tratamento de resíduos hospitalares

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Sumário 0 – INTRODUÇÃO.......................................................3 1 - O QUE SÃO RESÍDUOS...............................................5 2 - CLASSES DE RESÍDUOS:.............................................6 3 - RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.........................................7 3.1 - TIPOS DE RESÍDUOS...............................................8 4 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS.............................................9 5 - RESÍDUOS HOSPITALARES...........................................10 5.1: AGRUPAMENTO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES...............................10 6 – TRIAGEM, RECOLHA E TRATAMENTO DE RESÍDUOS HOSPITALARES..........14 6.1 – TRIAGEM E ARMAZENAMENTO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES...................14 6.2 – RECOLHA DOS RESÍDUOS HOSPITALARES.................................15 6.3 – TRATAMENTO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES..............................15 6.3.1 - Incineração...................................................................................................................... 15 6.3.2 - Desinfecção...................................................................................................................... 16 6.3.3 - Desinfecção química....................................................................................................... 17 6.3.4 - Desinfecção térmica....................................................................................................... 17 7 - PROCESSOS DE TRATAMENTO VANTAGENS E INCONVENIENTES..............20 7.1 - INCINERAÇÃO - EFICAZ NO TRATAMENTO DE TODOS OS RESÍDUOS..............20 7.2 - AUTOCLAVEGEM - CUSTO DE OPERAÇÃO BAIXO............................20 7.3 - UMA QUESTÃO DE BOM SENSO........................................21 7.4 - UMA QUESTÃO LEGAL..............................................21 7.5 - UMA QUESTÃO TÉCNICA 1 ............................................22 7.6 - UMA QUESTÃO ECONÓMICA...........................................23 8 – CONCLUSÃO.......................................................24 2

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Um trabalho para saber como separar os diferentes tipos de resíduos dentro de um hospital.

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Page 1: Tratamento de resíduos hospitalares

Sumário

0 – INTRODUÇÃO......................................................................................................................................3

1 - O QUE SÃO RESÍDUOS.......................................................................................................................5

2 - CLASSES DE RESÍDUOS:...................................................................................................................6

3 - RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS......................................................................................................7

3.1 - TIPOS DE RESÍDUOS..........................................................................................................................8

4 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS..................................................................................................................9

5 - RESÍDUOS HOSPITALARES...........................................................................................................10

5.1: AGRUPAMENTO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES................................................................................10

6 – TRIAGEM, RECOLHA E TRATAMENTO DE RESÍDUOS HOSPITALARES.......................14

6.1 – TRIAGEM E ARMAZENAMENTO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES.....................................................146.2 – RECOLHA DOS RESÍDUOS HOSPITALARES......................................................................................156.3 – TRATAMENTO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES...............................................................................15

6.3.1 - Incineração.............................................................................................................................156.3.2 - Desinfecção.............................................................................................................................166.3.3 - Desinfecção química...............................................................................................................176.3.4 - Desinfecção térmica...............................................................................................................17

7 - PROCESSOS DE TRATAMENTO VANTAGENS E INCONVENIENTES................................20

7.1 - INCINERAÇÃO - EFICAZ NO TRATAMENTO DE TODOS OS RESÍDUOS................................................207.2 - AUTOCLAVEGEM - CUSTO DE OPERAÇÃO BAIXO.............................................................................207.3 - UMA QUESTÃO DE BOM SENSO........................................................................................................217.4 - UMA QUESTÃO LEGAL.....................................................................................................................217.5 - UMA QUESTÃO TÉCNICA1................................................................................................................227.6 - UMA QUESTÃO ECONÓMICA............................................................................................................23

8 – CONCLUSÃO......................................................................................................................................24

9 - Bibliografia............................................................................................................................................26

2

Page 2: Tratamento de resíduos hospitalares

0 – Introdução

Este trabalho tem o objectivo de responder a um momento de avaliação da

disciplina de Enfermagem Comunitária, integrada no 1º ano do curso de

Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa,

cujo tema se centra no tratamento de lixos hospitalares e no seu efeito no

aquecimento global.

