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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4 GRUPO II – CLASSE II – Plenário TC 011.234/2002-4 Apenso: TC 014.032/2006-5 Natureza: Tomada de Contas Simplificad - Exercício: 2001 Órgão: 3º Batalhão de Suprimento Responsáveis: Claudio José da Silva Rangel (900.778.817-53); Cleiton Duarte Alves (751.017.266-72); Eduardo Ficklscherer (040.970.728-70); Eloi Andre Trinks (320.364.340- 53); Guaiba Comercio de Metais Ltda (91.029.850/0001-78); Guilherme Firpo Dal Ponte (801.442.410-72); Juarez Caetano da Silva (139.839.620-68); Kristalina Edificações e Comercio Ltda. (94.083.938/0001-66); Marcelo Menezes Guimarães (012.416.287-85); Marcius Vinicius de Jesus (754.277.024-15); Marcos Antonio Steil (168.618.538-36); Mauricio Grohs (935.567.640-91); Neiva Margarete de Gois Nasilowski (03.271.658/0001-26); Oberdan Schiefelbein (569.291.887-00); Panificio Superpan Ltda (92.884.246/0001-91); Paulo Cesar Alievi (734.110.197-00); Paulo Roberto Rodrigues Nunes (379.107.287-00); Reginaldo Trindade Lisboa (449.573.437-72); Reimbran Kolling Pinheiro (898.775.510-04); Vagner Silveira Haab (694.429.400-15). Interessado: Batalhão de Suprimento (00.394.452/0537-20). Advogado constituído nos autos: André Costa Beber (OAB/RS 41.122); Diogo Melo Azambuja (OAB/RS 60.169); Eduardo Franceschetto Junqueira (OAB/RS 51.378); Fabiano Koff Coulon (OAB/RS 36.608), Fábio Canazaro (OAB/RS 46.621); Fábio Melo de Azambuja (OAB/RS 12.227), Luís Henrique Borges Santos (OAB/DF 12.655); Rafael de Freitas Valle Dresch (OAB/RS 46.643); Érica Falconi Sperinde (OAB/RS 66169); Maurício Michaelsen (OAB/RS 53.005); Guilherme Teixeira da Silveira Bulcão (OAB/RS 77.802). 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

GRUPO II – CLASSE II – PlenárioTC 011.234/2002-4Apenso: TC 014.032/2006-5Natureza: Tomada de Contas Simplificad - Exercício: 2001Órgão: 3º Batalhão de Suprimento Responsáveis: Claudio José da Silva Rangel (900.778.817-53); Cleiton Duarte Alves (751.017.266-72); Eduardo Ficklscherer (040.970.728-70); Eloi Andre Trinks (320.364.340-53); Guaiba Comercio de Metais Ltda (91.029.850/0001-78); Guilherme Firpo Dal Ponte (801.442.410-72); Juarez Caetano da Silva (139.839.620-68); Kristalina Edificações e Comercio Ltda. (94.083.938/0001-66); Marcelo Menezes Guimarães (012.416.287-85); Marcius Vinicius de Jesus (754.277.024-15); Marcos Antonio Steil (168.618.538-36); Mauricio Grohs (935.567.640-91); Neiva Margarete de Gois Nasilowski (03.271.658/0001-26); Oberdan Schiefelbein (569.291.887-00); Panificio Superpan Ltda (92.884.246/0001-91); Paulo Cesar Alievi (734.110.197-00); Paulo Roberto Rodrigues Nunes (379.107.287-00); Reginaldo Trindade Lisboa (449.573.437-72); Reimbran Kolling Pinheiro (898.775.510-04); Vagner Silveira Haab (694.429.400-15). Interessado: 3º Batalhão de Suprimento (00.394.452/0537-20).Advogado constituído nos autos: André Costa Beber (OAB/RS 41.122); Diogo Melo Azambuja (OAB/RS 60.169); Eduardo Franceschetto Junqueira (OAB/RS 51.378); Fabiano Koff Coulon (OAB/RS 36.608), Fábio Canazaro (OAB/RS 46.621); Fábio Melo de Azambuja (OAB/RS 12.227), Luís Henrique Borges Santos (OAB/DF 12.655); Rafael de Freitas Valle Dresch (OAB/RS 46.643); Érica Falconi Sperinde (OAB/RS 66169); Maurício Michaelsen (OAB/RS 53.005); Guilherme Teixeira da Silveira Bulcão (OAB/RS 77.802).

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS SIMPLIFICADA. REGULARIDADE DAS CONTAS. RECURSO DE REVISÃO INTERPOSTO PELO MP/TCU EM FACE DE INFORMAÇÕES CONSTANTES EM REPRESENTAÇÃO. CONHECIMENTO. REABERTURA DAS CONTAS. AVALIADOS INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES CONSTANTES DE REPRESENTAÇÃO E DE OUTROS PROCESSOS QUE SE REFERIAM AO PERÍODO DE GESTÃO. PROVIMENTO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTAS.

RELATÓRIO

Cuida-se de recurso de revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU em face de deliberação inserta na Relação nº 75/2003, Ata 35/2003, relacionada ao julgamento das contas anuais do Terceiro Batalhão de Suprimentos do Exército, exercício 2001, consideradas, naquela assentada, regulares por este Tribunal.

2. O referido recurso (páginas 2/4, peça 2), fundado em representação inserta no processo nº TC 020.931/2006-2, formulada pelo Ministério Público Militar, trouxe à colação impropriedades relacionadas a desvio de materiais militares que, segundo o MP/TCU, possuiriam o condão de alterar o mérito das contas.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

3. Submetidos os autos à Secretaria de Recursos (Serur), a quem, à época, competia a instrução do feito, foi promovido o exame preliminar de admissibilidade (páginas 14/15, peça 2), tendo aquela unidade proposto que o recurso fosse conhecido, com consequente reabertura das referidas contas ordinárias.

4. Em face da anuência do relator a quo, Exmo. Ministro Guilherme Palmeira, ao exame preliminar de admissibilidade realizado pela Serur, foram os autos restituídos àquela unidade técnica que, por meio da instrução constante às páginas 33/48 (peça 2), individualizou condutas dos responsáveis, examinou processos conexos e propôs, com êxito, que fossem exaradas diversas citações.

5. Considerando que o processo nº TC 014.032/2006-5 impactava o julgamento dessas contas, o relator a quo determinou o seu sobrestamento. Autorizou, todavia, que fossem promovidas as citações propostas por aquela unidade.

6. Expedidas as comunicações processuais que se faziam necessárias e recebidas as alegações de defesa dos responsáveis, foi elaborada a instrução inserta às páginas 4/24, peça 5. Desta, transcrevo, com os ajustes de forma que entendo aplicáveis, os seguintes excertos:

“II – CONTRA-RAZÕES

II.1 - OBERDAN SCHIEFELBEIN, anexo 1, fls. 69/82

4. Síntese das contrarrazões recursais do Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIN:

Da questão preliminar

5. Por intermédio de procurador regularmente credenciado, procuração à fl. 81, o Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIM alega, preliminarmente, que houve prejuízo à ampla defesa e ao contraditório, uma vez que não lhe foi atendido o pedido de cópia integral dos autos (fls. 68 e 82).

6. Requer, por conseguinte, que lhe ‘seja determinada a reabertura do prazo de complementação de contrarrazões recursais após a devida oportunização de vistas ao recorrido do inteiro teor dos documentos que compõem o recurso de revisão intentado (para que então possa ele corroborar, retificar ou complementar os termos da presente peça) sob pena de nulidade do feito’ (fls. 70/71, grifos do autor).

Análise da questão preliminar

7. Sem razão o requerente. Nos termos do Ofício nº 1074/2007-TCU/SERUR, de 16/4/2007, foram encaminhadas ao contestante, juntamente com o aludido expediente, ‘cópia do Recurso de Revisão interposto, bem como a instrução desta Secretaria’, para subsidiar sua defesa (anexo 1, fls. 55/56).

8. Ademais, a matéria versada na representação, objeto do TC-020.931/2006-2, que provocou a reabertura das contas em apreço, é por demais conhecida do Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIN, uma vez que versa sobre ‘denúncia ofertada pelo Ministério Público Militar à Justiça Militar da União’, resultando na Ação Penal nº 25/06-8, em tramitação na 1ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar – CJM, na qual o interessado figura como um dos réus arrolados.

9. Não obstante, embora não tenha havido qualquer prejuízo à defesa, e considerando que o deferimento de vistas e cópias, bem como a reabertura do prazo para eventual emenda das contrarrazões já oferecidas não provocarão retardo na instrução processual, tendo em vista a necessidade de sanear o TC-011.071/2006-0 (apensado por cópia), procedendo-se às audiências de fls. 102/104, nos termos do despacho do eminente Relator, Ministro MARCOS BEMQUERER

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

COSTA, ratificado pelo douto Ministério Público junto a esta Corte (fls. 108/110), propõe-se o acatamento da preliminar suscitada, com vistas a evitar eventuais questionamentos futuros.

Do mérito

10. Quanto ao mérito propriamente dito, o requerente alega:

a) inexistência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida. Alega, ainda, que tais documentos devem ser desconhecidos ou inacessíveis ao recorrente, referindo-se a entendimento do TCU constante do Acórdão nº 282/1999 - Segunda Câmara, prolatado no TC 004.760/1990-5 (Ata 22/1999- Segunda Câmara);

Análise

11. Nos termos do art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443, de 1992, de decisão definitiva caberá recurso de revisão ao Plenário, inclusive pelo Ministério Público junto ao Tribunal, o qual se fundará, entre outros elementos, na ‘superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida’.

12. O exame preliminar de admissibilidade realizado por esta unidade, ratificado pelo eminente Relator, Ministro GUILHERME PALMEIRA, na linha do entendimento do Ministério Público junto a esta Corte, considerou que o TC-020.931/2006-0 é ‘documento novo’ para fins do disposto no art. 35, III, da Lei nº 8.443, de 1992 (anexo 1, fls. 1, 13/14 e 16).

13. De fato, os fatos narrados no TC-020.931/2006-0 não eram do conhecimento do Tribunal de Contas da União por ocasião do julgamento das contas do 3º B Sup referentes ao exercício de 2001, realizado em 30/9/2003. Com efeito, esta Corte somente foi informada das ocorrências em comento por meio do Of. nº 092/06/PJM/POA/RS, de 25/8/2006, originário da Procuradoria da Justiça Militar em Porto Alegre – RS (TC-011.234/2002-4, anexo 2, fl. 01, reprodução do TC 020.931/2006-2, fl. 01).

14. Não bastasse isso, o IPM que originou a Ação Penal em curso na 1ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar somente foi formalizado em 2004 (IPM 46/04), posterior, portanto, ao julgamento das aludidas contas.

15. Quanto ao suposto entendimento do TCU constante do Acórdão nº 282/1999 - Segunda Câmara, prolatado no TC-004.760/1990-5 (equivocadamente registrado como TC-004.760/1995-5 pelo contestante) (Ata 22/1999-Segunda Câmara), parece-me que o recorrido laborou em equívoco: a uma, porque não se trata de entendimento do Tribunal a respeito do tema, uma vez que o excerto trazido à colação pelo Sr. OBERDAN refere-se, unicamente, a trecho da instrução do analista que instruiu os autos, cuja proposta não foi acatada pelo Relator; a duas, porque o aludido processo versa sobre recurso de reconsideração, e não de revisão, não se podendo confundir os respectivos pressupostos de admissibilidade; a três, porque, ainda que se tratasse de recurso de revisão, o mesmo teria sido interposto pelo responsável, e não pelo Ministério Público, como no presente caso. Insta observar que os efeitos pretendidos por esses autores em relação à prova produzida são diametralmente opostos. Enquanto o responsável pretende desconstituir eventual deliberação a ele desfavorável, o Parquet, ao interpor o Recurso de Revisão, visa exatamente o contrário, ou seja, a responsabilização daquele cujas contas foram julgadas regulares, em decorrência da superveniência de documento novo capaz de alterar o mérito anteriormente firmado, dentre outras razões previstas na Lei Orgânica/TCU.

16. De qualquer sorte, o acórdão aludido não socorre o contestante, na medida em que o responsável arrolado no TC-004.760/1990-5 não logrou demonstrar a existência de documento novo com eficácia sobre a prova produzida. Nesse sentido registrou a instrução: ‘9. De fato, o recorrente encaminha os documentos de fls. 6/12 desse Volume I, que não se encontravam nos autos. Trata-se dos contratos para a realização das obras e da declaração de aceitação definitiva

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

das mesmas. A ausência desses documentos nos autos foi apontada desde o relatório da CISET/MAS (ITENS 4.9.4 E 4.9.5, FL. 93 DO Volume Principal). São documentos da responsabilidade do próprio recorrente e datados de 14.02.88 e datas anteriores. Portanto, entendemos que tais documentos não se enquadram no conceito de ‘documentos novos’ preconizado no dispositivo legal referido no parágrafo anterior, por não se tratar de documentos à época desconhecidos ou, comprovadamente, fora do alcance do responsável’.

17. Diante do exposto, resta incontroverso que restou atendido o pressuposto específico de admissibilidade recursal insculpido no art. 35, III, da Lei nº 8.443, de 1992, uma vez que a superveniência do TC-020.931/2006-0 deve ser entendido como documento novo com eficácia sobre a prova produzida, uma vez que foi autuado nesta Corte em 13/9/2006.

b) as normas aplicáveis à alienação de material inservível no âmbito do Ministério do Exército apontam para a responsabilização do Ordenador de Despesas (OD), à época, Cel REGINALDO TRINDADE LISBOA, e do Encarregado do Setor de Material, ou seja, o Gestor do Depósito, Ten Cel PAULO CÉSAR ALIEVI, que ocupava o Posto de Major à época;

Análise

18. Segundo o contestante, a alienação de material inservível, mediante venda, prevista no art. 65, inciso III, das Instruções Gerais para a Realização de Licitações e Contratos no Ministério do Exército (IG 12-02), deveria observar os procedimentos previstos na Lei 8.666, de 1993, competindo ao OD da Unidade Gestora (UG), nos termos dos arts. 2º, 4º e 12, da IG 12-02, determinar a realização da licitação, ou decidir sobre sua dispensa ou inexigibilidade. Lembra o contestante, ainda, as disposições constantes do art. 23, § 2º, do Regulamento de Administração do Exército (R3 ou RAE), aprovado pelo Decreto nº 98.820, de 1990, que atribuem ao OD a direção integral das atividades administrativas, orçamentárias, financeiras e patrimoniais da Organização Militar (OM). Ressalta, ademais, que, de acordo com os arts. 35 e 36 do R3, a responsabilidade sobre a execução das atividades de alienação de material recaem sobre o Encarregado do Setor de Material. Como tais funções não eram exercidas pelo contestante, à época dos fatos, seria defeso responsabilizá-lo pelas irregularidades imputadas pelo Ministério Público.

19. É fato incontroverso que a condução da atividade operacional e administrativa da OM recai inicialmente sobre o seu Comandante (Cmt). Com efeito, reza o Regulamento Interno e dos Serviços Gerais (RISG):

Art. 20. O Cmt U exerce sua ação de comando em todos os setores da unidade, usando-a com a iniciativa necessária e sob sua inteira responsabilidade.

Parágrafo único. A ação de comando de que trata o caput deste artigo é caracterizada, principalmente, pelos atos de planejar, orientar, coordenar, acompanhar, controlar, fiscalizar e apurar responsabilidades.

20. Nesse diapasão, o R3 preconiza em seu art. 23 que ‘Ao comandante compete a condução de todas as atividades desenvolvidas pela Organização Militar’.

21. Não obstante, cabe ao Subcomandante (S Cmt) da OM secundar o Cmt em todas as suas atribuições. A propósito, prevê o art. 22 do RISG que o ‘S Cmt U é o principal auxiliar e substituto imediato do Cmt U, seu intermediário na expedição de todas as ordens relativas à disciplina, à instrução e aos serviços gerais, cuja execução cumpre-lhe fiscalizar’. Nos termos do § 1º, o S Cmt U é o Chefe do Estado-Maior da Unidade e o responsável pela coordenação dos seus elementos. Essa autoridade, de acordo com o § 2º do precitado art. 22, pode, ainda, acumular suas funções com outros encargos previstos no Quadro de Cargos Previstos (QCP).

22. Além dessas atribuições subsidiárias, o RISG prevê importantes atribuições ao S Cmt, de índole específica, cabendo destacar:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

Art. 23. Incumbe ao S Cmt U, além das atribuições e dos deveres estabelecidos em outros regulamentos, o seguinte:

(...)

II - levar ao conhecimento do Cmt U, verbalmente ou por escrito, depois de convenientemente apuradas, todas as ocorrências que não lhe caiba resolver;

III - dar conhecimento ao Cmt U das ocorrências e dos fatos a respeito dos quais haja providenciado por iniciativa própria;

(...)

X - exercer rigorosa supervisão das normas de controle do armamento, da munição e do explosivo adotadas pela unidade, introduzindo as modificações para o constante aperfeiçoamento da verificação e do acompanhamento desse material bélico, além de realizar inspeções inopinadas.

23. Por outro lado, mesmo as atividades inerentes ao OD podem ser objeto de delegação, nos termos do § 3º do art. 23 do R-3:

§ 3º A delegação de competência da função de Ordenador de Despesas será regulada por legislação específica.

24. Regulamentando o dispositivo supra, a Portaria Ministerial Nr 148, de 12 de março de 1999, do Comando do Exército, prescreve:

Art 3º O Comandante, Chefe ou Diretor da UA que possuir Base Administrativa poderá delegar as funções de Ordenador de Despesas ao Oficial Superior nomeado para exercer o comando desta Base.

Art 4º Nas demais UA que não possuírem Base Administrativa, o Comandante, Chefe ou Diretor, em face de particularidades e complexibilidades de sua Organização Militar (OM), se julgar conveniente, poderá propor, observados os canais de comando, a delegação de competência a função de OD, com todas as suas atribuições e responsabilidades a um Oficial Superior, desde que não haja incompatibilidade hierárquica com outros agentes da administração que lhe devam ser subordinados.

Parágrafo único. Caberá ao Ministro de Estado do Exército, por meio de Portaria, de acordo com parecer da Secretaria de Economia e Finanças e ouvido o Estado-Maior de Exército, autorizar a delegação de competência de que trata o ‘caput’ deste artigo.

Art 5º Em qualquer caso, a delegação de competência para a função de OD deverá ser publicada em Boletim Interno da UA, bem como as diretrizes que deverão orientar o ocupante da função, em particular quanto ao atendimento da legislação e normas que regem o emprego de recursos sob sua gestão.

Art 6º Os casos omissos serão submetidos à apreciação da autoridade delegante, para fins de decisão.

Art 7º Quando o OD receber ordem da autoridade delegante, que, no seu entender, contrarie a legislação e normas em vigor, deve registrar o fato, por escrito, ficando a execução da ordem na dependência de confirmação formal, também por escrito, por aquela autoridade. Nesse caso, caberá à autoridade delegante a total responsabilidade pelo ato administrativo decorrente.

Art 8º A autoridade que delegar a função de Ordenador de Despesas deverá exercer controle de chefia, para certificar-se da eficiência do exercício dessa função e do cumprimento de suas diretrizes (letra ‘a’ do Art 13 do Decreto-Lei Nr 200, de 25 de fevereiro de 1967).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

25. Parece-me, todavia, que não houve, formalmente, a delegação de competência da função de OD no período em que o Cel NUNES comandava o 3º B Sup. Com efeito, no rol de responsáveis não há qualquer indicação nesse sentido (TC-011.234/2002-4, v. p., fls. 1/6).

26. Sem embargo, há vários indícios de que, efetivamente, o Cel OBERDAN desempenhava por delegação várias das atribuições próprias de OD, sem observância, todavia, das formalidades exigidas pelas normas pertinentes. Isso decorreu, conforme conjunto probatório examinado, pela natureza complexa e abrangente da unidade militar em questão, assentada sobre uma área de 500 ha, com várias instalações dispersas, conforme atestam as fotografias juntadas pelos contestantes. Nesse sentido são as declarações prestadas pelo Cel NUNES, no âmbito das apurações levadas a efeito pela 3ª RM, juntadas aos autos do TC-007.217/2001-9 pelo Cel OBERDAN (anexo 1, fls. 160, 163 e 168).

27. Dado o elevado conceito granjeado pelo então Maj OBERDAN junto a seus superiores hierárquicos, ao assumir o Comando do 3º B Sup, o Cel NUNES, ao que parece, confiou cegamente em seu subordinado imediato, que exercia o Comando da OM interinamente. A partir daí, ambos os oficiais praticamente exerciam, simultaneamente, as atribuições de Comando. Prova essa assertiva pergunta desferida pela defesa do Cel OBERDAN dirigida ao Cel NUNES, por ocasião de seu interrogatório: ‘prefiro não responder a pergunta que me foi formulada, pela defesa do Ten. Cel. Oberdan, qual seja, se durante o período que esteve no 3º B Sup, não existia Comando, só Subcomando?’ (grifo nosso) (TC-007.217/2001-9, anexo 1, v. 1, fl. 352).

28. A respeito da confiança depositada pelo Cel NUNES no Cel OBERDAN, insta transcrever o seguinte excerto de testemunho do primeiro:

‘Gostaria de acrescentar que, quando fui nomeado Cmt do 3º B Sup, em Out/98, procurei me informar a respeito das atividades do Btl e da sua situação em relaão ao material e ao pessoal. Nessa busca de informações, em contatos telefônicos com elementos do Cmdo da 3ª RM, recebi várias referências muito boas a respeito do então Maj Oberdan, Cmt interino do Batalhão. Fiquei sabendo, na ocasião, que ele havia sido o primeiro colocado na EsAO e, portanto, tinha matrícula assegurada na ECEME e que estava fazendo um excelente trabalho à frente da Unidade.

Ao assumir o Cmdo, em 26 Jan 99, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, já havia, de minha parte, um conceito pré-concebido do Maj Oberdan fruto das informações recebidas.

Com o passar do tempo, aquele conceito foi se consolidando pela conduta exemplar, pela dedicação à Unidade, pelos excelentes conhecimentos profissionais demonstrados e por sua lealdade. Em nenhum momento, durante o período que comandei o Batalhão, o TC Oberdan demonstrou ou deixou transparecer qualquer desvio de conduta que permitisse duvidar de sua lisura profissional.

Ao passar o cargo, em 26 Jan 2001, ainda mantinha, em mais alto grau, o conceito do TC Oberdan, justificando a confiança que nele depositei durante o meu comando’ (TC-007.217/2001-9, anexo 1, fls. 165/166).

29. Aponta o Cel NUNES como razões para as irregularidades constantes destes autos, além do descontrole patrimonial, a delegação de competência, in verbis:

‘(...) outro fator que pode ter contribuído para venda de cartuchos, sem meu conhecimento, é o fato do 3º B Sup ser uma Unidade bastante complexa, com área de aproximadamente 500 ht e que atende a mais de uma centena de unidades; em uma OM com essas proporções é imperiosa a descentralização das ações, através de delegação de competência; caso essa delegação venha recair sobre algum militar que não seja leal, fica propiciada a oportunidade de práticas, sem o conhecimento do Comandante; no caso concreto, eu acho que isso ocorreu; eu diria que o responsável por essas práticas seria o Ten. Cel. Oberdan; essa conclusão que eu chego foi

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

elaborada com base nas conclusões da denúncia; na minha opinião o Ten. Cel. Oberdan tenta se esquivar de uma responsabilidade que é dele; confirmo a assertiva da denúncia, que o Ten. Cel. Oberdan ocupava cargos chaves no 3º B Sup e detinha poderes sobre a classe 5; (...) o Maj Alievi era um cumpridor de tarefas que eram transmitidas pelo chefe do COS (Centro de Operações de Suprimentos), que era o Ten. Cel. Oberdan; eu já prestei depoimento, na qualidade de testemunha, em processos envolvendo o Ten. Cel. Oberdan; a impressão que tive, nesses processos, foi a de que os outros militares que restaram envolvidos, eram executores de ordens diretas do Ten. Cel. Oberdan; dependendo dos assuntos, às vezes, era o Ten. Cel. Oberdan, na qualidade de Subcomandante, que traçava as diretrizes, sem mesmo chegar ao Comando; não havia nenhuma diretriz traçada pelo Comando da Região para regular o que deveria ser feito com o material, depois de extinto o centro de recarga; tampouco foi solicitado alguma orientação nesse sentido’ (TC-007.217/2001-9, anexo 1, v. 1, fls. 351/352, grifos nossos).

30. Nesse diapasão, o Cel NUNES afirmou que ‘a organização criminosa instalada na OM, encabeçada pelo Ten Cel OBERDAN, utilizou e abusou de minha confiança para auferir seus objetivos. Como Comandante da OM, tinha a missão final a ser realizada e a ela estava focado, utilizando do instrumento da delegação de poder para que as atividades fossem realizadas, dentro da total legalidade’ (TC-020.931/2006-2, v. p., fl. 30, grifo nosso).

30.1. De fato, compulsando os autos do TC-014.032/2006-5, verificou-se que era praxe na OM o Cel OBERDAN oficiar como OD, inclusive assinando despachos de competência dessa autoridade, dando início a procedimentos licitatórios, nos quais ele próprio era designado presidente da comissão (anexo 1, fls. 137 e 141).

31. Insta consignar, por derradeiro, o registro da instrução precedente, baseada na denúncia do Ministério Público Militar, que aponta para a responsabilização do Cel OBERDAN:

‘23. Quanto à participação do Ten Cel Oberdan no esquema delituoso, assim se pronunciou o Ministério Público Militar (fls. 5/6):

‘É de ser citado que, segundo o 3º denunciado Ten Cel Alievi, Chefe da Classe V à época dos fatos e, portanto, responsável pela guarda e destino dos estojos desviados, nenhuma iniciativa na Classe era tomada sem o consentimento do 2º denunciado Ten Cel Oberdan, então Chefe do COS, e que era desse as ordens que recebia para liberar o transporte dos estojos de munição vazios para estabelecimentos comerciais, salientando que nada ocorria no 3º Batalhão de Suprimentos sem que o referido Oficial Superior tivesse conhecimento [fls. 26/27]. Saliente-se que o 2º denunciado Ten Cel Oberdan, à época do desvio, ocupava cargos-chave na estrutura organizacional do 3º B Sup e, como Sub-comandante da Unidade e Chefe do Centro de Operações de Suprimentos, efetivamente detinha poder de mando sobre a Classe V.

Ainda em relação ao 2º denunciado Ten Cel Oberdan, informa o 3º denunciado Ten Cel Alievi, que esse [Ten Cel OBERDAN] teria assegurado em uma oportunidade que recebera o pagamento da venda de estojos em cheque e que pessoalmente providenciara junto a um fornecedor o desconto da citada cártula [fl. 26], supondo o Ten Cel Alievi que o citado fornecedor seria o ‘Sr. Jair’, representante da empresa Intersul e que mantinha estreitos contatos com o Ten Cel Oberdan. Nesse norte, a dar colorido de veracidade ao declarado e apontando para a efetiva participação do Ten Cel Oberdan, temos que um dos cheques recebidos pela ilegal venda do material desviado do patrimônio público sob Administração Castrense restou descontado por Jair Arides Hernandes da Rosa, que se trata de civil representante da empresa Intersul Ltda., envolvida em irregularidades no fornecimento de suprimentos de Classe I (alimentos) ao 3º Batalhão de Suprimentos, objeto da Ação Penal nº 05/03-4, em tramitação nessa 1ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar’.’

32. Diante dessas ponderações, quanto ao tópico sob exame, propõe-se o não-acatamento das contrarrazões ofertadas pelo Cel OBERDAN, uma vez que a circunstância de não ter recebido

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formalmente, mediante delegação de competência, as atribuições de ordenador de despesas, não o impediu, como Chefe do COS e S Cmt da OM de influir, decisamente, na perpetuação dos ilícitos denunciados pelo Ministério Público Militar.

c) inexiste qualquer comprovação de que, dos atos praticados pelo contestante no desempenho de suas atribuições, tenha decorrido qualquer dano ao Erário ou desfalque. A documentação existente não comprova qualquer responsabilidade do contestante;

Análise

33. O exame documental levado a efeito pelo Ministério Público Militar, consubstanciado no TC-020.9361/2006-2, enriquecido com farta prova testemunhal, demonstrou o dano causado ao Erário, bem como a responsabilização do contestante. Neste sentido, pede-se vênia para reproduzir excerto da instrução anterior (fls. 35/36):

‘Da autoria dos fatos irregulares, do dano ao Erário e do nexo de causalidade

14. Nos termos da instrução conduzida pela unidade técnica, tendo por base a ‘denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar à Justiça em 5/6/2006 (fls. 2 a 7), entre janeiro de 2000 e fevereiro de 2001, os denunciados, Cel. Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Ten. Cel. Oberdan Schiefelbein e Ten. Cel. Paulo César Alievi, desviaram do patrimônio público sob administração militar grande quantidade de estojos metálicos de munição, recebidos de diversas Unidades Militares apoiadas pelo 3º Batalhão de Suprimento, efetuando reiteradas vendas ilegais a estabelecimentos civis, sendo que os valores obtidos não restaram apropriados à Administração Pública. À época da ocorrência dos desvios os denunciados ocupavam respectivamente os postos de Comandante do Batalhão, Sub-Comandante e Chefe do Centro de Operações de Suprimento – COS’. Acrescentou, ainda, que ‘segundo o Ministério Público, os denunciados, em comunhão de esforços e conjunção de vontades, apropriaram-se e venderam, por nove vezes, coisa móvel integrante do patrimônio público militar, aproveitando-se dos postos que detinham à frente do 3º Batalhão de Suprimento’.

15. Conforme noticiado no item 3, retro, ‘os atos de gestão contendo indícios de irregularidades capazes de alterar o mérito das contas foram descritos como desvio de dois mil, setecentos e noventa e três quilos de material, cujo valor histórico, de acordo com a nota fiscal de compra existente nos autos, emitida pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda. (fl. 44 do TC-020.931/2006-2), é de R$ 4.065,00. Inobstante a baixa materialidade do débito no exercício, a participação continuada do Chefe da Unidade, o Comandante Paulo Roberto Rodrigues Nunes, desde a primeira venda, ocorrida em 6/1/2000, recomenda a nova análise a ser procedida nas contas da Unidade’. O Ministério Público logrou quantificar o dano causado ao Erário por meio de notas fiscais, as quais encontram-se autuadas aos autos do TC-020.931/2006-2, às fls. 31, 32, 34, 36, 38, 40, 42, 44 e 45. Por meio dessa documentação idônea é possível constatar a discriminação dos materiais desviados, suas quantidades, datas dos desvios e respectivos valores.

16. Além das notas fiscais, o Ministério Público aproveitou-se de diversos outros documentos, extraídos da Ação Penal, que robustecem a comprovação dos ilícitos perpetrados, tais como: termos de inquirição de testemunhas (fls. 8 a 14, 18 a 21, 25 a 30, 48 a 51, 65 e 66 do TC 020.931/2006-2); levantamento pericial do local onde era guardado o material, antes da venda (fls. 22 a 24); e cheques das empresas, utilizados para sacar o dinheiro destinado à compra do material desviado (fls. 31 a 46, 53 a 58 e 60 a 63), para posterior pagamento em espécie’.

d) o Ministério Público não logrou comprovar que o produto da alienação dos materiais não teria revertido em benfeitorias efetuadas nas dependências do próprio Batalhão;

Análise

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34. Como é cediço, compete ao responsável comprovar a boa e regular aplicação dos recursos públicos. Embora haja indícios nos autos de que, ao menos parte dos recursos tenha se revertido em proveito da OM, nos termos dos depoimentos colhidos pela autoridade investigadora e pelo Ministério Público Militar, o contestante e demais apelantes não lograram trazer aos autos provas documentais capazes de infirmar a convicção de que o produto da alienação dos materiais teria revertido em benfeitorias efetuadas nas dependências do próprio Batalhão.

35. Diante disso, não se pode acatar as contrarrazões do requerente a respeito desse tópico específico.

e) os fatos expostos nos processos pelas partes necessitam ser provados, consoante os ensinos de MOACYR AMARAL SANTOS (Prova Judiciária no Cível e Comercial, Max Limonad, 1970, 4ª ed., vol. I, p. 11-12) e de AURELIANO GUSMÃO, citado por aquele autor (op. cit., p. 16);

Análise

36. Os fatos imputados ao contestante, Cel OBERDAN, estão suficientemente provados nos autos.

37. As circunstâncias e fatos abaixo arrolados induzem ao convencimento da responsabilidade delituosa do ora contestante:

a) o Cel OBERDAN usufruía da confiança irrestrita do Cmt U, à época, Cel NUNES, que lhe delegou, embora informalmente, parcela considerável de responsabilidade na condução da OM;

b) o Cel OBERDAN acumulava as funções de S Cmt U e Ch COS, tendo, por conseguinte, ascendência funcional e hierárquica sobre os oficiais e praças de toda a OM, à exceção do Cmt U, e, de maneira especial, sobre os integrantes da Sec Ctr Sup Cl V, então chefiada pelo Ten Cel ALIEVI, e da 2ª Cia Sup (anexo 1, fl. 130);

c) o acesso de viaturas ao depósito onde eram armazenados os estojos, distante cerca de 3 km da sede da unidade, somente seria possível mediante conhecimento e ordem expressa de oficiais lotados no complexo da OM, especialmente o Cmt, S Cmt, Ch COS ou S/4 (oficial responsável pelo material);

d) conforme salientou o Ten Cel ALIEVI, eventuais deslocamentos de viaturas da área de comando até a sede da 2ª Cia Sup só poderiam ser feitos por intermédio de via pública, tendo em vista que não havia estrada interna que permitisse o trânsito de viaturas entre as duas sedes, conforme fotos juntadas (anexo 1, fls. 104 – item 14 - e 131/133);

e) a garagem das viaturas está localizada próxima ao COS, chefiado à época pelo Cel OBERDAN, que autorizava os deslocamentos das viaturas até à área da 2ª Cia Sup (itens 16 e 48, fls. 104 e 124, respectivamente);

f) os contatos mantidos pelo Ch COS com o Cmt 2ª Cia Sup bem como com o Ch Sec Ctr Sup Cl V eram efetuados mediante ligações telefônicas, dada a distância física entre as instalações nas quais trabalhavam os aludidos oficiais. As ordens, por conseguinte, eram repassadas verbalmente, dificultando, inclusive, a prova testemunhal (itens 14/17, fls. 103/104);

g) dada a rigidez da disciplina e hierarquia militares, e considerando a aparente regularidade das operações realizadas destinadas à alienação dos estojos de munição, não seria razoável admitir outro comportamento dos militares subordinados, senão o pleno cumprimento das ordens da 2a maior autoridade do 3º B Sup, o Cel OBERDAN, o qual soubera granjear invejável reconhecimento de superiores, pares e subordinados. A esse propósito, ressaltou o Ten Cel ALIEVI, in verbis:

‘Ao receber a ordem de seu superior hierárquico de que haveria o transporte desses materiais [estojos] para a empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., o Ten. Cel. Alievi tratou de

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designar um oficial subalterno ligado ao suprimento de Classe V, no caso específico ou o Ten. Ilha ou Ten. Juliano, ambos testemunhas arroladas pelo Min. Público Militar’ (anexo 1, fl. 110);

38. Em outro aspecto é de se salientar que não caberia ao Ten. Cel. Alievi questionar uma ordem de seu Superior imediatamente Hierárquico, o Ten. Cel. Oberdan, com renomada experiência na aplicação dos dispositivos legais existentes na Lei 8.666/1993 e que já vinha desempenhando suas funções na Unidade Militar muito antes da transferência do ora contestante e que gozava de muito prestígio junto aos Comandantes que por lá passaram.

