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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 6, Edição número 24, Outubro de 2016 - Abril de 2017. p 1 TUDO AO MESMO TEMPO AGORA: INTERDISCIPLINARIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Rosangela Maria de Almeida Netzel* Marilu Martens Oliveira** RESUMO: Este artigo tem por escopo apresentar sugestões de práticas escolares interdisciplinares. A questão principal de investigação é:como integrar disciplinas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental? Tal fato é relevante, pois essa pode ser uma alternativa aos desafios que se colocam aos docentes em uma sociedade plural. Para tanto, emprega-se como instrumento metodológico a pesquisa bibliográfica, considerando-se apontamentos teórico-metodológicos e exploração de obras infantis, sendo ponto de partida as concepções expostas em documentos que tratam do ensino, além de teóricos que discorrem sobre o letramento, a natureza da literatura infantil, a abordagem literária na escola e estratégias de leitura. Espera-se contribuir com as práticas pedagógicas no segmento, motivando à organização interdisciplinar pautada em elementos direcionadores como os temas transversais e os princípios da Educação em Direitos Humanos, tendo-se nos livros infantis recursos privilegiados para a aproximação entre os saberes prévios dos alunos e os conhecimentos, valores e atitudes que se pretende disseminar. ABSTRACT: This article aims to present suggestions for interdisciplinary school practices. The main question is: how to integrate subjects in the first years of Elementary School? This issue is relevant because it can be an alternative to the challenges faced by teachers in a plural society. Therefore, this study is based on a bibliographical research, considering theoretical and methodological notes, and the work with children’s literature. The starting points are the exposed concepts in documents which deal with education, and authors who study about literacy, the children's literature, the literary approach in schools and reading strategies. It is expected that this study contributes with pedagogical practices, encouraging interdisciplinary actions based on guided elements, such as, the cross-cutting themes and the Human Rights Education principles, considering that children’s books have great resources to make a link between the previous knowledge of the students, and the values, contents and attitudes that are intended to be disseminated. Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Literatura; Sequência Básica. Keywords :Interdisciplinarity; Literature ; Basic sequence. INTRODUÇÃO A interdisciplinaridade nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é essencial, visto que, normalmente, um único regente de turma é responsável por diversas disciplinas, como Português, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes e Ensino Religioso. Diante dessa multiplicidade, coloca-se a questão de como integrar as disciplinas, de modo a contemplar o desenvolvimento de habilidades de escrita, leitura e raciocínio, considerando ainda o letramento em diversas instâncias.

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Page 1: TUDO AO MESMO TEMPO AGORA: … · Na escola, espaço privilegiado para o encontro entre o leitor e o livro, a literatura pode ser utilizada como recurso à formação de leitores,

INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 6, Edição número 24, Outubro de 2016 - Abril de 2017. p

1

TUDO AO MESMO TEMPO AGORA: INTERDISCIPLINARIDADE NOS

ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Rosangela Maria de Almeida Netzel*

Marilu Martens Oliveira**

RESUMO: Este artigo tem por escopo apresentar sugestões de práticas escolares interdisciplinares. A

questão principal de investigação é:como integrar disciplinas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental?

Tal fato é relevante, pois essa pode ser uma alternativa aos desafios que se colocam aos docentes em

uma sociedade plural. Para tanto, emprega-se como instrumento metodológico a pesquisa bibliográfica,

considerando-se apontamentos teórico-metodológicos e exploração de obras infantis, sendo ponto de

partida as concepções expostas em documentos que tratam do ensino, além de teóricos que discorrem

sobre o letramento, a natureza da literatura infantil, a abordagem literária na escola e estratégias de

leitura. Espera-se contribuir com as práticas pedagógicas no segmento, motivando à organização

interdisciplinar pautada em elementos direcionadores como os temas transversais e os princípios da

Educação em Direitos Humanos, tendo-se nos livros infantis recursos privilegiados para a aproximação

entre os saberes prévios dos alunos e os conhecimentos, valores e atitudes que se pretende disseminar.