O aquecimento global é um fenómeno natural que, devido à libertação de

gases resultantes da actividade humana, tem vindo a aumentar.

Da radiação solar que incide na terra uma parte é reflectida pela atmosfera

enquanto que outra é absorvida pela superfície terrestre gerando calor, que é

irradiado sob a forma de radiação infravermelha. Os gases de estufa absorvem

parte desta radiação infravermelha de maior comprimento de onda.

Os principais gases de estufa libertados pelas actividades humanas são o CO2

(resulta da queima de combustíveis fosseis, da queima de florestas para

obtenção de terrenos agrícolas); o metano (tem origem em plantações de arroz

e pecuária); óxido nitroso (deriva de combustíveis fosseis e fertilizantes

químicos); clorofluorcarbonetos (utilizados como propulsores em aerossóis e

em gases de refrigeração).

Além do referido acima, podemos encontrar no tratamento dos lixos

hospitalares mais um factor que contribui para o aquecimento do planeta.

Assim, iremos fazer uma pequena abordagem sobre o que estes são, ao tipo

de separação utilizada entre outros.

3

Page 3: Tratamento de resíduos hospitalares

Com o excesso de produção de lixo, e posterior tratamento dos resíduos,

verifica-se um aumento dos gases libertados para a atmosfera o que promove

o agravamento do aquecimento global do planeta, tendo como consequências

a subida do nível dos oceanos, alterações climatéricas, que afectam a

disponibilidade dos recursos hídricos e alimentares, devido a secas

prolongadas, vagas de calor, inundações e tempestades rigorosas.

4

Page 4: Tratamento de resíduos hospitalares

1 - O que são resíduos

Segundo o Decreto-Lei n.º 152/2002 de 23 de Maio, entendem-se por resíduos

quaisquer substâncias ou objectos de que o detentor se desfaz ou tem intenção

ou obrigação de se desfazer, nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 239/97,

de 9 de Setembro, e em conformidade com a Lista de Resíduos da União

Europeia.1

1 http://www.aguaonline.co.pt/aguasresid/sobre.htm

5

Page 5: Tratamento de resíduos hospitalares

2 - Classes de Resíduos:

Classe 1 - Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde

pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em

função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reactividade,

toxicidade e patogenicidade.

Classe 2 - Resíduos Não Perigosos: são os resíduos que não apresentam

periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades tais como:

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São

basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico.

Classe 3 - Resíduos Inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos

testes de solubilização (NBR-10.007 da ABNT), não têm nenhum de seus

constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de

potabilidade da água. Isto significa que a água permanecerá potável quando

em contacto com o resíduo. Muitos destes resíduos são recicláveis. Estes

resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo

(se degradam muito lentamente). Estão nesta classificação, por exemplo, os

entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações.2

2 http://www.inresiduos.pt

6

Page 6: Tratamento de resíduos hospitalares

3 - Resíduos Sólidos Urbanos

Definição: Segundo o Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, são os

resíduos domésticos ou outros resíduos semelhantes, em razão da sua

natureza ou composição, nomeadamente os provenientes do sector de

serviços ou de estabelecimentos comerciais ou industriais e de unidades

prestadoras de cuidados de saúde, desde que, em qualquer dos casos, a

produção diária não exceda 1.100 litros por produtor.

