tratamento de efluentes galvanização

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  • GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS DA INDSTRIA DE GALVANIZAO

    Teresa Cristina Ferreira do Nascimento

    ESCOLA DE QUMICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    Orientadora: Prof. Cheila Gonalves Moth

    Doutor

    RIO DE JANEIRO 2006

  • ii

    GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS DA INDSTRIA DE GALVANIZAO

    TERESA CRISTINA FERREIRA DO NASCIMENTO DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PS-GRADUAO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUMICOS E BIOQUMICOS, DA ESCOLA DE QUMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS, E EXECUTADA SOB ORIENTAO DA PROFESSORA DOUTORA CHEILA GONALVES MOTH.

    Aprovada por:

    _______________________________________

    Profa Dra. Cheila Gonalves Moth- Orientadora EQ / UFRJ

    _______________________________________

    Profa Dra. Ldia Yokoyama EQ / UFRJ

    _______________________________________

    Prof. Dr. Osvaldo Galvo Caldas da Cunha EQ / UFRJ

    _______________________________________

    Prof. Dr. Heitor Fernandes Moth Filho I.A. / UFRRJ

    Rio de Janeiro

    2006

  • iii

    FICHA CATALOGRFICA

    Nascimento F, Teresa Cristina

    GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS DA INDSTRIA DE

    GALVANIZAO / Teresa Cristina F. do Nascimento, Rio de Janeiro: UFRJ/EQ,

    2006.

    xviii, 162 f.:il.

    Orientadora: Cheila Gonalves Moth

    1- Resduos Slidos . 2- Indstria de Galvanizao. 3-Gerenciamento. 4- Estudo de

    Caso.

    I. Moth, Cheila Gonalves (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Escola de Qumica. III. Ttulo.

  • iv

    Ao meu amado pai (in memoriam);

    a minha querida me;

    ao meu irmo;

    as minhas tias e tios em especial a Tia Socorro;

    as minhas sobrinhas, Raquel, Rebecka;

    Camilla, Fabiana e Clara Eduarda.

  • v

    querida professora Cheila, pela dedicao incansvel,

    carinho e confiana, a quem eu tenho profundo respeito e admirao.

  • vi

    Manda a sabedoria desde o cu santo e a envia desde o teu trono glorioso, para

    que ela me acompanhe e participe dos meus trabalhos, e me ensine o que

    agradvel a ti.

    Livro da sabedoria 9-10 pg.890.

    Bblia Sagrada

  • vii

    AGRADECIMENTOS

    A Deus em quem eu creio acima de tudo, que me sustenta e d foras em

    todos os dias da minha vida.

    Aos anjos e santos a quem eu pedi auxlio nos momentos mais difceis.

    A Nossa Senhora, me de Jesus Cristo e me de todos ns.

    Aos amigos Moiss e Aline, ele por ter me apresentado a professora Cheila, e

    ela por ter me incentivado a voltar para a Universidade.

    Ao professor Heitor Moth, pelo suporte tcnico, nas anlises e confeco de

    cermicos.

    Ao Andr pela realizao das anlises de FTIR.

    A Celeste, Tatiana e Denise, pelo carinho e apoio com que me receberam no

    grupo de pesquisa.

    A Holcim em especial ao Horcio pelas informaes tcnicas a respeito de co-

    processamento de resduos.

    A VG Brasil pelos slides e informaes.

    Ao Sr. Nelson e ao Srgio da Unibetha pelos esclarecimentos sobre

    Galvanizao a fogo.

    A Porterqumica em especial ao Dr. Carlos Kuranaga, pelas informaes sobre

    utilizao dos micronutrientes de resduos slidos na fabricao de

    fertilizantes.

  • viii

    Aos meus amigos Athanagilde, Paulo Couto, Olga Benrio, Neli, Sidney, e

    Marcelo, que me seguraram e me guiaram em um momento muito triste da minha

    vida no decorrer deste curso.

    Aos amigos da Empresa A, que realmente torceram por mim.

    Aos meus amigos de todas as horas, em especial a Ana, Cacilda e Silvinha,

    minhas grandes incentivadoras nas horas difceis.

    A Roselee e Marlene, da secretria de ps-graduao do curso de TPQB, que me

    acompanharam e me deram muita fora neste curso de Mestrado.

    Aos professores, Carlos Russo e Francisca Pessoa de Frana, pelo incentivo e

    oportunidades.

    Aos meus amigos, Eng. Qumico Daniel Pomeroy e Professoras Maria Jos, Maria

    Antonieta, Selma Gomes e Eliana Srvulo pelo carinho, exemplo e incentivo.

    A todos os meus mestres deste e de outros tempos, que me mostraram o quanto

    bom e gratificante ensinar e aprender.

    Ao Vitor Siqueira pelo auxilio em informtica.

    Ao Sr. Zlio Bicalho pelo carinho e apoio.

    A todos que direta ou indiretamente colaboraram para a realizao deste trabalho.

  • ix

    RESUMO NASCIMENTO, Teresa Cristina Ferreira. Gerenciamento de Resduos Slidos da Indstria de Galvanizao. Orientadora: Cheila Gonalves Moth. Rio de Janeiro : UFRJ / EQ, 2006. Dissertao (Mestrado em Cincias).

    Os resduos industriais constituem um problema ambiental e o seu

    gerenciamento deve ser conduzido de forma adequada, seja pela sua disposio

    final ou pela reciclagem. Os resduos slidos gerados no tratamento de efluentes

    da indstria de galvanizao a fogo so classificados como Resduo No Inerte-

    Classe II A, segundo a classificao NBR-10.004 da ABNT. Este trabalho mostra

    os principais tipos de resduos gerados no processo de Galvanizao a Fogo, que

    so borra e cinza de zinco, alm de lamas de fundo dos tanques de pr-

    tratamento e resduo slido proveniente da Estao de Tratamento de Efluentes

    Industriais (ETDI). O enfoque desta investigao mostrar formas de

    gerenciamento segundo as normas de qualidade ambiental principalmente normas

    ISO 14000; e tambm procurar dar um valor agregado ao lodo da ETDI

    viabilizando a sua aplicao em massa cermica vermelha, como mostra o Estudo

    de uma empresa - Caso da Empresa A.

  • x

    ABSTRACT NASCIMENTO, Teresa Cristina Ferreira. Management of Solid Waste in Galvanizing Industry. Adviser: Prof. Dr. Cheila Gonalves Moth. Rio de Janeiro: UFRJ / EQ, 2006. Dissertao (Mestrado em Cincias).

    The industrial residues are a serious problem to the environment and this

    management must be performed as adequately as possible in terms of final

    disposal or recycling. The solid wastes produced an effluents treatment of hot dip

    galvanizing industry are classified as a Not Inert Class II A Residue, according to

    ABNT Standard Method of Test NBR 10004. This work shows the mains types of

    generated solid wastes in hot dip galvanizing process that are bottom and ash of

    zinc beyond sludge of deep tank of previous treatment and solid waste results of

    treatment effluent station ETDI. The main reason of this investigation is to indicate

    management forms according to the norm of environmental quality mainly ISO

    14.000 and also to give an aggregate value to sludge of ETDI viability an

    application in red ceramic mass as in Study of Case A company.

  • xi

    LISTA DE SIGLAS ABCEM Associao Brasileira de Eng. e Cincias Mecnicas ABETRE Associao Brasileira de Transporte de Resduos ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas AT Anlise Trmica BS Norma Britnica BSI Instituto Britnico de Normalizao CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CMMAD Comisso Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento CNUMAD Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e

    Desenvolvimento.

    CTA Centro de Tecnologia Ambiental DJSI Dow Jones Sustainability Group Index DTA Anlise Trmica Diferencial DTG Termogravimetria Derivada DZ Diretriz EMS Eco Management Scheme ou Sistema de Gesto Ambiental (SGA) EMAS Eco Management and Audit Scheme ETE Estao de Tratamento de Efluentes ETDI Estao de Tratamento de Despejos Industriais FEEMA Fundao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente FIRJAM Federao das Indstrias do Rio de Janeiro FNMA Fundo Nacional de Meio Ambiente

  • xii

    FTIR Espectroscopia na Regio do Infravermelho com Transformada de Fourrier IBAMA Instituto Braileiro de Meio Ambiente ISO International Organization for Standardization LCA Anlise do Ciclo de Vida LOI Perda ao Fogo Loss Ignition MMA Ministrio do Meio Ambiente MTR Manifesto para Tansporte de Resduos NBR Norma Brasileira NR Norma Regulamentadora ONU Organizao das Naes Unidas PDCA Planejar, Implementar, Verificar e Analisar Criticamente. PET Poli-etileno Tereftalato PNMA Poltica Nacional de Meio Ambiente PNRS Poltica Nacional de Resduos Slidos SAGE Grupo Estratgico Consultivo sobre o Meio Ambiente SAM Sustainable Asset Management SISNAMA Sistema Nacional De Meio Ambiente TC Comit Tcnico TG Termogravimetria VMP Valores Mximos Permitidos

  • xiii

    NDICE DE FIGURAS Figura 1 - Diagrama de blocos dos rgos reguladores da Poltica

    Ambiental no pas

    17

    Figura 2 - Evoluo Histrica da conscincia ambiental 23

    Figura 3 - Espiral do Sistema de Gesto Ambiental 29

    Figura 4 - O Sistema Econmico e o Meio Ambiente 57

    Figura 5 - As cinco dimenses da sustentabilidade 61

    Figura 6 - Proteo catdica do zinco 69

    Figura 7 - Esquema da micrografia de um revestimento galvanizado 71

    Figura 8 - Srie Galvnica dos metais 75

    Figura 9 - Esquema simplificado das etapas de pr-tratamento do processo

    de Galvanizao a Quente.

    76

    Figura 10 - Esquema ilustrativo do processo de Galvanizao a Quente 77

    Figura 11 - Setores de aplicao da Galvanizao a Fogo 78

    Figura 12 - Silos Galvanizados para armazenamento de gros 79

    Figura 13 - Defensa metlica galvanizada a fogo 79

    Figura 14 - Mapa de localizao das indstrias de galvanizao a fogo 82

    Figura 15 - Diagrama das etapas da Gesto de Resduos Slidos 95

    Figura 16 - Diagrama de blocos das formas de minimizao de resduos

    slidos

    97

    Figura 17 - Diagrama de destinao de resduos 101

    Figura 18 - Esquema simplificado de forno de cimenteira 104

  • xiv

    Figura 19 - Diagrama de blocos da Estao de Tratamento de Efluentes 117

    Figura 20 - Lodo da ETE depositado em Leito de secagem 118

    Figura 21 - Curvas de TG/DTG/DTA 127

    Figura 22 - Espectro na regio do infravermelho do lodo seco da ETE 129

    Figura 23 - Espectro na regio do infravermelho do lodo mido da ETE 129

    Figura 24 - Espectro na regio do infravermelho do lodo da ETE

    sobreposto, lodo seco e lodo mido.

