transmissÃo e recepÇÃo de sinais sem fio via modulaÇÃo gfsk

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO Lucas Roberto Michel TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK Passo Fundo 2015

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TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

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Page 1: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

Lucas Roberto Michel

TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO

VIA MODULAÇÃO GFSK

Passo Fundo

2015

Page 2: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

Lucas Roberto Michel

TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA

MODULAÇÃO GFSK

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Elétrica, da

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, da Universidade

de Passo Fundo, como requisito para obtenção do título de

Engenheiro Eletricista, sob orientação do Professor Dr. Carlos Alberto Ramirez Behaine.

Passo Fundo

2015

Page 3: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

Lucas Roberto Michel

TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia

Elétrica, da Faculdade de Engenharia e Arquitetura,

da Universidade de Passo Fundo, como requisito para

obtenção do título de Engenheiro Eletricista, sob

orientação do Professor Dr. Carlos Alberto Ramirez

Behaine.

Aprovada em _____ de ______________________de 2015.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Ramirez Behaine – UPF

____________________________________________

Prof. Dra. Blanca Rosa Maquera Sosa – UPF

____________________________________________

Prof. Ms. Amauri Fagundes Balotin - UPF

RESUMO

Page 4: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

Este projeto consiste em um transmissor e receptor de sinais analógicos sem fio (via GFSK). O

conjunto do transmissor possui um conversor A/D, que é conectado ao sinal analógico a ser

transmitido e onde os sinais são convertidos de analógico para digital. Logo em seguida é

processado através de um microcontrolador ARM Cortex M4F e enviado ao módulo GFSK

para ser transmitida a informação para o receptor. No conjunto do receptor essa informação é

recebida pelo módulo e processada pelo mesmo microcontrolador e convertida de digital para

analógico através de um D/A. Este sistema tem capacidade de amostrar e transmitir sinais

analógicos que tenham uma largura de banda que varia de 0 até 4 KHz.

Com base neste projeto e, através de vários testes, fica evidente que é indispensável a utilização

de um hardware mais sofisticado para o processamento de sinais de áudio. Uma vez que

utilizou-se somente uma pequena largura de banda e para a utilização de mais canais, é

necessário o uso de processadores de sinais, para que o tratamento do sinal seja o mais rápido

possível a fim de diminuir a latência entre a entrada de áudio e a saída dele no receptor, além

de poder trabalhar com mais eficiência com outros protocolos específicos para conversores A/D

e D/A de áudio como o I2S.

Palavras chave: Multicabo. GFSK. Conversor. Áudio. ARM. SPI. I2C

Page 5: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama global em blocos 6

Figura 2 - O Multicabo 7

Figura 3 - O processador ARM escolhido 9

Figura 4 - O Kit EK-TM4C123GLX 10

Figura 5 - O Microcontrolador TM4C123 10

Figura 6 - Modulo NRF24L01 12

Figura 7 - Esquema do modulador FSK 13

Figura 8 - Esquema do modulador GFSK 13

Figura 9 - Forma das respostas ao impulso de um filtro Gaussiano h_GAUSS com parâmetros

