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74
substânsia

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substânsia

três golpes d’água

à minha avóao Cláudio Pires

à Maraponga

“Este anseio infinito e vão. De possuir o que me possui”

Manuel Bandeira

Oração

Aos poetas incompreendidosa incompreensão eterna.

Amém

(Golpe no mundo dos homens)

como um impasse de mágicaa cidade faz dormirtodos os semáforos.o caos instaladoobriga-nos a ler o óbvio:os homens não se entendem,por isso os sinais.

o mundo relembraque é mundo(de pedra, ferro, cimento e gente)

talles azigon | 13

como um impasse de mágicaa cidade faz dormirtodos os semáforos.o caos instaladoobriga-nos a ler o óbvio:os homens não se entendem,por isso os sinais.

o mundo relembraque é mundo(de pedra, ferro, cimento e gente)

três golpes d’água14 |

as ruas do centro da cidadesão feitas de asfalto, carros, poeira e calor.o meu poema é feito de letrasdúvidas, sentimentos e esperanças.

Eu me falto.

espero

(quem esperasempre alcançaa distância entre sua própria espera e esperança)

olhar dessa página,desse tablet,dessa tela de computadorou qualquer que sejao suporte que tenhaminventado para suportara minha dor,teus olhos. e no fundo de mim em tinos lermos.

preciso partirou parto de vezde dentro de mim

preciso fugirdessa localidade.buraco de lama,insiste, volta e preencheo esforço inútilda minha mente

preciso sair,pois não caibo na cidadenão caibo na verdadenão caibo no tubo de ensaio

meu remédio é sumir

Eu sofrodo mal do aqui.

talles azigon | 15

as ruas do centro da cidadesão feitas de asfalto, carros, poeira e calor.o meu poema é feito de letrasdúvidas, sentimentos e esperanças.

Eu me falto.

espero

(quem esperasempre alcançaa distância entre sua própria espera e esperança)

olhar dessa página,desse tablet,dessa tela de computadorou qualquer que sejao suporte que tenhaminventado para suportara minha dor,teus olhos. e no fundo de mim em tinos lermos.

preciso partirou parto de vezde dentro de mim

preciso fugirdessa localidade.buraco de lama,insiste, volta e preencheo esforço inútilda minha mente

preciso sair,pois não caibo na cidadenão caibo na verdadenão caibo no tubo de ensaio

meu remédio é sumir

Eu sofrodo mal do aqui.

três golpes d’água16 |

(Arquitetura do cansaço)

de modo que eu suportaria mais uma guerra,contudo não suportaria mais uma dúvida.

uma carcaçaem cima de outra carcaçaem cima de outra carcaça.

nem palavras querem ser ditasúnica vontade que ainda resta é de ler uns poemas.não é preciso coragem/vontade para os poemasbasta uma pequena porção de desespero.

Eu tenho

vontade de tanta coisavontade de inventar outra coisavontade de abrir a janela do planeta e mijarpor falta de energia [para me dirigir até o banheiro mais próximoaté mesmo porque nem sei [o quão distante está o banheiro mais próximoassim como não sei [o quão distante está a ilusão mais próxima.

de modo que eu suportaria mais uma eleição,contudo não suportaria mais um talvez.

de modo que eu suportaria mais um emprego,contudo não suportaria mais uma espera.

de modo que eu suportaria mais uma graduação,contudo não suportaria mais uma promessa.

a lagoa da Maraponga é boa, mesmo poluída é belae faz parte de mim.a lagoa da Maraponga é a coisa mais linda que vejoquase todos os diasmesmo assimeu quase nunca sento em sua margem.

defesa: não prefiro outras margens, gosto mais das margens da lagoa da Marapongaassim como prefiro Bandeira e tenho lido pouco Bandeiraassim como prefiro teatro e tenho visto pouco teatro

de modo que eu suportaria mais uma queda de internet,contundo não suportaria mais uma ausência.

talles azigon | 17

(Arquitetura do cansaço)

de modo que eu suportaria mais uma guerra,contudo não suportaria mais uma dúvida.

uma carcaçaem cima de outra carcaçaem cima de outra carcaça.

nem palavras querem ser ditasúnica vontade que ainda resta é de ler uns poemas.não é preciso coragem/vontade para os poemasbasta uma pequena porção de desespero.

