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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Débora Saccaro Turella CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO PARA BACIA DE DISSIPAÇÃO POR RESSALTO HIDRÁULICO TIPO I Porto Alegre junho 2010

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Page 1: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Deacutebora Saccaro Turella

CRITEacuteRIOS DE DIMENSIONAMENTO PARA BACIA DE

DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

Porto Alegre

junho 2010

DEacuteBORA SACCARO TURELLA

CRITEacuteRIOS DE DIMENSIONAMENTO PARA BACIA DE

DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

Trabalho de Diplomaccedilatildeo apresentado ao Departamento de

Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal

do Rio Grande do Sul como parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Engenheiro Civil

Orientador Marcelo Giulian Marques

Coorientador Alexandre Augusto Mees Alves

Porto Alegre

junho 2010

DEacuteBORA SACCARO TURELLA

CRITEacuteRIOS DE DIMENSIONAMENTO PARA BACIA DE

DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

Este Trabalho de Diplomaccedilatildeo foi julgado adequado como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador e

pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Diplomaccedilatildeo Engenharia Civil II (ENG01040) da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre 14 de julho de 2010

Prof Marcelo Giulian Marques

PhD pelo Deacutepartement de Geacutenie Civil

Universiteacute LavalQueacutebec

Orientador

Alexandre Augusto Mees Alves

Mestre em Recursos Hiacutedricos e Saneamento

Ambiental UFRGSPorto Alegre

Coorientador

Profa Carin Maria Schmitt

Coordenadora

BANCA EXAMINADORA

Eng Mauriacutecio Dai Praacute

Me pela UFRGS

Eng Rafael Andreacute Wiest

Me pela UFRGS

Eng Alexandre Augusto Mees Alves

Me pela UFRGS

Prof Marcelo Giulian Marques

PhD pela Universiteacute LavalQueacutebec

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao Prof Marcelo Giulian Marques pela orientaccedilatildeo pela motivaccedilatildeo e por todos os

conhecimentos positivos proporcionados para o meu aprendizado e para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo ao doutorando Alexandre Augusto Mees Alves coorientador deste trabalho pela

oportunidade de aprendizado pelo apoio e pela grande contribuiccedilatildeo na realizaccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo a professora Carin coordenadora deste trabalho por sempre ajudar no correto

andamento do mesmo e pela motivaccedilatildeo

Agradeccedilo a todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram na execuccedilatildeo deste

trabalho

Aprender eacute a uacutenica coisa de que a mente nunca se cansa

nunca tem medo e nunca se arrepende

Leonardo da Vinci

RESUMO

TURELLA D S Criteacuterios de dimensionamento para bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I 2010 86 f Trabalho de Diplomaccedilatildeo (Graduaccedilatildeo em Engenharia Civil) ndash

Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre

O presente trabalho aborda os criteacuterios de projeto para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I e apresenta um estudo de caso onde satildeo aplicados

estes criteacuterios Esta estrutura eacute uma das obras que pode vir a compor o sistema extravasor de

uma barragem que eacute o dispositivo responsaacutevel pela seguranccedila da obra nos periacuteodos de cheias

por onde satildeo descartadas as vazotildees excedentes A partir da revisatildeo bibliograacutefica foi feita uma

anaacutelise sobre as obras que compotildeem este sistema de seguranccedila que satildeo obrigatoriamente

vertedouro e dissipador de energia mas dependendo das condiccedilotildees topograacuteficas geoloacutegicas

construtivas e de arranjo podem ser necessaacuterias outras estruturas complementares tais como

canal de aproximaccedilatildeo canal raacutepido canal de descarga entre outros Na primeira etapa do

trabalho satildeo descritas as estruturas que compotildeem o sistema extravasor e os tipos de

dissipadores de energia que satildeo os dispositivos com a finalidade de dissipar a energia cineacutetica

do escoamento vertido e adequaacute-lo ao curso natural do rio minimizando os possiacuteveis efeitos

erosivos do escoamento que poderiam comprometer a fundaccedilatildeo e consequentemente a

seguranccedila da barragem Na fase seguinte parte-se para o detalhamento de bacias de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico apresentando os modelos existentes mais frequentes

classificados de acordo com a United Statates Bureau of Reclamation Como o dissipador em

anaacutelise utiliza o ressalto hidraacuteulico eacute feita uma descriccedilatildeo deste fenocircmeno que ocorre na

transiccedilatildeo do regime raacutepido para o regime lento com elevada intensidade de turbulecircncia e

consequentemente com significativa dissipaccedilatildeo de energia Nesta etapa satildeo abordadas de

forma mais minuciosa as bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I Apoacutes a exposiccedilatildeo

destas estruturas satildeo definidos e detalhados os criteacuterios de projeto necessaacuterios para um

dissipador situado em condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas similares agraves do Brasil sendo por fim

apresentado uma anaacutelise em um caso hipoteacutetico onde satildeo aplicados os conhecimentos

apresentados neste trabalho

Palavras-chave sistema extravasor dissipador de energia bacia de dissipaccedilatildeo ressalto

hidraacuteulico criteacuterios de projeto

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

20

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

35

energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

37

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

43

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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54

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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56

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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58

r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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60

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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64

rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

BAPTISTA M B COELHO M M L P Fundamentos de Engenharia Hidraacuteulica 2 ed

rev Belo Horizonte Editora da UFMG 2003

CARVALHO E Seguranccedila de Barragens Aspectos Hidroloacutegicos e Hidraacuteulicos

Disponiacutevel lthttpwwwcbdborgbrdocumentosErtonCarvalho-HidrC3A1ulicapdfgt

Acesso em 27 set 2009

ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

Company 1959

ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad189pdfgt Acesso em 15 jan 2010

ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad174pdfgt Acesso em 19 set 2009

EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

ltwwwehrufmgbrdocsehrposgrad181pdfgt Acesso em 20 set 2009

FURNAS Parque Gerador Disponiacutevel em

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em 03 maio 2010

HAGER W H Energy Dissipators and Hydraulic Jump Dordrecht Kluwer Academic

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_____ Trajectory Basins In VISCHER DL HAGER W H Energy Dissipators Zurich

A A Balkema 1995 v 9

MARQUES M G Contribuiccedilatildeo do estudo da influecircncia do acircngulo de saiacuteda nos

dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

Saneamento) ndash Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Universidade

Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

ORTIZ J P Macroturbulecircncia de Escoamento a Jusante de Estruturas de Dissipaccedilatildeo por

Ressalto ndash Estudo Teoacuterico Experimental Boletim Teacutecnico Departamento de Aacuteguas e

Energia Eleacutetrica Satildeo Paulo v 5 n 3 p 237-472 set 1982

PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators 1st ed 3rd

printing Washington United States Government Printing Office 1974 Engineering

Monograph 25

PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

SCHREIBER G P Usinas Hidreleacutetricas Satildeo Paulo Edgar Bluumlncher 1977

TAMADA K Dissipaccedilatildeo de Energia na Engenharia Hidraacuteulica Resumo de Aula Satildeo

Paulo [1991]

TRIERWEILER NETO E F Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico

Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do

Rio Grande do Sul Porto Alegre

UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

of Small Dams 2nd ed rev Washington United States Government Printing Office 1974

_____ Department of Interior Bureau of Reclamation Design of Small Dams 3rd ed

Washington United States Government Printing Office 1987

VALENTIN R Brasil e Paraguai perto de fechar acordo sobre energia de Itaipu

Disponiacutevel em lthttpjornaloncomp=3224gt Acesso em 30 nov 2009

VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad16pdfgt Acesso em 24 jan 2010

VISCHER D L HAGER W H Introduction In _____ Energy Dissipators Zurich A A

Balkema 1995 v 9

WIEST R A Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico Formado a

Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos

e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

WIKIPEDIA Enciclopeacutedia gratuita online Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpenwikipediaorgwikiDamgt Acesso em 18 nov 2009

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

86

_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 2: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

DEacuteBORA SACCARO TURELLA

CRITEacuteRIOS DE DIMENSIONAMENTO PARA BACIA DE

DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

Trabalho de Diplomaccedilatildeo apresentado ao Departamento de

Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal

do Rio Grande do Sul como parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Engenheiro Civil

Orientador Marcelo Giulian Marques

Coorientador Alexandre Augusto Mees Alves

Porto Alegre

junho 2010

DEacuteBORA SACCARO TURELLA

CRITEacuteRIOS DE DIMENSIONAMENTO PARA BACIA DE

DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

Este Trabalho de Diplomaccedilatildeo foi julgado adequado como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador e

pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Diplomaccedilatildeo Engenharia Civil II (ENG01040) da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre 14 de julho de 2010

Prof Marcelo Giulian Marques

PhD pelo Deacutepartement de Geacutenie Civil

Universiteacute LavalQueacutebec

Orientador

Alexandre Augusto Mees Alves

Mestre em Recursos Hiacutedricos e Saneamento

Ambiental UFRGSPorto Alegre

Coorientador

Profa Carin Maria Schmitt

Coordenadora

BANCA EXAMINADORA

Eng Mauriacutecio Dai Praacute

Me pela UFRGS

Eng Rafael Andreacute Wiest

Me pela UFRGS

Eng Alexandre Augusto Mees Alves

Me pela UFRGS

Prof Marcelo Giulian Marques

PhD pela Universiteacute LavalQueacutebec

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao Prof Marcelo Giulian Marques pela orientaccedilatildeo pela motivaccedilatildeo e por todos os

conhecimentos positivos proporcionados para o meu aprendizado e para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo ao doutorando Alexandre Augusto Mees Alves coorientador deste trabalho pela

oportunidade de aprendizado pelo apoio e pela grande contribuiccedilatildeo na realizaccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo a professora Carin coordenadora deste trabalho por sempre ajudar no correto

andamento do mesmo e pela motivaccedilatildeo

Agradeccedilo a todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram na execuccedilatildeo deste

trabalho

Aprender eacute a uacutenica coisa de que a mente nunca se cansa

nunca tem medo e nunca se arrepende

Leonardo da Vinci

RESUMO

TURELLA D S Criteacuterios de dimensionamento para bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I 2010 86 f Trabalho de Diplomaccedilatildeo (Graduaccedilatildeo em Engenharia Civil) ndash

Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre

O presente trabalho aborda os criteacuterios de projeto para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I e apresenta um estudo de caso onde satildeo aplicados

estes criteacuterios Esta estrutura eacute uma das obras que pode vir a compor o sistema extravasor de

uma barragem que eacute o dispositivo responsaacutevel pela seguranccedila da obra nos periacuteodos de cheias

por onde satildeo descartadas as vazotildees excedentes A partir da revisatildeo bibliograacutefica foi feita uma

anaacutelise sobre as obras que compotildeem este sistema de seguranccedila que satildeo obrigatoriamente

vertedouro e dissipador de energia mas dependendo das condiccedilotildees topograacuteficas geoloacutegicas

construtivas e de arranjo podem ser necessaacuterias outras estruturas complementares tais como

canal de aproximaccedilatildeo canal raacutepido canal de descarga entre outros Na primeira etapa do

trabalho satildeo descritas as estruturas que compotildeem o sistema extravasor e os tipos de

dissipadores de energia que satildeo os dispositivos com a finalidade de dissipar a energia cineacutetica

do escoamento vertido e adequaacute-lo ao curso natural do rio minimizando os possiacuteveis efeitos

erosivos do escoamento que poderiam comprometer a fundaccedilatildeo e consequentemente a

seguranccedila da barragem Na fase seguinte parte-se para o detalhamento de bacias de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico apresentando os modelos existentes mais frequentes

classificados de acordo com a United Statates Bureau of Reclamation Como o dissipador em

anaacutelise utiliza o ressalto hidraacuteulico eacute feita uma descriccedilatildeo deste fenocircmeno que ocorre na

transiccedilatildeo do regime raacutepido para o regime lento com elevada intensidade de turbulecircncia e

consequentemente com significativa dissipaccedilatildeo de energia Nesta etapa satildeo abordadas de

forma mais minuciosa as bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I Apoacutes a exposiccedilatildeo

destas estruturas satildeo definidos e detalhados os criteacuterios de projeto necessaacuterios para um

dissipador situado em condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas similares agraves do Brasil sendo por fim

apresentado uma anaacutelise em um caso hipoteacutetico onde satildeo aplicados os conhecimentos

apresentados neste trabalho

Palavras-chave sistema extravasor dissipador de energia bacia de dissipaccedilatildeo ressalto

hidraacuteulico criteacuterios de projeto

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

22

31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

23

Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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58

r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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60

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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62

ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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64

rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

BAPTISTA M B COELHO M M L P Fundamentos de Engenharia Hidraacuteulica 2 ed

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Disponiacutevel lthttpwwwcbdborgbrdocumentosErtonCarvalho-HidrC3A1ulicapdfgt

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ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

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ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

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_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

ORTIZ J P Macroturbulecircncia de Escoamento a Jusante de Estruturas de Dissipaccedilatildeo por

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Energia Eleacutetrica Satildeo Paulo v 5 n 3 p 237-472 set 1982

PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators 1st ed 3rd

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PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

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TAMADA K Dissipaccedilatildeo de Energia na Engenharia Hidraacuteulica Resumo de Aula Satildeo

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TRIERWEILER NETO E F Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico

Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do

Rio Grande do Sul Porto Alegre

UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

of Small Dams 2nd ed rev Washington United States Government Printing Office 1974

_____ Department of Interior Bureau of Reclamation Design of Small Dams 3rd ed

Washington United States Government Printing Office 1987

VALENTIN R Brasil e Paraguai perto de fechar acordo sobre energia de Itaipu

Disponiacutevel em lthttpjornaloncomp=3224gt Acesso em 30 nov 2009

VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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VISCHER D L HAGER W H Introduction In _____ Energy Dissipators Zurich A A

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Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos

e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

WIKIPEDIA Enciclopeacutedia gratuita online Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpenwikipediaorgwikiDamgt Acesso em 18 nov 2009

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

86

_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 3: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

DEacuteBORA SACCARO TURELLA

CRITEacuteRIOS DE DIMENSIONAMENTO PARA BACIA DE

DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

Este Trabalho de Diplomaccedilatildeo foi julgado adequado como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador e

pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Diplomaccedilatildeo Engenharia Civil II (ENG01040) da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre 14 de julho de 2010

Prof Marcelo Giulian Marques

PhD pelo Deacutepartement de Geacutenie Civil

Universiteacute LavalQueacutebec

Orientador

Alexandre Augusto Mees Alves

Mestre em Recursos Hiacutedricos e Saneamento

Ambiental UFRGSPorto Alegre

Coorientador

Profa Carin Maria Schmitt

Coordenadora

BANCA EXAMINADORA

Eng Mauriacutecio Dai Praacute

Me pela UFRGS

Eng Rafael Andreacute Wiest

Me pela UFRGS

Eng Alexandre Augusto Mees Alves

Me pela UFRGS

Prof Marcelo Giulian Marques

PhD pela Universiteacute LavalQueacutebec

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao Prof Marcelo Giulian Marques pela orientaccedilatildeo pela motivaccedilatildeo e por todos os

conhecimentos positivos proporcionados para o meu aprendizado e para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo ao doutorando Alexandre Augusto Mees Alves coorientador deste trabalho pela

oportunidade de aprendizado pelo apoio e pela grande contribuiccedilatildeo na realizaccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo a professora Carin coordenadora deste trabalho por sempre ajudar no correto

andamento do mesmo e pela motivaccedilatildeo

Agradeccedilo a todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram na execuccedilatildeo deste

trabalho

Aprender eacute a uacutenica coisa de que a mente nunca se cansa

nunca tem medo e nunca se arrepende

Leonardo da Vinci

RESUMO

TURELLA D S Criteacuterios de dimensionamento para bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I 2010 86 f Trabalho de Diplomaccedilatildeo (Graduaccedilatildeo em Engenharia Civil) ndash

Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre

O presente trabalho aborda os criteacuterios de projeto para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I e apresenta um estudo de caso onde satildeo aplicados

estes criteacuterios Esta estrutura eacute uma das obras que pode vir a compor o sistema extravasor de

uma barragem que eacute o dispositivo responsaacutevel pela seguranccedila da obra nos periacuteodos de cheias

por onde satildeo descartadas as vazotildees excedentes A partir da revisatildeo bibliograacutefica foi feita uma

anaacutelise sobre as obras que compotildeem este sistema de seguranccedila que satildeo obrigatoriamente

vertedouro e dissipador de energia mas dependendo das condiccedilotildees topograacuteficas geoloacutegicas

construtivas e de arranjo podem ser necessaacuterias outras estruturas complementares tais como

canal de aproximaccedilatildeo canal raacutepido canal de descarga entre outros Na primeira etapa do

trabalho satildeo descritas as estruturas que compotildeem o sistema extravasor e os tipos de

dissipadores de energia que satildeo os dispositivos com a finalidade de dissipar a energia cineacutetica

do escoamento vertido e adequaacute-lo ao curso natural do rio minimizando os possiacuteveis efeitos

erosivos do escoamento que poderiam comprometer a fundaccedilatildeo e consequentemente a

seguranccedila da barragem Na fase seguinte parte-se para o detalhamento de bacias de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico apresentando os modelos existentes mais frequentes

classificados de acordo com a United Statates Bureau of Reclamation Como o dissipador em

anaacutelise utiliza o ressalto hidraacuteulico eacute feita uma descriccedilatildeo deste fenocircmeno que ocorre na

transiccedilatildeo do regime raacutepido para o regime lento com elevada intensidade de turbulecircncia e

consequentemente com significativa dissipaccedilatildeo de energia Nesta etapa satildeo abordadas de

forma mais minuciosa as bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I Apoacutes a exposiccedilatildeo

destas estruturas satildeo definidos e detalhados os criteacuterios de projeto necessaacuterios para um

dissipador situado em condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas similares agraves do Brasil sendo por fim

apresentado uma anaacutelise em um caso hipoteacutetico onde satildeo aplicados os conhecimentos

apresentados neste trabalho

Palavras-chave sistema extravasor dissipador de energia bacia de dissipaccedilatildeo ressalto

hidraacuteulico criteacuterios de projeto

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

22

31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

23

Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

24

3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

25

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

26

Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

43

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

44

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

45

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

46

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

47

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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50

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

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Disponiacutevel lthttpwwwcbdborgbrdocumentosErtonCarvalho-HidrC3A1ulicapdfgt