BT_b e o pulso retangular h_RECT. 13

Figura 10 - (a) Sinal GFSK e OFDM sem interferência (b) sinal GFSK e OFDM com

interferência. 14

Figura 11 - Diagrama em blocos do conversor A/D 16

Figura 12 - Push-Pull Vs. Pull-Up 17

Figura 13 - Diagrama em Blocos do modulo SPI do TM4C123 18

Figura 14 - Diagrama em blocos do modulo I2C do TM4C123 19

Figura 15 - Modulo D/A MCP4725 20

Figura 16 – Diagrama dos pinos de referência do AD 22

Figura 17 - Faixa de amostragem 23

Figura 18 - Diagrama esquemático de amostragem e envio ao buffer TX 23

Figura 19 - Fluxograma do programa do TX 24

Figura 20 - Esquema ligação modulo NRF24L01 com o microcontrolador 25

Figura 21 - O protocolo ShockBurst 26

Figura 22 - Mapa de tempo do modulo NRF24L01 27

Figura 23 - Diagrama esquemático dos buffers 28

Figura 24 - fluxograma do programa do receptor 29

Figura 25 - Protótipo do transmissor 30

Figura 26 - Protótipo, analise interface SPI do transmissor 31

Figura 27 - Mapa de tempo do transmissor 32

Figura 28 - Mapa de tempo de transmissão 33

Page 6: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

Figura 29 - Mapa de tempo da recepção 34

Figura 30 - Diagrama interno do CI CS5361 37

Figura 31 - Protocolo I2S 38

Figura 32 - Diagrama Dual SPI 39

Page 7: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

LISTA DE ABREVIATURAS

SPI – Serial Peripheral Interface

I2S – Inter-IC Sound

I2C – Inter-Integrated Circuit

ARM – Advanced RISC Machine

AD – Analog to Digital converter

DA – Digital to Analog converter

GFSK – Gaussian frequency-shift keying

FSK – Frequency-shift keying

OFDM – Orthogonal frequency-division multiplexing

MSPS – Million Samples Per Second

GND – Ground

ACK – Acknowledgement

RX – Receiver

TX – Transmitter

DSP – Digital Signal Processor

Page 8: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................. 2

1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ....................................................................... 3

1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 4

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................. 5

2 DESENVOLVIMENTO ................................................................................ 6

2.1 FUNDAMENTAÇÃO. ................................................................................. 6

2.2 O MULTICABO .......................................................................................... 7

2.3 O SISTEMA ................................................................................................. 8

2.3.1 Funcionamento ..................................................................................... 8

2.3.2 Microcontrolador ................................................................................. 8

2.3.3 O Modulo Transmissor/Receptor Sem Fio ....................................... 11

2.3.4 A Modulação GFSK ........................................................................... 12

2.3.5 Conversor A/D.................................................................................... 15

2.3.6 Protocolo Spi ...................................................................................... 16

2.3.7 Protocolo I2c ....................................................................................... 18

2.3.8 Conversor D/A.................................................................................... 19

3 IMPLEMENTAÇÃO E RESULTADOS ................................................ 20

3.1 TRANSMISSOR..................................................................................... 20

3.2 RECEPTOR ............................................................................................ 28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 30

5 CONCLUSÃO .......................................................................................... 36

6 IMPLEMENTAÇÕES FUTURAS .......................................................... 37

Page 9: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

6.1 CONVERSOR A/D................................................................................. 37

6.2 COMUNICAÇÃO ...................................................................................... 38

6.3 COMUNICAÇÃO SPI (SERIAL PERIPHERAL INTERFACE) VS I2S

(INTER IC-SOUND) ....................................................................................... 38

Page 10: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

1

1 INTRODUÇÃO

Em eventos, shows e concertos musicais é muito comum e indispensável a utilização

de equipamentos de áudio, tais como: amplificadores, processadores e equalizadores de áudio.

Sendo estes equipamentos utilizados com uma mesa de som, onde é possível total controle de

ajuste de ganhos e filtros, sejam eles fonte de áudio (CD players, Pen drives) ou ainda

instrumentos musicais (guitarra, teclado, bateria, microfones), para melhor obtenção dos sinais

e qualidade de áudio. Toda a comunicação física é feita através de cabos blindados, muito

conhecidos como cabo multivias ou multicabo, mais popularmente como “medusa”.

Mesmo com os avanços da tecnologia, tanto em inovação como em implementação,

hoje o mercado possui poucos equipamentos para facilitar e dar autonomia aos operadores e

técnicos de áudio profissional. Com isso observou-se a importância que teria uma transmissão

e recepção de sinais de áudio sem fio em um sistema de áudio profissional nestes shows e

eventos, uma vez que somente existe a transmissão e recepção via cabo e com comunicação

paralela. Baseando-se nesses processos, surgiu a ideia de projetar e desenvolver um

equipamento que possa substituir essa comunicação física (multicabo), podendo-se evitar a

interferência com os cabos de áudio devido a sua longa distância entre o palco e a mesa de som,

além de possíveis acidentes que possam ocorrer, já que é muito comum o rompimento e até

mesmo sua violação, sendo necessário, ainda, o isolamento do local onde o cabo passa a fim de

evitar acidentes.

O mais longe que foi desenvolvido até então é comunicação via cabo serial, com

protocolos de comunicação próprias do fabricante e também através do protocolo EtherSound.

