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Turdetanos. Turdetanos Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Os Turdetanos eram um povo ibero da Bética que habitava a Turdetânia, região a oriente do rio Guadiana e junto ao curso médio e inferior do rio Guadalquivir, do Algarve em Portugal até à Serra Morena, coincidindo com os territórios da antiga civilização de Tartessos. Segundo Estrabão, os turdetanos, principalmente os que viviam ao longo do rio Baetis, tinham adoptado o modo de vida Romano e não se lembravam mais da própria língua. Índice 1 Origem 2 Cultura 2.1 Economia 2.2 Sociedade 2.3 Religião 2.3.1 Ritual Funerário 3 História 4 Principais cidades 5 Bibliografia relacionada 6 Ligações externas 7 Notas e referências Origem Tartessos tivera uma grande influência grega, que supostamente conduziu ao desaparecimento da sua monarquia às mãos d dos feio-púnicos como vingança pelo seu apoio os focenses após a Batalha de Alália no século VI a.C. Deste desaparecimento surgiu uma nova civilização que, descendente de Tartessos, adaptou-se às novas condições geo-políticas da sua época. Perdida a ligação comercial e cultural que Tartessos mantinha com os gregos, a Turdetânia ficou sob influência cartaginesa, embora desenvolvesse uma evolução própria da cultura anterior, de modo que a população turdetana sabia-se descendente dos antigos tartésios e, à chegada dos romanos, ainda mantinha as suas senhas de identidade próprias. Daí que Estrabo assinalara nas suas crônicas: …são considerados os mais cultos dos iberos, pois conhecem a escrita e, segundo as suas tradições ancestrais, até mesmo têm crônicas históricas, poemas e leis em verso que eles dizem de seis mil anos de antiguidade. —Estrabo, III 1,6. Cultura Descendentes históricos dos Tartessos, tinham uma personalidade própria dentro da cultura dos iberos. Esta caracterizava- 1

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Page 1: Turdetanos

Turdetanos.

Turdetanos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Os Turdetanos eram um povo ibero da Bética que habitava a Turdetânia, região aoriente do rio Guadiana e junto ao curso médio e inferior do rio Guadalquivir, doAlgarve em Portugal até à Serra Morena, coincidindo com os territórios da antigacivilização de Tartessos.

Segundo Estrabão, os turdetanos, principalmente os que viviam ao longo do rioBaetis, tinham adoptado o modo de vida Romano e não se lembravam mais daprópria língua.

Índice

1 Origem2 Cultura

2.1 Economia2.2 Sociedade2.3 Religião

2.3.1 Ritual Funerário3 História4 Principais cidades5 Bibliografia relacionada6 Ligações externas7 Notas e referências

Origem

Tartessos tivera uma grande influência grega, que supostamente conduziu ao desaparecimento da sua monarquia às mãos ddos feio-púnicos como vingança pelo seu apoio os focenses após a Batalha de Alália no século VI a.C. Destedesaparecimento surgiu uma nova civilização que, descendente de Tartessos, adaptou-se às novas condições geo-políticasda sua época.

Perdida a ligação comercial e cultural que Tartessos mantinha com os gregos, a Turdetânia ficou sob influência cartaginesa,embora desenvolvesse uma evolução própria da cultura anterior, de modo que a população turdetana sabia-se descendentedos antigos tartésios e, à chegada dos romanos, ainda mantinha as suas senhas de identidade próprias. Daí que Estraboassinalara nas suas crônicas:

…são considerados os mais cultos dos iberos, pois conhecem a escrita e, segundo as suas tradiçõesancestrais, até mesmo têm crônicas históricas, poemas e leis em verso que eles dizem de seis mil anosde antiguidade.—Estrabo, III 1,6.

Cultura

Descendentes históricos dos Tartessos, tinham uma personalidade própria dentro da cultura dos iberos. Esta caracterizava-

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Releve de Osuna.

se por um tipo de cerâmica, pintada e com decoração geométrica, escultura animalística que àépoca romana continuou-se com figuração humana. Na necrópole de Osuna, Sevilha,encontram-se algumas das amostras mais representativas. Embora haja bastantes escavaçõesnesta zona, estas são mais centradas na procura de restos tartésios que nos turdetanos.