Acesso em 27 set 2009

ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

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ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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A A Balkema 1995 v 9

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dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

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_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

ORTIZ J P Macroturbulecircncia de Escoamento a Jusante de Estruturas de Dissipaccedilatildeo por

Ressalto ndash Estudo Teoacuterico Experimental Boletim Teacutecnico Departamento de Aacuteguas e

Energia Eleacutetrica Satildeo Paulo v 5 n 3 p 237-472 set 1982

PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators 1st ed 3rd

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PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

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TRIERWEILER NETO E F Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico

Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do

Rio Grande do Sul Porto Alegre

UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

of Small Dams 2nd ed rev Washington United States Government Printing Office 1974

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Washington United States Government Printing Office 1987

VALENTIN R Brasil e Paraguai perto de fechar acordo sobre energia de Itaipu

Disponiacutevel em lthttpjornaloncomp=3224gt Acesso em 30 nov 2009

VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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VISCHER D L HAGER W H Introduction In _____ Energy Dissipators Zurich A A

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WIEST R A Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico Formado a

Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos

e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

WIKIPEDIA Enciclopeacutedia gratuita online Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpenwikipediaorgwikiDamgt Acesso em 18 nov 2009

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

86

_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 4: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao Prof Marcelo Giulian Marques pela orientaccedilatildeo pela motivaccedilatildeo e por todos os

conhecimentos positivos proporcionados para o meu aprendizado e para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo ao doutorando Alexandre Augusto Mees Alves coorientador deste trabalho pela

oportunidade de aprendizado pelo apoio e pela grande contribuiccedilatildeo na realizaccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo a professora Carin coordenadora deste trabalho por sempre ajudar no correto

andamento do mesmo e pela motivaccedilatildeo

Agradeccedilo a todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram na execuccedilatildeo deste

trabalho

Aprender eacute a uacutenica coisa de que a mente nunca se cansa

nunca tem medo e nunca se arrepende

Leonardo da Vinci

RESUMO

TURELLA D S Criteacuterios de dimensionamento para bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I 2010 86 f Trabalho de Diplomaccedilatildeo (Graduaccedilatildeo em Engenharia Civil) ndash

Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre

O presente trabalho aborda os criteacuterios de projeto para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I e apresenta um estudo de caso onde satildeo aplicados

estes criteacuterios Esta estrutura eacute uma das obras que pode vir a compor o sistema extravasor de

uma barragem que eacute o dispositivo responsaacutevel pela seguranccedila da obra nos periacuteodos de cheias

por onde satildeo descartadas as vazotildees excedentes A partir da revisatildeo bibliograacutefica foi feita uma

anaacutelise sobre as obras que compotildeem este sistema de seguranccedila que satildeo obrigatoriamente

vertedouro e dissipador de energia mas dependendo das condiccedilotildees topograacuteficas geoloacutegicas

construtivas e de arranjo podem ser necessaacuterias outras estruturas complementares tais como

canal de aproximaccedilatildeo canal raacutepido canal de descarga entre outros Na primeira etapa do

trabalho satildeo descritas as estruturas que compotildeem o sistema extravasor e os tipos de

dissipadores de energia que satildeo os dispositivos com a finalidade de dissipar a energia cineacutetica

do escoamento vertido e adequaacute-lo ao curso natural do rio minimizando os possiacuteveis efeitos

erosivos do escoamento que poderiam comprometer a fundaccedilatildeo e consequentemente a

seguranccedila da barragem Na fase seguinte parte-se para o detalhamento de bacias de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico apresentando os modelos existentes mais frequentes

classificados de acordo com a United Statates Bureau of Reclamation Como o dissipador em

anaacutelise utiliza o ressalto hidraacuteulico eacute feita uma descriccedilatildeo deste fenocircmeno que ocorre na

transiccedilatildeo do regime raacutepido para o regime lento com elevada intensidade de turbulecircncia e

consequentemente com significativa dissipaccedilatildeo de energia Nesta etapa satildeo abordadas de

forma mais minuciosa as bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I Apoacutes a exposiccedilatildeo

destas estruturas satildeo definidos e detalhados os criteacuterios de projeto necessaacuterios para um

dissipador situado em condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas similares agraves do Brasil sendo por fim

apresentado uma anaacutelise em um caso hipoteacutetico onde satildeo aplicados os conhecimentos

apresentados neste trabalho

Palavras-chave sistema extravasor dissipador de energia bacia de dissipaccedilatildeo ressalto

hidraacuteulico criteacuterios de projeto

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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50

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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66

mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

BAPTISTA M B COELHO M M L P Fundamentos de Engenharia Hidraacuteulica 2 ed

rev Belo Horizonte Editora da UFMG 2003

CARVALHO E Seguranccedila de Barragens Aspectos Hidroloacutegicos e Hidraacuteulicos

Disponiacutevel lthttpwwwcbdborgbrdocumentosErtonCarvalho-HidrC3A1ulicapdfgt

Acesso em 27 set 2009

ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

Company 1959

ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad189pdfgt Acesso em 15 jan 2010

ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad174pdfgt Acesso em 19 set 2009

EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

ltwwwehrufmgbrdocsehrposgrad181pdfgt Acesso em 20 set 2009

FURNAS Parque Gerador Disponiacutevel em

lthttpwwwfurnascombrhotsitessistemafurnasusina_hidr_portocolombiaaspgt Acesso

em 03 maio 2010

HAGER W H Energy Dissipators and Hydraulic Jump Dordrecht Kluwer Academic

Publishers 1992 v 8

_____ Trajectory Basins In VISCHER DL HAGER W H Energy Dissipators Zurich

A A Balkema 1995 v 9

MARQUES M G Contribuiccedilatildeo do estudo da influecircncia do acircngulo de saiacuteda nos

dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

Saneamento) ndash Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Universidade

Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

ORTIZ J P Macroturbulecircncia de Escoamento a Jusante de Estruturas de Dissipaccedilatildeo por

Ressalto ndash Estudo Teoacuterico Experimental Boletim Teacutecnico Departamento de Aacuteguas e

Energia Eleacutetrica Satildeo Paulo v 5 n 3 p 237-472 set 1982

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TAMADA K Dissipaccedilatildeo de Energia na Engenharia Hidraacuteulica Resumo de Aula Satildeo

Paulo [1991]

TRIERWEILER NETO E F Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico

Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do

Rio Grande do Sul Porto Alegre

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VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

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VISCHER D L HAGER W H Introduction In _____ Energy Dissipators Zurich A A

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Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos

e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

WIKIPEDIA Enciclopeacutedia gratuita online Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

86

_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 5: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao Prof Marcelo Giulian Marques pela orientaccedilatildeo pela motivaccedilatildeo e por todos os

conhecimentos positivos proporcionados para o meu aprendizado e para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo ao doutorando Alexandre Augusto Mees Alves coorientador deste trabalho pela

oportunidade de aprendizado pelo apoio e pela grande contribuiccedilatildeo na realizaccedilatildeo deste

trabalho

Agradeccedilo a professora Carin coordenadora deste trabalho por sempre ajudar no correto

andamento do mesmo e pela motivaccedilatildeo

Agradeccedilo a todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram na execuccedilatildeo deste

trabalho

Aprender eacute a uacutenica coisa de que a mente nunca se cansa

nunca tem medo e nunca se arrepende

Leonardo da Vinci

RESUMO

TURELLA D S Criteacuterios de dimensionamento para bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I 2010 86 f Trabalho de Diplomaccedilatildeo (Graduaccedilatildeo em Engenharia Civil) ndash

Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre

O presente trabalho aborda os criteacuterios de projeto para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I e apresenta um estudo de caso onde satildeo aplicados

estes criteacuterios Esta estrutura eacute uma das obras que pode vir a compor o sistema extravasor de

uma barragem que eacute o dispositivo responsaacutevel pela seguranccedila da obra nos periacuteodos de cheias

por onde satildeo descartadas as vazotildees excedentes A partir da revisatildeo bibliograacutefica foi feita uma

anaacutelise sobre as obras que compotildeem este sistema de seguranccedila que satildeo obrigatoriamente

vertedouro e dissipador de energia mas dependendo das condiccedilotildees topograacuteficas geoloacutegicas

construtivas e de arranjo podem ser necessaacuterias outras estruturas complementares tais como

canal de aproximaccedilatildeo canal raacutepido canal de descarga entre outros Na primeira etapa do

trabalho satildeo descritas as estruturas que compotildeem o sistema extravasor e os tipos de

dissipadores de energia que satildeo os dispositivos com a finalidade de dissipar a energia cineacutetica

do escoamento vertido e adequaacute-lo ao curso natural do rio minimizando os possiacuteveis efeitos

erosivos do escoamento que poderiam comprometer a fundaccedilatildeo e consequentemente a

seguranccedila da barragem Na fase seguinte parte-se para o detalhamento de bacias de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico apresentando os modelos existentes mais frequentes

classificados de acordo com a United Statates Bureau of Reclamation Como o dissipador em

anaacutelise utiliza o ressalto hidraacuteulico eacute feita uma descriccedilatildeo deste fenocircmeno que ocorre na

transiccedilatildeo do regime raacutepido para o regime lento com elevada intensidade de turbulecircncia e

consequentemente com significativa dissipaccedilatildeo de energia Nesta etapa satildeo abordadas de

forma mais minuciosa as bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I Apoacutes a exposiccedilatildeo

destas estruturas satildeo definidos e detalhados os criteacuterios de projeto necessaacuterios para um

dissipador situado em condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas similares agraves do Brasil sendo por fim

apresentado uma anaacutelise em um caso hipoteacutetico onde satildeo aplicados os conhecimentos

apresentados neste trabalho

Palavras-chave sistema extravasor dissipador de energia bacia de dissipaccedilatildeo ressalto

hidraacuteulico criteacuterios de projeto

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

20

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

33

Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

37

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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52

em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

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Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

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4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

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PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

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SCHREIBER G P Usinas Hidreleacutetricas Satildeo Paulo Edgar Bluumlncher 1977

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Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

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UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

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_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 6: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

Aprender eacute a uacutenica coisa de que a mente nunca se cansa

nunca tem medo e nunca se arrepende

Leonardo da Vinci

RESUMO

TURELLA D S Criteacuterios de dimensionamento para bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I 2010 86 f Trabalho de Diplomaccedilatildeo (Graduaccedilatildeo em Engenharia Civil) ndash

Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre

O presente trabalho aborda os criteacuterios de projeto para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I e apresenta um estudo de caso onde satildeo aplicados

estes criteacuterios Esta estrutura eacute uma das obras que pode vir a compor o sistema extravasor de

uma barragem que eacute o dispositivo responsaacutevel pela seguranccedila da obra nos periacuteodos de cheias

por onde satildeo descartadas as vazotildees excedentes A partir da revisatildeo bibliograacutefica foi feita uma

anaacutelise sobre as obras que compotildeem este sistema de seguranccedila que satildeo obrigatoriamente

vertedouro e dissipador de energia mas dependendo das condiccedilotildees topograacuteficas geoloacutegicas

construtivas e de arranjo podem ser necessaacuterias outras estruturas complementares tais como

canal de aproximaccedilatildeo canal raacutepido canal de descarga entre outros Na primeira etapa do

trabalho satildeo descritas as estruturas que compotildeem o sistema extravasor e os tipos de

dissipadores de energia que satildeo os dispositivos com a finalidade de dissipar a energia cineacutetica

do escoamento vertido e adequaacute-lo ao curso natural do rio minimizando os possiacuteveis efeitos

erosivos do escoamento que poderiam comprometer a fundaccedilatildeo e consequentemente a

seguranccedila da barragem Na fase seguinte parte-se para o detalhamento de bacias de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico apresentando os modelos existentes mais frequentes

classificados de acordo com a United Statates Bureau of Reclamation Como o dissipador em

anaacutelise utiliza o ressalto hidraacuteulico eacute feita uma descriccedilatildeo deste fenocircmeno que ocorre na

transiccedilatildeo do regime raacutepido para o regime lento com elevada intensidade de turbulecircncia e

consequentemente com significativa dissipaccedilatildeo de energia Nesta etapa satildeo abordadas de

forma mais minuciosa as bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I Apoacutes a exposiccedilatildeo

destas estruturas satildeo definidos e detalhados os criteacuterios de projeto necessaacuterios para um

dissipador situado em condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas similares agraves do Brasil sendo por fim

apresentado uma anaacutelise em um caso hipoteacutetico onde satildeo aplicados os conhecimentos

apresentados neste trabalho

Palavras-chave sistema extravasor dissipador de energia bacia de dissipaccedilatildeo ressalto

hidraacuteulico criteacuterios de projeto

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

22

31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

23

Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

24

3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

40

Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

42

Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

43

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

45

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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58

r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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60

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

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Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 7: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

RESUMO

TURELLA D S Criteacuterios de dimensionamento para bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I 2010 86 f Trabalho de Diplomaccedilatildeo (Graduaccedilatildeo em Engenharia Civil) ndash

Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre

O presente trabalho aborda os criteacuterios de projeto para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I e apresenta um estudo de caso onde satildeo aplicados

estes criteacuterios Esta estrutura eacute uma das obras que pode vir a compor o sistema extravasor de

uma barragem que eacute o dispositivo responsaacutevel pela seguranccedila da obra nos periacuteodos de cheias

por onde satildeo descartadas as vazotildees excedentes A partir da revisatildeo bibliograacutefica foi feita uma

anaacutelise sobre as obras que compotildeem este sistema de seguranccedila que satildeo obrigatoriamente

vertedouro e dissipador de energia mas dependendo das condiccedilotildees topograacuteficas geoloacutegicas

construtivas e de arranjo podem ser necessaacuterias outras estruturas complementares tais como

canal de aproximaccedilatildeo canal raacutepido canal de descarga entre outros Na primeira etapa do

trabalho satildeo descritas as estruturas que compotildeem o sistema extravasor e os tipos de

dissipadores de energia que satildeo os dispositivos com a finalidade de dissipar a energia cineacutetica

do escoamento vertido e adequaacute-lo ao curso natural do rio minimizando os possiacuteveis efeitos

erosivos do escoamento que poderiam comprometer a fundaccedilatildeo e consequentemente a

seguranccedila da barragem Na fase seguinte parte-se para o detalhamento de bacias de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico apresentando os modelos existentes mais frequentes

classificados de acordo com a United Statates Bureau of Reclamation Como o dissipador em

anaacutelise utiliza o ressalto hidraacuteulico eacute feita uma descriccedilatildeo deste fenocircmeno que ocorre na

transiccedilatildeo do regime raacutepido para o regime lento com elevada intensidade de turbulecircncia e

consequentemente com significativa dissipaccedilatildeo de energia Nesta etapa satildeo abordadas de

forma mais minuciosa as bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I Apoacutes a exposiccedilatildeo

destas estruturas satildeo definidos e detalhados os criteacuterios de projeto necessaacuterios para um

dissipador situado em condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas similares agraves do Brasil sendo por fim

apresentado uma anaacutelise em um caso hipoteacutetico onde satildeo aplicados os conhecimentos

apresentados neste trabalho

Palavras-chave sistema extravasor dissipador de energia bacia de dissipaccedilatildeo ressalto

hidraacuteulico criteacuterios de projeto

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

23

Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

27

natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

__________________________________________________________________________________________

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64

rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

__________________________________________________________________________________________

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

__________________________________________________________________________________________

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

__________________________________________________________________________________________

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

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NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

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Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 8: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa 18

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui 21

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia com

dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 21

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal (perfil

Creager) 25

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas e (b) Barragem Takato Dam

Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas 26

Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa e (b) vertedouro da

barragem Monticello Dam na Califoacuternia 28

Figura 7 vertedouro em sifatildeo 28

Figura 8 concha de arremesso 31

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso 31

Figura 10 dissipador salto de esqui 32

Figura 11 vertedouro em degraus 33

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 33

Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico 34

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II 35

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III 36

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do dissipador

de energia da Barragem de Bonnevile 36

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia da

Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia 37

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 38

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas 39

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana 39

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico 40

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico 41

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro 43

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico 44

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo 45

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 50

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico 56

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

52

em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

54

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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56

Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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58

r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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60

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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62

ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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64

rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

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CARVALHO E Seguranccedila de Barragens Aspectos Hidroloacutegicos e Hidraacuteulicos

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ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

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ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

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Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

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MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

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PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

SCHREIBER G P Usinas Hidreleacutetricas Satildeo Paulo Edgar Bluumlncher 1977

TAMADA K Dissipaccedilatildeo de Energia na Engenharia Hidraacuteulica Resumo de Aula Satildeo

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Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

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UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

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Washington United States Government Printing Office 1987

VALENTIN R Brasil e Paraguai perto de fechar acordo sobre energia de Itaipu

Disponiacutevel em lthttpjornaloncomp=3224gt Acesso em 30 nov 2009

VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

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Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 9: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

localizaccedilatildeo limite a jusante para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico 59

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante Nj

eacute insuficiente para a altura yl requerida 60

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente para

o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos nas posiccedilotildees possiacuteveis de se

formarem 60

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados 61

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem 61

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I 65

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro 68

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 70

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m 72

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m 73

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura 75

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico) 76

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m 78

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m 79

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura 81

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

22

31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

23

Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

24

3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

25

Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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42

Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

43

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

44

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

45

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

46

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

47

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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48

4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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50

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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60

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

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ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

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ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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_____ Trajectory Basins In VISCHER DL HAGER W H Energy Dissipators Zurich

A A Balkema 1995 v 9

MARQUES M G Contribuiccedilatildeo do estudo da influecircncia do acircngulo de saiacuteda nos

dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

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Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

ORTIZ J P Macroturbulecircncia de Escoamento a Jusante de Estruturas de Dissipaccedilatildeo por

Ressalto ndash Estudo Teoacuterico Experimental Boletim Teacutecnico Departamento de Aacuteguas e

Energia Eleacutetrica Satildeo Paulo v 5 n 3 p 237-472 set 1982

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Monograph 25

PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

SCHREIBER G P Usinas Hidreleacutetricas Satildeo Paulo Edgar Bluumlncher 1977

TAMADA K Dissipaccedilatildeo de Energia na Engenharia Hidraacuteulica Resumo de Aula Satildeo

Paulo [1991]

TRIERWEILER NETO E F Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico

Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do

Rio Grande do Sul Porto Alegre

UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

of Small Dams 2nd ed rev Washington United States Government Printing Office 1974

