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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Treinamento Personalizado e Musculação Lisete Miranda Benevides Jorge TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS: PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA LINS – SP 2010

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Treinamento Personalizado e Musculação

Lisete Miranda Benevides Jorge

TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS:

PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

LINS – SP 2010

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LISETE MIRANDA BENEVIDES JORGE

TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS:

PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Treinamento Personalizado e Musculação sob orientação dos professores M. Sc. Flávio Piloto Cirillo e M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP

2010

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LISETE MIRANDA BENEVIDES JORGE

TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS:

PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico

Salesiano Auxilium para obtenção do título de especialista em Treinamento

Personalizado e Musculação.

Aprovado em: __/__/____

Banca Examinadora:

Prof. M. Sc. Flávio Piloto Cirillo.

Mestre em Anatomia Funcional pela USP - SP

___________________________________________________________

Profª M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

___________________________________________________________

LINS - SP

2010

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RESUMO

Segundo dados do IBGE, em 2020, 13% da população do Brasil será de idosos. Cada vez mais se pesquisam estratégias que garantam a manutenção da capacidade funcional e da autonomia nas últimas décadas de vida. Os cientistas enfatizam a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção à saúde. Sendo assim, o objetivo do trabalho é demonstrar a importância do treinamento resistido para melhoria da qualidade de vida dos idosos. Para isto, utilizou-se como método a revisão bibliográfica acerca do tema. Percebe-se que o Treinamento Resistido tem sido grande aliado na melhoria dos problemas crônicos, pois provocam adaptações ao organismo causando melhorias à saúde, desde que planejados, prescritos e orientados de acordo com o condicionamento e necessidades de cada indivíduo, por um profissional qualificado. Podem trazer grandes benefícios ao idoso como: aumento na força, potência, flexibilidade, resistência muscular, aumento na massa magra e com isso melhora na qualidade de vida até mesmo dos indivíduos com doenças crônicas. Concluiu-se através da pesquisa, que se apenas uma forma de exercício tiver que ser escolhida para promover melhoria na capacidade funcional de idosos, o treinamento com peso parece a melhor opção, se comparada a outros. Isto porque as principais atividades cotidianas, presentes na vida de idosos, envolvem capacidades que são aprimoradas durante a prática do treinamento com peso.

Palavras-chave: Envelhecimento. Treinamento Resistido. Qualidade de vida. Prevenção.

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ABSTRACT

According to data of the IBGE, in 2020, 13 % of the Brazilian population

will be of age advanced. Each time more, there are investigated strategies that guarantee the maintenance of the functional capacity and of the autonomy in the last decades of life. The scientists emphasize the necessity of which the physical activity is a basic part of the worldwide programs of promotion to the health. Therefore, the objective of the study is to show the importance of the resisted training for improvement of the quality of life of the older people. For this, the bibliographical revision was used like method about the subject. It is realized that the Resisted Training has been great ally in the improvement of the chronic problems, since they provoke adaptations to the organism causing improvements to the health, since planned, prescribed and orientated in accordance with the conditioning and necessities of each individual, for a qualified professional. It can bring great benefits to the elders as an increase in the strength, power, flexibility, muscular resistance, increase in the thin mass and therefore improves the quality of life, even in individuals with chronic diseases. One concluded through the inquiry, that if only the form of exercise will have to be chosen to promote improvement in the functional capacity of elders, the training with weight looks to be the better option if compared to others. That’s because the principal daily activities, present in the life of old people, wrap capacities that are perfected during the practice of the training with weight.

Keywords: Aging. Resisted training. Quality of life. Prevention.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................8 CAPÍTULO I – REFLEXÕES ACERCA DO ENVELHECIMENTO ..................11

1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL..................................................11

1.1 A expectativa de vida humana.....................................................................16

1.2 Alterações fisiológicas do idoso...................................................................20

CAPÍTULO II – MÉTODOS DE TREINAMENTO DE FORÇA..........................23

2 A FORÇA MUSCULAR...............................................................................23

2.1 A flexibilidade...............................................................................................25

2.2 Os métodos de treinamento.........................................................................26

2.3 Periodização do treinamento.......................................................................29

CAPÍTULO III – EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO...........................32

3 O TREINAMENTO RESISTIDO..................................................................32

3.1 Os efeitos do treinamento resistido aos idosos...........................................33

CONCLUSÃO....................................................................................................37 REFERÊNCIAS.................................................................................................39

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À minha querida mãe Doralice pelo apoio e admiração aos

meus esforços durante o curso de especialização após 19 anos da

graduação. Dedico a você mãe com muita saudade não só minha

monografia mais a minha vida, toda garra e vontade de vencer, pois

foi o meu exemplo nas batalhas da vida, lutou até o fim sem perder

o dom da fé em seu coração. Deus abençoou minha vida de muitos

modos maravilhosos Derramou dádivas em meus dias, iluminando

meu caminho com a luz de seu amor e proteção de mãe. Tanto que

a cada dia tenho razões para dar graças ao poder maravilhoso de

Nosso Senhor que tem atendido minhas orações, fortalecendo o

meu coração neste momento tão sofrido de minha vida com o poder

e a maravilha de Seu Amor de Pai.

Doralice Miranda Rosa Benevides: 14/07/1942 a 09/11/2009.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer em especial meu esposo Carlos pela

compreensão do tempo necessário para concluir a especialização e

pela paciência e amor nas horas das minhas dificuldades não

deixando que desistisse.

Agradeço também minha irmã Beth pelo auxílio na montagem

do corpo do trabalho e meu irmão Leandro que colaboraram no

início com a informática para a realização deste trabalho. E a todos

os outros que estiveram por perto mesmo que me ouvindo, muito

obrigada pela paciência.

Agradeço acima de tudo a Deus por ter me concedido

saúde, determinação e perseverança ao longo desses dois anos de

curso.

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Jorge, Lisete Miranda Benevides.

j71t Treinamento resistido para idosos: promoção da qualidade de vida/ Lisete Miranda Benevides Jorge. Lins, 2010.

40p. il. 31 cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Treinamento Personalizado e Musculação, 2010.

Orientadores: Flávio Piloto Cirillo; Heloisa Helena Rovery da Silva.

1. Envelhecimento. 2. Treinamento Resistido. 3. Qualidade de vida.

4. Prevenção. I. Título.

CDU 796

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INTRODUÇÃO

No mundo inteiro, à medida que os anos vão passando, é cada vez

maior o número de idosos. O fenômeno está relacionado a vários fatores, como

a queda no número de nascimentos e o aumento da expectativa de vida, além

do desenvolvimento tecnológico. No Brasil a situação não é diferente e pouco a

pouco o mito de que somos um país de jovens vai sendo derrubado.

O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da

humanidade e também um dos nossos grandes desafios. Ao entrarmos no

século XXI, o envelhecimento global causará um aumento das demandas

sociais e econômicas em todo o mundo. No entanto, as pessoas idosas são,

geralmente, ignoradas como recurso, quando, na verdade, são fundamentais

para a estrutura das nossas sociedades (CASSIANO et al., 2009). A

Organização Mundial da Saúde argumenta que os países podem custear o

envelhecimento se os governos, as organizações e a sociedade civil

implementarem políticas e programas de envelhecimento ativo que melhorem a

saúde, a participação e a segurança dos cidadãos mais velhos.

O envelhecimento é caracterizado por um declínio na performance

motora e pela diminuição gradual do movimento, sendo a fraqueza muscular

um grande contribuinte para o declínio da funcionalidade do idoso. A

diminuição na força muscular pode ser um fator limitante na manutenção de um

estilo de vida independente e na prevenção de quedas, que representam 82%

das mortes acidentais no lar após os 75 anos, como recorda Cassiano et al.

(2009). A marcha normal requer força muscular, controle neuromuscular e

função adequada das articulações dos membros inferiores, de modo que um

declínio na velocidade da marcha é, geralmente, um sinal de deterioração em

um ou mais destes sistemas.

A família, o cônjuge e o próprio idoso devem estar sempre atentos à

presença de alguns sinais que indicam a diminuição da atividade física. É

natural que, com o passar dos anos, o corpo apresente algumas alterações

relacionadas à força, à resistência, à flexibilidade, à coordenação motora e ao

equilíbrio. Contudo, tais modificações quando abordadas de maneira

preventiva, podem não provocar um grande impacto na funcionalidade.