39. Quanto ao ‘repassamento’ da ordem para transporte e entrega de sucata (estojos) na empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., até mesmo por força de suas atribuições como Chefe da Seção de Suprimentos Classe V, cabia ao Ten. Cel. Alievi designar Oficiais (Ten. Ilha e/ou Ten. Juliano) para que fiscalizassem o transporte e a destruição completa das cargas de estojos, sendo que, a partir desse momento, os procedimentos de entrega de valores recebidos da empresa eram feitos pelo Oficial designado que repassava diretamente à subtenência da 2a. Cia. de Suprimentos ou então à Ajudância do Comando da Unidade Militar. Tal ordem não parecia absurda, até porque, dada a característica da sucata, ou seja, material sigiloso e de uso exclusivo do Exército Brasileiro e, s. m. j., seria o caso de inexigibilidade de licitação’ (anexo 1, fl. 115).

h) à época dos fatos imputados ao Cel NUNES, ao Ten Cel OBERDAN e ao Maj ALIEVI, no exercício sub examine, consistentes, sobretudo, no desvio de materiais (estojos) sob administração militar do 3º B Sup, de que trata a Nota Fiscal nº 894, expedida em 19/2/2001 (TC-020.931/2006-2, v. p., fl. 44; TC-011.234/2002-4, anexo 2, fl. 44) pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., no valor de R$ 4.065,00 (quatro mil e sessenta e cinco reais), o Cel NUNES não mais fazia parte da OM, consoante atesta o rol de responsáveis, tendo sido exonerado em 25/01/2001 (TC 011.234/2002-4, v. p., fl. 1), conforme afiançou em suas contrarrazões (anexo 1, fls. 83/85) e o Ten Cel ALIEVI encontrava-se em gozo de férias, de 29/1/2001 a 27/2/2001 (TC-011.234/2002-4, anexo 1, fls. 116/119 e 134/135);

i) o Ten Cel OBERDAN também responde a outros inquéritos militares (itens 41 a 47 da instrução anterior, fls. 43/45), tendo sido arrolado, inclusive, em tomada de contas especial ora em instrução pela unidade competente (TC-014.032/2006-5).

38. Afora a vasta documentação comprobatória carreada aos autos, discorrida acima, a cadeia de fatos retro assinalada, constitui prova indiciária suficiente ao convencimento da responsabilidade do Cel OBERDAN pelo desvio dos materiais em comento no exercício de 2001.

39. O Supremo Tribunal Federal já firmou o entendimento segundo o qual ‘Indícios são provas se vários, convergentes e concordantes’, nos termos do Voto proferido pelo Relator do RE 68.006 – MG, eminente Ministro ALIOMAR BALEEIRO, cuja ementa elucida de vez a questão:

RE 68006 / MG - MINAS GERAIS

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ALIOMAR BALEEIRO, Julgamento: 09/10/1969 Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA

Publicação: DJ 14-11-1969

Ementa

SIMULAÇÃO. INDÍCIOS VÁRIOS E CONCORDANTES SÃO PROVA. NÃO SE CONHECE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO SE A DECISÃO ASSENTA AOS FATOS E PROVAS E NÃO SE DEMONSTROU O DISSIDIO NA FORMA DA SÚMULA N. 291 (grifo nosso).

40. Na esteira desse entendimento, merecem registro os seguintes julgados do STF: RE 413559 / RJ - RIO DE JANEIRO, RHC 65092 / GO – GOIÁS, RHC 58932 / RS - RIO GRANDE DO

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SUL, RHC 55879 / PR – PARANA, RHC 54960 / DF - DISTRITO FEDERAL, RHC 54223 / PA – PARÁ e RHC 51523 / GB – GUANABARA.

41. O TCU não discrepa desse entendimento. Esta Corte tem acompanhado o entendimento do STF, no sentido de que a prova indiciária pode ser usada pelo julgador para firmar o seu convencimento, desde que os indícios dos autos sejam vários, concordantes e convergentes. Como exemplos, citem-se os recentes Acórdãos 1262/2007 e 2143/2007, ambos do Plenário, relatados, respectivamente, pelos eminentes Ministros MARCOS BEMQUER COSTA e AROLDO CEDRAZ:

Acórdão 1262/2007 – Plenário, Ministro Relator MARCOS BEMQUERER

Sumário

TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE. EXECUÇÃO PARCIAL DO OBJETO. CONLUIO ENTRE OS LICITANTES. CITAÇÃO. AUDIÊNCIA. ALEGAÇÕES DE DEFESA. RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INIDONEIDADE PARA PARTICIPAR DE LICITAÇÃO.

1. Julgam-se irregulares as contas, com condenação em débito e aplicação de multa ao responsável, em face da não-comprovação da execução do objeto conveniado.

2. Cabe ao gestor o ônus de comprovar a regular aplicação dos recursos recebidos mediante convênio.

3. Fixar-se-á a responsabilidade solidária do agente público e de terceiro contratado que hajam concorrido para o cometimento do dano apurado.

4. Configurada a ocorrência de fraude à licitação, declara-se a inidoneidade para licitar das empresas envolvidas.

5. É admitida a prova indiciária como fundamento para a declaração de inidoneidade de empresa licitante, independendo, para tanto, o recebimento de qualquer benefício pela empresa, bastando, tão-somente, a participação na fraude.

Acórdão 2143/2007 – Plenário, Ministro Relator AROLDO CEDRAZ

Sumário

REPRESENTAÇÃO DECORRENTE DE MANIFESTAÇÃO DA OUVIDORIA. IRREGULARIDADES EM LICITAÇÃO. HABILITAÇÃO E INABILITAÇÃO INDEVIDAS. AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS ISONÔMICOS. CONLUIO ENTRE LICITANTES. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. MULTAS. INABILITAÇÃO PARA OCUPAÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE DOS LICITANTES. DETERMINAÇÕES. REMESSA DE CÓPIAS.

1. É possível afirmar-se da existência de conluio entre licitantes a partir de prova indiciária.

2. Indícios são provas, se vários, convergentes e concordantes.

41.1. Nessa esteira, podem ser evocadas, ainda, as seguintes deliberações: Decisão 598/1994 – Plenário, Decisão 885/2002 – Plenário, Decisão 886/2002 – Plenário, Decisão 1239/2002 – Plenário, Acórdão 331/2002 – Plenário, Acórdão 2006/2005 – Plenário, Acórdão 89/2007 – Plenário; Acórdão 178/2001 – Plenário, Acórdão 331/2002 – Plenário, Acórdão 415/2002 – Plenário, Acórdão 1361/2003 – Plenário, Acórdão 1362/2003 – Plenário, Acórdão 1088/2004 – Plenário, Acórdão 1456/2004 – Plenário, Acórdão 605/2006 – Plenário, Acórdão 630/2006 – Plenário, Acórdão 1277/2006 – Plenário e Acórdão 2377/2006 – Plenário.

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42. Por essas razões, também quanto a este tópico, propugna-se pelo não-acolhimento das contrarrazões do contestante.

f) o exame dos elementos do Inquérito Policial Militar (IPM) nº 46/04, que originou a Ação Penal nº 25/06-8, indica ‘a absoluta carência de provas da participação do recorrido nos fatos aludidos; com efeito, as testemunhas que, ouvidas neste procedimento [IPM], dignaram-se a fazer referência a atos de seus superiores foram unânimes em apontar os Srs. PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES, ex-Comandante do Terceiro Batalhão de Suprimentos, e PAULO CÉSAR ALIEVI, ex-Chefe da Seção de Suprimentos do mesmo Batalhão, como envolvidos diretamente com a alienação dos materiais sucateados. É o caso das testemunhas JAIME RODRIGUES, ARI DA SILVA ILHA JUNIOR, SILMAR WOLF FARBEROWOCZ, ELISANDRO MINOSSO E JULIANO WEBLER TREVISIOL, que não fazem referência à suposta participação do recorrido nos fatos.’ (grifo do autor);

Análise

43. Não assiste razão ao contestante. Mesmo na impossibilidade prática da responsabilização dos demais envolvidos e denunciados pelo Ministério Público Militar, ao menos quanto o exercício de 2001, Cel NUNES, já transferido da OM, e o Ten Cel ALIEVI, de férias, as irregularidades tiveram continuidade.

g) as acusações desferidas contra o contestante procedem dos igualmente denunciados na aludida ação penal (Cel NUNES e Ten Cel ALIEVI), carecendo, por conseguinte, de credibilidade, uma vez que ‘intentam eximir-se de responsabilidade, atribuindo-a exclusivamente ao ora recorrido, em que pese o farto conjunto da prova testemunhal afirmar categoricamente o contrário’ (grifo do autor);

Análise

44. Pelas razões expostas acima, também não merecem guarida as contrarrazões ofertadas.

h) ‘a própria existência da Ação Penal aludida deve-se ao próprio recorrido, que se recusou a omitir o procedimento de alienação de material efetivado por seus companheiros de farda, revelando as alienações de resíduos existentes logo na primeira oportunidade que lhe foi dada para falar no inquérito, quando este parecia estar fadado ao arquivamento por falta de provas. Ou seja, os próprios procedimentos que ora estão sendo adotados na esfera administrativa devem sua existência à atitude corajosa do recorrido, que se recusou a deixar-se tentar pelo silêncio’ (grifo do autor);

Análise

45. As próprias declarações prestadas pelo contestante indicam sua co-responsabilidade no desvio dos materiais, tendo afirmado, inclusive, que acordou com o então Maj ALIEVI repassar quantidade menor dos recursos obtidos mediante alienação dos estojos ao Fundo do Exército (TC-020.931/2006-2, v. p., fls. 10/11; e TC-011.234/2002-4, anexo 2, fls. 10/11).

46. Como salientou o militar, era-lhe defeso ignorar os fatos por sua notoriedade, já do conhecimento de ampla parcela dos integrantes do 3º B Sup.

47. Ora, sendo oficial experiente, competente e profundo conhecedor das normas de licitação, competia-lhe, no exercício do Subcomando da OM, prevenir a ocorrência das irregularidades, relatando-as imediatamente ao Cmt U, com vistas à responsabilização dos envolvidos. Além de ter falhado comissivamente, como resulta do conteúdo probatório ora examinado, o Cel OBERDAN foi omisso, na medida em que relatou os fatos somente após a instauração dos competentes inquéritos policiais militares. Caso omitisse a informação, sobejamente conhecida de ampla parcela do Batalhão, que viria à lume naturalmente, por meio da tomada dos depoimentos subseqüentes, ao então depoente poderia ser imputado outros delitos

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graves, assim considerados pelos regulamentos militares, a exemplo do Regime Disciplinar do Exército (RDE), do qual se extrai o exemplo da infração disciplinar ‘faltar com a verdade’. Em verdade, o contestante aproveitou a ocasião para tentar transferir sua responsabilidade a outros militares, estratégia por ele encetada desde então e perseguida nas várias instâncias investigativas.

48. Temos, por conseguinte, que, a exemplo dos anteriores argumentos, as contrarrazões do Cel OBERDAN não merecem acolhida.

Conclusão parcial

49. À vista dessas considerações, alvitramos o não-acatamento das contrarrazões recursais apresentadas pelo Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIN ao Recurso de Revisão interposto pelo douto Ministério Público junto ao TCU, especificamente em relação às ocorrências versadas no TC-020.931/2006-2, consubstanciado no TC-011.234/2002-4, anexo 2, que motivou a interposição do mencionado recurso.

50. Convém salientar, ademais, que o exame do mérito do TC-014.032/2006-5 poderá repercutir no exame ora realizado, nos termos do item IV da instrução pregressa, subitens 41/47 (fls. 43/45), uma vez que há indícios de envolvimento do Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIN no cometimento de outras irregularidades ali versadas, com potencial reflexo nas contas de 2000 e 2001 da unidade, ora reabertas.

50.1. Há indícios, ademais, de envolvimento do Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIN em irregularidades versadas no IPM Nº 46/04, também objeto do TC-011.071/2006-0, juntado por cópia a estes autos (fls. 12, 15/16, 17, 100/101 e 102/104), cujas audiências ali propostas deverão ser implementadas oportunamente, no âmbito destes autos.

51. Dessarte, impõe-se a continuidade do sobrestamento deste feito, conforme determinação do Relator (fl. 48), até ulterior deliberação do TCU no âmbito do TC-014.032/2006-5, em análise na 3ª Secex.

II.2 - PAULO ROBERDO RODRIGUES NUNES, anexo 1, fls. 83/85

52. Síntese das contrarrazões recursais do Sr. PAULO ROBERDO RODRIGUES NUNES:

a) à data da ocorrência que gerou a citação de que trata o Ofício nº 1071/2007-TCU/SERUR, de 16/4/2007 (anexo 1, fls. 49/50), não mais pertencia ao efetivo do 3º B Sup, uma vez que entregou o comando daquela unidade militar em 26/1/2001, por motivo de sua transferência para o Estado-Maior do Exército (Brasília-DF), nos termos de cópia de seus assentamentos funcionais ora juntados (anexo 1, fls. 84/85);

b) ‘não sendo o Comandante e não pertencendo mais ao efetivo daquela Organização Militar, era impossível que eu pudesse participar de qualquer atividade interna ou exercer qualquer ação sobre os integrantes da mesma a partir do dia 26 de janeiro de 2001, data em que me afastei do 3º Batalhão de Suprimento’ (grifado pelo autor).

Análise

53. Com razão o requerente.

54. Embora os termos genéricos constantes do expediente citatório (‘irregularidade imputada pelo MP/TCU’), o cerne da ocorrência diz respeito ao ‘desvio de materiais sob administração militar do 3º Batalhão de Suprimento em Santa Rita do Sul/RS’, ocorrido em 19/2/2001, data da expedição da Nota Fiscal nº 894 (TC-020.931/2006-2, v. p., fl. 44; TC-011.234/2002-4, anexo 2, fl. 44) pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., no valor de R$ 4.065,00 (quatro mil e sessenta e cinco reais), nos termos da proposta de encaminhamento da instrução anterior, ratificada pelo Relator (anexo 1, fls. 46/48).

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55. Nos termos de suas ‘Folhas de Alterações’, o alegante foi desligado do 3º B Sup na data de 26/1/2001, nos termos do Boletim Interno nº 020, de mesma data.

56. O rol de responsáveis constante da prestação de contas noticia que o apelante somente exerceu a função de ordenador de despesas até 25/1/2001, quando ocorreu sua exoneração (v. p., fl. 01).

57. Nesses termos, ao menos no que tange à irregularidade objeto do TC-020.931/2006-2, que fundamentou a apresentação do Recurso de Revisão pelo Parquet em relação às contas de 2001 da unidade, deve ser elidida a irregularidade imputada ao Sr. PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES, uma vez que, à época da alienação irregular, reportada no expediente citatório, o aludido militar não mais integrava o efetivo do 3º B Sup.

Conclusão parcial

58. À vista dessas considerações, alvitramos o acatamento das contrarrazões recursais apresentadas pelo Sr. PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES ao Recurso de Revisão interposto pelo douto Ministério Público junto ao TCU, especificamente em relação às ocorrências versadas no TC-020.931/2006-2, que motivou a interposição do mencionado recurso.

59. Convém salientar, entretanto, que o exame do mérito do TC-014.032/2006-5 poderá repercutir no exame ora realizado, nos termos do item IV da instrução pregressa, subitens 41/47 (fls. 43/45), uma vez que há indícios de envolvimento do Sr. PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES no cometimento de outras irregularidades ali versadas.

60. Com efeito, o relatório de tomada de contas especial de que trata o TC-014.032/2006-5 responsabiliza o Cel PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES, solidariamente com outros gestores, por superfaturamento na aquisição de pão francês de que trata a Tomada de Preços nº 10/00 – 3º B Sup/COS, de 8/11/2000, uma vez que era o OD à época.

61. Em que pese tratar-se de procedimento licitatório conduzido basicamente no exercício de 2000, a execução contratual deu-se no exercício subseqüente, refletindo, por conseguinte, no mérito das contas sob análise.

62. Aludido relatório atribui responsabilidade ao Cel NUNES no superfaturamento, visto que enviou a minuta do Edital para a Assessoria Jurídica, fez publicar no DOU o resultado da habilitação e assinou o contrato (TC-014.032/2006-5, v. 1, fl. 137, cópia juntada à fl. 137 do anexo 1 destes autos).

63. Entendo, todavia, que a responsabilidade do gestor na condução da licitação e na execução do contrato poderá ser mitigada pelas seguintes razões:

a) houve delegação de atribuições de maneira informal ao então S Cmt U, Ten Cel OBERDAN SCHIEFELBEIN, militar reconhecidamente experiente no trato da matéria;

b) o Ten Cel OBERDAN SCHIEFELBEIN assinou o Despacho do Ordenador de Despesas de que trata a Requisição 41 – CL I – TP, de 8/11/2000, que desencadeou o processo (anexo 1, fls. 137 e 141);

c) o Ten Cel OBERDAN SCHIEFELBEIN também foi o Presidente da Comissão de Licitações nomeada para o aludido processo (anexo 1, fl. 141);

d) a execução do contrato deu-se após a exoneração do Cel PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES, ocorrida em 25/1/2001, a partir da emissão da Nota de Empenho nº 2001NE900031, de 2/3/2001, e, de igual modo, a partir da expedição da Ordem Bancária nº 2001OB000089, de 19/3/2001 (anexo 1, fls. 142 e 147);

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e) a data da emissão das Ordens Bancárias foi considerada como critério para fixação da data de ocorrência do dano ao Erário.

64. Sem embargo dessas observações, como a TCE ainda não foi apreciada pelo Tribunal, opina-se pela continuidade do sobrestamento do exame deste Recurso de Revisão até ulterior deliberação desta Corte ao apreciar o TC-014.032/2006-5, uma vez que, a depender da conclusão ali tomada, poderá haver reflexo no reexame das contas da OM relativas ao exercício de 2000 e 2001.

II.3 - PAULO CÉSAR ALIEVI, anexo 1, fls. 96/135

65. Síntese das contrarrazões recursais do Sr. PAULO CÉSAR ALIEVI:

Das questões preliminares:

66. Questões preliminares suscitadas:

a) a d. Representante do Ministério Público cometeu equívocos e precipitações, uma vez que, em face da ocorrência do instituto da prescrição, aviou o presente recurso de forma precipitada, na medida em que houve a conclusão do Inquérito Policial Militar e o oferecimento de denúncia à Justiça Militar da União em desfavor dos responsáveis arrolados nestes autos, a saber, Cel PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES, então Comandante do 3º Batalhão de Suprimentos (3º B Sup), à época dos fatos, Ten Cel OBERDAN SCHIEFELBEIN, Subcomandante do referido Batalhão e que acumulava a função de Chefe do Centro de Operações de Suprimento (COS) e do ora contestante, Ten Cel PAULO CÉSAR ALIEVI, então Chefe da Seção de Controle de Suprimentos Classe V (Sec Ctr Sup Cl V) da referida unidade militar e que até então não havia sido ouvido perante a Justiça Militar;

Análise

67. Não há que se falar em precipitação do douto Ministério Público junto ao TCU. A atuação do parquet e desta Corte independe de quaisquer providências administrativas ou judiciais em curso versando sobre a mesma matéria, em decorrência do princípio da independência entre as instâncias.

b) o contestante foi designado pelo então Comandante do Batalhão (Cel OLYMPIO) para Chefiar a Sec Ctr Sup Cl V, responsável pelos artefatos e artigos de armamentos e de todos os tipos de explosivos e munições utilizados pelo Exército Brasileiro destinados ao suprimento das Organizações Militares (OM) pertencentes à 3ª Região Militar (3ª RM). Conforme organograma juntado, a Sec Ctr Sup Cl V está inserida na estrutura Gerencial do 3º Batalhão, estando no 4º nível de Comando, diretamente subordinada ao Chefe do COS, à época comandada pelo Ten Cel OBERDAN SCHIEFELBEIN (anexo 1, fl. 130). Era o terceiro Oficial na linha de Comando, uma vez que, à época, as funções de Subcomandante e Chefe do COS eram acumuladas pelo então Ten Cel OBERDAN SCHIEFELBEIN, segundo Oficial na linha de hierarquia no Comando do 3º B Sup. O contestante exercia suas atividades no prédio da 2ª Companhia de Suprimentos (2ª Cia Sup), que distava aproximadamente 3 Km do complexo principal das instalações da Organização Militar (OM), onde se localizam o prédio do Comando, então exercido pelo também imputado Cel PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES e o COS, comandado na ocasião pelo Subcomandante, Ten Cel OBERDAN SCHIEFELBEIN, que acumulava as duas funções, ora igualmente responsabilizado. Eventuais deslocamentos de viaturas da área de comando até a sede da 2ª Cia Sup só poderiam ser feitos por intermédio de via pública, tendo em vista que não havia estrada interna que permitisse o trânsito de viaturas entre as duas sedes, conforme fotos juntadas (anexo 1, fls. 131/133). A garagem das viaturas está localizada próxima ao COS, até porque qualquer deslocamento, inclusive até os prédios da 2ª Cia Sup, somente era realizado com a autorização expressa do Chefe

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do COS, Ten Cel OBERDAN. Assim, ‘a maioria dos contatos diários do Ten. Cel. Alievi com a Cadeia de Comando se fazia, via telefone, até mesmo em função da distância física’;

Análise

68. A submissão hierárquica, à época dos fatos, do Maj ALIEVI ao Ten Cel OBERDAN, que acumulava as funções de S Cmt e Ch do COS, pode ter influenciado na consumação das práticas delituosas sob apreciação.

69. Embora seja corrente na caserna o jargão segundo o qual ordem manifestamente ilegal não se executa, o que se observa, na prática, sobretudo no meio castrense, é a obediência cega ao comando superior, sob pena de o militar insubmisso sofrer sanções disciplinares, penais ou ter sua carreira prejudicada irremediavelmente. No caso em apreço, além da presença dessa circunstância, não se pode olvidar a experiência em licitações e o prestígio granjeado pelo Ten Cel OBERDAN, conforme mencionado anteriormente. Dessa maneira, embora esses fatos não isentem o Ten Cel ALIEVI pela alienação irregular dos estojos, entendo que podem mitigar sua responsabilidade.

70. Além disso, a própria disposição das instalações do 3º B Sup permitia a operacionalização das vendas sem o conhecimento ou participação direta do Maj ALIEVI.

c) os estojos (resíduos do processo de execução do tiro) já foram utilizados por OM para reaproveitamento (recarga de munição). Entretanto, após a detecção de problemas enfrentados por várias OM quanto à utilização de estojos reaproveitados, o Centro de Recargas de Munições da 3ª Região Militar foi desativado em 1999, ‘sob o argumento de que a munição recondicionada estava abaixo do padrão desejável para o uso no arsenal do Exército Brasileiro, sendo adotadas as medidas a seguir relacionadas: a uma) o Imediato recolhimento dos projetis e espoletas (ainda, dentro do prazo de validade) para o Batalhão Depósito de Munições (B D Mun.), Unidade sediada no Rio de Janeiro, onde ainda funcionava um Centro de Recarga de munições, visando o aproveitamento desses materiais; a duas) desativação das máquinas de recarga e seu posterior recolhimento ao B D Mun; a três) a Utilização da pólvora remanescente para auxiliar na queima/deflagração de munições uma vez que os barriletes já estavam abertos para uso e nestas condições apresentavam risco de transporte’;

d) ‘o material, por ser resíduo do material de consumo (munição – Natureza da Despesa 30) após sua utilização nas instruções militares não possuía valor contábil no SIAFI, sendo recolhidos na modalidade ‘a granel’, ou seja, por peso’;

e) ‘os resíduos (estojos) depositados e reaproveitados apresentavam alto índice de rejeição, o que, aliado ao custo de transporte, além de não possuir valor contábil, contra-indicavam seu remanejamento e/ou recolhimento para o Batalhão Depósito de Munições situado no Rio de Janeiro.

Diante das circunstâncias, como se tratava de um resíduo de munição (estojo) de calibre militar, o material não poderia ser vendido como resíduo qualquer. No ano de 1998 já havia sido identificada a necessidade de encontrar uma empresa que pudesse fazer a destruição por completo de tais estojos. Levando-se em consideração que o chamado crime organizado vinha e vem obtendo diversas armas de calibre militar, sentiu-se a necessidade de observar maiores cuidados com o destino de estojos que pudessem ser recarregados por máquinas manuais de recarga, mesmo deixando a desejar quanto à qualidade, mas, provavelmente, de conhecimento e operacionalização por parte de grupos criminosos como o chamado Comando Vermelho, PCC, entre outros. Salienta-se a preocupação da Unidade Militar quanto a segurança da sociedade, uma vez que estes materiais não poderiam ser vendidos em processo comum, uma vez que poderia atrair a atenção de ‘testas de ferro’ com a única intenção de redirecionar o destino dos estojos para grupos de

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marginais de todo ordem’. Dessa maneira, segundo o requerente, a adoção do princípio da publicidade restou prejudicado;

f) mediante pesquisas realizadas, tomou-se conhecimento que a empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda. possuía equipamento de trituração de metais não ferrosos, capaz de inutilizar, com segurança, sem a mínima possibilidade de reutilização, os estojos estocados;

g) não era do conhecimento do contestante que a empresa Irmãos Galleazzi possuísse equipamento similar ao da empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda.;

Análise

71. A análise sistemática das normas aplicáveis ao caso em apreço aponta que os responsáveis deveriam ter alienado o material inservível abordado nestes autos mediante prévia licitação e recolhido ao Fundo do Exército parte da arrecadação auferida.

72. Deixaram de ser observados, por conseguinte, os seguintes dispositivos constitucionais, legais e regulamentares:

a) art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal;

b) arts. 2º e 17, inciso II, da Lei nº 8.666, de 21/6/1993, com as alterações posteriores;

c) art. 114, § 1º, inciso II, primeira parte, do Decreto nº 3.665, de 20/11/2000, que deu nova redação ao Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105);

d) arts. 8º e 9º do Decreto nº 99.658, de 30/10/1990, que regulamentou, no âmbito da Administração Pública Federal, o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras formas de desfazimento de material;

e) arts. 65, inciso III, e 66 da Portaria Ministerial nº 305, de 24/5/1995, que aprovou as Instruções Gerais para a Realização de Licitações e Contratos no Ministério do Exército (IG 12-02);

f) arts. 6º, 8º e 18 da Portaria nº 179, de 29/3/1996, que aprovou as Instruções Gerais para a Gestão de Materiais Inservíveis do Ministério do Exército (IG 10-67);

g) arts. 11, parágrafo único, 15 e 19 da Portaria nº 4–Secretaria de Economia e Finanças/Comando do Exército, de 16/7/1999, revogada pela Portaria nº 17-SEF, de 25/10/2006.

73. Assim, ainda que o material, por sua natureza, não possuísse valor contábil no SIAFI, os recursos auferidos pela sua alienação, mediante licitação, deveriam ter sido recolhidos ao Fundo do Exército, nos termos da legislação acima referida.

74. Conquanto os estojos em questão sejam materiais controlados, nada obsta que fosse observado o princípio da publicidade, vez que se trata de mandamento constitucional insculpido no art. 37 do texto magno a que deve se submeter toda a Administração Pública Federal, inclusive as Forças Armadas.

75. Impende acrescentar que não há previsão legal para restrição do caráter público de licitação que vise alienar material controlado inservível. Pelo contrário, trata-se de princípio de caráter obrigatório na condução de todas as modalidades de licitação, quaisquer que sejam os seus objetos, vez que se encontra umbilicalmente ligado ao propósito maior da licitação, ou seja, a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração (art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993).

76. Deve ser ressaltado, ademais, que o suposto desconhecimento da existência de empresas aptas à destruição dos estojos não justificava a alienação direta a interessado específico, máxime com a inobservância dos requisitos legais (art. 26 da Lei nº 8.666, de 1993). Não se pode olvidar, de outra banda, nos termos do § 4º do art. 23 da Lei nº 8.666, de 1993, que nos casos em que

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couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência. Seria suprida, assim, o eventual desconhecimento do potencial do mercado em questão.

h) ‘Ao receber a ordem de seu superior hierárquico de que haveria o transporte desses materiais [estojos] para a empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., o Ten. Cel. Alievi tratou de designar um oficial subalterno ligado ao suprimento de Classe V, no caso específico ou o Ten. Ilha ou Ten. Juliano, ambos testemunhas arroladas pelo Min. Público Militar’;

i) ‘Diante do conhecimento de que a empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., era possuidora de um equipamento de destruição de estojos, por cautela e segurança, determinou que os oficiais Ilha e/ou Juliano acompanhassem pessoalmente toda a operação de destruição’;

j) o contestante não era detentor de carga de nenhum depósito de material, exigência legal conforme determina o Regulamento de Administração do Exército (R-3);

l) ‘Não recebeu valor algum, mas tinha ciência de que os valores, porventura recebidos pela venda da sucata (estojos) eram entregues na sede do 3. Batalhão de Suprimentos, distante cerca de 3 Km de seu posto de trabalho’;

m) ‘Tinha ciência de que uma parte dos valores era repassada ao Comandante da 2a Companhia de Suprimentos (Ten. Tonial), sob a forma de Suprimento de Fundos, até porque tal situação era comentada pelo então Comandante da Companhia e que tal valor foi empregado em obras, serviços e materiais nas instalações da subunidade’;

n) ‘Tinha conhecimento de que o Comandante da 2a Cia. de Suprimentos mantinha um controle desses recursos repassados por meio de lançamento em livro próprio e pelo arquivamento das Notas Fiscais emitidas’;

o) ‘Tinha conhecimento de que alguns serviços foram prestados por operador de máquina retroescavadeira, pois orientou várias vezes o Comandante da 2a Cia. de Suprimentos sobre os locais aonde deveriam ser efetuados os reparos’;

p) os valores recebidos com as vendas das sucatas (estojos) eram revertidos em prol da realização de serviços na unidade militar por iniciativa do Comandante do 3º B Sup (§§ 32 e 33);

q) diante das dificuldades financeiras enfrentadas pelas OM, de maneira especial pelas unidades regionais estratégicas, como é o caso do 3º B Sup, incumbidos do armazenamento, conservação e distribuição de víveres, suprimentos, munições etc., cabe aos comandantes dessas unidades ‘preservarem o moral das tropas, as mínimas condições de trabalho e, mais importante, zelarem pelas instalações militares a qualquer preço’;

r) o contestante ‘acredita que os recursos obtidos pela venda de sucata (estojos), material que deveria ser destruído por completo, até porque não era contabilizado no SIAFI, foi uma maneira de obter verbas e aplicá-las em medidas simples nos próprios da Unidade Militar, fosse em conserto de peças (hidráulicas ou mecânica), fosse na conservação de aceiros, através da contratação de máquinas particulares, instalação, recuperação e melhorias na rede elétrica, em especial em transformadores da rede interna do Batalhão, até porque para a mantença dos procedimentos implementados havia a necessidade de recursos em caixa que nem sempre eram repassados pelos Órgãos Superiores a tempo e a hora’;

s) ‘no ano de 2000 houve uma reestruturação da logística do Exército, tendo sido extinta a Diretoria de Armamento e Munições, sendo suas funções distribuídas a duas novas Diretorias, o que veio causar dificuldades no repasse de verbas para manutenção das medidas conservatórias e reparadoras’;

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t) ‘não caberia ao contestante questionar uma ordem de seu Superior imediatamente Hierárquico, o Ten. Cel. Oberdan, com renomada experiência na aplicação dos dispositivos legais existentes na Lei 8.666/ e que já vinha desempenhando suas funções na Unidade Militar muito antes da transferência do ora contestante e que gozava de muito prestígio junto aos Comandantes que por lá passaram’;

u) ‘Quanto ao ‘repassamento’ da ordem para transporte e entrega de sucata (estojos) na empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., até mesmo por força de suas atribuições como Chefe da Seção de Suprimentos Classe V, cabia ao Ten. Cel. Alievi designar Oficiais (Ten. Ilha e/ou Ten. Juliano) para que fiscalizassem o transporte e a destruição completa das cargas de estojos, sendo que, a partir desse momento, os procedimentos de entrega de valores recebidos da empresa, era feito pelo Oficial designado que repassava diretamente à subtenência da 2a. Cia. de Suprimentos ou então à Ajudância do Comando da Unidade Militar. Tal ordem não parecia absurda, até porque, dada a característica da sucata, ou seja, material sigiloso e de uso exclusivo do Exército Brasileiro e, s.m.j., seria o caso de inexigibilidade de licitação’.

Análise

77. É patente em nosso País as dificuldades financeiras que assolam a Administração Pública. As Forças Armadas não constituem exceção a esse quadro. A despeito disso, não se justifica a burla à legislação para contornar tais restrições. O princípio da legalidade há de ser observado mesmo diante dessas carências.

78. Embora o contestante não fosse o detentor de carga do depósito de material onde eram armazenados os estojos, era o responsável pelo controle desses materiais, vez que era o Chefe da Sec Ctr Sup Cl V, conforme suas próprias declarações (anexo 1, fl. 102, item 9). Nesses termos, impunha-se-lhe o dever de manter estrita supervisão sob a gestão dos estojos, mesmo inservíveis.

79. A afirmação do alegante de que não recebeu valor algum contrasta com o depoimento do Sr. CARLOS JULIANO WEBLER TREVISIOL (Ten JULIANO), segundo o qual à pergunta ‘8. O que havia no envelope e para quem o Sr. entregava no Batalhão?’ respondeu que ‘Havia um cheque e era entregue a quem havia dado a ordem, no caso o Comandante da 2ª companhia ou o chefe da Classe V, o qual era repassado ao Subtenente da Companhia’ (anexo 2, fl. 50).

Das questões meritórias

80. Alegações quanto ao mérito propriamente dito:

a) o contestante encontrava-se em gozo de férias no período de 29/1/2001 a 27/2/2001, com sua família, afastado, portanto, de suas funções militares ao tempo em que o i. Representante do Min. Público alega que houve a última venda de estojos, nos termos de cópias autênticas dos Boletins Internos nºs 020 e 040, de 26 de janeiro e 28 de fevereiro de 2001, respectivamente, expedidas pelo 3º B Sup (fls. 134/135);

Análise

81. Com razão o requerente.

82. Embora os termos genéricos constantes do expediente citatório (‘irregularidade imputada pelo MP/TCU’), o cerne da ocorrência diz respeito ao ‘desvio de materiais sob administração militar do 3º Batalhão de Suprimento em Santa Rita do Sul/RS’, ocorrido em 19/2/2001, data da expedição da Nota Fiscal nº 894 (TC-020.931/2006-2, v. p., fl. 44; TC-011.234/2002-4, anexo 2, fl. 44) pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., no valor de R$ 4.065,00 (quatro mil e sessenta e cinco reais), nos termos da proposta de encaminhamento da instrução anterior, ratificada pelo Relator (anexo 1, fls. 46/48).