Eu tenho

vontade de tanta coisavontade de inventar outra coisavontade de abrir a janela do planeta e mijarpor falta de energia [para me dirigir até o banheiro mais próximoaté mesmo porque nem sei [o quão distante está o banheiro mais próximoassim como não sei [o quão distante está a ilusão mais próxima.

de modo que eu suportaria mais uma eleição,contudo não suportaria mais um talvez.

de modo que eu suportaria mais um emprego,contudo não suportaria mais uma espera.

de modo que eu suportaria mais uma graduação,contudo não suportaria mais uma promessa.

a lagoa da Maraponga é boa, mesmo poluída é belae faz parte de mim.a lagoa da Maraponga é a coisa mais linda que vejoquase todos os diasmesmo assimeu quase nunca sento em sua margem.

defesa: não prefiro outras margens, gosto mais das margens da lagoa da Marapongaassim como prefiro Bandeira e tenho lido pouco Bandeiraassim como prefiro teatro e tenho visto pouco teatro

de modo que eu suportaria mais uma queda de internet,contundo não suportaria mais uma ausência.

três golpes d’água18 |

(Desconfiei)

que secaram todo o leitodo rioda palavra

Desconfieique comeramtoda a carne do poema

Desconfiei

Desconfieique a palavra ditanão precisa ser escritaque a poesia bem ou mal ditanão precisa ser descrita

Desconfiei que essa vidafosse minha

Desconfiei do teu corpomorto

Desconfiei do fimdo bimestredo semestreda gênesedo fim

Desconfiei de mimde tide Deusde não-Deusda ciência

Desconfieida minha confiançana minha desconfiança em tudo

Desconfieiforte plenointeiroe tão profundamente

talles azigon | 19

(Desconfiei)

que secaram todo o leitodo rioda palavra

Desconfieique comeramtoda a carne do poema

Desconfiei

Desconfieique a palavra ditanão precisa ser escritaque a poesia bem ou mal ditanão precisa ser descrita

Desconfiei que essa vidafosse minha

Desconfiei do teu corpomorto

Desconfiei do fimdo bimestredo semestreda gênesedo fim

Desconfiei de mimde tide Deusde não-Deusda ciência

Desconfieida minha confiançana minha desconfiança em tudo

Desconfieiforte plenointeiroe tão profundamente

três golpes d’água20 |

um homem invisívelacorda e toma um café invisívelpega um transporte invisívelexecuta seu trabalho invisívelretorna quando chega a hora invisívelpara a sua casa invisívelem uma rua invisíveldentro de um bairro invisívelpertencente a uma cidade invisívelgerida por um estado invisívelsubjugada a um país invisívelde um planeta...

Desconfieiaté desaparecermeu corpomeu ser meu ter

Desconfieidesconfigurei descodifiquei

alcancei o início

e no inícioera o verboe o verbofez-se carne

e eu desconfiei.

talles azigon | 21

um homem invisívelacorda e toma um café invisívelpega um transporte invisívelexecuta seu trabalho invisívelretorna quando chega a hora invisívelpara a sua casa invisívelem uma rua invisíveldentro de um bairro invisívelpertencente a uma cidade invisívelgerida por um estado invisívelsubjugada a um país invisívelde um planeta...

Desconfieiaté desaparecermeu corpomeu ser meu ter

Desconfieidesconfigurei descodifiquei

alcancei o início

e no inícioera o verboe o verbofez-se carne

e eu desconfiei.

três golpes d’água22 |

(D composição urbana)

o rio de aço e carneflui para um oceano indeterminadoem suas margenscães, gente, árvores, gatos e pássarosinvisíveis.

a cidade mortaa cidade tortaa cidade cobrauma horta menos venenosaa cidade abortaa cidade portade outras cidadesque brotam como um poste de mágica de uma mesma aparente única cidadecidade santaconfode com a cidade puta.as minorias em maior númerosomem nos dedos de preciprédios poliúnica cidadenão rima com identidade descobri a exemplo deste poema que a cidade é uma abstração, assim come eu.

talles azigon | 23

(D composição urbana)

o rio de aço e carneflui para um oceano indeterminadoem suas margenscães, gente, árvores, gatos e pássarosinvisíveis.

a cidade mortaa cidade tortaa cidade cobrauma horta menos venenosaa cidade abortaa cidade portade outras cidadesque brotam como um poste de mágica de uma mesma aparente única cidadecidade santaconfode com a cidade puta.as minorias em maior númerosomem nos dedos de preciprédios poliúnica cidadenão rima com identidade descobri a exemplo deste poema que a cidade é uma abstração, assim come eu.