    130

    Figura 25 - Ilustrao dos corpos de prova A e B 133

    Figura 26 - Fotografia da superfcie dos corpos de prova A e B 133

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 1- Identificao de aspectos ambientais e comerciais 40

    Quadro 2- Exemplos de objetivos e metas com reflexos econmicos 41

    Quadro 3- Exemplos de Responsabilidades Ambientais 45

    Quadro 4- Exemplos de tipos de treinamento ambiental para empresas 45

    Quadro 5- Roteiro para Sistema de Gesto Ambiental 47

    Quadro 6- Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade 59

    Quadro 7- Viso geral da gesto ambiental 65

    Quadro 8- Benefcios da gesto ambiental 67

    Quadro 9- Principais impactos ambientais 89

    Quadro 10- Resduos que podem e no podem ser co-processados 103

    Quadro 11- Resduos gerados pela Empresa A 106

  • xv

    Quadro 12- Hierarquia Gesto de Resduos 110

    Quadro 13- Listagem das Entradas e Sadas do Processo de

    Galvanizao a Fogo

    112

    Quadro 14- Vazo dos efluentes gerados pela Empresa A. 114

    Quadro 15- Entradas e Sadas da ETE da Empresa A. 114

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1- Composio da Terra de Zinco 108

    Tabela 2- Resultado dos Ensaios de Lixiviao 124

    Tabela 3- Resultado do Ensaio de Solubilizao 125

    Tabela 4- Fluorescncia de Raios X 130

    Tabela 5- Composio e Medio dos Corpos de Prova antes da

    Sinterizao

    131

    Tabela 6- Composio e Medio dos Corpos de Prova aps a

    Sinterizao

    132

    Tabela 7- Resultados de Densidade aparente, Volume aparente,

    Absoro de gua e Porosidade aparente

    132

  • xvi

    SUMRIO 1. INTRODUO 1

    2. OBJETIVO 4

    3. JUSTIFICATIVA 5

    4. GESTO AMBIENTAL 8

    4.1. A questo Ambiental no Brasil 8

    4.2. Meio Ambiente 9

    4.3. Meio Ambiente tica e Cidadania 14

    4.4. Poltica Ambiental 15

    4.5. Gesto Ambiental 21

    4.5.1 Consideraes 21

    4.5.2 Modelos de Gesto 22

    4.5.3 Planejamento do Processo em um Sistema de Gesto Ambiental 39

    4.5.4 Implementao e Operao do Sistema de Gesto Ambiental 43

    4.5.5 Medio e Avaliao em um Sistema de Gesto Ambiental 46

    4.5.6 Roteiro para um Sistema de Gesto Ambiental 47

    4.6. Gesto Ambiental nas indstrias 50

    5. GALVANIZAO A QUENTE 68

    5.1. Histrico 68

    5.2. Processo 70

    5.3. Aplicaes 77

    5.4 Vantagens 80

  • xvii

    5.5. Indstrias de Galvanizao a Fogo no Brasil 82

    6. RESDUOS SLIDOS INDUSTRIAIS 83

    6.1. Conceituao e Classificao de Resduos Slidos 83

    6.2. Legislao 84

    6.3. Impactos Ambientais 87

    6.4. Caracterizao 90

    6.5. Mercado de Resduos Slidos no Brasil 91

    6.6. Outros Resduos Slidos 92

    7. GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS 93

    7.1. Planos de ao: o que est sendo feito para gerenciar 93

    7.2. Minimizao 96

    7.3. Destinao Final 97

    8. ESTUDO DE CASO INDUSTRIAL 105

    8.1. Indstrias de Galvanizao 105

    8.2. Diversidade de resduos gerados pela Empresa A 105

    8.3. Composio do Resduo 108

    8.4. Como gerenciar 108

    8.5. Como minimizar 110

    8.6. Gerenciamento do resduo slido da ETE de Ind. de Galvanizao 111

    8.7. Materiais e Mtodos 115

    8.7.1. Resduo slido (lodo) da ETE 116

    8.7.2. Metodologia que foi utilizada 118

    8.7.3. Discusso dos Resultados 124

    9. CONSIDERAES FINAIS 134

  • xviii

    10. SUGESTES 135

    11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 136

    NDICE DE ANEXOS

    ANEXO 1 - LEIS 142

    ANEXO 2 - DIRETRIZ DO SISTEMA DE MANIFESTO DE RESDUOS

    DZ-1310 R.6

    150

  • xix

  • xx

  • CAPTULO 1

    INTRODUO

    Os resduos slidos industriais e urbanos merecem cada vez mais

    ateno de especialistas e do poder pblico dos pases que se dedicam ao

    trabalho de melhoria da qualidade ambiental.

    Todos os pases no importando sua localizao ou seu status

    internacional, produzem milhes de toneladas por dia de resduos, o que

    justifica a obrigatoriedade da criao de mecanismos que produzam a

    conscientizao, o desenvolvimento e a implantao de novas tecnologias para

    reverter este quadro.

    A aplicao de tecnologias apropriadas e ecolgicas, provocando uma

    reduo da utilizao de recursos naturais, de desperdcio, da gerao de

    resduos e poluio, uma ao de prioridade mundial.

    A produo eficaz e a minimizao da poluio advinda desta um

    desafio inerente s estratgias de produo mais limpa, cujo objetivo principal

    evitar a gerao de resduos e emisses, a partir de um enfoque preventivo

    (OLIVEIRA & MARTINS, 2002).

    As mudanas ainda so lentas na diminuio do potencial poluidor do

    parque industrial brasileiro, principalmente no tocante s indstrias mais

    antigas, que continuam contribuindo com a maior parcela da carga poluidora

    gerada e elevado risco de acidentes ambientais sendo, portanto, necessrios

    altos investimentos de controle ambiental e custos de despoluio para

  • 2

    controlar a emisso de poluentes, do lanamento de efluentes e do depsito

    irregular de resduos perigosos.

    As indstrias tradicionalmente responsveis pela maior produo de

    resduos perigosos so as metalrgicas, as indstrias de equipamentos eletro-

    eletrnicos, as fundies, a indstria qumica e a indstria de couro e borracha

    (www. ambientebrasil.com.br).

    A questo do gerenciamento dos resduos implica primeiramente em

    uma mudana de comportamento por parte de toda a comunidade. O

    gerenciamento e a minimizao na produo de resduos so atitudes

    ambientais responsveis e devem ser prticas corriqueiras em indstrias,

    necessitando do comprometimento das chefias e de todo o pessoal envolvido

    com as atividades de produo, para que o programa tenha chance de

    sucesso. Qualquer ao para a resoluo deste problema, quando ocorrer de

    maneira isolada e pontual ter pouca chance de sucesso, pois este assunto faz

    parte de um processo, que exige aprimoramento e vigilncia contnua, caso

    contrrio estar fadado ao insucesso (www.embrapa.gov.br ).

    O gerenciamento de resduos deve basear-se em aes preventivas

    preferencialmente s aes corretivas e deve ter uma abordagem

    multidisciplinar, considerando que os problemas ambientais e suas solues

    esto determinados no apenas por fatores tecnolgicos, mas tambm por

    questes econmicas, fsicas, sociais, culturais e polticas (www.cimm.com.br).

    Um programa de gerenciamento de resduos deve utilizar o princpio da

    responsabilidade objetiva, onde o gerador do resduo o co-responsvel pelo

    seu correto tratamento e descarte (individual ou coletivo), mesmo aps sua

    sada da indstria onde gerado (www.embrapa.gov.br).

    A galvanizao a quente ou zincagem a quente, tambm chamada de

    galvanizao a fogo, um processo de revestimento de peas de ao ou ferro

    fundido obtido pela imerso em um banho de zinco fundido, com a finalidade

  • 3

    de conferir proteo contra corroso. A zincagem por imerso a quente, tem seu processo perfeitamente definido, sendo basicamente o mesmo para

    qualquer produto, podendo variar na espessura de camada dependendo da

    geometria da pea e composio qumica do material base (ao). Para se

    obter um acabamento perfeito da zincagem necessrio que as peas estejam

    completamente limpas, tornando-se necessrio eliminao de leos, graxas,

    xidos, tintas ou qualquer outro tipo de substncia do metal base.

    Todo esse processo de pr-tratamento gera resduos sob a forma de

    lodo na Estao de tratamento de efluentes e tambm quando da limpeza ou

    troca de cada banho. Os efluentes gerados no pr-tratamento das chapas de

    ao anterior etapa de zincagem ou galvanizao a quente, geram um resduo

    slido denominado lodo, e um efluente que atende aos padres de lanamento

    estipulado pelos rgos de proteo ambiental, alm de cido clordrico em

    uma concentrao menor ou igual a 8% (p/v).

    Na cuba de zincagem propriamente dita, tem-se a formao de dois

    tipos de resduos, a cinza e a borra de zinco. A borra de zinco constituda de

    90 a 95% (p/p) de zinco. As cinzas so constitudas de 70-80% (p/p) de zinco

    metlico. Os resduos da cuba de zincagem, cinza e borra respectivamente,

    so encaminhados s fundies ou negociadas com o prprio fornecedor de

    lingotes de zinco que as re-utilizam no caso da borra para a fabricao de

    novos lingotes e no caso da cinza para a fabricao de xido de zinco. Isso

    gera um abatimento no custo da matria prima (zinco). Os resduos slidos

    gerados no tratamento de efluentes e lama de fundo de tanques so

    encaminhados para leitos de secagem e em seguida enviados para co-

    processamento em fornos de cimento (MANUAL DE ZINCAGEM, 2004).

  • 4

    CAPTULO 2

    OBJETIVO

    Objetivo principal:

    O principal objetivo deste trabalho apresentar uma alternativa para o

    tratamento ou destinao dos resduos slidos gerados por uma industria de

    galvanizao no Brasil e, especificamente delinear com mais propriedade o

    panorama existente desta indstria localizada no Rio de Janeiro.

    Os objetivos secundrios so:

    Propor formas de gerenciamento para os resduos gerados por indstrias de galvanizao, principalmente dos slidos, que englobam o

    ambiente dessas indstrias;

    Sugerir formas de aquisio de um valor agregado ao resduo slido gerado pelo tratamento de efluentes, testando a utilizao desse resduo

    na fabricao de compsitos para a indstria de cermica vermelha,

    atravs de um estudo de caso industrial.

  • 5

    CAPTULO 3

    JUSTIFICATIVA A acelerao do processo de desenvolvimento econmico no mundo,

    decorrente da crescente demanda da sociedade, resulta no incentivo contnuo

    criao de formas mais eficientes de produo, de modo a melhor atender s

    necessidades, sempre renovadas, dos mercados consumidores regionalizados.

