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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE TURBINA MEDIDORA DE VAZÃO por Tiago Chaves Mello Vinícius Ribeiro da Silva Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Professor Paulo Smith Schneider [email protected] Porto Alegre, julho e 2010.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

TURBINA MEDIDORA DE VAZÃO

por

Tiago Chaves Mello Vinícius Ribeiro da Silva

Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Professor Paulo Smith Schneider

[email protected]

Porto Alegre, julho e 2010.

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TURBINA MEDIDORA DE VAZÃO

por

Tiago Chaves Mello Vinícius Ribeiro da Silva

Trabalho apresentado na disciplina de Medições Térmicas do curso de Engenharia Mecânica na área de termologia

como requisito parcial para aprovação na displina.

Porto Alegre, julho e 2010.

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DADOS CURRICULARES

Tiago Chaves Mello

Cartão: 00151670 [email protected]

17/12/1986 – Rio Pardo – RS – Brasil Graduando em Engenharia Mecânica pela UFRGS

Vinícius Ribeiro da Silva

Cartão: 00152959 [email protected]

29/12/1985 – São José dos Campos – SP – Brasil Graduando em Engenharia Mecânica pela UFRGS

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RESUMO

Este trabalho propõe projetar um protótipo de um medidor de vazão capaz de ler na faixa

de 2 l/min a 10 l/min impondo a menor perda de carga ao fluido. O medidor construído deve ter

os valores obtidos comparados com um rotâmetro instalado na linha hidráulica e, desta forma,

consegue-se obter a precisão do instrumento. A pressão antes e após o medidor é medida para

obter a perda de carga imposta ao fluído. Para fabricar o instrumento é utilizado tubos de PVC de

¾”, tubos de fibra de carbono de 4 mm, tampões de ¾” para fazer a redução entre os dois tipos

de cano, um tampão de 40 mm posto transversalmente para servir de câmara que irá acomodar o

rotor, retirado de um rotor de bombas de aquário cuja hélice foi aumentada de tamanho para

melhor captação da força imposta pelo fluido. Como se trata de microvazão, um fator importante

levado em consideração no trabalho é o atrito do rotor e seu eixo. Para minimização do atrito é

utilizado um eixo feito de antena UHF cuja surperfície externa é lisa o suficiente para gerar o

mínimo de atrito suficiente para os 2 l/min propostos (mínima vazão lida). A turbina apresenta os

resultados esperados para uma construção de baixo custo como esta. A incerteza de medição

associada ao tacômetro está na ordem de 0,05% + 1 digito. O protótipo apresenta bom

desempenho mostrando uma curva de calibração bastante linear mas, apesar disso, é utilizado

três curvas de regressão: linear, polinômio de segundo grau e polinômio de terceiro grau. A

repetibilidade do instrumento também é satisfatória considerando as peças utilizadas, pois

apresenta pequenas variações na leitura das rotações por minuto do rotor do instrumento. O

protótipo também mostra ser capaz de ler medidas abaixo do mínimo necessário para o propósito

do trabalho sendo capaz de obter leituras na ordem de 1,2 l/min (mínima leitura possível a partir

do rotâmetro) e também leituras muito acima do limite máximo estipulado e, portanto, sua

rangeabilidade é muito maior que os 10:1 necessários.

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ABSTRACT

This paper proposes a prototype design of a flow meter capable of reading in the range of 2 l/min

10 l/min by imposing a lower pressure drop to the fluid. The meter must have built the values

obtained compared with a flow meter installed in the hydraulic line and thus unable to obtain the

accuracy of the instrument. The pressure before and after the meter is measured to obtain the

pressure drop imposed on the fluid. To manufacture the instrument is used ¾" PVC pipe and

carbon fiber tubes of 4 mm to make the reduction between the two types of pipe, a cap of 40 mm

placed transversely to provide a camera that will accommodate the rotor, taken from an aquarium

pump rotor whose propeller was increased in size to better capture the force imposed by the

fluid. As it is microflow, an important factor taken into account in the work is the friction of the

rotor and its axis. To minimize the friction is used for a shaft made UHF antenna whose external

standard plain surface is smooth enough to generate enough friction to a minimum 2 l/min

proposed (read minimum flow). The turbine provides the expected results for a low-cost building

like this. The measurement uncertainty associated with the tachometer is on the order of 0.05% +

1 digit. The prototype has good performance showing a calibration curve fairly linear but,

nevertheless, is used three regression curves: linear, polynomial of second degree and third

degree polynomial. Repetibility of the instrument is also satisfactory considering the parts used

because shows small variations in reading the rpm of the rotor of the instrument. The prototype

also shows be able to read measurements below the minimum necessary for the purpose of the

work being able to get readings in the order of 1.2 l/min (minimum reading possible from the

flowmeter) and also reads well above the threshold laid and therefore their rangeability is much

larger than the 10:1 required.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.5 Turbina transversal. 15

Figura 3.6 Turbina de inserção. 15

Figura 3.7 Turbina axial. 16

Figura 4.1 Redução de diâmetro. 23

Figura 4.2 Protótipo completo (sem rotor). 24

Figura 4.3 Rotor para bombas de aquário. 25

Figura 4.4 Hélice aproveitada do rotor. 25

Figura 4.5 Hélice modificada. 25

Figura 4.6 Tacômetro utilizado e instrumento montado 26

Figura 4.7 Gráfico vazão x rpm. 29

Figura 4.8 Gráfico vazão x rpm com linha de tendência. 29

Figura 5.1 Câmara do rotor com bolha formada. 30

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LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 Custos envolvidos no projeto. ..................................................................................... 26