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83. Nos termos das cópias autênticas dos Boletins Internos nºs 020 e 040, de 26 de janeiro e 28 de fevereiro de 2001, respectivamente, expedidas pelo 3º B Sup (fls. 134/135), o alegante encontrava-se de férias relativas ao ano de 2000, a contar de 29/1/2001, tendo retornado às suas atividades em 28/2/2001.

84. É crível, portanto, que o então Maj ALIEVI, por encontrar-se de férias de 29/1 a 28/2/2001, não teve participação direta na venda que se aperfeiçoou em 19/2/2001, sobretudo porque não há outras provas, mesmo testemunhais, que afirmem o contrário, ao menos no que tange a essa venda específica.

85. Nesses termos, ao menos no que tange ao exercício sob análise deve ser elidida a irregularidade imputada ao Sr. PAULO CÉSAR ALIEVI, uma vez que à época da alienação irregular, objeto do expediente citatório, o aludido militar encontrava-se de férias.

b) os destaques isolados dos excertos da peça denunciatória do Ministério Público Militar parcialmente reproduzidos ou referenciados nos itens 25/31 dão uma impressão equivocada a quem os lê;

c) ‘a argumentação utilizada está em desconformidade com a verdade, na medida em que o militar chefe da viatura militar que transportava, entregava e acompanhava a destruição total dos estojos, era um Oficial - Tenente ILHA ou o Tenente JULIANO e que ao retornarem à sede do 3. Batalhão de Suprimentos, de praxe, ou repassavam os recursos ao subtenente da 2ª. Companhia ou na Ajudância de Ordens do Comando da Unidade ou para o chamado S4 (função constante do Organograma anexado). Oficial encarregado de Materiais e Instalações’;

Análise

86. Conforme destacado em item precedente, houve ocasiões em que os envelopes contendo cheques em seu interior eram repassados ao Ch Sec Ctr Sup Cl V, que, em tese, os repassava ao subtenente da Companhia.

87. No exercício sub examine, entretanto, conforme noticiado acima, não há evidência de que o então Maj ALIEVI tenha participado direta ou indiretamente da alienação ilegal dos estojos.

d) ‘Até mesmo em respeito à hierarquia militar e à antigüidade de posto, ficou por demais patente os problemas pessoais existentes, à época, entre o Chefe do COS (Ten. Cel. Oberdan) e o mais moderno também Ten. Cel. Alievi, somando-se a isso que as atitudes e posicionamentos adotados pelo Ten. Cel. Alievi contrariavam os interesses escusos do Chefe do COS, pois o mesmo estava na unidade há muitos anos e gozou da confiança absoluta do Comandante – Cel. Nunes durante muito tempo. Posteriormente, tornou-se público entre o Oficialato e Praças da Unidade Militar possíveis envolvimentos do Ten. Cel. Oberdan em outros Inquéritos Militares’. A esse propósito, registra o contestante:

45. O próprio Comandante do 3. Batalhão de Suprimentos, Cel. Nunes, em depoimento às fls. 029 do processo 025/2006-8 (1ª. Auditoria da 3a. CJM.) declarou textualmente, verbis:

‘... Baseado nas denúncias feitas pelos Ministérios Público Militar e Federal e devidamente acatados pelo Poder Judiciário, posso me manifestar que a organização criminosa instalada na OM, encabeçada pelo Ten Cel. OBERDAN, utilizou e abusou de minha confiança para auferir seus objetivos.’ (grifo do autor).

46. Ainda em seu depoimento, afirmou o então Comandante da Unidade Militar, verbis:

‘... Com base na leitura dos documentos que me foram apresentados, verifico que o assunto relativo à venda de estojos foi levantado pelo Ten. Cel. OBERDAN, levando-me a crer que tenha sido uma tentativa de desviar o foco principal das investigações que recaíam sobre ele. Levanto, inclusive, a suspeita de que os depoimentos dos cabos foram orientados com a finalidade de

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comprometer o Maj ALIEVI, pois é inverídica a afirmação do Ten Cel OBERDAN de que eu tratava do assunto com o Maj ALIEVI a portas fechadas..’

Diante das transcrições de parte do depoimento do Coronel NUNES, foi comprovado que a intenção do Ten. Cel. OBERDAN foi desviar o foco das investigações e responsabilidades e impingir ao Cel. NUNES e ao Ten. Cel. ALIEVI culpa pelas vendas’;

e) quanto ao testemunho do Sr. SILMAR WOLF FARBEROWOCZ, reportado no item 27 da aludida instrução (fl. 37), o contestante esclareceu que ‘em realidade o então Major ALIEVI apenas repassava a ordem recebida do Ten. Cel. OBERDAN, pois a viatura saía da Sede do 3. Batalhão de Suprimentos, mais precisamente da ‘Garagem’ que ficava a algumas dezenas de metros do prédio em que despachava o então Chefe do Centro de Operações de Suprimento (COS) – Ten Cel. OBERDAN, ao qual todos os motoristas de transporte de carga estavam subordinados. Para se deslocarem até a 2a. Cia. de Suprimentos tinham, obrigatoriamente, depois de devidamente autorizados e de receberem as ordens, saíam [sic] no portão da Sede Principal, deslocavam-se pela via pública, por cerca de 3 Km., e adentravam no portão da Sede da 2a. Cia. de Suprimentos do Batalhão, ao se apresentarem ao Chefe da Classe V eram orientados a procurarem um dos Tenentes (ILHA ou JULIANO) para os procedimentos. Não raramente o Ten. Cel. OBERDAN ligava para o Ten. Cel. ALIEVI informando do deslocamento de viaturas até aquela Companhia para entrega ou retirada de cargas’;

f) quanto ao depoimento do Sr. ELISANDRO MINOSSO (item 28 da instrução retro), o contestante esclareceu que ‘o motorista já de posse das ordens superiores deslocava-se, devidamente autorizado até a 2a. Cia. De Suprimentos, apresentava-se ao mais antigo, no caso, o então Major Alievi que o orientava quanto a sua apresentação a um dos Tenentes (ILHA OU JULIANO) responsáveis pelo transporte e fiscalização na destruição completa dos estojos. Equivoca-se o ex-militar ao usar a expressão ‘carregar munição’ e que na realidade carregava ‘cunhetes contendo estojos vazios intactos’. Em realidade os estojos não eram intactos, pois tratava-se [de] resíduos de munição utilizada (sucata)’;

g) quanto ao testemunho do Sr. JAIME RODRIGUES, alega o contestante que ‘é totalmente tendencioso, na medida em que a testemunha era pessoa das relações pessoais e familiares do Ten. Cel. OBERDAN, até porque a esposa da testemunha trabalhava como doméstica na residência do Oficial. No que diz respeito à frase atribuída ao Ten. Cel. OBERDAN ‘.. não estava entendendo o comportamento do Major ALIEVI, pois sabia que o Major, com o conhecimento do Cel. NUNES, tinha vendido os estojos vazios obtidos na instrução de tiro do 3. B Sup’ (fl. 8, com grifos acrescidos)’. Tal colocação não passa de uma falácia, pois o Ten. Cel. OBERDAN era o superior hierárquico do Ten. Cel. ALIEVI e como tal era ele que determinava as ordens àquele Oficial que, por sua vez, as repassava aos Oficiais subalternos’;

h) o contestante lança mão de excertos de depoimentos, abaixo reproduzidos, com vistas a elidir sua participação direta ou indireta na venda ilegal dos estojos:

‘51. No depoimento, o ex-militar - Sr. ARI DA SILVA ILHA JUNIOR (Tenente ILHA) ratifica a informação da cadeia hierárquica e que as ordens de carregamento eram repassadas pelo Comandante da Companhia ou pelo Chefe da Classe V (Ten. Cel. ALIEVI) sempre com a ciência do Comando do Batalhão. Mister salientar que o depoente declara textualmente a quem eram entregues os valores recebidos, verbis:

‘..Entregava o envelope na 2ª. Cia. para a subtenência, na Sede para os ‘ordenanças’ do Comandante, normalmente (fl. 48, com grifos acrescidos)’

52. Depreende-se do depoimento do Tenente JULIANO (Juliano Weber Trevisiol) que as informações prestadas pelo Ten. Cel. ALIEVI em parágrafos anteriores estão corretas, ou seja, as ordens recebidas do Chefe do Centro de Operações de Suprimento (COS) eram repassadas ao

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

Tenente JULIANO e que, quando do retorno ao Batalhão, após o acompanhamento e fiscalização da destruição, por completo, da carga de sucata, ele se dirigia ao Comandante da 2ª. Cia. de Suprimentos ou ao chefe da Classe V, dando satisfação do cumprimento da missão e entregava os ditos envelopes ao subtenente da Companhia, ou seja, não os entregava ao Ten. Cel. ALIEVI’;

Análise

88. O exame do mérito dessas alegações restou prejudicado no exercício em comento, uma vez que o requerente encontrava-se de férias por ocasião da venda do material.

89. Entendo, ademais, que o confronto dos depoimentos será mais oportuno no exame das contrarrazões apresentadas pelo requerente ao recurso de revisão interposto pelo Ministério Público nas contas de 2000 (TC-007.217/2001-9), em exame nesta unidade especializada.

90. Insta consignar, todavia, que a alegação constante do item 52, supra, contrasta com o depoimento do Ten JULIANO, conforme já assinalado.

Conclusão parcial

91. Convém salientar que nos processos conexos, que, em tese, poderiam repercutir no exame ora realizado, nos termos do item IV da instrução pregressa, subitens 41/47 (fls. 43/45), não há indícios de envolvimento do Sr. PAULO CÉSAR ALIEVI no cometimento de outras irregularidades ali versadas.

92. Impende acrescentar, todavia, que, após a instrução anterior, ultimada em 29/3/2007, foi juntado cópia do TC-011.071/2006-0 a estes autos, precisamente na data de 24/5/2007, no qual há indícios de cometimento de irregularidades atribuídas ao Sr. PAULO CÉSAR ALIEVI, que poderão repercutir no mérito das contas ora reabertas, relativas ao exercício de 2001 (cf. fl. 104).

93. Assim, antes do pronunciamento final do mérito das contas sob exame, deverão ser realizadas as audiências indicadas às fls. 102/104 do TC-011.071/2006-0, à exceção das atinentes aos militares diretamente vinculados ao Comando da 3ª Região Militar, nos termos dos despachos exarados pelo Relator, Ministro MARCOS BEMQUERER COSTA, e pelo digno representante do Ministério Público junto a esta Corte (fls. 107/110).

II.4 - EMPRESA GUAÍBA COMÉRCIO DE METAIS LTDA. (ANEXO 1, FLS. 86/87).

94. Oferecida à empresa em epígrafe a oportunidade de oferecer contrarrazões recursais, nos termos do Ofício nº 1073/2007-TCU/SERUR, de 16/4/2007 (anexo 1, fls. 53/54), argüiu apenas que ‘O representante legal da Requerida foi ouvido no IPM (TC-020.931/2006-2, fls. 20), confirmando a prova material apresentada, ou seja, a Recorrida adquiriu o material oriundo do Exército, através de licitação vencida e com extração de Notas Fiscais’.

Análise

95. Não procede a afirmação do representante legal da empresa. Observa-se que no depoimento aludido (ver TC-011.234/2002-4, anexo 2, fl. 20, cópia do TC-020.931/2006-2), não houve menção às compras de estojos efetuadas no exercício de 2001, tal como atesta a Nota Fiscal de compra existente nos autos, emitida pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda. (ver TC-011.234/2002-4, anexo 2, fl. 44, cópia do TC-020.931/2006-2).

Conclusão parcial

96. À vista do exposto, quanto à responsabilização solidária das empresas receptadoras, ratifica-se tanto o entendimento da Secex-RS (anexo 2, fl. 92, itens 14/16), quanto o da instrução anterior (anexo 1, fls. 38/43, itens 33/40).

97. Propõe-se, por conseguinte, o não-acatamento das contrarrazões oferecidas pela Empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

III - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

98. Ante o exposto, submeto a seguinte proposta de encaminhamento à consideração superior, para posterior submissão ao crivo do eminente Relator, Ministro GUILHERME PALMEIRA:

a) deferir o pedido de vistas bem como a solicitação de cópia integral dos autos referentes ao TC-011.234/2002-4, bem como ao TC-011.071/2006-0, juntado por cópia, inclusive desta instrução e do despacho ou parecer do Titular desta unidade que ultimará esta fase processual, requerida pelo Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIN, ainda pendente de atendimento (anexo 1, fl. 68);

b) conceder ao Sr. OBERDAN SCHIEFELBEIN de prazo adicional de 15 (quinze) dias para eventual complementação de contrarrazões recursais, a contar da obtenção das aludidas cópias;

c) realizar as audiências propostas às fls. 102/104 do TC-011.071/2006-0, juntado por cópia, já autorizadas pelo Relator, Ministro MARCOS BEMQUERER COSTA (alínea ‘a’ do Despacho exarado à fl. 107 do precitado TC-011.071/2006-0), excetuando as atinentes aos Srs. VIRGÍLIO RIBEIRO MUXFELDT e MERCI CARON, respectivamente, Comandante da 3ª Região Militar e Chefe do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 3ª Região Militar, consoante Parecer do Douto Ministério Público junto a esta Corte (fls. 108/110 do TC-011.071/2006-0);

d) sem prejuízo do exame das eventuais contrarrazões adicionais e das razões de justificativa a serem apresentadas, de que tratam as alíneas anteriores, aguardar o desfecho do exame do TC-014.032/2006-5, ora sobrestado por força do despacho ministerial de fl. 48, para conclusão da instrução de mérito do presente recurso de revisão;

e) dar ciência da deliberação que vier a ser proferida ao Ministério Público Militar, em atenção ao Of. nº 092/06/PJM/POA/RS, de 25/8/2006, nos termos do Despacho do Relator exarado à fl. 48.’ (grifos no original)

7. O corpo diretivo da Secretaria de Recursos dissentiu, nos seguintes termos, do encaminhamento consignado pelo auditor instrutor:

‘4. Na instrução precedente, relativamente à questão da venda de estojos, o Sr. Analista [auditor] faz uma interpretação diferente da contida na análise procedida no TC 011.234/2002-4, conforme explicita nos subitens 5.2.1.6 e 5.5.1.10. Enquanto nestes autos a instrução defende que os estojos inservíveis só poderiam ser vendidos por meio de licitação para exportação ou para colecionadores, conforme arts. 113 e 114 do Decreto 3.665, de 21/11/2000, específico para o caso, naqueles outros, permeando outros normativos, entendeu-se que a venda do material para destruição ou aproveitamento da matéria-prima tinha que necessariamente ser feita por licitação. Enquanto um focou a norma específica, o outro fez uma análise sistêmica, concluindo que a destruição ou o desmanche para o aproveitamento da matéria-prima pudessem ser terceirizados. Ambas as interpretações são razoáveis e não colidem nem influem na situação analisada, já que o responsável atuou de forma irregular, qualquer que fosse a hipótese albergada, pois não deu publicidade ao ato, comercializando aproximadamente 34 t. de estojos sem registro da alienação.

5. Nestes termos, considerando a necessidade de aguardar o desfecho da TCE constante do TC 014.032/2006-5 para se averiguar seus reflexos nas contas da Unidade de 2000, elevo os autos à consideração superior, propondo, preliminarmente, que as medidas saneadoras determinadas no TC 011.071/2006-0, juntado por cópia, fls. 107, da audiência proposta às fls. 102 a 104, daquele TC 011.071/2006-0 sejam realizadas, pois podem ter reflexos nestes autos. As audiências em contra-razões recursais podem ser feitas para os exercícios de 2000 e 2001, conjuntamente, pois o mesmo aconteceu no TC 011.234/2002-4.’

8. Realizadas as audiências constantes do processo nº TC 011.071/2006-0, juntado ao presente, e constatado que não mais haviam motivos para o sobrestamento desses autos, o corpo

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

diretivo da Serur propôs que também fossem apuradas as irregularidades contidas no processo nº TC 014.032/2006-5, ‘oportunizando aos responsáveis a possibilidade de apresentar contrarrazões recursais.’.

9. Remetidos os autos à 3ª Secretaria de Controle Externo (3ª Secex), em face de mudança de metodologia de instrução de recursos de revisão no âmbito deste Tribunal de Contas, foi elaborada a instrução constante às fls. 31/43 (peça 6), no essencial transcrita a seguir, por meio da qual aquela unidade técnica anuiu ao exame empreendido pela Secretaria de Recursos, relacionado à necessidade de também serem realizadas as citações constantes do processo nº TC 014.032/2006-5:

“TC 011.071/2006-0

17. O TC 011.071/2006-0 tratava de documentação relativa ao Inquérito Policial Militar (IPM nº 46/04) promovido pela Procuradoria da Justiça Militar de Porto Alegre – RS, encaminhado a este Tribunal pelo Exmo. Juiz-Auditor Substituto Alcides Alcaraz Gomes, da 1ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM). O referido IPM versava sobre irregularidades ocorridas na gestão do 3º B Sup – Comando do Exército, localizado em Nova Santa Rita - RS.

18. Instruído no âmbito da 3ª Secex, conforme instrução de fls. 91-104 daquele TC, além da realização de audiência de responsáveis, foi proposta a sua juntada, por cópias, aos TC’s 007.217/2001-9 e 011.234/2002-4. A proposta que exsurgiu da análise dos autos foi a seguinte:

‘7.1.2 realizar a audiência, com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/92 c/c art. 250 inciso IV, do RI/TCU, dos responsáveis abaixo especificados, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa, quanto às seguintes irregularidades:

a) celebração de acordo informal entre o 3º Batalhão de Suprimentos do Comando do Exército – 3º B Sup e a Companhia Brasileira de Cartuchos, por meio do qual a referida empresa utilizou indevidamente paióis da Organização Militar em tela para o armazenamento de pólvora, no período de julho de 1998 a fevereiro de 2001, contrariando os arts. 23, 42 e 49 das IG 10-03; arts. 38 e 60 da Lei nº 8.666/93 c/c art. 1º da Lei nº 8.159/91, que tratam da formalização do instrumento contratual, do processo administrativo que lhe deu origem, bem como da gestão de documentos no âmbito da Administração Pública;

b) realização de arrendamento, sem prévia licitação, do imóvel do Exército acima a empresa privada, em desacordo com o art. 2º da Lei 8.666/93;

c) utilização de bem público por empresa privada, conforme acima especificado, sem a formalização de instrumento contratual, para fins unicamente particulares, o que configura ato de improbidade administrativa cometido pelos responsáveis que permitiram a ocorrência do feito, nos termos do art. 10, incisos II e XII, e do art. 11, inciso I, ambos da Lei nº 8.429/92;

d) não-realização de estudo preliminar para a avaliação da viabilidade técnica do arrendamento, em especial no que se refere ao levantamento dos custos envolvidos, à aferição da compatibilidade dos valores cobrados da Companhia Brasileira de cartuchos com os preços de mercado para contratações similares, bem como à identificação dos riscos operacionais e dos impactos do ajuste nos trabalhos do 3º B Sup, em desacordo com os arts. 18 e 45 das IR 50-13;

e) inexistência do registro contábil da receita patrimonial arrecadada por meio do arrendamento de imóvel público, supra, bem como da escrituração das despesas executadas com tais recursos, além da inexistência de qualquer lançamento no SIAFI relativo às operações em comento, em afronta aos arts. 52, 91 e 97 da Lei nº 4.320/64;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

f) não-realização do depósito dos recursos obtidos por meio do arrendamento em tela no Fundo do Exército, em desacordo com o art. 53 das IR 50-13 c/c art. 2º, inciso II, do Decreto-Lei nº 1.310/74;

g) ausência de prestação de contas das despesas realizadas com os recursos captaneados pelo 3º B Sup mediante o arrendamento de seus paióis à Companhia Brasileira de Cartuchos, com a correspondente documentação comprobatória dos gastos realizados pela Unidade Militar na melhoria de suas instalações, de modo a evidenciar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, em afronta ao art. 188 do RI/TCU; e

h) falta de licitação prévia na realização das despesas com os recursos arrecadados mediante arrendamento, em desacordo com o art. 2º da Lei nº 8.666/93.

Responsáveis:

- Virgilio Ribeiro Muxfeldt (CPF nº 001.976.539-87), General-de-Divisão, à época, que exerceu a função de Comandante da 3ª Região Militar em 1999 e 2000;

- Merci Caron (CPF nº 321.755.827-87), Coronel que exercia, à época, a função de Chefe do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 3ª Região Militar;

- Paulo Roberto Rodrigues Nunes (CPF nº 379.107.287-00), Coronel que exerceu, entre 1999 e 2000, a função de Comandante do 3º B Sup em 1999 e 2000;

- Oberdan Schiefelbein (CPF nº 569.291.887-00), Tenente-Coronel que exerceu a função de Comandante interino do 3º B Sup em 1998; e

- Paulo Cesar Alievi (CPF nº 734.110.197-00), Major, à época, que exerceu a função de Chefe da Seção de classe V do 3º B Sup no período de 1998 a 2001.

7.1.3 juntar cópia dos presentes autos aos TC 007.217/2001-9 e TC 011.234/2002-4, para o prosseguimento da análise das irregularidades inquinadas aos militares Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schiefelbein e Paulo Cesar Alievi, responsáveis pelas contas de 2000 e 2001 do 3º B Sup;

7.1.4 encaminhar proposta ao MP/TCU, para que proceda à avaliação da conveniência e oportunidade da interposição de recurso de revisão em face das decisões proferidas na Sessão de 30/7/2002 da 1ª Câmara, inserida na Relação nº 42/2002 (Ata nº 25/2002), bem como na Sessão de 26/4/2005 da 1ª Câmara, inserida na Relação nº 43/2005 (Ata nº 13/2005), que cuidaram, respectivamente, das contas de 2000 e de 2001 da 3ª RM, nos termos do art. 288, § 2º, do RI/TCU c/c o art. 44, § 2º, da Resolução nº 191/2006 – TCU; e

7.1.5 juntar cópia destes autos aos TC 007.681/2001-1 e TC 011.245/2002-8, para o prosseguimento do feito em relação aos militares Virgilio Ribeiro Muxfeldt e Merci Caron, caso procedida a reabertura das contas de 2000 e 2001 da 3ª RM, na forma acima.’

19. Isso posto, a Serur promoveu as seguintes audiências, listadas no quadro 3, cujas razões de justificativas apresentadas, que ainda se encontram pendentes de análise, estão listadas no quadro 4.

Quadro 3 – audiências promovidas no âmbito do apensado TC 011.071/2006-0

Responsável Nº Ofício de citação Data LocalizaçãoOberdan Schiefelbein 476/2009-TCU-SERUR 19/9/2008 fls. 178/79, A.1Paulo César Alievi 477/2009-TCU-SERUR 19/9/2008 fls. 180/81, A.1Paulo Roberto Rodrigues Nunes 478/2009-TCU-SERUR 19/9/2008 fls. 182/83, A.1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

Quadro 4- razões de justificativas apresentadas no âmbito do apensado TC 011.071/2006-0

Responsável Data da apresentação Localização nos autosPaulo Roberto Rodrigues Nunes 30/10/2008 fls. 196/199, Anexo 1Paulo César Alievi 19/11/2008 fls. 210/219 Anexo 1Oberdan Schiefelbein 14/11/2008 fls. 1/295, Anexo 4

TC-014.032/2006-5

20. Nesse meio tempo, o TC-014.032/2006-5, que sobrestava o andamento do presente processo e do TC 007.217/2001-9, foi encerrado e apensado aos presentes autos. Verifica-se naquela TCE a existência de proposta de citação de vários responsáveis, consoante instrução de fls. 969/991 daqueles autos, elaborada no âmbito da 3.ª Secex, ainda não realizadas.

21. O apensado TC-014.032/2006-5 tratava de tomada de contas especial instaurada no 3º Batalhão de Suprimentos do Comando do Exército com o fito de quantificar dano ao Erário e identificar os responsáveis por irregularidades que ocorreram nos períodos de gestão de 1999 a 2001. Foram apuradas as seguintes irregularidades: falta de carne bovina e suína nos estoques do Depósito de Suprimento Cl I da Seção de Suprimento Cl I; recebimento de gêneros alimentícios diferentes das especificações descritas nos processos licitatórios; obras e serviços contratados, pagos, porém não executados; e aquisição de pão francês por preços superiores aos praticados no mercado.

22. A instrução de fls. 969-991 daquele TC, realizada em 12/5/2009, apresentou a seguinte proposta de encaminhamento, in verbis:

‘61. Isso posto, submetemos os autos à consideração superior, ao apresentarmos proposta no sentido de que este Tribunal promova a:

I. citação, com base nos artigos 10, § 1º, e 12, II, da lei 8.443/92, c/c o artigo 202, II do regimento interno deste TCU, do senhor Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresente alegações de defesa ou recolha aos cofres do Tesouro Nacional a quantia de R$ 19.545,54 (dezenove mil quinhentos e quarenta e cinco reais e cinquenta e quatro centavos), relativa à falta de seis toneladas de carne bovina nos estoques do Depósito de Suprimento Cl I da Seção de Suprimento Cl I, apurada em inventário realizado em outubro de 2001, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora calculados a partir de 1º de outubro de 2001 até a do efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as quantias já ressarcidas na forma da legislação em vigor.

II. citação, com base nos artigos 10, § 1º, e 12, II, da lei 8.443/92, c/c o artigo 202, II do regimento interno deste TCU, dos responsáveis solidários senhor Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, senhor Marcelo Menezes Guimarães, CPF 012.416.287/85 e a Construtora Senna, , CNPJ 03.271.658/0001-26, na pessoa de sua proprietária senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky, CPF 505.051.060/00, pelos valores dos débitos indicados, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Tesouro Nacional as quantias devidas, relativas às ocorrências listadas abaixo - obras não executadas -, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora calculados a partir das datas indicadas até a data do efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as quantias já ressarcidas na forma da legislação em vigor.

Ocorrências Valores (R$) Data2001NE900008 - serviço de concretagem da base de sustentação do gerador da Câmara Frigorífica do Armazém de Víveres/20.

1.705,96 28.6.2001

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

2001NE900500 - manutenção de 30 pallets de madeira utilizados pela CLVIII no transporte de materiais de saúde. 789,25 19.12.2001

2001NE900566 - substituição de todo o telhado do pavilhão de comando do 3º Batalhão de Suprimento, ao totalizar 180 metros quadrados de telhas de amianto 6mm.

5.414,89 21.12.2001

2001NE900578 - serviço de pintura de quatro janelas da Seção Mobilizadora e da Seção de Relações Públicas. 104,67 21.12.2001

III. citação, com base nos artigos 10, § 1º, e 12, II, da lei 8.443/92, c/c o artigo 202, II do regimento interno deste TCU, dos responsáveis solidários senhor Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, senhor Marcelo Menezes Guimarães, CPF 012.416.287/85 e a Construtora Senna, CNPJ 03.271.658/0001-26, na pessoa de sua proprietária senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky, CPF 505.051.060/00, pelo valor de R$ 91,33 (noventa e um reais e trinta e três centavos), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Tesouro Nacional a quantia devida, relativa à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para atender a Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à 01NE900164, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora calculados a partir de 23 de maio de 2001 até a data do efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as quantias já ressarcidas na forma da legislação em vigor.

IV. citação, com base nos artigos 10, § 1º, e 12, II, da lei 8.443/92, c/c o artigo 202, II do regimento interno deste TCU, dos responsáveis solidários senhor Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, senhor Marcelo Menezes Guimarães, CPF 012.416.287/85 e a empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda, CNPJ 94.083.938/0001-66, na pessoa de seu sócio diretor, senhor Renato Silva da Silva, CPF 233.065.800/15, pelo valor de R$ 1.485,92 (um mil quatrocentos e oitenta e cinco reais e noventa e dois centavos), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Tesouro Nacional a quantia devida, relativa à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para manutenção da Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à 01NE900158, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora calculados a partir de 23 de maio de 2001 até a data do efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as quantias já ressarcidas na forma da legislação em vigor.

V. citação, com base nos artigos 10, § 1º, e 12, II, da lei 8.443/92, c/c o artigo 202, II do regimento interno deste TCU, dos responsáveis solidários senhor Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, e a empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda, CNPJ 94.083.938/0001-66, na pessoa de seu sócio diretor, senhor Renato Silva da Silva, CPF 233.065.800/15, pelo valor de R$ 4.897,00 (quatro mil oitocentos e noventa e sete reais), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Tesouro Nacional a quantia devida, relativa à execução parcial de obra, aquisição de material para a manutenção das instalações dos paióis, referente à 01NE000680, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora calculados a partir de 11 de fevereiro de 2000 até a data do efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as quantias já ressarcidas na forma da legislação em vigor.

VI. citação, com base nos artigos 10, § 1º, e 12, II, da lei 8.443/92, c/c o artigo 202, II do regimento interno deste TCU, dos responsáveis solidários, senhor Paulo Roberto Rodrigues Nunes, CPF 379.107.287/00, senhor Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, senhor Marcius Vinicius de Jesus, CPF 754.277.024/15, senhor Marcos Antônio Steil, CPF 168.618.538/36 e a empresa Panifício Superpan Ltda., CNPJ 92.884246/0001-91, na pessoa de seu sócio majoritário, senhor Arildo Bennech de Oliveira, CPF 214.840.070-34, pelos valores dos débitos indicados, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Tesouro Nacional as quantias devidas, relativas à aquisição de pão francês a preços superiores aos

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praticados no mercado por intermédio da tomada de preços 09/1999, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora calculados a partir das datas indicadas até a data do efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as quantias já ressarcidas na forma da legislação em vigor.

OB de referência Valor R$ Data2000OB000088 540,49 21.3.20002000OB000090 814,59 21.3.20002000OB000115 416,17 7.4.20002000OB000116 617,70 7.4.20002000OB000117 549,75 7.4.20002000OB000132 2.884,65 2.5.20002000OB000165 4.643,55 9.5.20002000OB000167 397,64 9.5.20002000OB000203 540,48 29.5.20002000OB000205 92,65 29.5.20002000OB000230 4.340,11 12.6.20002000OB000235 617,70 12.6.20002000OB000268 4.236,65 14.6.20002000OB000275 262,52 14.6.20002000OB000324 579,09 4.7.20002000OB000339 4.004,24 13.7.20002000OB000361 145,93 14.7.20002000OB000362 337,42 17.7.20002000OB000440 5.423,40 22.8.20002000OB000449 156,74 22.8.20002000OB000485 849,33 15.9.20002000OB000527 294,18 29.9.20002000OB000544 4.228,15 11.10.20002000OB000573 772,12 11.10.20002000OB000604 71,81 1º.11.20002000OB000686 694,91 16.11.20002000OB000691 471,77 16.11.20002000OB000692 4.560,94 16.11.20002000OB000697 772,12 16.11.20002000OB000721 4.615,76 29.11.20002000OB000750 90,34 5.12.20002000OB000752 694,91 5.12.20002000OB000777 3.977,21 15.12.20002000OB000781 297,27 15.12.20002000OB000891 540,49 28.12.20002000OB000892 540,49 28.12.20002001OB000019 5.600,22 7.2.2001

VII. citação, com base nos artigos 10, § 1º, e 12, II, da lei 8.443/92, c/c o artigo 202, II do regimento interno deste TCU, dos responsáveis solidários, senhor Paulo Roberto Rodrigues Nunes, CPF 379.107.287/00, senhor Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, senhor Reimbran Kolling Pinheiro, CPF 898.775.510/04, senhor Guilherme Firpo dal Ponte, CPF 801.442.410/72 e a empresa Panifício Superpan Ltda., CNPJ 92.884246/0001-91, na pessoa de sócio majoritário,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

senhor Arildo Bennech de Oliveira, CPF 214.840.070-34, pelos valores dos débitos indicados, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Tesouro Nacional as quantias devidas, relativas à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da tomada de preços 10/2000, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora calculados a partir das datas indicadas até a data do efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as quantias já ressarcidas na forma da legislação em vigor.

OB de referência Valor R$ Data2001OB000089 154,68 19.3.20012001OB000090 2.700,40 19.3.20012001OB000101 698,55 23.3.20012001OB000130 997,93 30.3.20012001OB000146 4.990,64 9.4.20012001OB000160 175,64 10.4.20012001OB000199 748,44 2.5.20012001OB000251 194,59 15.5.20012001OB000252 189,61 15.5.20012001OB000253 139,71 15.5.20012001OB000254 888,15 15.5.20012001OB000255 364,24 15.5.20012001OB000256 498,96 15.5.20012001OB000257 355,27 16.5.20012001OB000258 991,94 16.5.20012001OB000285 798,34 1º.6.20012001OB000424 848,24 13.9.20012001OB000427 2.779,23 13.9.20012001OB000431 600,75 13.9.20012001OB000532 598,76 10.10.20012001OB000533 149,69 10.10.20012001OB000534 152,68 10.10.20012001OB000538 3.640,44 10.10.20012001OB000540 598,76 10.10.20012001OB000545 254,47 10.10.20012001OB000554 598,76 10.10.20012001OB000555 399,17 10.10.20012001OB000560 250,48 10.10.20012001OB000564 598,76 10.10.20012001OB000565 598,76 10.10.20012001OB000566 590,77 10.10.20012001OB000568 2.693,41 10.10.20012001OB000609 2.671,45 17.10.20012001OB000619 744,46 24.10.20012001OB000671 299,38 7.11.20012001OB000672 598,76 7.11.20012001OB000697 2.440,93 14.11.20012001OB000720 598,76 28.11.20012001OB000767 498,96 30.11.2001

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

2001OB000816 3.676,37 13.12.20012001OB000831 997,93 19.12.20012001OB900035 4.613,42 21.12.2001

(...)’

23. A proposta acima foi submetida ao descortino do ministro-relator André Luis de Carvalho em 15/5/2009. Este, em Despacho de 24/6/2009 (fl. 993 do TC 014.032/2006-5) encaminhou os autos à Serur para providências e, em novo Despacho de 30/6/2009 (fl. 994), determinou o apensamento definitivo a este TC 011.234/2002-4.

24. Nada obstante os Despachos de fls. 993 e 994 do TC 014.032/2006-5, as citações objeto da proposta de fls. 969-991 daquele TC ainda não foram realizadas. Por isso, torna-se necessário, como medida preliminar, a realização daquelas citações para, em conjunto com a análise do recurso de revisão e com as análises referentes às audiências determinadas no âmbito do TC 011.071/06-0, que ainda estão pendentes, decidir sobre o mérito das contas do 3º Batalhão de Suprimentos referentes aos exercícios de 2001 e de 2000.

25. Por seu turno, em Sessão Ordinária de 24/6/2009, o Plenário deste Tribunal aprovou Questão de Ordem (Anexo III da Ata n. 25, publicada em 26/6/2009, com cópia juntada às fls. 222-223 do Anexo 1) determinando o levantamento imediato do sobrestamento dos recursos que se encontravam nesta situação e o seu encaminhamento à Unidade Técnica responsável pela condução do processo que deu causa à reabertura das contas. Ou seja, para este caso específico, o Plenário determinou o encerramento dos sobrestamentos que obstavam a análise da reabertura das contas de 2000 e 2001 da 3º Batalhão de Suprimentos, motivada pelos recursos de revisão interpostos pelo MP/TCU.

26. Diante do exposto, proponho, preliminarmente, a realização das citações propostas na instrução de fls. 969-991 do TC 014.032/2006-5, reproduzidas no parágrafo 21 desta instrução, que ainda não foram realizadas.’