_____ Department of Interior Bureau of Reclamation Design of Small Dams 3rd ed

Washington United States Government Printing Office 1987

VALENTIN R Brasil e Paraguai perto de fechar acordo sobre energia de Itaipu

Disponiacutevel em lthttpjornaloncomp=3224gt Acesso em 30 nov 2009

VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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VISCHER D L HAGER W H Introduction In _____ Energy Dissipators Zurich A A

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WIEST R A Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico Formado a

Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

86

_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 10: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 46

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 47

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 48

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura 53

Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros 54

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas 54

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 71

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 71

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m 72

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados 73

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal 74

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 74

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados 74

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto 77

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador 77

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m 78

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados 79

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal 80

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais 80

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados 80

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

20

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

33

Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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52

em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

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CARVALHO E Seguranccedila de Barragens Aspectos Hidroloacutegicos e Hidraacuteulicos

Disponiacutevel lthttpwwwcbdborgbrdocumentosErtonCarvalho-HidrC3A1ulicapdfgt

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ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

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ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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A A Balkema 1995 v 9

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dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

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Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

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Ressalto ndash Estudo Teoacuterico Experimental Boletim Teacutecnico Departamento de Aacuteguas e

Energia Eleacutetrica Satildeo Paulo v 5 n 3 p 237-472 set 1982

PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators 1st ed 3rd

printing Washington United States Government Printing Office 1974 Engineering

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PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

SCHREIBER G P Usinas Hidreleacutetricas Satildeo Paulo Edgar Bluumlncher 1977

TAMADA K Dissipaccedilatildeo de Energia na Engenharia Hidraacuteulica Resumo de Aula Satildeo

Paulo [1991]

TRIERWEILER NETO E F Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico

Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do

Rio Grande do Sul Porto Alegre

UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

of Small Dams 2nd ed rev Washington United States Government Printing Office 1974

_____ Department of Interior Bureau of Reclamation Design of Small Dams 3rd ed

Washington United States Government Printing Office 1987

VALENTIN R Brasil e Paraguai perto de fechar acordo sobre energia de Itaipu

Disponiacutevel em lthttpjornaloncomp=3224gt Acesso em 30 nov 2009

VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad16pdfgt Acesso em 24 jan 2010

VISCHER D L HAGER W H Introduction In _____ Energy Dissipators Zurich A A

Balkema 1995 v 9

WIEST R A Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico Formado a

Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos

e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

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_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 11: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

LISTA DE SIacuteMBOLOS

v Velocidade [LT]

g aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

yr altura conjugada raacutepida [L]

Fr nuacutemero de Froude

Q vazatildeo [Lsup3T]

A aacuterea da seccedilatildeo transversal [Lsup2]

yl altura conjugada lenta [L]

Lr comprimento do rolo [L]

Frr nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto

Lj comprimento do ressalto hidraacuteulico [L]

Hr carga no iniacutecio do ressalto [L]

Hl carga no final do ressalto [L]

H carga [L]

y altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

vc velocidade criacutetica [LT]

Ln comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico [L]

Lb comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

e espessura da bacia e ancoragem [L]

CL altura dos muros laterais [L]

R raio de transiccedilatildeo [L]

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

29

32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

31

[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

43

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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44

Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

45

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

47

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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64

rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 12: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

Q1000 vazatildeo de 1000 anos de tempo de retorno [Lsup3T]

Tw tail water altura da lamina drsquoaacutegua no leito do rio [L]

Qp cheia de projeto [Lsup3T]

Qmaacutexmax cheia maacutexima maximorum [Lsup3T]

Tr tempo de retorno [T]

Q10000 cheia decamilenar (10000 anos de tempo de retorno) [Lsup3T]

Qmax cheia maacutexima [Lsup3T]

B largura da bacia de dissipaccedilatildeo [L]

va velocidade de aproximaccedilatildeo [LT]

zr cota do ponto onde ocorre o iniacutecio do ressalto [L]

HT carga a montante [L]

z cota da crista do vertedouro [L]

h altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro [L]

Cf cota de fundo [L]

Nj niacutevel de jusante [L]

fator de correccedilatildeo da curva chave

a declividade de montante da soleira terminal

s altura da soleira terminal [L]

zt diferenccedila de cota entre o topo da soleira terminal e o leito de jusante [L]

ts espessura do topo da soleira terminal [L]

f folga a ser somada na altura dos muros laterais [L]

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

20

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

22

31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

23

Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

24

3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

40

Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

42

Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

43

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

45

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

47

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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58

r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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60

Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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62

ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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64

rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

BAPTISTA M B COELHO M M L P Fundamentos de Engenharia Hidraacuteulica 2 ed

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

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NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

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HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

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Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

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_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 13: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 MEacuteTODO DE PESQUISA 16

21 QUESTAtildeO 16

22 OBJETIVOS DO TRABALHO 16

221 Objetivo Principal 16

222 Objetivos Secundaacuterios 16

23 PREMISSAS 17

24 DELIMITACcedilOtildeES 17

25 LIMITACcedilOtildeES 17

26 DELINEAMENTO 17

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS 20

31 VERTEDOURO 22

311 Vertedouros de Superfiacutecie 23

3111 Vertedouro Livre 24

3112 Vertedouro com Comportas 25

312 Vertedouros Natildeo Convencionais 26

3121 Vertedouro Tulipa 27

3122 Vertedouro Sifatildeo 28

32 DISSIPADORES DE ENERGIA 29

321 Dissipadores de Lanccedilamento 30

3211 Concha de Arremesso 30

3212 Salto de Esqui 31

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo 32

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior 33

4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I 38

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO 38

411 Ressalto Claacutessico 41

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro (ressalto sobre plano inclinado) 42

413 Alturas Conjugadas 43

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto 44

4141 Comprimento do Ressalto (Lj) 45

4142 Comprimento do Rolo (Lr) 46

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

15

obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

16

2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

17

23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

18

O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

19

dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

20

3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

21

Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

33

Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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52

em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

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Disponiacutevel lthttpwwwcbdborgbrdocumentosErtonCarvalho-HidrC3A1ulicapdfgt

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ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

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ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

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ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

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dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

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_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

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Ressalto ndash Estudo Teoacuterico Experimental Boletim Teacutecnico Departamento de Aacuteguas e

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PINTO N L S Hidraacuteulica Aplicada [Curitiba Editora da UFPR 1987]

PORTO R M Hidraacuteulica Baacutesica 2 ed Satildeo Carlos EESC-USP 1999

RAJARATNAM N Almanac of Energy Dissipation Mechanisms In VISCHER DL

HAGER W H Energy Dissipators Zurich A A Balkema 1995 v 9

SCHREIBER G P Usinas Hidreleacutetricas Satildeo Paulo Edgar Bluumlncher 1977

TAMADA K Dissipaccedilatildeo de Energia na Engenharia Hidraacuteulica Resumo de Aula Satildeo

Paulo [1991]

TRIERWEILER NETO E F Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico

Formado a Jusante de uma Comporta com Diferentes Graus de Submergecircncia 2006

194 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa

de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do

Rio Grande do Sul Porto Alegre

UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Design

of Small Dams 2nd ed rev Washington United States Government Printing Office 1974

_____ Department of Interior Bureau of Reclamation Design of Small Dams 3rd ed

Washington United States Government Printing Office 1987

VALENTIN R Brasil e Paraguai perto de fechar acordo sobre energia de Itaipu

Disponiacutevel em lthttpjornaloncomp=3224gt Acesso em 30 nov 2009

VERTEDOUROS em degraus Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

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VISCHER D L HAGER W H Introduction In _____ Energy Dissipators Zurich A A

Balkema 1995 v 9

WIEST R A Avaliaccedilatildeo do Campo de Pressotildees em Ressalto Hidraacuteulico Formado a

Jusante de Um Vertedouro com Diferentes Graus de Submergecircncia 2008 158 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos

e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

WIKIPEDIA Enciclopeacutedia gratuita online Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

86

_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 14: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

4143 Comprimento da Influencia do Ressalto (Ln) 48

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees 48

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA 48

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO 50

5 MEacuteTODO 53

51 CHEIA DE PROJETO (Qp) 53

52 LARGURA DA BACIA (B) 55

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO 55

54 COTA DE FUNDO (Cf) 58

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb) 62

56 SOLEIRA TERMINAL 65

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS 66

58 RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R) 67

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e) 68

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO 69

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA 69

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA 75

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 82

REFEREcircNCIAS 84

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

31

[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

33

Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

37

Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

41

Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

43

Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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50

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

57

h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

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rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

84

REFEREcircNCIAS

BAPTISTA M B COELHO M M L P Fundamentos de Engenharia Hidraacuteulica 2 ed

rev Belo Horizonte Editora da UFMG 2003

CARVALHO E Seguranccedila de Barragens Aspectos Hidroloacutegicos e Hidraacuteulicos

Disponiacutevel lthttpwwwcbdborgbrdocumentosErtonCarvalho-HidrC3A1ulicapdfgt

Acesso em 27 set 2009

ELEVATORSKI E A Hydraulic Energy DissipatorsNew York McGraw-Hill Book

Company 1959

ESTRUTURAS de dissipaccedilatildeo Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e

Recursos Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad189pdfgt Acesso em 15 jan 2010

ESTRUTURAS hidraacuteulicas Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

lthttpwwwehrufmgbrdocsehrposgrad174pdfgt Acesso em 19 set 2009

EXTRAVASOR tipo tulipa Material do Departamento de Engenharia Hidraacuteulica e Recursos

Hiacutedricos da Escola de Engenharia da UFMG Disponiacutevel em

ltwwwehrufmgbrdocsehrposgrad181pdfgt Acesso em 20 set 2009

FURNAS Parque Gerador Disponiacutevel em

lthttpwwwfurnascombrhotsitessistemafurnasusina_hidr_portocolombiaaspgt Acesso

em 03 maio 2010

HAGER W H Energy Dissipators and Hydraulic Jump Dordrecht Kluwer Academic

Publishers 1992 v 8

_____ Trajectory Basins In VISCHER DL HAGER W H Energy Dissipators Zurich

A A Balkema 1995 v 9

MARQUES M G Contribuiccedilatildeo do estudo da influecircncia do acircngulo de saiacuteda nos

dissipadores tipo concha 1991 128 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Recursos Hiacutedricos e

Saneamento) ndash Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Universidade

Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

_____ Notas de Aula da Disciplina de Obras Hidraacuteulicas Porto Alegre 2010

MEES A A A Caracterizaccedilatildeo das solicitaccedilotildees hidrodinacircmicas em bacias de dissipaccedilatildeo

por ressalto hidraacuteulico com baixo nuacutemero de Froude 2008 157 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Recursos Hiacutedricos e Saneamento Ambiental) ― Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos

Hiacutedricos e Saneamento Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre

NOVAK P MOFFAT A I B NALLURI C NARAYANAN R Hydraulic Structures

4th ed Oxon Taylor amp Francis 2007

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

85

ORTIZ J P Macroturbulecircncia de Escoamento a Jusante de Estruturas de Dissipaccedilatildeo por

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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_____ Pesquisa sobre o termo Dam Disponiacutevel em

lthttpuploadwikimediaorgwikipediacommonsthumbbbaRessalto32JPG250px-

Ressalto32JPGgt Acesso em 19 maio 2010

Page 15: TÍTULO DO TRABALHO...trabalho são descritas as estruturas que compõem o sistema extravasor e os tipos de dissipadores de energia, que são os dispositivos com a finalidade de dissipar

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Com objetivo de combater os efeitos das secas no Nordeste e garantir o abastecimento de

aacutegua nas grandes cidades no final do seacuteculo XIX iniciou-se no Brasil a construccedilatildeo de

barragens de maior porte obras que mais tarde serviriam tambeacutem para gerar energia eleacutetrica

Jaacute a partir do seacuteculo XX um grande nuacutemero dessas obras foi construiacutedo para as mais diversas

finalidades Hoje as barragens representam um estimaacutevel patrimocircnio puacuteblico e privado dada

sua importacircncia para a economia e o bem estar da populaccedilatildeo pois estas estruturas facilitam a

utilizaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos Entretanto estas obras devem ser funcionais e seguras

Entre s causas mais frequentes de acidentes e incidentes que ocorrem em barragens

aproximadamente 56 (INTERNATIONAL COMISSION OF LARGE DAMS 1983) satildeo

devido a problemas de galgamernto erosotildees internas (piping) ou a jusante causadas pelo o

mau dimensionamento do vertedouro ou do dissipador de energia (fator hidraacuteulico) maacute

escolha da cheia de projeto (fator hidroloacutegico) eou falhas operacionais (fator humano ou

eleacutetrico-mecacircnico no caso de barragens com comportas) Somente em 2004 estima-se que

mais de 400 obras de diversos tamanhos e tipos tenham se rompido em todo o Brasil

(MARQUES 2010)

Para atender agraves atuais demandas da sociedade existe uma grande necessidade de se construir

novas barragens sendo entatildeo fundamental que se aprenda com os acidentes e incidentes

ocorridos anteriormente buscando conseguir obras mais seguras Dentre as inuacutemeras

consequecircncias da ruptura dessas obras cabe salientar os efeitos agrave jusante (perdas de vidas e

econocircmicas) e o custo envolvido na reconstruccedilatildeo Neste contexto o conhecimento

aprofundado a respeito dos criteacuterios de dimensionamento contribui para prevenccedilatildeo desses

desastres decorrentes de falhas em algum dos elementos integrantes desse conjunto e garantir

a seguranccedila do local onde a barragem encontra-se inserida

Desta forma o presente trabalho inicia com um capiacutetulo apresentando o meacutetodo de pesquisa

utilizado Em seguida um capiacutetulo faz uma abordagem inicial sobre sistemas extravasores de

barragens que satildeo responsaacuteveis pela seguranccedila da obra Eacute feito um detalhamento deste

conjunto atraveacutes de uma apresentaccedilatildeo de sistemas extravasores como um todo e as obras

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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obrigatoacuterias que os compotildeem (que satildeo vertedouro e dissipador de energia) Na sequencia do

trabalho eacute apresentado um capiacutetulo dando um foco maior na bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico tipo I fazendo a exposiccedilatildeo desta estrutura descriccedilatildeo de sua geometria tiacutepica e

meacutetodo de funcionamento aleacutem de uma abordagem sobre ressalto hidraacuteulico que eacute o

fenocircmeno responsaacutevel pela dissipaccedilatildeo de energia no escoamento Por fim tem-se um capiacutetulo

sobre a anaacutelise dos criteacuterios de projeto envolvidos uma aplicaccedilatildeo em caso hipoteacutetico e

apresentaccedilatildeo das consideraccedilotildees finais

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2 MEacuteTODO DE PESQUISA

21 QUESTAtildeO DE PESQUISA

A questatildeo de pesquisa deste trabalho eacute quais satildeo os criteacuterios de projeto que devem ser

considerados para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico no

sistema extravasor de uma barragem

22 OBJETIVOS DO TRABALHO

221 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho eacute a apresentaccedilatildeo dos criteacuterios de detalhamento do projeto

de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor exemplificando

em um caso hipoteacutetico

222 Objetivos Secundaacuterios

Os objetivos secundaacuterios deste trabalho satildeo

a) identificaccedilatildeo das variaacuteveis envolvidas no dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico em um sistema extravasor

b) detalhamento do fenocircmeno ressalto hidraacuteulico

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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23 PREMISSAS

O correto dimensionamento e execuccedilatildeo do dissipador de energia contribuem para a seguranccedila

das barragens e reduz a frequecircncia de acidentes envolvendo estas obras

24 DELIMITACcedilOtildeES

O trabalho ficou delimitado ao estudo de dissipadores de energia em sistemas extravasores de

barragens situadas no Brasil ou em regiotildees com condiccedilotildees climaacuteticas e geoloacutegicas

semelhantes

25 LIMITACcedilOtildeES

A pesquisa limita-se a consideraccedilatildeo de

a) bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

b) natildeo haveraacute transporte de materiais pela aacutegua que escoa sobre o vertedouro

c) natildeo eacute feita anaacutelise de custos

d) natildeo seratildeo mostrados a distribuiccedilatildeo longitudinal das pressotildees do ressalto o

dimensionamento estrutural das lajes de fundo e dos muros laterais

26 DELINEAMENTO

O trabalho foi desenvolvido conforme etapas apresentadas a seguir

a) pesquisa bibliograacutefica

b) caracterizaccedilatildeo dos modelos de sistemas extravasores

c) caracterizaccedilatildeo de vertedouro

d) caracterizaccedilatildeo da estrutura de dissipaccedilatildeo de energia

e) revisatildeo sobre ressalto hidraacuteulico

f) verificaccedilatildeo e detalhamento dos criteacuterios de projeto

g) aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico

h) consideraccedilotildees finais

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O diagrama da figura 1 mostra o encadeamento entre as etapas da pesquisa

Figura 1 diagrama de etapas da pesquisa

Desde o iniacutecio do trabalho e durante o decorrer do mesmo foi desenvolvida a pesquisa

bibliograacutefica buscando adquirir conhecimento sobre o tema bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico Esta pesquisa foi feita baseada em informaccedilotildees contidas em livros perioacutedicos

teses e dissertaccedilotildees relacionadas ao tema Como o sistema extravasor pode compreender

diversas estruturas o estudo focou dissipadores de energia por ressalto hidraacuteulico mais

especificamente bacias de dissipaccedilatildeo do tipo I que eacute um dos modelos mais utilizados

Entretanto uma abordagem inicial sobre vertedouros se fez necessaacuteria visto que estes satildeo

condicionantes para escolha das demais estruturas do sistema extravasor O estudo sobre

vertedouros incluiu a apresentaccedilatildeo dos modelos mais utilizados e princiacutepios de funcionamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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dos mesmos pois este conhecimento eacute indispensaacutevel para a etapa seguinte que eacute a definiccedilatildeo

do dissipador de energia

A pesquisa bibliograacutefica sobre dissipadores de energia teve como objetivo apresentar as

principais configuraccedilotildees suas caracteriacutesticas e criteacuterios de dimensionamento que devem ser

considerados nos projetos de barragens Foi realizado tambeacutem um estudo sobre ressalto

hidraacuteulico para melhor compreensatildeo deste fenocircmeno que determinante para o bom

desempenho da bacia de dissipaccedilatildeo A partir das informaccedilotildees obtidas sobre estas estruturas

foi feita aplicaccedilatildeo do conhecimento adquirido em um caso hipoteacutetico Por fim foram

relatadas as consideraccedilotildees finais sobre o assunto que foram sendo obtidas durante o decorrer

do trabalho

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3 SISTEMA EXTRAVASOR DE BARRAGENS