Tinham características que os diferenciavam dos demais povos iberos. Tinham uma línguaprópria, derivada da língua tartésia, e um alfabeto próprio, sendo o único que não tinhaadotado o dos iberos. A outra diferença fundamental são as particularidades nas necrópoles eenterramentos.

Economia

Era o povo mais civilizado da península Ibérica à chegada dos romanos. Sua prósperaeconomia foi gabada por Estrabo, quem afirmava que os Turdetanos eram os mais cultos dos iberos.

A mineração seria um dos seus recursos mais importantes. Em Huelva encontraram-se as minas mais importantes, e pelosprodutos manufaturados associados a elas, acredita-se que já eram exploradas antes da chegada dos romanos. Havia todauma indústria associada às minas, situadas onde anteriormente encontravam-se as fábricas tartésias. Estas fábricasencontravam-se num triângulo formado pelas atuais Huelva, Cádis e Sevilha. Encontraram-se diferentes escoriais quemostram que o sistema de exploração não teve significativos câmbios desde antes da chegada dos Fenícios. Estas minasforam bem estudadas por alguns historiadores, como Antonio Blanco Freijeiro ou Rothenberg. Os minerais extraídos sãoprata e cobre, tornando-se sobretudo a prata no principal material explorado, culminando na chegada de Roma. Em relaçãoà propriedade das minas, Diodoro afirmava que estas eram de particulares até a chegada de Roma.

Segundo Estrabo, a agricultura era muito importante e variada. Segundo Varrão, estes já conheciam o arado e o trilho antesda chegada de Roma, por influência de Cartago. Cultivavam cereais, oliveiras e vide.

Em relação à pecuária, é sabido que criavam bois, ovelhas, e cavalos. Conhece-se o filhote de ovelhas pela indústria têxtilassociada, como amostra a grande quantidade de fusaiolas e pesas de tear encontradas em alguns túmulos.

O que os romanos chamavam garum era fabricado em toda a costa mediterrânea; tratava-se de um molho feito com tripasde peixes em salmoura, que posteriormente se comercializaria por todo o império a muito alto preço. Também houve outrotipo de indústrias relacionadas à pesca, conserveiras e salgados, sendo muito importantes na zona do Estreito.

O comércio interior, o comércio inter-regional e o comércio exterior foi muito importante para a sua economia. Há poucosdados dos dois primeiros, pois é possível que fossem produtos naturais perecíveis ou manufaturados similares aos dosdemais povos.

Sociedade

À queda de Tartessos, o poder monárquico desagregou-se e surgiram pequenos reis. É difícil seguir a esta monarquia até achegada de Roma. Sabe-se que houve diferentes alianças entre cidades. Os historiadores da época nomeiam os reis quetiveram algum tipo de relação nas guerras Púnicas, como a Culchas. Apesar disto, acredita-se que os turdetanos bem comoo restante dos povos iberos, tinham um caráter pacífico.

É provável que existisse uma vida urbana importante neste povo, vendo a grande quantidade de cidades que continha, maisque em nenhum outro povo pré-romano da península.

Há evidências da existência não de escravos mas de uma servidão comunitária, explorados por uma classe dominante. Épossível que estes servos se dedicassem às tarefas agrícolas e mineiras. O poder político era baseado no poder militar,exércitos de mercenários segundo algumas referências. Constatou-se a existência de uma elite que vivia luxosamente graçasaos recursos mineiros e as riquezas naturais desta região.

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Osuna:Figura feminina

Religião

Há poucas fontes dos autores clássicos, e pouca documentação arqueológica. Ainda não se estabeleceu uma relação claraentre elementos simbólicos plasmados na sua cerâmica, por exemplo, onde mostram todo tipo de figuração e seresfantásticos, e a sua religião.