10. Expedidas, da forma proposta, novas comunicações processuais, parte dos responsáveis compareceu aos autos e apresentou alegações de defesa. Recebidas também as razões de justificativa relacionadas ao TC 011.071/2006-5, foi promovida, no âmbito da 3ª Secex, a seguinte análise (peça 43):

‘II – RAZÕES DE JUSTIFICATIVA APRESENTADAS – Ref. TC 011.071/2006-5

Responsável Nº do Ofício de Audiência Data de expediçãoOberdan Schiefelbein 476/2008-TCU-SERUR 19/9/2008Paulo César Alievi 477/2008-TCU-SERUR 19/9/2008Paulo Roberto Rodrigues Nunes 478/2008-TCU-SERUR 19/9/2008

Responsável Data apresentação Localização nos autosPaulo Roberto Rodrigues Nunes 30/10/2008 Peça 5, p. 50-53Paulo César Alievi 19/11/2008 Peça 6. p. 13-22

Oberdan Schiefelbein 14/11/2008 Peça 25, p. 2-8; P25, p. 22 - P26, p. 14

Paulo Roberto Rodrigues Nunes

30. Apresentou as seguintes razões de justificativas, reproduzidas com pequenas modificações:

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30.1 Ao assumir o comando do 3º Batalhão de Suprimentos, em janeiro de 1999, foi informado sobre a armazenagem de pólvora da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), em instalação da Unidade, por determinação do Comando da 3ª Região Militar.

30.2 Na primeira oportunidade que teve contato com o Cel. Caron, que exercia o cargo de Chefe do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC) da 3ª RM, solicitou que lhe colocasse a par do assunto. Foi informado que o armazenamento teve início em 1997, fruto de entendimentos entre a Direção da CBC e o Cmdo da 3ª RM. Tal prática deveria ocorrer enquanto a CBC construía suas instalações definitivas em Montenegro (RS), pois as instalações provisórias que utilizava não ofereciam condições de armazenagem.

30.3 Relatou que o assunto envolvia uma questão estratégica para o Exército, ligada à Segurança Nacional, havendo, portanto, interesse na instalação industrial de munição no sul do país, região que concentra um grande número de Unidades Militares. Como compensação pela utilização das instalações, a CBC deveria custear os serviços necessários para a manutenção da área dos paióis, onde era armazenada a pólvora, que não deveria ultrapassar o valor de seis salários mínimos mensais, conforme acordado na época.

30.4 Diante de tais informações, deu continuidade à atividade nos mesmos moldes em que vinha sendo executada, considerando o interesse estratégico do EB e os benefícios que trazia para a Unidade, extremamente carente de recursos naquela área e, ainda, por ser uma atividade temporária e com o respaldo do Cmdo da 3ª RM.

31. Quanto às ocorrências apontadas nas letras a), b) e c) do oficio 478, sobre celebração de acordo informal e arrendamento a empresa privada, sem prévia licitação, para fins unicamente particulares, o responsável apresentou as seguintes razões:

31.1 Não houve formalização de contrato porque se tratava de uma atividade operacional, uma atividade bélica imposta pelo escalão superior que fugia completamente dos padrões normais de um processo administrativo;

31.2 Da mesma forma, não houve licitação por não ser cabível o arrendamento do imóvel do Exército em questão, constituído de paiol para armazenamento de munições, explosivos e outros artefatos bélicos, destinado única e exclusivamente para fins militares. Foi uma missão imposta pelo escalão superior, atendendo a interesse estratégico, sendo a CBC a única com características para a qual a instalação era adequada;

31.3 Com relação ao entendimento contido nos itens 3.10 e 3.11 da instrução da 3ª Secretaria de Controle Externo, encaminhada com o oficio referido, discordando quanto à importância estratégica para o EB, uma vez que a fábrica da CBC instalada em Montenegro se destina à fabricação de munição de caça e não militar, afiança que o mesmo está equivocado:

- Em termos gerais, o valor estratégico de uma indústria, para fins de mobilização industrial, mede-se pelo seu potencial em relação ao que ela poderá produzir em proveito das Forças Armadas, no caso de ser decretada, pelo Presidente da República, a Mobilização Nacional em face de um eventual conflito armado, a uma guerra. Assim sendo, uma indústria de veículos, por exemplo, poderá ser adaptada para a produção de viaturas militares; da mesma forma, uma indústria de roupas e calçados poderá produzir fardamentos, calçados e equipamentos individuais de uso militar; o mesmo se aplica a indústrias de eletro-eletrônicos, de armas e outras. Nesse sentido, qualquer estabelecimento industrial, independente da sua natureza, que possa ser adaptado para a produção de material de emprego militar tem importância estratégica, para fins de mobilização.

- Na estrutura organizacional do Exército, os órgãos responsáveis pelo levantamento do potencial de mobilização das diversas regiões do país são os Comandos das Regiões Militares. Por

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conseguinte, cabe ao Cmdo da 3ª RM o levantamento deste potencial em parte da Região Sul, mais precisamente, no Estado do Rio Grande do Sul. No cumprimento dessa atribuição, o Cmdo da 3ª RM considerou que a instalação da fábrica da CBC em Montenegro teria grande importância estratégica, pois, apesar de destinada à produção de cartuchos de caça, sem qualquer aplicação em atividade militar, poderia ser adaptada para a fabricação de munição militar, se necessário.

32. Com relação ao item d), sobre a não realização de estudo preliminar para a avaliação da viabilidade técnica do arrendamento, em especial no que se refere ao levantamento dos custos envolvidos, à aferição da compatibilidade dos valores cobrados da CBC com os preços de mercado para contratações similares, bem como à identificação dos riscos operacionais e dos impactos do ajuste nos trabalhos do 3º B Sup., apresentou as razões a seguir:

- Não houve estudo preliminar porque a viabilidade técnica estava comprovada pela própria natureza da instalação a ser utilizada: paiol para armazenamento de munições, explosivos e outros artefatos bélicos, construído exclusivamente para esse fim, obedecendo a todos os padrões técnicos e de segurança exigidos em instalações militares desse tipo.

- Quanto à compatibilidade dos valores cobrados com os preços de mercado para contratações similares, era impossível aferi-la considerando que não existiam contratações similares. Considera a mesma como uma exceção, não prevista em dispositivo legal, cuja natureza militar foge aos padrões de um processo administrativo normal.

- Do mesmo modo, os riscos operacionais e os impactos do ajuste nos trabalhos do 3º B Sup foram mínimos, ou até mesmo nulos, pois o pessoal empregado nessa área era altamente treinado, vez que tiveram sua formação militar voltada para esse fim e tinham perfeitas condições de minimizar ou anular esses riscos.

- Não houve necessidade de nenhum ajuste nos trabalhos, pois os mesmos faziam parte das lides diárias daquele setor da Unidade. Acrescentou que houve vantagem para a Unidade, se considerar que a atividade proporcionou a oportunidade de treinamento do pessoal.

33. No que concerne aos itens e), f) e g), que tratam da inexistência de registros contábeis, escrituração das despesas executadas, inexistência de lançamento no SIAFI, não realização de depósitos no Fundo do Exército e ausência de prestação de contas das despesas realizadas, alegou que o não cumprimento dessas formalidades deu-se pelos mesmos motivos colocados nos itens anteriores, a considerar que se tratava de uma atividade operacional, uma atividade bélica imposta pelo escalão superior que fugia completamente dos padrões normais de um processo administrativo. Todavia, não deixou de haver controle sobre os recursos recebidos e sua aplicação foi exclusivamente em proveito das instalações utilizadas, arrematou.

34. Concluiu que a venda de estojos vazios ocorreu sem sua autorização e sem o seu conhecimento. No caso em tela, coerente com os seus princípios, assumiu total responsabilidade pelo armazenamento de pólvora pela CBC, no período de 26 de janeiro de 1999 a 26 de janeiro de 2001, quando, como Comandante da Unidade, autorizou a continuidade da atividade, nos mesmos moldes em que vinha sendo executada, tomando-se assim, o único responsável. Isentou de responsabilidade quaisquer outros militares do 3º B Sup. envolvidos no período citado.

34. Por fim, solicitou, quando da análise de suas alegações, que fossem levados em conta os seguintes aspectos:

- suas referências pessoais e conduta ao longo da carreira;

- que não houve, absolutamente, dolo ou intenção deliberada de burlar a legislação;

- que sua conduta pautou-se estritamente no sentimento de cumprimento de uma missão confiada pelo escalão superior;

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- que, como Comandante da Unidade, visou a manutenção e melhoria das instalações e, por conseguinte, a melhoria das condições de trabalho dos seus subordinados;

- que não houve, absolutamente, qualquer dano ao erário, havendo melhorias no patrimônio.

Paulo César Alievi

35. Acerca da ‘a) Celebração informal entre o 3º Batalhão de Suprimentos do Comando do Exército - 3º B Sup., e a Companhia Brasileira de Cartuchos, por meio do qual a referida empresa utilizou indevidamente, paióis da Organização Militar em tela para o armazenamento de pólvora, no período de julho de 1998 a fevereiro de 2001, contrariando os arts. 23, 42 e 49 IG 10-03; arts. 38 e 60 da Lei 8.666/1993 c/c o art. 10 da Lei 8.159/1991, que tratam da formalização do instrumento contratual, do processo administrativo que lhe deu origem, bem como da gestão de documentos no âmbito da administração pública’:

35.1 Foi informado de um acordo entre o Comando da 3ª Região Militar, representada pelo Cel. Caron, e a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), visando à utilização do paiol de munição do batalhão para o depósito de material explosivo, em favor da CBC, em caráter provisório.

35.2 Recebeu do Comandante da Unidade Militar a ordem para elaboração das normas atinentes às atividades da Seção de Suprimentos da Classe V(Sec Sup. Cl V), tais como o recebimento, manuseio da pólvora e da circulação de pessoal. Tratava-se de depósito provisório de quantidade considerável de material utilizado para fabricação de munições letais e envolvia o próprio Comando da 3ª Região Militar.

35.3 Por questão de Segurança Nacional, e observado o previsto no Decreto 3.665/2000 (R-105 - Regulamento de Produtos Controlados pelo Exército), entendeu que a instalação de uma planta industrial do segmento de produção de artefatos letais (munição), na Região Sul do Brasil, atenderia à estratégia militar na defesa de nossas fronteiras no cone sul e na chamada tríplice fronteira.

35.4 Como não se tratava de uma ordem absurda, pois tinha como origem o Comando da 3ª RM, não lhe cabia contestar a ordem recebida. Ademais, era comum a Unidade Militar fazer a guarda de materiais determinados pelo Chefe do SFPC/3 (Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados), Cel. Caron, quando das apreensões de materiais controlados segundo a lista constante do R-105. Alguns desses materiais eram destruídos ou liberados após a conclusão dos respectivos processos.

35.5 O conhecimento técnico do potencial de risco e as determinações previstas no R-105 balizaram a decisão do Comando da 3ª RM em determinar a armazenagem da pólvora da CBC no 3º B Sup até a construção dos paióis definitivos daquela empresa na cidade de Montenegro-RS.

35.6 No caso em concreto, o processo administrativo iniciar-se-ia com uma requisição do Chefe da Sec. Sup. CI V ao ordenador de despesas, solicitando autorização para o arrendamento de um paiol da Unidade Militar, caso existisse uma necessidade operacional a ser atendida, o que não era o caso. Levando-se em consideração que não existia a necessidade, não houve a abertura do processo administrativo prevista no artigo 38 da Lei 8.666/93.

36. Quanto ao ‘b) Arrendamento a empresa privada, sem prévia licitação, do imóvel do Exército acima referenciado, em desacordo com o art. 20 da Lei 8.666/1993’:

36.1 O artigo 2º da Lei 8.666/93 prevê ressalvas para a precedência de processo licitatório, como o previsto no caput do artigo 25. Caso o processo em tela fosse considerado um arrendamento, estaria configurada a situação de inviabilidade de competição, por tratar-se de uma situação especial que havia a necessidade de armazenamento de grande quantidade de pólvora da empresa CBC (e não de outras, pois outras não existiam), restrito esse armazenamento

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a uma área especial, dotada de distâncias regulamentares previstas no R-105, que oferecesse segurança proporcional à quantidade armazenada, que a empresa CBC não possuía no momento.

37. Quanto à ‘c) Utilização de bem público por empresa privada, conforme acima especificado, sem a formalização de instrumento contratual, para fins unicamente particulares, o que configura ato de improbidade administrativa cometido pelos responsáveis que permitiram a ocorrência do feito, nos termos do art. 10, incisos II e XII, e do art. 11, inciso 1, ambos da Lei 8.492/1992’:

37.1 Neste aspecto, pediu vênia pela redundância, mas ressaltou que não era da competência do Ten. Cel. Alievi tratar de assuntos pertinentes a processos de licitações e contratos, sendo que o 3º Batalhão de Suprimentos possuía uma Seção específica, ligada ao Centro de Operações de Suprimentos (COS). A título de esclarecimento, ressaltou que:

- No 3º B Sup havia um Centro de Recarga de Munições que, à época, estava com suas atividades paralisadas por questões técnicas operacionais (problemas de regulagem de maquinário) e que, em função disso, aproveitou-se a oportunidade, advinda do referido acordo com a CBC para o aprimoramento e mantença dos treinamentos dos militares lotados no setor, especializados no aquartelamento e manuseio de materiais explosivos;

- Consta dos autos, no item 3.11 (fl. 95) do TC 011.071/2006-0, que a produção de munições de caça pela Unidade da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), no Rio Grande do Sul, não se constitui em argumento para o interesse estratégico do Exército Brasileiro. Tal entendimento é equivocado, na medida em que o Exército Brasileiro baseia-se na estratégia de mobilização, que consiste, dentre outras coisas, na conversão das linhas de produção de material civil para a produção de material bélico e artefatos militares, em caso de necessidade, em respeito à Segurança Nacional e ao previsto nos incisos I e V do artigo 57 do R-105. No caso específico da CBC, a conversão de suas atuais linhas de produção em linhas de material bélico só dependeria de uma transformação técnica operacional, visando a produção em grande escala;

- A utilização, em conjunto, dos meios existentes, por civis e militares, como ocorreu no período de utilização do paiol do 3º B Sup pela CBC, constitui-se na regra básica de esforços de guerra, adotados por todos os países que participaram de conflitos de grande intensidade e rapidez;

- O interesse do Exército Brasileiro em fomentar a construção de uma fábrica de munições fora do eixo RJ-SP contribui para o aumento da dificuldade de um ataque inimigo, devido ao princípio da dispersão, além do que não há como se desconsiderar o aumento expressivo e complexo da criminalidade nos Estados do RJ e SP, entre outros, aliados ao fato da possível concentração de terroristas internacionais na chamada tríplice fronteira e na chamada ‘fronteira amazônica (com os países Andinos)’ e seus interesses na aquisição fraudulenta e criminosa de artefatos bélicos para realização de atentados terroristas e incursões militares...

38. Relativamente ao item ‘d) Quanto a não realização de estudo preliminar para a avaliação da viabilidade técnica do arrendamento, em especial no que se refere ao levantamento dos custos envolvidos, à aferição da compatibilidade dos valores cobrados da companhia Brasileira de Cartuchos com os preço de mercado para contratações similares, bem como à identificação dos riscos operacionais e dos impactos de ajuste nos trabalhos do 3º B Sup. em desacordo com os arts. 18 e 45 das IR 50-13’:

38.1 O Ten. Cel. Alievi recebeu ordem de seu Comandante para elaborar as normas operacionais atinentes à Seção de Classe V, com relação ao acordo firmado entre o Comando da 3º RM e a empresa CBC com base nos valores de referência como contrapartida para a melhoria das instalações e da área dos paióis da Unidade Militar.

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38.2 Não recebeu ordens para levantar os custos envolvidos e a compatibilidade com os preços mercadológicos para arrendamento similares, até mesmo em função da especificidade e pormenores de tal assunto, ou seja, o armazenamento de pólvora e artefatos letais em paiol de munições militar. Esclareça-se que o valor das contrapartidas e a avaliação da viabilidade foi feita pelo Cel. Caron, especialista e autoridade na fiscalização de produtos controlados, pois não se tinha conhecimento de qualquer arrendamento similar de um paiol militar que pudesse servir de base para o valor das contrapartidas.

38.3 Com relação aos alegados riscos operacionais pelo armazenamento da pólvora no 3º B Sup, foi avaliado que eram compatíveis e inerentes à função militar. Com relação ao possível impacto nos trabalhos do 3º B Sup., informou que os militares envolvidos na atividade eram lotados no Centro de Recarga de Munição do 3º B Sup, que estava temporariamente paralisado, sendo que o acompanhamento e a fiscalização do manuseio da pólvora da CBC ajudou manter a qualificação dos militares do Centro de Recarga.

39. Quanto à ‘e) Inexistência do registro contábil da receita patrimonial por meio do arrendamento do imóvel público supramencionado, bem como da escrituração das despesas executadas com tais recursos, além da inexistência de qualquer lançamento no SIAFI relativo às operações em comento, em afronta aos arts. 52, 91 e 97 da Lei 4.320/1964’:

39.1 O Ten. Cel. Alievi foi informado pelo Comandante da Unidade Militar (3º B Sup) que, no acordo firmado, a CBC indenizaria os materiais e serviços executados nas instalações e na área dos paióis diretamente aos fornecedores. Desta forma, foi designado, à época, um subalterno para gerenciar os contatos com o representante da CBC, de modo a consultar os créditos existentes e a contratação dos materiais e serviços, devendo as respectivas notas fiscais serem emitidas e encaminhadas à CBC.

39.2 Ressaltou que as declarações dos subalternos designados para esta função, constantes do IPM, reforçam a versão de que os recursos repassados foram sempre contra a apresentação de notas fiscais de materiais adquiridos ou serviços executados. A inexistência de registro contábil, bem como da escrituração das despesas executadas, não foram previstas no acordo firmado entre o Comando da 3ª RM e a CBC.

40. No que se refere à ‘f) não-realização do depósito dos recursos obtidos por meio do arrendamento em tela no Fundo do Exército, em desacordo com o art. 53 das IR 50-13 c/c o art. 2º, inciso II, do Decreto-Lei 1.310/1974’:

40.1 Não havia recursos a recolher ao Fundo do Exército, uma vez que caberia à CBC indenizar diretamente os fornecedores contra a apresentação de notas fiscais de materiais adquiridos ou serviços executados, de acordo com o previsto no acordo entre a 3ª RM e a CBC.

40.2 A Unidade Militar possuía apenas um crédito junto à CBC, ou seja, não havia numerário a ser recebido, pois a contrapartida da CBC seria o pagamento de despesas já efetuadas, como a melhoria dos arruamentos sem pavimentação por máquina retroescavadeira, a concretagem dos acessos aos paióis, a substituição de lâmpadas, a colocação de canos para drenagem, etc.

40.3 A utilização da mão-de-obra da Unidade na realização das melhorias propiciou um melhor aproveitamento dos créditos oferecidos como contrapartida pela CBC, de modo que muitas necessidades prementes foram supridas de imediato, ao invés de aguardar-se um longo tempo para acumular créditos que permitissem a contratação de serviços pela CBC.

41. Quanto à ‘g) ausência de prestação de contas das despesas com os recursos captados pelo 3º B Sup. mediante o arrendamento dos seus paióis à Companhia Brasileira de Cartuchos, com a correspondente documentação comprobatória dos gastos pela Unidade Militar na melhoria

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de suas instalações, de modo a evidenciar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, em afronta ao art. 188 do RI/TCU.’

41.1 O processo em tela possuía vícios de origem em vista da determinação do Comando da 3ª Região Militar em ceder as instalações com a contrapartida da CBC. Por isso não foi tratado como um arrendamento, pois a Unidade Militar não tinha a necessidade de arrendar seus paióis. Porém, prestava apoio ao Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC) na guarda de materiais perigosos, conforme cada caso se apresentasse, sempre em obediência às ordens. O acordo previu apenas que a CBC prestaria uma contrapartida em melhorias na área dos paióis da Unidade.

41.2 A Unidade Militar tinha necessidades prementes a serem atendidas, sem possuir recursos orçamentários específicos. Diante desse quadro, a contrapartida, que poderia ter sido a contratação direta pela CBC de obras a serem executadas na área de paióis do 3º B Sup, foi a aquisição de materiais para a execução de melhorias pelo pessoal do pelotão da Unidade na área dos paióis.

41.3 Inicialmente as notas fiscais para aquisição de concreto, canos, madeiras e outros materiais, bem como serviços de retroescavadeira, eram emitidas em nome da CBC, que efetuava o pagamento diretamente aos fornecedores. Após um período, a empresa alegou dificuldades para efetuar tais pagamentos diretamente e solicitou que fossem apresentadas apenas mensalmente as notas fiscais para o respectivo repasse dos recursos, que eram então pagos aos fornecedores.

41.4 Constam nos autos do IPM 046 os recibos assinados, não havendo nenhuma evidência de que qualquer recurso tenha sido recebido pelo Ten. Cel. Alievi. Desta forma, o acerto contábil sempre foi feito com a CBC, mediante a apresentação das notas fiscais de compra de produtos ou prestação de serviços, para o posterior repasse dos valores para pagamento daquelas despesas.

Oberdan Schiefelbein

41. A defesa de Oberdan apresentou as seguintes razões de justificativas, reproduzidas com pequenas modificações:

41.1 O peticionário assumiu interinamente o Comando do 3º Batalhão de Suprimento a contar de 4/9/1998, em função do falecimento do Coronel Olympio Guimarães Correa. Nesse aspecto, consta no depoimento do Ten. Cel. Alievi, folhas 66/67, TC 011.071/2006-0, afirmação de que as tratativas entre o 3º Batalhão de Suprimento e a empresa CBC iniciaram e se concretizaram no Comando do Coronel Olympio.

41.2 Por conseguinte, somente foi informado de que estava em execução um ‘acordo firmado entre o Cmdo do Btl’ e a empresa CBC após a morte do Coronel Olympio, três meses após a reunião na sede da CBC, na qual não participou e somente tomou conhecimento com o depoimento do Ten. Cel. Alievi.

41.3 No período de 04/09/1998 a 26/01/1999, não tomou conhecimento e nem autorizou que o Ten. Cel. Alievi cobrasse compensação financeira, a teor dos recibos da CBC de folhas 25/30, TC 011.071/2006-0, da lavra do Cabo Araújo e do soldado André Luis Pereira Leoni.

41.4 O peticionário reitera o seu depoimento de folha 87, Volume I, PFO 25/06-8, onde afirma que ‘O Cel. Caron, então Chefe do SFPC, juntamente com o Cel. Nunes, foi quem realizou as tratativas para que a CBC passasse a armazenar pólvora em paiol do batalhão.’

41.5 O Subtenente Paulo Dionísio de Freitas confirmou a existência de um livro caixa onde o controle desses recursos era realizado e que o livro era do ‘tipo ‘Ata de Capa Preta’ e foi entregue ao Chefe da Seção de Classe V ao final do contrato com a CBC juntamente com cópias dos recibos e registros de despesas acondicionados em envelope pardo’, o que contradita a

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inverídica afirmação do Ten. Cel. Paulo César Alievi à folha 66, TC 011.071/2006-0, pela qual negou a existência de algum livro onde constava a aplicação/controle desses recursos.

41.6 Mesmo com a negativa do Ten. Cel. Alievi de que a empresa CBC não efetuava o pagamento pela armazenagem, mas somente ‘compensação’ comprometendo-se a ‘realizar serviços e disponibilizar materiais’, folha 66, TC 011.071/2006-0, hoje se sabe que a receita foi contabilizada na 2ª Companhia de Suprimento (local de armazenagem da pólvora) pelo Subtenente Paulo Dionísio de Freitas, consoante depoimento de folha 71, TC 011.071/2006-0.

41.7 O Ten. Cel. Alievi é, portanto, o servidor militar que pode dar os devidos esclarecimentos do porquê não recolheu os recursos para o Setor Financeiro.

42. Complementou suas alegações conforme documento digitalizado de Peça 25, p. 22 a Peça 26, p. 14, cujas partes mais relevantes estão descritas a seguir, com pequenas modificações:

Complementação das Contra-razões Recursais

43. Alegações preliminares: novamente a inadmissibilidade por ausência de documentos novos sobre a prova produzida; e prescrição.

43.1 Alega que em nenhum momento do pedido de revisão é referido no que consistem exatamente tais documentos novos, e como eles poderiam influir na decisão. É efetuada, nos recursos, mera referência genérica à existência de um novo procedimento (TC 020.931/2006-2), o qual conteria ‘elementos novos’ que poderiam influir na decisão que julgou regulares as contas referentes ao exercício de 2001 do 3º B Sup. Questiona quais seriam esses ‘elementos novos’ e qual exatamente sua eficácia sobre a prova produzida em relação ao recorrido?

44. Alegações preliminares: reunião de processos e a inviabilidade da defesa.

44.1 Além do fato da ausência de efetivos documentos novos, os processos estão sendo reunidos, mesmo tratando de situações diversas, em períodos diferentes e responsabilidades divergentes, sem que se leve em conta a situação de cada um dos envolvidos, argumenta.

44.2 Questiona qual a conexão entre as diversas Tomadas de Contas e Recursos de Revisão que estão sendo reunidos. Responde que não há uma linha nesse sentido nos recursos apresentados. São feitas apenas referências genéricas aos períodos que, supostamente, seriam coincidentes. Tal reunião indiscriminada, aliada a ausência efetiva de documentos novos está a inviabilizar o direito de defesa. Desta forma, apresenta-se o recurso intentado em desconformidade com as exigências legais referidas, pelo que deixa de preencher os pressupostos de admissibilidade recursais, razão pela qual reitera a necessidade do não conhecimento do presente recurso de revisão.

45. Feitas as considerações sobre os requisitos de admissibilidade do presente recurso de revisão, o recorrido passa a explicitar a complementação das razões pelas quais entende que a presente revisão não deve prosperar pela ausência de seu envolvimento nas aludidas transações envolvendo resquícios de materiais do Exército.

45.1 Alega a insubsistência das acusações, salientando que as normas que determinam as competências dentro da corporação, olvidadas pelos analistas, estabelecem a responsabilização de outros envolvidos, sem qualquer imputação de responsabilidade a ele, Sr. Oberdan. Veja-se quais sejam:

- fluxo do estojos vazios (sucatas) - a sistemática adotada era a seguinte:

a) Por ordem do Cap. Agostinho, Cap. Rangel ou Ten. Aldo, os Cabos da Reserva Elisandro Minosso, Celso Reis de Paula e Silmar Wolf Farberowocz, motoristas, dirigiam-se à 2ª Cia e apresentavam-se diretamente ao Ten. Cel. Paulo César Alievi. Este, por sua vez, dava ordem para que os motoristas se apresentassem ao Ten. Ilha, Ten. Marcos Silva ou Ten. Juliano para carregar

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o caminhão com os estojos vazios. Os Tenentes Ilha e Juliano recebiam ordens do Maj. Alievi e do Cap. Marcelo Tonial, Comandante da 2ª Cia, para a retirada, com fins de alienação, dos estojos vazios (sucatas) depositados no Ginásio da 2ª Cia Sup/3º B Sup.

b) A retirada do material era de conhecimento de ambos os Comandantes, tanto o Coronel Paulo Roberto Rodrigues Nunes como o Coronel Reginaldo Trindade Lisboa. Os estojos vazios eram transportados para empresas civis, onde eram vendidos. Os estojos vazios eram acompanhados pelo Ten. Ilha ou Ten. Juliano até o local da venda, que recolhiam o numerário relativo ao pagamento, entregue em envelopes. Os envelopes convergiam para o Major Alievi, na 2ª Companhia de suprimento, de onde eram distribuídos para a Subtenência da 2ª Companhia de Suprimento e na Sede entregues para o Cabo Adelir Marcos Varela de Oliveira.

c) Ressaltou que em nenhum dos depoimentos do PFO 25/06-8 o nome do acusado Oberdan Schiefelbein foi mencionado, eis que toda a sistemática ocorria fora da divisão de sua competência.

- Existência de caixa 2: recursos obtidos com a vendas dos estojos vazios (sucata)

d) A negativa do Capitão Agostinho Lima da Silva acerca do conhecimento da venda de estojos vazios (sucatas) e da aplicação dos recursos, na Área da Sede do 3º B Sup, não prospera à luz dos depoimentos do Tenente Ilha (captava o dinheiro) e do Cabo Minosso, motorista do Capitão Agostinho (que conduziu o Ten. Ilha até o local de venda e presenciou diversas compras realizadas pelo S4 com o dinheiro da venda dos estojos vazios).

- Destinação dos recursos obtidos com a alienação dos resíduos de sucata.

e) Quanto ao dinheiro originado da venda dos estojos vazios (sucatas), o 1º Tenente da Reserva de 2ª Classe do Quadro de Material Bélico, Sr Carlos Juliano W. Trevisiol, ao ser inquirido pela autoridade competente, declarou, às folhas 587, Volume 11, PFO 25/06-8, que ‘(...) o dinheiro das cargas que vendeu por ordem do Comandante de Companhia e do Chefe da Classe V foi utilizado para melhoramentos da Companhia (...) o responsável pela administração desses recursos era o Chefe da Classe V (...)’

f) O Cabo Minosso asseverou em seu depoimento à folha 1447, Volume V, PFO 25/06-8, que

‘(...) tinha conhecimento da venda de estojo de cartuchos vazios e dos projéteis utilizados, realizado no ano de 2000 e 2001 (...) que era motorista do S4 (...) sabia através do Cap. Agostinho que parte desse dinheiro foi utilizado para comprar grama para o campo de futebol dos oficiais; que ele tinha conhecimento da origem desse dinheiro, que era utilizado para a compra de cimento e aluguel de betoneira; quem fazia esses pagamentos era o Cap. S4, Cap. Agostinho (...)’.

g) Contudo, o testemunho mais contundente sobre a destinação dos recursos foi dado pelo Subtenente Paulo Dionísio de Freitas, que esclareceu sobre o gerenciamento do dinheiro originado da venda de estojos vazios (sucatas) pela Subtenência da 2ª Companhia de Suprimento - folhas 1122/1130, Volume IV, PFO 25/06-8:

‘(...) uma quantia guardou no cofre da Companhia (...) o dinheiro retido era bem controlado e empregado pelo Major Alievi (...) quem determinava a aplicação era o chefe da classe V (...) a ordem partiu do Comandante da Classe V, esse era o Major Alievi (...) foi comprado material com recurso da venda de sucata durante a gestão do Cel. Nunes (...)’.

h) O Subtenente Paulo Dionísio de Freitas afirmou que ‘(..) todo procedimento de recolhimento do numerário e destino de utilização era lançado no livro tipo caixa para controle da Companhia, e que o responsável por esse controle, inicialmente era o Major Alievi e posteriormente o Capitão Tonial (...)’

i) Com o testemunho do Subtenente Paulo Dionísio de Freitas, a defesa do Ten. Cel. Oberdan impugna a acusação que consta no nº 47, de título Análise de 22/02/2008, folha 164/TCU/SERUR,

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Processo 011.234/2002-4, de que o Tenente Coronel Oberdan ‘foi omisso (...) aproveitou a ocasião para transferir sua responsabilidade a outros militares, estratégia por ele encetada desde então e perseguida nas várias instâncias investigativas’.

46. No que concerne à conduta do Tenente Coronel Oberdan, o próprio analista afirma no item ‘c’ do nº 32, de título Análise, de 22/02/08, folha 160/TCU/SERUR, Processo 011.234/2002-4, que ‘(...) inexiste qualquer comprovação de que, dos atos praticados pelo contestante no desempenho de suas atribuições, tenha decorrido qualquer dano ao Erário ou desfalque (...)’. Destarte, sem qualquer dano ao Erário causado pelo peticionário, se mostra absolutamente desarrazoada a pretensão de imposição do dever de indenizar, alega sua defesa.

47. Por outro lado, continua a defesa do responsável, como conclusão inequívoca, o Ten. Cel. Paulo César Alievi gerenciava o dinheiro obtido com a venda dos estojos vazios, no âmbito da 2ª Companhia de Suprimento/3º B Sup. Tinha pleno conhecimento de que o ‘procedimento de recolhimento ao Fundo do Exército era encargo do setor financeiro ‘, mas optou em manter o dinheiro com o Subtenente Paulo Dionísio, fato este que impediu a contabilização dos recursos na Conta do Fundo do Exército.

48. Outrossim, os envelopes contendo os pagamentos das vendas dos estojos, trazidos pelos Ten. Ilha e Ten. Juliano, eram encaminhados para o Maj. Alievi, que gerenciava o dinheiro obtido. Não houve recolhimento ao Fundo do Exército, nem por parte do Maj. Alievi, nem por parte dos responsáveis pelo Setor Financeiro do 3º Batalhão de Suprimento, nos anos de 2.000 e 2001, acrescenta o responsável.

49. Nesse compasso, cumpre destacar que o depoimento prestado pelo Ten. Cel. Paulo César Alievi, folha 344/TCU/SERUR, Volume 1, Processo 007.217/2001-9, é inverídico, diante do informe de que ‘(...) nosso entendimento é de que as vendas inexigiam licitação, porque se tratava de estojos de emprego militar (...) esse entendimento foi ao que chegamos eu, o então TC Olímpio e o TC Oberdan (...). Tal afirmação maliciosa está dissociada da realidade fática, tendo em vista que o Coronel Olimpio Guimarães Correa, faleceu em 03/9/1998, não sendo, portanto, contemporâneo à transação mercantil apontada nas notas fiscais nº 671, 697, 708, 747, 804, 821 e 859 da empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda. e da nota fiscal nº 483, da empresa Irmãos Galeazi Ltda., todas do ano de 2000, e da NF nº 894, de 9/02/2001, da empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., arremata o responsável.

III – ALEGAÇÕES DE DEFESA APRESENTADAS – Ref. TC 014.032/2006-5

Paulo Roberto Rodrigues Nunes

50. Apresentou a mesma defesa apresentada em relação ao TC 017.217/2001-9, para, em síntese, atribuir a responsabilidade ao responsável Oberdan Schielfebein. Inicialmente, destacou trecho do relatório do IPM 68/03, transcrito a seguir:

‘De acordo com o que restou apurado no Laudo Pericial Contábil mandado proceder no IPM 05/03, várias licitações presididas pelo TC OBERDAN com o fito de adquirir Suprimentos Classe I, foram realizadas com inobservância dos ditames da Lei 8.666/93, inclusive não se empenhando na divulgação dos certames (inciso M do artigo 21), de modo a limitar o número de participantes. Outro aspecto que não deve ser olvidado na condução dos certames licitatórios pelo TC OBERDAN foi o superdimensionamento da quantidade dos itens a serem licitados, conforme restou apurado no IPM 05/03 (Fls. 041, letra `h'), fato que pode caracterizar uma forma de alijar empresas que poderiam ter interesse de participar na licitação, como ocorreu nas TP 09/99 e TP10/00, onde houve a participação somente de uma empresa nos aludidos certames.’ ‘Desta feita, há indícios de que o TC OBERDAN, abusou da confiança do Ordenador de Despesas da OM, Cel NUNES, realizando vários procedimentos licitatórios irregulares e levando a documentação para ser aprovada pelo OD, inclusive induzindo que o mesmo homologasse os Mapas de Adjudicação

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das TP 09/99 e TP 10/00 com preço acima dos de mercado, fato que, conforme restou comprovado nos autos, causou prejuízos e atenta contra a Administração Militar.’ ‘Verifica-se também que o TC OBERDAN, com a participação da empresa PANIFÍCIO SUPERPAN Ltda., fraudou, em prejuízo da Fazenda Nacional, as Tomadas de Preço 09/99 e 10/00, destinadas à aquisição de ‘Pão Francês ‘, ao praticar preços acima dos de mercado à época e superdimensionando as quantidades a serem adquiridas, o que fez com que tais aquisições ficassem mais onerosas para a Administração Militar.’