A necessidade de armazenar aacutegua para utilizaccedilatildeo em periacuteodos de seca para abastecer a

induacutestria e a agricultura com aacutegua para os bens materiais e alimentares para fornecer aacutegua

para fins recreativos em quantidades cada vez maiores e a alta demanda de energia eleacutetrica

exigiu o uso de barragens (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 21 NOVAK et al

2007 p 4) Entretanto estas obras necessitam de uma estrutura que permita a passagem das

aacuteguas excedentes para jusante e efetue o controle hidraacuteulico (vertedouro) e outra com a

finalidade de dissipar a energia cineacutetica do escoamento vertido e restituiacute-lo ao curso natural

do rio de acordo com a capacidade de suporte do leito (dissipador de energia) minimizando

os possiacuteveis efeitos erosivos do escoamento que poderiam comprometer a estrutura em si eou

a fundaccedilatildeo e consequentemente a seguranccedila da barragem

Desta forma pode-se dizer que o sistema extravasor eacute o conjunto dos dispositivos

responsaacuteveis pela seguranccedila em barragens garantindo sua integridade frente agraves aacuteguas

excedentes De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 350)

A construccedilatildeo das estruturas de reservaccedilatildeo as barragens pressupotildee o controle de

cursos drsquoaacutegua Estes por sua proacutepria natureza apresentam variaccedilotildees significativas

das vazotildees tornando necessaacuterio em diversas situaccedilotildees permitir a passagem das

aacuteguas excedentes dos reservatoacuterios sem ocasionar danos agrave barragem ou agraves outras

estruturas hidraacuteulicas adjacentes []

As estruturas extravasoras deveratildeo ser dimensionadas para a descarga efluente de projeto

resultante do amortecimento no reservatoacuterio Esta vazatildeo eacute definida a partir dos estudos

hidroloacutegicos e hidraacuteulicos defluentes e da dinacircmica do reservatoacuterio A partir destes dados e

com as cotas dos niacuteveis drsquoaacutegua no reservatoacuterio e a jusante do mesmo eacute possiacutevel entatildeo definir

a geometria das estruturas conforme os criteacuterios de projeto

Um sistema extravasor pode compreender vertedouro dissipador de energia canais de

aproximaccedilatildeo de fuga e de descarga Baptista e Coelho (2003 p 351) ressaltam que

Quando as condiccedilotildees do arranjo hidraacuteulico exigirem principalmente para o caso da

necessidade de vencer desniacuteveis significativos devem ser previstas estruturas de

descarga implantadas com declividades acentuadas associadas aos vertedores Estas

estruturas podem ser constituiacutedas de tubulaccedilotildees tuacuteneis ou canais sendo que no

uacuteltimo caso denominam-se raacutepidos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Entretanto eacute obrigatoacuterio em todas as obras de barragens o vertedouro e o dissipador de

energia (UNITED STATES OF AMERICA 1974 p 345 BAPTISTA COELHO 2003 p

337 NOVAK et al 2007 p 20) conforme ilustram as figuras 2 e 3 Entatildeo eacute conveniente

dividir estas obras em itens distintos dentro do trabalho Um item traraacute uma abordagem inicial

sobre vertedouros dada sua relevacircncia e sobre os dissipadores mais usuais aleacutem das bacias de

dissipaccedilatildeo e outro seraacute um estudo mais detalhado sobre bacias de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico

Figura 2 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Itaipu com

dissipador de energia em salto de esqui (VALENTIN 2009)

Figura 3 exemplo de sistema extravasor da Usina Hidreleacutetrica de Porto Colocircmbia

com dissipador de energia do tipo bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(FURNAS 2010)

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31 VERTEDOURO

O vertedouro eacute a parte mais importante do sistema extravasor eacute uma estrutura vital para a

barragem Trata-se de um dispositivo utilizado controlar a vazatildeo que escoa do reservatoacuterio

Pode-se dizer que eacute uma estrutura ldquo[] cuja frequecircncia de operaccedilatildeo depende muito das

dimensotildees relativas do reservatoacuterio ndash (volume uacutetil em termos do defluacutevio meacutedio anual)rdquo

(PINTO [1987] p 1) De acordo com Novak et al (2007 p 191) o objetivo desta estrutura eacute

passar as aacuteguas de inundaccedilatildeo e em particular a cheia de projeto com seguranccedila para jusante

da barragem quando o reservatoacuterio estiver transbordando Da mesma forma segundo United

States of America (1974 p 345) os vertedouros satildeo previstos para liberaccedilatildeo do fluxo

excedente frente a hidrogramas afluentes em que a aacutegua natildeo pode ser contida ou armazenada

no volume de represamento Eacute atraveacutes desta estrutura que o excesso de aacutegua eacute retirado da

parte superior do reservatoacuterio criado pela barragem e transportado de volta ao rio ou para

algum canal de drenagem

O dimensionamento de um vertedouro depende principalmente da cheia de projeto do tipo e

localizaccedilatildeo da barragem do tamanho do reservatoacuterio e da forma de operaccedilatildeo (NOVAK et al

2007 p 191) Estas estruturas podem ser construiacutedas junto ao corpo da barragem ou

independente desta conforme for mais apropriado Sobre os tipos e dimensotildees dos

vertedouros Pinto ([1987] p 6) afirma que mesmo para um dado tipo construtivo as

dimensotildees podem variar sendo entatildeo mais conveniente o estudo dos vertedouros

superficiais para definiccedilatildeo da extensatildeo da crista vertente

United States of America (1974 p 345) destaca que a importacircncia de um vertedouro natildeo pode

ser subestimada pois muitas falhas de barragens satildeo causadas por vertedouros mal

concebidos ou por vertedouros com capacidade insuficiente O correto dimensionamento e

operaccedilatildeo de vertedouros satildeo de grande importacircncia principalmente nas barragens de aterro e

de enrocamento pois estas podem romper por galgamento que eacute a passagem da aacutegua sobre a

crista da barragem devido agrave insuficiecircncia do sistema extravasor Jaacute as barragens de concreto

satildeo capazes de resistir a um galgamento moderado poreacutem deve-se evitar uma vez que a

queda drsquoaacutegua pode provocar erosotildees no peacute da barragem As superfiacutecies dos vertedouros

devem ser resistentes para suportar as altas velocidades do escoamento oriundo do

reservatoacuterio e geralmente alguns dispositivos seratildeo necessaacuterios para dissipar a energia na

parte inferior da estrutura

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Novak et al (2007 p 191) citam que os vertedouros podem ser subdivididos de diversas

formas uma delas eacute quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo Segundo destacam Baptista e Coelho

(2003 p 351)

Quanto agraves condiccedilotildees de operaccedilatildeo os vertedores podem ser classificados em

vertedores de serviccedilo ou de emergecircncia Com efeito em diversas obras executa-se

um vertedor uacutenico para escoar toda a gama de vazotildees que possa vir a ocorrer Em

outros casos eacute mais conveniente dispor-se de mais de um vertedor sendo o vertedor

de serviccedilo destinado a descarregar as vazotildees mais frequentes e outro o vertedor de

emergecircncia utilizado para descarregar apenas as grandes cheias

O tipo a ser utilizado e a localizaccedilatildeo dos vertedouros podem variar significativamente United

States of America (1974 p 103) cita que os requisitos do vertedouro satildeo dados

principalmente pelo escoamento superficial e as caracteriacutesticas de vazatildeo Baptista e Coelho

(2003 p 351) reforccedilam esta afirmaccedilatildeo destacando ainda que

Os vertedores podem ser classificados segundo diversos criteacuterios diferentes tais

como localizaccedilatildeo materiais constituintes condiccedilotildees de operaccedilatildeo etc O tipo do

vertedor eacute funccedilatildeo da concepccedilatildeo da barragem das vazotildees de projeto e das condiccedilotildees

geoloacutegicas e topograacuteficas da aacuterea do projeto

Os vertedouros podem ser classificados de diversas formas por isso a seguir eacute feita uma

divisatildeo dessas estruturas Entretanto eacute apresentada apenas a classificaccedilatildeo em funccedilatildeo da

geometria e da forma de operaccedilatildeo

311 Vertedouros de Superfiacutecie

Vertedouro de superfiacutecie trata-se de uma estrutura de controle que comanda a descarga do

reservatoacuterio Estes vertedouros podem ser livres isto eacute natildeo existe domiacutenio sobre a descarga a

aacutegua do reservatoacuterio ao atingir a cota da soleira livre vai verter ou podem ser com comportas

onde eacute possiacutevel ter um controle sobre o escoamento isto eacute pode-se determinar qual a cota que

a aacutegua do reservatoacuterio pode atingir e soacute a partir desta cota abrem-se as comportas permitindo

o escoamento

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3111 Vertedouro Livre

De acordo com Baptista e Coelho (2003 p 351) ldquoUma importante classificaccedilatildeo dos

vertedores diz respeito agraves condiccedilotildees de funcionamento hidraacuteulico ligadas agrave presenccedila ou natildeo

de dispositivos de controle de vazatildeo as comportasrdquo Os vertedouros que natildeo possuem

comportas satildeo ditos entatildeo de soleira livre

Segundo Pinto ([1987] p 6-7) ldquoOs vertedouros sem comportas tecircm maior largura total

produzem menores vazotildees efluentes satildeo de construccedilatildeo mais simples oferecem uma abertura

mais ampla tem sua operaccedilatildeo totalmente automaacutetica e um custo de manutenccedilatildeo iacutenfimordquo Em

compensaccedilatildeo este tipo de estrutura necessita de uma aacuterea de inundaccedilatildeo maior que a

necessaacuteria caso houvesse comportas Dentro deste grupo destaca-se o perfil Creager Este tipo

de vertedouro eacute tambeacutem chamado de soleira normal por ser o mais frequente de todos Porto

(1999 p 398) destaca que ldquo[] satildeo essencialmente grandes vertedores retangulares

projetados com uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lacircmina vertente

sobre toda a soleirardquo O perfil da soleira vertente desta estrutura eacute conhecido como a forma

claacutessica da soleira dos vertedouros e eacute baseada no perfil do jato livre de vertedouros

retangulares de parede delgada sem contraccedilatildeo lateral (PINTO [1987] p 9) conforme

ilustrado na figura 4 (a) A ideacuteia baacutesica desta estrutura eacute apresentar analogia entre um

vertedouro de soleira espessa e um de parede delgada visto que estes resguardam a estrutura

do aparecimento de pressotildees negativas Da mesma forma eacute exposto por Baptista e Coelho

(2003 p 358)

A condiccedilatildeo hidraacuteulica ideal de funcionamento dos vertedores corresponde ao seu

funcionamento como sendo de parede delgada Entretanto tendo em vista a

dificuldade praacutetica de execuccedilatildeo de vertedores nestas condiccedilotildees estes usualmente satildeo

construiacutedos com crista arredondada sendo que a superfiacutecie de sua soleira deveraacute ter

preferencialmente a forma da superfiacutecie inferior do jato que passa sobre uma soleira

delgada de crista linear

Entatildeo pode-se definir estas estruturas como sendo uma soleira com crista arredondada situada

no niacutevel normal das aacuteguas (figura 4 (b)) O efeito causado pelo fato de sua crista acompanhar

a superfiacutecie inferior do jato drsquoaacutegua eacute que na sua estrutura satildeo geradas pressotildees muito

proacuteximas agrave atmosfeacuterica que eacute uma situaccedilatildeo desejaacutevel

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 4 (a) vertedouro de soleira delgada (b) vertedouro de soleira normal

(perfil Creager) (adaptado de PORTO 1999 p 398)

Dentro desta classificaccedilatildeo existem ainda outros tipos de vertedouros por exemplo o tipo

labirinto tambeacutem chamado de bico-de-pato e o tipo canal lateral

3112 Vertedouro com Comportas

O vertedouro com comporta eacute chamado tambeacutem de controlado pois a partir do acionamento

das comportas eacute possiacutevel determinar a vazatildeo que iraacute escoar De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 354)

[] os vertedores com comportas consistem essencialmente em soleiras situadas

abaixo do niacutevel normal das aacuteguas dispondo-se de comportas para controle da vazatildeo

Como o NA pode atingir cotas superiores do topo das comportas obteacutem-se uma

maior vazatildeo especiacutefica atraveacutes do aproveitamento da carga hidraacuteulica

correspondente O tipo e localizaccedilatildeo das comportas bem como a forma do vertedor

podem variar bastante segundo as condiccedilotildees de projeto

Os principais requisitos operacionais para as comportas satildeo controle de inundaccedilotildees

estanqueidade capacidade de elevaccedilatildeo miacutenima e a conveniecircncia da instalaccedilatildeo e manutenccedilatildeo

Apesar da geometria robusta da estrutura podem ocorrer falhas e as obras devem ser capazes

de tolerar essas falhas sem consequecircncias inaceitaacuteveis Estas estruturas devem ter uma

prevenccedilatildeo para que em nenhum caso ofereccedila risco ao pessoal operacional e ao puacuteblico

(NOVAK et al 2007 p 267)

Segundo Pinto ([1987] p 7) ldquoOs vertedouros com comportas resultam em menores alturas

para a barragem e menor aacuterea de inundaccedilatildeo e oferecem maior flexibilidade de operaccedilatildeordquo

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Entretanto cabe ressaltar que este tipo de estrutura estaacute mais propenso a falhas pois depende

do correto controle das comportas aleacutem de envolver custos na operaccedilatildeo e na manutenccedilatildeo que

deve ser realizada periodicamente

Os modelos de comportas podem ser divididos em dois grupos radiais (figura 5) e de

elevaccedilatildeo vertical Novak et al (2007 p 270) destacam que as vantagens das radiais sobre os

portotildees de elevaccedilatildeo vertical eacute que o tamanho da estrutura eacute menor possui uma maior rigidez

ausecircncia de ranhuras na comporta mais faacutecil automaccedilatildeo e melhor desempenho no periacuteodo de

inverno

Se as comportas do vertedouro operarem de forma assimeacutetrica elas poderatildeo provocar o

aparecimento de correntes de retorno a jusante que na maioria dos casos envolvem arraste de

material rochoso de jusante para o interior do dissipador de energia e gera efeito abrasivo

sobre o revestimento de concreto Pinto ([1987] p 57) destaca que este efeito abrasivo eacute a

principal causa de danos ocorridos nas bacias de dissipaccedilatildeo

Figura 5 (a) ilustraccedilatildeo de um vertedouro com comportas (BAPTISTA COELHO

2003 p 354) e (b) Barragem Takato Dam Japatildeo com operaccedilatildeo por comportas

(WIKIPEDIA 2009)

312 Vertedouros Natildeo Convencionais

Os vertedouro tubulares satildeo geralmente utilizados quando as vazotildees de projeto satildeo baixas o

espaccedilo eacute reduzido e quando se quer manter o niacutevel do reservatoacuterio praticamente constante Se

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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natildeo haacute espaccedilo para construccedilatildeo de outros tipos de vertedores eles podem ser uma boa soluccedilatildeo

Em vales estreitos formados por barragens de terra ou enrocamento ou se uma barragem de

concreto natildeo apresentar comprimento suficiente de crista e mesmo em barragens em arco

onde natildeo eacute conveniente a operaccedilatildeo de vertedores na barragem Aleacutem disso apresentam como

outras vantagens suas pequenas dimensotildees e o pouco volume de concreto empregado na sua

construccedilatildeo Este grupo de vertedouros divide-se em dois tipos tulipa e sifatildeo

3121 Vertedouro Tulipa

O vertedouro tulipa tem como uma das principais caracteriacutesticas o fato de ser independente do

corpo da barragem o que eacute favoraacutevel principalmente em projetos de barragens de terra e de

enrocamento Trata-se de um vertedouro circular semelhante a um funil (figura 6) que eacute

seguido de um poccedilo geralmente vertical mas podendo ser tambeacutem inclinado ligado a uma

curva de raio curto conectada a um tuacutenel horizontal ou com pequena declividade que iraacute

desaguar quase sempre em uma estrutura de dissipaccedilatildeo De acordo com Baptista e Coelho

(2003 p 353) ldquoEste tipo de vertedor eacute constituiacutedo de uma tubulaccedilatildeo vertical denominada

shaft seguida de uma tubulaccedilatildeo aproximadamente horizontal ateacute o desaacutegue [] Os

vertedores tipo tulipa apresentam um funcionamento hidraacuteulico complexo []rdquo

Pinto ([1987] p 69) destaca que para vazotildees menores o controle eacute feito pela crista poreacutem

para vazotildees superiores o controle passa a ser de orifiacutecio (ou bocal) e progressivamente o

escoamento passa a ser controlado pela capacidade do sistema operando como um conduto em

pressatildeo O autor ressalta que em termos praacuteticos haacute uma verdadeira saturaccedilatildeo do vertedouro

tipo tulipa e miacutenimas condiccedilotildees de seguranccedila face a um eventual aumento de vazatildeo de cheia

com relaccedilatildeo agrave capacidade maacutexima nominal A escolha desta soluccedilatildeo deve estar vinculada a

algumas condiccedilotildees por exemplo quando puder ser aproveitado o canal de desvio quando a

presenccedila de material flutuante for insignificante quando o espaccedilo para o vertedor

convencional for limitado e quando a galeria de descarga natildeo for muito longa

(EXTRAVASOR [2009])

Em planta esta estrutura eacute representada como um orifiacutecio circular Quando vista em corte a

soleira eacute semelhante ao perfil Creager para que na superfiacutecie as pressotildees ocorridas sejam as

mais proacuteximas possiacuteveis da atmosfeacuterica

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Figura 6 (a) representaccedilatildeo em corte de um vertedouro tulipa (adaptado de NOVAK

et al 2007 p 222) (b) vertedouro da barragem Monticello Dam na Califoacuternia

(ESTRUTURAS [2009])

3122 Vertedouro Sifatildeo

Os vertedouros sifatildeo satildeo canalizaccedilotildees fechadas sob a forma de um U invertido com uma

entrada uma garganta (seccedilatildeo de controle) um conduto mais baixo e uma tomada (figura 7)