“EtherSound é o protocolo de transferência e controle de áudio digital de escolha de muitas

aplicações modernas para som ao vivo.” (YAMAHA CORPORATION, 2015).

“O Protocolo aqui citado desenvolvido pela DIGIGRAM em 2001 na França, é

utilizado para a transmissão de áudio digital com uma latência de 1,5 ms por

dispositivo presente em cadeias chegando a 64 canais de áudio bidirecional, utilizando

o cabeamento CAT5 respeitando aqueles parâmetros de distância que já conhecemos,

mas, nada impede de utilizamos a fibra óptica para maiores distâncias. O mesmo

possui a taxa de amostragem de 96 KHz chega a máxima profundidade de 24 bits.”

(SILVA, 2015).

Page 11: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

2

Este último protocolo é amplamente utilizado em sistemas de multiplexação e

transmissão de sinais de áudio, por equipamentos da empresa japonesa Yamaha e também pela

Allen Bradley para a linha de áudio profissional. Como essas duas gigantes da indústria do

áudio são pioneiras no quesito áudio digital, muitas vezes por conter tanta tecnologia

embarcada, em muitos lugares como o Brasil esses equipamentos tendem a custar mais caro,

devido a isto muitas empresas utilizam-se de um sistema com cabo multivias. Por se tratar de

um sistema de transmissão e recepção digital de sinais, todos os sinais analógicos aplicados no

transmissor são convertidos em digitais, para que seja enviado através do microcontrolador para

o módulo de transmissão com Modulação Digital por Comutação de Frequência Gaussiano

(GFSK) e posteriormente no receptor convertidos de digital para analógico para a mesa de som.

Existem certas dificuldades na idealização do projeto, uma vez que toda a transmissão e

recepção seja feita em tempo real, tendo em vista que é praticamente impossível ocorrer isso,

foi admitido uma latência aceitável descrita no projeto, já que para o ouvido humano existe um

limite aceitável.

1.1 OBJETIVOS

O objetivo deste projeto é desenvolver um sistema que substitua o usualmente

Multicabo utilizado em shows e eventos, por um sistema que envie e receba os sinais analógicos

com uma largura de banda estreita e a transmissão seja feita através de uma comunicação sem

fio de baixa interferência para facilitar a instalação e montagem dos equipamentos e, também

para autonomia do sistema como um todo. Utilizou-se para o transmissor um conversor A/D

que converte os sinais analógicos em digitais e os envia ao microcontrolador que fará a interface

via SPI com o módulo transmissor GFSK. Já no receptor o sinal recebido será enviado ao

microcontrolador pela SPI que o mesmo comunicará com o conversor D/A via I2C para que

seja convertido novamente em analógico.

Page 12: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

3

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Projetar e desenvolver firmware para um conversor de analógico para digital diretamente no

kit;

- Realizar a comunicação I2C para um conversor de digital para analógico;

- Desenvolver um firmware que realize as conversões A/D e D/A no transmissor e no receptor,

respectivamente, em um kit de desenvolvimento ARM Cortex M4;

- Comunicar um módulo transmissor GFSK no kit de desenvolvimento ARM e, em outro kit,

comunicar um módulo receptor GFSK;

- Otimizar o código fonte e alterar a forma dos pacotes de dados do módulo GFSK;

- Montagem do conjunto transmissor e receptor em bancada.

Page 13: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

4

1.3 JUSTIFICATIVA

Quando falamos em áudio profissional, logo pensamos em algum show ou evento e,

por sua totalidade, poucos usufruem de alta tecnologia. Isso cai drásticamente quando o assunto

é comunicação entre equipamentos (instrumentos musicais) e mesa de som. Muitas empresas

optam por utilizar o mais comum e básico, que é a utilização física de cabos que, por sua vez,

geram um custo muito baixo relacionado às tecnologias mais avançadas e por sua fácil

manutenção. Por outro lado, esquecem a portabilidade e autonomia de uma tecnologia nova,

sendo essa mais confiável e fornecer maior qualidade.

Em um sistema convencional é utilizado o multicabo para comunicação dos

instrumentos e mesa de som, neste sistema o sinal é enviado individualmente (paralelo) cada

sinal por uma via, então dependendo do sistema essa cabo acaba por se tornar extremamente

grande, além de ficar exposto a interferências externas (incidentes nos cabos) e da atenuação

causada pela perda ôhmica do cabo. Outro problema relacionado a isso é a instalação desse tipo

de tecnologia, pois demanda tempo e esforço físico para as ligações já que esse cabo, por conter

várias vias, acaba por ficar muito pesado.