51. Entende que não deve ser responsabilizado pelos atos do Ten Cel Oberdan; que está patente no relatório do IPM 05/2003, constante dos autos da TCE, o modus operandis do Sr. Oberdan, que demonstra suas práticas, muito bem ocultas dele, dentre as quais destaca as transcritas a seguir:

‘restrição do acesso dos oficiais ao Cmt, reduzindo, assim, a possibilidade de alguém passar ao Cmt observações a seu respeito ou de suas atividades’; ‘aversão à formalização de atos administrativos, tais como partes, relatórios, controles etc., o que por certo não deixa pistas, vestígios ou provas’ e ‘permanente quebra da cadeia de comando instituída, assessorando diretamente com os auxiliares das repartições subordinadas, alijando seus chefes (oficiais) do exercício cabal de suas funções ‘.

52. Na sequência, continua a atribuir a responsabilidade ao Sr. Oberdan:

52.1 Tudo que foi apurado após as investigações relativas aos fatos ocorridos no 3º B Sup apontam para o mesmo responsável. Os resultados dos diversos IPM instaurados caracterizam claramente a conduta irregular do Sr. Oberdan. Mascarando-se numa visível imagem de oficial de escol, que conseguiu transmitir aos seus comandantes, nos quais inclui o Cel Nunes, perpetrou, comprovados pelas investigações, os mais variados artifícios e procedimentos irregulares em diversas áreas de atuação, das quais era profundo conhecedor, mercê de privilegiada inteligência e longo período de permanência na OM, da qual foi comandante interino, valendo-se, também, de sua condição hierárquica. Os aspectos positivos, aliados à sua forte personalidade, renderam-lhe o respeito dos superiores e dos subordinados, facilitando-lhe ludibriar os primeiros e envolver os segundos em suas práticas ilícitas.

52.2 Algumas dessas práticas estão caracterizadas nos autos dos IPM: ‘violação de propostas em processos licitatórios, declarações falsas ou inverídicas, produção de documentos com dados fictícios ou adulterados, eliminação de documentos em processos licitatórios e processos de despesas realizadas’, procedimentos estes que mesmo que o Comandante (à época) tivesse alto grau de meticulosidade ao conferir, não os teria desvelado, tal como ocorreu com os demais comandantes iludidos pela maquiagem produzida pelo Ten Cel Oberdan. O espírito natural da Força, tendo em vista a aparente, porém convincente abnegação de Oberdan, levou-o a imaginar estar diante de um brilhante oficial e não de um elemento que objetivava apenas obter vantagens para si, assessorando-o indevidamente, induzindo-o ao erro e a tomar decisões que, involuntariamente, foram usadas por ele em beneficio próprio e não em prol da Instituição.

52.3 Se tivesse tomado conhecimento ou observado qualquer indício ou evidência de alguma irregularidade e não tomasse nenhuma providência, estaria perfeitamente caracterizada a omissão de sua parte. Decididamente isso não ocorreu. Ressaltou que as irregularidades só foram constatadas anos mais tarde, fruto de minuciosas investigações e perícias, inclusive contábeis, advindas da apuração dos fatos só revelados após denúncia anônima encaminhada ao Ministério Público Militar, por alguém que, provavelmente, participou dos mesmos. Pela completa ausência de indícios ou evidências desses fatos, somente a denúncia anônima levou à apuração dos mesmos, o que reforça o fato de que o Ten Cel Oberdan soube mascarar muito bem suas atividades ilícitas, impedindo que o Cel. Nunes as percebesse, como foi o caso, entre outros, das TP 09/1999 e TP 10/2000.

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52.4 Pelo exposto e por tudo que já foi apurado, é notória a responsabilidade do Ten Cel Oberdan. Atribuir responsabilidade solidária ao Cel. Nunes seria extremamente injusto, além de macular sua carreira correta, de bons serviços prestados, pautada em valores morais e éticos, sem cometer quaisquer deslizes ou atos desonestos. Seria punir-lhe sendo inocente e compensar o ato dos culpados, fazendo-o dividir a reparação de um dano que não causou e que outros, notadamente descomprometidos com a Instituição Militar e a Administração Pública, causaram. Da mesma forma, não lhe pode ser atribuída a Responsabilidade Funcional, pois, conforme as alegações expostas, não está claramente materializado o seu enquadramento no Art. 125, Cap. II do Regulamento de Administração do Exército, arremata a defesa do Cel. Nunes.

Oberdan Schielfebein

53. Alegações preliminares: pedido de vista, cópias e complementação da defesa; novamente a inadmissibilidade por ausência de documentos novos sobre a prova produzida; e prescrição.

54. Alega a insubsistência das acusações em relação à letra ‘a’ do Oficio 393/2011-TCU/SECEX-3, de 20/04/2011, de que seria o responsável por ‘débito decorrente da falta de seis toneladas de carne bovina nos estoques do Depósito de Suprimento Cl 1 da Seção de Suprimento Cl 1, apurada em inventário realizado em outubro de 2001’, porque estaria divorciada da realidade fática.

54.1 A equipe de TCE afirmou que estudou o IPM instaurado pela Portaria nº 063-SSJus/3, de 21/10/2002. Portanto, tinham o conhecimento necessário para saber que parcela de carne bovina da Nota de Empenho 2001NE000063 deu entrada no 3º Batalhão de Suprimento após a data de corte de 1º/10/2001, fato que foi exaustivamente demonstrado pela Defesa no curso do PFO 05/04-0 na lª Auditoria Militar da 3ª CJM, entre 2004/2010.

54.2 Mesmo afirmando que estudaram o IPM 05/03, os peritos da equipe de TCE apontaram, inveridicamente, um prejuízo ao erário referente à falta de seis toneladas de carne bovina da Nota de Empenho 2001NE000063, de 20/03/2001, conforme abaixo transcrito:

‘(..) Este prejuízo foi calculado utilizando o valor unitário da carne bovina de R$ 3,46 (valor tirado da nota de empenho 2001NE000063 de 20 Mar 01), (...) onde caracteriza que esta foi a última carga de carne recebida pelo 3º B Sup antes de outubro de 2001, data em que foi verificada a referida falta (...)’.

54.3 A afirmação dos peritos da equipe de TCE, de que a ‘última carga’ de carne bovina da Nota de Empenho 2001NE00063 foi recebida ‘antes de outubro de 2001’, não é verdadeira. O 3º B Sup recebeu 27.519,21 kg de carne bovina da Nota de Empenho 2001NE000063 após 1º/10/2001, a teor do que consta no corpo das notas fiscais nº 764 e 767 de 15/10/2001 (folhas 2162/2163, Volume XI, IPM 05/03). Todas as Notas Fiscais, Laudos Fiscais e mais uma centena de Guias de Distribuição contendo a discriminação da carne bovina distribuída para as 17 Unidades Militares Apoiadas pelo 3º B Sup e respectivas Notas de Lançamento compõem o Caderno Processual do PFO 05/04-0, cuja Sentença, é transcrita abaixo:

‘(...) O quarto elemento do crime de estelionato é o prejuízo e nesse aspecto, o defensor do TC OBERDAN,demonstrou, item por item, que as mercadorias foram integralmente recebidas, enumerando em planilhas os laudos fiscais, as guias de remessa, as guias de transferência, os lançamentos no SIAFI, as notas fiscais, as justificativas dos Comandantes das Unidades apoiadas, em brilhante e incansável trabalho (...)’

54.4 A equipe de TCE lançou no Quadro Resumo um prejuízo no valor de R$ 27.649,56, referente a uma suposta ‘Falta de 6.000 kg de um total de 16.000 kg de carne bovina’, que nunca existiu. O Oficial Encarregado do IPM 05/03 concluiu, quanto à suposta falta de ‘16 (dezesseis)

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ton. de carne bovina’, que a falta constatada poderia ser de produtos que ainda seriam entregues. O Cabo Luis Gustavo da Silva (responsável pelas Câmaras Frigoríficas), em depoimento, afirmou que, segundo o Ten Dal Ponte, estavam faltando a chegada de alguns gêneros empenhados. O Tenente Dal Ponte não esclareceu, em seu depoimento ocorrido em 31/10/2002, que recebeu, em 15/10/2001, da Empresa Intersul Alimentos Ltda., o restante dos cortes de 1ª e de 2ª que faltavam para integralizar a carne bovina adquirida pela Nota de Empenho 2001NE900063. Inclusive, consta aposto na Nota Fiscal nº 767 a lavra do Tenente Dal Ponte como o responsável pelo recebimento da mercadoria em 15/10/2001.

54.5 O total recebido de carne bovina de corte de 1ª (traseiro), totalizou 23.924 kg e o corte de 2ª (dianteiro), totalizou 3.594,71 kg, encerrando na data de 15/10/2001 a entrega do produto referente à nota de empenho 2001NE00063, e não em 1º/10/2001. Por conseguinte, os fatos que ora são devidamente esclarecidos demonstram, de forma clara e insofismável, que jamais ocorreu falta de carne bovina.

55. A defesa alega que a imputação que recai sobre Oberdan Schiefelbein, na letra ‘b’ do Oficio 393/2011-TCU/SECEX-3, de 20/04/2011, de que seria o responsável por ‘débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material para manutenção das instalações de paióis’, está divorciada da realidade fática, ao mesmo tempo em que conflita com as provas que ora são trazidas à colação.

55.1 O peticionário não teve qualquer participação nos fatos referidos nas Notas de Empenho 2001NE900500 (22/11/2001), 2001NE900566 (14/12/2001) e 2001NE900578 (14/12/2001), por ter sido transferido do 3º B Sup para o Comando da 3ª Região Militar, a contar de 17/7/2001, conforme atesta o documento de folha 674, Volume IV, do IPM 05/03. As datas que constam nas Notas de Empenho e Notas Fiscais são posteriores à transferência do Ten Cel Oberdan, portanto não foi contemporâneo aos fatos.

55.2 Quanto à nota de empenho 2001NE90008, consta no campo ‘observação’ da NE que o serviço solicitado por Oberdan seria de manutenção e reparo na câmara frigorífica do Armazém de Víveres/requisição NR 15-COS. Pelo Memorando nº 015-COS, de 22/6/2001, o Ten Cel Oberdan solicitou ao Capitão Rangel - Fiscal Administrativo/3º Batalhão de Suprimento, a aprovação de um serviço de manutenção e reparo na câmara frigorífica do Armazém de Víveres-20.

55.3 O serviço foi solicitado em face da necessidade de reparo em um dos compressores da câmara de 100 toneladas, que à época estava localizado no Armazém de Víveres (AV-20). O reparo era essencial para o funcionamento da câmara.

55.4 A especificação do serviço no Memorando nº 015-COS se contrapõe a especificação que consta no campo ‘Discriminação dos Serviços’, na Nota Fiscal nº 094, da Construtora Senna, e na Nota de Empenho 2001NE900008, a saber: concretagem da base de sustentação do gerador da câmara frigorífica do AV/20.

55.5 O que dava sustentação ao gerador eram pedaços de trilhos de trem. Portanto, a concretagem da base do gerador se configurava como uma ação incoerente. A única explicação plausível para a contraposição entre o solicitado no Memorando nº 015-COS e o especificado na Nota de Empenho é que tenha havido um engano no preenchimento desta. Como a Nota Fiscal é preenchida segundo a descrição da Nota de Empenho, esse erro foi perpetuado.

55.6 Para reforçar o argumento de erro, no despacho do ordenador de despesas no Memorando 015/COS consta a autorização para a realização do serviço de manutenção e reparo da câmara frigorífica do Armazém de Víveres-20 e não concretagem da base de sustentação do gerador da câmara frigorífica do AV/20. Ao peticionário, não pode ser imputada a responsabilidade por erro no preenchimento da Nota de Empenho, pois não era sua atribuição conferir as informações descritas nas Notas de Empenho, mas sim do OD. O responsável por

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atestar a execução do serviço foi o lº Tenente Marcelo Menezes Guimarães e o responsável pela autorização do pagamento foi o Coronel Lisboa, e não Oberdan Schiefelbein.

56. Quanto a letra ‘c’ do Ofício 393/2011-TCU/SECEX-3, de 20/ 4/2011, a defesa de Oberdan Schiefelbein alega que a imputação que lhe recai, de que seria responsável por ‘débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para atender a Seção de Suprimento Cl II e Depósito Cl II, referente à Nota de Empenho 01NE900164, no montante de R$ 91,33 (valor histórico)’, está absolutamente divorciada da realidade fática, ao mesmo tempo em que conflita com as provas que ora são trazidas à colação.

56.1 Consta na letra ‘e’ do Item 3 do Relatório de TCE a identificação da Nota de Empenho 2001NE900164, de 15/05/2001, e o suposto prejuízo de R$ 97,00. O suposto prejuízo refere-se ao item nº 06 (forro de madeira de cedro) da Nota de Empenho. No verso da Nota Fiscal nº 027, da Construtora Senna, consta o 1º Tenente Marcelo Menezes Guimarães como o responsável por atestar o recebimento do material e o Coronel Lisboa como o OD responsável pela autorização do pagamento.

56.2 No Laudo Pericial nº 01- ST/03 consta informado - folha 323, Volume II, da Tomada de Contas Especial - a respeito da Nota de Empenho 2001NE900164 que ‘o forro supostamente adquirido pelo empenho não foi aplicado no local (...)’. No entanto, às folhas 424 e 425, consta o Ofício 212 - FA, de 04/12/2002, assinado pelo Coronel Lisboa, donde afirma que ‘o material adquirido foi efetivamente utilizado na manutenção das instalações. O forro de madeira foi trocado por forro de PVC em entendimento realizado com o fornecedor.’

56.3 Confrontando o Laudo Pericial da presente acusação com o Laudo Pericial Nº 01-ST/03, de 13/1/2003, emitido também pela CRO/3, este último aponta com referência à Nota de Empenho 01NE900164 que ‘A TROCA DE MATERIAL DETERMINADA PELO ORDENADOR DE DESPESAS FOI VANTAJOSA EM FAVOR DO 3º BATALHÃO DE SUPRIMENTO’.

56.4 Consta no Laudo Pericial Contábil de 07/08/2006 - folha 1545, Volume VII, IPM 72/03 - com referência à Nota de Empenho 01NE900164 que ‘o Laudo Pericial nº 01 – ST/03 deixa claro que não houve prejuízo’.

57. Quanto à letra ‘d’ do Ofício 393/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, a defesa de Oberdan Schiefelbein alega que a imputação que recai sobre ele, de que seria o responsável por ‘débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para atender a Seção de Suprimento Cl II e Depósito Cl II, referente à Nota de Empenho 01NE900158, no montante de R$ 1.485,92 (valor histórico)’, está divorciada da realidade fática, ao mesmo tempo em que conflita com as provas que ora são trazidas à colação.

57.1 Consta à folha 870/872, Volume IV, do IPM 72/03, a Nota de Empenho 2001NE900158, de 07/05/2001, da lavra do Coronel Lisboa, no total de R$ 4.800,00, para aquisição de materiais. Os materiais que supostamente não teriam sido empregados seriam os itens 01 e 03 da NE, forro de cedro e roda forro de cedro.

57.2 Os materiais foram fornecidos conforme as Notas Fiscais 445 e 444, de 09/05/2001, da Empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., atestadas pelo o 1º Tenente Marcelo Menezes Guimarães e cujo pagamento foi autorizado pelo Coronel Lisboa.

58. Quanto à letra ‘e’ do Ofício 393/2011- TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, a defesa de Oberdan Schiefelbein alega que a imputação que recai sobre o peticionário, de que seria o responsável por ‘débito relativo à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 09/99, no montante de R$ 5.600,22’, não procede.

58.1 O 3º Batalhão de Suprimento adquiriu o artigo ‘pão francês’ pela Tomada de Preço 09/99 – 3º B Sup/COS, de 29/10/1999, a teor do que consta na letra ‘a’ do item ‘4’, fl. 24, Volume

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1, do Relatório da TCE. Os peritos da equipe da TCE também fizeram referência à letra ‘a do item 4’, da utilização das tabelas de Preços Médios do DIEESE na Perícia Contábil realizada em 13/12/2002.

58.2 Por constar referência de que as ‘Tabelas do DIEESE’ foram utilizadas no trabalho de perícia e por não constarem nos autos da Tomada de Contas Especial (TCE), o Ten Cel Oberdan Schiefelbein solicitou as tabelas à 3ª ICFEx. Em resposta, recebeu o Oficio 217-SAF.V, de 23/05/2006, donde foram encaminhadas as Tabelas do Preço Médio do Pão Francês elaborado pelo Dieese, referente aos meses de dezembro de 1999, 2000, 2001, 2002 e Agosto de 2003, cujos valores seriam os seguintes, respectivamente: R$ 2,62; 2,60; 3,32; 4,65 e 4,87.

58.3 O valor informado individualmente nas tabelas de ‘Ração Essencial – Preços Médios’ do Dieese dos meses de Dezembro/1999 (R$ 2,62) e Dezembro/2000 (R$ 2,60), portanto, com um lapso temporal de 12 meses, possuem valores bem superiores ao ‘preço médio de mercado de R$ 1,96’ para o ano de 2000, que os peritos fizeram constar na letra ‘a’ do item ‘4’ do Relatório da Tomada de Contas Especial:

‘(..) A diferença apurada entre o licitado, adjudicado e homologado (R$ 2,78) para com o preço médio de mercado (R$ 1,96 - baseado na Perícia Contábil de 13 Dez 02 - referente à Port. nº 066-SS Jus/3 de 21 Out 02, cuja informação foi validada através dos levantamentos descritos no item MÉRITO DO QUESITO ficou em R$ 0,82 (oitenta e dois centavos) por quilograma do item (...)’

58.4 O valor de R$ 1,96 apontado como preço médio do pão francês no ano de 2000, seguido de R$ 1,89 como preço médio do pão francês no ano de 2001 e de R$ 1,69 como preço médio do pão francês no ano de 2002, pelos peritos da 3ª ICFEx, no Laudo Pericial Contábil de 13/12/2002, são contraditados pelos valores das tabelas do Dieese remetidas para Oberdan pelo Oficio 217 - SAF.V, de 23/05/2006, da 3ª ICFEx.

58.5 Importante esclarecer que os peritos Iraci de Oliveira e Marco Vinicius da Costa Leite não apresentaram os cálculos (os passos) pelo qual chegaram aos valores de R$ 1,96 (2000), R$ 1,89 (2001) e R$ 1,69 (2002).

58.6 Em consequência da análise superficial dos fatos, por métodos sabidamente inadequados, o trabalho de perícia resultou na cobrança pelo TCU de débito comprovadamente inverídicos.

58.7 Após a 1ª perícia, foram designados os novos peritos Júlio César Deichel - Capitão QCO Cont e Glauco Vinicius Barcellos Peres - 1º Tenente QCO Cont, ambos da 3ª ICFEx, donde afirmaram que consultaram as Tabelas do Dieese para validarem o trabalho de perícia de seus antecessores: ‘(...) MÉRITO DO QUESITO. Os trabalhos desenvolveram-se baseados na (...) consulta às tabelas de ‘Ração Essencial - Preços Médios ‘do DIEESE (...)’.

58.8 A defesa de Oberdan obteve a Tabela do Dieese com o preço médio do pão francês, para a cidade de Porto Alegre no período de Janeiro/2000 a Dezembro/2000, cujos preços variavam de R$ 2,50 a 2,72.

58.9 Destarte, é possível concluir que o preço de R$ 2,78, por Kg, já incluso o valor do frete e demais custos operacionais para distribuição diária pela Panifício Superpan às 17 Unidades Militares de Porto Alegre, São Leopoldo, Nova Santa Rita e Campo de Instrução de Butiá, está compatível com os valores de mercado calculados pelo Dieese (que é órgão Oficial) para o ano de 2000, o que bem demonstra não ter havido qualquer irregularidade.

58.10 Oportuno esclarecer que na proposta de preços da empresa Panifício Superpan Ltda. consta que no preço de R$ 2,78 estão inclusos, além do preço do artigo pão francês, o serviço de ‘fretes’ e ‘demais despesas para entrega dos produtos diretamente nos locais indicados pelo órgão

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licitante’, quais sejam: 14 Unidades Militares sediadas na cidade de Porto Alegre, duas na cidade de São Leopoldo (35 km de Porto Alegre), uma na cidade de Nova Santa Rita (40 km de Porto Alegre) e para as Unidades Militares em treinamento no Campo de Instrução de Butiá (70 km de Porto Alegre).

59. A defesa de Oberdan Schiefelbein alega que a imputação que recai sobre ele na letra 'f' do Oficio 393/2011-TCU/SECEX-3, de 20/04/2011, de que seria o responsável por ‘débito relativo à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 10/2000, no montante atualizado de R$ 190.208,30’, está divorciada da realidade fática, ao mesmo tempo em que conflita com as provas que ora são trazidas à colação.

59.1 Em um primeiro momento a Defesa impugna parcela dos débitos atribuídos a Oberdan Schiefelbein referente às Ordens Bancárias emitidas após 11/07/2001 e que constam relacionadas na letra ‘f' do Ofício 393/2011-TCU/SECEX-3, pois o mesmo foi transferido do 3º B Sup em 11/07/2001 e se apresentou na nova Unidade Militar em 06/08/2001. Portanto, é parte ilegítima para responder por pagamentos originados de notas fiscais que não liquidou e que desconhece.

59.2 Por constar referência de que as ‘Tabelas do Dieese’ foram utilizadas no trabalho de perícia e por não constarem nos autos da Tomada de Contas Especial (TCE), o Ten Cel Oberdan Schiefelbein solicitou as tabelas à 3ª ICFEx. Em resposta, recebeu o Oficio 217-SAF.V, de 23/05/2006, donde foram encaminhadas as Tabelas do Preço Médio do Pão Francês elaborado pelo DIEESE, referente aos meses de dezembro de 1999, 2000, 2001, 2002 e Agosto de 2003, cujos valores seriam os seguintes, respectivamente: R$ 2,62; 2,60; 3,32; 4,65 e 4,87.

59.3 O valor informado individualmente nas tabelas de ‘Ração Essencial – Preços Médios’ do Dieese dos meses de dezembro/2000 (R$ 2,60) a dezembro/2001 (R$ 3,32), portanto, com um lapso temporal de 12 meses, possuem valores bem superiores ao ‘preço médio de mercado de R$ 1,89’ para o ano de 2001, que os Peritos fizeram constar na letra ‘b’ do item ‘4’ do Relatório da Tomada de Contas Especial:

‘(...) A diferença apurada entre o licitado, adjudicado e homologado (R$ 2,95) para com o preço médio de mercado (R$ 1,89 - baseado na Perícia Contábil de 13 Dez 02, referente à Port. nº 066-SS Jus/3, de 21 Out 02, cuja informação foi validada através dos levantamentos descritos no item MÉRITO DO QUESITO) ficou em R$ 1,06 (um real e seis centavos) por quilograma do item.’

59.4 O valor de R$ 1,96 apontado como preço médio do pão francês no ano de 2000, seguido de R$ 1,89 como preço médio do pão francês no ano de 2001 e de R$ 1,69 como preço médio do pão francês no ano de 2002, pelos peritos da 3ª ICFEx, no Laudo Pericial Contábil de 13/12/2002, são contraditados pelos valores das tabelas do Dieese remetidas para Oberdan pelo Oficio 217 - SAF.V, de 23/5/2006, da 3ª ICFEx.

59.5 Os peritos Iraci de Oliveira e Marco Vinicius da Costa Leite não explicaram porque não consideraram R$ 3,36 e R$ 3,35 na composição do preço médio do quilograma do pão francês no ano de 2001 e não consideraram o valor de R$ 2,95/kg da TP 10/2000.

59.6 Infere-se que o valor de R$ 2,95 da TP 10/2000 se enquadra dentro da elasticidade máxima e mínima do preço do quilograma do pão francês aceito pelos peritos para compor sua base de cálculo.

59.7 Os peritos imputam como prejuízo para a União o valor de R$ 1,06/kg, resultado da diferença entre o preço licitado de R$ 2,95/kg pela TP 10/00 com o suposto preço médio de mercado de R$ 1,89/kg, que foi calculado (diga-se, sem apresentarem planilha de como chegaram ao valor de R$ 1,891kg), sem critério técnico como exige a boa contabilidade.

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59.8 Após a 1ª Perícia, foram designados os novos peritos Júlio César Deichel - Capitão QCO Cont e Glauco Vinicius Barcellos Peres - 1º Tenente QCO Cont, ambos da 3ª ICFEx, os quais afirmaram que consultaram as Tabelas do DIEESE para validarem o trabalho de perícia de seus antecessores.

59.9 Nesse compasso, a validação do valor de R$ 1,89, efetuado pelos peritos Júlio César Deichel e Glauco Vinicius Barcellos Peres, vai contra o próprio ‘MÉRITO DO QUESITO’, determinado por ambos os peritos.

59.10 Em face das Tabelas do Preço Médio do Pão Francês elaborado pelo DIEESE, de Dezembro/1999, Dezembro/2000 e Dezembro/2001 apontarem na direção contrária ao afirmado, de que foi utilizada a Tabela do DIEESE na Perícia Contábil de 13/12/2002 e da afirmação dos peritos Júlio César Deichel e Glauco Vinicius Barcellos Peres de que também se valeram em seu trabalho de perícia da Tabela do DIEESE, o Ten Cel Oberdan Schiefelbein solicitou, em 14/05/2007, via administrativa, as planilhas de cálculo para fins do Contraditório. Mas a solicitação não foi atendida.

59.11A Tabela do Dieese com o preço médio do pão francês, para a cidade de Porto Alegre, no período de janeiro/2001 a dezembro/2001, demonstra preços variando de R$ 2,53 (fev/2001) a R$ 3,33 (set/2001).

59.12Destarte, é possível concluir que o preço final do pão de R$ 2,95/Kg, já incluso o valor do frete e demais custos operacionais para distribuição diária pelo Panifício Superpan as 17 Unidades Militares de Porto Alegre, São Leopoldo, Nova Santa Rita e Campo de Instrução de Butiá, está compatível com os valores de mercado calculados pelo DIEESE (que é órgão Oficial) para o ano de 2001, o que bem demonstra não ter havido qualquer irregularidade.

Kristalina Edificações e Comércio Ltda.

60. Alegação preliminar: lhe chama atenção a data das contas que estão sendo revisadas e a data da citação do recorrido para responder ao presente processo, pois transcorreram mais de 11 anos. Levando em consideração a prescrição contida na legislação em vigor, essa seria de dez anos, conforme artigo 205 do Código Civil. Inclusive, a jurisprudência do TCU tem evoluído na apreciação do tema, havendo atualmente a maioria entendido pela prescrição de dez anos para a revisão de contas. Assim, injusto e ilegal que após 11 anos do recebimento de valores, estes sejam considerados irregulares e o recorrido venha a ser devedor da União. Por isso, desde já, argüiu prescrição do presente ato de revisão, devendo o presente recurso ser negado por ter havido prescrição do direito.

61. A defesa alega que foi admitido que não houve prejuízo ao erário, posto que os recursos auferidos com a venda dos cartuchos eram utilizados nas melhorias do Batalhão, desta forma, não se pode considerar o procedimento adotado pelos superiores do militar Renato Silva da Silva eram ilegais, posto que os serviços não seguiam as normas de licitação, mas eram executadas de forma idônea e em prol do Batalhão.

62. O empenho 00NE900158 é de R$ 4800,00, conforme notas fiscais posteriormente lançadas - nº 444 (R$ 3.903,90) e nº 445 (R$ 896,10) -, diferente do que diz a citação, ao alegar débito de R$ 1.485,92. No entanto, o referido valor está na nota fiscal e se refere ao primeiro item da mesma, não havendo como se alegar parcialmente inexecutado, posto que, o que houve foi um erro de grafia na emissão da nota, onde diz forro de madeira, leia-se ripas de madeira..

63. A nota de empenho NE000680 (R$ 4.897,00) foi do serviço executado na recuperação dos alojamentos e dos banheiros dos soldados, cabos e sargentos da 2ª Cia. Inclusive, o valor foi a menor do que realmente executado. Na realidade, a Kristalina ficou com prejuízo na realização

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dos serviços, uma vez que o orçamento e a execução foram de R$ 5.335,00 e foi lhe pago apenas R$ 4.897,00.

64. Outro ponto que merece destaque é que a ação penal promovida contra o Sr. Oberdan Schiefelbein e outros foi julgada improcedente, inocentando os acusados, uma vez que ficou comprovado que o numerário das verbas foi destinado a obras de benfeitorias do Batalhão. Desta feita, entende que não há como se penalizar ou cobrar o peticionante pelos serviços executados em prol do batalhão, tendo em vista que estes foram devidamente realizados e não causaram qualquer prejuízo ao erário.

Panifício Superpan Ltda.

65. Alega que houve entendimento de que o pão francês, comercializado através da Tomada de Preços 09/1999, apresentou preços acima daqueles praticados no mercado, acarretando um prejuízo ao erário no valor atualizado de R$ 24.038,22. Situação idêntica teria ocorrido na Tomada de Preços 10/2000, cujos prejuízos montariam em R$ 190.208,30.

66. Através da presente defesa tenta demonstrar que houve equívoco no procedimento, de vez que os preços praticados jamais foram superfaturados, sempre estando compatíveis com aqueles praticados no mercado, devendo ser acolhida a presente defesa, tornando insubsistente qualquer apontamento ou multa em relação à ora requerente.

66.1 De início, em que pese a quantidade de fatos arrolados nesta Tomada de Contas, é de salientar que, ao menos em relação ao produto ‘pão francês’, inexiste qualquer tipo de irregularidade, estando os preços ofertados em total consonância com aqueles praticados no mercado. Aliás, a alegação de superfaturamento está embasada em perícia contábil, diga-se que totalmente tendenciosa, eis que sequer levou em consideração os preços divulgados por órgão oficial, os quais espancariam de vez qualquer dúvida em relação ao alegado superfaturamento.

66.2 A perícia restringiu-se a analisar os preços constantes do SIASG (Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais). Todavia, considerou apenas os preços mais em conta, deixando de citar que no próprio SIASG havia preços superiores aos praticados pela ora requerente. A simples análise dos preços registrados no SIASG, e também aqueles divulgados mensalmente pelo DIEESE, são suficientes para demonstrar que inexiste superfaturamento nos feitos apontados.

Da Tomada de Preços 09/1999

67. O referido certame foi realizado para o fornecimento de pão francês no período de janeiro a junho/2000, sendo ofertado o produto ao preço de R$ 2,78 por quilo. A perícia contábil realizada em 13/12/2002 alegou que houve um superfaturamento na ordem de R$ 0,82/Kg, de vez que o preço de mercado era de R$ 1,96/Kg.

67.1 O valor de R$ 1,96 por quilo foi apurado levando em conta os preços praticados no SIASG no ano de 2000. Ora, parece muito frágil uma ‘perícia’ que coleta os preços praticados apenas em outras unidades da Administração, sem considerar os custos regionais ou fatores específicos de cada contratação. Ademais, na pesquisa realizada, constam valores bem próximos daquele ofertado pela ora requerente, entre eles R$ 2,50 e 2,60, sem que estes tenham sido aprontados como superfaturados.

67.2 Não se pode dar qualquer tipo de crédito a uma ‘perícia’ que relaciona preços de R$ 2,50 e R$ 2,60 como preços de mercado, entendendo como superfaturado o preço de R$ 2,78. Aliás, nos termos do artigo 3º da Instrução Normativa SEAP nº 04/1999, do Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão, considera-se como de mercado aquele preço que exceda em até 20% (vinte por cento) o maior preço praticado pelos órgãos e entidades do Sistema de serviços Gerais - SISG.

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67.3 Considerando que constava registrado o preço do pão francês em determinada unidade ao valor de R$ 2,60, tem-se que seria aceitável para registro o valor de até R$ 3,12 por quilo. Conforme a pesquisa do Dieese, diga-se que disponível no site do órgão (www.dieese.org.br ) e cuja cópia dos preços praticados em Porto Alegre, nos meses de janeiro a junho/2000, ou seja, os mesmos da licitação, tem-se o que segue:

Porto AlegreJan/2000 R$ 2,52Fev/2000 R$ 2,54Mar/2000 R$ 2,50Abr/2000 R$ 2,60Mai/2000 R$ 2,59Jun/2000 R$ 2,66

Média R$ 2,56

67.4 Não é crível que um preço em torno de 8% (oito por cento) acima da pesquisa realizada por órgão oficial devidamente reconhecido seja encarado como superfaturado, devendo ser considerado ainda, que tal pesquisa é realizada em locais onde é feito o pagamento à vista, bem como retirado o produto pelo próprio comprador.

Da Tomada de Preços 10/2000

68. Neste procedimento foi contratado o fornecimento de pão francês para o exercício de 2001, sendo considerado excessivo o preço de R$ 2,95 por quilo. Todavia, também deixaram de ser considerados pela pericia os valores de R$ 3,35 e 3,36, praticados em outras unidades.

68.1 De igual forma, deixaram de ser considerados os preços oficiais coletados pelo Dieese, cuja planilha de preços médios de 2001 eram:

Porto AlegreJan/2001 R$ 2,76Fev/2001 R$ 2,53Mar/2001 R$ 2,57Abr/2001 R$ 2,65Mai/2001 R$ 2,79Jun/2001 R$ 2,88Jul/2001 R$ 2,93Ago/2001 R$ 3,14Set/2001 R$ 3,33Out/2001 R$ 3,29Nov/2001 R$ 3,29Dez/2001 R$ 3,32

Média R$ 2,95

68.2 Aqui, a média dos preços apurados pelo Dieese, em Porto Alegre no ano de 2001, é igual ao preço praticado pela requerente junto ao Exército e que foi considerado excessivo pelos doutos peritos, restando plenamente caracterizado que inexiste qualquer tipo de superfaturamento nos fornecimentos em questão.

69. Frente aos dados isentos do Dieese, órgão de prestígio estatístico e de estudos sócio-econômicos, constata-se que os preços ofertados nas Tomadas de Preços 09/1999 e 10/2000 estão em total harmonia com aqueles praticados no mercado, inexistindo qualquer tipo de

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superfaturamento que recomende aplicação de multas e/ou quaisquer outras penalidades. Desta forma, requer seja recebida a presente defesa, processada na forma da Lei, para, ao final, ser julgada totalmente procedente, tornando insubsistente a aplicação de qualquer penalidade à ora requerente.

Guilherme Firpo Dal Ponte

70. A defesa do responsável alega que o contestante foi citado, solidariamente com outros responsáveis, para que apresentasse alegações de defesa tendo em vista ‘débito relativo à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da tomada de preços 10/2000.’

71. Sua defesa pretende demonstrar que não houve, por parte do contestante, o cometimento de qualquer ato ilegal ou irregular, doloso ou culposo visando prejudicar ao erário público ou obter para si vantagem indevida.