    A fim de compatibilizar a necessidade de produzir mais e a exigncia de

    preservar o ambiente, as empresas esto cada vez mais aprimorando seus

    processos produtivos, investindo tambm em sistemas mais eficientes de

    gesto ambiental e conscientizando seus executivos e colaboradores sobre sua

    responsabilidade ambiental. As geraes de hoje tm a obrigao moral e

    social de prevenir a poluio e no remedi-la (DE MARTINI & GUSMO

    2003).

    A soluo ao contrrio do que se pensa, no est apenas na capacidade

    de controle e fiscalizao por parte da Sociedade e suas instncias

    governamentais. A verdadeira transformao s acontecer com o

    desenvolvimento de tecnologias limpas e, principalmente, com mudana das

    prticas e de comportamento dentro das empresas. Nesse sentido,

    fundamental a capacitao do contingente de profissionais que so

    responsveis pela gesto ambiental na empresa. So eles que mais conhecem

    os problemas, as necessidades e os desafios para solucionar os problemas

    ambientais da empresa e, portanto, so as peas chaves para promover e

    consolidar as mudanas.

  • 6

    No incio do sculo XXI, quando a economia se globaliza, o avano do

    conhecimento cientfico elucida algumas incertezas e descobrem muitas outras

    e ocorrem mudanas de paradigmas sociais e tecnolgicos. bom termos em

    mente que uma empresa mal administrada, no enfoque da varivel ambiental,

    talvez no seja um bom negcio, por que uma boa administrao, na situao

    atual, precisa envolver a gesto ambiental.

    As industriais na atual busca da competitividade e sobrevivncia,

    reconhecem a necessidade de reestruturar o gerenciamento dos seus negcios

    por constatar que as suas prticas gerenciais esto sendo progressivamente,

    questionadas pelo pblico, pois este no percebe a indstria com o controle

    dos riscos de suas instalaes, com um tratamento prioritrio s questes de

    segurana industrial e proteo ambiental ou responsabilizando-se por seus

    processos e produtos (DE MARTINI & GUSMO, 2003).

    Cabe ressaltar que a alterao do modelo gerencial ou a implantao de

    um modelo gerencial, dificilmente realizada sem traumatismos, pois o

    choque do novo pode desencadear nas instituies resistncia mudana.

    Porm inegvel que a varivel ambiental obtm um destaque crescente no

    gerenciamento dos negcios.

    Entre os fatores que influenciam o reconhecimento da gesto ambiental

    como parte integrante dos processos decisrios, incluem-se:

    3 Ampliao da legislao ambiental (existem mais de 30.000 diplomas legais na legislao ambiental brasileira);

    3 Constatao da responsabilidade ambiental nos produtos e processos; 3 Opinio e presso pblica; 3 Acidentes com efeitos ambientais; 3 Aumento da concorrncia e novos padres de competio; 3 Presso de associaes de classe; 3 Reverso de imagem negativa e maior aceitabilidade do consumidor;

  • 7

    3 Nova oportunidade de negcio; 3 Reduo de custos;

    Segundo DE MARTINI & GUSMO (2003), estes fatores que variam nas

    suas caractersticas, mas possuem um propsito comum, so

    interdependentes, recebem influncias distintas em funo do pas e poca, e

    provocam a internalizao dos custos externos ambientais, ou seja, os

    aspectos ambientais, causados por uma atividade industrial, ao invs de serem

    externalizados e afetarem o bem estar de outros agentes da economia

    (populao, consumidores ou produtores), so agregados aos custos privados.

    Neste panorama enquadra-se o conceito de Desenvolvimento Sustentvel,

    definido como aquele que atende s necessidades do presente sem

    comprometer a possibilidade das futuras geraes atenderem s suas prprias

    necessidades, no envolvendo limites absolutos, mas limitaes impostas pelo

    estgio atual da tecnologia e da organizao social sobre os recursos

    ambientais e, pela capacidade da biosfera absorver os efeitos das atividades

    humanas.

  • 8

    CAPTULO 4

    GESTO AMBIENTAL

    4.1. A QUESTO AMBIENTAL NO BRASIL

    Embora o Brasil ainda esteja longe de atingir padres de consumo per

    capta sequer prximo aos Estados Unidos que com 5% da populao mundial

    consomem 30% dos recursos naturais e que possuem um automvel para cada

    habitante, enquanto na frica a relao de 9 para cada 1000 habitantes, na

    ndia de 2 para cada mil e na China de 0,4 tambm para grupos de mil

    habitantes problemas ecolgicos graves j se manifestam por aqui em nveis

    assustadores.

    O pas praticamente dizimou ao longo de sua histria a Mata Atlntica,

    devido irresponsabilidade de suas elites e ameaa repetir este trgico

    equvoco na regio amaznica. O Brasil tem a mais importante base de

    recursos hdricos do planeta, com aproximadamente 100 cursos d'gua e os

    trata com menosprezo, apesar de estudos rigorosos indicarem que a gua

    dever se tornar o bem mais escasso e precioso do planeta no sculo XXI.

    Talvez antecipando um quadro que venha a se desenhar com cores

    mais sombrias no futuro, atualmente, a oferta hdrica mundial j no atende a

    toda demanda de usos mltiplos e 25% da populao dos pases em

    desenvolvimento no tem acesso gua potvel e a rede de esgoto.

    Segundo ASSIS (2000), cerca de 60% das internaes anuais de

    pediatria esto de alguma forma ligadas a inadequabilidade da gua e carncia

  • 9

    de saneamento bsico. Esta certamente uma das principais causas pelas

    quais 30% das mortes de crianas com menos de um ano sejam causadas por

    diarria.

    Quanto ao esgoto de acordo com os dados do IBGE, 80% do que

    coletado acaba sendo lanado no meio ambiente, sem passar por uma Estao

    de Tratamento de Esgoto (ETE) ou por uma fossa 62,2% das residncias

    urbanas e rurais no tm servios de esgoto sanitrio.

    E o que dizer dos nossos centros urbanos? Esto se tornando

    irrespirveis, devido aos altos nveis de poluio provocados pela

    industrializao desordenada e a prioridade concedida ao transporte individual.

    A lista da devastao ambiental , lamentavelmente, quase infindvel e

    comprova que o Brasil est utilizando de maneira predatria um enorme habitat

    caracterizado por uma fabulosa diversidade ecolgica. Uma ddiva que, usada

    com equilbrio e sabedoria, pode ajudar a viabilizar uma profunda

    reestruturao do nosso modelo de desenvolvimento, permitindo a combinao

    de pleno emprego, melhoria da qualidade de vida para todos, justia social e

    utilizao sustentvel do meio ambiente.

    4.2. MEIO AMBIENTE

    O homem vem provocando amplas modificaes em seu ambiente

    natural, provavelmente desde que comeou a utilizar o fogo. A queima das

    matas para o plantio, a devastao de florestas para obteno de combustvel,

    deram origem aos primeiros desertos e problemas de eroso. A agricultura

    intensiva, em certas regies, levou ao esgotamento dos nutrientes minerais da

    terra e a sua conseqente esterilizao. O meio ambiente passou a ser

    modificado objetivamente e moldado condio e necessidades humanas.

    Desenvolveram-se mtodos e substncias para controle das pragas da lavoura,

  • 10

    substncias estas que passaram a pertencer ao ambiente tal como o ar que

    respiramos e a gua que bebemos. Desenvolveram-se mtodos e substncias

    que garantem a preservao de cereais e outros alimentos por tempo ilimitado.

    Desenvolveram-se tcnicas de sobrevivncia em condies e em ambientes os

    mais variados e inspitos. E tais tcnicas e recursos foram, paulatinamente,

    sendo incorporados ao nosso patrimnio ambiental e tornando-se

    indispensveis medida que populaes demasiado grandes foram se

    desenvolvendo em reas de produtividade natural insuficiente para sustenta-las

    (BRANCO, 1987).

    A histria nos mostra que em busca do desenvolvimento, o homem vem

    continuamente destruindo e poluindo o meio ambiente em que vive. De acordo

    com BRANCO (1987) esse estado de coisas obriga o homem a tentar solues

    atravs do desenvolvimento de uma nova tecnologia de proteo ao meio

    ambiente.

    Segundo a definio da Poltica Nacional do Meio Ambiente (PNMA), lei

    de 31/08/1981, meio ambiente o conjunto de condies, leis, influncias e

    interaes de ordem qumica, fsica e biolgica que permite, abriga e rege a

    vida em todas as suas formas. o conjunto de todos os fatores fsicos,

    qumicos, biolgicos e scio-econmicos que atuam sobre um indivduo, uma

    populao ou uma comunidade. Em suma meio ambiente o conjunto de

    elementos que cerca um determinado ser vivo.

    H muito tempo, o homem utiliza os recursos naturais sem pensar nas

    conseqncias desse uso. Mesmo sabendo que alguns desses recursos no

    so perenes, acredita que possam surgir alternativas ou que podem ser

    desenvolvidas tecnologias capazes de substitu-los. Entretanto, o meio

    ambiente um sistema dinmico e complexo, formado por mltiplos

    componentes em interao, por isso a civilizao ainda depende do meio

    ambiente natural, no apenas de matria e energia, mas tambm dos

    processos vitais manuteno da vida como os ciclos da gua e do carbono.

  • 11

    Com os significativos progressos alcanados no campo industrial pela

    sociedade, a partir dos anos 50, surgiu, associado ao desenvolvimento fabril, o

    problema da poluio. Pouco a pouco, o mundo foi percebendo que devia, de

    alguma maneira modificar as atividades produtivas, principalmente, em relao

    poluio provocada por elas. At ento, no havia preocupao em relao

    ao controle da poluio proveniente de atividades industriais. A partir dos anos

    70, a sociedade e o poder pblico, comearam a compreender que as unidades

    produtivas deveriam ser limpas. Tornava-se evidente a necessidade de um

    novo caminho para o desenvolvimento econmico e uma maior

    conscientizao para a reduo da degradao ambiental (GUSMO, apud

    ARAJO, 2003).

    Um movimento mundial de grande repercusso em que a comunidade

    internacional discutiu o meio ambiente global e as suas necessidades de

    desenvolvimento foi a Conferncia das Naes Unidas sobre meio Ambiente e

    Desenvolvimento (CNUMAD) em Estocolmo 1972. A Conferncia de

    Estocolmo foi marcada pela polmica entre os defensores do desenvolvimento

    zero - congelamento do crescimento econmico como nica soluo para

    evitar o aumento dos impactos ambientais, corrente defendida pelos pases

    industrializados, e os defensores do desenvolvimento a qualquer custo

    representada pelos pases em desenvolvimento (ARAJO, 2003).

    A crise econmica mundial dos anos 70, detonada pela crise do petrleo

    serviu para alertar o mundo para o fato de que os recursos naturais so

    esgotveis. Todavia, trouxe tambm questes econmicas mais urgentes para

    os governantes do mundo inteiro se preocuparem. S no incio dos anos 80,

    que veio tona novamente a discusso desenvolvimento versus ambiente.