Origem:   Dentro de qualquer espaço urbano podem considerar-se como

fontes principais de resíduos o sector doméstico (habitações), o comércio e

serviços (hotéis, lojas, escritórios) e a indústria (verifica-se uma tendência de

afastamento deste sector para a periferia dos espaços urbanos). Outros

resíduos com origem definida são os provenientes da limpeza pública

originados, quer pela actividade humana (mercados, derrames de veículos ou

contentores e objecto rejeitados directamente para a via pública), quer por

causas naturais (folhas de árvores, excrementos de animais). Podem ainda ser

considerados como resíduos da limpeza pública os resultantes do tratamento

de jardins públicos e outras áreas verdes.3

3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lixo

7

Page 7: Tratamento de resíduos hospitalares

3.1 - Tipos de Resíduos

- Vidros;

- Plásticos;

- Matéria orgânica;

- Papel e Cartão.

8

Page 8: Tratamento de resíduos hospitalares

4 - Resíduos Industriais

Definição: Segundo o Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro são os

resíduos gerados em actividades industriais, bem como os que resultem das

actividades de produção e distribuição de electricidade, gás e água.

Origem: Originado nas actividades dos diversos ramos da indústria, tais

como: o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria

alimentícia, etc.

O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas,

lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras,

borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande

quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial

pelo seu potencial de envenenamento.4

4 http://www.aguaonline.co.pt/aguasresid/sobre.htm

9

Page 9: Tratamento de resíduos hospitalares

5 - Resíduos Hospitalares

Definição: Segundo o Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro são os

resíduos produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde,

incluindo as actividades médicas de diagnóstico, prevenção e tratamento da

doença, em seres humanos ou em animais, e ainda as actividades de

investigação relacionadas.

Origem: descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias (algodão,

seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado,

órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes,

resina sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função das suas

características, merece um cuidado especial no seu acondicionamento,

manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos levados para

um aterro sanitário.5

5.1: Agrupamento dos resíduos hospitalares

Os resíduos hospitalares agrupam-se da seguinte forma:

Grupo I: não exigem cuidados especiais no seu tratamento, dado que são

equiparados a resíduos sólidos urbanos.

Exemplos:

-Resíduos provenientes de gabinetes, salas de reunião, salas de convívio,

instalações sanitárias e outros;

-Resíduos provenientes de oficinas, jardins, armazéns e outros;

5 http://www.aguaonline.co.pt/aguasresid/sobre.htm

10

Page 10: Tratamento de resíduos hospitalares

-Embalagens e invólucros comuns;

-Resíduos provenientes das actividades de restauração e hotelaria, resultantes

de confecção e restos de alimentos servidos a doentes não incluídos no grupo

III.

-Embalagens e invólucros comuns;

-Resíduos provenientes das actividades de restauração e hotelaria, resultantes

de confecção e restos de alimentos servidos a doentes não incluídos no grupo

III.

Grupo II: Não exigem cuidados especiais no seu tratamento, dado que são

equiparados a resíduos sólidos urbanos.

Exemplos:

-Material ortopédico não contaminado e sem vestígios de sangue;

-Fraldas e resguardos descartáveis não contaminados e sem vestígios de

sangue;

-Material de protecção individual utilizado nos serviços gerais de apoio, com

excepção do utilizado na recolha de resíduos;

-Embalagens vazias de medicamentos ou de produtos de uso clínico ou

comum, com excepção dos incluídos no grupo III e no grupo IV;

-Frascos de soros não contaminados, com excepção dos do grupo IV.

11

Page 11: Tratamento de resíduos hospitalares

Grupo III: Resíduos que se prevêem contaminados, e com risco biológico.

Nestes casos é exigente o uso de tratamentos mais eficazes (incineração ou

pré-tratamento).

Exemplos:

-Resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes (ou suspeitos)

infecciosos, unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de

tratamento, de salas de autópsia, entre outros;

-Todo o material utilizado em diálise;

-Peças anatómicas não identificáveis;

-Resíduos que resultam da administração de sangue e derivados;

-Sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos, com

excepção dos do grupo IV;

-Sacos colectores de fluidos orgânicos e respectivos sistemas;

-Material ortopédico contaminado;

-Fraldas e resguardos descartáveis contaminados;

-Material de protecção individual utilizado em cuidados de saúde e serviços de

apoio geral em que haja contacto com produtos contaminados.

