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PROCESSO N 142/2012 GILMAR VIERA SANTANARecorrente: BANCO BRADESCO

Recorrido: PROCON MUNICIPAL DE CUIAB Data do julgamento: 13/05/2015EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO TEMPESTIVIDADE Denncia de consumidor contra o Banco do Brasil S/A por ultrapassar o tempo limite para atendimento ao pblico consumidor nas filas de atendimento ao caixa. Infringncia ao artigo 20, 2 da Lei Federal 8.078/90 c/c artigo 1, da Lei Municipal de Cuiab/MT n. 4.069/01 e o artigo 1, pargrafo nico, inciso I, do Decreto Municipal de Cuiab/MT 4.334/2005. Auto de infrao idneo. Multa mantida, sem prejuzos das atualizaes legais.PROCESSO N 142/2012Recorrente: BANCO DO BRASILRecorrido: PROCON MUNICIPAL DE CUIAB

Relator: Carlos Rafael Demian Gomes de CarvalhoTURMA RECURSAL

RELATRIO

Na data de 12/11/2012, o consumidor compareceu neste rgo de defesa do consumidor, registrando o Termo de Denncia n 015/2012 fls. 03, alegando que permaneceu na fila de atendimento da reclamada, por mais tempo que o previsto em Lei, tendo em conta que retirou sua senha para atendimento s 13h49min (treze horas e quarenta e nove minutos), sendo atendido s 15h04min (quinze horas e quatro minutos), totalizando 01h15min (uma hora e quinze minutos) de espera para ser atendido pelo caixa.

Desse modo, foi instaurado processo administrativo competente de n 142/2012 fls. 09.

Aps ser notificado em 03/12/2014 fls. 09, o reclamado apresentou defesa escrita no prazo legal de 10 (dez) dias. Posteriormente, foi proferida deciso administrativa pela 1 Junta de Conciliao e Julgamento, s fls. 27/39, onde foi aplicada multa no valor de 18.795,22 UFIRs (dezoito mil setecentos e noventa e cinco inteiros e vinte e dois centsimos de Unidades Fiscais de Referncia).Inconformado, o banco apresentou recurso administrativo s fls. 40/61, protocolado tempestivamente na data de 04/03/2015, sendo este encaminhado a esta Junta Recursal para julgamento definitivo. o relatrio.

Voto

a) No ocorrncia da decadncia e nem Prescrio Intercorrente

A prescrio intercorrente ter o seu prazo a contar do ltimo movimento processual e ademais, a infrao cometida pelo banco ocorrera no dia 09/11/2012, sendo a denncia apresentada pelo reclamante em 12/11/2012, conforme se v das fls.03.

Desse modo, verifica-se que no houve a prescrio intercorrente, e to pouco a decadncia da denncia, visto que o reclamante apresentou-a tempestivamente, dentro do prazo de cinco dias teis contados da ocorrncia da infrao, tal como determina o art. 4, inciso III do Decreto n 4.334/2005:

III Decair do direito de oferecer denncia se no realizada num prazo mximo de cinco dias teis, contados da data de ocorrncia da irregularidade.

Assim, muito embora a decadncia revele-se como a extino do prprio direito, pelo escoamento do prazo legal estabelecido para seu devido exerccio, no caso em tela no ocorreu o lapso decadencial indicado, motivo pela qual o presente processo administrativo passvel de apreciao do mrito. b) Do mrito

Analiso primeiramente o princpio da isonomia postulado pela recorrente no que se refere aos atendimentos nos postos de sade, na seguridade social, departamento de trnsito, supermercados e outros. Necessrio diferenciar que a regulamentao do tempo de espera na fila de atendimento, se fundamenta no mbito consumerista que sustenta as relaes financeiras, conforme entendimento pacificado e inclusive sumulado pelo colendo Superior Tribunal de Justia, a incidncia do Cdigo de Defesa do Consumidor - CDC nas relaes contratuais entre instituies financeiras e seus clientes (Enunciado 297 da Smula do STJ).