71.1 Aduz que a licitação para aquisição de pão francês, de que trata o processo em pauta, foi elaborada no final do ano de 2000, mais precisamente em 08/11/2000, para vigência no ano de 2001. No caso específico verificado nesta Citação, a TP 10/2000 tinha por finalidade a contratação de empresa para fornecimento de pão francês na área atendida pelo 3º B Sup, no ano de 2001.

71.2 A Comissão estava assim nomeada: Ten Cel Oberdan Schiefelbein, na condição de Presidente, 1º Ten Reimbran Kolling , Adjunto e 2º Ten Guilherme Firpo Dal Ponte, Secretário.

71.3 Alega que o ora citado, à época, era um oficial de baixa patente, recém-egresso da Escola de Formação (AMAN) e, por conseguinte, sem a devida experiência/prática na área de Licitações, sem a qualificação devida e necessária para exercer funções em comissão de licitação, sendo que contava com apenas 23 anos de idade, agindo totalmente de boa-fé, sem dolo ou culpa de causar prejuízo ao erário ou locupletar-se indevidamente. Além disso, o citado, à época Tenente, só assumiu a função de Secretário da Comissão de Licitação pela vacância do cargo, visto que não trabalhava na área de gêneros de subsistência (CLASSE I).

71.4 Sabe-se que a Comissão de Licitação deve ser composta por integrantes do quadro permanente do Órgão, devidamente qualificados. O próprio TCU em ‘Licitações e Contratos, Orientações Básicas’ – 3ª edição - prevê ‘que seja oportunizado à todos os membros de Comissão de Licitação, e não apenas ao seu Presidente, o necessário e suficiente treinamento para o satisfatório desempenho de suas atribuições legais, conforme os artigos 6º, XXVI, e 51, todos da Lei 8.666’. Acontece que, no caso exposto, ao contrário do que recomenda este Tribunal, o contestante, então Ten Dal Ponte, jamais havia participado de certames licitatórios, sendo que sequer possuía qualificação e treinamento para exercer tal função.

71.5 O que se verifica é que o presidente da comissão de licitação, Chefe do COS e Subcomandante do 3º B Sup, possuía a total concentração das ações referentes às Licitações. Tanto possuía essa concentração que na Tomada de Preços 10/00 o Ten Cel Oberdan foi o presidente da Comissão e assinou o despacho da requisição como ordenador de despesas (OD).

72. Ante os fatos e provas ora expostos, o contestante roga pelo recebimento das razões de defesa, assim como sejam julgadas improcedentes as alegações imputadas ao ora contestante e, por consequência, seja o mesmo excluído do rol de responsáveis solidários no presente processo.

Marcius Vinicius de Jesus

73. Para sua defesa, toma por base as observações constantes no Relatório de Auditoria de Tomada de Contas Especial, processo 003/2005, com aprovação pelo General de Brigada Sebastião Pessoa, Diretor de Auditoria à época, em 6/12/2005. Em síntese, alegou que:

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73.1 hierarquia militar é a base da organização das Forças Armadas e compõe a cadeia de comando a ser seguida por todos os integrantes das forças em sua estrutura organizacional. No Exército, entre os Oficiais, segue a seguinte ordem: General de Exército, General de Divisão, General de Brigada, Coronel (Cel), Tenente Coronel (Ten Cel), Major (Maj), Capitão (Cap), 1º Tenente e 2º Tenente;

73.2 não houve apropriação indébita de sua parte, bem como não concorreu, dolosa ou culposamente, para enriquecimento ilícito por parte de qualquer uma das pessoas ou empresa citadas no TC 011.234/2002-4;

73.3 coube a ele examinar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos à TP 09/1999, visto que, conforme foi apurado no IPM, o próprio presidente da CL era quem recebia os documentos relativos aos processos licitatórios;

73.4 sua atribuição era verificar se o preço a ser adjudicado e homologado pelo ordenador de despesas estava de acordo com a pesquisa de preços realizada, e não conferir se os dados originalmente apresentados pelo militar que tinha essa competência estavam de acordo com os preços de mercado. Essa conferência era da atribuição do Chefe do COS, quando os dados eram apresentados a ele pelo militar encarregado;

73.5 em resumo, não eram de sua responsabilidade fazer a pesquisa de preços, levantar as necessidades a serem adquiridas, adjudicar e homologar a proposta mais vantajosa, mandar emitir Nota de Empenho, atestar o efetivo recebimento do artigo (liquidação da despesa) e pagar ou autorizar pagamento de despesa realizada.

74. Por fim, requer a descaracterização de dolo ou culpa por sua parte e a exclusão de sua responsabilidade solidária.

Reimbran Kolling Pinheiro

75. Alegação de prescrição. O contestante foi citado, em maio de 2011, solidariamente com outras pessoas, para apresentar defesa ou recolher aos cofres públicos as quantias indicadas no respectivo mandado, em face de decisão exarada no processo de Tomada de Contas Simplificada do Terceiro Batalhão de Suprimentos do Exército, exercício de 2001. Por cautela, face o lapso temporal decorrido entre a citação e o fato apontado como irregular, o contestante pugna pelo reconhecimento da prescrição que se operou sobre a pretensão de responsabilização e imputação solidária de débito, seja na forma como se encontra regulada a matéria na Lei 9.873/99, seja em face do art. 205 do Código Civil Brasileiro.

76. A imputação solidária considerou apenas a responsabilidade formal, sem a existência de nexo de causalidade entre o dano alegado e a atividade realizada pelo contestante, alega a defesa.

76.1 O contestante, no período apurado, prestava serviço militar no 3º B Sup como Oficial temporário. Seu envolvimento nas supostas irregularidades na aquisição de pão francês se deve apenas ao fato de ter sido ordenado por seu superior hierárquico a compor, por algumas vezes, a comissão de licitação que julgou a proposta vencedora da empresa que forneceu o pão francês em 2001.

76.2 Todavia, é de se registrar que as ordens recebidas pelo ora contestante, para integrar a comissão licitatória presidida pelo Ten Cel Oberdan, eram precárias e de inopino, eis que as nomeações, se é que existiram, do contestante como membro da comissão não foram sequer publicadas.

76.3 É de se salientar que, ao então Ten Reimbran Kolling Pinheiro, não era possível questionar uma ordem de seu superior imediato, ainda mais do Ten Cel que era o Subcomandante da OM, além de ser de Oficial Superior investido de poderes administrativos e com reconhecida

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experiência na aplicação dos dispositivos legais existentes na Lei 8.666/93, e que já vinha desempenhando suas funções na referida OM muito antes do ora contestante e gozava de muito prestígio junto aos Comandantes que por lá passaram.

76.4 Ao contestante, portanto, não obstante ser jovem e despreparado para aquela função, não era feito questionar, ou sequer ponderar, o cumprimento das ordens recebidas.

76.5 A submissão hierárquica militar é objeto de constante orientação dentro das fileiras do Exército, cujo ordenamento jurídico, traduzido pelo Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército, é extremamente rigoroso, tornando impossível a ausência de sérias consequências a qualquer ato de desobediência.

76.6 O contestante julgou que estava apenas realizando os interesses da administração militar, mesmo porque não poderia, naquela época, sequer considerar que as ordens que recebeu do Ten Cel Oberdan contivessem qualquer elemento de ilicitude.

77. Alegação de inexistência de responsabilidade e impossibilidade de aplicação de sanção.

77.1 Sendo definitivamente mitigada a sua capacidade de decisão como membro da comissão de licitações, tendo função meramente formal, por força de imposição hierárquica, também é descabido cogitar em qualquer imputação de dano ao erário, ao qual, efetivamente, não deu causa de forma consciente ou voluntária.

78. Alegação da impossibilidade de evitar a contratação da empresa vencedora e do preço para a aquisição de pão francês.

78.1 Na condição de membro menos qualificado da comissão de licitações, o ora contestante sequer tem como justificar as aquisições realizadas e os preços praticados em relação ao pão francês no exercício de 2001, pois tendo ocupado apenas temporariamente as funções militares, naquela já distante época, já não reúne suficientes lembranças ou conhecimentos que possibilitem a ampla defesa sobre o suposto dano, o qual, todavia, não deu causa.

78.2 É absolutamente descabida a responsabilização do contestante em face do preço que foi fixado para a contratação de serviços de fornecimento de pão, eis que não participou, nem da criação do edital, nem da fixação do preço ou da formação do termo de contrato.

78.3 Tem-se notícias que o preço informado, e pelo qual foi efetivamente adquirido o pão francês em 2001, e que seria superior ao preço médio apontado pelo Dieese, não representava apenas o preço do pão, mas incluía serviços de transporte e de entrega da mercadoria.

78.4 A sua inclusão, portanto, como responsável solidário não encontra escoro fático ou jurídico, uma vez que a sua participação na aquisição de pão francês se resumiu a eventual e esporádica participação (como membro de comissão de licitação), tão somente para receber documentos, sequer tendo voz ativa no julgamento das propostas, devido a submissão hierárquica ao Presidente da Comissão.

78.5 Se a irregularidade, conforme a imputação que lhe é feita pelo ato citatório, refere-se somente ao preço praticado na aquisição de pão pelo 3º Batalhão de Suprimento, não pode ser responsabilizado o membro da comissão que não participou de outra atividade senão receber documentos de candidato em face do edital de licitação divulgado.

79. Alegação da inexistência de nomeação formal e da falta de atendimento às condições de qualificação dos membros da comissão de licitação fixadas pela Lei 8.666/93.

79.1 O ora contestante, além de não ostentar qualquer qualidade técnica e nem sequer pertencer ao quadro permanente da instituição militar (era oficial temporário) foi assim mesmo convocado, precariamente, a completar o número de integrantes necessários à comissão de

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licitações em 2001, tão somente para dar aparência de legalidade ao certame criado e presidido pelo Ten Cel Oberdan.

79.2 A precariedade da participação do contestante na comissão licitatória de 2001 deve-se ao modo como o presidente da comissão operava, que, agindo de forma unilateral e centralizadora, impunha aos demais membros da comissão que não interferissem nas decisões que eram por ele individualmente tomadas, exigindo assim, mediante a imposição da submissão hierárquica, que ainda confirmassem as decisões que adotava sobre os pleitos licitatórios realizados.

Marcos Antonio Steil

80. Não se manifestou a respeito do Ofício 403/2011-TCU/SECEX-3.

Marcelo Menezes Guimarães

81. Não se manifestou a respeito do Ofício 398/2011-TCU/SECEX-3.

Construtora Senna Ltda.

82. A responsável pela empresa não se manifestou a respeito do Edital de Citação 1.115/2011-TCU/SECEX-3, de 23/8/2011.

IV – ANÁLISE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA APRESENTADAS

83. Os responsáveis Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schiefelbein e Paulo Cesar Alievi foram chamados em audiência acerca dos fatos apontados no TC 011.071/2006-0, cujas irregularidades estão narradas nas alíneas ‘a’ a ‘h’ do parágrafo 18 desta instrução, decorrentes da utilização indevida dos paióis do 3º B Sup no armazenamento de pólvora de propriedade da Companhia Brasileira de Cartuchos, a CBC.

84. Em análise prévia efetuada nos autos do TC 011.071/2006-0, em março/2007, o AUFC instruinte consignou as seguintes irregularidades do armazenamento de pólvora de propriedade da CBC nos paióis do 3º B Sup:

- irregularidade administrativa decorrente de acordo informal entre o 3º B Sup e a CBC, mediante o qual a empresa utilizou paiol daquela OM para estocagem de pólvora, visando seu interesse particular, em afronta aos arts. 23, 42 e 49 da IG 10-03 c/c os arts. 38 e 60 da Lei 8.666/93, que tratam da formalização do instrumento contratual e do processo administrativo que lhe deu origem;

- a celebração do mencionado acordo informal também vai de encontro aos arts. 1º, 2º e 3º da Lei 8.159/91;

- realização de arrendamento sem prévia licitação, em desacordo com o disposto no art. 2º da Lei 8.666/93;

- ato de improbidade administrativa, vez que os militares permitiram o uso de bens públicos para fins particulares, sem formalização de instrumento contratual, nos termos do art. 10, II e XII, e do art. 11, I, da Lei 8.429/92;

- ausência de repasse dos valores provenientes do arrendamento ao Fundo do Exército, em violação ao disposto no art. 53 da IR 50-13.

85. Além de apontar as irregularidades acima, o AUFC considerou que a utilização dos paióis do 3º B Sup pela empresa particular caracterizaria o desvio de finalidade na utilização os paióis da OM; que o alegado interesse estratégico do Exército em fomentar a instalação de planta industrial de munições na região sul do país seria improcedente, em face da aplicação comercial dos produtos comercializados pela CBC; alertou acerca dos riscos associados ao armazenamento de elevadas quantidades de material explosivo; e ainda comentou sobre a ausência de estudo

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preliminar para a viabilidade técnica do arrendamento, especialmente quanto ao levantamento dos custos envolvidos, compatibilidade dos valores cobrados com os preços de mercado para arrendamentos similares, identificação dos riscos operacionais e dos impactos do ajuste nos trabalhos do Batalhão.

86. Feita essa retrospectiva e levando-se em consideração algumas das razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, visto que outras partes são claramente dissociadas da realidade dos fatos apurados, tantos nos IPM’s quanto na apuração levada a cabo pela 3ª ICFEx, pode se adotar o entendimento seguinte acerca da utilização dos paióis do 3º B Sup para utilização de pólvora pela CBC:

86.1 O armazenamento teve início em 1997 e decorreu de entendimentos entre a Direção da CBC e o Cmdo da 3ª RM, visto que as instalações provisórias da empresa CBC não ofereciam condições seguras de armazenagem. Não houve, porém, processo licitatório e nem instrumento contratual, mas apenas acordo informal entre a OM a empresa privada.

87. Portanto, as alegações acerca da ausência de procedimento licitatório podem ser acatadas. Primeiro porque decorreu de entendimentos firmados entre a empresa CBC e o escalão superior ao 3º B Sup, qual seja, o Comando da 3ª Região Militar. Assim, o acordo independeu da administração do Batalhão. Segundo, porque estaria caracterizada a inviabilidade de competição, haja vista a ausência de empresas pretendentes de arrendar os paióis da OM. Dessa forma, não houve necessidade de licitação porque estaria caracterizada a inviabilidade de competição, em face de não haver outra empresa interessada em arrendar os paióis da OM.

88. As alegações acerca do arrendamento dos paióis também podem ser acatadas. Apesar de inusitado, o arrendamento de imóveis do EB é previsto e disciplinado pelas IR 50-13 e IG 10-03.

88.1 Por isso, podem ser acolhidas razões de justificativas acerca do interesse estratégico do Exército Brasileiro:

‘(...) para o interesse estratégico (...) na medida em que o Exército Brasileiro baseia-se na estratégia de mobilização, que consiste, dentre outras coisas, na conversão das linhas de produção de material civil para a produção de material bélico e artefatos militares, em caso de necessidade, em respeito à Segurança Nacional e ao previsto nos incisos I e V do artigo 57 do R-105. No caso específico da CBC, a conversão de suas atuais linhas de produção em linhas de material bélico só dependeria de uma transformação técnica operacional, visando a produção, em grande escala’.

88.2 Também podem ser acolhidas as justificativas de que não houve estudo preliminar porque a viabilidade técnica se dava pela própria natureza da instalação a ser utilizada, isto é, tratava-se paiol para armazenamento de munições, explosivos e outros artefatos bélicos, construído exclusivamente para esse fim, obedecendo a todos os padrões técnicos e de segurança exigidos em instalações militares desse tipo;

88.3 Quanto à compatibilidade dos valores cobrados com os preços de mercado para contratações similares, era realmente impossível aferi-la, uma vez que não existiam contratações similares;

88.4 Do mesmo modo, os riscos operacionais e os impactos do ajuste nos trabalhos do 3º B Sup foram mínimos porque o pessoal empregado naquela área era bem treinado, pois tiveram formação militar voltada para esse fim e tinham perfeitas condições de minimizar ou anular esses riscos;

88.5 Também não houve necessidade de ajuste nos trabalhos, porque os mesmos eram inerentes e faziam parte das lides diárias daquele setor da Unidade e ainda pode ter havido vantagem para a Unidade, se considerar que a atividade proporcionou a oportunidade de treinamento do pessoal.

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89. Contudo, não podem ser acatadas as justificativas acerca da ausência da formalização de instrumento contratual, da inexistência de registros contábeis, da escrituração das despesas executadas, da inexistência de lançamento no SIAFI, da não realização de depósitos no Fundo do Exército e da ausência de prestação de contas das despesas realizadas.

89.1 Assim, não podem ser acolhidas as justificativas de que o não cumprimento das formalidades deu-se por se considerar que se tratava de uma atividade operacional bélica imposta pelo escalão superior e que fugia completamente dos padrões normais de um processo administrativo, mas que não deixou de haver controle sobre os recursos recebidos e sua aplicação foi exclusivamente em proveito das instalações utilizadas, haja vista a existência de normas internas disciplinando a questão.

90. A ausência da formalização de um instrumento contratual e a falta de comprovação da utilização dos recursos provenientes dos recursos recebidos da CBC constitui ato de gestão irregular, passível de macular as contas dos gestores envolvidos. Por isso, não podem ser acolhidas as razões de justificativas apresentadas, vez que contrariaram dispositivos legais e regulamentares do próprio Exército.

91. Do mesmo modo que praticado com os recursos auferidos com a venda dos estojos vazios (sucatas), a administração do 3º B Sup mandava recolher os valores referentes ao arrendamento dos paióis à empresa CBC e os contabilizava em separado, sem recolher os valores ao Fundo do Exército, formando ‘caixa dois’ no Batalhão. Em que pese o argumento de que os recursos foram utilizados em favor da OM e que não causou qualquer prejuízo ao erário, a falta de documentos hábeis para comprovar que os recursos arrecadados com o arrendamento foram empregados em despesas do batalhão constitui motivo para macular as contas dos envolvidos, visto a obrigação dos gestores demonstrar a regularidade dos gastos efetuados.

91.1 Ademais, foram bastante elucidativas as informações prestadas pelo Ten. Cel. Oberdan a respeito da formação de ‘caixa dois’ no Batalhão – parágrafos 41.4 e 41.5 desta instrução.

92. Desse modo, algumas das razões de justificativas apresentadas pelos responsáveis Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schiefelbein e Paulo Cesar Alievi devem ser rejeitadas pelo Tribunal, implicando a procedência do recurso de revisão em relação a esses responsáveis. Embora não tenha havido efetivo prejuízo ao erário, esses agentes devem ter suas contas julgadas irregulares, mas sem condenação em débito, haja vista os atos de gestão irregulares que afrontaram os seguintes dispositivos legais e regulamentares:

92.1 artigos 60 e 61 da Lei 8.666/93, em face da firmatura de acordo informal entre o 3º B Sup e a empresa CBC;

92.2 artigos 52, 91 e 97 da Lei 4.320/64, em face da ausência de escrituração e contabilização das receitas oriundas do acordo firmado entre o 3º B Sup e a empresa CBC;

92.3 artigo 53 das IR 50-13 c/c o art. 2º, inciso II, do Decreto-Lei 1.310/74, pela não arrecadação dos recursos auferidos com o arrendamento ao Fundo do Exército.

V - ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA APRESENTADAS

Paulo Roberto Rodrigues Nunes

93. Consoante o Ofício de Citação nº 401/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, o Sr. Paulo Roberto Rodrigues Nunes foi citado solidariamente com os senhores Oberdan Schielfebein, Marcius Vinicius de Jesus, Reimbran Kolling Pinheiro, Guilherme Firpo dal Ponte, Marcos Antônio Steil e a empresa Panifício Superpan Ltda., na pessoa do sócio majoritário, Sr. Arildo Bennech de Oliveira, relativamente à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 10/2000.

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94. Nada obstante as argumentações trazidas pelo Sr. Nunes, adiante será demonstrado que não houve superfaturamento na compra de pães decorrentes da TP 10/2000. O débito foi indevidamente atribuído em razão de falhas cometidas pelos tomadores de conta especial da 3ª ICFEx, que procederam a um levantamento superficial dos preços praticados no mercado.

95. Assim, tendo em vista que não houve débito na aquisição de pão francês objeto da TP 10/2000, cumpre ao Tribunal acolher as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Paulo Roberto Rodrigues Nunes.

Oberdan Schielfebein

96. Conforme descrito no parágrafo 22 desta instrução, foi proposto a realização das seguintes citações envolvendo o responsável em questão:

I. citação do senhor Oberdan Schielfebein relativamente à falta de seis toneladas de carne bovina nos estoques do Depósito de Suprimento Cl I da Seção de Suprimento Cl I, apurada em inventário realizado em outubro de 2001;

II. citação dos responsáveis solidários Oberdan Schielfebein, Marcelo Menezes Guimarães e a Construtora Senna, na pessoa de sua proprietária senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky, relativamente às ocorrências listadas abaixo - obras não executadas;

Ocorrências Valores (R$) Data2001NE900008 - serviço de concretagem da base de sustentação do gerador da Câmara Frigorífica do Armazém de Víveres/20.

1.705,96 28/6/2001

2001NE900500 - manutenção de 30 pallets de madeira utilizados pela CL VIII no transporte de materiais de saúde.

789,25 19/12/2001

2001NE900566 - substituição de todo o telhado do pavilhão de comando do 3º Batalhão de Suprimento, ao totalizar 180 metros quadrados de telhas de amianto 6 mm.

5.414,89 21/12/2001

2001NE900578 - serviço de pintura de quatro janelas da Seção Mobilizadora e da Seção de Relações Públicas.

104,67 21/12/2001

III. citação dos responsáveis solidários Oberdan Schielfebein, Marcelo Menezes Guimarães e a Construtora Senna, na pessoa de sua proprietária senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky, relativamente à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para atender a Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à 01NE900164,

IV. citação dos responsáveis solidários Oberdan Schielfebein, Marcelo Menezes Guimarães, e a empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., na pessoa de seu sócio diretor, senhor Renato Silva da Silva, relativamente à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para manutenção da Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à 01NE900158;

V. citação dos responsáveis solidários Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schielfebein, Marcius Vinicius de Jesus, Marcos Antônio Steil, e a empresa Panifício Superpan Ltda., na pessoa de seu sócio majoritário, senhor Arildo Bennech de Oliveira, relativamente à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da tomada de preços 09/1999,.

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VI. citação dos responsáveis solidários Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schielfebein, CPF 569.291.887/00, Reimbran Kolling Pinheiro, Guilherme Firpo dal Ponte, e a empresa Panifício Superpan Ltda., na pessoa de sócio majoritário, senhor Arildo Bennech de Oliveira, relativamente à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da tomada de preços 10/2000.

97. Relativamente à falta de seis toneladas de carne bovina nos estoques do Depósito de Suprimento Cl I da Seção de Suprimento Cl I, apurada em inventário realizado em outubro de 2001, a defesa de OSS alegou que não houve a falta das seis toneladas de carne. Ocorreu que a carne foi entregue apenas em 15/10/2001, após o ateste irregular em notas fiscais emitidas pela empresa Intersul Alimentos Ltda., feito para propiciar a liquidação antecipada das despesas referentes ao empenho 2001NE00063.

97.1 De acordo com a defesa de Oberdan Schiefelbein, o 3º Batalhão de Suprimento recebeu 27.519,21 kg de carne bovina da Nota de Empenho 2001NE000063 após 1º/10/2001, a teor do que consta no IPM 05/03. As Notas Fiscais, Laudos Fiscais e mais uma centena de Guias de Distribuição contendo a descrição da carne bovina distribuída para as 17 Unidades Militares apoiadas pelo 3º B Sup compõe o Caderno Processual do PFO 05/04-0, cuja Sentença, é transcrita abaixo:

‘(...) O quarto elemento do crime de estelionato é o prejuízo e nesse aspecto, o defensor do TC OBERDAN, demonstrou, item por item, que as mercadorias foram integralmente recebidas, enumerando em planilhas os laudos fiscais, as guias de remessa, as guias de transferência, os lançamentos no SIAFI, as notas fiscais, as justificativas dos Comandantes das Unidades apoiadas, em brilhante e incansável trabalho (...)’

97.2 A defesa de Oberdan Schiefelbein alega que ‘(...) o oficial encarregado do IPM 05/03 concluiu (...) que a falta constatada poderia ser de produtos que ainda seriam entregues’; que o Cabo responsável pelas câmaras frigoríficas, em depoimento, afirmou que, segundo o Ten Dal Ponte, estavam faltando a chegada de alguns gêneros empenhados. Segundo a defesa, o Tenente Dal Ponte recebeu, em 15/10/2001, da Empresa Intersul Alimentos Ltda., o restante dos cortes de 1ª e de 2ª que faltavam para integralizar a carne bovina adquirida pela Nota de Empenho 2001NE900063.

98. Levando-se em conta os argumentos apresentados pela defesa de Oberdan Schiefelbein, incluindo-se aí o trecho da sentença judicial que reconheceu a ausência de prejuízo ao erário, é possível admitir que não houve o débito decorrente da falta de seis toneladas de carne bovina nos estoques do Depósito de Suprimento Cl 1 da Seção de Suprimento Cl 1, visto que a mercadoria faltante foi entregue em data posterior. Não havendo o débito, não houve efetivo prejuízo ao erário.

98.1 Contudo, houve a irregular liquidação antecipada de despesas atinentes ao empenho 2001NE900063. Tal fato vai de encontro ao disposto nos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64, caracteriza ato de gestão irregular e se subsume ao disposto na alínea ‘b’ do inciso III do art. 16 da Lei 8.443/93. Logo, constitui justo motivo para julgamento pela irregularidade das contas do gestor envolvido.

99. Desse modo, cumpre ao Tribunal acolher as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Oberdan Schiefelbein quanto à da falta de seis toneladas de carne bovina nos estoques do Depósito de Suprimento Cl 1 da Seção de Suprimento Cl 1, em face da ausência de prejuízo ao erário, mas condená-lo pela prática de ato de gestão irregular caracterizada pela liquidação antecipada de despesas suportadas pelo empenho 2001NE900063, de 20/3/2001.

100. Relativamente às ocorrências atinentes aos empenhos 2001NE900008, 2001NE900500, 2001NE900566 e 2001NE900578 – obras não executadas – a defesa do Sr. Oberdan Schiefelbein alega que ele não teve qualquer participação nos três últimos porque em 17/7/2001 foi transferido

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do 3º B Sup para o Comando da 3ª RM e os referidos empenhos são posteriores à sua transferência, posto que foram emitidos em 22/11/2001, 14/12/2001 e 14/12/2001, respectivamente.

100.1De fato, as notas de empenho 2001NE900566, 2001NE900500 e 2001NE900578 foram emitidas em 14/12/2001, 22/11/2001 e 14/12/2001, respectivamente (Peça 11, p. 34-36). À f. 32 da Peça 11 consta a transferência do Oficial Oberdan Schiefelbein do 3º B Sup para o Comando da 3ª RM. Assim, não há porque associar os fatos ao responsável.

101. Quanto à nota de empenho 2001NE90008, a defesa alega que houve erro no preenchimento da nota de empenho. Segundo a defesa, o que dava sustentação ao gerador eram pedaços de trilhos de trem e a concretagem da base do gerador se configurava uma ação incoerente. A explicação plausível para a contraposição entre o solicitado no Memorando nº 015-COS e o especificado na Nota de Empenho é que teria havido um engano no preenchimento desta, e como a nota fiscal é preenchida segundo a descrição da Nota de Empenho, esse erro foi perpetuado. Contudo, essa argumentação é contraditória.

101.1Na NE consta ‘serviço de manutenção e reparo da câmara frigorífica do Armazém de Viveres/20 – Requisição nº 15 – COS (MEM)’ (Peça 12, p. 2). Na mencionada requisição consta solicitação para aprovar o serviço de manutenção e reparo da câmara frigorífica do Armazém de Viveres/20 (Peça 12, p. 4). A Nota Fiscal nº 84, da Construtora Senna Ltda., aponta ‘serviço de concretagem da base do gerador da câmara frigorífica do Armazém de Viveres/20’ (Peça 12, p. 6). Ou seja, contrariamente ao afirmado pela defesa de OSS, a nota fiscal apresentada pela empresa descreve serviço diverso do especificado na nota de empenho. Mas esta, por sua, vez guarda consonância com o Memorando nº 015-COS.

101.2Assim, a argumentação apresentada é insuficiente para justificar o serviço de concretagem da base de sustentação do gerador da Câmara Frigorífica do Armazém de Víveres/20, uma vez que a 2001NE90008 especificava serviço de manutenção e reparo da câmara frigorífica.

102. Em que pese a contradição na argumentação do Sr. Oberdan Schiefelbein, suas alegações de defesa podem ser acolhidas, haja vista que o valor do serviço efetuado (R$ 1.884,00), qualquer que tenha sido, é de pequena monta. Ademais, a defesa de Oberdan Schiefelbein alega que o responsável por atestar a execução do serviço foi o Ten Marcelo Menezes Guimarães e o responsável pela autorização do pagamento foi o Coronel Lisboa. De fato, à f. 7 da Peça 12 consta o ateste pelo encarregado Marcelo Menezes Guimarães e a autorização do pagamento pelo OD Cel Reginaldo Trindade Lisboa.

103. Quanto à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para atender a Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à 01NE900164 - no valor de R$ 91,33 – a defesa de Oberdan Schiefelbein alega que o suposto prejuízo de R$ 97,00 refere-se ao item nº 06 (forro de madeira de cedro) da Nota de Empenho, mas que o forro de madeira foi trocado por forro de PVC, conforme entendimento realizado com o fornecedor.

103.1 Alega, também, que o Laudo Pericial Nº 01-ST/03, de 13/1/2003, emitido pela CRO/3, aponta, com referência à Nota de Empenho 01NE900164, que a troca de material determinado pelo ordenador de despesa foi vantajosa para a organização militar. Sendo vantajosa para a OM, fica claro que não houve prejuízo ao erário, complementa a defesa.

104. Considerando os argumentos apresentados e o pequeno valor envolvido, pode-se acolher as alegações de defesa quanto ao item ‘c’ do Ofício 393/2011-TCU/SECEX-3.

105. No que se refere à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para manutenção da Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à Nota de Empenho 01NE900158, a defesa de Oberdan Schiefelbein argumenta que a mencionada NE, de 07/05/2001, da lavra do Coronel Lisboa, no total de R$ 4.800,00, destinou-se a atender aquisição de materiais

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e que os materiais supostamente não empregados seriam os itens 01 e 03 da NE, forro de cedro e roda forro de cedro. Ademais, os materiais foram fornecidos conforme as Notas Fiscais 445 e 444, de 09/05/2001, da Empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., atestadas pelo o 1º Tenente Marcelo Menezes Guimarães e cujo pagamento foi autorizado pelo Coronel Lisboa, como Ordenador de Despesas, complementa a defesa.

106. Além da argumentação acima, a defesa trouxe aos autos (Peça 13, p. 7) cópia de correspondência, datada de 21/6/2006, dirigida ao Diretor de Auditoria Cel. Willians Carvalho Pessoa, com firma registrada em Cartório, de lavra do Sr. Renato Silva da Silva, sócio-gerente da empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., afirmando que, referente ao empenho nº 158, foi fornecido 150 metros lineares de madeira cedro para confecção de cama de forro necessária para a instalação de forro em PVC da sala COS, no valor de R$ 1.485,92.

107. A entrega de 150 metros lineares de madeira cedro para confecção de cama de forro em PVC, no valor de R$ 1.485,92, descaracteriza o débito e permite ao Tribunal acolher as alegações de defesa do responsável Oberdan Schiefelbein quanto ao item ‘d’ do Ofício 393/2011-TCU/SECEX-3.

108. Relativamente à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio das Tomadas de Preços 09/1999 e 10/2000, a defesa do responsável Oberdan Schiefelbein argumenta, com razão, que o débito não procede. Com efeito, conforme análise efetuada nos autos do TC 007.217/2001-9, parágrafos 4.12 a 4.17, abaixo reproduzidos, houve falhas na atribuição dos débitos por supostos preços praticados acima do preço de mercado.

‘4.12 Consta dos autos (Peça 13, p. 27-28) que a 1ª perícia contábil, realizada em 13/12/2002, para determinação do preço de mercado, efetuou algumas consultas no SIASG. Então, tirou a média dos resultados encontrados e adotou o valor de R$ 1,96 - como o valor de mercado para o pão francês referente ao ano de 2000 - e o valor de R$ 1,89 - referente ao ano de 2001.

4.13 Também consta dos autos (Peça 13, p. 32-34) Laudo Pericial Contábil, de 26/9/2003, isto é, uma segunda perícia acerca do preço do pão francês. De acordo com este segundo laudo pericial, os trabalhos desenvolveram-se baseados na perícia contábil de 13/12/2002 e em consulta ao SIASG, módulo PREÇOS PRATICADOS SISPP, transação ‘CONPREÇO’ CONSULTA PREÇO PRATICADO e no SIAFI; e/ou coleta de preços realizados no mercado, cujos valores cotados foram descapitalizados à data do certame em questão, tendo por base a séria histórica do IPCA/IBGE; e/ou consulta às tabelas de ‘Ração Essencial – Preços Médios, do DIEESE.

4.14 Este segundo laudo apontou a seguinte conclusão: examinados os preços médios de mercado dos respectivos itens da licitação, encontrados e/ou calculados, consideraram que os preços adjudicados e homologados não estavam compatíveis com os preços de mercado da época. E pior:

‘A diferença apurada entre o licitado, adjudicado e homologado (R$ 2,78) para com o preço médio de mercado (R$ 1,96 baseado na Perícia Contábil de 13/dez/02 (...), cuja informação foi validada através dos levantamentos descritos no item MÉRITO DO QUESITO) ficou em R$ 0,82 (oitenta e dois centavos) por quilograma do item. Como foram lançados no SIAFI valores cujo montante foi de R$ 218.452,40 referentes a 78.580 kg (...) o valor total da diferença foi de R$ 64.435,60’.

4.15 Ressalta-se que a segunda perícia adotou como parâmetros a pesquisa realizada pela primeira e as tabelas de ração essencial elaboradas pelo DIEESE, entre outros. No entanto, examinando-se as tabelas do DIEESE (Peça 13, p. 19-23) encontram-se valores muito diferentes dos encontrados pelas duas perícias. Há duas hipóteses mais prováveis para essa diferença: ou os peritos não levaram em conta os preços das tabelas do DIEESE, ou não quiseram modificar o resultado encontrado pelos peritos que realizaram a primeira perícia. Em qualquer dos casos, os

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laudos periciais revelam-se imprestáveis e coloca em xeque as conclusões contidas nos mencionados laudos e que balizaram a atuação da equipe tomadora de contas especiais.

4.15.1 A propósito, questionado a respeito da metodologia adotada pelos peritos para a confecção do segundo laudo pericial, o Subsecretário de Economia e Finanças do Comando do Exército negou-se a fornecer ao responsável Oberdan Schiefelbein a informação requerida, alegando que a TCE em tela já fora autuada pelo Tribunal de Contas da União, encontrando-se, portanto, na fase externa. Ao mesmo tempo, asseverou que o prazo para eventual contestação do Laudo Pericial já estaria vencido (Peça 13, p. 39-41).

4.16 A tabela de preços médios fornecida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – DIEESE pode ser considerada a melhor escolha para representar o preço de mercado. Tanto é assim, que foi mencionada pelos peritos que fizeram os laudos técnicos para a 3ª ICFEx e também pela defesa do responsável. Essas tabelas referentes aos anos de 2000 e 2001 estão juntadas ao presente processo como as Peças 34 e 35. De acordo com essas tabelas os preços médios para os exercícios de 2000 e 2001 são de R$ 2,58 e R$ 2,96, respectivamente.