Para fluxos muito baixos um vertedouro sifatildeo opera como um accedilude quando o fluxo aumenta

o niacutevel de aacutegua no rio se eleva a velocidade no sifatildeo aumenta e o fluxo no conduto mais

baixo comeccedila a criar uma exaustatildeo na parte superior do sifatildeo ateacute que este comeccedila a fluir

completamente como uma tubulaccedilatildeo (NOVAK 2007 p 226) Baptista e Coelho (2003 p

353) descrevem sobre esta estrutura que ldquo[] permite a operaccedilatildeo com niacutevel drsquoaacutegua

aproximadamente constante dentro da faixa de vazotildees de projeto Este tipo de vertedor

apresenta limites quanto agrave capacidade de vazatildeo e quanto ao desniacutevel de forma a natildeo

ocasionar cavitaccedilatildeo []rdquo

Figura 7 vertedouro em sifatildeo (BAPTISTA COELHO 2003 p 353)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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32 DISSIPADORES DE ENERGIA

O aproveitamento dos recursos hiacutedricos envolve muitas vezes construccedilatildeo de obras que

alteram o equiliacutebrio dos rios Desta forma eacute indispensaacutevel que nestes empreendimentos exista

uma estrutura com a funccedilatildeo de adequar o escoamento agraves caracteriacutesticas do corpo receptor seja

este natural ou artificial de forma que ldquo[] as erosotildees provenientes do aumento da vazatildeo

especiacutefica natildeo coloquem em risco a seguranccedila das mesmasrdquo (MARQUES 1991 p 1)

A dissipaccedilatildeo de energia nas barragens estaacute intimamente associada com o projeto do

vertedouro principalmente com a vazatildeo de projeto escolhida a diferenccedila entre os niacuteveis de

aacutegua a montante e a jusante bem como as condiccedilotildees do leito a jusante (NOVAK et al 2007

p 244) pois a energia cineacutetica associada ao escoamento vindo do vertedouro eacute muito elevada

de forma que pode causar danos na proacutepria estrutura na barragem e no corpo receptor das

aacuteguas Schreiber (1977 p 81) menciona que ldquoA energia produzida pela aacutegua caindo pelo

vertedouro depende da descarga e da queda e que pode chegar a valores enormesrdquo Para

Vischer e Hager (1995 p 1) os dissipadores satildeo usados em locais onde o excesso de energia

hidraacuteulica poderia causar danos como a erosatildeo de canais de fuga e abrasatildeo de estruturas

hidraacuteulicas Por isso Baptista e Coelho (2003 p 359) afirmam que eacute necessaacuterio prever um

dissipador para esta energia a fim de adequar a velocidade do escoamento agraves caracteriacutesticas do

meio a jusante Segundo Marques (1991 p 5) ldquoPara manter a energia do escoamento dentro

dos limites compatiacuteveis com a estabilidade do leito deve-se transformar a energia cineacutetica em

turbulecircncia e finalmente em calor por accedilatildeo da viscosidade com o objetivo de dissipaacute-lardquo

A passagem da aacutegua de um reservatoacuterio para jusante envolve uma seacuterie de fenocircmenos

hidraacuteulicos tais como a transiccedilatildeo do fluxo supercriacutetico na entrada do dissipador para um fluxo

subcriacutetico na saiacuteda da estrutura para a corrente Vischer e Hager (1995 p 2) definiram que

uma dissipaccedilatildeo de energia eficiente consiste em perturbar a corrente de aacutegua proporcionando

um aumento da turbulecircncia ou difundindo a massa desta corrente em um jato Um dissipador

de energia econocircmico eacute aquele que tem um efeito impactante dentro de uma regiatildeo

relativamente pequena

Ortiz (1982 p 253) dividiu as estruturas de dissipaccedilatildeo em trecircs grupos um deles compreende

as bacias de dissipaccedilatildeo e outras estruturas com finalidade de conter a zona de dissipaccedilatildeo de

energia hidraacuteulica do escoamento supercriacutetico o outro grupo compreende as estruturas que

lanccedilam o escoamento supercriacutetico para longe da obra atraveacutes de um jato Sobre as estruturas

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de dissipaccedilatildeo do segundo grupo Ortiz (1982 p 266) destaca que estas estruturas natildeo

dissipam a energia do escoamento elas simplesmente transferem o problema para jusante da

obra Poreacutem ainda haacute outro tipo de dissipador aquele que natildeo dissipa a energia de forma

concentrada mas sim de forma distribuiacuteda ao longo da proacutepria estrutura de conduccedilatildeo

As proacuteximas etapas do trabalho compreenderatildeo uma abordagem sobre as estruturas de

dissipaccedilatildeo de energia mais utilizadas em cada um desses grupos Entretanto as estruturas de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico seratildeo apresentadas em um capiacutetulo distinto visto que estatildeo

relacionadas diretamente com o objetivo principal deste trabalho

321 Dissipadores de Lanccedilamento

Estas estruturas podem estar dispostas de trecircs formas abaixo do niacutevel da aacutegua no niacutevel da

aacutegua a jusante e acima do niacutevel da aacutegua Nos dois primeiros casos satildeo chamadas de conchas

submersa e de arremesso respectivamente No terceiro caso eacute denominado salto de esqui

Atualmente haacute uma ldquo[] tendecircncia em considerar-se as estruturas tipo concha submersa

como estruturas em rampa ascendenterdquo (MARQUES 1991 p 22) Por este motivo este tipo

de estrutura natildeo seraacute detalhado

3211 Concha de Arremesso

Segundo Baptista e Coelho (2003 p 364) ldquo[] consiste na execuccedilatildeo na extremidade de

jusante da estrutura de conduccedilatildeo de aacutegua de uma concha ciliacutendrica que projeta um jato de

aacutegua em direccedilatildeo ascendente []rdquo conforme mostrado nas figuras 8 e 9 Ortiz (1982 p 266)

destaca que esta estrutura tem duas funccedilotildees importantes A primeira eacute lanccedilar o jato para

jusante a segunda eacute espalhar o jato o maacuteximo possiacutevel de modo a aumentar a aacuterea de impacto

e minimizar os danos ao leito do rio Assim uma reduccedilatildeo na velocidade do escoamento

ocorre devido agrave dissipaccedilatildeo da energia e agrave incorporaccedilatildeo de ar no fluxo Se a estrutura for

posicionada afastada da barragem evita que esta tenha sua estabilidade prejudicada

auxiliando a manter sua integridade

Entretanto Baptista e Coelho (2003 p 365) ressaltam

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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[] a importacircncia da consideraccedilatildeo das vazotildees inferiores agrave vazatildeo de projeto nas

estruturas por jatos Com efeito para pequenas vazotildees natildeo ocorre a formaccedilatildeo do jato

sendo que a proacutepria concha desempenha papel de uma bacia dissipadora permitindo

em seguida o escoamento relativamente lento da aacutegua para jusante Pode ocorrer

poreacutem no caso de existecircncia de desniacutevel entre a concha e o leito natural o iniacutecio de

um processo de erosatildeo junto ao peacute da estrutura tornando necessaacuteria a previsatildeo de

estruturas de proteccedilatildeo e reforccedilo do leito do corpo drsquoaacutegua receptor

Figura 8 concha de arremesso (adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 364)

Figura 9 ressalto hidraacuteulico no dissipador tipo concha de arremesso

(ESTRUTURAS 2010)

3212 Salto de Esqui

Sobre defletores em salto de esqui (figura 10) Pinto ([1987] p 48) cita que em todos os casos

a crista do defletor deve ser mantida acima do niacutevel das aacuteguas do canal de restituiccedilatildeo a jusante

a fim de evitar o afogamento do jato Neste dissipador segundo Pinto ([1987] p 66) ldquo[] a

dissipaccedilatildeo da energia natildeo se verifica na estrutura mas sim sobre o leito natural a jusante A

erosatildeo provocada pelo escoamento eacute de difiacutecil avaliaccedilatildeo dependendo da velocidade e

concentraccedilatildeo do jato de aacutegua que atinge a bacia e tambeacutem da natureza da rochardquo

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Figura 10 dissipador salto de esqui (adaptado de HAGER 1995 p 112)

O princiacutepio de funcionamento deste dissipador segundo Ortiz (1982 p 268) consiste em

ldquo[] o jato de alta velocidade eacute conduzido atraveacutes de um canal confinado e lanccedilado na seccedilatildeo

terminal de uma trajetoacuteria controlada [] muito frequentemente satildeo condiccedilotildees geoloacutegicas e

natildeo hidraacuteulicas que limitam a utilizaccedilatildeo desta estruturardquo

De acordo com Novak e Caacutebelka1 (1981 apud NOVAK et al 2007 p 246-247) o uso deste

tipo de dissipador acarreta significativa economia onde as condiccedilotildees geoloacutegicas e

morfoloacutegicas satildeo favoraacuteveis e especialmente quando o vertedouro pode ser colocado sobre a

estaccedilatildeo de energia ou pelo menos sobre as obras descarga de fundo Eacute possiacutevel ainda para

aumentar o efeito da dissipaccedilatildeo e a eficiecircncia desta estrutura a utilizaccedilatildeo de dois dissipadores

salto de esqui arranjados de forma que os jatos lanccedilados colidam

322 Dissipaccedilatildeo Distribuiacuteda ao Longo da Proacutepria Estrutura de Conduccedilatildeo

Este grupo de dissipadores foi definido por Ortiz (1982 p 268) como sendo ldquoAs estruturas

que envolvem alteraccedilotildees no proacuteprio perfil do vertedor []rdquo conforme demonstrado na figura

11 Dentro deste grupo o exemplo mais claacutessico satildeo os vertedouros em degraus Segundo

Baptista e Coelho (2003 p 366) ldquo[] satildeo estruturas que dissipam a energia atraveacutes do

impacto do jato de aacutegua com a estrutura e eventualmente atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto

hidraacuteulico em cada degrau quando o espaccedilamento entre cada desniacutevel possibilita sua

ocorrecircnciardquo No entanto estas estruturas geralmente natildeo dispensam a utilizaccedilatildeo de uma bacia

de dissipaccedilatildeo O que ocorre eacute que devido agrave energia dissipada ao longo do vertedouro em

degraus as dimensotildees da bacia a ser construiacuteda a jusante seratildeo menores

1 NOVAK P CAacuteBELKA J Models in Hydraulic Engineering physical principles and design applications

London Pitman 1981

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 11 vertedouro em degraus (VERTEDOUROS 2010)

323 Estruturas com Finalidade de Conter a Zona de Dissipaccedilatildeo de Energia

Hidraacuteulica no seu Interior

Este grupo compreende as estruturas terminais dos vertedouros com a funccedilatildeo de dissipar a

energia do escoamento na proacutepria estrutura (figura 12) diferente das demais vistas como a

concha de arremesso e o salto de esqui que apenas conduziam o fluxo para jusante Este tipo

de estrutura pode tambeacutem estar associada a outras com funccedilatildeo distribuiacuteda ao longo da proacutepria

estrutura de conduccedilatildeo (figura 13) possibilitando assim uma reduccedilatildeo no tamanho da bacia

Figura 12 croqui de bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PETERKA 1974 p 58)

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Figura 13 vertedouro em degraus com bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

As bacias horizontais com formaccedilatildeo de ressalto satildeo possivelmente as estruturas de dissipaccedilatildeo

mais pesquisadas pelos hidraacuteulicos devido a sua grande aplicaccedilatildeo com sucesso na praacutetica da

construccedilatildeo de estruturas hidraacuteulicas (ORTIZ 1982 p 255) Esta estrutura consiste na

construccedilatildeo de uma bacia a jusante do vertedouro em que parte da energia eacute dissipada devido agrave

mudanccedila de regime do escoamento Segundo Novak et al (2007 p 249) a bacia de

dissipaccedilatildeo eacute a forma mais comum de dissipador de energia que converte o fluxo de fluido do

vertedouro em fluxo subcriacutetico compatiacutevel com o regime do rio a jusante O mais simples ― e

muitas vezes melhor ― meacutetodo de alcanccedilar esta transiccedilatildeo eacute atraveacutes de um ressalto hidraacuteulico

formado na bacia de dissipaccedilatildeo

Estas estruturas satildeo projetadas para confinar o comprimento total do ressalto hidraacuteulico sobre

a sua estrutura Eacute possiacutevel inclusive reduzir-se o comprimento do ressalto pela instalaccedilatildeo dos

acessoacuterios tais como defletores e peitoris na bacia de dissipaccedilatildeo Aleacutem do que o

encurtamento do ressalto e os acessoacuterios exercem um efeito de estabilizaccedilatildeo e em alguns

casos aumentam o fator de seguranccedila (PETERKA 1974 p 19) Ortiz (1982 p 253-254)

frisa que estas estruturas satildeo mais eficientes quando o ressalto fica perfeitamente definido e

dentro da bacia condiccedilatildeo que ocorre quando a curva de descarga do curso drsquoaacutegua se aproxima

da curva da altura conjugada

Sobre o comprimento da bacia Pinto ([1987] p 55) destaca que

Quanto ao comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo os valores de comprimento do

ressalto [] datildeo uma primeira indicaccedilatildeo A obra da bacia poderaacute ser mais curta em

funccedilatildeo da qualidade da rocha do canal de restituiccedilatildeo Quanto menor a bacia

revestida maior a energia turbulenta remanescente e maior a tendecircncia agrave erosatildeo do

leito

Cabe salientar que se na regiatildeo a jusante do vertedouro for identificada a presenccedila de maciccedilo

rochoso fraturado seraacute suficiente verificar se o mesmo conseguiraacute dissipar com seguranccedila a

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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energia do escoamento Caso essa regiatildeo seja composta por solo deveraacute ser projetada

obrigatoriamente uma proteccedilatildeo especiacutefica

Com base em um periacuteodo de 23 anos de pesquisas nos Estados Unidos o Bureau of

Reclamation estabeleceu uma seacuterie de criteacuterios de projeto aceitaacuteveis para bacias de dissipaccedilatildeo

(UNITED STATES OF AMERICA 19482 apud HAGER 1992 p 217 PETERKA 1958

3

apud HAGER 1992 p 217) Foram classificados 10 tipos de bacias de dissipaccedilatildeo entretanto

as mais difundidas foram United States Bureau of Reclamation (USBR) I USBR II e USBR

III

A bacia USBR I eacute a bacia que envolve o ressalto claacutessico desenvolvida inicialmente para

nuacutemeros de Froude entre 17 e 25 atualmente ela eacute utilizada para nuacutemeros de Froude ateacute 10

Esta estrutura natildeo possui nenhum dispositivo anexo exceto um degrau ascendente em forma

de parede vertical ou inclinado na extremidade de jusante Nestas obras deve-se assegurar a

horizontalidade da estrutura conforme a figura 12

A bacia USBR II (figura 14) eacute utilizada para nuacutemero de Froude a montante superior a 40

Esta estrutura possui blocos de queda no iniacutecio e uma soleira terminal dentada que interfere

no ressalto possibilitando uma reduccedilatildeo no comprimento da bacia

Figura 14 bacia de dissipaccedilatildeo USBR II

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 361)

2 UNITED STATES OF AMERICA Department of Interior Bureau of Reclamation Model Studies of Imperial

Dam Desilting Works All-American Canal Structures Boulder Canyon Project ndash Final Report Hydraulic

Investigations Washington Bulletin 4 Part VI 1948

3 PETERKA A J Hydraulic Design of Stilling Basins and Energy Dissipators Denver United States

Government Printing Office 1958 Engineering Monograph 25

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A bacia USBR III (figura 15) eacute utilizada para condiccedilotildees com nuacutemero de Froude superior a 45

e esta estrutura conteacutem uma linha de blocos integrantes Seu comprimento eacute inferior ao da

bacia USBR II sendo portanto bastante compacta

Figura 15 bacia de dissipaccedilatildeo USBR III

(adaptado de BAPTISTA COELHO 2003 p 362)

Atualmente a soluccedilatildeo mais utilizada eacute o tipo I ficando os tipos II e III restritos a pequenas

quedas inferiores a 1500 m Mesmo assim estas estruturas necessitam de cuidados especiais

principalmente devido a problemas de cavitaccedilatildeo que podem ocorrer junto aos blocos anexos

conforme mostrados nas figuras 16 e 17

Figura 16 efeito da cavitaccedilatildeo junto aos blocos anexos na laje de fundo do

dissipador de energia da Barragem de Bonnevile (ELEVATORSKI 1959 p 100)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 17 danos causados pela cavitaccedilatildeo na laje de fundo do dissipador de energia

da Usina Hidreleacutetrica Porto Colocircmbia (CARVALHO 2009)

Para melhor compreensatildeo sobre as estruturas tipo I e seu funcionamento esta seraacute abordada

mais detalhadamente em um capiacutetulo a parte juntamente com a descriccedilatildeo do fenocircmeno do

ressalto hidraacuteulico e os principais criteacuterios de dimensionamento para estas estruturas

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4 BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR RESSALTO HIDRAacuteULICO TIPO I

As bacias de dissipaccedilatildeo USBR I satildeo atualmente as estruturas terminais dos vertedouros mais

utilizadas para dissipar a energia hidraacuteulica do escoamento A dissipaccedilatildeo de energia se daacute

sobre a estrutura atraveacutes da formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico Antigamente esta soluccedilatildeo era

indicada apenas para uma faixa restrita de nuacutemeros de Froude (de 17 a 25) mas em funccedilatildeo

dos problemas que podem ocorrer com a as bacias tipo II e III tais como cavitaccedilatildeo

deterioraccedilatildeo dos blocos entre outros a utilizaccedilatildeo deste tipo de estrutura se expandiu para uma

faixa muito mais ampla de nuacutemeros de Froude compreendendo valores de 17 ateacute 10

A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deveraacute formar o ressalto hidraacuteulico no seu

interior no final desta bacia existe uma soleira terminal conforme mostrado na figura 18

Esta soleira terminal tem a funccedilatildeo de proteger a bacia de dissipaccedilatildeo evitando que ocorram

erosotildees muito proacuteximas desta estrutura e evitando que materiais do leito de jusante entrem na

bacia devido a turbulecircncia da aacutegua

Figura 18 bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

(adaptado de WIEST 2008 p 6)

41 O RESSALTO HIDRAacuteULICO

De acordo com Porto (1999 p 335)

O ressalto hidraacuteulico ou salto hidraacuteulico eacute o fenocircmeno que ocorre na transiccedilatildeo de um

escoamento torrencial ou supercriacutetico para um escoamento fluvial ou subcriacutetico O

escoamento eacute caracterizado por uma elevaccedilatildeo brusca no niacutevel drsquoaacutegua sobre uma