ABSTRACT: This article aims to present suggestions for interdisciplinary school practices. The main

question is: how to integrate subjects in the first years of Elementary School? This issue is relevant

because it can be an alternative to the challenges faced by teachers in a plural society. Therefore, this

study is based on a bibliographical research, considering theoretical and methodological notes, and the

work with children’s literature. The starting points are the exposed concepts in documents which deal

with education, and authors who study about literacy, the children's literature, the literary approach in

schools and reading strategies. It is expected that this study contributes with pedagogical practices,

encouraging interdisciplinary actions based on guided elements, such as, the cross-cutting themes and

the Human Rights Education principles, considering that children’s books have great resources to make

a link between the previous knowledge of the students, and the values, contents and attitudes that are

intended to be disseminated.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Literatura; Sequência Básica.

Keywords :Interdisciplinarity; Literature ; Basic sequence.

INTRODUÇÃO

A interdisciplinaridade nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é essencial, visto que,

normalmente, um único regente de turma é responsável por diversas disciplinas, como

Português, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes e Ensino Religioso. Diante

dessa multiplicidade, coloca-se a questão de como integrar as disciplinas, de modo a

contemplar o desenvolvimento de habilidades de escrita, leitura e raciocínio,

considerando ainda o letramento em diversas instâncias.

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Para vencer tal desafio, orientações oficiais sugerem que o ensino paute-se em

contextualizações e na integração entre as várias áreas do conhecimento, com atenção

especial para construção de atitudes e valores voltados à vida social, destacando-se os

Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e os Princípios para a Educação

em Direitos Humanos (BRASIL, 2012...), que englobam o tema das diversidades, tão

presente nas discussões sociais na atualidade.

Nesse contexto, os termos transversalidade e interdisciplinaridade são citados como

formas de aprimorar a didática, justapondo conteúdos curriculares. Diante disso, nesta

pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, coloca-se a hipótese de que a literatura

infantil seja ferramenta interessante para tal integração, atendendo ao disposto nos

referidos documentos e permitindo desdobramentos referentes a outras instâncias

curriculares.

Objetiva-se, portanto, apresentar sugestões de abordagem literária em que

transversalidade e interdisciplinaridade se complementem. Tais esquematizações,

estruturadas em formato de Sequências Básicas (COSSON, 2009), constituem os

resultados alcançados até o momento.

1 INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSVERSALIDADE

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) versa sobre o

objetivo do Ensino Fundamental, que se constitui na formação básica do cidadão,

enfatizando o desenvolvimento de habilidades de aprendizagem, entendimento do

entorno natural e social, além da disseminação de valores e atitudes solidárias e de

tolerância, tendo como base a leitura, a escrita e o cálculo.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) são também documentos relacionados ao

ensino, e neles é incentivada a integração entre disciplinas, considerando, sobretudo,

problematização e análise de questões sociais relevantes, visando a que tal incorporação

ocorra por meio de temas transversais, elencados como: ética; saúde; meio ambiente;

orientação sexual; e pluralidade cultural (BRASIL, 1997, p. 41).Conceitua-se, também,

no documento referido, o termo transversalidade como um tratamento integrado das

áreas (BRASIL, 1997, p. 45), onde os conteúdos são devidamente inseridos na realidade

dos alunos, podendo, esse conceito, ser inerente à interdisciplinaridade, quando

concebida como trabalho colaborativo entre duas ou mais disciplinas.

Tais considerações remetem ao conceito de letramento, bastante presente nas discussões

educacionais na atualidade, que, em uma abordagem social, refere-se às habilidades de

ler e escrever textos do cotidiano em contextos específicos, de acordo com as

necessidades, valores e práticas do indivíduo (SOARES, 1998).

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No entanto, conceber as práticas sociais como direcionadoras do ensino requer

discussões constantes sobre as diversidades, visto que novos conceitos a elas relativos

têm pautado as vivências de muitos dos educandos, seja no âmbito familiar, midiático

ou social em geral.

Acrescenta-se o fato de que leis recentes buscam regulamentar tal inserção, como o

Programa Nacional de Direitos Humanos (BRASIL, 2009), enfatizando que a formação

na Educação Básica deve consistir em possibilitar, desde a infância, a formação de

cidadãos cientes de seus direitos, no combate a formas de preconceito, pautados no

respeito às diversidades (BRASIL, 2009); e, ainda, o documento que trata dos

Princípios da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b), com referência ao

caráter transversal, em uma abordagem interdisciplinar, visando à adoção de estratégias

metodológicas que privilegiem a construção prática de valores (BRASIL 2012b). Dessa

maneira, percebe-se que ambos os documentos referem-se à Educação em Direitos

Humanos (EDH) como essencial ao ensino, desde os anos iniciais.