Grupo IV: Resíduos hospitalares específicos - resíduos de vários tipos de

incineração obrigatória.

Exemplos:

12

Page 12: Tratamento de resíduos hospitalares

-Peças anatómicas identificáveis, fetos e placentas, até publicação de

legislação específica;

-Cadáveres de animais (experiências laboratoriais);

-Materiais cortantes e perfurantes: agulhas, cateteres e todo o material

invasivo;

-Produtos químicos e fármacos rejeitados, quando não sujeitos a legislação

específica;

-Citostáticos e todo o material utilizado na sua manipulação e administração.

Dos quatro grupos de resíduos hospitalares, apenas os grupos III e IV são

considerados perigosos. Os primeiros são lixo de risco biológico, contaminado,

como material usado em diálise, fraldas e restos de sangue, e podem ser

incinerados ou receber pré-tratamento para posterior eliminação como resíduos

urbanos. Os do grupo IV são resíduos hospitalares específicos, nomeadamente

fetos e placentas, agulhas, medicamentos fora do prazo, e é obrigatória a

incineração, bem como tratamento.

13

Page 13: Tratamento de resíduos hospitalares

6 – Triagem, Recolha e Tratamento de Resíduos Hospitalares

6.1 – Triagem e armazenamento dos Resíduos Hospitalares

A triagem e acondicionamento dos resíduos hospitalares deve ser feita junto do

local onde se deu a sua produção, e acondicionados de forma a ser clara a sua

origem e grupo: Nem todos os resíduos produzidos apresentam a mesma

perigosidade, sendo por isso classificados segundo o maior ou menor risco que

a sua presença implica

Grupo I e II - recipientes de cor preta.

Grupo III - branca com indicação de risco biológico

Grupo IV – vermelha (excepto materiais cortantes e perfurantes, que

devem ser armazenados em recipientes ou contentores imperfuráveis).

Saliente-se ainda, que os contentores usados no grupo III e IV devem ser

facilmente manuseáveis, resistentes e estanques, mantendo-se

hermeticamente fechados, laváveis e desinfectáveis, se forem de uso múltiplo

O armazenamento dos resíduos hospitalares deve ser efectuado num local

específico e sinalizado, de modo a separar os do Grupo I e II dos III e IV. O

local de armazenamento deve ser dimensionado em função da periodicidade

de recolha e/ou da eliminação, devendo a sua capacidade mínima

corresponder a três dias de produção. Caso este prazo seja ultrapassado, até

um máximo de 7 dias, deverão existir condições de refrigeração no local de

armazenamento. 6

6 http://www.netresiduos.com/cir/rhosp/introrhosp.htm

14

Page 14: Tratamento de resíduos hospitalares

O destino a dar aos resíduos hospitalares levanta sérios problemas atendendo

à sua natureza - uma parte considerável está contaminada por via biológica ou

é química e radioactivamente perigosa.

6.2 – Recolha dos Resíduos Hospitalares

São também responsabilizados os órgãos de gestão de cada unidade de saúde

pelas seguintes acções: sensibilização e formação do pessoal em geral e

daquele afecto ao

sector em particular, nomeadamente nos aspectos relacionados com a

protecção individual e os correctos procedimentos; celebração de protocolos

com outras unidades de saúde ou recurso a entidades devidamente

licenciadas, quando não dispuserem de capacidade de tratamento dos seus

resíduos; registo actualizado dos resíduos produzidos. 7

6.3 – Tratamento dos Resíduos Hospitalares

6.3.1 - Incineração

Actualmente, os resíduos hospitalares produzidos são, na sua maioria,

submetidos a um tratamento por incineração. A incineração é um processo de

tratamento industrial de resíduos sólidos, que se define como a reacção

química em que os materiais orgânicos combustíveis são gaseificados, num

período de tempo pré-fixado, dando-se uma oxidação dos resíduos com a

ajuda do oxigénio contido no ar que é fornecido em excesso em relação às

necessidades estequiométricas.