três golpes d’água24 |

a chuva me desinquietaela me desconstitui

o tempo me perdee eu tic-tace eu tic-tacna minha velocidadena minha veloz cidade.

isso seriafenomenologia?

a chuva me desinquietaela me desconstitui

o tempo me perdee eu tic-tace eu tic-tacna minha velocidadena minha veloz cidade.

isso seriafenomenologia? (Golpe no meu mundo)

devo ter perdido alguma coisanão apenas o sonodevo ter perdido não “o relógio de mamãe,um continente e dois rios”devo ter perdido alguma coisanem foi só amornem foi só dinheironem foi só paciênciadevo ter perdidodevo ter perdidoum mês, um ano, um século?talvezinsisto, devo ter perdido...a inocência? vá lá!devo ter perdido um algoantes mesmo de ter existido.

talles azigon | 27

devo ter perdido alguma coisanão apenas o sonodevo ter perdido não “o relógio de mamãe,um continente e dois rios”devo ter perdido alguma coisanem foi só amornem foi só dinheironem foi só paciênciadevo ter perdidodevo ter perdidoum mês, um ano, um século?talvezinsisto, devo ter perdido...a inocência? vá lá!devo ter perdido um algoantes mesmo de ter existido.

três golpes d’água28 |

e essa Lua que tem a audácia de me amanhecer?

(Oração não subordinada)

Senhor,juro nunca maisjurar por timinhas duas palmas coladasnunca mais te pedirãoperdãovou te arrancardo meu altardesconsagrarei a tio domingo, o sábado, todas as feirasdarei um golpe no teu Estadoe serei Deus a minha vidainteira.

talles azigon | 29

e essa Lua que tem a audácia de me amanhecer?

(Oração não subordinada)

Senhor,juro nunca maisjurar por timinhas duas palmas coladasnunca mais te pedirãoperdãovou te arrancardo meu altardesconsagrarei a tio domingo, o sábado, todas as feirasdarei um golpe no teu Estadoe serei Deus a minha vidainteira.

três golpes d’água30 |

para Gisa Carvalho

há no mei de mim um sertãocousa que a cidade encobre.no mei de mimum mundo semfim.

(Naturezalista)

não sei se eu rio?não sei se eu lago?não sei se eu figo?não sei se eu pargo ?

talles azigon | 31

para Gisa Carvalho

há no mei de mim um sertãocousa que a cidade encobre.no mei de mimum mundo semfim.

(Naturezalista)

não sei se eu rio?não sei se eu lago?não sei se eu figo?não sei se eu pargo ?

três golpes d’água32 |

hoje choveu em mim,já brotam galhos e frutos do meu corpo madurohoje o tempo dança para trásescapo em busca das paralelas que me encontraramno infinitohoje o céu se enfeitou de bonitosó para visitar-me.

nos possuímos.

hoje choveu em mimde todas e todas as ausênciase promessas não cumpridas.

hoje choveu em mim.

porque santo é o meu nome e faço de vez em quando alguns milagrescomo chover em mim.

usando apenas pinceleu desenhocortinas no Céu.

talles azigon | 33

hoje choveu em mim,já brotam galhos e frutos do meu corpo madurohoje o tempo dança para trásescapo em busca das paralelas que me encontraramno infinitohoje o céu se enfeitou de bonitosó para visitar-me.

nos possuímos.

hoje choveu em mimde todas e todas as ausênciase promessas não cumpridas.

hoje choveu em mim.

porque santo é o meu nome e faço de vez em quando alguns milagrescomo chover em mim.

usando apenas pinceleu desenhocortinas no Céu.

três golpes d’água34 |

creio na palavra transbordarcomo crer-se na virgindade de Mariaé preciso muita fépara transformarpalavra em poesia.

Meu coração agora é um coração despovoado.

talles azigon | 35

creio na palavra transbordarcomo crer-se na virgindade de Mariaé preciso muita fépara transformarpalavra em poesia.