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O declínio do desempenho funcional associado com a idade pode ser

retardado através da participação do idoso em programas de exercícios físicos

e de atividades terapêuticas, que têm se apresentado como estratégias úteis,

como dizem Cassiano et al. (2009), em promover uma redução do risco de

quedas, maior independência funcional, melhora da auto-estima, da confiança

e da qualidade de vida.

Os exercícios físicos melhoram a saúde do indivíduo idoso como um

todo e contribuem para a diminuição das despesas da sociedade envelhecida,

uma vez demonstrados os menores custos da prevenção de morbidades e da

mortalidade entre idosos que praticam exercícios físicos regularmente.

(CASSIANO et al., 2009)

As atividades terapêuticas específicas para pessoas idosas levam ao

resgate e a valorização do idoso, incentivando a sua participação produtiva na

sociedade. Como recordam Cassiano et al. (2009), no aspecto social do

envelhecimento, destacam-se as perdas de papéis ocupacionais significativos,

que geram muitas vezes restrição à participação do idoso no contexto, o que

justifica a implementação de um grupo de atividades como uma contribuição

para um envelhecimento saudável e com qualidade. Os grupos de atividades

promovem a convivência, as trocas de idéias e de afetos, estimulam o pensar,

o fazer e o aprender. Além disso, através da formação de um vínculo com os

elementos do grupo, o idoso se sente mais apoiado, seguro e compreendido.

O interesse em pesquisar se o treinamento resistido para idosos

promove qualidade de vida? Vem da tentativa de transformar a visão geral dos

idosos sedentários em relação à necessidade da prática de exercícios físicos

especificamente o treinamento resistido para se ter melhora na qualidade de

vida ou manter.

Desta forma, o objetivo do presente estudo foi demonstrar a importância

do Treinamento Resistido na promoção da qualidade de vida dos idosos. Para

isto, utilizou-se como método a revisão bibliográfica acerca do tema. O

Treinamento Resistido consiste em uma atividade voltada para o

desenvolvimento das funções musculares através da aplicação de

sobrecargas, podendo esta ser imposta através de pesos livres (halteres,

barras e anilhas), máquinas específicas, elásticos ou a própria massa corporal.

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Sendo assim, o presente trabalho apresenta reflexões acerca do

envelhecimento, o que engloba o envelhecimento populacional, a expectativa

de vida humana, alterações fisiológicas do idoso, métodos de treinamento de

força, a força muscular, a flexibilidade, os métodos de treino, a periodização do

treino, efeitos do treinamento resistido e os efeitos do treinamento resistido aos

idosos.

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CAPÍTULO I

REFLEXÕES ACERCA DO ENVELHECIMENTO

1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

Países desenvolvidos envelheceram de maneira gradual e cada vez de

forma mais lenta. Países em desenvolvimento, como o Brasil, apresentam

índices explosivos de aumento da expectativa de vida e, dessa maneira, uma

verdadeira multidão de pessoas envelhece ao mesmo tempo. Segundo dados

do (IBGE) Índices Brasileiro de Geografia e Estatísticas, em 2020 13% da

população do Brasil serão de idosos.

Se por um lado os países ricos tiveram tempo e recursos financeiros

para enfrentar esse fenômeno e de se adaptar a essa nova realidade, países

pobres, segundo Sayeg (2009), estão verificando, atônitos, a explosão

demográfica dessa faixa etária. O Brasil enfrenta sem nenhum planejamento ou

previsão de alocação de recursos minimamente necessários para fazer frente

às crescentes e especiais necessidades que se impõe no atendimento digno

dessa expressiva parcela de seus habitantes, os idosos. Desta forma, uma das

saídas para que essa conquista seja realmente um fato positivo está na

educação das pessoas. A informação correta para que os próprios indivíduos

possam estar cuidando de sua saúde é fundamental e prioritária.

O conceito de prevenção em saúde ainda é novo, não só para a

população que ainda não absorveu os benefícios da aplicação dessa estratégia

para melhor envelhecer, como também de grande parte dos profissionais de

saúde.

Hoje as pessoas vivem em melhores condições sanitárias, recebem

programas eficazes de imunização, a medicina evoluiu, os antibióticos são

mais eficazes e o acesso aos tratamentos são relativamente mais fáceis. Esse

conjunto de ações, entre outras, resultou no aumento da expectativa de vida.

Só há muito pouco tempo começou-se a pensar e estudar seriamente a

questão da prevenção. Como diz Sayeg (2009), médicos mais antigos

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(formados há mais de 10 e 15 anos) tiveram pouca ou praticamente nenhuma

ênfase em seus cursos sobre esse assunto. As doenças curáveis sempre

foram prioritárias. Os alunos aprendiam como diagnosticar e tratar doenças e

não como promover saúde.

Atualmente essas questões são mais abordadas e valorizadas na

ciência, não porque tenha havido apenas uma súbita humanização da

consciência médica e sim pelo impacto que a falta da prevenção está

provocando. (SAYEG, 2009)

É recente o aconselhamento do médico estimulando seus pacientes a

realizar atividades físicas. A questão de controle da pressão arterial e dos

níveis de colesterol como importantes fatores de risco para doenças

cardiovasculares graves só agora são rotineiramente recomendadas, uma vez

que, como lembra Sayeg (2009), essas doenças eram consideradas como

normais em idosos. Ainda assim, a diferença social e cultural como um dos

fatores que atrasam a promoção de saúde. A informação chegou à classe

favorecida, eles tiveram acesso à informação correta e ficaram convencidos

que existem alguns hábitos de vida que promovem saúde. Infelizmente esse

tipo de conscientização ainda não atingiu maciçamente a população em geral.

O poder da informação é sem dúvida uma das determinantes da saúde

de uma nação.

O envelhecimento constitui um processo biológico, no qual ocorre o

declínio das capacidades físicas, psicológicas e comportamentais, sendo

também determinado por condições sociais, culturais e econômicas que

definem o tipo de trabalho, alimentação, lazer, estresse e papel social de cada

indivíduo. Além disso, a passagem do tempo traz consigo uma gama de

experiências que compõem o meio psicossocial do idoso, de forma que há uma

singularidade na maneira de envelhecer de cada indivíduo (RIBEIRO;

PEREIRA, 2009).

Na espécie humana, os aspectos biológicos e culturais estão fortemente

relacionados e, hoje, o estar saudável deixa de associar-se à idade cronológica

e passa a ser compreendido em um contexto de saúde mais amplo. A

qualidade de vida, portanto, tem sido determinada pela capacidade que cada

indivíduo possui, independentemente da idade, de satisfazer suas

necessidades e buscar novas conquistas pessoais e familiares.

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Atualmente, a ciência encontra-se imensamente envolvida em

conseguir, além do aumento da expectativa de vida, com uma qualidade de

vida cada vez melhor. Contudo, ainda é grande a presença de morbidades e

dependência no envelhecimento. Dessa maneira, na velhice, o que está em

jogo é a autonomia e a independência, dois pilares fundamentais e indicadores

de saúde e qualidade de vida do indivíduo. (RIBEIRO; PEREIRA, 2009)

Se por um lado, dificuldades progressivas aumentam com o avançar da

idade, através do conhecimento de si mesmo e de medidas preventivas, é

possível adiar e, até mesmo, evitar a instalação de incapacidades. O

envelhecimento pode ser absolutamente compatível com a boa saúde, com o

bom estado funcional do organismo ou mesmo com a superação de

deficiências, quando se aprende a conviver bem com elas. (RIBEIRO;

PEREIRA, 2009)

Cada fase da vida corresponde a necessidades específicas: nutricionais,

biológicas, cognitivas, psicossociais, afetivas, de lazer, e que, atendidas,

garantem o desenvolvimento saudável e a manutenção da vida com qualidade.

Porém, apesar do avanço científico e do desenvolvimento tecnológico das

últimas décadas, nosso sistema educacional não tem conseguido acompanhar

as necessidades de transformação sócio-cultural da população.

Há que se rever e atualizar conceitos, como o de vida saudável, não

mais dependente apenas de condições físicas, mas de um conjunto de fatores,

como integração familiar, inserção social, condições econômicas, lazer, acesso

à assistência à saúde, dentre outros.