Por conseguinte, compete ao Estado, observados os princpios protetivos da aludida lei, coibir os abusos cometidos no mbito da esfera contratual consumerista, com base no Cdigo de Defesa do Consumidor, que determina a qualidade na prestao de servio em vrios de seus dispositivos.

Portanto, no h falar em violao ao Princpio da Isonomia alegado pelo Recorrente, dizendo que no razovel o Poder Pblico exigir do particular o que no consegue realizar ou atender, como, por exemplo, o que se passa com as interminveis filas de postos de sade.

A igualdade proclamada na Constituio Federal deve ser encarada e compreendida, basicamente sob dois pontos de vista distintos: o da igualdade formal e o da igualdade material. A primeira seria a pura identidade de direitos e deveres concedidos aos membros da coletividade atravs dos textos legais como o tratamento idntico do juiz dado a ambas as partes num processo. A segunda, por sua vez, seria um princpio que se manifesta atravs de normas que levariam a um tratamento diferenciado em alguns casos particulares. No basta que o Estado se abstenha de discriminar, de tratar desigualmente, mas faz-se necessrio que ele atue positivamente no sentido da reduo das desigualdades sociais.

Assim, motivo que se fez necessrio surgir uma lei especfica para tratar acerca do tempo de espera em uma fila de Banco foi justamente para dar ampla eficincia ao Princpio da Isonomia ao exigir dessas instituies que tanto lucram em nosso pas uma melhor prestao de servio para os consumidores em geral.

De outro modo, alegou o banco recorrente que no houve motivao da deciso, que a aplicao da multa administrativa foi arbitrria, no sendo valorada a gravidade dentro dos parmetros legais e com base no caso concreto.Mais uma vez, no assiste razo o recorrente. Explica-se:

Nesse contexto, com embasamento constitucional e legal, a deciso administrativa refutou todos os argumentos apresentados na impugnao, fundamentando que o rgo de Defesa do Consumidor PROCON MUNICIPAL DE CUIAB possui legitimidade para aplicar multas administrativas aos fornecedores de produtos e servios que praticam infraes de consumo (artigo 5, inciso XXXII, da Carta Magna; artigos 1; 55, pargrafo primeiro; artigos 105 e 106, da Lei Federal 8.078/90; artigos 1; 2; 4, todos do Decreto Federal 2.181/97).

Verifico que foram assegurados os princpios constitucionais do devido processo legal, do contraditrio e da ampla defesa, nos termos dos artigos 33 ao 55 do Decreto Federal 2.181/97.

Como dito acima, a legislao, seja federal, estadual e/ou municipal, em consonncia com a nossa Carta Magna de 1988, foi criada para ser obedecida, neste caso deve o banco recorrente respeitar concomitantemente, a Lei Federal 8.078/90 e a Lei Municipal de Cuiab n. 4.069/01 regulamentada pelo Decreto Municipal 4.334/05, visando assegurar a qualidade, a segurana, e a eficincia intrnseca e necessria ao servio prestado, com a celeridade imposta.

Em relao a isso, o recorrente no pode se eximir de cumprir todos os deveres de consumo a ele imposto. O ordenamento jurdico brasileiro impe no s obedincia aos ditames previstos no Cdigo de Defesa do Consumidor, mas tambm s leis esparsas que tratam do assunto (art. 7, caput CDC), propiciando o dilogo das fontes, em lugar de excluso, desde que a norma seja mais protetiva para o consumidor tese preconizada pela doutrinadora Cludia Lima Marques.

Nota-se que cabe apenas a interpretao entre as normas jurdicas, propiciando, dessa forma, padronizar e melhorar a qualidade da prestao dos servios das agncias bancrias.

Salienta-se que somente a municipalidade e o Estado do respectivo municpio podero efetivamente acompanhar o tratamento dispensado pelos bancos a seus clientes e/ou usurios.

Diante disso, em relao fixao da sano ser a pena de multa, no acolho as razes do recorrente quando alega que ocorrendo o descumprimento da Lei Municipal de Cuiab/MT n. 4.069/2001, deve-se observar a ordem do artigo 5.