Meu coração agora é um coração despovoado.

três golpes d’água36 |

passado nunca passapássaroaladovoa conoscosemprelado a lado.

carrego dentro de mim o tamanho das cidades extintascarrego dentro de mim a poética o método e a metafísicacarrego dentro de mim os que amei os que não amei os que me amaram os que não me amaram os que me amarraram e os que me libertaramcarrego dentro de mim o que não existecarrego dentro de mim o verbo carregar que funda as coisas que disse que carrego dentro de mim.

talles azigon | 37

passado nunca passapássaroaladovoa conoscosemprelado a lado.

carrego dentro de mim o tamanho das cidades extintascarrego dentro de mim a poética o método e a metafísicacarrego dentro de mim os que amei os que não amei os que me amaram os que não me amaram os que me amarraram e os que me libertaramcarrego dentro de mim o que não existecarrego dentro de mim o verbo carregar que funda as coisas que disse que carrego dentro de mim.

três golpes d’água38 |

se há nevepor de cima desse coraçãohá fogo por de dentro.

sorver da coisa que inventoe me desespero

inventar mundo e sentimentos paralelos

morrer do intangívelfazer de mimmeu próprio cemitério.

talles azigon | 39

se há nevepor de cima desse coraçãohá fogo por de dentro.

sorver da coisa que inventoe me desespero

inventar mundo e sentimentos paralelos

morrer do intangívelfazer de mimmeu próprio cemitério.

três golpes d’água40 |

(Falência)

vão-se os anéise os dedos.

parece que estão a todo o momento querendo me assaltar

é tão angustiante ver o outro vindoé tão angustiante ver o outro vindover o outro vindo é tão angustiante

cada passo,um cálculo de agonia

parece que estãoa todo o momentoquerendo me assaltar.

talles azigon | 41

(Falência)

vão-se os anéise os dedos.

parece que estão a todo o momento querendo me assaltar

é tão angustiante ver o outro vindoé tão angustiante ver o outro vindover o outro vindo é tão angustiante

cada passo,um cálculo de agonia

parece que estãoa todo o momentoquerendo me assaltar.

três golpes d’água42 |

(Paisagem)

ao passo que vagoe o rumo me assumedeparo-me encantadoao rever um vagalume.

(Ponto de desencontro)

você estava por dentroeu estava por foraninguém faltou.

o tempo é que foi embora.

talles azigon | 43

(Paisagem)

ao passo que vagoe o rumo me assumedeparo-me encantadoao rever um vagalume.

(Ponto de desencontro)

você estava por dentroeu estava por foraninguém faltou.

o tempo é que foi embora.

três golpes d’água44 |

(Sweet )

a morte se equilibranos fios dos postes elétricosdizem que os limpos habitam os céusos sujos habitam em mim.

(Sweet )

a morte se equilibranos fios dos postes elétricosdizem que os limpos habitam os céusos sujos habitam em mim.

(Golpe no teu mundo)

falateu faloé meu

faloomeu tambémé teu.

talles azigon | 47

falateu faloé meu

faloomeu tambémé teu.

três golpes d’água48 |

(Poema Branco) para Matheus teu corpo éde todas as páginasa mais branca.cheia de pontos basta escrever umas palavrasque se alastra poesiapara todos os lados.teus olhosos mais ardilosos.tua bocaa mais saborosa.tuas vontadesas mais sucumbíveis.teu nomeo mais desejado.

é como se todos os poemasquisessem falarsó sobre tiquando amamosesquecemos que existea palavra fim.

talles azigon | 49

(Poema Branco) para Matheus teu corpo éde todas as páginasa mais branca.cheia de pontos basta escrever umas palavrasque se alastra poesiapara todos os lados.teus olhosos mais ardilosos.tua bocaa mais saborosa.tuas vontadesas mais sucumbíveis.teu nomeo mais desejado.

é como se todos os poemasquisessem falarsó sobre tiquando amamosesquecemos que existea palavra fim.

três golpes d’água50 |

a madrugada te imita

é ausente.

diga que tu me amas que eu direi quem tu és.

talles azigon | 51

a madrugada te imita

é ausente.

diga que tu me amas que eu direi quem tu és.

três golpes d’água52 |

fui embora pra de dentro de mimfiz um furo aqui em cimae deixei escorrer toda crendiceque eu ainda tinha de tu.nada não,amor é assim mesmo,quando não amarga na entradaamarga na saída.

a noite é grandea madrugada é maiorcabe teu corpo, meu desejotodos, tudosem nós, nada fica escuro.

