e gerencia da informação.
O estilo Wiki atendia as expectativas de gerenciamento da informação e
manutenção de conteúdo com todas as qualificações já vistas
anteriormente neste trabalho. Entretanto uma característica de grande
influência no processo de escolha do estilo Wiki seria o seu contexto
colaborativo e de compartilhamento de informação.
26
4.3.1. Escolha da ferramenta para o projeto.
O projeto precisava de uma ferramenta que trabalhasse com o conceito
WEB e as funcionalidades do hipertexto, que facilitasse a localização da
informação, pudesse ser utilizada a partir de qualquer computador e
apresentasse um custo acessível.
Com a presença das novas tecnologias de comunicação e de informação,
a informática abre novas possibilidades para a resolução de problemas.
Era possível perceber a necessidade de ferramentas colaborativas no
projeto, e ao considerar, ainda, o contexto web, as ferramentas Wiki
foram classificadas como alternativa, com isto, as ferramentas JosWiki2,
PHPWiki3 e Twiki4 foram estudadas e, embora apresentassem pequenas
diferenças técnicas, possuíam recursos e funcionalidades muito
parecidas.
No estudo das ferramentas citadas acima, verificou-se a existência de
um projeto de desenvolvimento, tradução e implantação do TWiki na
Universidade Federal da Bahia. Foi possível observar o funcionamento
da ferramenta e obter informações sobre a implantação deste projeto.
A possibilidade de troca de experiências e aproveitamento de material
da UFBA tornou a ferramenta TWiki mais atraente, e foi fator
fundamental para a escolha da ferramenta TWiki, o que deu início ao
estudo de viabilidade de implantação desta ferramenta no Unibanco em
Setembro de 2002.
2 http://jos.sourceforge.net/3 http://phpwiki.sourceforge.net/phpwiki/4 http://twiki.org/
27
4.4.Implantação do TWiki no Unibanco
O projeto TWiki na UFBA era baseado em Sistema Operacional
GNU/Linux e, até então, o GNU/Linux não era utilizado no Unibanco.
Não havia também profissionais com conhecimento adequado para
manutenção deste sistema operacional.
Na UFBA o projeto apresentava um contexto acadêmico, o TWiki era
utilizado para distribuição de informações entre alunos e professores da
universidade. Havia, também, projeto de tradução e adequação do
TWiki ao português.
O projeto na UFBA e no Unibanco tinham em comum o objetivo de
gerar, distribuir, gerenciar o conhecimento de forma colaborativa e para
maior aproveitamento da experiência da UFBA era necessário que o
ambiente tecnológico para implantação no Unibanco também fosse
similar. Foi necessária a escolha e instalação de uma distribuição
GNU/Linux amigável, neste caso foi utilizada a Conectiva 8.0, em
virtude do acesso facilitado ao suporte técnico e operacional.
Como o GNU/Linux não era um sistema homologado pelo Unibanco,
encontrou, inicialmente, algumas resistências de gerentes operacionais.
As resistências encontradas talvez fossem explicadas pelo
desconhecimento do sistema na instituição e pela relativa novidade do
sistema, e foram diminuídas à medida que o conhecimento e
popularidade do GNU/Linux aumentaram na instituição.
Não houve preocupações especiais com hardware, foi utilizado um
servidor Pentium 4, com 512 MB de memória RAM. O que seria apenas
28
um servidor para teste da ferramenta, surpreendeu a equipe com sua
performance o que permitiu, posteriormente, a sua utilização efetiva do
equipamento como servidor de produção da ferramenta TWiki.
Sem maiores dificuldades procedeu-se a instalação e configuração
básica do sistema operacional GNU/Linux seguida pela instalação da
ferramenta TWiki. Estas atividades contaram com o suporte da
Conectiva e, principalmente, com o apoio dos coordenadores do projeto
UFBA.
Com a ferramenta instalada e configurada, iniciaram-se atividades de
exploração, aprendizagem e divulgação da ferramenta, por meio de
cursos e distribuição de material informativo, a ferramenta foi
apresentada a toda equipe do Command Center.
4.5. Cultura Corporativa
A implantação de um projeto pode ocasionar mudanças dentro da
organização. Dessa forma, podem ocorrer resistências ao processo de
mudança, principalmente quando as mudanças afetam diretamente a
cultura e o cotidiano da empresa.
No que diz respeito à mudança de cultura, o usuário pode demonstrar
três principais comportamentos: contrariedade, indiferença ou simpatia.