Isso porque o Procon Municipal de Cuiab exerceu o dever de fiscalizar a qualidade do servio prestado ao pblico consumidor, nos termos do artigo 20, primeira parte, e 2, do CDC, in verbis:

Art. 20. O fornecedor de servios responde pelos vcios de qualidade que os tornem imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicaes constantes da oferta ou mensagem publicitria (...)

2 So imprprios os servios que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que no atendam s normas regulamentares de prestabilidade. (grifo nosso)

Vislumbro, tambm, que uma vez materializado os atos ilcitos, autorizou o rgo Pblico Estadual a aplicar as penalidades previstas e observar os artigos 55 ao 60 da Lei 8.078/90 c/c artigos 18 ao 32 do Decreto Federal 2.181/97.

Pelo exposto, entendo que esteja de acordo com os artigos 56, inciso I e 57, ambos da Lei Federal 8.078/90 c/c o artigo 18, inciso I do Decreto Federal 2.181/97.

Essa a orientao do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. MULTA DO PROCON MUNICIPAL. QUANTUM ARBITRADO. MATRIA NO PREQUESTIONADA. APLICAO, POR ANALOGIA, DA SMULA 282/STF. REEXAME DE MATRIA FTICA. SMULA 07/STJ. COMPETNCIA DO PROCON. ATUAO DA ANATEL. COMPATIBILIDADE. LITIGNCIA DE M-F. SMULA 07/STJ.

1. No houve o devido prequestionamento dos artigos 17, 24, 25, 26, e 28 do Decreto n. 2.181/97, e 57, do CDC, nem tampouco da tese trazida no recurso especial em relao ao quantum arbitrado na multa aplicada. Desta forma, o recurso especial no ultrapassa o inarredvel requisito do prequestionamento em relao referida norma (557, 1), do CPC Incidncia, por analogia, da Smula n. 282 do Supremo Tribunal de Federal.

2. E, mesmo se assim no fosse, a discusso acerca da proporcionalidade da multa aplicada, justamente tendo em conta o que dispe o art. 57 do CDC, encontra obstculo a seu conhecimento com fundamento no verbete sumular referido, pois a aferio, no caso concreto, dos parmetros de condenao no pode ser feita sem anlise de fatos e provas.

3. A anlise referente aos pressupostos caracterizadores da litigncia de m-f, com o fim de reformar concluso obtida pelo acrdo recorrido, implica o revolvimento de matria ftico-probatria, o que vedado nesta seara recursal, ante o bice da Smula 7/STJ.

4. O entendimento do Tribunal recorrido, no sentido de que o Procon tem poder de polcia para impor multas decorrentes de transgresso s regras ditadas pela Lei n. 8.078/90, est em sintonia com a jurisprudncia do STJ, pois sempre que condutas praticadas no mercado de consumo atingirem diretamente os consumidores, legtima a atuao do Procon para aplicar as sanes administrativas previstas em lei, decorrentes do poder de polcia que lhe conferido. Acresa-se, para melhor esclarecimento, que a atuao do Procon no inviabiliza, nem exclui, a atuao da Agncia reguladora, pois esta procura resguardar em sentido amplo a regular execuo do servio pblico prestado.

5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, no provido.

(REsp 1178786/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/12/2010, DJe 08/02/2011) (grifo nosso)

A deciso administrativa no ofendeu os princpios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade e insere-se nos parmetros do artigo 57 do CDC, sendo adequada conduta praticada pelo recorrente quando agiu em desrespeito a legislao consumerista.

Em relao ao valor da multa adoto os irretocveis fundamentos da concluso da deciso administrativa para a individualizao da sano administrativa, visto que ficou comprovada, nos autos, a negligncia em assegurar um atendimento adequado e eficiente aos consumidores em geral.

Ademais, o recorrente uma instituio financeira de grande porte, que atende um grande fluxo de pessoas, clientes ou no, incluindo nesses casos pessoas hipossuficientes jurdicas e econmicas (v.g. pessoas de extrema pobreza, analfabeta, semi-analfabeta, entre outros), maiores de 60 (sessenta) anos, portadoras de deficincia fsica, mental ou sensorial, fato que, em tese, demonstra a negligncia acima e, se comprovados nos autos, caracterizaria circunstncia agravante, nos termos do artigo 26, incisos VII, do Decreto Federal 2.181/97.