“Quando geralmente vamos a algum espetáculo notamos que no meio do público ou

na parte inferior do espaço, olhando para o palco fica um operador recebendo e

mixando todos os sinais de som. A união deste operador com o palco agora não é feita

mais por aquela "maçaroca" de cabos no chão e sim por apenas um cabo óptico

protegido passando por algum lugar mais seguro. Mesmo ele estando próximo ao

palco o número de cabos que sai do mesmo e chega até ele se resume agora em um

par óptico ou um cabo STP.” (SILVA, 2015)

O projeto demonstra que existem outras possibilidades para sistemas de áudio

profissional, e uma delas é a comunicação sem fio, abordada neste, onde é possível facilitar a

instalação e diminuir o esforço físico aos técnicos, dando maior mobilidade e fidelidade em

todo sistema. Uma vez que todo o sinal é digitalizado, é possível fazer correções, uma delas é

a aplicação de filtros digitais, podendo até mesmo substituir os equipamentos utilizados no

sistema, deixando tudo centralizado em um único equipamento. A principal funcionalidade

deste sistema é a remoção do multicabo, que em muitas vezes atrapalha, pois o mesmo tem que

Page 14: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

5

sair do palco e ir até a mesa de som que fica localizado no centro do local onde encontra-se o

público, causando transtornos ou até mesmo acidentes. O sistema digital traz outras inúmeras

vantagens não abordadas neste trabalho, mas que podem ser implementadas também, a fim de

diminuir o número de equipamentos para tratamento dos sinais de áudio, como compressores,

equalizadores, crossovers, limiter’s e processadores de efeitos entre outros equipamentos. Outra

vantagem da transmissão digital é que podemos atingir uma relação sinal/ruído melhor (quando

comparado com o sistema analógico) com a quantização adequada.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo II descreve-se como é utilizado o sistema de áudio profissional atualmente

com a utilização de multicabo, com um layout de como é montado o sistema e exemplificando

seu funcionamento básico, os principais problemas de sua utilização e as vantagens sobre o

sistema digital abordado.

No capítulo III é abordado como será implementado o sistema digital com transmissão

de áudio pelo GFSK, bem como os protócolos de comunicações utilizados, compilador,

microcontrolador, módulo GFSK e conversores A/D e D/A, e também suas vantagens sobre

outros sistemas existentes no mercado.

No capítulo IV do trabalho apresenta-se o desenvolvimento do projeto, bem como

cálculos, pesquisas e resultados.

No capítulo V são demonstrados os resultados obtidos e as conclusões finais, bem

como as medidas tomadas para a resolução de alguns problemas ocorridos durante o

desenvolvimento do projeto e o protótipo do sistema montando em bancada.

Page 15: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

6

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 FUNDAMENTAÇÃO.

Nos sistemas de áudio profissional atualmente é indispensável a utilização de

amplificadores de áudio, pois devido a distância do palco ao público, fica impossível escutar as

vozes e sons gerados pelos cantores e instrumentos musicais. Por cada instrumento possuir uma

faixa do espectro de áudio e um ganho especifico, é necessário utilizar-se também de

equalizadores de áudio e mixer’s. No caso de baterias acústicas, é necessário a utilização de

limiter’s, para que a batida do bumbo, por exemplo, não sature o amplificador, e no caso da voz

dos cantores muitas vezes é necessário o uso de compressores de áudio. Todo o sinal resultante

desses equipamentos é enviado via cabo para a mesa de som, para que sejam mixados os sinais

e cada nível ajustado individualmente. A figura 1 demonstra o sistema abordado.