Diante dessas orientações, as práticas interdisciplinares, imbuídas da transversalidade,

podem ser uma alternativa à organização de conteúdos, desde que se conte com recursos

facilitadores da necessária integração. Nesse contexto, afirma-se que a abordagem de

literatura infantil, em seu potencial artístico e cultural, seja alternativa viável, pois

facilita a contextualização de temas, possibilitando atender às novas exigências que se

impõem ao ensino, em práticas concretas de letramento.

2 ABORDAGEM LITERÁRIA E PRÁTICAS CURRICULARES

Candido (1995) afirma que tão importante quanto o direito à saúde e à educação é o

direito à literatura, às artes e outras formas culturais. Assim, independentemente da

classe social, todos os indivíduos devem ter acesso a esses bens. Devido ao fato das

esferas sociais comunicarem-se, o sujeito poderá transitar por diferentes instâncias, por

isso a garantia de acesso à cultura popular e à erudita é colocada como inalienável.

A literatura infantil, em sua natureza artística - representação de mundo por meio da

palavra em que se fundem realidade e fantasia -,foi produzida em diferentes momentos

históricos e as concepções relativas a ela também foram diferentes. Destinando-se a

crianças, seres em idade de aprendizagem, é também pedagógica, podendo ser mais que

entretenimento, “[...] experiência rica de vida, inteligência e emoções” (COELHO,

2000, p. 32).

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Na escola, espaço privilegiado para o encontro entre o leitor e o livro, a literatura pode

ser utilizada como recurso à formação de leitores, em um trabalho pautado pela

interdisciplinaridade e pelas práticas sociais. Isso remete ao plano do conteúdo, tendo

como elemento principal as temáticas universais, com base na concepção clássica de

amplitude e dupla função de “instruir agradando”, estendendo a diversos gêneros tal

classificação, em uma abordagem ampla, desde que sua produção ocorra também com

intenção artística.

Ainda sobre critérios de seleção das obras, seria uma alternativa ao professor considerar

o itinerário de aprendizagem desejado, englobando fatores como qualidade literária,

valores morais, opiniões dos leitores (COLOMER, 2007, p.125-139). Deste modo, a

seleção de livros pode ser um jogo coletivo e consciente, uma prática social, o que

motivará à exploração das obras sugeridas na escola.

Por ser leitor maduro, a leitura do mestre tende a ser mais abrangente do que a do leitor

imaturo, possibilitando-lhe mediar a leitura de modo a fazer do texto um ponto de

encontro entre autor e leitor. A maturidade será, por conseguinte, construída mediante a

intimidade com muitos textos. Portanto, no aprendizado, cada nova leitura desloca e

altera o significado de tudo lido anteriormente, ampliando a compreensão quanto aos

livros, às pessoas e às vivências. Entretanto prevalece o alerta feito por muitos teóricos,

ao longo dos anos, de que é preciso propor estudos significativos do texto, dando

preferência a obras integrais em detrimento da fragmentação por vezes apresentada nos

livros didáticos.

Considerando tais aspectos, o estudo integral da obra literária permite

interdisciplinaridade e transversalidade, podendo gerar desdobramentos múltiplos

como a criação de histórias matemáticas que envolvam resolução de problemas, por

exemplo, ou mesmo a discussão e a ampliação dos estudos, usando-se pesquisas e

entrevistas sobre assuntos de disciplinas como Ciências, História, Geografia, ou outras

disciplinas presentes nos anos iniciais do Ensino Fundamental (doravante Ensino

Fundamental Inicial - EFI), como Artes e Ensino Religioso, que podem relacionar-se ao

caráter artístico e cultural da literatura, como já comentado.

É importante ressaltar que há, ainda, algumas estratégias de leitura, a serem utilizadas

desenvolvidas na escola, para utilização de acordo com os objetivos de cada indivíduo

nas diversas situações, sendo elas: ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou

predição de conteúdos ou de propriedades dos textos; checagem de hipótese; localização

e/ou retomada de informações; comparação de informações; generalização; produção de

inferências locais; produção de inferências globais. Portanto, há de se considerar os

conhecimentos prévios do aprendiz, as inferências que apresenta ao explorar

antecipadamente o livro (dando espaço à curiosidade e hipóteses), a busca de

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informações literais, o reconto pessoal do texto lido e os comentários críticos originados

da sua apreciação da obra (ROJO, 2009, p. 77-79).