4.17 Tendo em conta que os preços praticados pelo 3º B Sup nas TP’s 09/1999 e 10/2000 foram muito próximos dos trazidos pelas tabelas do DIEESE e que os preços encontrados pelos laudos periciais não são confiáveis, é forçoso concluir pela não ocorrência de prejuízo ao erário. A propósito, as tabelas do DIEESE estão disponíveis no endereço eletrônico www.dieese.org.br, Cesta Básica Nacional – Preço Médio – Pão.

109. Ante ao exposto, cumpre ao Tribunal acolher as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Oberdan Schiefelbein quanto à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio das Tomadas de Preços 09/1999 e 10/2000, objeto das letras ‘e’ e ‘f’ do Ofício 393/2011-TCU/SECEX-3.

Renato Silva da Silva (Kristalina Edificações e Comércio Ltda.)

110. A alegação de prescrição não merece acolhida, haja vista que o Tribunal já se manifestou conclusivamente a esse respeito. Ao julgar incidente de uniformização de jurisprudência, esta Corte deixou assente que o art. 37 da Constituição Federal conduz ao entendimento de que as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao erário são imprescritíveis, ressalvando a possibilidade de dispensa de instauração de tomada de contas especial prevista no § 4º do art. 5º da IN/TCU 56/2007. De acordo com o mencionado § 4º, a instauração de tomada de contas especial após transcorridos dez anos desde o fato gerador fica dispensada, salvo disposição em contrário.

110.1Ademais, a regra contida no § 4º do art. 5º da IN TCU 56/2007 não se aplica ao presente caso, visto que a tomada de contas especial que motivou a interposição do recurso de revisão foi instaurada em 2005, antes, portanto, do transcurso do prazo de 10 anos do fato gerador, ocorrido no ano 2001.

111. No que se refere ao débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para manutenção da Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente ao empenho 01NE900158, a defesa do Sr. Renato argumenta que não houve execução parcial, sendo que o valor de R$ 1.485,92 faz parte do primeiro item da Nota Fiscal nº 444, de R$ 3.903,90. A NF 445 (de R$ 896,10) complementa o valor da nota de empenho 01NE900158, de R$ 4.800,00.

111.1Ademais, a defesa do Sr. Oberdan Schiefelbein trouxe aos autos (Peça 13, p. 7) cópia de correspondência do Sr. Renato Silva da Silva, sócio-gerente da empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., datada de 21/6/2006, dirigida ao Diretor de Auditoria Cel. Willians Carvalho Pessoa, afirmando que, referente ao empenho nº 158, foi fornecido 150 metros lineares de madeira cedro para confecção de cama de forro necessária para a instalação de forro em PVC da sala

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COS, no valor de R$ 1.485,92. A entrega de 150 metros lineares de cedro para confecção de cama de forro em PVC descaracteriza o débito.

112. Quanto ao débito de R$ 4.897,00, que é referente ao exercício de 2000, pode-se acolher as alegações de defesa apresentadas pelo responsável. Primeiro, porque há informações prestadas em IPM de que foram contratados vários serviços pelo 3º Batalhão de Suprimentos, especificamente para a 2ª Cia; que os serviços contratados foram cumpridos conforme contratados e pagos por empenho; que foi realizada a recuperação do banheiro dos soldados e das estruturas de concreto do prédio de Armamento; e da canalização do sistema contra incêndio dos paióis (Peça 13, p. 1, do TC 007.217/2001-9). Segundo, porque não ficou demonstrado prejuízo ao erário, visto que os recursos foram gastos a favor da organização militar.

113. Por isso, é plausível o acolhimento das alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Renato Silva da Silva, representante da empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., relativamente à citação contida no Ofício 400/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011.

Arildo Bennech Oliveira (Panifício Superpan Ltda.)

114. Consoante o Ofício de Citação nº 404/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, o Sr. Arildo Bennech Oliveira, sócio majoritário da empresa Panifício Superpan Ltda., foi citado solidariamente com os senhores Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schielfebein, Marcius Vinicius de Jesus, Reimbran Kolling Pinheiro, Guilherme Firpo dal Ponte, Marcos Antônio Steil, relativamente à aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 10/2000.

115. A defesa do Sr. Arildo argumenta, com razão, que a aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio das TP’s 09/1999 e 10/2000 não procede. Com efeito, conforme análise efetuada nos autos do TC 007.217/2001-9, parágrafos 4.12 a 4.17, reproduzidos no parágrafo 108 desta instrução, houve falhas na atribuição dos débitos por supostos preços praticados acima do preço de mercado.

116. Destarte, o Tribunal pode acolher as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Arildo Bennech Oliveira, representante da empresa Panifício Superpan Ltda., relativamente à citação contida no Ofício 404/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011.

Guilherme Firpo Dal Ponte

117. Consoante o Ofício de Citação nº 406/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, o Sr. Guilherme Firpo dal Ponte foi citado, solidariamente com os senhores Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schielfebein, Reimbran Kolling Pinheiro, pela aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 10/2000.

118. Nada obstante as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, análise lavrada no parágrafo 115 aponta que não houve superfaturamento na aquisição de pão francês objeto da TP 10/2000. Sendo assim, o Tribunal pode acolher as alegações de defesa do Sr. Guilherme Firpo Dal Ponte.

Marcius Vinicius de Jesus

119. Consoante o Ofício de Citação nº 402/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, o Sr. Marcius Vinicius de Jesus foi citado, solidariamente com os senhores Oberdan Schielfebein, Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Marcos Antônio Steil e a empresa Panifício Superpan Ltda. na pessoa do sócio majoritário, Senhor Arildo Bennech de Oliveira, pela aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 10/2000.

120. Nada obstante as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, análise lavrada no parágrafo 115 mostra que não houve superfaturamento na aquisição de pão francês objeto da

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TP 10/2000. Sendo assim, o Tribunal pode acolher as alegações de defesa do Sr. Marcius Vinicius de Jesus.

Reimbran Kolling Pinheiro

121. Consoante o Ofício de Citação nº 405/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, o Sr. Reimbran Kolling Pinheiro foi citado, solidariamente com os senhores Oberdan Schielfebein, Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Guilherme Firpo dal Ponte e a empresa Panifício Superpan Ltda., na pessoa do sócio majoritário, Senhor Arildo Bennech de Oliveira, pela aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 10/2000.

122. Nada obstante as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, análise constante no parágrafo 115, acima, indica que não houve superfaturamento na aquisição de pão francês objeto da TP 10/2000. Por isso, o Tribunal pode acolher as alegações de defesa do Sr. Reimbran Kolling Pinheiro.

Marcos Antonio Steil

123. Consoante o Ofício de Citação nº 403/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, o Sr. Marcos Antonio Steil seria citado, solidariamente com os senhores Oberdan Schielfebein, Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Marcius Vinicius de Jesus e a empresa Panifício Superpan Ltda. na pessoa do sócio majoritário, Senhor Arildo Bennech de Oliveira, pela aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da Tomada de Preços 10/2000.

124. Contudo, não foram localizados nos autos evidências de que o responsável tenha sido regularmente citado, uma vez que não houve retorno de Aviso de Recebimento – AR atestando que a citação foi entregue no endereço do responsável Steil.

125. De qualquer sorte, o débito cobrado pelo Ofício de Citação nº 403/2011-TCU/SECEX-3 revelou-se improcedente, conforme descrito em parágrafos anteriores. Dessa forma, pode-se considerar a regularidade dos atos de gestão praticados pelo responsável Marcos Antonio Steil.

Marcelo Menezes Guimarães

126. Consoante o Ofício de Citação nº 398/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, o Sr. Marcelo Menezes Guimarães foi citado:

126.1solidariamente com o Sr. Oberdan Schielfebein e a empresa Construtora Senna, na pessoa da proprietária, Senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky, pelo débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material para a manutenção das instalações dos paióis: a) 2001NE900008 - serviço de concretagem da base de sustentação do gerador da Câmara Frigorífica do Armazém de Víveres/20 – R$ 1.705,96; b) 2001NE900500 - manutenção de 30 pallets de madeira utilizados pela CLVIII no transporte de materiais de saúde – R$ 789,25; c) 2001NE900566 - substituição de todo o telhado do pavilhão de comando do 3º Batalhão de Suprimento, ao totalizar 180 metros quadrados de telhas de amianto 6mm – R$ 5.414,89; e d) 2001NE900578 - serviço de pintura de quatro janelas da Seção Mobilizadora e da Seção de Relações Públicas – R$ 104,67;

126.2solidariamente com o Senhor Oberdan Schielfebein e a empresa Construtora Senna, na pessoa da proprietária, Senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky, pelo débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para atender a Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à 01NE900164, no valor de R$ 91,33; e

126.3solidariamente com o Senhor Oberdan Schielfebein e a empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda. na pessoa do sócio diretor, Senhor Renato Silva da Silva, pelo débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para manutenção da Seção de Suprimento CL II e Depósito de CL II, referente à 01NE900158, no valor de R$ 1.485,92.

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127. Apesar de dar seu ciente no ofício 398/2011-TCU/SECEX-3, de 6/4/2011 (Peça 20, p. 7), e de requerer pedido de prorrogação de prazo para apresentação de defesa e cópia dos autos (Peça 20, p. 14), este responsável não se manifestou a respeito do contido no Ofício de citação. Por isso, nos termos do § 3º do art. 12 da Lei 8.443/92, o responsável incide em revelia.

128. Nada obstante a revelia do Sr. Marcelo Menezes Guimarães, há elementos constantes nos autos que permitem mitigar a ocorrência de eventuais débitos que contariam com a atuação do responsável. Trata-se de excerto de instrução proferida nos autos do TC 014.032/2006-5, que contou com a aquiescência do Diretor da 3ª DT, do Secretário da 3ª Secex e ainda do ministro André Luiz de Carvalho (f. 20 e 21, 27 e 28 da Peça 22 daquele TC):

‘55. No que toca aos débitos oriundos de obras não executadas ou parcialmente executadas, entendemos acertada a responsabilização do Tenente Coronel Oberdan Schielfebein, uma vez que, de acordo com o relatório de auditoria da tomada de contas especial, ‘o gerenciamento dos recursos e a fiscalização das obras/serviços contratados, relacionados à atividade de suprimento (atividade-fim da UG), eram de responsabilidade do citado oficial, conforme consta inclusive de seu próprio depoimento (fl. 100 da TCE).’ (...) (grifos não originais)

56. No que se refere às obras não executadas, entendemos devam, ainda, ser responsabilizados solidariamente o 1º Tenente Marcelo Menezes Guimarães, por ter atestado a execução dessas obras - ver as notas fiscais sitas às folhas 200, 206, 272 e 274 e o atesto no verso -, e a empresa Construtora Senna, na pessoa de sua representante legal, senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky, uma vez que de acordo com a perícia realizada pela CRO/3 as obras não foram realizadas, mas foram, entretanto, pagas. (grifos não originais)

57. De forma a sermos razoáveis, acreditamos que não se deva responsabilizar ou mesmo ouvir em audiência o ordenador de despesas da unidade, senhor Reginaldo Trindade Lisboa, quanto aos fatos ocorridos nos meses de junho e dezembro de 2001. Isso, em virtude de considerarmos que, primeiramente, nos versos das notas fiscais referentes às obras não executadas constava o atesto de que as mesmas haviam sido executadas; em segundo lugar, as obras, em número de quatro, são, mais das vezes, reparos e não obras de grande vulto, ao serem, portanto, praticamente invisíveis para aqueles que não participavam do dia a dia das unidades/seções afetadas. Seria demasiado esperar que, titular de inúmeras atribuições, fosse, o ordenador de despesas da unidade, verificar se houve efetivamente a pintura de quatro janelas da Seção Mobilizadora e da Seção de Relações Públicas, principalmente, se antes houvesse verificado haver o atesto de que os serviços estavam em conformidade com o solicitado. (grifos não originais)

58. No que diz respeito às obras parcialmente executadas, entendemos devam, ainda, ser responsabilizados solidariamente o 1º Tenente Marcelo Menezes Guimarães, por ter atestado a execução de duas dessas obras ou a entrega dos materiais - notas fiscais sitas às folhas 222, 282 e 283 e o atesto no verso -, a empresa Construtora Senna, na pessoa de sua proprietária, senhora Neiva Margarete de Góis Nasilowsky (relativa à 01NE000164), e a empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., na pessoa de seu sócio diretor, senhor Renato Silva da Silva (relativa à 01NE900158), uma vez que de acordo com a perícia realizada pela CRO/3 as obras não foram realizadas, mas foram, entretanto, pagas. (...)

59. Guardadas algumas especificidades do caso em tela, os argumentos elencados no item 58 desta instrução são válidos também para nos abstermos de citar ou mesmo ouvir em audiência os ordenadores de despesas da unidade, senhores Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Reginaldo Trindade Lisboa com relação aos serviços/obras parcialmente executadas.’

129. Tendo sido dispensada a citação e/ou audiência do principal gestor da Unidade, seria injusto atribuir a responsabilidade pelo potencial prejuízo somente ao atestador. Embora o ato de atestar recebimento de material ou de serviço seja suficientemente grave para macular as contas

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do atestador, e mesmo considerando que cumpre ao responsável demonstrar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, diversos depoimentos prestados nos IPM instaurados no 3º B Sup, bem assim como fundamentos que serviram de base para sentença judicial nos julgamentos penais de responsáveis arrolados nestes autos, indicam que não houve efetivo prejuízo ao erário, mas irregularidades decorrentes de pagamentos antecipados e substituição de serviços contratados por outros não previstos contratualmente.

130. Dessa forma, considerando tratar-se de obras de pequenos valores, pode-se desconsiderar a responsabilidade do Sr. Marcelo pelo débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material para a manutenção das instalações dos paióis referentes às Notas de Empenho 2001NE900500, no valor de R$ 789,25 - manutenção de 30 pallets de madeira utilizados pela CLVIII no transporte de materiais de saúde; 2001NE900566, no valor de R$ 5.414,89 - substituição de todo o telhado do pavilhão de comando do 3º Batalhão de Suprimento, total de 180 metros quadrados de telhas de amianto 6mm; e 2001NE900578, no valor de R$ 104,67- serviço de pintura de quatro janelas da Seção Mobilizadora e da Seção de Relações Públicas.

131. Relativamente à nota de empenho 2001NE900008 aproveita-lhe as análises efetuadas no parágrafo 101, acerca das alegações de defesa do Sr. Oberdan Schiefelbein, bem assim como as efetuadas no parágrafo 103, relativamente ao empenho 01NE900164.

132. Quanto ao empenho 01NE900158, no valor de R$ 1.485,92, aproveita-lhe a análise efetuada no parágrafo 111, acerca das alegações de defesa do Sr. Renato Silva da Silva.

133. Assim, pode-se acolher as alegações de defesa favoráveis ao Sr. Marcelo Guimarães.

Neiva Margarete de Gois Nasilowski (Construtora Senna Ltda.)

134. Consoante o Ofício de Citação nº 399/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, a Sra. Neiva Margarete de Gois Nasilowski, proprietária da empresa Construtora Senna Ltda., seria citada:

134.1 solidariamente com os senhores Oberdan Schielfebein e Marcelo Menezes Guimarães, pelo débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material para a manutenção das instalações dos paióis:: a) 2001NE900008 - serviço de concretagem da base de sustentação do gerador da Câmara Frigorífica do Armazém de Víveres/20 – R$ 1.705,96; b) 2001NE900500 - manutenção de 30 pallets de madeira utilizados pela CLVIII no transporte de materiais de saúde – R$ 789,25; c) 2001NE900566 - substituição de todo o telhado do pavilhão de comando do 3º Batalhão de Suprimento, ao totalizar 180 metros quadrados de telhas de amianto 6mm – R$ 5.414,89; e d) 2001NE900578 - serviço de pintura de quatro janelas da Seção Mobilizadora e da Seção de Relações Públicas – R$ 104,67;

134.2 solidariamente com os Srs. Oberdan Schielfebein e Marcelo Menezes Guimarães, pelo débito relativo à execução parcial de obra, aquisição de material de consumo para atender a Seção de Suprimento CL 11 e Depósito de CL 11, referente à 01NE900164, no valor de R$ 91,33.

135. Como a notificação contendo a citação objeto do Ofício nº 399/2011-TCU/SECEX-3, de 20/4/2011, não logrou chegar ao conhecimento da responsável, a citação deu-se por meio do Edital nº 1115/2011-TCU/SECEX-3, de 23 de agosto de 2011.

136. Contudo, a responsável não se manifestou a respeito do contido no Ofício de Citação. Por isso, nos termos do § 3º do art. 12 da Lei 8.443/92, incide em revelia.

137. Nada obstante sua revelia, entende-se a que Sra. Neiva Nasilowski não deva ser condenada a ressarcir os cofres públicos, mesmo considerando que cumpre à responsável demonstrar a boa e regular aplicação dos recursos públicos. Isso porque diversos depoimentos prestados nos IPM’s instaurados no 3º B Sup, bem assim fundamentos que serviram de base para sentença judicial nos julgamentos penais de responsáveis arrolados nestes autos, indicam que não

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houve efetivo prejuízo ao erário, mas irregularidades decorrentes de pagamentos antecipados e substituição de serviços contratados por outros não previstos contratualmente.

138. Dessa forma, considerando tratar-se de obras de pequenos valores, pode-se desconsiderar a responsabilidade da Sra. Neiva Nasilowski pelos débitos relativos à execução parcial de obra, aquisição de material para a manutenção das instalações dos paióis referentes às notas de empenho 2001NE900500, no valor de R$ 789,25; 2001NE900566, no valor de R$ 5.414,89; e 2001NE900578, no valor de R$ 104,67.

139. Relativamente à nota de empenho 2001NE900008, aproveita-lhe as análises efetuadas no parágrafo 101, acerca das alegações de defesa do Sr. Oberdan Schiefelbein, bem assim como as efetuadas no parágrafo 103, relativamente ao empenho 01NE900164.

140. Assim, podem ser acolhidas as alegações de defesa favoráveis à Sra. Neiva Margarete de Gois Nasilowski, representante da Construtora Senna Ltda.

VI - CONCLUSÃO E PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

141. Em relação às citações atinentes ao TC 014.032/2006-5, cumpre ao Tribunal acolher as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis citados, uma vez não restou caracterizado prejuízo ao erário, seja decorrente da inexecução parcial de obra ou de aquisição de material de consumo, seja decorrente da aquisição de pão francês a preços superiores aos praticados no mercado por intermédio da TP 10/2000. Dessa forma, tem-se que o TC 014.032/2006-5 não repercute no mérito das presentes contas, reabertas por recurso de revisão.

142. Entretanto, em relação às audiências atinentes ao TC 011.071/2006-0, constatou-se que a administração do 3º B Sup firmou contrato informal com a empresa CBC. Em razão dessa informalidade contratual, deixava de recolher o valor do arrendamento dos paióis ao erário e os contabilizava em separado, sem recolher os valores ao Fundo do Exército, formando ‘caixa dois’ no Batalhão. Portanto, os responsáveis agiram em desconformidade com os seguintes dispositivos:

- artigos 60 e 61 da Lei 8.666/93, em face da firmatura de acordo informal entre o 3º B Sup e a empresa CBC;

- artigos 52, 91 e 97 da Lei 4.320/64. Em face da ausência de escrituração e contabilização das receitas oriundas do acordo firmado entre o 3º B Sup e a empresa CBC;

- artigo 53 das IR 50-13 c/c o art. 2º, inciso II, do Decreto-Lei 1.310/74, pela não realização dos recursos auferidos com o arrendamento ao Fundo do Exército.

143. Dessa forma, parte das razões de justificativas apresentadas pelos responsáveis Paulo Roberto Rodrigues Nunes, OSS e Paulo Cesar Alievi devem ser rejeitadas pelo Tribunal, implicando a procedência do recurso de revisão em relação a esses responsáveis. Embora não tenha havido efetivo prejuízo ao erário, esses agentes devem ter suas contas julgadas irregulares pela prática de atos de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial.

144. Com isso, o recurso de revisão interposto pelo MP/TCU contra a deliberação que julgou regulares as contas do órgão em apreço, relativas ao exercício de 2001, dando-se quitação plena aos responsáveis - proferida em 30/9/2003 pela Primeira Câmara, registrada na Relação 75/2003, inserta na Ata 35/2003, Acórdão 2.202/2003-TCU-1ª Câmara, pode ser considerado procedente em relação aos responsáveis Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Paulo Cesar Alievi. Consequentemente, cumpre ao Tribunal julgar parcialmente procedente o presente recurso de revisão.

145. Diante do exposto, proponho que o Tribunal;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

a) rejeite as razões de justificativas apresentadas pelos senhores Oberdan Schiefelbein (CPF 569.291.887-20), Paulo Cesar Alievi (CPF 734.110.197-00) e Paulo Roberto Rodrigues Nunes (CPF 379.107.287-00), relativamente às audiências objeto do TC 011.071/2006-0;

b) acolha as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis Oberdan Schiefelbein (CPF 569.291.887-20), Paulo Roberto Rodrigues Nunes (CPF 379.107.287-00), Marcius Vinicius de Jesus (CPF 754.277.024-15), Reimbran Kolling Pinheiro (CPF 898.775.510-04), Guilherme Firpo Dal Ponte (CPF 801.442.410-72), Renato Silva da Silva (CPF 233.065.800-15) e Arildo Bennech de Oliveira (CPF 214.840.070-34), relativamente às citações objeto do TC 014.032/2006-5;

c) declare a revelia, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/92, dos Srs. Marcelo Menezes Guimarães (CPF 012.416.287-85) e Marcos Antonio Steil (CPF 168.618.538-36) e da Sra. Neiva Margarete de Góis Nasilowsky (CPF 505.051.060-00);

d) acolha as alegações de defesa apresentadas pelos demais responsáveis que foram aproveitadas aos Srs. Marcelo Menezes Guimarães (CPF 012.416.287-85) e Marcos Antonio Steil (CPF 168.618.538-36) e à Sra. Neiva Margarete de Góis Nasilowsky (CPF 505.051.060-00);

e) nos termos do art. 35, inciso III, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, conheça do recurso de revisão interposto pelo MP/TCU para, no mérito, considerá-lo parcialmente procedente, tornando insubsistente o julgamento pela regularidade das contas dos Srs. Paulo Cesar Alievi, CPF 734.110.197-00 e Paulo Roberto Rodrigues Nunes, CPF 379.107.287-00, relativamente ao TC 011.234/2002-4;

f) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b, 19, § único, da Lei 8.443/92 c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, 210, § 2º, do RI/TCU julgar irregulares as contas dos Srs. Oberdan Schiefelbein (CPF 569.291.887-20), chefe do Centro de Operações de Suprimentos (COS) do 3º B Sup, Paulo Roberto Rodrigues Nunes (CPF 379.107.287-00), Comandante do 3º B Sup, e Paulo Cesar Alievi (CPF 734.110.197-00), chefe da Secção Classe V do 3º B Sup, relativamente ao exercício de 2001, em razão de afronta aos seguintes dispositivos:

- artigos 60 e 61 da Lei 8.666/93, em face da firmatura de acordo informal entre o 3º B Sup e a empresa CBC;

- artigos 52, 91 e 97 da Lei 4.320/64. Em face da ausência de escrituração e contabilização das receitas oriundas do acordo firmado entre o 3º B Sup e a empresa CBC;

- artigo 53 das IR 50-13 c/c o art. 2º, inciso II, do Decreto-Lei 1.310/74, pela não realização dos recursos auferidos com o arrendamento ao Fundo do Exército;

g) aplicar aos gestores Oberdan Schiefelbein (CPF 569.291.887-20), Paulo Roberto Rodrigues Nunes (CPF 379.107.287-00) e Paulo Cesar Alievi (CPF 734.110.197-00) a multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/92 c/c o art. 268, inciso I, do RI/TCU, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do RI/TCU, atualizada monetariamente desde a data do Acórdão que vier a ser prolatado até a data do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor; e

h) autorizar, desde já, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92.’

12. Tendo o corpo diretivo da 3ª Secex manifestado-se de acordo, foram os autos submetidos ao MP/TCU que, por intermédio da cota constante à peça 46, dissentiu, em parte, da proposta de encaminhamento consignada pela unidade técnica.

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‘[...]

8. Após a análise das alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas (peça 43), a 3ª Secex, unidade que passou a instruir o presente recurso, propôs, quanto às irregularidades do TC nº 014.032/2006-5, acolher as alegações de defesa dos responsáveis. Quanto àquelas originalmente tratadas no TC nº 011.071/2006-0 e no TC nº 020.931/2006-2, entendeu que não restou caracterizada a ocorrência de dano ao erário, mas destacou a existência de grave infração à norma legal.

9. Desse modo, propôs, dentre outras medidas, conhecer e julgar procedente, em parte, o recurso de revisão interposto pelo MP/TCU, e julgar, com base no art. 16, inciso III, alínea b, da Lei nº 8.443/92, irregulares as contas dos Srs. Oberdan Schiefelbein, Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Paulo César Alievi, aplicando-lhes a multa prevista no art. 58, inciso I, da mesma Lei.

III

10. Embora concorde, na essência, com a maioria das conclusões expostas pela 3ª Secex, peço vênias para dissentir em relação a não imputação de débito aos Srs. Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi e à empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., sob o entendimento de que os elementos apresentados em alegações de defesa teriam sido suficientes para descaracterizar o prejuízo ao erário ocasionado pelo desvio de estojos metálicos de munição sob Administração Militar, com a venda ilegal a estabelecimentos civis.

11. De fato, como analisado pelo auditor da 3ª Secex, a venda direta dos cartuchos de munição revelou-se um grave descumprimento de normal legal.

12. A venda direta descumpriu o disposto no art. 114, § 1º, do Decreto nº 2.998/1999, da Presidência da República (Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados), posteriormente substituído pelo Decreto nº 3.665/2000, que manteve a redação abaixo transcrita:

Art. 113 As armas, munições, acessórios e equipamentos de uso restrito não podem ser vendidas no comércio.

Art. 114 Somente poderão concorrer à aquisição de produtos controlados de uso permitido em licitação pública, realizada pelos órgãos dos governos federal, estadual e municipal, as pessoas físicas e jurídicas, registradas de acordo com este Regulamento.

§1º Quando julgados imprestáveis para os fins a que se destinam, as armas, munições, acessórios, veículos blindados, equipamentos e material de recarga de uso restrito, as Forças Armadas poderão:

I - alienar por doação a Museus Históricos;

II - alienar por licitação, doação ou permuta a pessoas físicas ou jurídicas com CR de colecionador, ou jurídicas, para exportação, de acordo com as regulamentações pertinentes;

III - destruir.

IV - desmanchar para aproveitamento da matéria-prima; e

§ 2º Quando julgados imprestáveis para os fins a que se destinam pelas Forças Auxiliares e demais órgãos autorizados a empregá-los, os produtos controlados de uso restrito serão recolhidos ao Exército, que procederá de acordo com o parágrafo anterior.

13. Contudo, avaliando-se a irregularidade também sob o aspecto da gestão dos recursos, restou comprovada a venda dos estojos vazios, sem que os valores auferidos com a transação tenham sido contabilizados e recolhidos aos cofres públicos.

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14. Não se pode esquecer que recai sobre a responsabilidade do gestor a necessidade de comprovar a boa e regular utilização dos recursos públicos. A despeito da existência de depoimentos colhidos no curso do processo militar, narrando que os valores auferidos com a venda teriam sido utilizados em proveito do próprio Batalhão, e que se afirme que existia uma atípica ‘contabilidade paralela’, um livro próprio para controlar a movimentação do dinheiro, num esquema denominado como ‘caixa 2’, tais alegações, além de revelar condutas não condizentes com as normas gerais de direito administrativo-financeiro, não se fizeram acompanhar de documentos que as amparassem.

15. Desse modo, no que tange à venda direta dos estojos metálicos de munição, acompanho o entendimento da Serur, contido nas páginas 4/24 da peça 5, no sentido de rejeitar as alegações de defesa.

16. Entendo, também, que, no momento oportuno, tal irregularidade deve ensejar o julgamento pela irregularidade das contas daqueles responsáveis, com base na alínea ‘c’ do inciso III do art. 16 da Lei nº 8.443/1992, com a devida imputação de débito e aplicação de multa, conjuntamente com a empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda.

17. Quanto ao responsável Paulo Roberto Rodrigues Nunes, também acompanho o posicionamento da Secretaria de Recursos, no sentido de acolher suas alegações de defesa, ante o fato de que a venda realizada no exercício de 2001 ocorreu após a sua transferência daquele batalhão.

IV

18. Não obstante as considerações acima, manifesto-me, preliminarmente ao mérito, pelo retorno dos presentes autos à 3ª Secex, juntamente com o TC nº 007.217/2001-9 (prestação de contas do exercício de 2000), para que seja feito um ajuste em relação à responsabilização dos gestores envolvidos nas irregularidades originalmente tratadas no TC nº 011.071/2006-0.

19. É que aquele processo noticia a celebração de acordo informal entre o 3º B Sup e a Companhia Brasileira de Cartuchos, por meio do qual a referida empresa utilizou indevidamente paióis da Organização Militar em tela para o armazenamento de pólvora, no período de julho de 1998 a fevereiro de 2001.

20. Como se vê, as irregularidades ocorreram entre os anos de 1998 e 2001. Desse modo, devem ser avaliados seus reflexos não somente na gestão referente ao exercício de 2001 como nas contas relativas ao ano de 2000. Tal foi esse o entendimento que cópia daqueles autos foi juntada às tomadas de contas dos dois anos. Do mesmo modo, os ofícios de audiência endereçados aos responsáveis também mencionaram ambos os processos (pp. 28/33 da peça 5).

21. Ante o exposto, este membro do Ministério Público/TCU manifesta-se, em caráter preliminar, pela restituição dos presentes autos, juntamente com os autos do TC nº 007.217/2001-9, à 3ª Secex para que as irregularidades originalmente tratadas no TC nº 011.071/2006-0 sejam desmembradas, analisadas as razões de justificativas e sopesadas as responsabilidades e o impacto sobre a gestão de cada responsável envolvido, de acordo com o respectivo exercício de seu cometimento.

22. Por fim, alerto que as conclusões e a proposta da unidade técnica devem trazer também, em seu bojo, o impacto da irregularidade originalmente analisada pela Serur e reavaliada pelo auditor informante da 3ª Secex, no subitem 91 da instrução de peça 43, e que fundamentou o recurso de revisão interposto pelo MP/TCU.’

13. Por intermédio de despacho acostado à peça 47, anuí à proposta preliminar do MP/TCU e determinei a restituição dos autos à 3ª Secex, para que fossem promovidas as análises das irregularidades contidas no processo nº TC 011.071/2006-0.

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14. Em acréscimo, o auditor incumbido da instrução do feito no âmbito da 3ª Secex elaborou a instrução contida à peça 51, transcrita, no essencial, a seguir, a qual contou com anuência do titular daquela secretaria:

‘[...]

QUESTÃO PRELIMINAR FORMULADA POR RESPONSÁVEL

5. Estando os autos aguardando distribuição para instrução nesta Secretaria, o Sr. Oberdan Schiefelbein, parte no processo, apresentou, por meio de seu procurador constituído, documento (peça 48), protocolado em 5 de dezembro, em que solicita, in verbis:

- abertura de prazo para manifestação sobre o pedido do Ministério Público referente à reunião dos processos, sob pena de, ausente a oportunidade de manifestação, serem cerceados os direitos fundamentais ao contraditório e à ampla defesa do peticionante.

6. Ocorre que tal pedido não encontra guarida no Regimento Interno do TCU. Não há previsão normativa que autorize a concessão para o responsável de prazo para contestar o parecer obrigatório do MP/TCU nos processos de contas. Conforme Art. 160, § 1º, a juntada de documentos novos é facultada à parte no período compreendido entre a constituição do processo até o término da etapa de instrução. Segundo o § 2º do mesmo artigo, considera-se terminada a etapa de instrução do processo no momento em que o titular da unidade técnica emitir seu parecer conclusivo, o que ocorreu em 27 de junho, em momento anterior, portanto, ao pedido formulado pelo responsável.

7. Isto não significa impedimento para que o peticionante apresente novos elementos de defesa que entenda necessários para a elucidação dos fatos, antes mesmo do julgamento do processo. Isto porque o § 3º do art. 160 possibilita à parte o direito de distribuir, após a inclusão do processo em pauta, memorial aos ministros, ministros-substitutos e ao representante do Ministério Público. Além disso, ainda existe a possibilidade de as questões serem rediscutidas em grau de recurso se assim o peticionante desejar.

8. Por essas razões, não há que se falar em cerceamento dos direitos ao contraditório e à ampla defesa como suscitado pelo responsável. Conforme se observa dos elementos de defesa acostados às peças 25, p. 2-8 e 22-51; peça 26, p. 1-14; e peça 39, ao responsável foi franqueada a oportunidade, em diversas ocasiões, de apresentar sua versão sobre os fatos e de se defender sobre as irregularidades que lhe estão sendo imputadas no TC 011.071/2006-0, juntado por cópia a este processo.

9. Desta feita, propor-se-á o indeferimento do pleito do responsável, por falta de amparo legal.

IMPACTO DAS IRREGULARIDADES TRATADAS ORIGINALMENTE NO TC 011.071/2006-0 NO PRESENTE PROCESSO

10. Passa-se agora a analisar a questão preliminar levantada pelo MP/TCU, quando de seu pronunciamento obrigatório nestes autos, consistente na necessidade de esta unidade técnica ajustar a responsabilização dos agentes envolvidos nas irregularidades originalmente tratadas no TC nº 011.071/2006-0, de modo a avaliar o impacto delas decorrentes nas contas dos responsáveis pela gestão da unidade relativa aos exercícios de 2000 (TC 007.217/2001-9) e 2001 (TC 011.234/2002-4), e não somente em relação a esse último.

11. O TC 011.071/2006-0 tratou de representação originária da 1ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar noticiando a celebração de acordo informal entre o 3º B Sup e a Companhia Brasileira de Cartuchos, por meio do qual a referida empresa utilizou indevidamente

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

paióis da Organização Militar em tela para o armazenamento de pólvora, no período de julho de 1998 a fevereiro de 2001.

12. A apuração dos fatos, com a devida abertura do contraditório e da ampla defesa, foi regularmente conduzida tanto pela Serur como por esta Secretaria, conforme se observa do relato contido nos itens 17 a 19 e 30 a 49 da instrução acostada à peça 43 dos autos. As razões de justificativas apresentadas pelos responsáveis ouvidos em audiência foram minuciosamente analisadas nos itens 83 a 92.3.

13. Ao fim, não foram acolhidas as razões de justificativas acerca da ausência da formalização de instrumento contratual, da inexistência de registros contábeis, da não escrituração das despesas executadas, da inexistência de lançamento no SIAFI, da não realização de depósitos no Fundo do Exército e da ausência de prestação de contas das despesas realizadas.

14. Consequentemente, o AUFC propôs a rejeição das razões de justificativa dos Srs. Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schiefelbein e Paulo Cesar Alievi, relativamente às irregularidades citadas no parágrafo precedente, e o julgamento pela irregularidade de suas contas, sem débito, e com aplicação de multa, em razão da afronta a diversos dispositivos legais e regulamentares de natureza contábil, financeira, orçamentária e patrimonial.