Para um envelhecimento saudável é fundamental compreender e aceitar as mudanças inerentes ao processo de senescência, modificar o estilo de vida prejudicial à saúde, prevenir doenças, estabelecer relações sociais e familiares positivas e consistentes e estar ciente dos seus direitos. Estes fatores são indispensáveis para uma postura ativa de busca pelo envelhecimento bem sucedido. (RIBEIRO; PEREIRA, 2009, p. 1336)

Apesar das estatísticas mostrarem o aumento significativo do número de

idosos no país, pouco se tem feito por esses cidadãos, numa fase da vida em

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que a educação e a informação poderiam significar um salto em qualidade e

autonomia para o indivíduo idoso.

Dessa forma, além de políticas e programas de saúde, é preciso que se

desenvolvam trabalhos educativos junto aos idosos, como sugere Ribeiro e

Pereira (2009), conscientizando-os sobre a importância do conhecimento de

seu organismo, das conseqüências das alterações provocadas pelo

envelhecimento, dos benefícios da atividade física regular, do lazer e

recreação.

Durante o processo de envelhecimento normal, há uma diminuição de

algumas capacidades cognitivas. Tais perdas podem ser compensadas pela

sabedoria, conhecimento e experiência do indivíduo. Segundo Ribeiro e Pereira

(2009), o declínio cognitivo pode ser provocado pelo desuso, por doenças, por

fatores comportamentais e sociais (como solidão e isolamento) e por fatores

psicológicos (baixa expectativa, a falta de motivação e de confiança em si e

suas condições de vida). O isolamento social e a solidão na velhice estão

associados ao declínio da saúde, tanto física como mental.

Observa-se que a conseqüente formação de novos contatos sociais

durante as atividades físicas implica em relevante promoção, aumento da auto-

estima e socialização dos idosos.

Do mesmo modo, a partir da oportunidade de um espaço para reflexão, troca de informações e experiências, a reconquista da alegria de viver, as percepções de novas expectativas e as valorizações da vida constituíram mudanças positivas. Percebe-se, portanto, a importância de proporcionar ao idoso, como forma de apoio e ajuda mútua, novas redes de contato e condições para que ele mantenha ou desenvolva sua auto-estima, levando em conta sua história de vida e suas potencialidades. (RIBEIRO; PEREIRA, 2009, p. 1337)

O conhecimento de seus direitos como cidadão, o envolvimento em

processos políticos que influenciam os mesmos e a participação em

organizações representativas da terceira idade são, como recorda Ribeiro e

Pereira (2009), fundamentais para incrementar melhorias, assegurar o

cumprimento do Estatuto do Idoso e assumir um papel social ativo com

autonomia e independência. Esta iniciativa também tem despertado grande

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interesse e participação dos idosos, contribuindo para a valorização pessoal e

posturas sociais mais ativas.

Com o envelhecimento, a prevalência e incidência de doenças crônico-

degenerativas crescem significativamente, transformando-se nos principais

motivos de incapacidade, morbidade e mortalidade. Porém, muitas dessas

doenças e suas conseqüências podem ser prevenidas e/ou adiadas através de

medidas educativas e mudanças nos hábitos de vida. Adotar um estilo de vida

saudável e participar ativamente no cuidado da própria saúde é fundamental

em todas as fases da vida. Mas, um dos grandes mitos do envelhecimento é

que na velhice já é muito tarde para se mudar hábitos e adotar novos estilos de

vida. Vários estudos demonstram que a prática de atividades físicas adequadas

e regulares, uma alimentação saudável e abstinência de vícios previnem

doenças e retardam o declínio funcional, melhora a saúde mental, aumenta a

longevidade e a qualidade de vida. (RIBEIRO; PEREIRA, 2009)

Segundo os autores, a realização de palestras educativas abordando o

conhecimento sobre o corpo humano, as orientações para o autocuidado e

prevenção de doenças possibilitam ao idoso uma nova consciência sobre a

promoção da saúde. O incentivo à responsabilidade pessoal, através do

conhecimento do próprio corpo e das modificações e necessidades decorrentes

do envelhecimento também têm proporcionado ótimos resultados quanto à

expectativa de uma vida saudável. A convivência mais harmoniosa com as

limitações decorrentes da idade, o reconhecimento da importância das

experiências de vida e da maneira como os indivíduos envelhecem; os esforços

pessoais para adoção de uma postura mais ativa, são garantia de qualidade de

vida, independente da idade cronológica.

O interesse em conceitos como padrão de vida e qualidade de vida foi

inicialmente partilhado por cientistas sociais, filósofos e políticos. Segundo

Fleck e Kraemer (2002), o crescente desenvolvimento tecnológico da Medicina

e ciências afins trouxe como uma conseqüência negativa a sua progressiva

desumanização. Assim, a preocupação com o conceito de qualidade de vida

refere-se a um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido

de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição

da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu, cerca de 50 anos

atrás, que a saúde não era simplesmente a ausência de doença: ela implicava

um estado de completo bem-estar físico, social e mental. Essa definição mais

ampla de saúde tem sido crescentemente aceita pelas comunidades médicas e

cientificas. Dessa forma, o interesse mudou de uma simples maximização da

sobrevivência e medidas associadas de expectativa de vida para estatísticas

com expectativa de vida saudável, vida ativa e de vida ajustada à qualidade.

Qualidade de vida é a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida,

de acordo com o contexto cultural e os sistemas de valores nos quais vive e em

relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. (CASSIANO

et al., 2009)

Para a maioria das pessoas, a principal deterioração na qualidade de

vida ocorre durante os anos de aposentadoria, à medida que os efeitos da

redução da capacidade funcional e de doenças crônicas tornam-se suficientes

para limitar o desempenho das atividades diárias normais.

Durante os últimos anos de vida de uma pessoa, há uma forte interação

entre a qualidade de vida percebida e o ambiente no qual ela tem que viver. A

disponibilidade de moradia adaptada e auxilio simples à vida diária podem

fazer uma diferença substancial para a qualidade desse estágio da vida

(CASSIANO et al., 2009).

Independentes da idade cronológica têm, não só o dever de buscar, de

forma ética e continuada, uma melhor qualidade de vida, mas, também, o

direito de sermos oportunizados com chances de alcançar tal melhoria.

Neste trabalho, acredita-se que qualidade de vida depende de um

grande número de fatores, por exemplo, de segurança, trabalho, moradia,

saneamento básico, educação entre outros, e a atividade física continuada

representa apenas um deles.

1.1 A expectativa de vida humana

Com o advento da descoberta dos antibióticos, e outros avanços das

ciências da saúde, os países desenvolvidos conseguiram retardar o processo

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do envelhecimento e aumentar a expectativa média de vida humana ao nascer,

no século passado.

Segundo Hoffmann (2009), ao vencer as causas da morte prematura, a

expectativa média de vida da população americana passou de 47 anos ao

início do século para cerca de 80 anos ao seu final (75 para os homens e 80

para as mulheres). Entretanto, mesmo com todas as melhorias das condições

de vida conquistadas, a expectativa média de vida ao nascer não deverá

passar de 90 anos no futuro. A questão que se coloca hoje para a pesquisa

biomédica não é meramente conseguir adiar o envelhecimento e aumentar o

tempo de vida humana, mas sim, prolongar a duração da vida com qualidade.

No Brasil, estamos em meio a um processo evolutivo caracterizado por

uma progressiva queda da mortalidade em todas as faixas etárias, e um

conseqüente aumento da expectativa de vida da população. Como informa

Hoffmann (2009), atualmente a expectativa média de vida da população ao

nascer é de 69 anos para os homens e 72 para as mulheres. A análise do

crescimento populacional de diferentes faixas etárias mostra que o grupo de

idosos, com 60 anos ou mais, é o que mais está crescendo no país.

Esses dados configuram um enorme desafio para o país neste início de

século em relação aos idosos. É preciso investir na promoção da saúde pública

para conseguir prevenir a morte prematura e aumentar a expectativa média de

vida da população. Sendo assim, Hoffmann (2009) diz que se torna também

imperativo investir na implementação de políticas públicas para propiciar

condições de vida saudável e de qualidade para a população de idosos que

cresce progressivamente.

As mudanças funcionais que ocorrem com o avanço da idade são

atribuídas a vários fatores, como defeitos genéticos, fator ambiental,

surgimento de doenças e expressões de genes do envelhecimento, como

recorda Hoffmann (2009).