Assim é que Cosson (2009), voltando-se à mediação, aponta passos a serem trilhados na

abordagem escolar de obras literárias. Trazendo suas contribuições para o contexto do

EFI e considerando que o professor regente do segmento não leciona apenas literatura

ou outra disciplina isolada, uma possibilidade é utilizar a Sequência Básica para o

Letramento Literário, obedecendo aos seguintes passos: Motivação, Introdução, Leitura

e Interpretação. A Sequência Básica, então, será detalhada no próximo tópico.

3 SUGESTÕES DE SEQUÊNCIAS BÁSICAS PARA O EFI

Na metodologia da Sequência Básica para o Letramento Literário, Motivação é o

momento lúdico de introdução ao tema principal de que a obra literária tratará; a

Introdução é a apresentação de autor, contexto de produção e outras características da

obra que mereçam ser comentadas; a Leitura é vista como o momento de contato entre

leitor e obra, preferencialmente individual; e a Interpretação como o momento de

partilha entre os muitos sentidos que a obra assume para cada um dos leitores, dando

margem à interação e a estratégias de avaliação dinâmica de leitura.

Buscando enfatizar a importância da abordagem literária no EFI, as sugestões aqui

apresentadas têm como recursos alguns dos livros presentes nos acervos do Plano

Nacional do Livro Didático (PNLD) 2013, entregues às escolas públicas pelo MEC

(BRASIL, 2012a), de fácil acesso a muitos professores do segmento, considerando-se

os temas relativos aos PCNS e aos Princípios da EDH. Dessa forma, foi possível

relacioná-los da seguinte forma:

QUADRO 1: Relação entre temas e obras infantis Temas transversais

– PCNS (BRASIL,

2007)

Princípios da EDH (BRASIL, 2012b) Obras selecionadas do

acervo PNLD 2013

(BRASIL, 2012a)

Ética Democracia na educação 1. O livro do pode-não-pode

(STRAUSZ, 2005)

Saúde Dignidade humana 2. Gente de muitos

anos(CARVALHO, 2009)

Meio ambiente Sustentabilidade socioambiental. 3. A quarta-feira de

Jonas(ACIOLI, 2010)

Orientação sexual Igualdade de direitos; 4. Carta do tesouro para ser

lida às crianças (MIRANDA,

2009)

Pluralidade cultural Reconhecimento e valorização das 5. Canção dos povos

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diferenças e das diversidades; africanos(PAIXÃO, 2010)

Pluralidade cultural Laicidade do estado 6. O livro das

combinações(FELICIANI,

2012)

Meio ambiente Transversalidade, vivência e globalidade 7. Tudo por causa do

pum?(SUERTEGARAY,

2011)

Fonte: Autoria própria.

Estabelecidos esses pontos comuns entre as temáticas expostas nos documentos e

elegendo-se obras que os suscitassem, foi possível construir propostas de Sequências

Básicas como sugestões a professores do EFI, ou mesmo de outros segmentos que

pretendam adaptá-las.

Antes de inserir essa abordagem na prática pedagógica, é necessário compreender,

porém, a importância de que, nas Sequências Básicas, cada criança possa ter contato

com o livro, mesmo que posteriormente ao trabalho em sala, para leitura autônoma,

explorando assim toda sua carga literária e linguística. Além disso, na etapa de

interpretação, é preciso estar atento para que se mantenha o principal objetivo desse tipo

de mediação, que é a socialização das impressões de leitura dos alunos, coletivamente

ou em grupos.

QUADRO 2: Sequência Básica com a obra O livro do pode-não-pode

Tema: Direitos e deveres dos cidadãos

Princípio da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b): DEMOCRACIA NA EDUCAÇÃO

Tema transversal (BRASIL, 1997): ÉTICA

Obra complementar: O livro do pode-não-pode (STRAUSZ, 2005)

Autor(a): Rosa Amanda Strausz

Ilustração: Eduardo Albini

Em O livro do pode-não-pode, conta-se a história do caminhoneiro Tião Parada, que adora seu ofício e

vive percorrendo as regiões do Brasil. Em cada lugar onde chega, ele cria laços de amizade e se apega

ao local. Gosta especialmente do Nordeste, por apreciar tudo: as pessoas, as cidades e, especialmente, a

comida, motivo que o leva à prisão na cidade de Piripaque. Essa obra leva o leitor a refletir sobre temas

como cidadania, liberdade e autoritarismo. Tião Parada e o temido delegado Jegue Brabo revelam, de

maneira cômica, a importância de se conhecer as leis para a luta pelos seus direitos(BRASIL, 2012a, p.