Figura 1 - Diagrama global em blocos

A/D Micro controlador Modulador

GFSK

CANAL

D/A ÁUDIO ÁUDIO

RECONSTRUIDO

SPI I2C

Demodulador

GFSK

Micro controlador D/A ÁUDIO

RECONSTRUIDO

SPI I2C

Page 16: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

7

2.2 O MULTICABO

O Multicabo, muito conhecido popularmente como “Medusa” (em inglês, Snake), é

simplesmente uma extensão, que leva os sinais de áudio de um lado para outro. É composto por

uma capa principal, seu centro é composto de vários pares de cabos, como visto na figura 2,

onde cada par é responsável por um canal de áudio. Em uma de suas pontas são utilizados vários

conectores, os mais comuns são os plugs XLR e plug P10 para serem ligados à mesa de som, e

em sua outra extremidade possui os jacks para a ligação dos equipamentos. “Os padrões de

medusa existente no mercado são: 6, 8, 12, 20, 28, 36, 42, 48 e 56 vias. ” (NASCIMENTO,

2010)

“As medusas são um dos elementos mais simples de um sistema de sonorização. Não

passam de extensões, que atuam na distribuição dos sinais de áudio, conduzindo os

sinais das fontes sonoras entre a mesa e o palco. A função é básica, mas se falhar,

compromete toda a sonorização. ” (FERNANDES, 2012)

Figura 2 - O Multicabo

Fonte: Cia Multicabos – Multicabos

Page 17: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

8

2.3 O SISTEMA

Pensando em uma maior mobilidade e segurança, este trabalho consiste na substituição

dos processos existentes atualmente, abaixo segue como será desenvolvido o sistema.

2.3.1 Funcionamento

A ideia principal é a amostragem do sinal analógico através de um conversor AD e a

transmissão do sinal digital amostrado com um módulo GFSK e receber por outro módulo

GFSK e realizar a conversão de digital para analógico, desse modo, realizando a mesma função

do multicabo.

2.3.2 Microcontrolador

O microcontrolador utilizado foi o da Texas Instruments, modelo Cortex-M4F da

ARM (figura 3), mais especificamente o modelo TM4C123. A escolha desse processador foi

devida a sua fácil aquisição no Brasil e a programação com a utilização das bibliotecas da

StellarisWare da Texas Instruments, facilitando a implementação do projeto.

“A TI também reconhece que o software otimiza o tempo de lançamento no

mercado para que todos os MCUs LM4F compatíveis pelo software StellarisWare®

royalty-free e de licença gratuita. A StellarisWare é um pacote de APIs específicas

do Stellaris que foram desenvolvidas especialmente para minimizar o custo de

propriedade de software e reduzir o tempo de lançamento no mercado. A maioria

desses APIs é integrada em ROM e todo software é desenvolvido em C padrão para

facilitar o desenvolvimento de aplicações na ferramenta de sua preferência. ”

(TEXAS INSTRUMENTS CORPORATION, 2012)

Page 18: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

9

Figura 3 - O processador ARM escolhido

Fonte: Texas Instruments Corporation

Contudo, com toda essa tecnologia embarcada, ficou ainda mais fácil a implementação

do projeto com o kit de desenvolvimento que o próprio fabricante fornece. O kit de

desenvolvimento EK-TM4C123GLX, que foi o escolhido para esse projeto (figura 4) possui

embarcado já um gravador in circuit, para a gravação do firmware no microcontrolador. Ao

centro da figura 4 é possível observar o microcontrolador onde o mesmo possui o processador

escolhido anteriormente, já na figura 5 é mostrado os periféricos embarcados dentro do

processador, como o A/D, os módulos de comunicações seriais entre outros.

Page 19: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

10

Figura 4 - O Kit EK-TM4C123GLX

Fonte: Texas Instruments WIKI

Figura 5 - O Microcontrolador TM4C123

Fonte: Texas Instruments Corporation

Page 20: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

11

2.3.3 O Módulo Transmissor/Receptor Sem Fio

Para a transmissão e recepção dos dados utilizou-se o módulo NRF24L01 da Nordic,

devido ao seu hardware já implementado e a modulação ser do tipo GFSK com taxa de

transferência de até 2Mbps. Além disso, esse módulo já possui antena embutida na própria placa

e correção de erros via hardware, assim garantindo uma confiabilidade na transmissão dos

dados. Possui um alcance que varia até 50 metros, que é o ideal para a finalidade do projeto, já

que, em média um multicabo convencional tem um comprimento máximo de 30 metros.