talles azigon | 53

fui embora pra de dentro de mimfiz um furo aqui em cimae deixei escorrer toda crendiceque eu ainda tinha de tu.nada não,amor é assim mesmo,quando não amarga na entradaamarga na saída.

a noite é grandea madrugada é maiorcabe teu corpo, meu desejotodos, tudosem nós, nada fica escuro.

três golpes d’água54 |

minha porta aberta pra chuvaminha alma aberta pra músicafora issomeu corpo fechadoespera a chave do teu pecado.

não é por mim que canta o menino que cantase fosse ficaria encantadoe dormiria neleeternamente neleno menino que canta.

talles azigon | 55

minha porta aberta pra chuvaminha alma aberta pra músicafora issomeu corpo fechadoespera a chave do teu pecado.

não é por mim que canta o menino que cantase fosse ficaria encantadoe dormiria neleeternamente neleno menino que canta.

três golpes d’água56 |

na linha de passebloqueio o tempoespero que você me saque.

se permitisseste infiniriana minha poesia.

talles azigon | 57

na linha de passebloqueio o tempoespero que você me saque.

se permitisseste infiniriana minha poesia.

três golpes d’água58 |

tem gente que é abismonão acho bonito,gosto mais de pessoa-precipício.

eu armarei para ticom faca e garfocom metralhadoradispararei em cheiono meio do teu peitoo poemamais orgânico,que deixariaqualquer estátua de bronzeem estado agônico.tu vais cair de joelhostua casca durade purainsensibilidadevai estilhaçar em tantas partesque não vais resistire vais morrerna beleza de umenfarte.

talles azigon | 59

tem gente que é abismonão acho bonito,gosto mais de pessoa-precipício.

eu armarei para ticom faca e garfocom metralhadoradispararei em cheiono meio do teu peitoo poemamais orgânico,que deixariaqualquer estátua de bronzeem estado agônico.tu vais cair de joelhostua casca durade purainsensibilidadevai estilhaçar em tantas partesque não vais resistire vais morrerna beleza de umenfarte.

três golpes d’água60 |

encontrei teu corpo no copo de cervejatuas pernas pra cimaestavam sêmen-abertassorvi cada golecomo se fosseo antepenúltimoo bar fechoute fumei no escuro.

quando eu morri nos teus olhos eram 18 horas a aula havia acabado e eu também...

talles azigon | 61

encontrei teu corpo no copo de cervejatuas pernas pra cimaestavam sêmen-abertassorvi cada golecomo se fosseo antepenúltimoo bar fechoute fumei no escuro.

quando eu morri nos teus olhos eram 18 horas a aula havia acabado e eu também...

três golpes d’água62 |

do meu amor eu não duvidoas paralelas um diase encontram no infinito.

(Libra)

em um dos pratos tens o meu pulmãonoutro meu coraçãobasta um segundoteu ar é meu mundo.

talles azigon | 63

do meu amor eu não duvidoas paralelas um diase encontram no infinito.

(Libra)

em um dos pratos tens o meu pulmãonoutro meu coraçãobasta um segundoteu ar é meu mundo.

três golpes d’água64 |

uma hora a roupa cansa de vestirnesse dia esperadoa balança penderá pro meu lado.

ponto e pedraquando você coloca o coração quebramas depois sossega.

talles azigon | 65

uma hora a roupa cansa de vestirnesse dia esperadoa balança penderá pro meu lado.

ponto e pedraquando você coloca o coração quebramas depois sossega.

três golpes d’água66 |

a noite quebrou seus cacos de lua em cima de mim.

Fim.

talles azigon | 67

a noite quebrou seus cacos de lua em cima de mim.

Fim.

(Golpe no mundo dos homens)

como um impasse de mágica, 13as ruas do centro da cidade, 14preciso partir, 15Arquitetura do cansaço, 16Desconfiei, 18um homem invisível, 21a cidade morta, 22D composição urbana, 23a chuva me desinquieta, 24

(Golpe no meu mundo)

devo ter perdido alguma coisa, 27e essa Lua que tem a audácia de me amanhecer, 28Oração não subordinada , 29há no mei de mim um sertão, 30Naturezalista, 31hoje choveu em mim, 32usando apenas pincel, 33creio na palavra transbordar, 34meu coração agora é um coração despovoado, 35passado nunca passa, 36carrego dentro de mim o tamanho das cidades extintas, 37se há neve, 38sorver da cousa que invento, 39