    Em 1982, como resultado de uma avaliao dos dez anos ps-

    Estocolmo, surgiu a Comisso Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento

    (CMMAD), implementada em 1993. Quatro anos mais tarde, os resultados

    dessa Comisso apareceram com o Relatrio Nosso Futuro Comum -

  • 12

    tambm conhecido como Relatrio Brundtland, em referncia presidente da

    comisso, a ento primeira-ministra da Noruega, Gro Halem Brundtland. Esse

    relatrio defendia o crescimento para todos e buscava um equilbrio entre as

    posies antagnicas surgidas na Conferncia de Estocolmo.

    Tentando conciliar o desenvolvimento e a preservao do meio

    ambiente, surgiu, pela primeira vez, a concepo de desenvolvimento

    sustentvel, caracterizado como o desenvolvimento que atende s

    necessidades das geraes atuais, sem comprometer a capacidade das futuras

    geraes de terem suas prprias necessidades atendidas.

    Aps a publicao desse relatrio, foi realizada a CNUMAD no Rio de

    Janeiro, em 1992. Na Conferncia do Rio, ao contrrio da de Estocolmo, a

    cooperao prevaleceu sobre o conflito. A Conferncia aprovou alguns

    documentos de natureza poltica como a Declarao do Rio e a Agenda 21,

    que endossam o conceito de desenvolvimento sustentvel e definem as

    diretrizes para alcana-lo de forma a preservar os recursos naturais e a

    biodiversidade e desenvolver economicamente, de modo igualitrio, os

    diferentes segmentos sociais.

    Como as mudanas propostas eram difceis de serem concretizadas, em

    1997, uma Sesso Especial da Assemblia Geral das Naes Unidas

    conhecida como Rio+5 foi realizada para revisar a implementao da Agenda

    21. Nessa reunio, algumas lacunas foram identificadas, particularmente, com

    relao s dificuldades para alcanar equidade social e reduzir a pobreza.

    Tratava-se, ento de um problema comum a muitos pases em

    desenvolvimento, provocado pela reduo dos nveis de ajuda financeira

    internacional, pelo aumento das dvidas externas e pelo fracasso no

    aperfeioamento de medidas previstas (ARAJO, 2003).

    Sendo assim em 2002, foi realizada a Cpula Mundial sobre

    desenvolvimento sustentvel em Joanesburgo na frica do Sul, conhecida

  • 13

    como Rio+10, tendo como objetivo a identificao dos avanos e problemas,

    no perodo dos 10 anos que se seguiram Conferncia do Rio (Rio-92).

    importante ressaltar que o perodo maior da Conferncia de Joanesburgo, no

    era o de adotar compromissos, acordos ou convenes internacionais, mas sim

    o de fazer uma profunda avaliao dos avanos e dos obstculos defrontados,

    a partir dos compromissos assumidos em 1992. Visava-se, ento identificar as

    razes pelas quais se avanou to pouco na implementao desses

    compromissos e identificar medidas que pudessem ser tomadas com o objetivo

    de viabilizar a sua realizao.

    Os resultados da Conferncia seriam dois documentos, a serem

    acordados por todos os pases pertencentes s Naes Unidas: a Declarao

    Poltica e o Plano de Implementao.

    Como resultado das conferncias mundiais nos ltimos 30 anos,

    podemos constatar que a pobreza, o desenvolvimento econmico e a

    degradao do meio ambiente esto indiscutivelmente interligados. Entretanto,

    para concretizao dos princpios talvez utpicos, do desenvolvimento

    sustentvel, necessria uma forte determinao de todos os setores,

    governo, populao e empresa. O seu maior desafio certamente o de criar e

    manter a disposio poltica, por parte dos governantes, incentivar a

    solidariedade tanto social como de empresas, uma vez que, no apenas a

    questo ambiental, mas a econmica encontram-se globalizadas.

    O fato que a transio para o desenvolvimento sustentvel no ser

    um processo esttico, mas um processo continuado de mudanas e de

    adaptaes, j que se trata de atender s necessidades de toda a humanidade,

    no presente e no futuro. Uma importante ferramenta, utilizada pelas empresas

    e pelo Poder Pblico na busca por esse modelo de desenvolvimento, tem sido

    a Gesto Ambiental que engloba as diretrizes lanadas pelo Poder Pblico e

    faz com que as empresas tentem se adequar no somente a essas, como

    tambm s presses econmicas, do mercado e da sociedade como um todo.

  • 14

    Atravs de seus instrumentos, sejam estes de carter pblico ou

    privado, buscam-se uma integrao do desenvolvimento com o uso sustentvel

    dos recursos, dos agentes pblicos e privados na gestao do meio ambiente,

    da dinmica da problemtica ambiental local, incorporando conceitos de

    planejamento e gesto cooperativos (ARAJO, 2003).

    4.3. MEIO AMBIENTE TICA E CIDADANIA

    A questo ambiental cada vez mais recorrente no processo decisrio

    das organizaes pblicas e privadas, por sua ampla interao com atividades

    de produo de bens e servios, com reflexos na qualidade de vida das

    pessoas, afetando significativamente a imagem das empresas. Entretanto,

    estamos diante de novos problemas e valores que no se enquadram nos

    tradicionais critrios de eficincia empresarial. As variveis quantitativas,

    habitualmente utilizadas para espelhar a performance de produtos e servios,

    no so adequadas na anlise dos problemas ambientais, que so

    infinitamente mais complexos. Tentar equacion-los sob um veis quantitativo

    significa desprezar a abordagem qualitativa exigida pela sua natureza.

    Na esfera das questes ambientais necessrio considerar o critrio da

    ecoeficincia e suas externalidades que, associadas s atividades produtivas,

    encobrem custos que vo muito alm do que contabilizado pelos seus

    impactos imediatos, como o caso da poluio das guas e do ar, da

    degradao dos ecossistemas e da agresso biodiversidade, cujos danos s

    sero sentidos no mdio e longo prazo. O efeito estufa, por exemplo, resultado

    do lanamento de dixido de carbono (CO2) na atmosfera, tem efeitos danosos

    para o meio ambiente, principalmente devido velocidade crescente com que

    vm sendo produzidos para atender s necessidades do modelo consumista da

    vida atual. A concentrao de CO2 vem crescendo taxa de 0,45% ao ano.

    Estima-se que as atividades humanas lancem 5,5 bilhes de toneladas de

    carbono na atmosfera, anualmente. Em conseqncia, nos prximos 100 anos

  • 15

    a temperatura mdia do planeta poder se levar entre 4C e 5C, com efeitos

    danosos a sobrevivncia das espcies.

    Os cidados, enquanto consumidores, esto cada vez mais atentos aos

    fatores ambientais relacionados produo de um bem ou servios.

    crescente a mobilizao social, como no caso dos alimentos geneticamente

    modificados (transgnicos), dos acidentes ecolgicos e da qualidade dos

    servios pblicos.

    S com uma nova abordagem que assuma a sustentabilidade ecolgica

    como um referencial tico para toda a sociedade ser possvel congregar

    esforos para a melhoria da qualidade de vida para todos, sem excluso social.

    preciso, pois, repensar a prpria concepo dos produtos e do consumo para

    um desenvolvimento no predatrio de energia e recursos naturais que

    satisfaa, simultaneamente, aos critrios de viabilidade econmica, utilidade

    social e harmonia com o meio ambiente.

    Nesse sentido, a responsabilidade social das organizaes passa pelo

    fortalecimento da cidadania como fator mobilizador de coraes e mentes no

    rumo de uma sociedade mais justa (ASSIS, 2002).

    4.4. POLTICA AMBIENTAL

    A poltica ambiental das indstrias no Brasil ainda se restringe ao

    atendimento da legislao, sendo que a lei que definiu a Poltica Nacional de

    Meio Ambiente (PNMA) surgiu em 1981, apesar de, anteriormente, algumas

    legislaes setoriais tratarem da questo ambiental.

    No Brasil, at 1981, a legislao ambiental se fundamentava na

    responsabilidade baseada na culpa, ou seja, a reparao do dano e a

    indenizao s eram obrigatrias caso fosse provada a culpa. No entanto,

  • 16

    sendo essa questo subjetiva, as aes corretivas quando ocorriam, tardavam

    a serem concretizadas. Por isso, no caso de um dano ambiental, at mesmo

    quem causasse poluio, dentro dos padres estabelecidos, no era

    considerado culpado e, portanto, considerado excludente da responsabilidade

    por reparar o dano. Com a implementao da lei 6.983, a PNMA tem como

    objetivos:

    3 Desenvolvimento econmico-social com a preservao da qualidade do meio ambiente e do equilbrio ecolgico;

    3 Estabelecimento dos critrios e padres da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos naturais;

    3 Preveno e restaurao dos recursos ambientais; 3 Planejamento, fiscalizao do uso de recursos ambientais; 3 Racionalizao do uso dos recursos naturais.

    O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), que foi

    implementado a partir da Poltica Nacional de Meio Ambiente (PNMA),

    apresenta, na sua estrutura organizacional, os seguintes rgos:

    CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), rgo consultivo e deliberativo, que tem como atribuies propor diretrizes de polticas

    governamentais para o meio ambiente e deliberar, no mbito de sua

    competncia sobre normas e padres compatveis com o meio-ambiente

    ecologicamente equilibrado e essencial sadia qualidade de vida.

    IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), rgo executor, que apresenta como finalidade executar e fazer, como rgo federal, a poltica e

    diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

    rgos Estaduais e Municipais, rgos controladores e fiscalizadores que podem elaborar normas supletivas e complementares alm de padres

  • 17

    relacionados com o meio ambiente, observando os que forem estabelecidos

    pelo CONAMA.

    rgos Regulamentadores

    O Ministrio de Meio Ambiente, como rgo superior tem a atribuio

    geral do controle, gerenciamento e fiscalizao das questes ambientais.

    A este ministrio esto ligados:

    O CONAMA e o IBAMA, que atuam a nvel nacional alm de suas

    ramificaes a nvel estadual e municipal como mostra a Figura 1.

    CONAMA

    CONSELHO DE GOVERNO

    MMA

    IBAMA

    RGOS ESTADUAIS

    RGOS MUNICIPAIS

    Figura 1. Diagrama de blocos dos rgos reguladores da Poltica Ambiental no pas.Fonte: (www.mma.gov.br)

  • 18

    Dentre os instrumentos do PNMA, pode-se destacar o estabelecimento

    de padres de qualidade ambiental, o estudo de impacto ambiental e o relatrio

    de impacto ambiental, necessrios s atividades potencialmente poluentes e ao

    seu licenciamento (ARAJO, 2003).

    Uma mudana bastante significativa nos termos da lei 6.938 se deu no

    alcance da responsabilidade que passou a ser objetiva, onde a ausncia de

    culpa no excludente de responsabilidade, ou seja, independe de um

    elemento subjetivo, a culpa.