Há divindades de finais da Idade do bronze que se vão assimilando com os deuses trazidos de fora pelos Fenícios ecartagineses nas diferentes colonizações. Estrabo fala do santuário fenício dedicado a Melkart-Hércules em Gadir, outrodedicado a Tanit e um oráculo dedicado a Menesteio. Encontraram-se em diferentes cavernas de Serra Morena grandesérie de oferendas votivas, sobretudo pequenas esculturas de bronze. Isto pode significar a existência de diferentessantuários na zona, pois se encontram em sítios elevados, mas de fácil acessibilidade.

Ritual Funerário

Encontraram-se poucas necrópoles na Turdetânia, se compararmos com o altonúmero de centros urbanos. Esta desproporcionalidade é mostrada por algunshistoriadores como prova de na última etapa da sua cultura ter-se separado doscostumes iberos e acercado aos costumes funerários de raízes indo-europeias depovos do interior, que deixavam poucos dados dos seus enterramentos. É esta umadas particularidades que os diferença do restante dos povos iberos.

O ritual funerário encontrado em diferentes necrópoles baseia-se na incineração,embora ao não poderem conseguir temperaturas altas, seria mais preciso considerá-lo cremação, pois o cadáver não ficava reduzido totalmente a cinzas. Os mortos eramqueimados com os seus vestidos e objetos pessoais. Têm-se descrito dois tiposdiferentes de cremação, uma cremação primária, onde os cadáveres eramqueimados na própria tumba onde seriam enterrados, e cremação secundária, ondeo queimadeiro era comum a várias tumbas, os restos eram recolhidos e depositadosnuma urna. Estes últimos são enterrados com recipientes com ervas aromáticas,enxovais que não cabiam na urna, e oferendas de alimentos.

Encontrou-se uma série de esculturas associadas a ritos funerários. Têm cronologia antiga, do século V a.C., e acredita-seque podiam representar a classe alta. Também se encontraram diversas estelas com animais mitológicos em Osuna, decronologia muito mais recente, do século I a.C.

As necrópoles e as esculturas acredita-se que têm mais relação com a aculturação fenícia e a cartaginesa e posteriormente aromana, do que com as tradições funerárias autóctones turdetanas.

História

Em 237 a.C., Amílcar Barca desembarca na velha colônia fenícia de Gadir com o propósito de se apropriar das riquezasmineiras da Ibéria. Isto, apesar da tradição de comércio com os cartagineses que até então existira na Turdetânia, implicouo confronto aberto entre Cartago e várias cidades da Turdetânia, especialmente as do interior. Os régulos turdetanosopuseram-se ao avanço cartaginês pelo vale do Guadalquivir com a ajuda dos mercenários celtiberos, mas apesar disso,Amílcar conseguiu o seu propósito de controlar as zonas mineiras de Serra Morena. Dos textos de cronistas clássicos comoDiodoro deduz-se que a forte influência cartaginense na Turdetânia e o pouco ímpeto expansionista de Amílcar para alémdos seus interesses econômicos impediu que o confronto fora maior.

Por outro lado, os reis turdetanos careciam de uma organização global capaz de se enfrentar à potência militar cartaginesa,pelo qual os exércitos dos reis Istolácio e Indortes, cuja resistência foi maior, foram depressa derrotados e desmanteladosou assimilados às forças de Cartago. Posteriormente, os caudilhos cartagineses empreenderam a marcha para o levantepeninsular para fundar "Akra-Leuke", que seria a sua primeira base permanente de operações na Península Ibérica e que

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posteriormente se converteu na Lucentum romana.

Desde 197 a.C., quase todos os povos da Hispânia se tinham rebelado contra a presença romana e as suas despóticasmaneiras. Em 195 a.C., Marco Pórcio Catão entrava na Hispânia com o seu exército consular para esmagar as revoltas.Após uma triunfal campanha, Catão conduziu as suas tropas a Serra Morena, onde os turdetanos tinham as suas minas.Apesar de estes contratarem mercenários celtiberos para combater os romanos, os tribunos emissários de Catãoconvenceram ou coagiram os celtiberos para que se retirassem às suas terras sem apresentar batalha. Após perder o apoiomilitar celtibero, os turdetanos foram derrotados em Iliturgi, atualmente conhecida como o cerro de Máquiz, em Mengíbar(província de Jaén).