Falência, 40parece que estão, 41Paissagem, 42Ponto de desencontro, 43Sweet, 44

(Golpe no teu mundo)

fala, 47Poema Branco, 48é como se , 49a madrugada te imita, 50diga que tu me amas e eu direi quem tu és, 51fui embora pra de dentro de mim, 52a noite é grande, 53minha porta aberta pra chuva, 54não é por mim , 55na linha de passe, 56se permitisses, 57tem gente que é abismo, 58eu armarei para ti, 59encontrei teu corpo no copo de cerveja, 60quando eu morri nos teus olhos, 61do meu amor eu não duvido, 62Libra, 63uma hora a roupa cansa de vestir, 64ponto e pedra, 65a noite quebrou seus cacos de lua em cima de mim, 67

(Golpe no mundo dos homens)

como um impasse de mágica, 13as ruas do centro da cidade, 14preciso partir, 15Arquitetura do cansaço, 16Desconfiei, 18um homem invisível, 21a cidade morta, 22D composição urbana, 23a chuva me desinquieta, 24

(Golpe no meu mundo)

devo ter perdido alguma coisa, 27e essa Lua que tem a audácia de me amanhecer, 28Oração não subordinada , 29há no mei de mim um sertão, 30Naturezalista, 31hoje choveu em mim, 32usando apenas pincel, 33creio na palavra transbordar, 34meu coração agora é um coração despovoado, 35passado nunca passa, 36carrego dentro de mim o tamanho das cidades extintas, 37se há neve, 38sorver da cousa que invento, 39

Falência, 40parece que estão, 41Paissagem, 42Ponto de desencontro, 43Sweet, 44

(Golpe no teu mundo)

fala, 47Poema Branco, 48é como se , 49a madrugada te imita, 50diga que tu me amas e eu direi quem tu és, 51fui embora pra de dentro de mim, 52a noite é grande, 53minha porta aberta pra chuva, 54não é por mim , 55na linha de passe, 56se permitisses, 57tem gente que é abismo, 58eu armarei para ti, 59encontrei teu corpo no copo de cerveja, 60quando eu morri nos teus olhos, 61do meu amor eu não duvido, 62Libra, 63uma hora a roupa cansa de vestir, 64ponto e pedra, 65a noite quebrou seus cacos de lua em cima de mim, 67

*A Editora Substânsia foi criada com o intuito de publicar livros de autores contemporâneos, dos mais variados gêneros, e pers-pectivar novas condições de diálogo entre os criadores brasileiros das mais variadas artes; abrindo novas possibilidades no mercado editorial brasileiro. A exemplo de outras editoras independentes, o que nos move é a paixão pela literatura, o prazer de editar livros e criar elos que fortifiquem a intelectualidade dos novos escrito-res, reconhecendo a contribuição dos que buscam firmar conteú-dos de qualidade, abertos para o debate colaborativo.

© Substânsia, 2014© Talles Azigon, 2014

Editores:Madjer de Souza Pontes Nathan MatosTalles Azigon

Revisão:Klauber DutraCamila Araujo da Silva

Projeto Gráfico:Nathan Matos

Imagem da capa produzida porJéssica Gabrielle

1ª edição, Fortaleza, 2014

Nesta edição, respeitou-se o novoAcordo Ortográfico da Língua Portuguesa

AZIGON, Talles [1989 -] três golpes d’água | Talles Azigon

ISBN 978-85-916933-2-0 A995t

1. Poesia Brasileira I. Título CDD 869.91

Índices para catálogo sistemático1. Poesia brasileira: 869.91

Substânsiasubstansia.com.br

© Substânsia, 2014© Talles Azigon, 2014

Editores:Madjer de Souza Pontes Nathan MatosTalles Azigon

Revisão:Klauber DutraCamila Araujo da Silva

Projeto Gráfico:Nathan Matos

Imagem da capa produzida porJéssica Gabrielle

1ª edição, Fortaleza, 2014

Nesta edição, respeitou-se o novoAcordo Ortográfico da Língua Portuguesa

AZIGON, Talles [1989 -] três golpes d’água | Talles Azigon

ISBN 978-85-916933-2-0 A995t

1. Poesia Brasileira I. Título CDD 869.91

Índices para catálogo sistemático1. Poesia brasileira: 869.91

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FONTE Adobe Caslon Pro | Minion ProPAPEL Pólen bold 80 g/m²TIRAGEM 30 exemplares

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