tratamento efluentes do pescado

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TÉCNICA, TECNOLÓGICA SUL-RIO-GRANDENSE CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL DISCIPLINA: CONTROLE DE EFLUENTES PROFESSORA: BEATRIZ FABIÃO PROJETO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DO PROCESSAMENTO DE PESCADO

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Projeto estação de tratamento de efluentes de pescado

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SERVIO PBLICO FEDERALINSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO TCNICA, TECNOLGICA SUL-RIO-GRANDENSECURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTO AMBIENTALDISCIPLINA: CONTROLE DE EFLUENTESPROFESSORA: BEATRIZ FABIO

PROJETO DE ESTAO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DO PROCESSAMENTO DE PESCADO

Alunas: Bianca Carvalho das Neves, Daniele Dobke, Desiree Ferrari Dal Forno, Francine Monks Fernandes, Lisiane Cruz, Maynara Gundlach de Barros, Neusa Einhardt.

Pelotas, 11 de Julho de 20141. INTRODUO

A indstria alimentcia um segmento que dispe de alto consumo de gua devido necessidade da higienizao dos estabelecimentos e a manuteno da boa qualidade do alimento. Entre as indstrias alimentcias com maior consumo de gua temos a indstria de pescado, a qual gera efluente em torno de 5,4 m3. t-1 de peixe processado (SOUZA, 2008). As dificuldades encontradas no tratamento dos despejos do pescado so atribudas, em grande parte, s caractersticas dos mesmos: volume relativamente elevado Demanda Bioqumica de Oxignio (DBO) e Slidos em Suspenso (SS) em alta concentrao, e altos nveis de gorduras e protenas. Outras dificuldades aparecem devido variao das vazes em funo das estaes do ano, maior ou menor facilidade de se obter o pescado, e a rpida degradabilidade dos despejos (SOUZA, 2008). As indstrias de processamento do pescado geram um volume de efluente significativo e de elevada preocupao ambiental devido a sua carga orgnica poluidora. O tratamento biolgico muito utilizado no tratamento de guas residurias de abatedouros por melhorar a qualidade dos efluentes e promover seu enquadramento na legislao ambiental, permitindo assim seu despejo em um corpo receptor (COSMANN, 2009).

Objetivo:O Objetivo do presente trabalho foi elaborar o projeto de uma estao de tratamento de efluentes para a indstria de pescados, a partir das caractersticas de um dado efluente e verificar, com base nos clculos e parmetros exigidos pela legislao, a eficincia do processo proposto.

2. DESCRIO DO PROCESSO

Abate e Limpeza do PescadoOs peixes que estavam comendo ativamente no momento da captura so os que mais costumam apresentar alteraes autolticas em razo das enzimas digestivas; por isso precisam ser eviscerados e misturados com gelo rapidamente (ORDOES, 2005).De maneira geral, deve-se procurar sempre que possvel, limpar todo o peixe imediatamente aps a captura, isto , tirar-lhe as vsceras e brnquias (ORDOES, 2005).Recomenda-se que os peixes sejam abatidos em local previamente limpo e higienizado. O muco deve ser retirado da carcaa com a gua de lavagem, sua presena pode atrair bactrias e contaminar a carne do pescado e comprometer sua conservao (MIGUENS, 2006).

EvisceraoEviscerar significa retirar o contedo existente na parte interna da carcaa no pescado, assim extrai-se: guelras, corao, traquia, esfago, estmago, fgado, vescula biliar, pncreas, rins, intestino, bexiga natatria e gnadas. A retirada das vsceras deve ser realizada rapidamente, de preferncia na primeira hora aps o abate. Entre os rgos citados, o estmago e o intestino no devem ser rompidos para que no extravasem bactrias e microrganismos indesejveis sobre a carne. O rompimento da vescula biliar tambm pode amarelar e causar sabor amargo da carne abdominal (MIGUENS, 2006).

Escamao, Descabeamento e Retirada de NadadeirasAs escamas podem ser retiradas da seguinte forma: segurando o peixe pela cabea, com as costas de uma faca retiram-se as escamas no sentido da cauda para a cabea. No comrcio ou lojas de pesca, existem escamadores plsticos ou de inox que facilitam a retirada das escamas. Pequenas fbricas de pescado utilizam o aparelho lava-jato para realizar a escamao, tal aparelho utiliza gua clorada na concentrao de 6 mL de cloro para 1000 litros de gua (MIGUENS, 2006).A retirada da cabea ou definio do tipo de corte para decapitar o pescado deve ser o que proporcione menos perda de carne. O descabeamento pode ser realizado atravs de diferentes cortes realizados com faca, so eles: corte em torno dos oprculos, corte contornando a cabea, corte reto, corte oblquo e corte em forma de V. Geralmente o corte contornando a cabea proporciona melhores rendimentos de carcaa (MIGUENS, 2006).As nadadeiras do pescado podem ser retiradas atravs de cortes realizados com faca, tesoura, torques ou machadinha, tais nadadeiras, peitoral, ventral, dorsal e caudal podem fazer parte dos resduos ou vsceras e ser aproveitado para elaborao da silagem (MIGUENS, 2006).