131).

Motivação: Atividade escrita individual sobre 3 regras de convivência ideais na opinião das crianças,

imaginando uma escola com normas diferentes.

Leitura pela professora e anotação no quadro das 6 regras mais “absurdas” que os alunos apresentarem.

Introdução (contextualização sobre tema, autor e obra)

Discorrer sobre a existência da Constituição Federal e de outras leis que normatizam a convivência

entre os brasileiros.

Dinâmica “Cadeira dos autores”, considerando-se a sinopse contida na contracapa do livro e as breves

biografias nele expostas: os alunos recebem esses textos, leem e elaboram questões simples; dois deles

são escolhidos para representar a autora e o ilustrador, buscando responder aos questionamentos,

também baseados nos dois textos.

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Mostrar o mapa do Brasil e, mais especificamente, a localização do Nordeste, onde se passa a narrativa.

Explicar que a cidade onde ela acontece é fictícia.

Leitura: Como é um livro extenso, se houver poucos exemplares na escola, a leitura poderá ser feita

pela professora, em uma ou mais aulas.

Interpretação: Após o momento de discussão das interpretações da turma, poderá ser realizada a

produção de texto coletivo resumindo a obra, ou mesmo a produção de textos em grupo ou individuais,

inspirados na história, mas trocando a cidade por uma família ou uma escola.

Fonte: Autoria própria.

QUADRO 3: Sequência Básica com o livro Gente de muitos anos Tema: Direitos dos idosos

Princípio da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b): DIGNIDADE HUMANA

Tema transversal (BRASIL, 1997): SAÚDE

Obra complementar: Gente de muitos anos (CARVALHO, 2009).

Autor(a): Malô Carvalho (Maria Eugênia Silveira Carvalho)

Imagens: Suzete Armani

Gente de muitos anos trata da temática “direitos dos idosos” e aborda vários aspectos em torno do seu

cotidiano, com ilustrações belas que despertam o interesse do leitor. Malô Carvalho, autora da obra,

propõe modelos e situações habituais de socialização entre gerações de forma lúdica e divertida. O livro

também retoma aspectos históricos da legislação e transcreve partes específicas do estatuto do idoso:

saúde; transportes coletivos; violência e abandono; entidades de atendimento ao idoso; lazer, cultura e

esporte; trabalho; habitação. A leitura é capaz de provocar situações de análise e reflexão sobre valores

e atitudes fundamentais para a formação cidadã (BRASIL, 2012a, p. 72).

Motivação: Dinâmica em duplas, em que um colega tem os olhos vendados e deverá ser guiado por

outro colega pela sala ou escola, trocando de lugar em um segundo momento (no caso de alunos

pequenos melhor fazer com uma ou duas duplas como exemplo à turma).

Ao final da atividade, os alunos dizem como se sentiram ao serem guiados e ao guiar o colega.

O professor anota no quadro as descrições feitas.

Explicar que nem todos os idosos têm dificuldade de enxergar, mas vão adquirindo limitações físicas

ou psicológicas e precisam muito da compreensão e colaboração de todos.

Introdução:

Contextualização do tema, autores e obra: Ler para os alunos os depoimentos dos autores (breve

biografias) nas páginas 34 e 35 do livro. Podem ser lidas ou apenas comentadas também as informações

presentes nas p. 30-33 sobre o estatuto do idoso, ou ainda ser proposta uma pesquisa sobre o tema

como tarefa de casa.

Leitura: A leitura poderá ser feita por meio de jogral, com uso de microfone, se possível, e com a

participação de todos ou de alguns alunos.

Interpretação: Após o momento de discussão das interpretações da turma, poderá ser proposta uma

atividade artística como produção de cartazes ou esculturas (usando massinha) sobre o tema, em

grupos, e a exposição e/ ou apresentação de trabalhos.

Fonte: Autoria própria.