Este processo de decomposição térmica dos resíduos sofreu, ao longo dos

últimos anos, progressos tecnológicos, sendo os modernos incineradores de

concepção pirolítica de dois estágios regidos pelos seguintes princípios:

temperatura, tempo de residência e turbulência. No primeiro estágio, designado

7 http://www.netresiduos.com/cir/rhosp/introrhosp.htm

15

Page 15: Tratamento de resíduos hospitalares

por pirólise, os resíduos são submetidos a temperaturas de 650-800 ºC, num

ambiente com carência de oxigénio onde se dá a combustão completa, com

formação de gases combustíveis. No segundo estágio (termo reactor),

processa-se a combustão dos gases de pirólise à temperatura de 1100 ºC,

durante 2 segundos no mínimo, na presença de oxigénio em excesso, para

garantir a combustão completa.

A operação de uma central de incineração só pode ser considerada correcta se

os detritos sólidos resultantes da combustão - cinzas e escórias - e os gases

emitidos na atmosfera forem estéreis e não contribuírem para a poluição

ambiental do solo e do ar, facilitando assim as soluções de destino final. Por

isso, é necessário tratar as emissões gasosas, devido ao tipo de resíduos

(clorados) provenientes dos materiais incinerados.

A energia térmica, originada na queima dos resíduos, pode ser aproveitada

para aquecimento, através da produção de vapor, ou ser utilizada na produção

de energia eléctrica, podendo-se recuperar o equivalente a metade da energia

dissipada.

Devido aos seus riscos ambientais e custos de exploração, o processo de

incineração só deve ser utilizado quando não existem outras tecnologias

alternativas para o tratamento de determinados tipos de resíduos.8

6.3.2 - Desinfecção

A desinfecção, química ou térmica, aparece como uma alternativa de

tratamento à incineração. As tecnologias de desinfecção mais conhecidas são

o tratamento químico, a autoclavagem e o microondas. Estas tecnologias

alternativas de tratamento de resíduos hospitalares permitem um

encaminhamento dos resíduos tratados para o circuito normal de resíduos

8 https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/361/2/Corpo+da+tese.pdf

16

Page 16: Tratamento de resíduos hospitalares

sólidos urbanos (RSU) sem qualquer perigo para a saúde pública, podendo

representar custos inferiores para as instituições sem unidades de incineração

própria. A principal desvantagem desta tecnologia consiste no facto de apenas

se desinfectarem os resíduos, o que torna a sua aplicação ineficiente

relativamente a produtos químicos e radioactivos.

6.3.3 - Desinfecção química

O tratamento químico consiste numa série de processos em que os resíduos

são envolvidos e/ou injectados com soluções desinfectantes e germicidas, tais

como hipoclorito de sódio, óxido de etileno e formaldeído, embora

recentemente estejam a ser desenvolvidos esforços para utilizar desinfectantes

menos poluentes. Os processos podem ser complementados com uma

trituração, prévia ou posterior, e/ou com compactação, necessitando sempre de

tratamento dos efluentes líquidos e gasosos. Este tratamento é utilizado

principalmente na descontaminação de resíduos de laboratórios de

microbiologia, de resíduos com sangue e líquidos orgânicos, assim como de

cortantes e perfurantes. 9

6.3.4 - Desinfecção térmica

Autoclavagem

A autoclavagem (desinfecção com calor húmido) é um tratamento bastante

usual que consiste em manter o material contaminado a uma temperatura

elevada e em contacto com vapor de água, durante um período de tempo

suficiente para destruir potenciais agentes patogénicos ou reduzi-los a um nível

que não constitua risco.