O módulo NRF24L01 é alimentado com a tensão da própria placa de desenvolvimento

(3,3 Volts), já que possui um consumo baixo de corrente (menor que 14mA). Ele possui

internamente um protocolo que checa a validação dos dados recebidos através da verificação

do checksum, essa confirmação do envio dos dados transmitidos é feita pela resposta do

receptor. A comunicação realizada com o módulo é feita através da interface SPI.

Na figura 6 é mostrado o módulo GFSK utilizado. O mesmo possui chip dedicado para

a modulação escolhida e antena embarcada, essa antena foi desenvolvida pelo próprio

fabricante utilizando a própria placa.

Page 21: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

12

Figura 6 - Módulo NRF24L01

Fonte: Fritzing.org

2.3.4 A Modulação GFSK

A escolha do módulo sem fio deve-se ao fato que o mesmo utiliza a modulação GFSK,

pois como este módulo trabalha a uma frequência de 2.4GHz e por essa banda ser utilizada por

vários sistemas sem fio, como a popular Wi-Fi, o risco de interferência intersimbólica aumenta

caso fosse utilizado a mesma modulação que a Wi-Fi, por exemplo (OFDM), já o GFSK utiliza

uma banda mais estreita e com amplitude alta, assim ficando com menor interferência de outros

dispositivos.

A modulação GFSK (Gaussian Frequency-Shift Keying) é parecida à modulação básica

por chaveamento de frequências (FSK), mas utiliza filtragem Gaussiana nos dados digitais na

banda base antes de passar a banda de passo (alta frequência). A filtragem gaussiana tem o

Page 22: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

13

objetivo de limitar a banda espectral do sinal de informação e fazer as transições de frequência

suaves. O resultado diminui a largura de banda na saída do modulador. O esquema comparativo

básico é ilustrado nas figuras 7 e 8.

Figura 8 - Esquema do modulador GFSK

O filtro Gaussiano com resposta ao impulso hGAUSS pode ser parametrizado pela

relação BTb, onde B é a largura de banda a -3dB e Tb é o tempo de bit. A figura 9 ilustra a forma

das respostas ao impulso de um filtro Gaussiano hGAUSS com parâmetros BTb, quando

comparado ao pulso retangular gRECT.

Figura 9 - Forma das respostas ao impulso de um filtro Gaussiano hGAUSS com parâmetros

BTb e o pulso retangular gRECT.

Fonte: (RONG-FU YE, 2012)

Fluxo de bits FSK

Figura 7 - Esquema do modulador FSK

FSK Fluxo de bits Filtro Gaussiano

GFSK

Page 23: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

14

A modulação GFSK é muito utilizada na banda 2.4GHz em bluetooth e pode coexistir

em conjunto com a Modulação por Divisão de Frequências Ortogonais (OFDM) em Wi-Fi.

Como a modulação GFSK é de banda estreita pode gerenciar as interferências de co-canal na

banda 2.4GHz de forma eficiente.

A figura 10 ilustra o esquema comparativo na banda de 2.4GHz entre espectros do

GFSK e o Wi-Fi onde podem existir os dois espectros mesmo com interferência.

Figura 10 - (a) Sinal GFSK e OFDM sem interferência (b) sinal GFSK e OFDM com

interferência.

A A

F F

Quando comparado com sistemas OFDM, a vantagem que tem os sistemas com

modulação GFSK, é que os chips GFSK são mais eficientes em consumo de potência e a

desvantagem principal que tem a modulação GFSK, é que tem uma taxa de transferência menor,

por exemplo, 1Mbps no GFSK para bluetooth e 45Mbps no OFDM para o Wi-Fi. Caso especial:

o modulador GFSK tipo NFR24L10 que pode atingir até uma taxa de 2Mbps, adequado para

aplicações de sinais de áudio.

(a) (b)

0dB

-40dB

GFSK OFDM

0dB

-40dB

GFSK OFDM

Page 24: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

15

2.3.5 Conversor A/D

Para a conversão A/D utilizou-se o canal A/D do microcontrolador. Este módulo do

microcontrolador possui uma resolução de 12-bits onde é possível trabalhar com uma

amostragem de até 1MSPS (um milhão de amostras por segundo). O Diagrama em blocos do

funcionamento do mesmo pode ser visto na figura 11.