QUADRO 4: Sequência Básica com o livro A quarta-feira de Jonas Tema: Meio ambiente e atitudes conservacionistas.

Princípio da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b): SUSTENTABILIDADE

SOCIOAMBIENTAL.

Tema transversal (BRASIL, 1997): MEIO AMBIENTE

Obra complementar: A quarta-feira de Jonas (ACIOLI, 2010).

Autor(a): Socorro Aciole

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Imagens: Rafael Limaverde

A quarta-feira de Jonas é um livro que, por meio de uma história centrada na amizade entre o menino

Jonas e uma família de golfinhos, apresenta situações decorrentes da nossa atitude em relação ao

descarte dos resíduos. Nessa perspectiva, a autora traz duas possibilidades de final para a narrativa: a

poluição das águas e a consequente morte dos animais, ou a preservação dos ambientes pela reciclagem

dos resíduos. O enredo convida o leitor a refletir sobre a importância das atitudes em favor do meio

ambiente, que beneficiem o ser humano e os outros animais, em um exercício de cidadania (BRASIL,

2012a, p. 82).

Motivação: Podem ser exploradas imagens de ambientes conservados e de ambientes degradados e

discutir-se sobre os motivos, a culpa e as consequências de tais cenários (até mesmo imagens do livro

didático).

Introdução: Ler ou pedir que algum aluno leia para a turma a biografia da autora e do ilustrador ao final

do livro. Se possível, acessar com os estudantes ou pedir que o professor de informática acesse as

páginas da autora e do ilustrador, indicados na última página do livro (abaixo das biografias).

Leitura: Poderá ser realizada a leitura dramatizada. A professora começará a narrativa e depois dois

grupos de alunos ficam com uma versão, dividindo as falas.

Interpretação: Após o momento de discussão das interpretações da turma, poderá ser proposta às

crianças a montagem de um calendário semanal com as atividades de Jonas na versão que mais

gostaram.

Fonte: Autoria própria.

QUADRO 5: Sequência Básica com o livro Carta do tesouro para ser lida às crianças Tema: Respeito à diversidade de opiniões.

Princípio da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b): IGUALDADE DE DIREITOS

Tema transversal (BRASIL, 1997): ORIENTAÇÃO SEXUAL

Obra complementar: Carta do tesouro para ser lida às crianças (MIRANDA, 2009)

Autor(a): Ana Miranda

Imagens: Ana Miranda

O livro Carta do tesouro é uma opção de abordagem dos direitos das crianças na perspectiva do

multiculturalismo e da diversidade cultural, étnica, linguística, religiosa, sexual, de gênero, de arranjo

familiar e de classe social. Enfatiza que tais direitos se impõem em quaisquer contextos. Desenhos de

crianças de todos os lugares do mundo real e do mundo ficcional, como o saci, as bonecas de pano

(Emília), os bonecos de pau (Pinóquio) e até mesmo um marciano favorecem um trabalho de estímulo à

imaginação, à criatividade e às atitudes de participação e comprometimento com o coletivo (BRASIL,

2012a, p. 73).

Motivação: Recorte e colagem de revistas para formar uma pessoa, usando partes de várias outras.

Discussão dos resultados e reflexão sobre como agiriam se encontrassem alguém com aquela aparência

ou tivessem eles próprios aquela aparência.

Fotocopiar alguns desenhos do livro que representem rostos de crianças e pedir que cada aluno

reproduza um deles.

Introdução: Leitura da biografia da autora ao fim do livro. Conversa sobre e leitura da Declaração dos

Direitos da Criança (ao final do livro) e/ou proposta de pesquisa como tarefa de casa sobre o assunto.

Leitura: Seria ideal que pudessem visualizar o livro juntos, pois as imagens complementam o texto

escrito (talvez fotografar ou scannearas páginas e usar datashow). Assim poderiam relacionar,

coletivamente, as imagens e as características apontadas em cada parágrafo.

Interpretação: Após o momento de discussão das interpretações da turma, poderia ser montado um

texto coletivo sobre o tema, passado para cartolinas em grupos e anexados desenhos que

representassem partes da história.

Fonte: Autoria própria.

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QUADRO 6: Sequência Básica com o livro Canção dos povos africanos Tema: Diversidade cultural.

Princípio da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b): RECONHECIMENTO E

VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS E DAS DIVERSIDADES.