A indiferença pode ser superada pela conscientização do usuário. A
contrariedade, no entanto, é uma questão mais complexa e tem origem
principalmente em aspectos relacionados à motivação, algo que é
inerente a todos os seres humanos. Sendo o usuário a principal fonte de
informação, fica claro que a coleta de dados com os indivíduos
29
contrariados com o processo de implantação do projeto dificultará ou,
mesmo, comprometerá de forma significativa o resultado do projeto
[Prado (2001)].
A equipe do Command Center Unibanco é formada por profissionais
Mainframe pouco familiarizados com as interfaces web, como a da
ferramenta TWiki.
Embora todos os membros da equipe do Command Center tenham sido
convidados a participar de forma efetiva desde o início do projeto, o
desafio cultural existia e causava preocupações aos gestores do projeto.
Foi necessária a realização de encontros para familiarizar a equipe do
Command Center à ferramenta. Em mini-cursos promovidos pelos
gestores do projeto, a equipe do Command Center foi incumbida de
explorar o TWiki com a finalidade de amenizar as resistências relativas
à interação com o ambiente web e promover maior integração da equipe
à ferramenta. Os mini-cursos anteciparam os treinamentos previstos pelo
projeto, e foram suficientes na capacitação dos usuários do Command
Center.
30
4.6. Motivar o uso da ferramenta
Motivar implica em levar alguém a agir ou a produzir uma resposta,
despertar o interesse de alguém por algo. Talvez a característica
fundamental de todas as formas de motivação seja uma mobilização de
energia por parte do organismo, a qual pode ocorrer em uma variedade
de condições e circunstâncias. Entre outros motivos, pode estar ligada a
condições que resultam em emoções, como medo ou raiva, que levam o
organismo a mobilizar energias em direção ou em oposição ao objeto
aliciador da emoção [Prado (2001)].
A motivação pode, ainda, estar ligada a condições externas sociais,
como o desejo de promoção e status, que catalisam e dirigem as energias
do indivíduo para a obtenção de certas metas.
De forma prática, a motivação para ao projeto foi baseada inicialmente
no incentivo à participação. Era preciso que os usuários trouxessem para
o TWiki as informações dispersas pelo departamento, fazer do TWiki a
base de conhecimento do Command Center.
Foi proposta uma premiação aos colaboradores que apresentassem maior
atividade. Iniciou-se na primeira semana de Dezembro uma “semana
TWiki” em que, utilizando-se das estatísticas fornecidas pela ferramenta
foi possível estabelecer um ranking dos maiores colaboradores. Foram
estabelecidos prazos e regulamentos para pontuação baseada na
qualidade e importância da colaboração, todas as colaborações
registradas no sistema seriam analisadas pelos gestores do projeto e
receberiam uma pontuação relativa.
31
A possibilidade de premiação fez da “semana TWiki” um sucesso.
Todos os colaboradores cadastrados realizaram, pelo menos, uma
contribuição no repositório de informações do TWiki.
4.7. Crescimento da utilização da ferramenta TWiki
O volume de conhecimento disponível na ferramenta já era grande. E,
com o fim da “semana TWiki” e entrega das premiações, era esperado
que o número de colaborações diminuísse, percebeu-se, entretanto, que a
participação colaborativa manteve-se constante.
Com mais informações disponíveis no TWiki, o número de usuários do
Command Center ativos no TWiki cresceu. Foi permitido o cadastro de
usuário de outros departamentos no TWiki, limitando, entretanto, o nível
de acesso às informações.
Já era possível acessar o TWiki de qualquer parte da rede corporativa.
Outros departamentos começaram a colaborar e participar do projeto.
Cada novo departamento possuía uma área para suas publicações e o
TWiki já possuía informações a respeito de softwares, topologias,
manuais técnicos, procedimentos operacionais e planos de contingência
do Unibanco. Desta forma, a ferramenta transformou-se em um
repositório central de informações, e referência para busca de
informações técnicas dos ambientes Mainframe do Unibanco. O
aumento da responsabilidade no armazenamento da informação trouxe
preocupações a respeito do cuidado com as informações no TWiki.
A parada do servidor para manutenções, que era comum no início do
projeto, já não podia acontecer com a mesma freqüência. Foi necessária
32
a criação de sistema de espelhamento de dados para minimizar a
possibilidade de perda das informações e com o mesmo intuito eram
realizadas cópias de segurança diariamente. Com o espelhamento dos
dados e dos serviços era possível parar um dos servidores para
manutenção a qualquer tempo sem indisponibilidade de informações
para os usuários.
Quatro meses do início do projeto, o TWiki possuía cerca de 2000
tópicos distribuídos em 12 repositórios onde as informações eram
agrupadas por assuntos, estes repositórios no TWiki são chamados de
webs.