Tabela 4.2 Pontos obtidos (em rpm) para três medições. .............................................................. 28

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LISTA DE SÍMBOLOS

Letras Latinas d : diâmetro menor l : litro m : vazão mássica r : massa específica x : valor em rpm A : área da seção trasversal D : diâmetro maior Fi : forças de inércia �� : forças viscosas Q : vazão Re : número de Reynolds V : velocidade

Superescritos ” : polegada Letras Gregas � : peso específico Abreviações LETA: Laboratório de Ensaios Térmicos e Aerodinâmicos UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul RPM: Rotações por minuto UHF: Ultra High Frequency

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9 SUMÁRIO

1. Introdução 10

1.1 Definição do problema 10

1.2 Objetivos da pesquisa 10

1.3 Organização do trabalho 11

2. Pesquisa Bibliográfica 12

3. Fundamentação Teórica 13

3.1 Generalidades 13

3.2 Escoamento 13

3.3 Medidores de vazão 13

3.4 Turbina medidora de vazão 14

3.4.1 Princípio de funcionamento 16

3.4.2 Determinação da velocidade angular 16

3.4.2.1 Detecção mecânica 16

3.4.2.2 Detecção eletromagnética 17

3.4.2.3 Detecção com rádio frequência 17

3.4.2.4 Detecção por sinal de saída 18

3.4.2.5 Detecção por tacômetro 18

4. Técnicas Experimentais 23

4.1 Generalidades 23

4.2 Montagem do protótipo 23

4.3 Princípio de funcionamento do protótipo 27

4.3.1 Incerteza de medição 27

4.3.2 Tacômetro Óptico Utilizado 27

4.3.3 Processo de calibração 27

5. Validação 30

6. Resultados Obtidos 31

7. Conclusões 32

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10 1. Introdução

1.1 Definição do problema

O trabalho apresenta os conceitos mais importantes das turbinas medidoras de vazão e

fornece considerações práticas acerca da construção e operação de um dispositivo desse tipo para

obter a vazão volumétrica de líquidos que opere na faixa de 2 a 10 litros por minuto, impondo a

menor perda de carga possível. Como o experimento foi tratado como um protótipo,

considerações que seriam levandas em conta como estética, facilidade de operação ou dimensões

foram desconsideradas visto que apenas o conceito é importante.

O Laboratório de Ensaios Térmicos e Aerodinâmicos (LETA) dispôs uma bancada de

testes composta de um reservatório, uma bomba hidráulica, uma válvula para regular a vazão e

um rotâmetro, medidor de vazão utilizado para calibrar, comparar e validar os resultados obtidos

pelo protótipo, e uma tomada hidráulica com rosca macho de ¾” de tubo PVC (onde o

dispositivo deveria ser conectado). O fluído tratado no experimento foi água e a pressão da

bomba era de 3 bar. Como exigência do concurso o resultado da medição deveria ser apresentado

em unidades como litros por minuto ou qualquer outra equivalente (dm3/min, m3/s, ou outras

pertencentes ao SI).

Os requisitos considerados no concurso envolveram a capacidade do instrumento medir a

vazão de água na faixa de 2 a 10 litros por minuto e a perda de carga imposta, obtida através da

medição da pressão estática a montante. Como a jusante a pressão é a atmosférica, a diferença de

pressão entre um ponto a montante e a atmosférica indica a perda de carga imposta pelo

instrumento de medição.

1.2 Objetivos da pesquisa

Os principais objetivos do trabalho são:

Desenvolvimento de um instrumento de medição de vazão de água pressurizada que seja

preciso e que imponha a menor perda de carga possível.

Vencer o concurso proposto na discilina de Médições Térmicas do curso de Engenharia

Mecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ganhando assim, o conceito

A na disciplina.

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11 1.3 Organização do trabalho

O trabalho é dividido em seis capítulos.

O Capítulo 1 define e justifica o problema a ser abordado neste trabalho, os principais

objetivos que se pretendem alcançar, e a organização da metodologia adotada.

O Capítulo 2 disponibiliza a pesquisa bibliográfica, envolvendo diferentes

desdobramentos de estudos, técnicas e aplicações correlatas às empregadas neste trabalho.

O Capítulo 3 apresenta o desenvolvimento teórico necessário para o tratamento analítico

e compreensão do problema, passando pela modelagem do domínio estrutural.

O Capítulo 4 descreve o procedimento experimental indicando todo o processo de

construção, otimização e calibração do instrumento assim como os processos computacionais

utilizados.

O Capítulo 5 apresenta a validação do medidor construído.

O Capítulo 6 apresenta e discute os resultados obtidos para a leitura do instrumento.

O Capítulo 7 apresenta as conclusões gerais obtidas, bem como as perspectivas para o

desenvolvimento de futuros trabalhos na área.

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12 2. Pesquisa Bibliográfica

Neste capítulo se apresenta uma revisão da literatura relacionada ao tema da pesquisa. A

pesquisa bibliográfica é desenvolvida em ordem cronológica, destacando diversos aspectos

relativos à instrumentação para medições de vazão do tipo turbina e considerações importantes

sobre a microvazão, com o objetivo de caracterizar a evolução da pesquisa nesses assuntos.