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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distacircncia curta acompanhada de uma instabilidade na superfiacutecie com ondulaccedilotildees e

entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda de energia em forma de

grande turbulecircncia

Este fenocircmeno ocorre geralmente associado a singularidades e estruturas hidraacuteulicas em

condiccedilotildees que as caracteriacutesticas do fluxo variam de forma repentina Baptista e Coelho (2003

p 274) ressaltam que ldquoAs situaccedilotildees praacuteticas usuais de escoamento bruscamente variado satildeo

associadas a estruturas hidraacuteulicas tais como vertedores comportas dissipadores de energia

degraus obstaacuteculos transiccedilotildees bruscas etcrdquo (figuras 19 e 20) Acrescentando Hager (1992 p

2-3) cita que o ressalto compreende diversos recursos atraveacutes da qual a energia mecacircnica em

excesso pode ser dissipada em calor A accedilatildeo de dissipaccedilatildeo de energia pode mesmo ser

amplificada pela concepccedilatildeo de dissipadores de energia Numerosas estruturas tecircm sido

desenvolvidas onde um raacutepido escoamento da aacutegua corrente pode ser transformado em um

fluxo calmo por meio de um ressalto Segundo Elevatorski (1959 p 20) inuacutemeros testes

feitos com modelos e protoacutetipos comprovaram que o ressalto hidraacuteulico eacute a maneira mais

eficaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidraacuteulicas

Figura 19 ressalto formado a jusante de um vertedouro com comportas

(WIKIPEDIA 2010)

Figura 20 ressalto hidraacuteulico formado a jusante de uma comporta plana

(TRIERWEILER NETO 2006 p 50)

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Uma seacuterie de estudos foi realizada pelo United States Bureau of Reclamation para tentar

determinar as propriedades do ressalto hidraacuteulico A forma deste fenocircmeno e as caracteriacutesticas

do escoamento podem ser relacionadas com o fator cineacutetico do fluxo vsup22g com a vazatildeo de

descarga na entrada da bacia e com a profundidade criacutetica do fluxo yr ilustrados na figura 21

ou o com o Nuacutemero de Froude que eacute o paracircmetro que determina condiccedilatildeo do fluxo (lento ou

raacutepido) Este nuacutemero eacute calculado pelas seguintes equaccedilotildees

yg

vFr

(equaccedilatildeo 1)

A

Qv (equaccedilatildeo 2)

Onde

Fr eacute numero de Froude [1]

v eacute a velocidade [LT]

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade [LTsup2]

y eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua [L]

Q eacute a vazatildeo que estaacute passando pela seccedilatildeo [Lsup3T]

A eacute a aacuterea da seccedilatildeo transversal (A=Byr) [Lsup2]

Figura 21 identificaccedilatildeo das variaacuteveis do ressalto hidraacuteulico

(TAMADA [1991] p DIS 8)

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Sabe-se que fluxos com Fr lt 1 satildeo fluxos em regime subcriacutetico enquanto fluxos supercriacuteticos

possuem Fgt1 Para nuacutemeros de Froude Fr = 1 a aacutegua estaacute escoando com profundidade criacutetica

o que impede a formaccedilatildeo do ressalto

411 Ressalto Claacutessico

O ressalto ocorrido a jusante de um vertedouro sofre a interferecircncia da inclinaccedilatildeo desta

estrutura Entretanto uma anaacutelise sobre ressalto claacutessico como eacute conhecido o ressalto sobre

superfiacutecie horizontal ajuda a compreender melhor o fenocircmeno De acordo com Peterka

(1974 p 15) o ressalto hidraacuteulico pode ocorrer em pelo menos quatro formas distintas em

uma seccedilatildeo horizontal conforme mostrado na figura 22 Todas estas formas satildeo encontradas

na praacutetica As caracteriacutesticas internas e a absorccedilatildeo de energia no ressalto variam em cada

forma Algumas destas satildeo desejaacuteveis e algumas indesejaacuteveis e estatildeo convenientemente

catalogadas com relaccedilatildeo ao nuacutemero de Froude

Figura 22 formas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de PERTERKA 1974 p 16)

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Segundo Peterka (1974 p 16) quando o nuacutemero de Froude estaacute entre 17 e 25 uma seacuterie de

pequenos rolos se desenvolvem na superfiacutecie sendo formado o preacute-ressalto Este caso natildeo

gera problemas na bacia de dissipaccedilatildeo a superfiacutecie da aacutegua eacute muito suave a distribuiccedilatildeo de

velocidade no canal de fuga eacute bastante uniforme e a energia dissipada eacute muito pequena Para

nuacutemeros de Froude variando entre 25 e 45 encontra-se o ressalto dito pulsante desta

oscilaccedilatildeo eacute produzida uma onda de grande periacuteodo irregular que pode causar erosatildeo nas

margens Quando o nuacutemero de Froude varia entre 45 e 90 o ressalto hidraacuteulico jaacute estaacute bem

estabilizado sendo conhecido como ressalto estaacutevel e dissipando entre 45 e 70 da energia

de entrada Para Froude acima de 90 encontra-se o ressalto forte que apresenta uma agitaccedilatildeo

intensa da superfiacutecie que se propaga para jusante por uma longa distacircncia A perda de energia

eacute alta e pode alcanccedilar 85 da energia de entrada

412 Ressalto a Jusante de Vertedouro

O fato de a superfiacutecie dos vertedouros tipo Creager serem inclinadas faz com que a posiccedilatildeo do

iniacutecio do ressalto varie em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre a altura de aacutegua sobre o fundo da bacia e a

altura conjugada lenta Deve-se entatildeo projetar as bacias de dissipaccedilatildeo de forma a garantir que

o iniacutecio do ressalto ocorra no peacute da estrutura (ressalto tipo A ilustrado na figura 23)

Kindsvater4 (1944 apud HAGER 1992 p 42) classificou os ressaltos de acordo com sua

posiccedilatildeo no peacute do vertedouro (iniacutecio) e no fim do ressalto de acordo com a figura 23

a) tipo A quando o inicio do ressalto estaacute exatamente sobre o ponto de tangencia

entre a curva e o trecho horizontal

b) tipo B intermediaacuterio entre o ressalto A e o C o ressalto inicia sobre a

superfiacutecie do vertedouro termina sobre o trecho horizontal

c) tipo C ressalto inicia sobre a superfiacutecie do vertedouro e termina acima do

ponto de tangecircncia entre a curva e o trecho horizontal

d) tipo D ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro ocorrendo somente

com grandes graus de submergecircncia

e) Cl ressalto claacutessico

4 KINDSVATER C E The Hydraulic Jump in Sloping Channels [S l s n] 1944 v 109

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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Figura 23 ressalto formado a jusante de vertedouro (MEES 2008 p 42)

Conforme o niacutevel da aacutegua a jusante do vertedouro aumenta tornando a altura no iniacutecio da

bacia superior agrave altura no final da mesma o ressalto vai se movendo da condiccedilatildeo A para

montante ateacute chegar na condiccedilatildeo D onde conforme jaacute explicitado o ressalto ocorre sobre o

vertedouro O ressalto tipo A tem seu comportamento comparado a um ressalto claacutessico

embora existam alguns componentes relacionados com a mudanccedila do sentido do escoamento

que causam algumas alteraccedilotildees no comportamento do campo de pressotildees e velocidades

Entretanto apoacutes certa distacircncia estes componentes desaparecem e assim o escoamento passa a

ter o comportamento caracteriacutestico de um ressalto sobre canal horizontal

413 Alturas Conjugadas

A estrutura do ressalto hidraacuteulico depende fundamentalmente das suas alturas conjugadas e do

seu comprimento Em seu trabalho Wiest (2008 p 9) enfatiza que ldquoAs alturas conjugadas

constituem importante fator na descriccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico influenciando na

determinaccedilatildeo do tipo de ressalto e de caracteriacutesticas como o comprimento do rolo e do proacuteprio

ressaltordquo Estas alturas correspondem agrave espessura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (yr

altura conjugada raacutepida) e a espessura da lacircmina daacutegua no final do mesmo (yl altura

conjugada lenta) Conforme afirma Porto (1999 p 336) ldquoAs alturas destas seccedilotildees yr e yl satildeo

as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto A diferenccedila yl-yr chama-se altura do

ressalto e eacute um paracircmetro importante na caracterizaccedilatildeo do ressalto como dissipador de

energiardquo Estas alturas satildeo demonstradas na figura 24

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Figura 24 representaccedilatildeo esquemaacutetica do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de MEES 2008 p 7)

Diversos pesquisadores apresentaram trabalhos tentando estabelecer relaccedilotildees que originassem

as alturas conjugadas poreacutem natildeo existe consenso sobre qual eacute a mais adequada (WIEST

2008 p 9) Desta forma a mais usual eacute a foacutermula proposta por Beacutelanger em 1828 definida

pela seguinte equaccedilatildeo

1812

1 2 r

r

l Fry

y (equaccedilatildeo 3)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua raacutepida

yl eacute a lacircmina drsquoaacutegua lenta

Frr eacute o nuacutemero do Froude no iniacutecio do ressalto

414 Comprimentos Caracteriacutesticos do Ressalto

Conforme afirma Wiest (2008 p 10) ldquoA determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto eacute de

extrema importacircncia no caacutelculo de estruturas de dissipaccedilatildeo A partir do conhecimento da

extensatildeo dos efeitos do ressalto eacute possiacutevel garantir a eficiecircncia da estruturardquo Poreacutem

segundo Trierweiler Neto (2006 p 15) ldquoNatildeo existe consenso no que diz respeito agrave

determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto nem a zona do rolo consideradas muitas vezes

coincidentesrdquo Na sequecircncia deste trabalho eacute feita uma abordagem sobre os comprimentos

caracteriacutesticos do ressalto hidraacuteulico que estatildeo ilustrados na figura 25

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

45

Figura 25 demonstraccedilatildeo dos comprimentos do ressalto hidraacuteulico e do rolo

(adaptado de ESTRUTURAS 2010)

4141 Comprimento do Rolo (Lr)

O comprimento do rolo eacute mais faacutecil de ser visualizado do que o comprimento do ressalto

Geralmente esta dimensatildeo eacute definida como sendo a distacircncia desde a seccedilatildeo onde ocorre a

altura conjugada raacutepida yr ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge 90 da altura

conjugada lenta yl Entretanto natildeo haacute consenso na bibliografia quanto a determinaccedilatildeo deste

paracircmetro O quadro 1 a seguir apresenta as equaccedilotildees de diversos pesquisadores que

estudaram esta dimensatildeo

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

46

Quadro 1 equaccedilotildees sugeridas por diversos pesquisadores para determinaccedilatildeo do

comprimento do rolo Lr 5(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

4142 Comprimento do Ressalto (Lj)

O comprimento do ressalto eacute uma das mais difiacuteceis caracteriacutesticas a ser determinada neste

fenocircmeno e tambeacutem natildeo haacute consenso na bibliografia sobre a determinaccedilatildeo desta dimensatildeo O

comprimento Lj eacute maior que o comprimento Lr Esta extensatildeo vai desde o iniacutecio do ressalto

ateacute a seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua eacute de aproximadamente 95 da altura conjugada

lenta yl As equaccedilotildees sugeridas para determinar esta dimensatildeo estatildeo apresentadas no quadro

2

5 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

47

Quadro 2 equaccedilotildees sugeridas para determinaccedilatildeo do comprimento do ressalto

hidraacuteulico Lj 6(adaptado de ELEVATORSKI 1959 p 31)

6 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

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4143 Comprimento da Influecircncia do Ressalto (Ln)

O comprimento da influecircncia do ressalto hidraacuteulico sobre o escoamento eacute uma definiccedilatildeo que

comeccedilou a ser utilizada recentemente para tentar eliminar as duacutevidas sobre a determinaccedilatildeo

dos comprimentos caracteriacutesticos O final da influecircncia do fenocircmeno eacute definido como sendo

na seccedilatildeo onde a altura da lacircmina drsquoaacutegua atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e

todas as caracteriacutesticas do escoamento passam a ser idecircnticas agraves caracteriacutesticas de um

escoamento em regime uniforme isto eacute suas caracteriacutesticas natildeo satildeo mais perturbadas pelo

fenocircmeno ocorrido a montante As equaccedilotildees para determinaccedilatildeo desta dimensatildeo satildeo

apresentadas no quadro 3

Quadro 3 equaccedilotildees para a determinaccedilatildeo do comprimento da influecircncia do ressalto

hidraacuteulico Ln 7(TRIERWEILER NETO 2006 p 22)

415 Distribuiccedilatildeo de Pressotildees

Embora a distribuiccedilatildeo de pressotildees natildeo faccedila parte das limitaccedilotildees deste trabalho eacute importante

salientar que para o dimensionamento de uma estrutura de dissipaccedilatildeo natildeo se deve analisar

apenas a parte estrutural mas tambeacutem a parte hidraacuteulica Desta forma torna-se indispensaacutevel

um estudo sobre a distribuiccedilatildeo de pressotildees8

42 RESSALTO HIDRAacuteULICO COMO DISSIPADOR DE ENERGIA

Conforme jaacute mencionado o ressalto ocorre devido agrave mudanccedila brusca no regime de

escoamento que passa de supercriacutetico (no vertedouro) a subcriacutetico (no leito a jusante da

7 Os itens das equaccedilotildees estatildeo especificados na lista de siacutembolos

8 Podem ser consultados os trabalhos de Lopardo (1986) Pinheiro (1995) Teixeira (2003) Trierweiler Neto

(2006) Wiest (2008) Mees (2008) entre outros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

49

bacia) Segundo United States of America (1987 p 387) o ressalto que ocorreraacute em uma

bacia tem caracteriacutesticas distintas e forma definida dependendo da relaccedilatildeo entre a energia do

fluxo que deve ser dissipado e a profundidade do fluxo a jusante Nesse caso a funccedilatildeo desta

bacia tipo I eacute forccedilar a ocorrecircncia do ressalto hidraacuteulico ao peacute do vertedouro condiccedilatildeo do

ressalto tipo A Cabe ressaltar que o ressalto tipo A forma-se quando a lacircmina de aacutegua sobre a

bacia de dissipaccedilatildeo equivale agrave altura lenta (yl) situada a jusante sendo que o ressalto se forma

inteiramente sobre o canal horizontal tendo iniacutecio exatamente no ponto de tangecircncia da curva

entre o vertedouro e a bacia de dissipaccedilatildeo Todavia na praacutetica o mais usual eacute considerar o

ressalto tipo B isto eacute levemente afogado conforme afirma Wiest (2008 p 27)

De forma geral os escoamentos a jusante de vertedouros apresentam a configuraccedilatildeo

do ressalto de tipo B isto eacute parte do ressalto forma-se sobre o vertedouro e parte

sobre a bacia de dissipaccedilatildeo Os ressaltos do tipo A C e D raramente ocorrem em

condiccedilotildees reais de operaccedilatildeo deste tipo de estrutura []

Segundo Rajaratnam (1995 P 31) uma bacia de dissipaccedilatildeo usando o ressalto claacutessico como o

agente de dissipaccedilatildeo eacute raramente encontrada porque a altura do leito a jusante na maioria dos

casos praacuteticos varia em uma ampla faixa O ressalto iria ficar na bacia somente para uma

profundidade e para o fluxo igual ao de projeto Tambeacutem a bacia seria muito longa Portanto

uma alternativa seria a utilizaccedilatildeo de bacias de dissipaccedilatildeo com ressalto forccedilado uma vez que

diversos projetos compotildeem este grupo e os dois projetos geralmente aceitos satildeo as bacias

USBR II e USBR III (com blocos anexos que forccedilam a ocorrecircncia do ressalto)

Todavia este conceito estaacute sendo revisado pois se percebeu ao longo do tempo que estes

blocos anexos agrave bacia satildeo muito deteriorados em funccedilatildeo das altas vazotildees que suportam o que

ocasiona o surgimento de cavitaccedilatildeo e erosatildeo nessas estruturas Entatildeo a partir do momento

que estes blocos natildeo mais exercem sua funccedilatildeo conforme o projeto natildeo iratildeo mais interferir no

comprimento do ressalto possibilitando que este se desenvolva fora da bacia e cause erosatildeo

no leito a jusante situaccedilatildeo que se necessita evitar Desta forma pode-se afirmar que as bacias

tipo I satildeo mais adequadas do ponto de vista da seguranccedila e funcionalidade pois eliminam um

possiacutevel problema de manutenccedilatildeo

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50

43 CRITEacuteRIOS DE PROJETO

Para dimensionar uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico eacute preciso definir

basicamente as caracteriacutesticas do escoamento agrave entrada da bacia e do escoamento de aacutegua na

seccedilatildeo de restituiccedilatildeo O dimensionamento destas estruturas implica a determinaccedilatildeo dos

seguintes paracircmetros de acordo com a figura 26

a) velocidade no peacute do vertedor (vr)

b) altura da lacircmina drsquoaacutegua e nuacutemero de Froude no iniacutecio do ressalto (yr e Frr)

c) altura da lacircmina drsquoaacutegua no final do ressalto (yl)

d) comprimento da bacia (Lb)

e) espessura da bacia e ancoragem (e)

f) altura dos muros laterais (CL)

g) raio de transiccedilatildeo (R)

h) dimensotildees e forma da soleira

Figura 26 paracircmetros a serem definidos para o dimensionamento de uma bacia de

dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I (adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

O projeto dessas estruturas eacute funccedilatildeo necessariamente

a) do desniacutevel criado pela construccedilatildeo da obra

b) da vazatildeo especiacutefica de projeto

c) das condiccedilotildees de operaccedilatildeo do aproveitamento

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

51

d) da geologia do local (grau de fraturamento tipo de rocha etc)

e) do tipo de trecho de implantaccedilatildeo da obra (leito encaixado ou espraiado)

f) dos niacuteveis a jusante da estrutura de dissipaccedilatildeo

Marques (1991 p 10) afirma que

A escolha do tipo do dissipador de energia adequado a cada caso depende de

inuacutemeros fatores tais como

-topografia e geologia do local

-tipo de barragem

-arranjo geral da obra

-caracteriacutesticas hidraacuteulicas como altura de queda e descargas especiacuteficas