Embora seja uma fase previsível da vida, o processo de envelhecimento

não é geneticamente programado, como se acreditava antigamente. Não

existem genes que determinam como e quando envelhecer. Há sim, genes

variantes cuja expressão favorece a longevidade ou reduz a duração da vida.

Estudos genéticos de pessoas centenárias têm contribuído para a

identificação de genes variantes, alelos de genes normais, que podem estar

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associados com a longevidade. Por outro lado, genes variantes que

comprometem o processo de desenvolvimento e de reprodução do indivíduo

tendem a ser eliminados, como ocorre no caso da doença genética humana do

envelhecimento precoce.

Várias teorias foram propostas para explicar o processo do

envelhecimento. A mais abrangente, e mais amplamente aceita cientificamente

na atualidade, é a teoria do envelhecimento pelos radicais livres (HOFFMANN,

2009). Os radicais livres são subprodutos das reações metabólicas, sobretudo

das que envolvem oxigênio ionizado. Esses radicais são altamente instáveis e

produzem alterações bioquímicas em cadeia, levando a destruição das

estruturas celulares e daí a perdas funcionais e mesmo doenças graves.

Hoffmann (2009) explica que essa teoria é ancorada nas inúmeras

evidências científicas de que os radicais livres estão envolvidos praticamente

em todas as doenças típicas da idade, como a arteriosclerose, as doenças

coronárias, a catarata, o câncer, a hipertensão, entre outras. Além disto, um

estudo recente, que comprova o envolvimento dos radicais livres no

envelhecimento humano, foi feito com trabalhadores da Usina Atômica de

Chernobyl. Pesquisadores russos mostraram que cerca de 80 % das pessoas

que trabalham na usina apresentam idade biológica superior aos habitantes de

Kiev, que não foram expostos à radiação proveniente do acidente acontecido

em 1986.

O envelhecimento acelerado dos trabalhadores de Chernobyl é uma

evidência clara da participação dos radicais livres, gerados pela radiação, no

mecanismo de envelhecimento humano.

Todo organismo multicelular possui um tempo limitado de vida e sofre

mudanças fisiológicas com o passar do tempo. A vida de um organismo

multicelular costuma ser dividida em três fases: a fase de crescimento e

desenvolvimento, a fase reprodutiva e a senescência, ou envelhecimento.

Durante a primeira fase, ocorre o desenvolvimento e crescimento dos órgãos

especializados, o organismo cresce e adquire habilidades funcionais que o

tornam apto a se reproduzir. A fase seguinte é caracterizada pela capacidade

de reprodução do indivíduo, que garante a sobrevivência, perpetuação e

evolução da própria espécie. A terceira fase, a senescência, é caracterizada

pelo declínio da capacidade funcional do organismo. (HOFFMANN, 2009)

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O envelhecimento é causado por alterações moleculares e celulares,

que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo

como um todo. Esse declínio se torna perceptível ao final da fase reprodutiva,

muito embora as perdas funcionais do organismo comecem a ocorrer muito

antes. O sistema respiratório e o tecido muscular, por exemplo, começam a

decair funcionalmente já a partir dos 30 anos, como informa Hoffmann (2009).

Na verdade, logo depois de se atingir a maturidade reprodutiva as

chances de sobrevivência do indivíduo já começam a diminuir. O mesmo autor

informa que essa tendência faz parte do processo de evolução de todos os

organismos multicelulares. O desenvolvimento, a reprodução e o

envelhecimento são etapas naturais da vida de cada espécie, que ocorrem de

forma seqüencial e interdependente: o início da senescência é dependente da

fase reprodutiva que, por sua vez, é dependente do desenvolvimento. No

entanto, não há uma separação rígida entre as três fases. O crescimento pode

continuar mesmo depois que a maturidade reprodutiva é atingida; em

humanos, por exemplo, a capacidade reprodutiva é atingida aos 12 anos, mas

o crescimento continua até 20 anos, aproximadamente. Nas mulheres, o início

da senescência é determinado pelo final da fase reprodutiva, marcado pela

menopausa, por volta de 45 anos.

A velocidade de declínio das funções fisiológicas é exponencial, isto é, a

ocorrência de perdas funcionais é acelerada com o aumento da idade. Assim

por exemplo, num espaço de 10 anos, ocorrem maiores perdas funcionais

entre 60 e 70 anos do que entre 50 e 60 anos. (HOFFMANN, 2009). Há,

portanto, um efeito cumulativo de alterações funcionais, com degeneração

progressiva dos mecanismos que regulam as respostas celulares e orgânicas

frente às agressões externas.

Fatores inerentes ao processo do envelhecimento determinam um limite

na duração de vida de todas as espécies animais. A tendência normal do

organismo de manter a estabilidade interna, ajustando processos metabólicos e

fisiológicos em resposta as agressões, é chamada homeostase. Como explica

Hoffmann (2009), quando a homeostase é perdida, a adaptabilidade do

indivíduo ao estresse interno e externo decresce e a susceptibilidade a

doenças aumenta. A morte ocorre em algum momento da senescência, quando

o organismo não consegue mais restabelecer o equilíbrio funcional. Fatores

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inerentes ao processo do envelhecimento determinam um limite na duração da

vida de todas as espécies animais. O tempo máximo de vida é a idade mais

elevada já atingida em uma dada espécie. Em humanos, o tempo máximo de

vida já registrado até hoje é de 122 anos.

O conhecimento molecular das alterações funcionais que ocorrem com o

avanço da idade é fundamental para que se possa compreender o processo do

envelhecimento e definir intervenções estratégicas para aumentar a expectativa

de vida e viver a fase da senescência com qualidade. A ciência que estuda o

envelhecimento, sob seus múltiplos aspectos, é chamada gerontologia. A

gerontologia é um vasto campo profissional e disciplinar que se ocupa da

educação dos idosos e da formação de profissionais.

1.2 Alterações fisiológicas do idoso

O processo de envelhecimento tem sido relacionado a modificações

tanto morfológicas, como funcionais, bioquímicas e psicológicas, que

determinam á progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo,

ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos

patológicos. (MEIRELLES, 2000)

Ao limitar-se fisicamente, o idoso terá conseqüentemente aceleração do

processo de perda de fibras musculares por diminuição dos estímulos cerebrais

aos grandes grupos de músculos (ALVES; MOTA; COSTA, 2000). O

sedentarismo que se instala no indivíduo à medida que os anos passam

contribuem de forma importante para acelerar o decréscimo dos sistemas

fisiológicos, aumentando a perda de sua capacidade funcional, perda de massa

muscular pela inatividade (SILVA, 2006).

Com o processo de envelhecimento não ocorre alterações significativas

da atividade enzimática muscular, mas os idosos apresentam diminuição do

metabolismo muscular. Dessa forma, com o envelhecimento ocorre um

estresse metabólico maior para os idosos que para os adultos jovens em

exercícios. As principais diferenças estão relacionadas à redução da massa

magra, diminuição do numero de unidades motoras de fibras de contrações

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rápidas e na diminuição de outras capacidades físicas como força, velocidade,

resistência, flexibilidade, coordenação, equilíbrio, agilidade entre outros.

A agilidade é uma das capacidades físicas que sofrem sensíveis

alterações de decline com o envelhecimento. Ela contribui para a debilidade na

aptidão funcional do idoso, interferindo em suas atividades de vida diárias,

prejudicando sua autonomia.

Com o processo de envelhecimento ocorre uma atrofia significativa na

musculatura, provocando alterações no sistema locomotor com prejuízo nas

funções de apoio.

Além das mudanças na capacidade funcional, com o envelhecimento a

diminuição da força muscular ocasionada por uma diminuição de sincronização

e recrutamento de unidades motoras pode gerar uma perda da qualidade de

tarefas que envolvam a coordenação. A própria perda de massa muscular, que

está associada ao processo de envelhecer, e as limitações funcionais

importantes, como na deficiência de andar, na mobilidade e principalmente nas

atividades de vida diárias. Assim com o envelhecer, a coordenação motora é

diminuída tendo movimentos mais lentos e menor capacidade de combinar

esses movimentos (ANDREOTTI, 1999, apud GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005).