Ainda existem pesquisas no sentido de aumentar a rangealibidade de um instrumento de

medição de vazão. Yinping Jiang (2007) propôs um método para apoiar magneticamente o eixo

da turbina medidora de vazão, ganhando em performance. A turbina apresenta melhor

linearidade e repetibilidade que outros sistemas. Os resultados dos testes apresentaram que o

limite inferior de medição foi bastante reduzido com o sistema provendo rangeabilidade de 1:10

até 1:50. Existe a possibilidade de o instrumento trabalhar em ambientes ácidos , alcalinos e

corrosivos pois não precisa utilizar materiais metálicos.

Segundo Gang Li (2006), os medidores de vazão do tipo turbina apresentam excelente

repetibilidade e grande precisão e, por isso, são largamente utilizados nas indústrias para medir

vazões de gases e líquidos. No entanto, segundo o autor, as turbinas medidoras apresentam uma

grande desvantagem: a não linearidade. Isso acaba restringindo a medição a uma pequena faixa

de velocidade. Baseado nos estudos e análises de sinais de saída por pulsos de turbinas

existentes, Gang Li propôs um novo método, o Método de Nivelamento por Fator de Correção,

que propõe aumentar a faixa de medição das turbinas medidoras. Os resultados se mostraram

satisfatórios e podem ser utilizados em outros sensores que utilizam sinais de saída por pulso.

Para medições de microvazões, é importante os materiais utilizados na fabricação dos

rotores para gerar o mínimo de atrito possível. Edge (2008), realizou um estudo sobre a

utilização de rotores de politetrafluoretileno, por moagem em espiral em nitrogênio líquido

utilizando uma ferramenta de corte perfilado, e do método óptico utilizado para determinar a taxa

de rotação do rotor.

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13 3. Fundamentação Teórica

3.1 Generalidades

A finalidade deste capítulo é apresentar os principais conceitos da dinâmica dos fluídos

relevantes à este trabalho, assim como os princípios de funcionamento do medidor de vazão tipo

turbina e a teoria em torno dos processos de medição.

3.2 Escoamento

Segundo Schneider (2009), as grandezas associadas à medição do escoamento em fluidos

são o taxa de massa por unidade de tempo e de volume por unidade de tempo Q. A taxa ou vazão

volumétrica é dado pela Equação 3.1.

Q = V/A 3.1

onde V é a velocidade, em m/s, e A é a área, em m2. A vazão volumétrica é expressa no SI

em m3/s, e é comum encontrar l/s, l/h, cm3/min, etc.

A taxa de massa ou vazão mássica é dada pela Equação 3.2.

� = ρ.V/A 3.2

onde ρ é a massa específica, em kg/m3. A unidade no SI para a vazão mássica é kg/s, mas

também encontramos seus múltiplos e submúltiplos, como g/s, ton/h ou kg/min.

3.3 Medidores de vazão

A medição de vazão de fluidos sempre esteve presente na era da modernidade. O

hidrômetro de uma residência, o marcador de uma bomba de combustível são exemplos comuns

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14 no dia-a-dia das pessoas. Em muitos processos industriais, ele é uma necessidade imperiosa, sem

a qual dificilmente poderiam ser controlados ou operados de forma segura e eficiente.

Na história, grandes nomes marcaram suas contribuições. Provavelmente a primeira foi

dada por Leonardo da Vinci que, em 1502, observou que a quantidade de água por unidade de

tempo que escoava em um rio era a mesma em qualquer parte, independente da largura,

profundidade, inclinação e outros. Mas o desenvolvimento de dispositivos práticos só foi

possível com o surgimento da era industrial e o trabalho de pesquisadores como Bernoulli, Pitot

e outros.

Existe uma variedade de tipos de medidores de vazão, simples e sofisticados, para as mais

diversas aplicações. Os principais métodos de medição de vazão são: por obstrução, por arrasto e

por magnetismo, dentre outros medidores especiais. O tipo a usar sempre irá depender do fluido,

do seu estado físico (líquido ou gás) e das características de precisão e confiabilidade desejadas.

Os medidores de vazão do tipo turbina são é um tipo de medidor de vazão volumétrica de

líquidos e gases limpos, da classe geradora de pulsos, que extrai energia da vazão medida. A

turbina é largamente usada por causa de seu comprovado excelente desempenho, obtido a partir

da altíssima precisão, linearidade e repetitividade. A precisão da turbina é melhor que a de

muitos outros medidores de vazão em regime turbulento e é usada como padrão para a calibração

e aferição de outros medidores.

3.4 Turbina medidora de vazão

Há três tipos básicos de medidores de vazão tipo turbina: o tangencial para baixa vazão, o

de inserção em grandes tubos e o convencional axial de bitola integral.

A turbina medidora de vazão do tipo transversal, Figura 3.1, possui uma roda de pás e é

aplicada para medir vazões muito baixas. A turbina é construída com o eixo do rotor transversal

ao fluxo. O fluido passa por baixo do rotor, tangencial a semelhança de uma roda d'água. Este

modelo aproveita o baixíssimo atrito de um mancal de pivô, que consiste de um eixo com ponta

cônica, girando numa superfície de apoio côncava. O eixo de carbureto de tungstênio e os

suportes de safira são muitos duros, sem fricção de partida e funcionam melhor que o sistema

com rolamentos de esferas.