15. Portanto, no que se refere ao exame realizado pelo auditor relativo ao impacto das irregularidades apuradas no TC 011.071/2006-0 nas presentes contas, não há qualquer reparo a se fazer. O arrendamento irregular dos paióis da unidade à empresa CBC iniciou-se em 1998 e estendeu-se ao exercício de referência destas contas, conforme apontado pelo MP/TCU. No que se refere à responsabilização, restou devidamente caracterizado o nexo de causalidade entre as condutas dos gestores envolvidos e as irregularidades a eles imputadas. Serão necessários apenas alguns ajustes em relação às propostas de encaminhamento deste processo, conforme se demonstrará adiante.

IMPACTO DAS IRREGULARIDADES TRATADAS ORIGINALMENTE NO TC 020.931/2006-2 NO PRESENTE PROCESSO

16. Em atendimento à observação contida no item 22 do parecer do MP/TCU (peça 46), parcialmente reproduzida no último período do terceiro parágrafo desta instrução, passa-se agora a análise do impacto neste processo da irregularidade originalmente tratada no TC 020.931/2006-2.

17. Tal processo tratou de representação originária do Ministério Público Militar, a qual noticiou desvios de enorme quantidade de estojos metálicos de munição sob Administração Militar, e vendas ilegais a estabelecimentos civis, entre os meses de janeiro de 2000 a fevereiro de 2001.

18. A apuração dos fatos, com a devida abertura ao contraditório e à ampla defesa, foi regularmente conduzida inicialmente pela Serur, conforme instrução de páginas 4-24, peça 5, que analisou as contra-razões recursais apresentadas pelos gestores envolvidos, Srs. Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schiefelbein, Paulo César Alievi e pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda.

19. Entretanto, não obstante a unidade recursal tenha se posicionado pelo não acolhimento das contra-razões recursais dos responsáveis, não foi realizada a proposição de mérito àquela época, em razão da necessidade de se aguardar a apuração dos fatos tratados nos processos citados no item 2 desta instrução, ante o potencial de as irregularidades neles tratadas terem reflexo no mérito tanto destas contas como nas contas do exercício de 2000.

20. Com a alteração na sistemática de instrução dos recursos de revisão, aprovada em Questão de Ordem pelo Plenário, Ata nº 25, publicada em 26/6/2009, deu-se prosseguimento nesta Secretaria da apuração dos fatos tratados no TC 020.391/2006-2, os quais foram analisados nos

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itens 1.19 a 1.23 da instrução de peça 36 do TC 007.217/2001-9, juntada por cópia à peça 49 destes autos.

21. A conclusão a que chegou o auditor instruinte, corroborada pelo diretor e pelo secretário em substituição desta Unidade Técnica, foi pelo acolhimento das alegações de defesa e afastamento do débito, em razão de fato novo trazido aos autos posteriormente ao exame de mérito realizado pela Serur. Trata-se de sentença proferida na Ação Penal Militar nº 25/06-8, parcialmente reproduzida no subitem 1.22 da referida instrução, a qual apurou os fatos irregulares em comento no âmbito da Justiça Militar.

22. O referido decisum absolveu os responsáveis do crime de peculato com amparo em depoimentos colhidos no curso do processo criminal, não só dos Srs. Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi mas também de outras três testemunhas, os quais atestaram que o numerário das vendas dos cartuchos havia sido destinado a obras e benfeitorias no Batalhão. Diante dessa informação, entendeu esta Unidade Técnica que restou descaracterizado o prejuízo ao erário.

23. Embora concorde com relação ao afastamento do débito, necessário ajustar o encaminhamento propugnado relativo a essa irregularidade. Não obstante tenha sido consignado na instrução que a venda foi eivada de irregularidades, sobretudo pela ausência de procedimento licitatório, ainda assim a proposta da unidade técnica foi no sentido de não modificar o mérito das contas dos gestores envolvidos, acolhendo-se suas contra-razões recursais e julgando-se improcedente o recurso de revisão interposto pelo MP/TCU.

24. Dessa forma, considerando não só as irregularidades verificadas na venda dos cartuchos vazios, que não se fizeram preceder do devido processo licitatório, bem como as irregularidades atinentes à gestão dos recursos, que não foram contabilizados e recolhidos aos cofres públicos, propor-se-á o julgamento pela procedência do recurso de revisão, para modificar o mérito das contas dos gestores envolvidos nas irregularidades, julgando-as irregulares, sem débito. Cumpre ressaltar que não será proposta aplicação de multa para evitar o bis in idem, haja vista ela já ter sido proposta, para as mesmas irregularidades em comento nestes autos, no processo de contas do exercício de 2000 – TC 007.217/2001-9.

25. Cabe destacar que na proposta de encaminhamento que se segue, à exceção do Sr. Paulo Rodrigues Nunes, que está sendo responsabilizado apenas pela irregularidade consistente no arrendamento indevido dos paióis da unidade (TC 011.071/2006-0), já que já não mais pertencia à organização militar quando da venda dos cartuchos realizados em 2001 (TC 020.931/2006-2), os demais responsáveis, Srs. Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi estão sendo responsabilizados pelas irregularidades originalmente tratadas nos dois referidos processos.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

26. Do exposto, propõe-se:

26.1 por falta de amparo legal, o indeferimento do pedido do Sr. Oberdan Schiefelbein, consistente na concessão de prazo adicional para manifestar-se sobre o parecer do MP/TCU;

26.2 rejeitar as razões de justificativas apresentadas pelos senhores Oberdan Schiefelbein (CPF 569.291.887-20), Paulo Cesar Alievi (CPF 734.110.197-00) e Paulo Roberto Rodrigues Nunes (CPF 379.107.287-00), relativamente às audiências objeto do TC 011.071/2006-0;

26.3 acolher as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis Oberdan Schiefelbein (CPF 569.291.887-20), Paulo Roberto Rodrigues Nunes (CPF 379.107.287-00), Marcius Vinicius de Jesus (CPF 754.277.024-15), Reimbran Kolling Pinheiro (CPF 898.775.510-04), Guilherme Firpo Dal Ponte (CPF 801.442.410-72), empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda, CNPJ 94.083.938/0001-66, na pessoa de seu sócio diretor, senhor Renato Silva da Silva (CPF 233.065.800-15) e Panifício Superpan Ltda., CNPJ 92.884246/0001-91, na pessoa de seu sócio

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

majoritário, senhor Arildo Bennech de Oliveira, CPF 214.840.070-34, relativamente às citações objeto do TC 014.032/2006-5, aproveitando-as em relação aos responsáveis que foram considerados revéis, Srs. Marcelo Menezes Guimarães (CPF 012.416.287-85), Marcos Antonio Steil (CPF 168.618.538-36) e Construtora Senna, CNPJ 03.271.658/0001-26, na pessoa da proprietária Sra. Neiva Margarete de Góis Nasilowsky (CPF 505.051.060-00);

26.4 acolher parcialmente as contra-razões recursais apresentadas pelos senhores Oberdan Schiefelbein e Paulo Cesar Alievi, relativamente às irregularidades tratadas no TC 020.931/2006-2, acolhendo na integralidade as contra-razões recursais apresentadas pelo Sr. Paulo Roberto Rodrigues Nunes.

26.5 nos termos do art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, conhecer o recurso de revisão, para no mérito dar-lhe provimento parcial;

26.6 tornar insubsistente a deliberação proferida mediante Acórdão 2.202/2003-TCU-1ª Câmara, proferido em Sessão de 30/09/2003, registrado na Relação 75/2003, Ata 35/2003, relativamente aos responsáveis Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Paulo Cesar Alievi, mantendo-o inalterado em relação aos demais responsáveis;

26.7 com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, III, alínea ‘b’, da Lei no 8.443, de 16 de julho de 1992, julgar irregulares as contas dos Srs. Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi;’

15. O MP/TCU, em sua derradeira manifestação, consignou o seguinte:

‘[...]

5. Em primeira manifestação de mérito contida nas peças 43/45, a unidade técnica avaliou o impacto das irregularidades elencadas nos TC’s nºs 011.071/2006-0, 020.931/2006-2 e 014.032/2006-5, e propôs, quanto às irregularidades do TC nº 014.032/2006-5, acolher as alegações de defesa dos responsáveis. Quanto àquelas originalmente tratadas no TC nº 011.071/2006-0 e no TC nº 020.931/2006-2, entendeu que não restou caracterizada a ocorrência de dano ao erário, mas destacou a existência de grave infração à norma legal.

6. Desse modo, propôs conhecer do recurso de revisão interposto pelo MP/TCU para, no mérito, dar-lhe provimento parcial e julgar, com base no art. 16, inciso III, alínea b, da Lei nº 8.443/92, irregulares as contas dos Srs. Oberdan Schiefelbein, Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Paulo César Alievi, aplicando-lhes a multa prevista no art. 58, inciso I, da mesma Lei.

7. Ante a proposta de mérito da unidade técnica, manifestei-me, em parecer contido na peça 46 destes autos, de acordo com a análise das alegações de defesa apresentadas em relação às irregularidades apuradas inicialmente pelo TC nº 014.032/2006-5.

8. Com relação aos fatos noticiados pela representação objeto do TC nº 020.931/2006-2, registrei minha discordância com o encaminhamento então alvitrado, por entender que os argumentos apresentados pelos responsáveis não foram hábeis para elidir a irregularidade, grave o suficiente para macular a gestão e merecer a imputação de débito e imposição de multa.

9. Contudo, preliminarmente à minha manifestação de mérito, salientei que a 3ª Secex, unidade então responsável pela instrução, não havia avaliado o impacto, na gestão do exercício de 2000, das irregularidades noticiadas no TC nº 011.071/2006-0, cuja cópia fora juntada a estes autos, motivo pelo qual propus o retorno do processo àquela unidade para análise, medida autorizada por Vossa Excelência, conforme despacho de peça 47.

10. O TC nº 011.071/2006-0 trata de representação originária da 1ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar, noticiando a celebração de acordo informal entre o 3º B Sup e a Companhia Brasileira de Cartuchos, por meio do qual a referida empresa utilizou indevidamente

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paióis da Organização Militar em tela para o armazenamento de pólvora, no período de julho de 1998 a fevereiro de 2001.

11. A unidade técnica procedeu a novo exame de mérito desta TCE, conforme instrução de peça 51. Após efetuar as devidas análises das irregularidades, assim consignou:

a) TC nº 011.071/2006-0: propôs rejeitar as alegações de defesa dos responsáveis Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi, e julgar irregulares suas contas em razão da afronta a diversos dispositivos legais e regulamentares de natureza contábil, financeira, orçamentária e patrimonial;

b) TC nº 020.931/2006-2: acolher as alegações de defesa do Sr. Paulo Rodrigues Nunes e rejeitar as alegações de defesa dos Srs. Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi, julgando irregulares suas contas, sem a imputação de débito e sem a imposição de multa;

c) TC nº 014.032/2006-5: acolher as alegações de defesa dos responsáveis.

III

12. Em que pese concordar com as conclusões expostas em relação aos TC’s nºs 011.071/2006-0 e 014.032/2006-5, reitero posicionamento anterior, no sentido de imputar débito àqueles responsáveis e à empresa adquirente dos dois mil setecentos e noventa e três quilos de estojos metálicos de munição sob Administração Militar, de que trata a representação objeto do TC nº 020.931/2006-2, relativamente ao exercício de 2001.

13. Nesse sentido, destaco trecho de meu parecer, contido na peça 46:

‘10. Embora concorde, na essência, com a maioria das conclusões expostas pela 3ª Secex, peço vênias para dissentir em relação a não imputação de débito aos Srs. Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi e à empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., sob o entendimento de que os elementos apresentados em alegações de defesa teriam sido suficientes para descaracterizar o prejuízo ao erário ocasionado pelo desvio de estojos metálicos de munição sob Administração Militar, com a venda ilegal a estabelecimentos civis.

11. De fato, como analisado pelo auditor da 3ª Secex, a venda direta dos cartuchos de munição revelou-se um grave descumprimento de normal legal.

12. A venda direta descumpriu o disposto no art. 114, § 1º, do Decreto nº 2.998/1999, da Presidência da República (Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados), posteriormente substituído pelo Decreto nº 3.665/2000, que manteve a redação abaixo transcrita:

Art. 113 As armas, munições, acessórios e equipamentos de uso restrito não podem ser vendidas no comércio.

Art. 114 Somente poderão concorrer à aquisição de produtos controlados de uso permitido em licitação pública, realizada pelos órgãos dos governos federal, estadual e municipal, as pessoas físicas e jurídicas, registradas de acordo com este Regulamento.

§1º Quando julgados imprestáveis para os fins a que se destinam, as armas, munições, acessórios, veículos blindados, equipamentos e material de recarga de uso restrito, as Forças Armadas poderão:

I - alienar por doação a Museus Históricos;

II - alienar por licitação, doação ou permuta a pessoas físicas ou jurídicas com CR de colecionador, ou jurídicas, para exportação, de acordo com as regulamentações pertinentes;

III - destruir;

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IV - desmanchar para aproveitamento da matéria-prima; e

§ 2º Quando julgados imprestáveis para os fins a que se destinam pelas Forças Auxiliares e demais órgãos autorizados a empregá-los, os produtos controlados de uso restrito serão recolhidos ao Exército, que procederá de acordo com o parágrafo anterior.

13. Contudo, avaliando-se a irregularidade também sob o aspecto da gestão dos recursos, restou comprovada a venda dos estojos vazios, sem que os valores auferidos com a transação tenham sido contabilizados e recolhidos aos cofres públicos.

14. Não se pode esquecer que recai sobre a responsabilidade do gestor a necessidade de comprovar a boa e regular utilização dos recursos públicos. A despeito da existência de depoimentos colhidos no curso do processo militar, narrando que os valores auferidos com a venda teriam sido utilizados em proveito do próprio Batalhão, e que se afirme que existia uma atípica ‘contabilidade paralela’, um livro próprio para controlar a movimentação do dinheiro, num esquema denominado como ‘caixa 2’, tais alegações, além de revelar condutas não condizentes com as normas gerais de direito administrativo-financeiro, não se fizeram acompanhar de documentos que as amparassem.

15. Desse modo, no que tange à venda direta dos estojos metálicos de munição, acompanho o entendimento da Serur, contido nas páginas 04/24 da peça 5, no sentido de rejeitar as alegações de defesa.

16. Entendo, também, que, no momento oportuno, tal irregularidade deve ensejar o julgamento pela irregularidade das contas daqueles responsáveis, com base na alínea c do inciso III do art. 16 da Lei nº 8.443/92, com a devida imputação de débito e aplicação de multa, conjuntamente com a empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda.’

14. Ante o exposto, este representante do Ministério Público/TCU pede vênias para dissentir, em parte, do encaminhamento apresentado pela então 3ª Secex, peça 51 dos autos, e ratificado pelos pronunciamentos de peças 52/53, propondo:

a) com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b, da Lei nº 8.443/92, julgar irregulares as contas do Sr. Paulo Roberto Rodrigues Nunes;

b) aplicar ao responsável supracitado a multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei nº 8.443/92;

c) com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas b e d, da Lei nº 8.443/92, julgar irregulares as contas dos Srs. Oberdan Schiefelbein e Paulo César Alievi e, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da mesma Lei, dar quitação plena aos demais responsáveis;

d) condenar solidariamente os Srs. Oberdan Schiefelbein, CPF 569.291.887-00, Paulo César Alievi, CPF 734.110.197-00, e a empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., CNPJ 91.029.850/0001-78, ao pagamento da quantia abaixo discriminada, atualizada monetariamente a partir da data constante da discriminação até a data do seu efetivo recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional e acrescida dos juros de mora devidos, na forma da legislação em vigor, com esteio no art. 19, caput, da Lei nº 8.443/92:

DATA QTDE. (Kg) VALOR (R$) NF (Fls.)19/02/2001 2.793 4.065,00 44

TOTAL 2.793 4.065,00 -

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e) aplicar aos responsáveis e à empresa supracitados a multa estabelecida no art. 57 da Lei nº 8.443/92, atualizada monetariamente na data do efetivo pagamento, como estabelece o art. 59 da Lei nº 8.443/92;

f) nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/92, remeter cópia da deliberação que vier a ser adotada, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à Procuradoria da República do Estado do Rio Grande do Sul, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis.”

É o relatório.

VOTO

Cuida-se de recurso de revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU (MP/TCU) em face de deliberação inserta na Relação nº 75/2003, Ata 35/2003, relacionada ao julgamento das contas anuais do Terceiro Batalhão de Suprimentos do Exército (3º BSup), exercício 2001, consideradas, naquela assentada, regulares por este Tribunal.

2. Consoante se depreende do relatório, a interposição do recurso foi motivada por irregularidades consignadas nos autos do processo nº TC 020.931/2006, referente a representação formulada pelo Ministério Público Militar, a qual trouxe ao conhecimento deste Tribunal supostas irregularidades imputadas a gestores do mencionado batalhão, praticadas nos exercícios de 2000 e 2001, referentes ao desvio de grande quantidade de estojos metálicos de munição, vendidos ilegalmente a estabelecimentos civis.

3. Segundo entendimento do MP/TCU, as irregularidades consignadas naquele processo configuravam, em tese, “a ocorrência de prática de ato de gestão ilegal e ilegítimo, bem como infração à norma legal, com dano ao erário, situação que, se confirmada, determinaria a revisão dos Acórdãos proferidos [contas de 2000 e 2001]”.

4. Após a reabertura das contas, também foram objeto de exame durante a instrução destes autos irregularidades constantes em outros processos que se encontravam em tramitação no Tribunal, a saber:

a) processo nº TC 011.071/2006-0: relacionado a representação originária da 1ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar, noticiando a celebração de acordo informal entre o 3º BSup e a Companhia Brasileira de Cartuchos, por meio da qual a referida azienda indevidamente utilizou os paióis da organização militar para o armazenamento de pólvora, no período compreendido entre julho de 1988 e fevereiro de 2001;

b) processo nº TC 014.032/2006-5: relacionado a tomada de contas especial instaurada no 3º BSup com o objetivo de quantificar dano ao erário e identificar responsáveis por irregularidades que ocorreram nos períodos de gestão compreendidos entre 1999 e 2001.

5. Em face desse conjunto fático, foram promovidas audiências e citações, cujas análises constam, em síntese, de relatório que precede a este voto.

6. Além disso, importa ressaltar que os exames empreendidos pelas unidades instrutivas muito se assemelham àqueles contidos no processo nº TC 007.217/2001-9, relacionado ao recurso de revisão interposto às contas de 2000. Diferem, apenas, em relação aos elementos oriundos do processo nº  TC 014.032/2006-5, eis que aquele processo de tomada de contas especial contemplava, além das falhas relacionadas tratadas nas contas de 2000, outras que impactaram apenas o exercício em exame.

7. Feita essa breve contextualização, passo ao exame do recurso. 74

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8. Quanto à admissibilidade, comungo dos exames contidos nos pareceres precedentes, no sentido de que o recurso de revisão deve ser admitido em face do atendimento aos requisitos inerentes à espécie recursal.

9. No mérito, observo que as conclusões do MP/TCU divergem, em parte, daquelas externadas pela unidade instrutiva.

10. Nesse sentido, vejo que a unidade técnica vislumbrou que as ações relacionadas à venda de cartuchos vazios, objeto da representação contida no processo nº TC 020.931/2006, dariam ensejo à irregularidade das contas dos gestores envolvidos na tratativa, sem imputação de débito. No mais, há propostas de rejeição das razões de justificativa relacionadas ao acordo informal celebrado entre o 3º BSup e a Companhia Brasileira de Cartuchos (TC 011.071/2006-0), com consequente aplicação de sanção de natureza pecuniária aos envolvidos, bem como há proposta para serem acatadas as alegações de defesa relacionadas aos problemas enumerados no processo TC 014.032/2006-5.

11. O MP/TCU, contudo, propôs que fosse imputado débito aos gestores e à empresa adquirente, no exercício de 2001, de aproximadamente dois mil e setecentos quilos de estojos metálicos de munição sob administração militar. No concernente aos demais aspectos verificados nos autos, derivados dos processos nº TC 011.071/2006-0 e TC 014.032/2006-5, anuiu ao exame empreendido pela unidade instrutiva.

12. Especificamente quanto às falhas decorrentes da representação que motivou o presente recurso de revisão, relacionadas à alienação de cartuchos vazios de munição ao arrepio da legislação aplicável, verifico que a unidade instrutiva foi precisa ao concluir sobre a ilegalidade dos atos praticados pelos gestores.

13. Não obstante isso, pondero que a fundamentação ora utilizada pela Secretaria de Recursos difere daquela contida nos autos do processo nº TC 007.217/2001-9, a qual considero escorreita. Naqueles autos concluiu-se que a alienação impugnada ia de encontro ao disposto no Decreto 2.998, de 23 de março de 1999, que trata da Fiscalização de Produtos Controlados.

14. É relevante, contudo, a conclusão a que chegou a unidade técnica especializada. Tanto nestes autos quanto no processo TC 007.217/2001-9, concluiu-se que as ações levadas a efeito pelos responsáveis denotam desrespeito às normas que regem a administração pública, eis que a venda dos cartuchos inservíveis não observou as normas aplicáveis e os valores auferidos com a venda dos materiais militares não foram destinados aos cofres da organização militar. Compuseram o “caixa 2” daquele batalhão.

15. Tal prática é, conforme consignei nos autos do processo nº TC 007.217/2001-9, grave e denota inobservância à legislação relacionada à execução financeira-orçamentária da União. Dificulta a gestão dos recursos públicos e o controle a ser exercido pelos órgãos competentes.

16. Dessa maneira, entendo que deve prosperar a proposta de encaminhamento suscitada pela unidade técnica, no sentido de as contas daqueles que praticaram os atos inquinados sejam consideradas irregulares, sem imputação de débito.

17. Por outro lado, pondero que a proposta de encaminhamento consignada pela unidade instrutiva não se coaduna com o exame transcrito no relatório, eis que aquela unidade propõe que sejam parcialmente acatadas as contrarrazões recursais dos Paulo César Alievi e integralmente acatadas aquelas apresentadas pelo senhor Paulo Nunes.

18. Nesse particular, constam do relatório evidências de que o senhor Paulo Roberto Rodrigues Nunes somente exerceu suas funções de ordenador de despesas até 24/1/2001, quando ocorreu sua exoneração. A transação ora impugnada por este Tribunal aconteceu em 19/2/2001. Nesse sentido, peço vênias para transcrever excerto aplicável do exame empreendido pela Secretaria de Recursos:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

“53.Com razão o requerente [Paulo Roberto Rodrigues Nunes].

54. Embora os termos genéricos constantes do expediente citatório (‘irregularidade imputada pelo MP/TCU’), o cerne da ocorrência diz respeito ao ‘desvio de materiais sob administração militar do 3º Batalhão de Suprimento em Santa Rita do Sul/RS’, ocorrido em 19/2/2001, data da expedição da Nota Fiscal nº 894 (TC-020.931/2006-2, v. p., fl. 44; TC-011.234/2002-4, anexo 2, fl. 44) pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., no valor de R$ 4.065,00 (quatro mil e sessenta e cinco reais), nos termos da proposta de encaminhamento da instrução anterior, ratificada pelo Relator (anexo 1, fls. 46/48).

55. Nos termos de suas ‘Folhas de Alterações’, o alegante foi desligado do 3º B Sup na data de 26/1/2001, nos termos do Boletim Interno nº 020, de mesma data.

56. O rol de responsáveis constante da prestação de contas noticia que o apelante somente exerceu a função de ordenador de despesas até 25/1/2001, quando ocorreu sua exoneração (v. p., fl. 01).

57. Nesses termos, ao menos no que tange à irregularidade objeto do TC-020.931/2006-2, que fundamentou a apresentação do Recurso de Revisão pelo Parquet em relação às contas de 2001 da unidade, deve ser elidida a irregularidade imputada ao Sr. PAULO ROBERTO RODRIGUES NUNES, uma vez que, à época da alienação irregular, reportada no expediente citatório, o aludido militar não mais integrava o efetivo do 3º B Sup.”

19. De maneira análoga, há elementos hábeis a afastar, em relação às falhas consignadas no processo nº TC 020.931/2006, a imputação de responsabilidade ao senhor Paulo César Alievi, eis que se encontrava, segundo documentos oficiais, em gozo de férias ao tempo da alienação impugnada por este Tribunal. Nesse sentido é o seguinte exame da Serur, in verbis:

“82. Embora os termos genéricos constantes do expediente citatório (‘irregularidade imputada pelo MP/TCU’), o cerne da ocorrência diz respeito ao ‘desvio de materiais sob administração militar do 3º Batalhão de Suprimento em Santa Rita do Sul/RS’, ocorrido em 19/2/2001, data da expedição da Nota Fiscal nº 894 (TC-020.931/2006-2, v. p., fl. 44; TC 011.234/2002-4, anexo 2, fl. 44) pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., no valor de R$ 4.065,00 (quatro mil e sessenta e cinco reais), nos termos da proposta de encaminhamento da instrução anterior, ratificada pelo Relator (anexo 1, fls. 46/48).

83. Nos termos das cópias autênticas dos Boletins Internos nºs 020 e 040, de 26 de janeiro e 28 de fevereiro de 2001, respectivamente, expedidas pelo 3º B Sup (fls. 134/135), o alegante encontrava-se de férias relativas ao ano de 2000, a contar de 29/1/2001, tendo retornado às suas atividades em 28/2/2001.

84. É crível, portanto, que o então Maj ALIEVI, por encontrar-se de férias de 29/1 a 28/2/2001, não teve participação direta na venda que se aperfeiçoou em 19/2/2001, sobretudo porque não há outras provas, mesmo testemunhais, que afirmem o contrário, ao menos no que tange a essa venda específica.

85. Nesses termos, ao menos no que tange ao exercício sob análise deve ser elidida a irregularidade imputada ao Sr. PAULO CÉSAR ALIEVI, uma vez que à época da alienação irregular, objeto do expediente citatório, o aludido militar encontrava-se de férias.

20. Devem as contrarrazões apresentadas pelos senhores Paulo César Alievi e Paulo Roberto Rodrigues Nunes ser integralmente acatadas, de modo a afastá-los dos problemas verificados no âmbito do processo nº TC 020.931/2006-2, relativos ao exercício de 2001.

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21. Passando aos problemas avaliados no âmbito do processo nº TC 011.071/2006-0, que versa sobre acordo informal celebrado entre o 3º BSup e a Companhia Brasileira de Cartuchos, os exames constantes nos autos, os quais adoto como razões de decidir, são uníssonos no sentido de que as falhas identificadas possuem o condão de apor máculas às contas daqueles que se envolveram no procedimento.

22. Com efeito, as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis não elidiram as falhas relacionadas à “ausência da formalização de instrumento contratual, inexistência de registros contábeis, não escrituração das despesas executadas, inexistência de lançamento no SIAFI, não realização de depósitos no Fundo do Exército e ausência de prestação de contas das despesas realizada”.

23. Entendo que tais impropriedades muito se aproximam daquelas relacionadas à representação que ensejou a reabertura das presentes contas, eis que naqueles autos também restou evidenciada a inobservância às normas que regem a administração financeira orçamentária da União. Ademais, de forma análoga, não há documentos hábeis a comprovar que os recursos auferidos foram aplicados em prol da organização militar. Haveria, a meu ver, débito a ser quantificado pelo Tribunal.

24. Não obstante, considerando o lapso transcorrido entre a presente manifestação e a data provável da ocorrência, superior a 12 (doze) anos, entendo que, neste caso concreto, por medida de racionalidade administrativa, deve ser dispensada a persecução do débito decorrente da contratação impugnada nos autos do processo nº TC 011.071/2006-0.

25. Devem os elementos lá retratados, no entanto, ser sopesados para fins do julgamento das contas dos senhores Oberdan Schiefelbein, Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Paulo Cesar Alievi.

26. Em relação às irregularidades tratadas no âmbito do processo TC 014.032/2006-5, o qual versa sobre tomada de contas especial instaurada no 3º BSup com o objetivo de quantificar dano ao erário e identificar responsáveis por irregularidades que ocorreram nos períodos de gestão compreendidos entre 1999 e 2001, anuo aos exames constantes nos autos.

27. Constam do referido processo, em relação ao exercício em exame, indícios de irregularidades relacionados aos seguintes tópicos: a) desvio de carne bovina dos estoques do Depósito de Suprimentos Cl I da Seção de Suprimento Cl I; b) inexecução das obras constantes das notas de empenho 2001NE900008, 2001NE900500, 2001NE900566, 2001NE900578; c) execução parcial das obras constantes da nota de empenho 2001NE900164; e d) aquisição de pão francês por preços superiores aos praticados no mercado.

28. No concernente aos referidos tópicos, os elementos contidos nos autos denotam a execução das obras questionadas, bem como que o referido desvio de carne bovina não se confirmou. Há, conforme se verifica no relatório, falhas de gestão relacionadas à liquidação antecipada de despesas e à descrição inadequada em notas de empenho.

29. Especificamente quanto à aquisição de pães por valores supostamente superiores aos de mercado, entendo, na linha constante do processo nº TC 007.217/2001-9, que os elementos constantes dos autos denotam que os valores praticados pelo 3º BSup, de R$ 2,78, muito se aproximam daqueles constantes em levantamento promovido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos – Dieese, que os fixou, para os exercícios de 2000 e 2001, em R$ 2,58 e R$ 2,96, respectivamente.

Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que submeto à deliberação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de fevereiro de 2014.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.234/2002-4

JOSÉ JORGE Relator

ACÓRDÃO Nº 443/2014 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.234/2002-4. 1.1. Apenso: 014.032/2006-52. Grupo II – Classe de Assunto: I – Recurso de Revisão 3. Interessados/Responsáveis:3.1. Interessado: 3º Batalhão de Suprimento (00.394.452/0537-20)3.2. Responsáveis: Claudio José da Silva Rangel (900.778.817-53); Cleiton Duarte Alves

(751.017.266-72); Eduardo Ficklscherer (040.970.728-70); Eloi Andre Trinks (320.364.340-53); Guaiba Comercio de Metais Ltda (91.029.850/0001-78); Guilherme Firpo Dal Ponte (801.442.410-72); Juarez Caetano da Silva (139.839.620-68); Kristalina Edificações e Comercio Ltda (94.083.938/0001-66); Marcelo Menezes Guimarães (012.416.287-85); Marcius Vinicius de Jesus (754.277.024-15); Marcos Antonio Steil (168.618.538-36); Mauricio Grohs (935.567.640-91); Neiva Margarete de Gois Nasilowski (03.271.658/0001-26); Oberdan Schiefelbein (569.291.887-00); Panifício Superpan Ltda (92.884.246/0001-91); Paulo Cesar Alievi (734.110.197-00); Paulo Roberto Rodrigues Nunes (379.107.287-00); Reginaldo Trindade Lisboa (449.573.437-72); Reimbran Kolling Pinheiro (898.775.510-04); Vagner Silveira Haab (694.429.400-15).

4. Órgão: 3º Batalhão de Suprimento.5. Relator: Ministro José Jorge.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública

(SecexDefes).8. Advogado constituído nos autos: André Costa Beber (OAB/RS 41.122); Diogo Melo Azambuja

(OAB/RS 60.169); Eduardo Franceschetto Junqueira (OAB/RS 51.378); Érica Falconi Sperinde (OAB/RS 66169); Fabiano Koff Coulon (OAB/RS 36.608); Fábio Canazaro (OAB/RS 46.621); Fábio Melo de Azambuja (OAB/RS 12.227); Guilherme Teixeira da Silveira Bulcão (OAB/RS 77.802); Luís Henrique Borges Santos (OAB/DF 12.655); Maurício Michaelsen (OAB/RS 53.005); Rafael de Freitas Valle Dresch (OAB/RS 46.643),

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pelo Ministério

Público junto ao TCU em face de deliberação inserta na Relação nº 75/2003, Ata 35/2003, relacionada ao julgamento das contas anuais do Terceiro Batalhão de Suprimentos do Exército, exercício 2001.

Acórdão os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. indeferir, por falta de amparo legal, o pleito do senhor Oberdan Schiefelbein, consistente na concessão de prazo adicional para manifestar-se sobre parecer exarado pelo representante do MP/TCU;

9.2. rejeitar as razões de justificativas apresentadas pelos senhores Oberdan Schiefelbein, Paulo Cesar Alievi e Paulo Roberto Rodrigues Nunes, relativamente às audiências objeto do processo TC 011.071/2006-0;

9.3. acolher as alegações de defesa apresentadas pelos senhores Oberdan Schiefelbein, Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Marcius Vinicius de Jesus, Reimbran Kolling Pinheiro, Guilherme Firpo Dal Ponte, empresa Kristalina Edificações e Comércio Ltda., na pessoa de seu sócio diretor, senhor Renato Silva da Silva e Panifício Superpan Ltda., na pessoa de seu sócio majoritário, senhor

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Arildo Bennech de Oliveira, relativamente às citações objeto do TC 014.032/2006-5, aproveitando-as em relação aos responsáveis que foram considerados revéis, senhores Marcelo Menezes Guimarães, Marcos Antonio Steil e Construtora Senna, na pessoa da proprietária Sra. Neiva Margarete de Góis Nasilowsky;

9.4. acolher, em parte, as contra-razões recursais apresentadas pelos senhores Oberdan Schiefelbein, relacionadas às irregularidades tratadas no processo TC 020.931/2006-2;

9.5. acolher as contra-razões recursais apresentadas pelos senhores Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Paulo Cesar Alievi, bem como pela empresa Guaíba Comércio de Metais Ltda., relacionadas às irregularidades tratadas no processo nº TC 020.931/2006-2;

9.6. nos termos do art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, conhecer do recurso de revisão, para, no mérito, dar-lhe provimento;

9.7. tornar insubsistente a deliberação proferida em 30/09/2003, registrada na Relação 75/2003, Ata 35/2003, relativamente aos responsáveis Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Paulo Cesar Alievi e Oberdan Schiefelbein, mantendo-a inalterada em relação aos demais responsáveis;

9.8. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas b e d, da Lei nº 8.443/1992, julgar irregulares as contas do senhor Oberdan Schiefelbein, relativas ao exercício de 2001;

9.9. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b, da Lei nº 8.443/1992, julgar irregulares as contas dos senhores Paulo Roberto Rodrigues Nunes e Paulo César Alievi, relativas ao exercício de 2001;

9.10. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da mesma Lei, dar quitação plena aos demais responsáveis;

9.11. com fulcro no art. 58, inciso I, da Lei nº 8.443, de 1993, aplicar aos senhores Paulo Roberto Rodrigues Nunes, Paulo César Alievi e Oberdan Schiefelbein, individualmente, multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da referida lei, atualizado monetariamente na forma da legislação em vigor.

9.12. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações; e

9.13. remeter cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam à Procuradoria da República do Estado do Rio Grande do Sul, para adoção das ações a seu cargo.

10. Ata n° 6/2014 – Plenário.11. Data da Sessão: 26/2/2014 – Extraordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0443-06/14-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator) e José Múcio Monteiro.13.2. Ministro-Substituto convocado: Weder de Oliveira.13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente)AROLDO CEDRAZ

(Assinado Eletronicamente)JOSÉ JORGE

na Presidência Relator

Fui presente:

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(Assinado Eletronicamente)PAULO SOARES BUGARIN

Procurador-Geral

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