    A responsabilidade objetiva estabelece que todo aquele que deu causa

    responde pelo dano, bastando se provar o nexo causal, entre a atividade

    produtiva e o dano ambiental. objetiva no sentido de que independe de um

    elemento subjetivo, a culpa. A obrigao de reparar o dano ambiental

    independente de um ato ilegal.

    A Lei 6.938/81, artigo 14, pargrafo 1; ... independentemente da

    existncia de culpa..., no mais preciso provar a CULPA, que se tornou

    irrelevante. O promotor no precisa mais provar a culpa, s estabelece o nexo

    causal. Essa foi a grande modificao verificada. Nexo Causal como ligar o

    nome pessoa, quem causou o dano obrigado a repar-lo, sem necessidade

    de apurar a culpa.

    De acordo com DE MARTINI & GUSMO (2003), a ausncia de CULPA

    no mais excludente de responsabilidade. Na mudana da lei, o

    empreendedor percebeu que poderia ser punido por algo que no era antes e,

    muito pior, uma punio sem limites, que significava um ressarcimento

    proporcional ao dano causado, e ilimitado. a Responsabilidade Ilimitada.

    Este o tipo de responsabilidade pela qual o poluidor ir responder.

    Mesmo cumprindo os padres estabelecidos, ficar responsvel por um dano

    causado, que antes era admitido como tolervel.

  • 19

    Concluso; hoje na esfera civil no h mais dano ambiental tolervel.

    No existe mais dano residual, o dano permissvel, que a lei admitia. No h

    em tese, resduo poluente tolerado, tudo pode gerar um ressarcimento

    especfico. Mesmo a empresa licenciada, numa rea industrial, obedecendo

    aos padres de lanamento, se produzir danos ao meio ambiente ser

    responsabilizada. At mesmo um fenmeno natural, se for a causa, no

    excluir a responsabilidade por um acidente ambiental.

    A empresa responsvel pelos atos de seus empregados, contratados,

    terceirizados e prestadores de servios e pelas intempries. A fora maior e o

    caso fortuito, que so considerados fatos alheios vontade e que apresentam

    como principal caracterstica imprevisibilidade, no podem ser alegados

    como excludentes de responsabilidades. Na rea ambiental no vigoram esses

    princpios. A empresa pode at alegar que no desejava causar aquele dano, e

    que fez tudo para evit-lo. A jurisprudncia no sentido de que em nove entre

    cada dez casos, os juzes, mesmo os mais conservadores, condenem as

    empresas.

    Hoje as atividades industriais so consideradas vitais pela sociedade,

    mas cada vez mais exige delas que no exteriorizem os custos, principalmente

    aqueles provenientes de danos ambientais. O Brasil adotou a responsabilidade

    objetiva para todo e qualquer dano ambiental causado por atividades

    produtivas (DE MARTINI & GUSMO, 2003).

    Partindo do princpio de que toda atividade lucrativa traz um risco

    inerente ao processo desenvolvido, aquele que assumir o lucro deve assumir o

    risco.

    Segundo DE MARTINI & GUSMO (2003), a responsabilidade objetiva

    estabelece que todo aquele que deu causa responde pelo dano, desde que

    provado o nexo causal entre a atividade e o dano ambiental. Alm disso, para

    no haver dificuldade em individualizar os danos, implementou-se a co-

  • 20

    responsabilidade, responsabilidade solidria ou partilhada entre os causadores

    diretos e indiretos, prevalecendo o princpio do bolso fundo, ou seja, quem tem

    mais recursos, deve arcar com medida a assegurar a reparao do dano

    imediatamente.

    A Resoluo CONAMA N 001/86 constitui um marco na poltica

    ambiental brasileira, pela instituio da obrigatoriedade de Estudos de Impacto

    Ambiental -EIA e seu respectivo Relatrio o RIMA (BATISTA 2003).

    Um importante recurso nacional a Constituio Federal de 1988, no

    seu ttulo VIII, que trata da Ordem Social, dedica o Captulo VI ao meio

    ambiente, onde no artigo 225 e seus incisos, estende a todos o direito ao meio

    ambiente ecologicamente equilibrado, impondo ao Poder Pblico e

    coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as futuras geraes.

    Nesse momento o Brasil passa a ser o primeiro pas a adotar o Princpio do

    Desenvolvimento Sustentvel na sua constituio, dando carter legal sua

    aplicabilidade. O pargrafo 3, do artigo 225, estabelece que: as condutas e

    atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro aos infratores,

    pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas,

    independentemente da obrigao de reparar os danos causados. Esta norma

    constitucional iniciou as responsabilizaes nas esferas administrativas, civil e

    criminal das pessoas fsicas e jurdicas, pois determinadas condutas podem

    configurar um crime ou contraveno penal, evoluindo ainda no sentido de

    atribuir a mesma importncia tanto ao Ressarcimento quanto Reparao.

    A lei de crimes ambientais, lei 9.605/98, dispe sobre as sanes

    penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio

    ambiente, o responsvel pode ser jurdico ou pessoa fsica. Segundo DE

    MARTINI & GUSMO (2003), uma organizao deve definir sua Poltica e

    assegurar o comprometimento com o seu Sistema de Gesto Ambiental. Na

    etapa de planejamento defini-se qual a situao de desempenho ambiental em

    que se encontra a organizao e quais as aes necessrias para a melhoria

  • 21

    deste desempenho. Para uma efetiva implementao e operao a

    organizao deve desenvolver a capacitao e os mecanismos de apoio

    necessrios para atender sua poltica, seus objetivos e suas metas ambientais.

    Na etapa de verificao e ao corretiva; realizados a medio dos

    processos realizados na etapa de Implementao e Operao e os desvios,

    porventura encontrados ou antevistos, so corrigidos por aes corretivas e

    preventivas, respectivamente. Na etapa de anlise crtica, realizada a anlise

    crtica das informaes obtidas na etapa anterior (Verificao e Ao Corretiva)

    para avaliar se a etapa de Implementao e Operao foi realizada conforme

    estabelecido na etapa de Planejamento para implementar e manter a Poltica

    Ambiental.

    Os anos 90 no Brasil podem ser vistos como um perodo de

    institucionalizao da questo ambiental (www.ambientebrasil.com.br).

    4.5. GESTO AMBIENTAL

    4.5.1. Consideraes

    Toda atividade humana, principalmente de carter empresarial, tem

    efeitos ambientais. H algumas dcadas, a gerao de poluentes pelas

    empresas era entendida como uma conseqncia inevitvel nos processos

    industriais, o que provocou um grau de deteriorao ambiental acentuado em

    muitas regies do mundo.

    A Conferncia de Estocolmo em 1972 resultou na criao de rgos de

    proteo ambiental em diversos pases. Durante muito tempo estes rgos se

    ocupavam apenas de fiscalizar o atendimento dos padres ambientais

    estabelecidos. Por sua vez as empresas potencialmente poluidoras estavam

    preocupadas unicamente em atender legislao ambiental. A medida que os

  • 22

    problemas ambientais ficaram mais evidentes e a idia de qualidade total no

    setor produtivo ganhou conscincia, se percebeu que o controle de impactos

    ambientais s seria efetivo atravs de um Sistema de Gesto Ambiental. Ao

    mesmo tempo o foco do controle ambiental passou a se dar atravs de

    Programas de Preveno de Poluio e da adoo de Tecnologias Limpas.

    (www.cimm.com.br).

    As organizaes preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho

    ambiental correto buscam tcnicas de gesto ambiental para possibilitar o

    controle dos impactos ambientais de suas atividades, produtos e servios.

    Porm, tais tcnicas (auditorias ambientais, produo mais limpa etc.),

    conforme demonstradas no capitulo anterior, no so suficientes para garantir

    que o desempenho ambiental atenda ou mantenha os requisitos legais e

    internos da organizao. Para assegurar a eficcia destas ferramentas de

    gesto, elas devem estar participando de um sistema de organizao. A

    Norma NBR ISO 14001:1996 (Sistema de Gesto Ambiental- Especificao e

    diretrizes para uso) especifica um bem sucedido modelo de Sistema de

    Gesto Ambiental (SGA), com possibilidade de demonstrar a conformidade a

    terceiros, inclusive com a busca de certificado/registro do SGA por uma

    organizao externa. A Norma vlida para qualquer SGA, sendo que o grau

    de aplicao, a natureza de suas atividades e as condies em que ela opera.

    fundamental ressaltar que possuir um SGA conforme a ISO 14001 no

    significa que a empresa perfeita em meio ambiente. Significa que ele

    gerenciado.

    4.5.2. Modelos de Gesto

    O sistema de gerncia ambiental fornece um detalhe mais adicional no

    programa ambiental. O SGA estabelece procedimentos, instrues de trabalho

    e controles para assegurar-se de que a execuo da poltica e da realizao

    dos alvos possa se transformar uma realidade.

  • 23

    Em junho 1993, a Organizao de Padres Internacional (ISO) reviu as

    recomendaes do Grupo Estratgico Consultivo sobre o meio ambiente

    (SAGE) e decidiu-se dar forma a um comit tcnico internacional novo ISO/TC

    207. A sociedade como um todo acaba por sofrer as conseqncias de um

    problema nascido de sua relao com o meio ambiente. Os grandes problemas

    que emergem da relao da sociedade com o meio ambiente so densos,

    complexos e altamente inter-relacionados e, portanto, para serem entendidos e

    compreendidos nas proximidades de sua totalidade, precisam ser observados

    numa tica mais ampla.

    A implantao de um sistema de gesto ambiental poder trazer

    solues para uma empresa que pretenda melhorar a sua posio em relao

    ao meio ambiente. O comprometimento hoje exigido junto s empresas com a

    preservao ambiental obriga mudanas profundas na sua filosofia, com

    implicaes diretas nos valores empresariais, estratgias, objetivos, produtos e

    programas. A Figura 2, mostra a evoluo da conscincia ambiental at

    chegar ao grau de certificaes.

    21 /nov /2001 3

    E v o lu o H is t r ic a1 9 9 6

    1 9 9 5

    1 9 9 4

    1 9 8 5

    1 9 8 0

    1 9 7 5

    1 9 7 0

    1 9 6 4

    A b o rd ag em d o F im -d e -T u b o

    A b o rd a g em d o P ro c e ss o In te g rad o

    C o o rd en ad o re s Am b ie n ta is

    G e st o Am b ie n ta l: S G A e A u d ito ria

    R eg . U E - E M A S

    S G A - N o rm a s (B S 7 7 5 0)

    S G A - 1 4 0 01

    C o n s cin c ia Am b ie n ta l

    Figura 2. Evoluo Histrica da conscincia ambiental. Fonte: Centro Senai de Produo Mais Limpa CSP/SP-2001.