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Figura 3.1 Turbina transversal.

O medidor de vazão tipo turbina de inserção, Figura 3.2, consiste do conjunto rotor e

rolamento encerrado numa cápsula montada na extremidade de uma haste de inserção. Este tipo

de turbina mede a velocidade do fluido que passa através do tubo ou canal, no ponto em que a

mesma se encontra. Para se obter a vazãovolumétrica, multiplica-se esta velocidade media do

fluido pela área da seção molhada. A turbina de inserção pode ser portátil ou montada de

maneira permanente no interior de um tubo maior. Existem unidades retrateis que podem ser

ajustadas no interior do tubo para determinar o perfil da velocidade ou podem ser inteiramente

retiradas da tubulação, sem interrupção do processo. Os medidores tipo de inserção são aplicados

para proporcionar uma medição precisa da vazão a custo inferior ao do medidor de turbina

normal.

Figura 3.2 Turbina de inserção.

Turbina do tipo axial, Figura 3.3, é o mais utilizado e é o que utiliza o rotor com eixo

longitudinal a vazão, com bitola integral.

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Figura 3.3 Turbina axial.

3.4.1 Princípio de funcionamento

O principio básico de funcionamento da turbina consiste em que a vazão do fluido a ser

medida impulsiona o rotor da turbina instalado axial ou transversalmente à tubulação e o faz

girar numa velocidade angular definida. A rotação das pás da turbina é diretamente proporcional

a vazão do fluido e, através da detecção mecânica ou eletrônica da passagem das lâminas do

rotor da turbina, pode se inferir o valor da vazão.

Essa captação da velocidade pode ser feita por determinadas maneiras e depende da

velocidade do fluído, do tipo de ambiente ao qual o sistema está exposto e do tipo de rotor

utilizado.

3.4.2 Determinação da velocidade angular

3.4.2.1 Detecção mecânica

A velocidade de rotação do medidor tipo turbina radial pode ser determinada

mecanicamente. O detector mecânico consiste de um conjunto de eixos e de engrenagens

conectados ao rotor para operar um contador mecânico. Estes modelos tem um efeito negativo

sobre o desempenho, devido a altas perdas de atrito. Porém, possuem a vantagem de não

necessitar de fonte externa de alimentação.

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17 3.4.2.2 Detecção eletromagnética

A detecção da velocidade angular da turbina por sensores eletromagnéticos pode ser

usada na maioria das aplicações, exceto para vazões muito baixas (que é o caso deste trabalho),

em que o arraste magnético sobre o rotor afeta consideravelmente o desempenho. A bobina

detectora da velocidade é localizada externamente na parede do corpo e sente a passagem das

lâminas. Existem dois tipos de sensores eletromagnéticos: de relutância e indutivos.

O tipo de relutância tem um imã localizado no centro de uma bobina. Esta bobina

eletromagnética cria um campo de fluxo magnético. Quando as pás permeáveis do rotor

atravessam o campo, gera-se um sinal de tensão senoidal, cuja freqüência depende da freqüência

com que as pás do rotor da turbina rompem o campo magnético. Atualmente não se usa mais este

detector porque ele apresenta uma grande força de arraste. O sensor magnético do tipo indutivo

requer um imã no rotor da turbina para criar o campo de fluxo magnético. É constituído de uma

bobina em volta de um núcleo de ferro. Quando os campos de fluxo das pás magnetizadas do

rotor passam pela bobina, é induzida uma corrente elétrica alternada com freqüência

proporcional a velocidade do fluido e portanto, a vazão do fluido. A vantagem da detecção

indutiva é a operação em temperatura mais elevadas. A desvantagem é a de ter menor

rangeabilidade, pois a turbina não consegue medir vazões muito pequenas, por causa da força de

arraste magnética.

3.4.2.3 Detecção com rádio frequência

O sensor da velocidade angular da turbina com onda portadora ou do tipo radio

frequência não utiliza imã e por isso não há o problema da forca de arraste magnético sobre o

rotor. A bobina faz parte de um circuito oscilador e a passagem de uma pá do rotor pelo campo

de radiofreqüência altera a impedância, modulando a amplitude do sinal do oscilador. Usa-se um

circuito amplificador para detectar esta variação da amplitude e fornecer um sinal de saída de

pulsos com uma freqüência proporcional a velocidade de rotação da turbina. A vantagem do

detector de rádio frequência é a possibilidade de medir vazões muito pequenas, aumentando a

rangeabilidade da turbina. As desvantagens são a limitação da máxima temperatura de operação

e a necessidade de usar o préamplificador de sinal. Devido a complexidade da medição da

velocidade angular do rotor, este método não foi utilizado.

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18 3.4.2.4 Detecção por sinal de saída

O detector da velocidade gera uma tensão alternada como resultado da passagem das

lâminas do rotor que afetam a relutância variável do circuito magnético. O sinal de saída varia

entre os fabricantes e usualmente está na faixa de 10 mV a 1 V rms. A freqüência do sinal

depende do tamanho e do tipo: tipicamente varia de 10 Hz a 4 kHz. A maior freqüência

apresenta maior resolução e é a mais usada.