Figura 1 - Fluxograma de processos do pescado e resduos gerados:

Depurao nos tanques/ captura

Recepo/ classificao

gua de lavagem, restos de carne, barbatanas.

Abate e limpeza

EscamasDescamao

Vsceras: guelras, corao, traquia, esfago, estmago, fgado, vescula biliar, pncreas, rins, intestino, bexiga natatria e gnada., Couro, sangue e gorduras..Peixe eviscerado com cabea (fresco, congelamento, defumao, salga).Eviscerao

Peixe para filetagemDescabeamento e retirada das nadadeiras

Mtodos de conservao

Embalagem/ Estocagem

3. GERAO DE EFLUENTESOs efluentes so gerados em diversas etapas do processamento do pescado, tais como: recepo do pescado, na gua de lavagem na etapa de abate e limpeza, na eviscerao (sangue e gua de lavagem), condensao nas cmaras frigorficas, salmoura, dependendo dos processos e/ou mtodos de conservao a que o produto ser submetido.Alm das guas de lavagens do pescado temos tambm as lavagens de pisos e equipamentos. So includos nos efluentes industriais os esgotos sanitrios dos funcionrios (GIORDANI). Os efluentes industriais so compostos da matria orgnica oriunda do processamento do pescado, dos produtos utilizados em limpezas e pelo sal das salmouras descartadas (GIORDANI). 4. CLCULOS CARGA EFLUENTE BRUTO

Tabela dada com as caractersticas do efluente do processamento de pescado:ParmetrosUnidadeEfluente Bruto

pH7,00

TemperaturaC20,00

DQOmg/L O22.000

DBO5 (20C)mg/L O21.200

Nitrognio Totalmg/L N220

Fsforo Totalmg/L P15,0

leos e graxasmg/L260

Slidos Suspensosmg/L1.500

Slidos SedimentveismL/L45,0

Vazom3/d120,0

Clculos:

Frmula utilizada: Carga (Kg/d) = concentrao (g/m3) . vazo (m3/d) / 1000 (g/Kg)

DQO: Carga DQO (Kg/d) = 2000 g/m . 120 m/d / 1000 g/Kg = 240 Kg/d

DBO: Carga DBO (Kg/d) = 1200 g/m . 120 m/d / 1000 g/Kg = 144 Kg/d

Slidos suspensos (SS): Carga SS (Kg/d) = 1500 g/m . 120 m/d / 1000 g/Kg = 180 Kg/d

Nitrognio (N): Carga N (Kg/d) = 220 g/m . 120 m/d / 1000 g/Kg = 26,4 Kg/d

Fsforo (P): Carga N (Kg/d) = 15 g/m . 120 m/d / 1000 g/Kg = 1,8 Kg/d

5. EQUIPAMENTOS NECESSRIOS E JUSTIFICATIVAS

Tratamento preliminar:Segundo pesquisas em apostilas e artigos cientficos recomenda-se como tratamento preliminar para o efluente de pescados o peneiramento, visando remoo de escamas e pedaos de peixes. Aps o mesmo deve passar por um tanque de equalizao/neutralizao antes de ser encaminhado para o tratamentoprimrio.

PeneiramentoCom o objetivo da remoo de slidos normalmente com dimetros superiores a 1 mm, capazes de causar entupimentos ou com considervel carga orgnica so utilizadas peneiras (GIORDANI).As peneiras mais utilizadas tm malhas com barras triangulares com espaamento variando entre 0,5 a 2 mm, podendo a limpeza ser mecanizada (jatos de gua ou escovas) ou ser esttica. No caso de serem utilizadas peneiras em efluentes gordurosos ou com a presena de leos minerais deve-se utilizar as peneiras com limpeza mecanizada por escovas (GIORDANI).A utilizao de peneiras imprescindvel em tratamentos de efluentes de indstrias de refrigerantes, txtil, pescado, abatedouros e frigorficos, curtumes, cervejarias, sucos de frutas e outras indstrias de alimentos (GIORDANI).As peneiras devem ser aplicadas tambm em outros efluentes que apresentem materiais grosseiros, tais como: fiapos; plsticos; resduos de alimentos, etc (GIORDANI).

Equalizao/ NeutralizaoEssa etapa tem a finalidade homogeneizar o efluente quanto avazo e carga e realizar ajustes de pH antes de passar para o tratamento primrio.

Tratamento primrio:O tratamento primrio sugerido para efluente de pescado a flotao, com prvia adio de produtos qumicos para que ocorram os processos de coagulao e floculao antes de passar pra o flotador e facilitar a remoo de gorduras que possam estar emulsionadas.

