trecho_razao e experiencia

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    RAZO E EXPERINCIA

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    A R R

    RAZO E EXPERINCIA

    Por uma teologia da percepo da realidade

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    Copyright Editora Novos Dilogos, 2014

    Equipe EditorialClemir Fernandes | Flvio Conrado | Wagner GuimaresCapa e Diagramao Olga Loureiro

    Grafia atualizada respeitando o novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa.

    Publicado no Brasil com autorizao e com todos os direitos reservados.

    Editora Novos DilogosRua Conde de Bonfim, 125 Cob.2Rio de Janeiro - RJCEP 20.520-050

    www.novosdialogos.comTwitter: @NovosDialogos

    Facebook.com/novosdialogos

    Catalogao na fonteJnatas Souza de Abreu, Ms. CRB4-1823

    R672r Rocha, Alessandro Rodrigues. Razo e Experincia: Por uma teologia a partir da realidade / Clarissa

    Alessandro Rodrigues Rocha. Rio de Janeiro: Novos Dilogos, 2014.

    112 p., 14x21 cm.

    ISBN: 978-85-64181-47-2.

    1. Raciovitalismo. 2. Teologia Filosfica 3. Ps-modernidade. 4. Teoriae Filosofia da Religio Cincias da Religio. I. Cmara, Uipirangi (prefa-ciador). II. Ttulo.

    CDU 2-11:141.32

    ndices para catlogo sistemticoTeologia Filosfica: 2-11:141.32Filosofia- existencialismo: 141.32

    Teoria e Filosofia da Religio Cincias da Religio: 2-11

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    Procuro dizer o que sinto

    Sem pensar em que o sinto.

    Procuro encostar as palavras idia

    E no precisar dum corredor

    Do pensamento para as palavras.

    Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.

    O meu pensamento s muito devagar atravessa o rio a nado

    Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

    Procuro despir-me do que aprendi,

    Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,

    E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,

    Desencaixotar as minhas emoes verdadeiras,

    Desembrulhar-me e ser eu,[...]

    E assim escrevo, querendo sentir a Natureza,

    nem sequer como um homem,

    Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.

    E assim escrevo, ora bem ora mal,

    Ora acertando com o que quero dizer ora errando,

    Caindo aqui, levantando-me acol,

    Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

    Fernando Pessoa. O guardador de rebanhos XLVI.

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    SUMRIO

    PREFCIO 9

    INTRODUO 13

    CAPTULO 1RACIOVITALISMO E RACIONALIDADE AMPLIADA 17

    CAPTULO 2EXPERINCIA E REALIDADE:

    A PERSPECTIVA DA FILOSOFIA 37

    CAPTULO 3EXPERINCIA E RELIGIO:

    A PERSPECTIVA DA FENOMENOLOGIA DA RELIGIO 61

    CAPTULO 4EXPERINCIA E TEOLOGIA:

    A PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DIANTE DA F CRIST 77

    CONCLUSO 103

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 107

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    PREFCIO

    Profundamente comprometido com a vida como ela se pe

    A vida como ela , como diria Nelson Rodrigues ,

    Alessandro Rocha denuncia a ambio do projeto racio-nalista da modernidade de ser a nica e adequada via de

    compreenso da realidade sob a gide segura da razo. Tal

    projeto, insiste Alessandro, se funda numa racionalidade fe-

    chada e dualista:

    Fechada, porque reduz a tarefa de percepo da reali-

    dade a uma s dimenso da existncia humana: a ra-zo concebida como conscincia e sede do ser. Dualista

    porque desintegra o ser humano numa dinmica hierar-

    quizante, onde a mente se sobrepe, para dominar, s

    demais instncias de nosso ser. (p. 19)

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    A vida complexa. Compreend-la a partir dessa

    complexidade abrir-se a formas plurais que, justamen-te por no permitir-se limitaes, pode aventurar-se em

    aventuras hermenuticas existenciais, fugindo de arma-

    dilhas ideais, como diria Nietzsche. Alessandro no ne-

    gocia o fundamento da vida no aqui e agora como hori-

    zonte privilegiado para se fazer teologia, poesia ou exaurir

    renovadamente as demandas de uma vida a ser vivida

    pela integralidade.Para fugir do que denuncia como sistema fechado e,

    portanto, incapaz de dar conta dessa complexidade que

    o ato de viver pressupe, Alessandro inicia seu projeto

    instigante e desafiador na discusso sobre a possibilida-

    de de seguir o conceito de raciovitalismo. Segundo ele,

    a compreenso da vida pressupe elasticidade, o que,

    seguramente, a Racionalidade como filha da moderni-dade no cogita, j que sua viagem judicial e parametri-

    zadora solitria.

    Para dar conta de fundamentar essa nova via,

    Alessandro postula a Experincia como lugar privilegia-

    do de percepo da realidade no contexto histrico-cul-

    tural da ps-modernidade. Seu percurso metodolgico se

    insere em trs importantes discusses: a) A experinciacomo elemento da racionalidade na perspectiva filos-

    fica; b) A capacidade da experincia de perceber e co-

    municar as expresses da religio, segundo o ponto de

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    vista da fenomenologia da religio, e, finalmente, c) A

    experincia como forma adequada para a percepo dodesvelamento do Real em perspectiva teolgica.