3.4.2.5 Detecção por tacômetro

Os tacômetros são dispositivos utilizados para medição de velocidades de rotação de

eixos. Em aplicações industriais ou mesmo no projeto de determinados tipos de equipamentos

eletrônicos de medida é necessário saber a velocidade com que um eixo, uma engrenagem ou

outra peça giram. Para contar o número de rotações por minuto (rpm) é preciso usar um circuito

denominado tacômetro, que exige um tipo de tecnologia diferenciada para sua elaboração, e que

pode ter o projeto consideravelmente simplificado pelo emprego de microprocessadores

associados à lógica digital.

Os tacômetros são instrumentos destinados a medição de valores relacionados a eventos

por tempo, utilizados na medição de velocidade, vazão ou rotações em intervalos de tempo em

segundo, minuto ou hora. A medição de velocidade na indústria é efetuada de duas formas: com

tacômetros mecânicos e com tacômetros elétricos. Os primeiros detectam o número de voltas do

eixo da máquina por meios exclusivamente mecânicos, podendo incorporar ou não a medição

conjunta do tempo para determinar o rpm, enquanto que os outros captam a velocidade por

sistemas elétricos. Para usos industriais costuma-se utilizar os tacômetros elétricos porque

permitem a transformação direta do sinal para alimentar os instrumentos registradores ou

controladores de painel.

3.4.2.5.1 Tacômetros mecânicos

O tacômetro mecânico mais utilizado é o típico contador de revoluções empregado para

medir localmente a velocidade de rotação de todas as classes de máquinas ou dispositivos

giratórios. Este contador consiste basicamente em um eixo flexível terminado em forma de ponta

que se apoia sobre o centro da peça giratória. Ao girar, eixo flexível move, através de um trem de

engrenagens, dois diais calibrados concêntricos, (um exterior, e outro interior). Cada divisão do

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19 dial exterior representa uma volta do eixo giratório, enquanto que no dial interior uma divisão

representa uma revolução do dial exterior. Conhecido o tempo de trabalho do contador, medido

mediante um cronômetro, é fácil calcular a velocidade média em r.p.m.

3.4.2.5.2 Tacômetros centrífugos

Os tacômetros centrífugos baseiam-se em um volante centrífugo clássico empregado

inicialmente nas caldeiras a vapor. Dois pesos rotativos articulados a um eixo giratório

aumentam seu raio de giro devido à força centrífuga, e comprimem uma mola. A medida da

compressão da mola, (lida em uma escala), representa a velocidade de giro do eixo. A velocidade

limite que esses instrumentos podem medir é de mais de 40000 rpm, com uma precisão de +1%.

Esses aparatos podem dispor de transmissão hidráulica ou pneumática.

3.4.2.5.3 Tacômetros elétricos

Os tacômetros elétricos empregam um transdutor que produz um sinal analógico ou

digital como conversão da velocidade de giro do eixo da máquina. Um sistema eletrônico de

medição básico que faz uso de tacômetro tem basicamente quatro componentes essenciais: o

transdutor (tacômetro) que converte a grandeza medida, rpm, em uma saída elétrica usável; o

condicionador de sinal que transforma a saída do transdutor em um tipo de sinal elétrico aceito

pelo display; o display (ou leitor) que mostra a informação desejada a respeito da grandeza; o

fornecedor de potencia que alimenta as voltagens necessárias ao condicionador e sinal e a alguns

tipos de transdutores e displays. Existem vários tipos de tacômetros, de acordo com os

transdutores.

Nos tacômetros de correntes parasitas o eixo da máquina faz girar um ímã dentro de uma

taça de alumínio. O giro do ímã induz correntes parasitas no alumínio que criam um par

resistente proporcional à velocidade. Uma mola freia o cabeçal do alumínio, ficando este em

uma posição que é sinalada em um dial. É deste modo que funciona o tacômetro elétrico

empregado em um automóvel, por exemplo. Na aviação, a máquina faz girar o ímã permanente

através de um grupo gerador-motor síncronos, enquanto que em máquinas de ferrovia geralmente

se utiliza um rotor que produz um campo magnético giratório.

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20

O tacômetro de corrente alternada consiste em um estator bobinado multipolar em que o

rotor dotado de ímã permanente induz uma corrente alternada. Um voltímetro sinala a corrente

induzida, e pelo tanto, o giro em r.p.m. do giro da máquina.

O tacômetro de corrente contínua, (ou dínamo tacométrico) consiste em um estator de

ímã permanente e um rotor com um entre ferro uniforme. A tensão contínua recolhida através

das escovas do rotor é proporcional à velocidade em r.p.m. da máquina. Essa tensão pode ser lida

em um voltímetro indicador, ou ainda alimentar um instrumento potenciométrico através de uma

resistência divisora de tensão. A precisão na medida alcança 0,5 % para velocidades que chegam

até a 6000 rpm.

3.4.2.5.4 Tacômetros de frequência

O tacômetro de frequência (ou frequencímetro) mede a frequência do sinal de c.a. captada

por transdutores do tipo eletromagnético, capacitivo ou óptico que dão impulsos cujo número é

proporcional à velocidade de giro da máquina. O transdutor não tem nenhum contato mecânico

com o eixo rotativo. A medida da frequência pode ser passada a um contador eletrônico baseado

na medida das revoluções por unidade de tempo.