  • 24

    A Inglaterra, bero dos sistemas de qualidade, tambm foi precursora

    dos Sistemas de Gesto Ambiental normalizados, dando origem Norma BS

    7750 cuja verso preliminar foi publicada em 1992. Com o crescente interesse

    pelas questes ambientais em outras regies, foi implantado pela Organizao

    Internacional para Padronizao (ISO), em 4 de Maro de 1993, o Comit

    Tcnico 207 (TC-207), com a incumbncia de elaborar uma srie de normas

    direcionadas para o meio ambiente, dando origem srie ISO 14.000.

    O objetivo da norma BS-7750 era servir de ferramenta para verificar e

    assegurar que os efeitos das atividades, produtos e servios de uma

    determinada empresa estivessem de acordo com o conceito de proteo do

    meio ambiente, devendo-se destacar que essa preocupao com o meio

    ambiente por parte da empresa resultou das restries impostas pela

    legislao e pelo desenvolvimento de medidas econmicas e outras medidas,

    visando incentivar as aes relacionadas proteo ambiental. Para que este

    objetivo pudesse ser atingido, a Norma BS-7750 especificou os elementos

    bsicos de um sistema de Gesto Ambiental, destinado aplicao em

    pequenas empresas de qualquer ramo de atividade e de qualquer tamanho

    (BRAGA et al, 2005).

    A Norma BS 7750 foi emitida pelo Instituto Britnico de Normalizao -

    BSI, tendo sua primeira verso publicada em 1992.

    A Norma BS 7750 especifica os requisitos para o desenvolvimento,

    implantao e manuteno de sistemas de gesto ambiental que visem garantir

    o cumprimento de polticas e objetivos ambientais definidos e declarados. A

    norma no estabelece critrios de desempenho ambiental especficos, mas

    exige que as organizaes formulem polticas e estabeleam objetivos, levando

    em considerao a disponibilizao das informaes sobre efeitos ambientais

    significativos.

    A BS 7750 aplica-se a qualquer organizao que deseje:

  • 25

    3garantir o cumprimento a uma poltica ambiental estabelecida; e 3 demonstrar este cumprimento a terceiros.

    A elaborao da norma britnica BS 7750 foi confiada pelo Comit

    Normativo de Gerenciamento Ambiental a um Comit Tcnico Especial

    (ESS/1), no qual inmeras organizaes empresariais, tcnicas, acadmicas e

    governamentais estavam representadas.

    A BS 7750 foi formulada de forma a permitir que qualquer organizao,

    independente do seu porte, atividade ou localizao, estabelea um sistema de

    gerenciamento efetivo, como alicerce para um desempenho ambiental seguro e

    para os procedimentos de auditoria ambiental.

    A BS 7750 declara que os aspectos da gesto de sade ocupacional e

    segurana no foram abordados. Entretanto, no visa impedir que uma

    organizao os inclua ou integre em seu Sistema de Gesto Ambiental

    (www.gestoambiental.com.br).

    Com o desenvolvimento das normas ISO 14.000, a implantao dos

    Sistemas de Gesto Ambiental baseados na BS-7750 ficou restrita a poucas

    empresas, as quais devem ter convertido o seu sistema para o sistema

    baseado na Norma ISO 14.001, resultando na superao da BS-7750 (BRAGA

    et al, 2005).

    ISO 14000

    Ao contrrio da Norma BS-7750, as normas da srie ISO 14.000, podem

    ser consideradas como normas internacionais, pois foram desenvolvidas por

    uma organizao composta por representantes de 120 pases membros, dentre

    os quais o Brasil representado pela Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas (ABNT). Alem de abordar os Sistemas de Gesto Ambiental, as

  • 26

    normas da Srie ISO 14.000 tambm tratam das diretrizes para a auditoria

    ambiental, rtulos e declaraes ambientais, avaliao de desempenho

    ambiental e anlise do ciclo de vida (BRAGA et al, 2005).

    A ISO (International Organization for Standardization) uma

    organizao internacional fundada em 1946 para desenvolver padres de

    manufatura, do comrcio e da comunicao, tais como linhas padro do

    parafuso, tamanhos do recipiente de transporte, formatos de vdeo, etc. Estes

    padres so para facilitar o comrcio internacional aumentando a confiabilidade

    e a eficcia dos bens e servios. Todos os padres desenvolvidos por ISO so

    voluntrios; entretanto, os pases freqentemente adotam padres de ISO e

    fazem-nos imperativos.

    Aps a aceitao rpida da ISO 9000, e o aumento de padres

    ambientais em torno do mundo, a ISO constituiu o Grupo Estratgico

    Consultivo sobre o meio ambiente (SAGE) em 1991, para considerar se tais

    padres atendiam o seguinte:

    3 Promover uma aproximao comum gerncia ambiental similar gerncia da qualidade;

    3 Realar a habilidade das organizaes de alcanar e medir melhorias no desempenho ambiental;

    3 Facilite o comrcio e remova as barreiras de comrcio; 3 Em 1992, as recomendaes do SAGE criaram um comit novo, o TC 207, para padres ambientais internacionais da gerncia. O comit, e seus sub-

    comits incluem representantes da indstria, das organizaes de padres, do

    governo e das organizaes ambientais de muitos pases.

    Os padres aplicam-se a todos os tipos e tamanhos de organizaes e

    so projetados a abranger circunstncias geogrficas, culturais e sociais

    diversas.

  • 27

    A ISO 14000 sries dos padres consistem em dois tipos de padres:

    Padres da Organizao e Padres de Produtos.

    Padres da Organizao que podem ser usados para executar e avaliar o sistema de gerncia ambiental (SGA) dentro de uma organizao,

    incluindo a ISO 14010 sries de padres de auditorias ambientais e a ISO

    14030 srie dos padres para a avaliao de desempenho ambiental.

    3 Sistemas de Gerncia Ambientais - Os padres do EMS incluem uma especificao e uma guia. O original da especificao consultado como a ISO

    14001 (sistemas de gerncia ambientais especificaes como orientao

    para o uso). A ISO 14001 o padro que uma organizao registra seu EMS

    usando third-party independente de avaliar o sistema e confirmar que o EMS

    da organizao se conforma s especificaes do ISO 14001. A ISO 14001 o

    nico padro na srie inteira a que uma organizao pode ser registrada. O

    original do guia consultado como ISO 14004 (sistema de gerncia ambiental

    guias gerais em princpios, sistemas e tcnicas). A inteno da ISO 14004

    ajudar a organizao a desenvolver e executar um EMS que se encontre com

    as especificaes da ISO 14001. So pretendidos para o uso como uma

    ferramenta de gerncia e no uma certificao ou um registro voluntrio,

    interno.

    3 Auditoria Ambiental - Estes originais fornecem uma estrutura ambiental consistente de auditoria e permitem tambm o registro third-party sob ISO

    14001. Os guias para auditoria ambiental incluem originais:

    3 esboando os princpios gerais (ISO 14010), 3 estabelecendo os procedimentos da auditoria (ISO 14011), 3 descrevendo os critrios da qualificao do auditor (ISO 14012).

    Os artigos novos do trabalho foram propostos para as avaliaes

    ambientais do local (ISO 14015), revises e a gerncia inicial do programa de

    auditoria.

  • 28

    3 Avaliao de Desempenho Ambiental - A ISO 14031 fornecer a organizao uma orientao de como desenvolver e executar um sistema

    ambiental da avaliao de desempenho (EPE). Este padro define EPE como

    "uma ferramenta de gerncia que ajude a uma organizao focalizar sua

    melhora no desempenho ambiental". O padro fornecer tambm a orientao

    no desenvolvimento e na seleo de indicadores do desempenho.

    Padres de Produtos que podem ser usados para avaliar os

    impactos ambientais dos produtos e dos processos. Fazem parte deste grupo a

    ISO 14020 srie de padres de rotulagem ambiental, a ISO 14040, srie de

    padres da anlise do ciclo de vida e a ISO 14060 srie de padres do produto.

    3 Rotulagem Ambiental - Os padres so desenvolvidos para trs tipos de programas:

    3 os programas do tipo I so consultados como os programas do "practitioner" que so produto ou categoria do produto baseado, similar ao programa bem

    escolhido ambiental ou ao programa azul do angel de Germany;

    3 os programas do tipo II so baseados nos termos e nas definies comuns que podem ser usados para reivindicaes self-declaradas;

    3 os programas do tipo III so baseados do "em um conceito do carto relatrio", bem como etiquetas existentes do nutrition;

    Esta srie inclui tambm um padro que esboa um jogo de princpios comuns

    para todos os tipos de programas de rotulagem.

    3 Anlise do Ciclo de Vida (LCA) - Diversos padres de LCA esto sendo desenvolvidos atualmente que cobrem cada estgio do ciclo de vida de um

    produto, incluindo a avaliao do inventrio, a avaliao do impacto, e a

    avaliao da melhoria. As aplicaes especficas de LCA incluem comparar

    produtos alternativos e processos, o ajuste de linhas de base do desempenho,

    e benchmarking o progresso. Os conceitos de LCA podiam ser usados como

    uma base eco-rotulagem.

  • 29

    3 Aspectos Ambientais em Padres do Produto - A ISO 14060 (guia para a incluso de aspectos ambientais em padres do produto) o sexto padro.

    Este original uma guia para escritores dos padres nas reas fora da

    gerncia ambiental, e o TC 207 est emitindo o padro de esboo ao

    secretariado central do ISO para uma experimentao de 12 a 18 meses.

    O modelo de gesto ambiental com base na NORMA ISO 14001 utiliza

    um ciclo PDCA espiralado (planejar, implementar, verificar e analisar

    criticamente) com o objetivo de introduzir a melhoria contnua, como ilustrado

    na Figura 3.

    Figura 3. Espiral do Sistema de Gesto Ambiental (ISO 14001) Fonte: (www.gestaoambiental.com.br)

  • 30

    A ISO 14001 formada por cinco elementos chave, que so as etapas

    de implementao do Sistema de Gesto Ambiental (SGA).

    A seguir so apresentadas, em boxes, os textos completos dos

    requisitos da Norma NBR ISO 14001: 1996.

    ISO 14001 Poltica Ambiental:

    A alta administrao deve definir a poltica ambiental da organizao e

    assegurar que ela atenda aos seguintes requisitos:

    3 seja apropriada natureza, escala impactos ambientais de suas atividades, produtos e servios;

    3 inclua o comprometimento com aa melhoria contnua e com a preservao de poluio;

    3 inclua o comprometimento com o atendimento legislao e normas ambientais aplicveis, e demais requisitos subscritos pela organizao;

    3 fornea a estrutura para o estabelecimento e reviso dos objetivos e metas ambientais;

    3 seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados;

    3 esteja disponvel para o pblico (DE MARTINI & GUSMO, 2003).