O processo de autoclavagem inclui ciclos de compressão e de descompressão

de forma a facilitar o contacto entre o vapor e os resíduos. 9 https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/361/2/Corpo+da+tese.pdf

17

Page 17: Tratamento de resíduos hospitalares

Os valores usuais de pressão são da ordem dos 3 a 3,5 bar e a temperatura

atinge valores os 135ºC. Este processo tem a vantagem de ser familiar aos

técnicos de saúde, que o utilizam para esterilizar diversos tipos de material

hospitalar.

Microondas

A irradiação por microondas é uma tecnologia mais recente de tratamento de

resíduos hospitalares e consiste na desinfecção dos resíduos a uma

temperatura elevada (entre 95 e 105ºC), os quais são triturados antes ou

depois desta operação. O aquecimento de todas as superfícies é assegurado

pela criação de uma mistura água e resíduos .10

Incineração versus autoclavagem

Os resíduos hospitalares de risco biológico pertencentes ao grupo III poderão

ser incinerados ou sujeitos a um tratamento eficaz que permita a sua

eliminação como resíduos urbanos, enquanto que o grupo IV integra resíduos

hospitalares específicos de incineração obrigatória. Neste estudo registou-se

um domínio da incineração sobre a autoclavagem como tratamento final dos

resíduos do grupo III, existindo, ainda dois casos em que é utilizada a

desinfecção química. Visto a incineração e a autoclavagem serem os

tratamentos mais utilizados no nosso país para tratamento do grupo III,

apresenta-se no Quadro 1 uma síntese das vantagens e inconvenientes de

cada um deles.

10 https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/361/2/Corpo+da+tese.pdf -

18

Page 18: Tratamento de resíduos hospitalares

7 - Processos de tratamento vantagens e inconvenientes

7.1 - Incineração - eficaz no tratamento de todos os resíduos;

- Redução de peso para 10%;

- Redução de volume para 3%;

- Recuperação e/ou produção de energia;

- Ausência de odores;

- Elevados custos de investimento e exploração;

- Significativa necessidade de tratamento dos efluentes gasosos;

- Opinião negativa da população.

7.2 - Autoclavegem - custo de operação baixo;

- Redução de volume (até 20%);

- Processo considerado limpo, não necessitando de avaliação de impacte

ambiental;

- Utilização restrita a resíduos de risco biológico;

- Produção de efluentes líquidos e gasosos, embora pouco significativa

19

Page 19: Tratamento de resíduos hospitalares

7.3 - Uma questão de bom senso11

A separação dos resíduos sólidos hospitalares é fundamentalmente uma

questão de bom senso, de responsabilidade e de hábito.

O sucesso da triagem dos resíduos sólidos hospitalares depende de todos os

profissionais de saúde, que como produtores de resíduos sólidos hospitalares

tem a formação necessária para identificar e separar correcta e eficazmente

resíduos em:

- Não perigosos ou equiparados a urbanos;

- Perigosos do ponto de vista microbiológico e/ou químico;

Os resíduos susceptíveis de causar repugnância e sensibilidade negativas na

opinião pública, deverão ser objecto de criteriosa separação e

acondicionamento.

7.4 - Uma questão legal12

Os resíduos sólidos hospitalares são objecto de regulamentação especifica

publicada em Diário da Republica. Os despachos do Diário da Republica

nº242/96, de 13 de Agosto e nº 761/99, de 31 de Agosto, estabelecem regras

para a gestão dos resíduos sólidos hospitalares nas vertentes da triagem,

acondicionamento selectivo, recolha, armazenamento, transporte e tratamento.

Os resíduos sólidos hospitalares devem ser separados por grupos.

11

12 Comissão de Controlo de Infecção Hospitalar do Hospital Padre Américo - Penafiel

20

Page 20: Tratamento de resíduos hospitalares

7.5 - Uma questão técnica1

Para a implementação de uma triagem eficiente e operacional, é necessário

dotar os serviços clínicos e instituições dos respectivos meios de

acondicionamento de resíduos sólidos hospitalares indispensáveis para o

desempenho desta actividade.