Em razo disso, entendo que a deciso administrativa ao fixar o valor da multa levando em considerao a gravidade da infrao em lesar consumidores por no lhes assegurar um atendimento adequado, no se demonstra excessivo, exacerbado e nem tampouco arbitrrio.

Em relao vantagem auferida, o fato de no se saber quanto o recorrente lucrou, economizou ou deixou de gastar, ainda que indiretamente com o descumprimento das normas de que tratam o assunto, no invalida sua aplicao no patamar exarado, j que a expresso no pde ser mensurada, na deciso administrativa, no significa que a vantagem deve ser desconsiderada.

J a condio econmica do fornecedor, verifico nos autos que o recorrente apresentou impugnao escrita, entretanto no apresentou o faturamento bruto da empresa no ltimo trimestre poca da infrao quando requisitado, razo pela qual autorizou o Diretor Executivo do PROCON MUNICIPAL DE CUIAB o arbitramento livre, dentro do limite legais do poder discricionrio, agindo assim com juzo de valor.

Desse modo, as consideraes relacionadas pelo julgador para chegar pena-base esto em conformidade com a lei, nos critrios pontuados no artigo 57 do CDC: Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infrao, a vantagem auferida e a condio econmica do fornecedor, ser aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabveis Unio, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteo ao consumidor nos demais casos.

Pargrafo nico. A multa ser em montante no inferior a duzentas e no superior a trs milhes de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referncia (Ufir), ou ndice equivalente que venha a substitu-lo.Dessa forma, o valor da multa em 18.795,22 UFIRs (dezoito mil setecentos e noventa e cinco inteiros e vinte e dois centsimos de Unidades Fiscais de Referncia), no uma quantia exorbitante e, considerando a situao em apreo, est amparada na mais perfeita razoabilidade e proporcionalidade, uma vez que restou evidenciada a prtica das infraes acima dispostas.

O recorrente reincidente, conforme se comprovou, e se v do processo de fls. 09. , motivo pela qual se agravou a pena-base. Ante todo o exposto, conheo do recurso e por entender que a deciso administrativa foi adequada e correta, no comungando com as razoes expostas pelo recorrente, uma vez que houve violaes aos Artigos 20, 2 e 39, VIII, da Lei Federal 8.078/90 c/c artigos 1 e 2 da Lei Municipal de Cuiab-MT n 4.069/01 e artigo 1 do Decreto Municipal de Cuiab-MT n 4.334/05, NEGO PROVIMENTO AO PRESENTE RECURSO, mantendo a multa aplicada, sem prejuzo de todas as suas atualizaes legais.

como voto. Cuiab, 13 de Maio de 2015.Carlos Rafael Demian Gomes de CarvalhoDiretor do Procon Municipal de Cuiab/MT.

Relator da Junta Recursal

DECISRIO

PROCESSO N 142/2012 GILMAR VIERA SANTANARecorrente: BANCO BRADESCO

Recorrido: PROCON MUNICIPAL DE CUIAB

Data do julgamento: 13/05/2015JUNTA RECURSAL

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, a 2 Turma de Conciliao e Julgamento, sob a Presidncia e Relatoria de Carlos Rafael Gomes de Carvalho, composto ainda pelos membros Celso Alves dos Santos Neto e Cludia Sodr de Moraes, ACORDAM CONHECER DO RECURSO e por unanimidade no mrito NEGAR-LHE PROVIMENTO de acordo com o voto do relator e sua fundamentao.

Cuiab/MT, 13 de Maio de 2015.

CARLOS RAFAEL DEMIAN GOMES DE CARVALHO Diretor Executivo do Procon MunicipalPresidente da Junta Recursal________________________________MEMBRO CELSO ALVES DOS SANTOS NETOVOTO

De acordo.________________________________MEMBRO CLUDIA SODR DE MORAES

VOTO

De acordo.

11Rua Joaquim Murtinho, n 554, Centro, Cuiab-MT, CEP 78.020-290

Telefone: (65) 3641-6400