FlotaoA flotao outro processo fsico muito utilizado para a clarificao de efluentes e a conseqente concentrao de lodos, tendo como vantagem a necessidade reduzida de rea, tendo como desvantagem um custo operacional mais elevado devido mecanizao (GIORDANI).A flotao deve ser aplicada principalmente para slidos com altos teores de leos e graxas e ou detergentes tais como os oriundos de indstrias petroqumicas, de pescado, frigorficas e de lavanderias (GIORDANI).A flotao no aplicada aos efluentes com leos emulsionados, a no ser que os efluentes tenham sido coagulados previamente (GIORDANI).Alm de ser um processo unitrio utilizado no nvel primrio de tratamento, aplicado tambm na etapa de espessamento de lodo (GIORDANI).Existem flotadores a ar dissolvido (FAD), a ar ejetado e a ar induzido (GIORDANI). Os flotadores a ar dissolvido FAD tambm so conhecidos como flotadores DAF do ingls dissolved air flotation.A remoo do material flotado pode ser realizada por escoamento superficial como nos decantadores ou por raspagem superficial (GIORDANI).

Tratamento secundrio:Segundo pesquisas em artigos, alguns processos biolgicos tem se mostrado eficientes na remoo de parmetros como as concentraes de DBO do efluente do pescado, atendendo ao exigido pela FEPAM, alguns trabalhos mencionam o tratamento por lagoas anaerbias, mas essas apresentam o inconveniente de requerer muito espao, apesar do baixo custo, ento se optou pelos Reatores anaerbios de fluxo ascendente, tambm conhecidos como RAFA ou UASB, sua sigla em ingls, seguidos do processo de lodos ativados.O tratamento biolgico consiste na degradao da matria orgnica existente no efluente, pela ao de microrganismos em condies controladas. Esta degradao pode ser realizada em duas condies: anaerbia (reator R.A.F.A) e aerbia (reator de Lodo Ativado). A digesto anaerbia um processo biolgico natural que ocorre na ausncia de oxignio molecular, onde populaes bacterianas interagem estritamente para promover a fermentao estvel e auto-regulada da matria orgnica. No processo de lodos ativados, o despejo estabilizado biologicamente num reator em condies aerbias (ARIM & PRYZBYLSKI, 2011). Na sada do efluente pode ser usada a calha parshall para a medio da vazo.

6. TABELA DE EFICINCIA DO TRATAMENTO SECUNDRIO

Tabela utilizada para calcular as caractersticas do efluente tratado: Eficincia mdia de remoo no tratamento biolgico (secundrio)ParmetrosRemoo

DQO80% - 98%

DBO580% - 98%

SOLIDOS SUPENSOS TOTAIS90% - 98%

NITROGENIO TOTAL40% - 90%

FOSFORO TOTAL60% - 90%

Aps avaliados os parmetros e realizados os clculos da eficincia de remoo para cada um dos processos biolgicos propostos obteve-se os seguintes resultados:

Tabela da eficincia do tratamento secundrio (remoo biolgica)ParmetrosEfluente Bruto(mg/L)Efluente Tratado(mg/L)FEPAM (Legislao: Resoluo CONSEMA 128/2006)(mg/L)

DQO200080330

DBO120048110

Slidos suspensos 150015125

Nitrognio Total22079,220

Fsforo Total15,02,43

7. CONCLUSO

O tratamento de efluentes industriais muito importante para a minimizao dos impactos ambientais nos corpos hdricos receptores. O projeto proposto atende ao exigido pela legislao, que no caso do Estado do Rio Grande do Sul fiscalizada pela FEPAM, na maioria dos parmetros, exceto na remoo de Nitrognio total, o que sugere que o tratamento necessita de mais uma etapa para a remoo do mesmo, para isso pode ser usado um tanque anxico ao final do tratamento secundrio, que apresenta justamente essa funo de remoo de Nitrognio.

8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

RIO GRANDE DO SUL - Secretaria do Meio Ambiente -Resoluo CONSEMA 128/2006.Dispe sobre a fixao de Padres de Emisso de EfluentesLquidos para fontes de emisso que lancem seus efluentes em guassuperficiais no Estado do Rio Grande do Sul.

ARIM, Aline Lemos, PRYZBYLSKI, Srgio L. AlveS; Projeto Preliminar De Uma Estao De Tratamento De Efluentes Para Indstrias De Pescado. Anais do Salo Internacional de Ensino, Pesquisa e Extenso v. 3, n. 1 UNIPAMPA, 2011.

COSMANN, Natassia J. et. al.; Caracterizao do efluente de processamento de pescado e desempenho da lagoa anaerbia. I Simpsio Internacional sobre Gerenciamento de Resduos de Animais (Sigera); Tratamento de Dejetos de Animais; Florianpolis, SC, 2009.

GIORDANI, gandhi; Tratamento e Controle de Efluentes Industriais.

MIGUENS, Fbio P.; Processamento de Peixes: apostila mini-curso SENAR. Porto - Alegre, 2006. SENAR-RS.

ORDOES, Juan A.; Tecnologia de Alimentos: Alimentos de Origem Animal. Porto Alegre: Artmed, 2005. Volume 2.

SOUZA, Milena A. et. al; Reduo no consumo de efluente gerado em abatedouro de Tilpia do Nilo atravs da implantao de Produo mais Limpa (P+L). UNESP/UNICAMP- B. Inst. Pesca, So Paulo, 34(2): 289 - 296, 2008.