Os recipientes para acondicionamento de resíduos sólidos hospitalares

actualmente nas Instituições de Saúde, são:

- Sacos plásticos;

- Caixas de cartão e contentores de polietileno de alta densidade reutilizáveis;

- Contentores de plástico de uso único;

Os recipientes para acondicionamento de resíduos sólidos hospitalares,

deverão possuir características de modo a permitir a identificação clara da sua

origem (serviço e data) e grupo de resíduos, por parte dos intervenientes. A

adopção de códigos de cor para os recipientes é fundamental para este

propósito, segundo o despacho 242/96, de 13 de Agosto.

21

Page 21: Tratamento de resíduos hospitalares

7.6 - Uma questão económica13

Ao separar criteriosamente os resíduos produzidos, alcançamos economias

devido a:

- Redução da quantidade de resíduos susceptíveis de tratamento especifico;

- Redução dos custos de tratamento;

- Recolha selectiva de resíduos recicláveis;

- Promoção da imagem ecológica da Instituição de Saúde;

13 Comissão de Controlo de Infecção Hospitalar do Hospital Padre Américo - Penafiel

22

Page 22: Tratamento de resíduos hospitalares

8 – Conclusão

A elaboração deste trabalho proporcionou uma explicitação sobre os resíduos

hospitalares, o tratamento a que são sujeitos e o seu efeito no ambiente.

O tratamento de resíduos hospitalares acarreta para alem de uma prévia

disponibilidade por parte dos profissionais para uma triagem eficiente, custos

elevados e um impacto ambiental negativo.

A consciência de que determinados resíduos hospitalares (sangue, secreções,

material ionizado, produtos químicos e tecidos humanos), enquanto focos de

contaminação, constituem perigo para a saúde pública, tornou-se mais aguda a

partir do desenvolvimento de graves doenças transmissíveis, como a SIDA e a

hepatite B. Esta situação levou ao aumento das preocupações com os

cuidados a ter com os resíduos hospitalares. Com efeito, a heterogeneidade da

massa dos resíduos hospitalares e a falta de preparação das unidades de

incineração para o tratamento de quantidades crescentes de resíduos têm

levado à impossibilidade do cumprimento dos limites de emissão de gases

cada vez mais estritos.

Os esforços feitos para remediar esta situação e que incluem a instalação de

unidades de incineração de maiores dimensões e o tratamento adequado das

emissões gasosas geram custos que contribuem presentemente para um

significativo aumento das despesas das entidades hospitalares.

Assim, tem-se tornado necessário o desenvolvimento de diferentes práticas de

gestão de resíduos hospitalares que permitam a redução da quantidade de

resíduos a tratar e a introdução de processos de tratamento alternativos à

incineração.

23

Page 23: Tratamento de resíduos hospitalares

A evolução que se verificou nos conceitos que suportam a gestão dos resíduos

hospitalares determinou a necessidade de uma classificação que garantisse

uma separação mais selectiva na origem e permitisse o recurso a tecnologias

diversificadas de tratamento. Classificou-se os resíduos hospitalares em quatro

grupos distintos, sendo os resíduos objecto de tratamento apropriado

diferenciado consoante o grupo a que pertençam.

24

Page 24: Tratamento de resíduos hospitalares

9 - Bibliografia

http://www.aguaonline.co.pt/aguasresid/sobre.htm

http://www.inresiduos.pt

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lixo

http://www.aguaonline.co.pt/aguasresid/sobre.htm

http://www.aguaonline.co.pt/aguasresid/sobre.htm

http://www.netresiduos.com/cir/rhosp/introrhosp.htm

http://www.netresiduos.com/cir/rhosp/introrhosp.htm

https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/361/2/Corpo+da+tese.pdf

Comissão de Controlo de Infecção Hospitalar do Hospital Padre Américo – Penafiel

25