3.4.2.5.5 Tacômetros AC/DC

A velocidade angular pode ser medida através de geradores AC ou DC. Os geradores AC

são usados para medir velocidades angulares médias. O número de ciclos de voltagem gerados

por revolução depende do número de pólos, e a velocidade pode ser medida através de um

simples contador de freqüência. A medição de velocidades instantâneas é mais complicada. Para

este fim, é usado um conversor torsional de dois canais. Este conversor requer duas entradas para

cada canal. A primeira entrada é o número de pulsos por revolução e a segunda é a voltagem

pulsátil que vem do sensor. A saída do conversor gera medições de velocidade com uma

sensibilidade de 0,05 mV.

3.4.2.5.6 Tacômetros eletro-ópticos

Esse tipo de tacômetro foi o escolhido para ser utilizado neste trabalho. A velocidade

angular é muitas vezes medida por sensores fotoelétricos que usam tanto o método de

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21 transmissão quanto de reflexão. O método da transmissão utiliza um encoder angular incremental

com um padrão de codificação continuo (360º) e tem como saída uma onda quadrada ou

senoidal. O método da reflexão é usado numa grande variedade de sistemas sensores de

velocidade angular.

A cabeça do sensor tem uma fonte luminosa que emite um feixe colimador na direção de

uma porção reflexiva do objeto rotor e um sensor de luz que detecta um pulso luminoso sempre

que o feixe é refletido de volta (a maioria dos objetos rotores pode requerer um pedaço de fita

reflexiva colada em algum ponto). A saída do sensor de luz é uma contagem de revoluções que

pode ser facilmente convertida em RPM, tanto por integração para produzir um sinal analógico

quanto por comparação com pulsos gerados por relógio, a fim de se ter um sinal digital como

saída.

3.4.2.5.7 Outros tipos de tacômetros

Tacômetro DC: Mede a velocidade através da associação de um campo magnético e um

condutor. A corrente gerada através do movimento relativo destes é medida e registrada por meio

se um instrumento.

Tacômetro AC: Podem medir a velocidade através de sistemas sensíveis à velocidade ou

à freqüência.

Tacômetro pulsátil magnético (digital): É constituído de uma bobina, dentro da qual

rotaciona um eixo marcado com interrupções radiais. Um sensor indica a interrupção de um ciclo

quando uma depressão do eixo passa por ele, gerando ondas quadradas de 5 V DC.

Tacômetro pulsátil óptico (digital): Usam o poder de cálculo dos microprocessadores para

converter medidas de um sensor óptico em medidas de velocidade. Uma variedade interessante é

o tacômetro estroboscópico. Um circuito gera a interrupção da luz a taxas muito elevadas e estas

podem ser ajustadas para uma velocidade fixa, eliminando harmônicos e sub harmônicos que

podem confundir as medições.

Tacômetro de relutância variável: Produz pulsos proporcionais à velocidade. Estes pulsos

são amplificados e retificados. É utilizado para velocidades entre 10000 e 50000 rpm.

Tacômetro de vigas vibrantes: Mede a freqüência de rotação através do acoplamento de

várias vigas com freqüências naturais de oscilação distintas. A freqüência de rotação é verificada

através da observação de qual viga está vibrando.

Tacômetros fotoelétricos: São usados para medições de até 3 milhões de rpm. A parte

móvel que se deseja estudar é concebida de modo a conter partes reflexivas e absorventes. A

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22 interrupção da luz refletida provoca a geração de um impulso por meio de uma célula

fotoelétrica. Estes impulsos são interpretados por um medidor de freqüência que gera ondas

quadradas. Estas ondas são levadas a um circuito discriminatório que proporciona a medição da

velocidade.

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23 4. Técnicas Experimentais

4.1 Generalidades

Os objetivos deste capítulo envolvem apresentar a montagem e funcionamento do

protótipo, a bancada na qual foi instalado, a instrumentação utilizada para obtenção da vazão e os

custos envolvidos para sua produção.

4.2 Montagem do protótipo

O protótipo foi feito utilizando utilizando materiais encontrados facilmente do mercado.

Antes e depois do medidor foram utilizados 25 cm de tubos de PVC de ¾”, sendo que no final

deste segundo foi instalado um cotovelo 90º para garantir o preenchimento completo da

tubulação e garantir uma perda de carga adicional (conforme as regras estabelecidas pelo

concurso).

Como se trata de microvazão, o atrito proveniente do eixo do rotor poderia fazer este girar

de forma instável quando a vazão estivesse regulada para 2 l/min. Para solucionar este problema,

sacrificando a minimização da perda de carga, foi instalada uma redução de ¾” para outra

tubulação de 4 mm de diâmetro feita de fibra de carbono. A redução foi possível com a

utilização de um tampão ¾” furado no seu centro com o diâmetro da tubulação menor. A Figura

4.1 mostra essa parte da instalação feita.

Figura 4.1 Redução de diâmetro.

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24

A câmara onde foi instalada o rotor foi feita com um tampão para canalização de 40 mm.

Através de um furo nesse tampão, o tubo de 4 mm deixa a água entrar tangencialmente no

tampão causando um movimento circular do fluido do tampão até dar uma volta e encontrar a

saída (ou passar direto da entrada até a saída).

Do lado oposto do tampão foi feito outro furo de 4 mm para conexão de outro tubo de

fibra de carbono para saída do fluído. Esse tubo, por sua vez, é ligado a um tubo de ¾” através

de outro tampão furado em seu centro. Ambos os tubos de fibra de carbono tem 100 mm de

comprimento. A Figura 4.2 mostra o protótipo completo, mas sem o rotor.