No processo natural de envelhecimento, ocorre o declínio da capacidade

funcional que é algo marcante para os idosos, e a capacidade equilíbrio

também está incluída nesse declíneo. Uma das causas que estão associadas

às perdas do equilíbrio seguido de quedas em idosos são as diminuições na

propriocepção e nas sensibilidades cutâneas. Dessa forma, os idosos tendem a

caminhar com menor velocidade e com uma diminuição da amplitude da

passada. Nesse caso, têm indicado que atividade física estaria contribuindo

para diminuir tais oscilações, aumentando, provavelmente, a sensibilidade

desses receptores e das propriocepções. Em todo nosso corpo existem

receptores que enviam informações ao cérebro sobre a posição de nosso corpo

em relação ao meio e de todas as forças (internas ou externas) que estão

atuando sobre ele. Chamamos isto de sistema somatossensorial ou

propriocepção. (GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005)

O recrutamento diminuído de unidades motoras do sistema nervoso

central e a perda de unidades motoras relacionadas com a idade retardam a

performance neuromotora (SHEPHARD, 2003) assim como o número e o

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tamanho dos neurônios, o tempo de reação, a agilidade e a coordenação

(MATSUDO, 2000).

Uma desaceleração da condução nervosa é responsável por não mais

que 4% da deterioração nos tempos de reação à medida que uma pessoa

envelhece. Também a certa desaceleração do tempo de movimento por causa

de fatores tais como a rigidez de articulação e uma perda de força muscular.

Todavia, a principal área de reações lentas de uma pessoa idosa está dentro

do cérebro, onde há um declíneo progressivo na capacidade de processar

informações e completar operações tais como a codificação, a comparação, a

recuperação e a seleção. (SPIRDUSO, 2005)

À medida que envelhecemos, a movimentação no ambiente é

prejudicada por uma deterioração no padrão de caminhada, pelo aparecimento

de uma variedade de tremores, por uma perda de equilíbrio e uma

vulnerabilidade a quedas. O movimento de um idoso é frágil e tipicamente

lento. As características do idoso contribuem para a deficiência da eficiência

mecânica incluem uma perda de confiança, deterioração na visão e no

equilíbrio, músculos enfraquecidos, má-coordenação da ativação de unidades

motoras e um enrijecimento das articulações.

A perda da massa óssea começa no homem entre 50 e 60 anos de

idade, com taxa de 0,3% ao ano, e na mulher a uma taxa de 1% dos 45 aos 75

anos. Uma mulher com 70 anos, tem diminuição de 20% e no homem essa

diminuição é de 3% de densidade mineral óssea. Essa perda está relacionada

além do envelhecimento à genética, estado hormonal, nutricional e nível da

atividade física do indivíduo. Também acontece diminuição da estatura devido

à compressão vertebral, estreitamento dos discos intervertebrais e cifose.

(MATSUDO, 2000). Rebelatto e Morelli (2004) complementam dizendo que

ocorre aumento do contato das superfícies ósseas dos corpos vertebrais

iniciando um processo denominado artrose, caracterizado pela deposição de

cálcio e dando origem a osteófitos. Existe também a diminuição dos arcos do

pé, e que a perda da estatura acontece em cerca de 1 cm por década a partir

dos 40 anos de idade.

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CAPÍTULO II

MÉTODOS DE TREINAMENTO DE FORÇA

2 A FORÇA MUSCULAR

A atividade física aumenta a qualidade de vida do idoso, mas não basta

sair por aí malhando de qualquer jeito. Existem regras científicas a serem

seguidas e respeito às limitações do tempo.

Em primeiro lugar, deve ser considerado para quem é o programa. Uma

pessoa muito ativa a vida toda, só por ter completado 60 anos não quer dizer

que de uma hora para outra tenha que mudar tudo. Daí, mais uma vez justifica-

se a importância das avaliações funcionais e as limitações caso a caso. De um

modo geral ainda existe uma tendência de se prescrever exercícios ao idoso

muito aquém do que ele realmente pode fazer. Segundo Moraes (2009), um

bom programa de atividades físicas engloba o desenvolvimento de pelo menos

três valências físicas para as tarefas funcionais do dia a dia sem precisar dos

outros: a força, a capacidade aeróbia e a flexibilidade.

Força muscular é o resultado da contração ou tensão muscular máxima

ou não, com ou sem produção de movimento ou variação do tamanho do

músculo. O desenvolvimento da força muscular ao longo do ciclo vital de uma

forma geral e simplificada, em ambos os sexos, a força máxima tem um rápido

aumento até o final da maturação biológica, mantendo-se em níveis próximos

ao máximo até por volta dos 30 anos, quando declina progressivamente e

vagarosamente até o final da vida. (GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005)

O aumento da força pode ser desenvolvido com treinamento de peso

livre ou nos aparelhos de musculação. Não são poucos os trabalhos existentes

comprovando que a musculatura do idoso responde tão bem ao treino de força

de alta intensidade mostrando-se seguros e eficientes contribuindo

significativamente para o aumento da densidade óssea femoral e lombar, além

do aumento da massa muscular e força física (MORAES, 2009). Isso tem

relação direta com o equilíbrio da marcha e da postura especialmente

importante na prevenção de quedas. Muitos registros médicos apontam no

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sentido das fraturas no idoso estarem relacionadas a dois fatores: osteoporose

e fraqueza muscular.

Os programas de treinamento resistido podem melhorar a eficiência do

movimento. Os exercícios resistidos estimulam a força, potência, resistência,

flexibilidade e coordenação. A resistência é aumentada devido ao

prolongamento de esforços musculares intensos, a flexibilidade também

aumentada porque os limites dos movimentos são solicitados nas amplitudes

articulares disponíveis e a coordenação é melhorada pelos exercícios serem

amplos e lentos, estimulando terminações nervosas proprioceptoras,

responsáveis pelo incremento no equilíbrio, precisão de movimentos e

consciência corporal. (GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005)

O treinamento de força fornece um método alternativo de aplicação de

força mecânica aos ossos, assim estimulando o deposito de minerais. Em

alguns estudos longitudinais, o conteúdo mineral ósseo permaneceu inalterado

quando indivíduos idosos inscreveram-se em programas de levantamento com

pesos. Tal falta de resposta pode ser atribuída ao fato de que o período de

observação foi curto demais para que os indivíduos progredissem para um

volume substancial de atividade física. Durante 16 semanas de treinamento, o

treinamento de força que aumentou a força muscular em 45%,também

aumentou a densidade femoral em 3,8% e a densidade lombar em 2% em

indivíduos de 59 anos, que anteriormente eram homens sedentários; houve um

aumento de 26% associado à fosfatase alcalina e um aumento de 19% de

osteocalcina (MEIRELLES, 2000).

Músculos abdominais e lombares mais fortes ajudam a estabilizar a

postura corporal, evitando dores crônicas e incapacidade física até para

trabalhos simples. Segundo Moraes (2009), exercícios com pressão

longitudinal (de cima para baixo), devem ser evitados assim como a preferência

de movimentos deve ser dada aos exercícios na posição de pé. A justificativa

está no fato da pressão gravitacional ser maior nos discos intervertebrais na

posição sentada do que de pé.

É recomendável que os intervalos entre as séries sejam maiores, assim

como o repouso entre uma seção de treino e outro. A sobrecarga devido a

posturas incorretas do dia-a-dia, ou nos exercícios mal orientados pode levar o

rompimento progressivo do anel fibroso gerando a tão famosa e dolorosa

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Hérnia de Disco. Os trabalhos isométricos ou que obriguem o bloqueio da

respiração não têm muita aceitação porque podem interferir na pressão arterial.

(MORAES, 2009)

Os maiores ramos nervosos estimulam os grandes grupos musculares,

tais como, quadríceps, peitorais e dorsais. Por isso, os programas devem

conter, preferencialmente, exercícios destinados a esses músculos com

métodos alternados por segmentos possibilitando uma recuperação adequada.

Métodos mais avançados como bombeado, super série entre outros, só devem

ser usados se o idoso estiver acostumado a fazer. Não é, necessariamente, a

idade que vai determinar isso. Quanto às repetições, sugere-se de 8 a 12

visando aumento da massa magra ou pelo menos evitar a perda, até certo

ponto, normal à idade. Os exercícios com pesos livres levam certa vantagem

por estimularem pequenos músculos que participam na estabilidade do

movimento. Entretanto, a execução deve ser a mais correta possível para não

causar lesões e/ou desvios posturais. A vantagem das máquinas é de

proporcionar execução correta, isolar um grupo muscular pretendido e usar

mais sobrecarga se necessário. (MORAES, 2009).