Esta derrota significou a perda das suas posses mineiras, o que obrigou os turdetanos a permanecer no vale doGuadalquivir, dedicando-se à agricultura e a pecuária. Pela sua vez, Catão regressou a norte atravessando a Celtibéria como fim de amedrentar os celtiberos e impedir futuros levantamentos, embora a partir de 193 a.C., as rebeliões seriamhabituais.

Principais cidades

Abra/TorredonjimenoAcinipo/Ronda laViejaAssido/Medina-SidoniaAsta/perto deTrebujenaÁstigis/ÉcijaAurgi/JaénBaesuri/CastroMarínBalleia/Ribera delFresno

Balsa/TaviraBora/Las Casillas (Martos)Caetobriga/SetúbalCallentum/Cazalla de la SierraCarisa/EsperaCarmo/CarmonaCastulo/Linares/TorreblascopedroCorduba/Córdova

Hispalis/SevilhaIlipa/Alcalá delRíoIlipla/NieblaIlturir/AtarfeIpolka/PorcunaIptuci/Paternadel CampoMyrtilis/Mértola

Onuba/HuelvaOrippo/DosHermanasOssonoba/FaroOstippo/EstepaPésula/SalterasSalacia/Alcácerdo SalTuciMartosUrso/OsunaOdisseia/Cerrónde Dalias

Bibliografia relacionada

Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes - Antigua (http://www.cervantesvirtual.com/FichaObra.html?Ref=14352&portal=114) - El arte neohitita y los orígenes de la escultura animalística ibérica y turdetana.José María Blázquez Martínez.Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes - Antigua (http://www.cervantesvirtual.com/FichaObra.html?Ref=14069&portal=114) - Los cartagineses en Turdetania y Oretania. José María Blázquez Martínez; Mª PazGarcía-GelabertBiblioteca Virtual Miguel de Cervantes - Antigua (http://www.cervantesvirtual.com/FichaObra.html?Ref=19364&portal=114) - Figuras animalísticas turdetanas. José María Blázquez Martínez.Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes - Antigua (http://www.cervantesvirtual.com/FichaObra.html?Ref=15601&portal=114) - La proyección de los pueblos de la Meseta sobre Turdetania y el Levante ibéricoen el primer milenio a. C.. José María Blázquez Martínez.Los turdetanos en la historia : análisis de los testimonios literarios grecolatinos. García Fernández, FranciscoJosé. Editorial Gráficas Sol, S.A. ISBN 84-87165-90-7Explotación Arqueometalúrgica en Huelva. A. Blanco Freijeiro e B. Rothenberg. Ed. Labor, 1981. ISBN 84-

Page 5: Turdetanos

335-0014-7Geographia. Vol III-IV. Estrabo. Trad. de M.J. Meana e F. Piñeiro. Ed. Planeta de Agostini, 1995. ISBN 84-395-3743-3Historia de España. Vol II. España Antigua. VV.AA. Coordinadores Marina Picazo y Julio Mangas yManjarrés. Ed. Océano, S.A. Barcelona, 1994. ISBN 84-7764-687-2

Ligações externas

Universidade Autónoma de Madrid (http://www.ffil.uam.es/reib3/diego.htm) (em espanhol) - Turdetanos: Origem,território e delimitação do tempo histórico.Biblioteca Virtual de Andaluzia(http://www.juntadeandalucia.es/cultura/bibliotecavirtualandalucia/aprende/historia.cmd?tema=iberos) (em espanhol) -Os Iberos; Os povos ibéricos de Andaluzia.Cartagena Virtual (http://www.cartagena-virtual.com/proyectoanibal/el%20canton/Los%20Amilcar.htm) (emespanhol) - Amílcar, Asdrúbal, Aníbal; A expansão cartaginesa em Ibéria.

Notas e referências

1. ↑ Estrabo,Geographia (http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3B*.html)2. ↑ Estrabo, III 1,6

Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em espanhol, cujo título é «Turdetanos»,

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