Tema transversal (BRASIL, 1997): PLURALIDADE CULTURAL.

Obra complementar: Canção dos povos africanos (PAIXÃO, 2010)

Autor(a): Fernando da Paixão

Imagens: Sérgio Melo

Pode-se discutir ou resolver um problema cantando? A obra Canção dos povos africanos apresenta, na

forma de poesia rimada, a tradição mantida por uma tribo africana, cuja característica maior é utilizar a

canção como mediadora nas relações sociais. Assim, no nascimento, no rito de passagem para a vida

adulta, na morte e mesmo nos momento sem que um membro da tribo comete um ato considerado

impróprio, é por meio da canção que todos se manifestam. O poema propicia trabalhar a noção de lugar

e região, além de ampliar o universo vocabular do leitor e desenvolver conteúdos relacionados à

pluralidade cultural (BRASIL, 2012a, p. 121).

Motivação: Pedir que os alunos tragam o nome e a letra de sua canção favorita. Deixar que os alunos

apresentem à turma, lendo ou cantando. Se houver canções iguais podem ser cantadas em grupo.

Refletir sobre a importância das canções apresentadas para cada um e as mensagens nelas contidas. Se

possível, assistir ao vídeo para aprender a brincadeira cantada com a música África (ver com os alunos,

contando com a professora da biblioteca ou outro projeto), mostrar o mapa mundi e o mapa do Brasil,

para ver lugares mencionados na música. Explorar a letra com os alunos.

Introdução: Leitura dos comentários sobre a biografia do autor e do ilustrador (fatos mais

significativos), mostrar no mapa do Brasil a localização do nordeste e do Ceará (terra natal do autor).

Leitura: Leitura dramatizada, pelos alunos em forma de jogral.

Interpretação: Após o momento de discussão das interpretações da turma, seria interessante fazer a

montagem de encenação das estrofes, apresentação para outras turmas, acompanhada da leitura em

forma de jogral. Seria ainda interessante proceder à montagem de mural com palavras de origem

africana, colorido com estampas como as do livro, que remetem ainda a sequências de figuras e formas

(podem entrar aqui as atividades disponibilizadas pela prefeitura e enviadas ao e-mail das professoras

da escola).

Fonte: Autoria própria.

QUADRO 7: Sequência Básica com o livro O livro das combinações Tema: Respeito à diversidade de crenças.

Princípio da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b): LAICIDADE DO ESTADO

Tema transversal (BRASIL, 1997): PLURALIDADE CULTURAL

Obra complementar: O livro das combinações (FELICIANI, 2012)

Autor(a): Mario Rui Feliciani

Imagens: Galvão

Como decidir em qual passeio a turma deve ir? O que se pode ou não fazer em sala de aula? Usando

situações muito próximas da realidade dos leitores e valendo-se de ilustrações chamativas, a obra O

livro das combinações propicia a discussão sobre o convívio em sociedade. Estimula, ainda ,a

tolerância política, cultural, social e religiosa ao tratar de temas como a liberdade de expressão, o

direito de defesa e de ir e vir, da proteção às crianças, do combate ao racismo e da igualdade entre

homens e mulheres (BRASIL, 2012a, p. 117).

Motivação: Atividade coletiva de combinação entre sílabas para formar diferentes palavras.

Atividade de combinação entre peças de roupas de diferentes formatos, cores e tamanhos, se possível

recortadas em cartolina ou E.V.A. para manipulação dos alunos.

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Reflexão sobre diferentes resultados.

Introdução: Leitura das biografias do autor e do escritor ou dinâmica “Cadeira dos autores”.

Leitura: Como o livro é extenso seria interessante dividir em vários textos e pedir que sejam treinados

pelos alunos em casa para serem lidos em sala.

Interpretação: Após o momento de discussão das interpretações da turma, poderão ser montados

painéis sobre as combinações enfatizadas no livro: liberdade de expressão; o direito de defesa; proteção

às crianças; liberdade de ir e vir. Refletir com os alunos os limites de tais direitos.

QUADRO 8: Sequência Básica com o livro Tudo por causa do pum? Tema: Preservação do meio ambiente.