2.1 A flexibilidade

Flexibilidade ou mobilidade articular é a amplitude máxima de

movimento em uma ou mais articulações.

A flexibilidade é uma capacidade funcional, constantemente

necessitamos realizar movimentos que exigem maior ou menor grau de

amplitude. À medida que envelhecemos tendemos a perder flexibilidade e

podemos ter dificuldades, até mesmo para desenvolver as atividades de vida

diárias. (GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005)

Como esta é também uma capacidade funcional, alguns exercícios

básicos de alongamento devem encerrar a seção de treinamento seguindo

alguns princípios: Cada um tem o seu limite e por isso não é muito

recomendável tentar forçar a amplitude. A amplitude deve ir até onde o idoso

sentir uma dor suportável (MORAES, 2009).

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Como na maioria das avaliações funcionais, quando se detecta um

encurtamento do peitoral, da lombar e posteriores de coxa, deve-se dar

preferência por alongamento que trabalhem essas regiões, incluindo os

músculos paravertebrais. Quanto mais descondicionado forem os idosos, mais

sobrecarregados costumam ser esses músculos responsáveis pela

sustentação da posição de pé e o movimento de andar. Se o abdômen for

fraco, pior ainda.

A escolha entre os métodos: ativo, passivo, dinâmico ou estático deve

ser prescrito com bom senso, necessidade e preferência do cliente. Todos têm

as suas vantagens e não existe pesquisa conclusiva mostrando ser um método

melhor que outro. Depende da necessidade do momento, do fundamento e

para quem é o trabalho. A musculatura agônica e antagônica deve ser

trabalhada a fim proporcionar um desenvolvimento harmônico da amplitude do

movimento. (MORAES, 2009)

Segundo o mesmo autor, alguns autores advogam que entre optar em

alongar antes ou depois da atividade, o melhor é a segunda opção, porque

estando a musculatura aquecida, o treinamento é facilitado. Gastar muito

tempo alongando antes pode não trazer resultados tão significativos para a

maioria das atividades, bastando o aquecimento simples.

Essa atividade também não vai se transformar numa aula de

alongamento bastando 10 a 15 minutos, tempo suficiente para volta à calma

atendendo os objetivos do treinamento resistido.

Os exercícios de flexibilidade devem respeitar as limitações do idoso.

Como orienta Moraes (2009), é importante oferecer ao idoso a atividade que

ele mais gosta de fazer e não a que por essa ou aquela teoria seja a melhor

razão ou preferência do professor. É muito mais importante induzir o idoso ao

hábito de vida saudável.

2.2 Os métodos de treinamento

Treinamento isométrico ou treinamento de carga estática refere-se a

uma ação muscular em que não ocorre mudança no comprimento do músculo

(PLATONOV, 2004, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008). Este tipo de treinamento

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de força é realizado normalmente contra um objeto imóvel, como por exemplo,

aparelho de massa corporal carregado além da força concêntrica máxima de

um indivíduo. O treinamento isométrico também pode ser realizado pela

contração de um grupo muscular fraco contra um grupo muscular forte (FLECK;

KRAEMER, 2002).

Já o treinamento dinâmico de resistência invariável, apresenta-se mais

apropriado em relação apenas à contração isotônica, em vista que a massa

corporal ou a resistência deslocada é mantida constante (PLATONOV, 2004,

apud ASSUMPÇÃO et al., 2008). Da mesma forma, para Ramo (2000, apud

ASSUMPÇÃO, 2008) a característica marcante desse tipo de treinamento é a

não variação da resistência durante os diferentes ângulos do percurso articular.

Allen, Byrd e Smith (1976, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008) demonstraram

aumento na força de uma repetição máxima no leg press para homens, que

pode variar de 71% em 12 semanas a 7% em 10 semanas. Nesta mesma

perspectiva, Brown (2000, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008) relatou que

mulheres obtiveram aumento da força (38%) em 24 semanas de treinamento,

usando-se uma repetição máxima no supino como critério do teste.

Outro método de treinamento de força utilizado denomina-se

treinamento dinâmico de resistência variável que se desenvolve através de um

braço de alavanca, engrenagem ou arranjo de polias, objetivando alterar a

resistência em uma tentativa de acompanhar os aumentos e diminuições de

força (curva de força) ao longo de toda a amplitude do movimento do exercício.

Os aparelhos de resistência variável caracteristicamente alteraram a vantagem

mecânica da alavanca, e conseqüentemente a resistência imposta ao indivíduo

ao longo da escala de amplitude de movimento, mesmo massa corporal

empilhado mantendo-se constante. (ASSUMPÇÃO et al., 2008)

Buzzachera et al. (2008, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008) ofertam

melhoras significativas na variável força muscular, resistência de força

muscular de membros superiores e força de preensão manual de 14 indivíduos

idosos (idade 65, 5+- 3,9 anos) do sexo feminino (sedentários), em relação aos

seus valores iniciais, contudo nenhuma modificação foi observada na variável

resistência de força muscular de membros inferiores, após 12 semanas de um

programa de treinamento de força home-based com massa corporal livre

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(caneleiras, halteres, anilhas e barras), com uma freqüência semanal de três

dias não consecutivos, constituindo 36 sessões de exercício físico.

Alterações na composição corporal também podem ser observadas com

tal método de treinamento. Hurley et al. (1984, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008)

realizaram um estudo com indivíduos do sexo masculino, em que os sujeitos

participavam do programa 3 a 4 vezes por semana (uma série de oito e doze

repetições) durante 16 semanas. Após o período de treinamento, os sujeitos

apresentaram a diminuição de 0.8% no percentual de gordura, aumentando de

1.9 Kg de massa corporal magra.

Os autores apontam que o treinamento de força influenciou

positivamente a composição corporal e também as variáveis de aptidão física

em mulheres idosas ativas. Foram avaliadas 28 voluntárias com idade de 65,5

+- 3.6 anos, com mínimo de um ano de experiência prévia em treinamento de

força. As participantes foram divididas em 2 grupos: G1P (n=16, grupo

periodizado) e G2NP (n=12, grupo não periodizado). O programa foi composto

por duas sessões semanais durante 12 semanas. Para iniciar-se a

apresentação do treinamento isocinético, faz-se necessário a compreensão do

termo isocinético. Isocinético refere-se a uma ação muscular realizada com

velocidade angular constante do membro. Ao contrário dos outros tipos de

exercícios de treinamento de força, não há carga específica se opondo ao

movimento, o que ocorre é o controle da velocidade de movimento

(PRENTICE, 2002, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008). O treinamento isocinético

é feito com equipamento, e a resistência oferecida não pode ser acelerada,

qualquer força aplicada contra o equipamento resulta em uma força de reação

igual. A maioria dos equipamentos encontrados nos locais para treinamento de

força permite somente ações concêntricas (FLECK; KRAEMER, 2002).

O treinamento excêntrico (também chamado de treinamento de

resistência negativa) refere-se a uma ação muscular na qual o músculo se

alonga de um modo controlado e pode ser executado numa diversidade muito

grande de aparelhos para o desenvolvimento de força, inclusive com

equipamentos isocinéticos. Krishnan et al. (2003, apud ASSUMPÇÃO et al.,

2008) propuseram um treinamento excêntrico para melhora na oxidação de

substratos em idosos com média de 66 anos de idade. O método de treino

proposto consistia em dez séries de dez repetições utilizando-se de contrações

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excêntricas, iniciando-se em 100% da força predeterminada (três repetições

máximas). Como conclusão, os autores indicaram que homens idosos

possuíram uma redução na oxidação de carboidrato em resposta a

hiperglicemia após o treinamento excêntrico.

O último método de treinamento de força a ser discutido refere-se ao

treinamento pliométrico. Na atualidade, o termo pliometria é bem utilizado por

pesquisadores que estudam tal método de treino (ASSUMPÇÃO et al., 2008).

Todavia, Fleck e Kraemer (2002) sugeriram que o termo mais correto seria:

exercício cíclico de estender e flexionar, pois envolve uma seqüência de ações

excêntricas, isométricas e concêntricas. Turner et al. (2003, apud

ASSUMPÇÃO et al., 2008) obtiveram em seu estudo um aumento na economia

de corrida com o treinamento pliométrico realizado por seis semanas, porém

não foram encontradas alterações no volume máximo de oxigênio e concluíram

que esse aumento na economia de corrida ainda deve ser determinado.