    O que traz ao texto seu carter sedutor quanto uma

    possibilidade mais elstica de dar conta da vida na pers-

    pectiva de uma sociedade ps-moderna, com sua carac-

    terstica mpar de univocidade da diversidade, o fato de

    Alessandro vivenciar o que postula. parte de seu projeto

    existencial brigar por uma Teologia Brasileira que seja an-tes de tudo engendrada na vivncia brasilis, ou seja, no

    dia a dia da vida, levando em conta as demandas e desa-

    fios da existncia humana. Nesse sentido, Alessandro no

    abre mo de pastorear, de dialogar com outras reas do

    saber, de andar no meio da gente e perceber suas com-

    preenses, aspiraes e projetos, e de tentar traduzi-los

    numa possibilidade plural.Ao contrrio da multido, Alessandro traz o mundo

    para o escritrio e o alarga, quebra suas paredes e o obri-

    ga a pr-se no mundo. Ele faz do texto um alerta para a

    amplitude do mundo, das percepes de seus locatrios

    e insiste em seu lugar privilegiado de leitura. Nesse sen-

    tido, s nos resta a alegria de experimentar: Razo e ex-

    perincia. Por uma teologia da percepo da realidade.

    Uipirangi CmaraPastor batista, licenciando em Filosofia e doutor em Cincias

    da Religio (UMESP). Atualmente professor da Faculdade

    Teolgica Batista do Paran.

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    INTRODUO

    Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-me

    do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta

    com que me pintaram os sentidos.

    Fernando Pessoa

    Essa metfora da tinta que cobre o que antes era uma outra

    coisa bem adequada introduo de nossas discusses

    onde trataremos da afirmao da experincia como canal

    de percepo da realidade.Iluminados pelo poeta, podemos compreender me-

    lhor como nossa capacidade de percepo da realidade

    recebeu muitas camadas de tinta pelo pincel do racio-

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    nalismo. Essas camadas so suas sucessivas epistemolo-

    gias com suas nfases e peculiaridades. Contudo, nestemomento queremos destacar a espessa camada de tinta

    colocada sobre nossa capacidade de percepo, a saber

    o racionalismo moderno.

    Seguindo um pouco mais a intuio do poeta sobre

    as armadilhas epistemolgicas que a razo moderna

    armou nas trilhas de nosso caminho existencial, pode-

    mos desdobrar a metfora dos sentidos cobertos por ca-madas de tinta. Quem mora ou conhece uma casa an-

    tiga pode compreender perfeitamente o que tal metfora

    prope: a primeira lmina de tinta encontra-se coberta

    por muitas outras aplicadas ao longo do tempo. Somente

    se rasparmos a parede descobriremos de quantas cores

    ela foi coberta.

    O conhecimento, enquanto teoria das relaes per-ceptivas que o ser humano tem com o mundo, passa

    por esse mesmo processo sobretudo no que diz res-

    peito ao como conhecer. Ao longo da histria ele vai

    ganhando sucessivas camadas de tinta e com isso se

    revestindo conceitualmente de significados distintos e

    plurais, tornando-se diferente de certo projeto pensado

    originalmente. A tarefa terica de pensar o conhecimentose assemelharia ao trabalho do restaurador, que no pro-

    cesso de busca pela originalidade da obra arquitetnica,

    tem que fazer tambm o historiamento das muitas etapas

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    e conjunturas histricas que as vrias camadas de tinta

    representam. Seu labor no , portanto, somente parachegar mais antiga pintura, mas, tambm, de conhecer

    as outras pinturas e todos os elementos que as determi-

    naram.

    Falando objetivamente, o desafio que est colocado

    no processo de compreenso das teorias do conhecimen-

    to perceber que a cada momento e nfase epistemo-

    lgica cabe um conjunto de circunstncias que confe-rem plausibilidade a certa teoria do conhecimento. Uma

    camada de tinta no s uma camada de tinta. Antes

    a objetivao da realidade scio-econmico-esttico-

    -cultural da famlia que habita naquela casa. Uma teoria

    do conhecimento no s uma teoria. a expresso de

    uma corrente de pensamento diante da inacabada tarefa

    de dizer a realidade.Todas as vezes, portanto, que certa camada teri-

    ca no estiver em consonncia com o horizonte existen-

    cial concreto dos moradores de certos lugares do mun-

    do, ela inadequada. Raspar uma camada de tinta

    encontra seu sentido quando permite que o morador

    perceba melhor a parede pela mediao da pintura

    adequada sua histria.Na perspectiva a partir da qual olhamos esse tema,

    h uma inadequao da tinta colocada sobre a realidade,

    ou seja, uma inadequao da epistemologia racionalista

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    com o horizonte histrico-cultural ao qual pertencemos e

    de onde temos que perceber e traduzir a realidade. Emsuma, a ascenso da razo moderna ao status de sufi-

    cincia encontrou seu ocaso. Isso demanda uma nova

    teorizao acerca das formas de conhecer, que possam

    por sua vez inspirar outras formas de ser-no-mundo.

    Queremos, portanto, enfrentar o desafio de postular

    uma forma de percepo da realidade que nos envolve,

    que seja adequada ao contorno histrico-cultural da ps--modernidade. Proporemos a experincia como esta for-

    ma de percepo. Para tanto, percorreremos o seguinte

    caminho: a experincia como elemento da racionalidade

    na perspectiva filosfica; a capacidade da experincia de

    perceber e comunicar as expresses da religio, segundo

    o ponto de vista da fenomenologia da religio; a experin-

    cia como forma adequada para a percepo do desvela-mento do Real em perspectiva teolgica.

    Antes, porm, de trabalhar a temtica da experin-

    cia, preciso tornar clara a compreenso de racionalida-

    de que apresentamos como alternativa ao racionalismo

    moderno. Esta concepo de racionalidade que afirma a

    abertura ao diverso e integrao daquilo que nos cons-

    titui como homens e mulheres o raciovitalismo.