Princípio da Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012b): TRANSVERSALIDADE,

VIVÊNCIA E GLOBALIDADE

Tema transversal (BRASIL, 1997): MEIO AMBIENTE

Obra complementar: Tudo por causa do pum? (SUERTEGARAY, 2011)

Autor(a): Maíra Suertegaray

Imagens: André Aguiar

A obra Tudo por causa do pum? discute, de forma bem humorada, a questão do aquecimento global. A

discussão se faz a partir da ideia de que a flatulência (o “pum”) dos bovinos produz gases poluentes

responsáveis pelo aquecimento. Na história, a vaca Godofreda e suas amigas, indignadas com tal

afirmação, fazem greve de fome e conseguem mostrar que as queimadas das florestas e do lixo, os

desmatamentos e o consumo dos combustíveis fósseis são muito mais impactantes para o meio

ambiente, levando o leitor à conclusão de que o ser humano é o principal responsável pelo

aquecimento global (BRASIL, 2012a, p. 83).

Motivação: Perguntar aos alunos o que sabem sobre aquecimento global e/ou pedir que pesquisem a

respeito (anotem em folha avulsa para montar painel ao final) e tragam as considerações para serem

apresentadas e discutidas na sala de aula.

Introdução: Leitura das biografias do autor e do escritor ou dinâmica “Cadeira dos autores”.

Leitura: A leitura poderá ser realizada pela professora em conjunto com os alunos dramatizando os

acontecimentos.

Interpretação: Após o momento de discussão das interpretações da turma, seria interessante montar um

painel com as pesquisas dos alunos, além de desenhos e colagens sobre o tema.

Fonte: Autoria própria.

Em todas as Sequências Básicas sugeridas, há mais de uma disciplina envolvida,

possibilitando transitar em diferentes conteúdos curriculares. Outro aspecto que vale a

pena ser ressaltado é a dinamicidade das práticas, visto que se busca dar abertura ao

aluno, valorizando-se a oralidade. Dessa forma, os conteúdos curriculares poderão ser

trabalhados de maneira lúdica, havendo ainda a possibilidade de desdobramentos em

atividades que objetivem desenvolvimento de habilidades diversas.

A exposição de trabalhos ao final das práticas, como sugerido, é uma forma de revisar

os temas abordados, produzindo-se outros sentidos e mostrando aos alunos que seus

trabalhos podem alcançar outros públicos, além do professor e dos alunos da turma.

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A dinâmica “Cadeira dos autores”, sugerida na primeira Sequência Básica apresentada

poderia ser utilizada em todas elas, pois exercita estratégias de leitura dos alunos, com

base nas biografias e nas sinopses expostas nas obras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A integração de disciplinas por meio da abordagem literária é uma alternativa válida

para a organização didática, uma vez que permite abordar conteúdos de diferentes áreas

em um único planejamento, atendendo ao disposto em documentos orientadores do

ensino.

Desse modo a transversalidade e a interdisciplinaridade podem complementar-se, em

aulas nas quais o lúdico esteja presente, partindo-se do conhecimento de mundo que o

aluno já possua e possibilitando a construção de outros saberes.

Por meio da pesquisa bibliográfica aqui empreendida, são lançados caminhos para que a

abordagem literária seja uma alternativa ao ensino transversal e interdisciplinar no EFI,

pois as Sequências Básicas baseadas no referencial teórico exposto comprovam que é

possível almejar e concretizar tal objetivo. Para tanto, é preciso que o trabalho com obras infantis paute-se em metodologia que

conserve seu duplo caráter, artístico e cultural, de modo que a matéria literária seja

explorada em atividades dinâmicas pautadas pela oralidade, pela criatividade e pela

partilha.

Espera-se contribuir, a partir das sugestões aqui apresentadas, para um trabalho

pedagógico integrado, em que a literatura seja concebida como recurso privilegiado,

devido ao seu caráter artístico e cultural, possibilitando diversos desdobramentos.

REFERÊNCIAS

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Edições Demócrito Rocha, 2010.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Acervos complementares: alfabetização e

letramento nas diferentes áreas do conhecimento / Ministério da Educação, Secretaria de

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Acesso em: 28 jul. 2014.

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SUERTEGARAY, M. Tudo por causa do pum? Ilustrações: André Aguiar. Curitiba-

PR: Terra Sul Editora, 2011.

*Mestre em Ensino de Ciências Humanas (UTFPR – LD).

**Doutora em Letras (UTFPR – CP/LD).