O sistema neuromuscular e características biomecânicas são bem

descritas pela literatura. Os autores encontraram uma melhora na força

isocinética e aumento do pico de potência do joelho e flexão do quadril após o

treinamento pliométrico. (ASSUMPÇÃO et al., 2008)

2.3 Periodização do treinamento

A prática regular e sistematizada de atividade física é necessária para a

promoção da saúde, no entanto devem-se levar em consideração algumas

recomendações para tal.

Marin et al (2005, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008) recomendam que um

programa ideal de exercícios físicos deva ser realizado na maior parte dos dias

da semana, com a duração das sessões variando entre 30 e 90 minutos, de

forma contínua ou não. A intensidade da fase aeróbica pode ser determinada

através do percentual VO2máx ou da FCmáx previamente estabelecidos em um

teste de esforço ou estimados através de fórmulas, utilizando como parâmetros

moderados correspondentes a 40 a 75% do VO2máx e ou 55 a 85% da FCmáx.

Pode-se ainda utilizar a escala de percepção subjetiva do esforço

(escala de Borg) a qual recomenda uma intensidade também moderada, o que

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corresponde à demarcação de 12 a 13 da escala, que varia de 6 a 20

(BUZZACHERA et al., 2008 apud ASSUMPÇÃO et al. 2008).

Assumpção et al. (2008) indica a prática de exercícios físicos com

intensidade moderada, com freqüência semanal de 5 a 7 dias, devendo estar

integrados ao programa, exercícios de flexibilidade que proporcionam o

incremento da flexibilidade e amplitude de movimento, exercícios de endurance

que podem ajudar a manter e melhorar vários aspectos da função

cardiovascular, dentre eles o VO2máx, débito cardíaco e diferença artério -

venosa de O2, bem como incrementar a desempenho máximo. Adicionalmente,

recomendam-se os exercícios de força que ajudam a compensar a redução na

massa e força muscular tipicamente associada com o envelhecimento, bem

como melhoram a saúde óssea, portanto, reduzem o risco de osteoporose,

melhoram a estabilidade postural, reduzindo assim o risco de quedas, lesões e

fraturas associadas.

O termo periodização está intimamente correlacionado com

planejamento e programação. Segundo Badillo e Ayestarán (2001, apud

ASSUMPÇÃO et al., 2008), o planejamento incide sobre aspectos globais do

treinamento, como objetivos, métodos para alcançá-los e procedimentos de

controle dos resultados. Os mesmos autores atribuem à programação a parte

organizacional do planejamento conferindo-lhes uma origem, uma distribuição

no tempo e uma seqüência, de acordo com a teoria do treinamento desportivo.

A ordem e escolha dos exercícios, o número de séries, o número de

repetições por série, os períodos de recuperação entre séries, a intensidade do

exercício e o número de sessões de treinamento por dia podem e devem ser

manipulados e variados em um programa de treinamento de força. (MARINS;

GIANNICHI, 2003; apud ASSUMPÇÃO et al., 2008). Sendo assim, o

planejamento das sessões de treino devem ser simples, objetivo e flexível, a

fim de possibilitar mudanças nos conteúdos visando encontrar um nível de

adaptação para as mudanças fisiológicas e psicológicas melhorando o

desempenho, haja vista que a relação entre abrangência e intensidade dos

estímulos gerais ou específicos do treinamento em cada período varia com

nível de desempenho e idade cronológica dos participantes. (ASSUMPÇÃO et

al., 2008)

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O planejamento e a programação do treinamento dependem de

inúmeros processos e subdivisões desses processos, como a caracterização

dos ciclos pertencentes aos mesmos. Em vista disso, a sistematização do

programa de treinamento também conhecida como periodização sendo esta

clássica (linear) ou não linear, vem sendo descrita em inúmeros estudos, os

quais comparam o modelo de periodização clássica de força com programas

não periodizados de séries única e múltipla, em que os sujeitos mostraram

ganhos significativos maiores na força de 1RM com o uso do treinamento

periodizado. (ASSUMPÇÃO et al., 2008).

Stowers et al. (1983, apud ASSUMPÇÃO et al., 2008), através de um

treinamento de força periodizado para mulheres, com duração de 07 semanas

e freqüência semanal de 03 vezes, em que se utilizou série única com

intensidade de 10RM, combinando 08 exercícios para grupos musculares de

MMSS e MMII, encontraram aumentos significativos na ordem de 7% da força

para o exercício de supino e 14% da força para o exercício de agachamento.

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CAPÍTULO III

EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO

3 O TREINAMENTO RESISTIDO

Durante os últimos 10 anos ficou provado que os idosos podem se

beneficiar com a participação em programas de treinamento de força. Esta

descoberta despertou muita atenção. Aumentos na força e capacidade

funcional (por exemplo, mobilidade aumentada) podem melhorar a qualidade

de vida até mesmo de indivíduos com doenças crônicas, como afirmam Fleck e

Kraemer (2002).

O treinamento resistido pode também auxiliar na prevenção da

osteoporose, sarcopenia e dor lombar. (GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005)

Barbosa et al. (2000), estudando treinamento contra resistência,

encontraram um aumento significativo na força muscular isotônica, em todos os

músculos trabalhados, e os percentuais de aumento variaram de acordo com o

exercício. Ao testarem à força de preensão manual, resultou em aumento

significativo mesmo não tendo treino específico para os músculos envolvidos

na preensão manual, mas esses músculos foram ativados por outros

exercícios.

Este tipo de treinamento utiliza o sistema de séries e repetições, sendo

que as repetições são caracterizadas por exercícios repetitivos sem descanso,

e a série o conjunto dessas repetições. Outra variável existente é a % de 1 RM

(Resistência Máxima), que significa o percentual de carga utilizado em relação

à carga máxima.

Segundo Frontera et al. (1991, apud FLECK; KRAEMER 2002), o

treinamento para idosos deve ser feito em dois a três dias intercalados, incluir 2

a 3 séries, de 8 a 12 repetições para cada grupo muscular com pequenos

intervalos entre as séries. As intensidades devem começar mais baixas (de 30

a 50% de 1 RM) e aumentar gradativamente para níveis mais altos.

Aniansson (1984; apud SHEPHARD, 2003) realizou treinos isométricos

e não especificamente treinos de resistência física (Endurance), treinos esses

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realizados com freqüência de duas vezes por semana. O protocolo teve

duração de 10 meses, no qual eram utilizados faixas elásticas para promoção

da resistência. Tal metodologia apontou um incremento (6 a 13%) na força

muscular dos extensores do joelho. Já para Shephard (2003), a prescrição de

exercício para idosos deve enfatizar atividade de baixo impacto para

moderada, evitando-se dinâmicas pesadas que possam comprometer as

articulações, seguindo um treinamento progressivo e gradual.

No treinamento resistido à sobrecarga utilizada tem seu valor entre 50 a

80% de 1 RM. As séries variam de 2 a 3 por exercício e o número de

repetições entre 6 e 15. O descanso entre as séries varia conforme o

condicionamento físico e a intensidade do exercício ficando em torno de 2 a 3

minutos. A freqüência depende de como foi planejado o treinamento,

trabalhando o corpo todo seria necessário o intervalo de um dia entre as

sessões, mas se foi dividido por grupos musculares seria em media de 4 a 5

vezes por semana.

Fleck e Kraemer (2002) defendem que o treinamento deve consistir em

4 a 6 exercícios para os grandes grupos musculares e 3 a 5 para os pequenos

grupos. A ordem deve conter o aquecimento, seguido por exercícios para os

grandes grupos musculares, logo após para os pequenos, e por último o

desaquecimento. A carga utilizada deve ser do percentual de 80% de 1 RM

para 8 repetições, com 3 séries de exercícios. O descanso entre as séries deve

ser de 2 a 3 minutos, sendo menor quando for usada carga mais leve, á que o

tempo de recuperação é mais rápido.