Figura 4.2 Protótipo completo (sem rotor).

A hélice do rotor, posta transversalmente ao sentido de vazão do fluido, foi feita através

de um rotor (

Figura 4.3) para bombas de aquário (rotor, eixo e hélice). Somente a hélice foi aproveitada

(Figura 4.4). Suas pás, pequenas para o objetivo do trabalho, foi aumentada utilizando colheres

descartáveis para café. Em cada pá foi colada com Super Bonder a extremidade da colher. O eixo

para sustentar a hélice foi feito com uma seção de 20 mm de uma antena UHF.

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Figura 4.3 Rotor para bombas de aquário.

Figura 4.4 Hélice aproveitada do rotor.

Figura 4.5 Hélice modificada.

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26 O sinal é lido através de um tacômetro digital modelo Tondaj DT-2234C+ através do

lançamento de um feixe. Como a leitura por parte do tacômetro depende da reflexão desse feixe.

Uma fita reflexiva foi posta na lateral da hélice. E, para o feixe chegar e voltar ao sensor, a

câmara foi selada com plástico transparente, deixando a hélice a mostra. A Figura 4.6 mostra o

tacômetro utilizado e o instrumento montado.

Figura 4.6 Tacômetro utilizado e instrumento montado

A lista de componentes utilizados assim como seus relativos custos estão apresentados na

Tabela 4.1.

Tabela 4.1 Custos envolvidos no projeto.

Ítem Custo 1 m de tubo PVC ¾” R$ 3,00 2 tampões ¾” R$ 2,00 1 m de tubo de fibra carbono de 4 mm R$ 25,00 1 tampão de 40 mm R$ 1,00 1 par de antena UHF R$ 3,00 1 rotor para bomba de aquários R$ 6,00 1 cola Super Bonder R$ 3,58 1 cola para canos R$ 2,50 1 tacômetro digital óptico Tondaj DT-2234C+ R$ 122,00

TOTAL R$ 168,08

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27 4.3 Princípio de funcionamento do protótipo

O fluído, que no caso é água, entra na canalização de ¾” e logo encontra uma redução de

seção que aumenta a velocidade de escoamento pois, como se trata de microvazões, um aumento

de velocidade se fez necessário para a vazão “vencer” os atritos provenientes do eixo e pelas

perdas de carga devido a redução. Quando o fluído entra na câmara do rotor, o fluído encontra

dois caminhos a percorrer: diretamente para a saída ou tangencialmente ao rotor. Através de

ambos os caminhos a hélice gira devido ao movimento do fluido, fazendo a fita reflexiva girar. O

tacômetro óptico lança um feixe de laser e capta o reflexo na fita. O tempo entre dois reflexos

consecutivos determina o rpm da hélice, que é proporcional a velocidade de escoamento do

fluido.

4.3.1 Incerteza de medição

A incerteza de medição associada ao tacômetro, de acordo com o fabrincante é de 0,05%

do valor lido mais 1 dígito para mais ou para menos. Assim, o valor da rotação medida pelo

instrumento tem 95% de chances de estar entre o valor 0,05% menor e 0,05% maior que o

mostrado no display.

4.3.2 Tacômetro Óptico Utilizado

O tacômetro óptico utilizado para realizar as medições da rotação da hélice é um Tondaj

DT-2234C+, mostrado na Figura 4.6. Tem display de 5 digitos e pode operar entre 2,5 e 99.999

rpm. A resolução do instrumento é de 0,1 rpm quando o valor lido está entre 2,5 e 999,9 rpm e

de 1 rpm para valor maior ou igual a 1000 rpm. Tem tempo de amostragem de 0,8 s quando

acima de 60 rpm. Tem seletor automático de escala e opera a distâncias entre 50 e 500 mm do

objeto em rotação.

4.3.3 Processo de calibração

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28

O protótipo construído foi calibrado através da comparação entre os valores obtidos pelo

rotâmetro instalado no sistema hidráulico (conforme regras propostas pelo concurso) e o

protótipo construído.

A fim de construir um gráfico vazão x rpm o protótipo foi instalado no sistema hidráulico e

foi ajustado primeiramente para 2 l/min, obtendo-se assim, o valor em rpm para esta vazão. Esse

valor foi acrescido 0,5 l/min e novamente foi obtido um valor em rpm. Assim repetiu-se esse

procedimento até atingir o valor de 10 l/min. A Tabela 4.2 indica os pontos medidos e seus

respectivos valores obtidos em rpm. Assim obteve-se o gráfico representado na Figura 4.7.

Tabela 4.2 Pontos obtidos (em rpm) para três medições.

Rotâmetro [l/min]

Medição 1 [rpm]

Medição 2 [rpm]

Medição 3 [rpm]

2 137,6 135,2 133,9

2,5 226,0 224,6 218,4

3 311,5 315,7 315,1

3,5 418,0 417,6 420,6

4 527,0 538,8 526,3

4,5 611,0 621,9 612,9

5 726,0 732,0 719,5

5,5 837,0 852,3 836,5

6 950,0 958,2 1005,0

6,5 1035,0 1039,0 1014,0

7 1128,0 1139,0 1103,0

7,5 1218,0 1205,0 1206,0

8 1298,0 1292,0 1299,0

8,5 1400,0 1365,0 1375,0

9 1500,0 1474,0 1470,0

9,5 1598,0 1554,0 1585,0

10 1699,0 1676,0 1667,0

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29

Figura 4.7 Gráfico vazão x rpm.