-comparaccedilatildeo econocircmica com outros tipos de dissipadores

-frequecircncia de operaccedilatildeo do descarregador de cheias

-facilidades de manutenccedilatildeo e

-riscos associados a danos e rupturas

Ortiz (1982 p 335) enfatiza que embora todas estas caracteriacutesticas sejam importantes para o

dimensionamento de bacias de dissipaccedilatildeo o conhecimento das velocidades tem particular

importacircncia para possibilitar um projeto mais adequado e mais econocircmico de revestimento do

canal a jusante Outro paracircmetro de importacircncia indiscutiacutevel eacute a vazatildeo que vai escoar sobre

estas estruturas A vazatildeo utilizada nos projetos de bacias de dissipaccedilatildeo eacute na maioria dos casos

a cheia maacutexima de projeto do vertedouro Salienta-se contudo que agraves vezes pode ser mais

econocircmico assumir um risco e projetar a bacia para uma vazatildeo menor e mais frequente (por

exemplo Q1000 ou menor em vez da cheia maacutexima de projeto) e realizar reparos quando a

vazatildeo escolhida Q for ultrapassada

Muitos cuidados satildeo necessaacuterios quando optado por essa alternativa o projetista responsaacutevel

deve possuir experiecircncia (NOVAK et al 2007 p 254) Pinto ([1987] p 55) afirma que ldquoO

desempenho das bacias de dissipaccedilatildeo eacute em geral otimizado para uma vazatildeo de cheia inferior agrave

cheia maacutexima de projetordquo Complementando Schreiber (1977 p 18) afirma que o niacutevel

drsquoaacutegua correspondente agrave descarga da enchente maacutexima deve ser conhecido para o caacutelculo de

uma bacia de dissipaccedilatildeo do vertedouro Os projetos satildeo feitos para obras que funcionaratildeo por

muitos anos poreacutem dispotildee-se geralmente de dados hidrograacuteficos e meteoroloacutegicos somente

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em tempos passados para dimensionaacute-las Usando esses dados pressupotildee-se que no futuro as

condiccedilotildees seratildeo as mesmas ou pelo menos muito semelhantes

Segundo Mees (2008 p 13)

No dimensionamento de vertedouros deveratildeo ser consideradas as diferentes

situaccedilotildees de escoamento possiacuteveis de ocorrecircncia para reduzir o tamanho da bacia de

dissipaccedilatildeo A cota de fundo da mesma eacute dimensionada em funccedilatildeo dos niacuteveis de

jusante para que o ressalto comece junto ao peacute da estrutura do vertedouro (ressalto

tipo A) Para as demais vazotildees o ressalto deve ficar mais para montante ou seja

submerso O ressalto natildeo deve se deslocar para jusante em momento algum pois eacute

possiacutevel que a turbulecircncia provocada pelo ressalto aja sobre uma regiatildeo natildeo

protegida provocando danos agrave estrutura Esses seratildeo fatores limitantes que devem

ser observados no projeto de bacias de dissipaccedilatildeo

Esta afirmaccedilatildeo implica entatildeo que se o ressalto se posicionar a jusante da condiccedilatildeo A (altura

conjugada maior que a altura da aacutegua no leito do rio) pode se rebaixar agrave bacia de um valor

compatiacutevel com Tw (Tail Water ― altura da aacutegua no leito do rio) aumentando o niacutevel drsquoaacutegua

disponiacutevel para que o ressalto se forme em A Se por outro lado o ressalto se formar a

montante da condiccedilatildeo A (com a altura conjugada menor) eacute considerado razoaacutevel haacute um

deslocamento do ressalto para montante e este pode ser afogado pelo escoamento Eacute um

projeto seguro poreacutem natildeo eficiente quanto agrave dissipaccedilatildeo de energia

Por uacuteltimo ldquo[] a escolha de uma determinada estrutura de dissipaccedilatildeo e seu correspondente

comprimento de transiccedilatildeo depende natildeo soacute de criteacuterios teacutecnicos mas tambeacutem de uma anaacutelise

econocircmicardquo (ORTIZ 1982 p 397) Entretanto este aspecto natildeo seraacute abordado neste

trabalho

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

53

5 MEacuteTODO

A metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico

implica na anaacutelise de uma seacuterie de paracircmetros que satildeo detalhados nos proacuteximos itens deste

trabalho

51 CHEIA DE PROJETO (Qp)

A cheia de projeto eacute um paracircmetro de extrema importacircncia para o dimensionamento de uma

obra hidraacuteulica pois estaacute diretamente relacionada com a importacircncia da mesma e o potencial

do risco caso ocorra uma ruptura Para definir esta vazatildeo de projeto devem ser utilizados os

quadros 4 a 6 ilustrados abaixo Poreacutem independente da vazatildeo escolhida o dissipador deveraacute

ser capaz de suportar uma vazatildeo efluente maacutexima maximorum (Qmaacutexmax)

A partir desta anaacutelise e das caracteriacutesticas da barragem eacute possiacutevel determinar o tempo de

recorrecircncia (Tr) a ser considerado para o dimensionamento da obra Cabe ressaltar que se

nesta anaacutelise os quadros fornecerem categoria risco ou Tr diferentes deve ser adotado sempre

o caso mais desfavoraacutevel isto eacute o maior potencial de risco a maior categoria de barragem e o

maior Tr a fim de garantir a seguranccedila da estrutura

Os quadros 4 e 5 abaixo satildeo propostas pelo Comitecirc Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB)

para definir a cheia de projeto Jaacute o quadro 6 eacute o criteacuterio sugerido pela Eletrobraacutes

Quadro 4 classificaccedilatildeo de barragens de acordo com a capacidade do reservatoacuterio e a

altura (PINTO [1987] p 3)

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Quadro 5 cheia maacutexima provaacutevel (CMP) para projeto de vertedouros

(PINTO [1987] p 4)

Quadro 6 tempo de recorrecircncia para vertedouros de Pequenas Centrais Hidreleacutetricas

(MARQUES 2010)

No Brasil utiliza-se normalmente a cheia decamilenar Q10000 como sendo a cheia maacutexima

provaacutevel (CMP) em projetos de grandes barragens Para estruturas que satildeo projetadas para

suportar galgamento eacute recomendado um Tr superior a 500 anos Com base nos quadros

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

55

fornecidos anteriormente a escolha definitiva da cheia de projeto deve obedecer aos seguintes

criteacuterios miacutenimos

a) a vida econocircmica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos

b) a vazatildeo de projeto do vertedouro Qp ge 100 anos de Tr

c) QCMP Qp Q100 isto eacute a vazatildeo de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia maacutexima provaacutevel e a cheia de 100 anos de Tr

d) Q10000 Qmaxmax QCMP isto eacute a cheia maacutexima maximorum deve estar

compreendida entre as cheias de 10000 de tempo de retorno e a cheia maacutexima

provaacutevel (FONTENELLE 20079 apud MARQUES 2010)

e) se Qmax gt 3 Q100 esta obra necessita de um vertedouro de emergecircncia

52 LARGURA DA BACIA (B)

A largura da bacia (B) deve ser definida a partir das caracteriacutesticas do vertedouro da

topografia e geologia do local e o custo da construccedilatildeo Geralmente esta dimensatildeo eacute

determinada a partir do comprimento do vertedouro sendo necessaacuterio verificar se existe

algum fator que vai influenciar no aumento desta dimensatildeo isto eacute existecircncia de pilares

mudanccedila de seccedilatildeo ao longo do traccedilado do canal de descarga etc De um modo geral a largura

da bacia de dissipaccedilatildeo seraacute a soma dos vatildeos de vertedouro mais a espessura dos pilares

53 CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO HIDRAacuteULICO

As caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico conforme apresentado na revisatildeo bibliograacutefica satildeo

definidas pela velocidade do escoamento no iniacutecio do ressalto (vr) as alturas conjugadas

raacutepida (yr) e lenta (yl) e o nuacutemero de Froude (Frr) no trecho raacutepido A figura 27 ilustra estes

paracircmetros

9 FONTENELLE A de S Proposta Metodoloacutegica de Avaliaccedilatildeo de Riscos em Barragens do Nordeste

Brasileiro 2007 213f Tese (Doutorado) ― Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza

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Figura 27 paracircmetros para definiccedilatildeo das caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

(adaptado de NOVAK et al 2007 p250)

A velocidade vr eacute definida de forma iterativa a partir de dois pontos conhecidos Neste caso os

pontos satildeo o inicio do ressalto onde ocorre vr e o topo do vertedouro que eacute onde se conhece a

altura da lacircmina drsquoaacutegua h e a velocidade de aproximaccedilatildeo va Procede-se o caacutelculo aplicando a

equaccedilatildeo de Bernoulli que eacute calculada por

Tr

r Hg

vy

2

2

(equaccedilatildeo 4)

g

vhzH a

T

2

2

(equaccedilatildeo 5)

Onde

yr eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no iniacutecio do ressalto (trecho raacutepido)

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

g eacute a aceleraccedilatildeo da gravidade

HT eacute a carga a montante

z eacute a cota na crista do vertedouro

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

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h eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no vertedouro

va eacute a velocidade de aproximaccedilatildeo

Inicia-se o caacutelculo adotando-se que zr estaacute na altura zero entatildeo z seraacute a altura do vertedouro

estima-se que yr(0) eacute zero e pela equaccedilatildeo de Bernoulli encontra-se uma velocidade vr(1)

g

vhz

g

var

220

22

)1( (equaccedilatildeo 6)

Tr Hgv 2)1( (equaccedilatildeo 7)

Com a velocidade vr(1) na equaccedilatildeo da continuidade encontra-se yr(1)

Bv

Qy

r

r

)1(

)1(

(equaccedilatildeo 8)

Inicia-se uma nova iteraccedilatildeo utilizando yr(1) na equaccedilatildeo de Bernoulli e segue-se com o caacutelculo

ateacute a convergecircncia

g

vhz

g

vy anr

nr

22

22

)1(

)( (equaccedilatildeo 9)

Encontrado os paracircmetros vr e yr o proacuteximo passo eacute calcular o nuacutemero de Froude no iniacutecio do

ressalto Frr

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r

rr

yg

vFr

(equaccedilatildeo 10)

Onde

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

vr eacute a velocidade no trecho raacutepido

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Apoacutes calcula-se a altura conjugada lenta yl pela equaccedilatildeo proposta por Beacutelanger anteriormente

mencionada

1812

1 2 r

r

l Fry

y

(equaccedilatildeo 3)

Onde

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Frr eacute o nuacutemero de Froude no trecho raacutepido

54 COTA DE FUNDO (Cf)

A cota de fundo Cf deve ser definida de forma que o ressalto seja formado sempre na posiccedilatildeo

A (transiccedilatildeo do vertedouro para a bacia de dissipaccedilatildeo) ou agrave montante desta independente da

vazatildeo que estiver ocorrendo (figura 28) Esta condiccedilatildeo eacute de fundamental importacircncia pois

garante que para as diferentes vazotildees que possam ocorrer o ressalto sempre ficaraacute contido

dentro da bacia de dissipaccedilatildeo isto eacute para determinadas vazotildees o fenocircmeno teraacute iniacutecio sobre o

vertedouro e para outras esta posiccedilatildeo inicial poderaacute se mover mas nunca para um ponto mais

a jusante do que a posiccedilatildeo A

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

59

Figura 28 cota de fundo da bacia de dissipaccedilatildeo de energia e demonstraccedilatildeo da

posiccedilatildeo A limite para o iniacutecio do ressalto hidraacuteulico (adaptado de NOVAK et al

2007 p250)

A determinaccedilatildeo da cota de fundo Cf de uma bacia de dissipaccedilatildeo consiste em analisar a curva

chave do escoamento que eacute a curva que correlaciona vazatildeo e profundidade de fluxo isto eacute

associa para uma determinada vazatildeo qual seraacute o niacutevel drsquoaacutegua naquela seccedilatildeo Na sequecircncia

deve-se verificar qual seraacute a cota do niacutevel de jusante (Nj) para uma seacuterie de vazotildees e qual seraacute

yl requerida para cada uma delas Esta comparaccedilatildeo vai resultar em quatro casos diferentes e a

partir da interpretaccedilatildeo destes seraacute possiacutevel determinar se haacute a necessidade rebaixar a Cf da

bacia de dissipaccedilatildeo e para que faixas de vazotildees (Q) esta soluccedilatildeo deveraacute ser projetada

No primeiro resultado denominado caso I a profundidade do Nj eacute sempre menor que a yl

requerida para a formaccedilatildeo do ressalto hidraacuteulico (figura 29) Sendo assim o fenocircmeno natildeo

ocorre na posiccedilatildeo A (ilustrado anteriormente) e sim num local mais a jusante onde somente

apoacutes a formaccedilatildeo de uma curva de remanso as profundidades Nj e yl ficam adequadas para a

formaccedilatildeo do ressalto Quando for esta a relaccedilatildeo existente eacute preciso rebaixar a Cf da bacia de

dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que seja compatiacutevel com a altura yl requerida para que ocorra o

ressalto na posiccedilatildeo desejada

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Figura 29 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando o niacutevel de jusante

Nj eacute insuficiente para a altura yl requerida (TAMADA [1991] p DIS-2)

O caso II caracteriza-se pela condiccedilatildeo de que a profundidade do Nj eacute sempre superior a altura

yl necessaacuteria para formar o ressalto hidraacuteulico conforme ilustrado na figura 30 Neste caso

sempre iraacute formar um ressalto hidraacuteulico na posiccedilatildeo A e a tendecircncia eacute que ele ocorra afogado

ou seja seu iniacutecio seraacute sobre a parede inclinada do vertedouro

Figura 30 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando Nj eacute suficiente

para o yl requerido e demonstraccedilatildeo dos ressaltos possiacuteveis de se formarem

(TAMADA [1991] p DIS-2)

No caso III ocorrem duas situaccedilotildees para as vazotildees mais baixas a curva da altura requerida yl

do ressalto estaacute acima da curva chave Nj e para as vazotildees mais altas a curva da altura

requerida yl do ressalto estaacute abaixo da curva chave Nj (figura 31) Neste caso a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais baixas o que implica na

necessidade de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que altura yl requerida para

que ocorra o ressalto na posiccedilatildeo desejada seja compatiacutevel com o Nj

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

61

Figura 31 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de serem formados (TAMADA [1991] p DIS-3)

No caso IV ocorre o oposto do anterior isto eacute para vazotildees baixas a curva da altura yl

requerida pelo ressalto fica abaixo da curva chave Nj e para vazotildees altas a curva da altura yl

requerida do ressalto fica acima da curva chave (figura 32) Com estas condiccedilotildees a Cf seraacute

determinada utilizando-se como referecircncia as vazotildees mais altas o que implica na necessidade

de rebaixamento da bacia de dissipaccedilatildeo ateacute uma cota que a altura yl requerida seja compatiacutevel

com o Nj no intuito de induzir a formaccedilatildeo do ressalto na posiccedilatildeo desejada

Figura 32 relaccedilatildeo da curva chave com a curva do ressalto quando esta tem

comportamento diferente em funccedilatildeo da vazatildeo e demonstraccedilatildeo dos ressaltos

possiacuteveis de se formarem (TAMADA [1991] p DIS-3)

A partir da anaacutelise da relaccedilatildeo entre as curvas do ressalto hidraacuteulico e a curva chave eacute possiacutevel

saber quais vazotildees vatildeo definir o dimensionamento da estrutura e pode-se determinar a cota de

fundo do dissipador atraveacutes da seguinte equaccedilatildeo

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ljf yNC

(equaccedilatildeo 11)

ly

Tw (equaccedilatildeo 12)

Onde

Cf eacute a cota de fundo

Nj eacute o niacutevel de jusante

α eacute um fator de correccedilatildeo geralmente 105 le α le 110 (pode variar desta faixa depende da

confiabilidade da curva chave adotada no dimensionamento)

yl eacute a altura conjugada lenta

Tw eacute a altura da lacircmina drsquoaacutegua no leito do rio

55 COMPRIMENTO DA BACIA (Lb)

O comprimento Lb da bacia depende fundamentalmente do comprimento caracteriacutestico do

ressalto pois este deve ocorrer dentro (ou parcialmente dentro) da estrutura de forma a natildeo

danificar o leito a jusante De acordo com a revisatildeo bibliograacutefica viu-se que natildeo haacute um

consenso sobre o caacutelculo desta dimensatildeo do fenocircmeno devendo-se entatildeo analisar as diversas

equaccedilotildees apresentadas pelos vaacuterios pesquisadores Alguns destes sugerem utilizar para o

dimensionamento da estrutura de dissipaccedilatildeo o comprimento do rolo Lr outros indicam o

comprimento do ressalto hidraacuteulico Lj ou ainda o comprimento da influecircncia do ressalto

sobre o escoamento Ln

Desta forma baseando-se no comprimento do rolo Lr a equaccedilatildeo mais utilizada eacute a proposta

por Peterka

lr yL 54 para 0954 Fr (equaccedilatildeo 13)

Onde

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

63

Lr eacute o comprimento do rolo

yl eacute a altura conjugada lenta

Fr eacute o nuacutemero de Froude

Considerado o comprimento do ressalto Lj ou o comprimento da influecircncia Ln para

dimensionar a estrutura de dissipaccedilatildeo as equaccedilotildees mais utilizadas satildeo as propostas por

Smetana Peterka Elevatorski Marques et al e Teixeira

rlj yyL 6 (equaccedilatildeo 14)

lj yL 16 (equaccedilatildeo 15)

rlj yyL 96 (equaccedilatildeo 16)

rln yyL 58 (equaccedilatildeo 17)

Onde

Lj eacute o comprimento do ressalto

Ln eacute o comprimento da influencia do ressalto

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Existe ainda um meacutetodo de dimensionamento proposto por Elevatorski que deve ser

analisado independente dos resultados das equaccedilotildees apresentadas pois ele eacute determinado em

funccedilatildeo das caracteriacutesticas geoloacutegicas do local isto eacute se forem encontrados solos facilmente

erodiacuteveis a bacia de dissipaccedilatildeo deve ter um comprimento Lb no miacutenimo igual a Lr para a