    Planejamento Aspectos ambientais

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos para identificar

    os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou servios que possam

    por ela ser controlados e sobre os quais presume-se que ela tenha influncia, a

  • 31

    fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impactos significativos

    sobre o meio ambiente. A organizao deve assegurar que os aspectos

    relacionados a estes impactos significativos sejam considerados na definio

    de sus objetivos ambientais. A organizao deve manter essas informaes

    atualizadas.

    Planejamento Requisitos Legais e Outros Requisitos

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos para identificar

    e ter acesso legislao e outros requisitos por ela subscritos, aplicveis aos

    aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou servios.

    Planejamento Objetivos e metas

    A organizao deve estabelecer e manter objetivos e metas ambientais

    documentados, em cada nvel e funo pertinentes da organizao. Ao

    estabelecer e revisar seus objetivos, a organizao deve considerar os

    requisitos legais e outros requisitos, seus aspectos ambientais significativos,

    sus opes tecnolgicas, seus requisitos financeiros, operacionais e

    comerciais, bem como a viso das partes interessadas. Os objetivos e metas

    devem ser compatveis com a poltica ambiental, incluindo o comportamento

    com preveno de poluio.

    Planejamento Programas de Gesto Ambiental

  • 32

    A organizao deve estabelecer e manter programa(s) para atingir seus

    objetivos e metas, devendo incluir:

    3 a atribuio de responsabilidades em cada funo e nvel pertinente da organizao, visando atingir os objetivos e metas,

    3 os meios e o prazo dentro do qual devem ser atingidos

    Para projetos relativos a novos empreendimentos e atividades, produtos

    ou servios, novos ou modificados, o(s) programa(s) deve(m) ser revisados,

    onde pertinente, para assegurar que a gesto ambiental se aplica a esses

    projetos.

    Implementao e Operao Estrutura e Responsabilidade

    As funes, responsabilidades e autoridades devem ser definidas,

    documentadas e comunicadas a fim de facilitar uma gesto ambiental eficaz.

    A administrao deve fornecer recursos essenciais para a

    implementao e o controle do sistema de gesto ambiental abrangendo

    recursos humanos, qualificaes especificadas, tecnologia e recursos

    financeiros.

    A alta administrao da organizao deve nomear representante(s)

    especfico(s), que, independentemente de outras atribuies, devero ter

    funes, responsabilidades e autoridades definidas para:

    3 assegurar que os requisitos do sistema de gesto ambiental sejam estabelecidos, implementados e mantidos de acordo com esta Norma.

  • 33

    3 relatar alta administrao o desempenho do sistema de gesto ambiental, para anlise crtica, com base para o aprimoramento do sistema de gesto

    ambiental.

    Implementao e Operao Treinamento, conscientizao e competncia

    A organizao deve identificar as necessidades de treinamento. Ela

    deve determinar que todo o pessoal cujas tarefas possam criar um impacto

    significativo sobre o meio ambiente receba treinamento apropriado.

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos que faam com

    que seus empregados ou membros, em cada nvel e funo pertinente, estejam

    conscientes:

    3 da importncia da conformidade com a poltica ambiental, procedimentos e requisitos do sistema de gesto ambiental,

    3 dos impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, de suas atividades e dos benefcios ao meio ambiente resultante da melhoria do seu

    desempenho pessoal,

    3 de suas funes e responsabilidades em atingir a conformidade com a poltica ambiental, procedimentos e requisitos do sistema de gesto ambiental,

    inclusive os requisitos de preparao e at atendimento a emergncias,

    3 das potenciais conseqncias da inobservncia de procedimentos operacionais especificados,

    O pessoal que executa tarefas que possam causar impactos ambientais

    significativos deve ser competente, com base em educao, treinamento e/ou

    experincia apropriados.

  • 34

    Implementao e Operao Comunicao

    Com relao aos seus aspectos ambientais e sistemas de gesto

    ambiental, a organizao deve estabelecer e manter procedimentos para:

    3 comunicao interna entre vrios nveis e funes da organizao; 3 recebimento, documentao e resposta a comunicaes pertinentes das partes interessadas externas.

    A organizao deve considerar os processos de comunicao externa

    sobre seus aspectos ambientais significativos e registrar sua deciso.

    Implementao e Operao Documentao do SGA

    A organizao deve estabelecer e manter informaes, em papel ou

    meio eletrnico para:

    3 descrever os principais elementos do sistema de gesto ambiental e a interao entre eles;

    3 fornecer orientao sobre a documentao relacionada;

    Implementao e Operao Controle de documentos

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos para o controle

    de todos os documentos exigidos por esta Norma, para assegurar que:

    3 possam ser localizados

  • 35

    3 possam ser periodicamente analisados, revisados quando necessrio e aprovados, quanto a sua adequao, por pessoal autorizado,

    3 as verses atualizadas dos documentos pertinentes estejam disponveis em todos os locais onde so executadas operaes essenciais ao efetivo

    funcionamento do sistema de gesto ambiental,

    3 documentos obsoletos sejam prontamente removidos de todos os pontos de emisso e uso ou, de outra forma, garantidos contra o uso no-intencional,

    3 quaisquer documentos obsoletos retidos por motivos legais e/ou para preservao de conhecimento sejam adequadamente identificados.

    3 a documentao deve ser legvel, datada (com datas de reviso) e facilmente identificveis, mantida de forma organizada e retida por um perodo

    de tempo especificado. Devem ser estabelecidos e mantidos procedimentos e

    responsabilidades referentes criao e alterao dos vrios tipos de

    documentos.

    Implementao e Operao Controle Operacional

    A organizao deve identificar aquelas operaes e atividades

    associadas aos aspectos ambientais significativos identificados de acordo com

    sua poltica, objetivos e metas. A organizao deve planejar tais atividades,

    inclusive manuteno, de forma a assegurar que sejam executadas sob

    condies especficas atravs:

    3 do estabelecimento e manuteno de procedimentos documentados, para abranger situaes onde sua ausncia possa acarretar desvios em relao

    poltica ambiental e aos objetivos e metas;

    3 da estipulao de critrios operacionais nos procedimentos; 3 do estabelecimento e manuteno de procedimentos relacionados aos aspectos ambientais significativos identificveis de bens e servios utilizados

  • 36

    pela organizao, e da comunicao dos procedimentos e requisitos

    pertinentes a serem atendidos por fornecedores e prestadores de servios.

    Implementao e Operao Preparo e atendimento emergncia

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos para identificar

    o potencial o potencial e atender a acidentes e situaes de emergncia, bem

    como para prevenir e mitigar os impactos ambientais que possam estar

    associados a eles.

    A organizao deve analisar e revisar, onde necessrio, seus

    procedimentos de preparao e atendimento a emergncia, em particular aps

    a ocorrncia de acidentes ou situaes de emergncia. A organizao deve

    tambm testar periodicamente tais procedimentos onde exeqveis.

    Verificao e Ao Corretiva Monitoramento e Medio

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos documentados

    para monitorar e medir, periodicamente, as caractersticas principais de suas

    operaes e atividades que possam ter um impacto significativo sobre o meio

    ambiente. Tais procedimentos devem incluir o registro de informaes para

    acompanhar o desempenho, controles operacionais pertinentes e conformidade

    co os objetivos e metas ambientais da organizao. Os equipamentos de

    monitoramento devem ser calibrados e mantidos, e os registros desse

    processo devem ficar retidos, segundo procedimentos definidos pela

    organizao.

  • 37

    A organizao deve estabelecer e manter um procedimento

    documentado para avaliao peridica do atendimento legislao e

    regulamentos ambientais pertinentes.

    Verificao e Ao Corretiva No conformidades e Aes Preventiva e Corretiva

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos para definir

    responsabilidades e autoridade para tratar e investigar as no-conformidades,

    adotando medidas para mitigar quaisquer impactos e para iniciar e concluir

    aes corretivas e preventivas.

    Qualquer ao corretiva ou preventiva adotada para eliminar as causas

    das no-conformidades, reais ou potenciais, deve ser adequada magnitude

    dos problemas e proporcional ao impacto ambiental verificado.

    A organizao deve implementar e registrar quaisquer mudanas nos

    procedimentos documentados, resultantes de aes corretivas e preventivas.

    Verificao e Ao Corretiva Registros

    A organizao deve estabelecer e manter procedimentos para a

    identificao, manuteno e descarte de registros ambientais. Estes registros

    devem incluir registros de treinamento e os resultados de auditorias e anlises

    crticas. Os registros ambientais devem ser legveis e identificveis, permitindo

    rastrear a atividade, produto ou servio envolvido. Os registros ambientais

    devem ser arquivados e mantidos de forma a permitir sua pronta recuperao,

    sendo protegidos contra avarias, deteriorao ou perda. O perodo de reteno

    deve ser estabelecido e registrado. Os registros devem ser mantidos, conforme

  • 38

    apropriados ao sistema e organizao, para demonstrar conformidade aos

    requisitos desta Norma.

    Verificao e Ao Corretiva Auditoria

    A organizao deve estabelecer e manter programas (s) e

    procedimentos para auditorias peridicas do sistema de gesto ambiental

    serem realizados de forma a:

    3 determinar se o sistema de gesto ambiental 3 estar em conformidade com as disposies planejadas para a gesto ambiental, inclusive os requisitos desta Norma;

    3 foi devidamente implementado e tem sido mantido; 3 fornecer administrao informaes sobre o resultado das auditorias.

    O programa de auditoria da organizao, inclusive o cronograma. deve

    basear-se na importncia ambiental da atividade envolvida e nos resultados de

    auditorias anteriores. Para serem abrangentes, os procedimentos de auditorias

    devem considerar o escopo da auditoria, a freqncia e as metodologias, bem

    como as responsabilidades e requisitos relativos conduo de auditorias e

    apresentao dos resultados.

    Anlise Crtica pela Administrao

    A alta administrao da organizao, em intervalos por ela

    predeterminados, deve analisar criticamente o sistema de gesto ambiental,

    para assegurar sua convenincia, adequao e eficcia contnuas. O processo

    de anlise crtica deve assegurar que as informaes necessrias sejam

  • 39

    coletadas, de modo a permitir administrao proceder a esta avaliao. Essa

    anlise crtica deve ser documentada.

    A anlise crtica pela administrao deve abordar a eventual

    necessidade de alteraes na poltica, objetivos e outros elementos do sistema

    de gesto ambiental luz dos resultados de auditorias do sistema de gesto

    ambiental, da mudana das circunstncias e do comprometimento com a

    melhoria contnua.

    4.5.3. Planejamento do Processo em um Sistema de Gesto Ambiental O planejamento da implementao de um sistema de gesto ambiental,

    como qualquer atividade de planejar, exige alguns cuidados bsicos para que

    as intenes possam ser transformadas em aes reais. Portanto, as

    organizaes devem formular um plano para cumprir sua poltica ambiental

    (www.gestaoambiental.com.br).