3. 1 Os efeitos do treinamento resistido aos idosos

No treinamento resistido a síntese de proteínas musculares é

acelerada, resultando num incremento no tamanho muscular. Desse modo

novas fibras musculares são recrutadas, aumentando consequentemente, a

força muscular. A síntese de proteína efetua-se mais lentamente nos idosos,

mas em qualquer idade determinada, o treinamento de força serve para manter

a força em um nível mais alto do que em uma pessoa sedentária. Portanto,

apesar do envelhecimento muscular, o idoso ativo permanece muito mais forte

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do que o idoso sedentário mesmo nos anos finais da vida. (MAZZEO et al.,

1998, apud TERNES; ZABOT, 2009)

O maior efeito do exercício pode não ser o resultado sobre o

fortalecimento ósseo, mas a melhora da força muscular e possivelmente do

equilíbrio e marcha, reduzindo a incidência de quedas e fraturas (NAYAK;

RANDALL; SHANKAR, 2002, apud SHEPHARD, 2003).

Sabe-se que um programa de atividade física bem orientada, moderado,

de pratica regular.

Faz retardar o processo de degeneração física e contribui para sua preservação. Ainda leva o individuo a conviver em comunidade, realizando uma participação grupal, associativo, que resulta um bom nível de bem-estar bio – psico - físico. (SINÉSIO, 1999, p. 48)

O exercício de força regular é particularmente importante para evitar a

perda muscular no idoso frágil. Tal programa pode produzir um aumento

substancial de massa muscular mesmo nos indivíduos extremamente idosos,

com um aumento correspondente na capacidade de desempenhar as

atividades da vida diária.

Observações recentes demonstraram que força muscular pode ser

aumentada através de exercícios de força apropriadamente praticados, sem

induzir a um aumento perigoso e excessivo da pressão arterial sistêmica. Uma

parte do ganho observado no desempenho muscular reflete fatores tais como a

melhora da coordenação e uma maior ativação neural, porém um programa de

treinamento adequado também pode reverter à atrofia muscular e induzir

ganho de massa magra. (DIAS; GURJÃO; MARUCCI, 2009).

Durante os últimos anos, também tem havido vários estudos

longitudinais bem controlados de treinamento de força para idosos de varias

idades. Quase todos os pesquisadores têm demonstrado ganhos substanciais

de força, mas os incrementos da secção transversal muscular têm sido

menores e menos compatíveis.

Estudo apresentado por Westcott e Baechle (2001, apud TERNES;

ZABOT, 2009), com 1132 indivíduos de ambos os sexos, participantes de um

programa de treinamento resistido, com duração de 30 minutos por 2 meses, e

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freqüência de 2 a 3 vezes por semana mostrou que idosos de 61 a 81 anos

aumentaram 1,09 kg de músculo.

Existe diminuição do tecido adiposo devido ao aumento do dispêndio de

energia, conseqüentemente existe mais disposição em realizar as atividades

por deixar de existir uma bagagem extra de peso que dificultava os afazeres

diários. O aumento de gordura corporal é 20% menor nos indivíduos ativos que

em sedentários, nesta faixa etária. (TERNES; ZABOT, 2009)

Dupler e Cortes (1993, apud SHEPHARD, 2003) adotaram um programa

de treinamento com peso relativamente de alta intensidade, seus participantes

exercitavam-se com cargas que aumentavam de 45 a 75% da força máxima de

uma repetição do indivíduo. A força muscular aumentou em media 66%, isso

aparentemente refletiu principalmente na melhora da coordenação, visto que

não foi observado nenhum aumento significativo da massa magra corporal.

Contudo, há boas evidências de que até mesmo os idosos frágeis

podem participar de programas de exercícios de força. Além disso, tais

programas podem produzir ganhos substanciais de força, com melhoras

correspondentes no padrão de caminhada, equilíbrio e habilidades funcionais

globais; mais ainda, se os programas forem executados consistentemente

durante longos períodos, pelo menos incrementos pequenos de massa tecidual

magra podem ser induzidos. (SHEPHARD, 1997, apud SHEPHARD, 2003).

O crescimento da população de idosos em todo mundo despertou a

atenção dos profissionais da saúde para a elaboração de estratégias que

possam contribuir, sobretudo, na prevenção e redução da sarcopenia.

Uma das formas de intervenção que tem demonstrado grande eficiência

na manutenção e aumento da massa muscular, e, conseqüentemente, na

melhoria da aptidão física e independência de idosos, é a prática do

treinamento com pesos (DIAS; GURJÃO; MARUCCI, 2009). A prática

sistemática de treinamento resistido em idosos pode promover aumento da

força, da massa muscular e da flexibilidade.

Segundo Hunter et al. (2004, apud DIAS; GURJÃO; MARUCCI, 2009),

se apenas uma forma de exercício tiver que ser escolhida para promover

melhoria na capacidade funcional de idosos, o treinamento resistido parece a

melhor opção, se comparada aos exercícios aeróbios. Essa opção se

fundamenta na observação de que as principais atividades cotidianas,

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presentes na vida de idosos, envolvem capacidades que são aprimoradas

durante a prática do treinamento resistido.

Contudo, vale ressaltar que as adaptações promovidas por qualquer tipo

de treinamento estão estreitamente relacionadas ao modelo de treinamento

específico realizado. Dessa forma, quando o treinamento é realizado com alta

intensidade e intervalos de descanso de 60 a 90 segundos, são observadas

principalmente, modificações na força e massa muscular. Por outro lado, um

programa de treinamento resistido com grande volume e curtos períodos de

descanso, resulta em diminuição da gordura corporal. (KRAEMER, 2002; apud

DIAS; GURJÃO; MARUCCI, 2009)

Sendo assim, os objetivos de um programa de treinamento resistido,

específico para idosos, devem estar voltados, sobretudo, para a melhoria da

aptidão física e da qualidade de vida, ou seja, estruturados de modo a

promover melhorias na independência e capacidade funcional dos idosos.

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CONCLUSÃO

O envelhecimento da população é uma das maiores conquistas e

também um dos maiores desafios, tanto para o indivíduo como para a

sociedade. De fato, com a idade mais avançada há o aumento da ocorrência

de doenças crônico-degenerativas e prejuízo da capacidade funcional, com

maiores índices de dependência. Contudo, se quisermos que o envelhecimento

seja uma experiência positiva, uma vida mais longa deve ser acompanhada de

oportunidades de saúde, participação social, segurança e garantia de continuar

sendo útil e produtivo o maior tempo possível.

Para isso, é necessário educar e preparar a população para o

envelhecimento, conscientizá-la sobre as mudanças biológicas e psicossociais

decorrentes deste processo, disponibilizando informações e oferecendo meios

que subsidiem as transformações necessárias à busca consciente de uma vida

melhor e com qualidade. O indivíduo idoso poderá, assim, aprender a superar

as dificuldades e se adaptar às mudanças e às crises do processo do

envelhecimento.

Desde que o exercício físico passou a ser considerado como uns dos

mais importantes aspectos relacionados à saúde, vários são os profissionais

que buscam se especializar nessa área e muitos estudiosos realizam trabalhos,

visando esclarecer muitas dúvidas ainda existentes sobre o assunto, foi o que

se observa com essa revisão bibliográfica.

O treinamento resistido é um exemplo de modalidade cada vez mais

estudo por especialistas da área da saúde e mostrando-se benéfico para a

melhora das condições funcionais em geral. Condições estas que

proporcionam maior independência entre os idosos e bem estar geral e com

isso melhora na qualidade de vida dos praticantes.

Os estudos mostram que o treinamento resistido promove adaptações

fisiológicas nos idosos, como aumento ou estabilização da: força muscular,

densidade óssea, massa magra, diminui gordura corporal, melhora

flexibilidade, coordenação motora e o equilíbrio, consequentemente mais

agilidade nas atividades de vida diárias, proporcionando aos idosos melhora da

capacidade funcional e da auto-estima.

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Portanto é primordial que se continue pesquisando, pois este é o melhor

caminho para se desenvolver programas específicos de treinamento resistido

para idosos, voltados pra promoção da saúde. A promoção de programas que

incluam atividades físicas e terapêuticas pode interferir no processo de

envelhecimento melhorando não só a saúde funcional, mas efetivamente a

qualidade de vida de indivíduos idosos. Concluiu-se com a revisão bibliográfica

que programas de Treinamento Resistido devem ser incentivados e

implantados com atenção voltada pra promoção da qualidade de vida do idoso.

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