Obteve-se um gráfico bastante linear, o que possibilita a utilização de uma linha de

tendência linear. Através do programa computacional Microsoft Excel, o gráfico ainda discreto,

passou por um processo de regressão para se obter uma equação linear para que qualquer entrada

de vazão possa se obter um determinado valor de rpm e assim, transformar em vazão. A curva

está representada na Figura 4.8.

Figura 4.8 Gráfico vazão x rpm com linha de tendência.

0

2

4

6

8

10

12

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Va

o R

otâ

me

tro

[l/

min

]

Rotação Protótipo [rpm]

Curva de Calibração do Protótipo

y = 0.0052x + 1.2823

0

2

4

6

8

10

12

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Va

o R

otâ

me

tro

[l/

min

]

Rotação Protótipo [rpm]

Curva de Calibração do Protótipo

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30 5. Validação

Após a montagem, o protótipo funcionou corretamente sendo, a partir disto, possível sua

calibração e medição da vazão de água.

Um ponto importante que vale salientar, foi a formação de bolhas de ar durante a

montagem, numa região do visor onde poderia gerar erros na medição feita pelo tacômetro.

Desta forma foi necessária uma inclinação lateral do cano para que bolha fosse deslocada para

uma região onde não interferisse na medição. Conforme mostrado na Figura 5.1, com o cano

inclinado, a bolha ficou próxima a região B, sendo a medição feita na região A.

Figura 5.1 Câmara do rotor com bolha formada.

Quando em funcionamento, o protótipo se comportou como esperado, ao ponto que a

vazão era aumentada no registro, a hélice do medidos também aumentava o número de rotações

por minuto. Sendo assim, foi possível colocar a o protótipo em funcionamento.

Por se tratar de um protótipo, os materiais utilizados não são dimensionados para essa

finalidade, abrindo assim uma lacuna para possíveis erros e incertezas de medição. Destes estes

se destacam: Turbulência no fluído – Não foi possível colocar aletas na canalização para deixar o

fluxo mais laminar, tendo em vista o pequeno diâmetro do tubo utilizado; Atrito entre eixo e

hélice – Também pelas pequenas dimensões, não foi possível utilizar rolamentos ou algum

dispositivo para minimizar o atrito; Geometria da hélice – Uma otimização da geometria da pá

poderia ser utilizada, buscando melhor desempenho e menor perda de carga.

Mesmo com os itens mencionados acima, foi possível a validação do protótipo, pois eles

não interferiram de maneira prejudicial os resultados. Após a calibração, o protótipo foi o

protótipo foi testado para valores diferenciado. Os valores obtidos para vazão através do

protótipo e sua curva de ajuste foram comparados com os valores mostrados pelo rotâmetro. O

resultado foi uma medição bastante precisa e de boa repetibilidade para o esperado do medidor.

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31 6. Resultados Obtidos

Após o processo de calibração, decidiu-se que a melhor linha de tendência para fazer a

regressão seria uma equação linear, pois os coeficientes do termo ao quadrado de uma regressão

quadrática eram desprezíveis, o mesmo para regressão cúbica. Então, através do uso do

programa computacional Microsoft Excel, obteve-se a equação mostrada na Equação 6.1.

Q = 0,0052.x +1,2823 6.1

onde x é o valor dado em rpm pelo tacômetro. A Equação 6.1 só é válida para o intervalo

de 2 a 10 l/min, ou seja, o valor de x pode variar apenas entre 138 e 1676,48 rpm.

O menor valor de vazão que o protótipo foi capaz de medir foi de 1,2 l/min, um bom

resultado já que o esperado era de 2 l/min como leitura mínima. O instrumento construído

também foi capaz de ler vazões além dos 10 l/min, o que lhe garantiu uma boa rangeabilidade.

Outro ponto positivo alcançado pelo instrumento foi sua repetitividade, que marcou

valores muito próximos para retetidas medidas.

Já um ponto negativo, foi a necessidade da redução de seção para aumentar a velocidade

do escoamento para vencer os atritos do rotor com seu eixo. Isso impõe ao fluído maior perda de

carga.

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32 7. Conclusões

O trabalho propôs a construção de um prótótipo de um medidor de vazão que implicasse

a menor perda de carga possível mas que apresenta-se a maior precisão possível quando

comparado com um rotâmetro instalado nessa mesma linha. Assim, a proposta foi projetar o

protótipo de uma turbina medidora de vazão com rotor transversal. Os resultados se mostraram

satisfatórios para o custo investido no projeto.

O valor mínimo que a turbina foi capaz de obter foi de 1,2 l/min. Esse valor poderia ser

melhor se houvesse menor investimento na qualidade do material do eixo do rotor. Como o era 2

l/min a vazão mínima requerida para leitura, o objetivo foi alcançado. O protótipo mostrou capaz

de ler valores muito maiores que os 10 l/min, o que garante uma boa rangeabilidade ao

instrumento construído.

Este trabalho pode ser futuramente revisado através do estudo de rotores que geram

menos atrito, como o rotor com suporte magnético proposto por Yinping Jiang (2007) ou através

de eixos de materiais mais duros. Um estudo mais aprofundado no formato e tamanho das

hélices também pode ser abordado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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