    Para iniciar o planejamento propriamente dito, a organizao deve

    estabelecer e manter procedimentos que permitam avaliar, controlar e melhorar

    os aspectos ambientais da empresa, especialmente no que diz respeito ao

    cumprimento da legislao, normas, uso racional de matrias-primas e

    insumos, sade e segurana dos trabalhadores e minimizao de danos

    ambientais, dentre outros aspectos.

    Segundo o entendimento expresso na prpria norma NBR-ISO 14.004, o

    relacionamento entre os aspectos ambientais e os impactos (danos) ambientais

    o de causa-efeito. O Quadro 1, mostra a relao entre aspectos ambientais

    e comerciais. O Quadro 2, mostra os exemplos de Objetivos e Metas

    Ambientais com Reflexos Econmicos.

  • 40

    Quadro 1. Identificao de Aspectos Ambientais e Comerciais.

    Aspectos Ambientais Aspectos Comerciais

    Escala dos impactos Potencial de exposio legal e

    regulamentar

    Gravidade (importncia) do impacto Dificuldade para reduo ou eliminao

    dos impactos

    Probabilidade de ocorrncia Custo para a reduo ou eliminao dos

    impactos

    Durao do impacto Efeitos de uma alterao sobre outras

    atividades e processos

    Localizao dos impactos Preocupao das partes interessadas

    Momento de ocorrncia dos impactos Efeitos na imagem pblica da

    organizao

    Fonte: (www.gestaoambiental.com.br)

    reas e/ou servios envolvidos na elaborao

    Projetos prioritrios

    Modificao de processos

    Gerenciamento de materiais perigosos

    Gerenciamento de resduos

    Gerenciamento de gua (por exemplo: guas servidas, pluviais e subterrneas)

    Gerenciamento da qualidade do ar

    Gerenciamento da energia

  • 41

    Transporte

    Quadro 2. Exemplos de Objetivos e Metas Ambientais com Reflexos

    Econmicos.

    Objetivos Metas Reflexos econmicos

    Reduzir o consumo de

    gua industrial.

    Obter uma reduo de

    10% em relao ao ano

    anterior.

    Reduzir as despesas

    Prolongar a vida til do

    aterro sanitrio.

    Aumentar em 100% a

    capacidade de deposio.

    No fazer novos

    investimentos

    Substituir o uso de

    solventes qumicos

    importados.

    Utilizar solventes

    biodegradveis nacionais

    Favorecer a economia

    local.

    Revegetar reas

    degradadas.

    Revegetar todas as reas

    nos prximos cinco anos e

    no permitir o surgimento

    de novas multas

    ambientais e suspenso

    da licena de operao.

    Evitar a suspenso da

    licena de operao e no

    pagar multas.

    Fonte: (www.gestaoambiental.com.br)

    O que diz a NBR-ISO 14.004:

    Elementos do sistema de gesto ambiental relativos ao planejamento

    3 Identificao dos aspectos ambientais e avaliao dos impactos ambientais associados

    3 Requisitos legais 3 Poltica ambiental 3 Critrios internos de desempenho

  • 42

    3 Objetivos e metas ambientais 3 Planos ambientais e programas de gesto

    Tarefas e Atribuies da Gesto Ambiental Empresarial

    So as seguintes tarefas e atribuies da Gesto Ambiental Empresarial:

    3 Definir poltica/diretriz ambiental para a empresa holding/matriz e demais unidades.

    3 Elaborar objetivos, metas e programas ambientais globais e especficos para ao local.

    3 Definir a estrutura funcional e alocar pessoas qualificadas. 3 Organizar um banco de dados ambientais. 3 Montar um sistema de coleta de dados ambientais definidos por unidade. 3 Medir e registrar dados ambientais, por exemplo: consumo de gua, energia e combustvel; gerao de resduos, lixo e despejos; emisses e imisses de

    poluentes; consumo de diversos (papel, impressos, plsticos, produtos de

    limpeza, etc).

    3 Elaborar relatrios ambientais especficos de reas crticas (pode envolver anlise de risco).

    3 Fazer um inventrio de leis, normas e regulamentaes ambientais. 3 Fazer inspees ambientais isoladas em unidades crticas. 3 Implantar e fazer monitoramento ambiental. 3 Elaborar e implantar programas de gesto ambiental. 3 Implantar e executar treinamento e conscientizao ambiental em diferentes setores e nveis organizacionais.

    3 Divulgar informaes e resultados ambientais para mdia e propaganda. 3 Definir e implantar prmios e concursos ambientais internos e externos. 3 Elaborar e divulgar orientaes ambientais para fornecedores, consumidores, funcionrios e acionistas.

    3 Fazer a avaliao de impactos ambientais nos termos legais para implantao, operao, ampliao ou desativao de empreendimentos.

    3 Emitir relatrios de desempenho ambiental.

  • 43

    3 Propor e executar aes corretivas. 3 Fazer auditoria ambiental espontaneamente e/ou por exigncia legal.

    recomendvel que a organizao defina suas prioridades ambientais,

    os objetivos e as responsabilidades para que o sistema de gesto ambiental e

    as atividades dirias a ela relacionadas realmente possam ser viabilizadas.

    4.5.4. Implementao e Operao do Sistema de Gesto Ambiental Aps terem sido executadas as fases anteriores, chega-se ao momento

    da implementao e da operao do sistema de gesto ambiental. Esse

    procedimento compreende essencialmente a capacitao e os mecanismos de

    apoio. Em sntese, isso significa disponibilizar recursos humanos, fsicos e

    financeiros para que a poltica, os objetivos e as metas ambientais da

    organizao possam ser viabilizados.

    Deve-se ressaltar que no contexto da melhoria contnua da qualidade

    ambiental, as exigncias de capacitao e os mecanismos de apoio evoluem

    constantemente, ou seja, devem ser aperfeioados ou adequados sempre que

    se fizer necessrio.

    Segundo a NBR-ISO 14.001, a implementao e a operao do SGA

    engloba os seguintes aspectos:

    3 Estrutura e responsabilidade 3 Treinamento, conscientizao e competncia 3 Comunicao 3 Documentao do SGA 3 Controle de documentos 3 Controle operacional 3 Preparao e atendimento a emergncias

  • 44

    No que se refere estrutura e a responsabilidade para as questes

    ambientais deve-se ressaltar que dependero do tamanho e do ramo de

    atividades da empresa. Portanto, a estrutura no necessariamente exige um

    departamento de meio ambiente se for uma pequena ou mdia empresa.

    Bastar designar uma pessoa ou uma equipe para tratar do SGA. Em

    pequenas empresas a responsabilidade maior caber ao proprietrio, que

    desempenhar as funes de alta administrao. J as empresas de maior

    porte vo exigir uma estrutura maior. Cada caso dever ser analisado e

    adaptado individualmente.

    Quanto responsabilidade tcnica e pessoal, a NBR-ISO 14.004

    apresenta um exemplo que pode servir de orientao, conforme mostra o

    quadro apresentado a seguir. O Quadro 3. mostra exemplos de

    responsabilidades ambientais, e seus responsveis.

    O treinamento envolve aspectos de conscientizao ambiental,

    motivao e comunicao extensivas a toda organizao. Um processo de

    treinamento eficaz envolve vrias etapas e elementos essenciais, a saber:

    3 Identificao das necessidades de treinamento da organizao 3 Desenvolvimento de planos dirigidos de treinamento 3 Verificao e avaliao da conformidade do programa de treinamento previsto com os requisitos legais ou organizacionais

    3 Treinamento de grupos especficos de dirigentes ou empregados 3 Documentao do treinamento realizado 3 Avaliao dos resultados do treinamento recebido

    O treinamento deve ser realizado ao longo dos procedimentos de

    implantao do SGA e permanentemente atualizado e reaplicado segundo um

    programa previamente estabelecido. O Quadro 4 exemplifica tipos de

    treinamento ambiental para as empresas.

  • 45

    Quadro 3. Exemplos de Responsabilidades Ambientais.

    Exemplos de responsabilidades ambientais

    Pessoas(s) responsvel (eis) tpica (s)

    Estabelecer a orientao geral Presidente, Executivo Principal, Diretoria

    Desenvolver a poltica ambiental Presidente, Executivo Principal, Gerente de Meio Ambiente

    Desenvolver objetivos, metas e

    programas ambientais Gerentes envolvidos

    Monitorar desempenho global do SGA Gerente do meio ambiente

    Assegurar o cumprimento dos

    regulamentos Gerente Operacional

    Assegurar melhoria contnua Todos os gerentes

    Identificar as expectativas dos clientes Pessoal de Venda e de Marketing

    Identificar as expectativas dos

    fornecedores Pessoal de Compras e de Contratao

    Desenvolver e manter procedimentos

    contbeis Gerentes financeiros e contbeis

    Cumprir os procedimentos definidos Todo o pessoal Fonte: (www.gestaoambiental.com.br)

    Quadro 4. Exemplos de tipos de treinamento ambiental para empresas.

    Tipo de Treinamento Pblico Propsito Conscientizao sobre a

    importncia estratgica da

    gesto ambiental

    Gerncia executiva Obter o comprometimento e harmonizao com a

    poltica ambiental da

    organizao. Conscientizao sobre as

    questes ambientais em

    geral

    Todos os empregados Obter o cumprimento com a poltica ambiental, seus

    objetivos e metas e

    fomentar um senso de

    responsabilidade

    individual.

  • 46

    Continuao do Quadro 4.

    Aperfeioamento de

    habilidades

    Empregados com

    responsabilidades

    ambientais

    Melhorar o desempenho

    em reas especficas da

    organizao, por exemplo,

    operaes, pesquisa e

    desenvolvimento e

    engenharia.

    Cumprimento dos

    requisitos

    Empregados cujas aes

    podem afetar o

    cumprimento dos requisitos

    Assegurar que os requisitos

    legais e internos para

    treinamento sejam

    cumpridos.

    Fonte: (www.gestaoambiental.com.br)

    4.5.5. Medio e Avaliao em um Sistema de Gesto Ambiental

    Toda e qualquer atividade empresarial envolve as fases de

    planejamento, execuo, operao e avaliao dos resultados alcanados. Isso

    tambm ocorre com a implementao do sistema de gesto ambiental, que

    deve ser verificado e monitorado com vistas a investigar problemas e corrigi-

    los.

    Em sntese, segundo a NBR-ISO 14.001, a verificao e a ao corretiva

    orienta-se por quatro caractersticas bsicas do processo de gesto ambiental:

    3 Medio e monitoramento 3 Aes corretivas e preventivas 3 Registros e gesto da informao

    Auditorias do sistema de gesto ambiental precisam ser feitas

    periodicamente para avaliar a conformidade do SGA que foi realizado e

    planejado, para verificar se vem sendo adequadamente implementado e

    mantido na devida conformidade. Dada a importncia que a auditoria ambiental

  • 47

    vem ganhando no contexto geral da gesto ambiental, optou-se por dedicar o

    prximo captulo para tratar especificamente desse assunto.

    4.5.6. Roteiro