4.8. Sucesso do projeto TWiki
Três grandes fatos influenciaram no sucesso do projeto. O primeiro foi a
aquisição da Fininvest, empresa de financiamentos de varejo, pelo
Unibanco, sendo necessário trabalho de migração do conhecimento
operacional da Fininvest, antes armazenado e gerenciado pelo Lotus
Notes5, para o TWiki.
O outro fato foi a escolha do TWiki como software de apoio para
implantação de um projeto de gerenciamento de “Command Center” que
implementaria a visão por negócio dos incidentes técnicos, que
anteriormente eram tão somente analisados sob o aspecto de infra-
estrutura. O TWiki foi utilizado como repositório de mensagens de
“ajuda”, integrado ao PEM – Patrol Enterprise Manager, software de
5Plataforma de mensagens e de colaboração da IBM, url:http://www.ibm.com/br/products/software/lotus/lotus_mensajeria_n.phtml
33
gerenciamento e consolidação de mensagens e problemas da BMC6. O
PEM consolidava e traduzia os problemas técnicos em problemas de
negócios, fornecendo links do TWiki com procedimentos relativos a
cada problema ocorrido.
O TWiki foi integrado, também ao mainframe, para obtenção de dados e
fornecimento de estatísticas de problemas e mensagens. As tarefas eram
realizadas no mainframe, transmitidas para o servidor TWiki onde, após
consolidação, eram disponibilizadas para consultas.
Com as informações técnicas do Mainframe concentradas no portal
TWiki, a popularidade da ferramenta aumentou e, junto com ela,
aumentou o policiamento da qualidade da informação. Esse
policiamento era possível graças à participação colaborativa de
especialistas da área de suporte do Unibanco.
A qualidade da informação disposta na ferramenta fez com que, no
período de um ano, o TWiki recebesse mais de 30.000 visitas7. As
informações relativas a redes Unibanco e às informações Fininvest
foram as mais visitadas no período.
A facilidade no acesso às informações e a satisfação em colaborar
tornaram a colaboração um hábito entre os usuários do sistema, este
hábito mantinham as informações sempre atualizadas no TWiki.
Não havia motivos claros ou específicos para o aumento das
colaborações. Através de pesquisas interativas com os colaboradores, no
próprio portal TWiki, destacou-se que os maiores motivos que levavam
a uma colaboração diziam respeito ao benefício da informação
6 http://www.bmc.com/7 Em sua página inicial “home”
34
centralizada, à facilidade no acesso à informação de qualidade e a
possibilidade do trabalho em equipes multidisciplinares.
35
5. Conclusão
A implantação do projeto colaborativo TWiki no Unibanco mostrou que
a geração de conhecimento de forma segura e colaborativa é um grande
desafio. Para manter a qualidade da colaboração e motivação do
colaborador foi preciso uma adaptação da cultura corporativa. As
ferramentas Wiki ajudaram na tarefa de desenvolvimento de nova
cultura. Foi preciso mostrar que a colaboração é agente facilitador na
geração e distribuição do conhecimento.
Para mobilizar colaboradores na distribuição do conhecimento e
enriquecimento mútuo das pessoas foi necessário entender o
cooperativismo tradicional e aplicá-lo às novas tecnologias, fazer com
que a geração cooperativa e o compartilhamento coletivo do
conhecimento seja o objetivo.
Verificou-se que com a cooperação é possível produzir maior
quantidade de informação de qualidade, percebeu-se a lapidação que a
informação sofre quando discutida, submetida ao contexto e atualizada
de forma constante. É possível reunir idéias, discutir, armazenar e
compartilhar de forma dinâmica os resultados e manter o conhecimento
atualizado e crescente; de certa forma, torná-lo vivo e disponível aos
cooperados.
A cultura Wiki8 apresentada neste estudo de caso exemplifica a
liberdade e coletivismo aplicados à colaboração.
8 Mais detalhes na seção 3.2 deste trabalho
36
O trabalho mostra também que às resistências podem ser combatidas
com integração. No contexto colaborativo a participação de cada
indivíduo é fundamental, é possível motivar indivíduos, mas somente a
motivação do grupo trará mudanças maiores e contínuas.
O projeto TWiki-Unibanco mostrou que, distribuir o gerenciamento do
conhecimento, de forma colaborativa e segura, faz com que a qualidade
da informação seja policiada pelos seus próprios colaboradores, de
forma que o interesse pelo conteúdo gerado aumente.
Um repositório de dados torna-se um portal de conhecimento, livre.
37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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