CMP ou Q10000 Para as vazotildees Qp e Q100 este comprimento Lb deve ser igual ou maior que os

comprimentos sugeridos conforme eacute definido nas equaccedilotildees abaixo

__________________________________________________________________________________________

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64

rlb yyL 8 para Q100

(equaccedilatildeo 18)

rlb yyL 96 para Qp

(equaccedilatildeo 19)

rlb yyL 6 para Q10000

(equaccedilatildeo 20)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Poreacutem se a geologia for composta por solos natildeo facilmente erodiacuteveis o comprimento da

bacia de dissipaccedilatildeo Lb deve ser definido a partir das equaccedilotildees abaixo para a cheia de projeto

escolhida para Q10000 e para Q100

rlb yyL 6 para Q100

(equaccedilatildeo 21)

rlb yyL 24 para Qp

(equaccedilatildeo 22)

rlb yyL 42 para Q10000

(equaccedilatildeo 23)

Onde

Lb eacute o comprimento da bacia de dissipaccedilatildeo

yl eacute a altura conjugada lenta

yr eacute a altura conjugada raacutepida

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

65

Apoacutes determinar os comprimentos Lr Lj Ln e analisar os criteacuterios sugeridos por Elevatorski

em 1959 o comprimento Lb a ser adotado deveraacute sempre ser escolhido de acordo com as

condiccedilotildees geoloacutegicas de jusante isto eacute nem sempre precisa ser o maior comprimento

fornecido pelas equaccedilotildees desde que a geologia natildeo ofereccedila risco a seguranccedila da estrutura

56 SOLEIRA TERMINAL

A soleira terminal ou end sill eacute uma estrutura que auxilia na diminuiccedilatildeo do impacto do fluxo

daacutegua com o leito de jusante com o objetivo de proteger a obra das possiacuteveis erosotildees No tipo

de dissipador estudado esta soleira tem a geometria conforme a figura 33 e eacute contiacutenua por

toda largura do dissipador

Figura 33 soleira terminal de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I

O dimensionamento deste limite da bacia deveraacute obedecer agraves recomendaccedilotildees sugeridas no

trabalho de Peterka proposto em 1959 ou deveraacute considerar resultados obtidos em anaacutelises

de modelos reduzidos De uma forma geral a geometria pode ser definida por uma soleira

com inclinaccedilatildeo aasymp20deg (1V2H) e com as seguintes dimensotildees

(equaccedilatildeo 24)

140

t

t

H

zs

(equaccedilatildeo 25)

10 1 05 1 ge

r

t r

y

z y

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66

mts 200 (equaccedilatildeo 26)

Onde

s eacute a altura da soleira

zt eacute uma diferenccedila de cota entre a soleira e o leito de jusante para garantir que materiais natildeo

entrem na bacia

Ht eacute a energia de montante

yl eacute a altura conjugada lenta do ressalto

ts eacute a largura do topo da soleira terminal

57 ALTURA DOS MUROS LATERAIS (CL)

Os muros laterais da bacia de dissipaccedilatildeo deveratildeo ter a dimensatildeo superior agrave altura conjugada

lenta yl para qualquer vazatildeo que ocorra protegendo o terreno ou estruturas anexas contra o

escoamento turbulento Estes muros tem sua cota inferior igual a cota de fundo Cf da bacia

seu comprimento seraacute o mesmo que o da bacia (Lb) e podem apresentar muros alas na sua

extremidade para proteger a barragem das corrente de retorno A cota superior CL eacute calculada

a partir da cota do niacutevel de jusante Nj de acordo com as equaccedilotildees

fNC jL

(equaccedilatildeo 27)

)(10 lr yyf (equaccedilatildeo 28)

Onde

CL eacute a cota superior dos muros laterais

Nj eacute o niacutevel drsquoaacutegua de jusante

f eacute a folga que deve ser deixada em relaccedilatildeo ao niacutevel de jusante

yr eacute a altura conjugada raacutepida

yl eacute a altura conjugada lenta

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

67

Existem ainda alguns criteacuterios que satildeo sugeridos para o dimensionamento destes muros

independente dos valores encontrados com as equaccedilotildees acima Satildeo eles

a) CL11∙Nj para Q100

b) CL Nj+10 para QP

c) CL Nj para Q10000

A altura CL deveraacute ser o maior dos valores encontrados pelas equaccedilotildees e pelas especificaccedilotildees

acima

58 DETERMINACcedilAtildeO DO RAIO DE TRANSICcedilAtildeO (R)

O raio de transiccedilatildeo ideal entre a laje de fundo e o perfil do vertedouro (figura 34) eacute definido

por

10ry

R

(equaccedilatildeo 29)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

Quando for considerada a Q10000 este raio pode ser definido por

5ry

R

(equaccedilatildeo 30)

Onde

R eacute o raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

yr eacute a altura conjugada raacutepida

__________________________________________________________________________________________

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68

Figura 34 raio de transiccedilatildeo entre a laje de fundo e o vertedouro

59 ESPESSURA DA BACIA E ANCORAGEM (e)

A espessura da laje de fundo deveraacute ser dimensionada considerando a subpressatildeo maacutexima e o

carregamento miacutenimo sobre a mesma Este assunto natildeo seraacute desenvolvido aqui por natildeo estar

na limitaccedilatildeo do trabalho10

10

Para melhor compreensatildeo recomenda-se ver Pinheiro (1995) e Mees (2008)

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

69

6 APLICACcedilAtildeO DOS CRITEacuteRIOS A UM CASO HIPOTEacuteTICO

A seguir eacute apresentada uma aplicaccedilatildeo dos criteacuterios de dimensionamento a dois casos

hipoteacuteticos Para o dimensionamento eacute necessaacuterio que se tenha em matildeos os estudos

hidroloacutegicos geoloacutegicos e geoteacutecnicos aleacutem do arranjo baacutesico da obra

61 BARRAGEM DE GRANDE ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 3800 m

- comprimento da crista do vertedouro 41560 m

- cota da crista do vertedouro 31300 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 13500 msup3s

- Q1000 27000 msup3s

- Q10000 40000 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 36)

- Q100 Nj = 28600 m

- Q1000 Nj = 28500 m

- Q10000 Nj = 28400 m

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo inicial da bacia em 25800 m

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70

Figura 35 curva chave de montante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 36 curva chave de jusante de uma barragem de grande altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

A partir da figura 35 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 7

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

71

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 32900 32600 32100

Carga sobre a crista do

vertedouiro h (m) 1600 1300 800

HT 5112 4899 4492

Quadro 7 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 8

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 25800 26235 26855

Tw 2100 2000 1900

Quadro 8 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 25800m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 25800m para diferentes vazotildees

(quadro 9)

Q (msup3s) 40000 27000 13500 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 243 165 085 8

vr 3954 3927 3809 7

Frr 809 975 1317 10

yl 2667 2200 1547 3

Quadro 9 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 25800m

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72

Para a verificar se a cota de fundo do terreno natural permite a formaccedilatildeo do ressalto a

montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular o niacutevel de jusante requerido (Nj-

requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de seguranccedila adotado o valor de

=105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com a curva do Nj-requerido eacute verificado

se a cota fixada foi adequada (figura 37)

Figura 37 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 27500 m

Observa-se que a cota natildeo eacute adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 32 entatildeo haacute

necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se utilizar um

valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo atraveacutes da

equaccedilatildeo 11 (conforme quadros 8 e 9) desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto

no ponto de concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo eacute possiacutevel identificar que seratildeo as altas

vazotildees que vatildeo determinar a cota de fundo do dissipador

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 8) foi adotado

25800m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 38 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

73

Figura 38 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido apoacutes rebaixamento do

dissipador para a cota de 25800 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 10 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 5817 12142 8768

Quadro 10 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja a bacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 12150 m

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees do item 56 Os

resultados no quadro 11 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

__________________________________________________________________________________________

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74

Q (msup3s) 40000 27000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 024 017 009

sle 1141 1100 1044

Quadro 11 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 12) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 28900 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 28600 28500 28400

f 291 236 163

CL 28891 28736 28563

Quadro 12 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 13 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado um

raio de no miacutenimo 1700 m

Q (msup3s) 40000 16000 13500

Tr (anos) 10000 1000 100

R 1217 1667 853

Quadro 13 raios de transiccedilatildeo calculados

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 39) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

75

Figura 39 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

grande altura

62 BARRAGEM DE PEQUENA ALTURA

Dados jaacute determinados para o dimensionamento do vertedouro

a) caracteriacutesticas do vertedouro (obtidos do arranjo baacutesico da obra)

- altura 1000 m

- comprimento da crista do vertedouro 9200 m

- cota da crista do vertedouro 15200 m

b) vazotildees de projeto (obtidos do estudo hidroloacutegico)

- Q100 33869 msup3s

- Q1000 48318 msup3s

- Q10000 62742 msup3s

c) niacuteveis de jusante (obtidos do estudo hidroloacutegico e figura 41)

- Q100 Nj = 14500 m

- Q1000 Nj = 14580 m

- Q10000 Nj = 14650 m

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76

d) geologia natildeo facilmente erodiacutevel (obtido a partir dos estudos geoloacutegicos e

geoteacutecnicos)

e) fixaccedilatildeo da cota de fundo da bacia para uma cota de 14200 m (niacutevel do terreno

natural)

Figura 40 curva chave de montante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

Figura 41 curva chave de jusante de uma barragem de pequena altura do caso

hipoteacutetico (obtido do estudo hidroloacutegico)

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

77

A partir da figura 40 retira-se os valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

resultando nos valores do quadro 14

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cota a montante (m) 15416 15380 15330

Carga sobre a crista do

vertedouro h (m) 216 180 130

HT 1223 1189 1146

Quadro 14 valores das cargas a montante para as vazotildees de projeto

Partindo-se de uma cota fixada inicialmente e atraveacutes de iteraccedilotildees (utilizando a metodologia

exposta anteriormente) chegou-se aos resultados do quadro 15

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Cf 14136 14135 14133

Tw 465 407 340

Quadro 15 cota de fundo calculada e Tw apoacutes o rebaixamento do dissipador

Como a bacia de dissipaccedilatildeo deve atender a todas as vazotildees deve-se adotar para a cota de

fundo um valor inferior ou igual ao da menor cota calculada que no caso eacute 13980m

Utilizando-se as equaccedilotildees apresentadas no iacutetem 53 eacute possiacutevel calcular as caracteriacutesticas do

ressalto para o caso em que a bacia eacute colocada na cota fixa 13980m para diferentes vazotildees

(quadro 16)

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78

Q (msup3s) 62742 48318 33869 Equaccedilatildeo

Tr (anos) 10000 1000 100

yr 037 029 O20 8

vr 1853 1834 1810 7

Frr 975 1094 1282 10

yl 490 429 359 3

Quadro 16 caracteriacutesticas do ressalto para estrutura fixada na cota 13980m

Para a verificar se a cota de fundo que foi fixada inicialmente para estrutura de dissipaccedilatildeo

permite a formaccedilatildeo do ressalto a montante do ponto de concordacircncia A eacute necessaacuterio calcular

o niacutevel de jusante requerido (Nj-requerido) atraveacutes da equaccedilatildeo 11 e fixar o coeficiente de

seguranccedila adotado o valor de =105 A partir comparaccedilatildeo da curva chave de jusante com

a curva chave do Nj-requerido eacute verificado se a cota fixada foi adequada (figura 42)

Figura 42 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido para a cota fixada

inicialmente em 14200 m

Observa-se que a cota fixada natildeo foi adequada pois esta ilustraccedilatildeo se assemelha a figura 31

entatildeo haacute necessidade de rebaixar a cota de fundo Cf Para se fixar a proacutexima cota pode-se

utilizar um valor de Cf igual ou menor que o menor dos valores obtido para a cota de fundo

atraveacutes da equaccedilatildeo 11 desde que satisfaccedila a condiccedilatildeo da formaccedilatildeo do ressalto no ponto de

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

79

concordacircncia A partir desta ilustraccedilatildeo identifica-se que as vazotildees mais baixas eacute que vatildeo

determinar a Cf a ser adotada

Neste caso hipoteacutetico em funccedilatildeo dos valores de Cf encontrados (quadro 16) foi adotado

13980m como nova cota de fundo chegando-se a configuraccedilatildeo ilustrada na figura 43 onde

se pode observar que o Nj-requerido estaacute sempre a abaixo da curva chave natural evidenciando

que esta nova cota de fundo pode ser adotada

Figura 43 curva chave de jusante e niacutevel de jusante requerido requeridas apoacutes

rebaixamento do dissipador para a cota de 13980 m

Para o caacutelculo do comprimento da bacia foram utilizadas as equaccedilotildees 21 22 e 23 por se tratar

de um caso de geologia natildeo facilmente erodiacutevel Os valores encontrados estatildeo apresentados

no quadro 17 para cada vazatildeo

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Lb (natildeo facilmente erodiacutevel) 1087 2403 2030

Quadro 17 comprimentos da bacia (Lb) calculados

O comprimento da bacia adotado deveraacute ser um que atenda a todas as vazotildees Verificando os

dados acima observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o comprimento da bacia eacute a vazatildeo

de 1000 anos de recorrecircncia ou seja abacia de dissipaccedilatildeo deveraacute ter um comprimento

miacutenimo Lb = 2410 m

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80

Para o dimensionamento da soleira terminal devem se utilizadas as equaccedilotildees item 56 Os

resultados no quadro 18 indicam que a vazatildeo que estaacute comandando o dimensionamento da

soleira terminal eacute a vazatildeo de 10000 anos

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

zt 004 003 002

sle 241 227 211

Quadro 18 dimensionamento da soleira terminal

A determinaccedilatildeo da cota do muro lateral da bacia eacute feita utilizando-se as equaccedilotildees do item 57

Pela anaacutelise dos dados (quadro 19) observa-e que a vazatildeo que estaacute comandando o

dimensionamento dos muros laterais da bacia eacute a vazatildeo de 10000 anos de Tr sendo adotado

no miacutenimo uma cota lateral de CL = 14710 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

Nj (m) 14650 14580 14500

f 053 046 039

CL 14703 14626 14538

Quadro 19 determinaccedilatildeo da cota dos muros laterais

O raio de transiccedilatildeo entre o perfil do vertedouro e a laje de fundo eacute dado a partir das equaccedilotildees

29 e 30 Pela anaacutelise dos resultados no quadro 20 observa-se que a vazatildeo que estaacute

comandando o a escolha do raio de transiccedilatildeo eacute a vazatildeo de 1000 anos sendo entatildeo adotado

um raio de no miacutenimo 290 m

Q (msup3s) 62742 48318 33869

Tr (anos) 10000 1000 100

R 184 286 203

Quadro 20 raios de transiccedilatildeo calculados

__________________________________________________________________________________________

Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

81

A seguir eacute apresentado um croqui (figura 44) das caracteriacutesticas da bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico que deveria ser adotada neste caso hipoteacutetico

Figura 44 croqui de soluccedilatildeo a ser adotada no caso hipoteacutetico de uma barragem de

pequena altura

__________________________________________________________________________________________

Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

82

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

As obras hidraacuteulicas satildeo sujeitas agrave accedilatildeo de diversos mecanismos que podem colocaacute-las em

situaccedilatildeo de risco A sua seguranccedila estaacute associada ao conhecimento de como estas estruturas se

comportam com os diferentes escoamentos que podem ocorrer A estrutura dissipadora de

energia de uma barragem faz parte da obras de seguranccedila da mesma e deve ser capaz de

suportar todas as vazotildees sem colocar em risco a seguranccedila da obra

O dimensionamento de um dissipador de energia natildeo eacute uma ciecircncia exata pois depende muito

da experiecircncia do projetista das caracteriacutesticas geoloacutegicas e topografias da regiatildeo e do grau

de confiabilidade nos dados hidroloacutegicos disponiacuteveis fazendo com que seja adotado um

coeficiente de seguranccedila proporcional agrave credibilidade destas informaccedilotildees isto eacute mais ou

menos conservador A bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto hidraacuteulico tipo I eacute uma das formas de

dissipador mais utilizada atualmente dada a sua eficiecircncia Para o correto dimensionamento

destas estruturas eacute necessaacuterio que se conheccedila as caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico

fenocircmeno estudado desde os seacuteculos XIX e XX

Este trabalho procurou apresentar as principais preocupaccedilotildees e metodologias para determinar

os criteacuterios de detalhamento do projeto hidraacuteulico de uma bacia de dissipaccedilatildeo por ressalto

hidraacuteulico que consiste em determinar a cheia de projeto a largura da bacia de dissipaccedilatildeo as

caracteriacutesticas do ressalto hidraacuteulico a cota de fundo e o comprimento do dissipador as

dimensotildees da soleira terminal a altura dos muros de proteccedilatildeo lateral e o raio de transiccedilatildeo do

vertedouro para a estrutura de dissipaccedilatildeo Aleacutem da determinaccedilatildeo destes paracircmetros foi feita a

aplicaccedilatildeo em um caso hipoteacutetico de barragem de grande altura e outro em barragem de

pequena altura onde foi possiacutevel verificar notaacuteveis diferenccedilas nos resultados obtidos para o

dimensionamento

Todavia eacute sabido que haacute uma seacuterie de outros aspectos e criteacuterios que devem ser considerados

no dimensionamento dessas estruturas mas que natildeo foram abordados neste trabalho por

estarem fora do escopo inicial Entretanto para um profissional que estiver tomando contato

pela primeira vez com o assunto pode ser uacutetil o caminho a seguir

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Criteacuterios de Dimensionamento para Bacia de Dissipaccedilatildeo por Ressalto Hidraacuteulico Tipo I

83

TOPOGRAFIA GEOLOGIA HIDROLOGIA CUSTOEQUIP P

CONSTRUCcedilAtildeO

EXPERIEcircNCIA

DO

PROJETISTA

LIVRE

COM

COMPORTAS

TULIPA

SIFAtildeO

CONDICcedilOtildeES

DISSIPADOR DE

ENERGIA

BACIA DE DISSIPACcedilAtildeO POR

RESSALTO HIDRAacuteULICOSALTO DE ESQUI

ALTURA DOS MUROS LATERAIS

RAIO DE TRANSICcedilAtildeO

SUPERFIacuteCIE

VERTEDOURO

NAtildeO CONVENCIONAIS

CONCHA DE ARREMESSO

CHEIA DE PROJETO

COTA DE FUNDO

COMPRIMENTO DA BACIA

SOLEIRA TERMINAL

CARACTERIacuteSTICAS DO RESSALTO

Figura 45 sugestatildeo de caminho para dimensionamento de bacia de dissipaccedilatildeo por

ressalto hidraacuteulico tipo I

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Deacutebora Saccaro Turella Porto Alegre DECIVEEUFRGS 2010

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