O A/D desse microcontrolador é do tipo SAR. O SAR tem como função obter em suas

saídas sinais digitais que correspondam a valores de tensão próximos ao sinal analógico de

entrada no A/D. Para que isto ocorra, o registrador precisará de dez pulsos de clock para a

obtenção da palavra, visto que a resolução escolhida neste projeto foi de dez bits. O valor inicial

armazenado no SAR corresponde à metade da tensão máxima que o conversor A/D pode

analisar, logo a aproximação é feita de acordo com a saída digital do comparador onde, para

cada pulso de clock, o registrador estará sendo atualizado e aproximando-se gradativamente do

valor referente à entrada analógica. Com o término desta atualização, no décimo pulso de clock,

o valor digital obtido corresponde à entrada analógica e o registrador será novamente

atualizado para o valor inicial, estando pronto para uma nova aproximação.

Page 25: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

16

Figura 11 - Diagrama em blocos do conversor A/D

Fonte: Datasheet TM4C123GH6PM

2.3.6 Protocolo SPI

A comunicação serial SPI (Serial Peripheral Interface) é uma comunicação serial do

tipo síncrona, onde se adota a ideia de “mestre e escravo”, pelo fato que o hardware da

comunicação SPI é unidirecional (ao contrário da I2C que é bidirecional),sendo o mestre que é

o gerador do clock para sincronismo que neste caso é o nosso microcontrolador e o escravo que

é o modulo NRF24L01, onde o mesmo receberá os comandos e os dados para configuração do

mesmo e a informação a ser transmitida.

“Outra característica é que toda troca de dados acontece sempre em ambas as direções.

Em outras palavras, cada bit trocado entre o Master e um Slave traz um bit do Slave

para o Master. Dessa forma, definimos que a comunicação é sempre full-duplex.”

(SACCO, 2014).

Page 26: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

17

Na SPI a saída dos dados é feita com uma configuração do tipo Push-Pull, com isso há

pouca deformação no sinal gerado, sendo possível atingir velocidades maiores. Na figura 12

mostra-se essa diferença e a deformação no sinal em relação à topologia utilizada.

Figura 12 - Push-Pull Vs. Pull-Up

Fonte: embarcados.com

O diagrama em blocos do modulo SPI do microcontrolador utilizado pode ser visto na

figura 13.

Page 27: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

18

Figura 13 - Diagrama em Blocos do modulo SPI do TM4C123

Fonte: Datasheet TM4C123GH6PM

2.3.7 Protocolo I2C

O protocolo I2C (Inter IC) desenvolvido pela Philips é outra comunicação serial do

tipo síncrona. A transmissão é feita em dois fios, o DAS que é onde a informação é

transmitida/recebida e o SCL que é o clock de sincronismo onde é gerado pelo mestre que é o

nosso microcontrolador.

“O protocolo de comunicação em 2 sinais I2C foi originalmente desenvolvido pela

Philips em meados de 1996. Atualmente este protocolo está amplamente difundido e

interconecta uma ampla gama de dispositivos eletrônicos. Dentre estes encontramos

vários dispositivos de controle inteligente, normalmente microcontroladores e

microprocessadores assim como outros circuitos de uso geral, como drivers LCD,

portas de I/O, memórias RAM e EEPROM ou conversores de dados. ” (FILHO, 2014).

Page 28: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

19

Devido às configurações do hardware como descrito anteriormente (Pull-Up), neste

protocolo não é possível atingir taxas de transferência tão altas quanto a SPI, porém é o

suficiente para a comunicação do módulo D/A para a conversão de um canal de áudio. Para

dois canais é necessário outro método de interface e conversão.

Na figura 14 é descrito o diagrama em blocos da máquina serial do microcontrolador

utilizado.

Figura 14 - Diagrama em blocos do modulo I2C do TM4C123

Fonte: Datasheet TM4C123GH6PM

2.3.8 Conversor D/A

Para a conversão D/A dos sinais analógicos do projeto, utilizou-se o módulo da

Microchip MCP4725. Este módulo possui uma resolução de 12-Bits, sendo essa resolução

definida porque a conversão A/D também é de 12-Bits. O valor amostrado no A/D quando

recebido pelo receptor com o D/A realizará a conversão do sinal digital para analógico com a

mesma amplitude amostrada, assim o ganho não é atenuado.

Este módulo possui uma taxa de transmissão máxima de 3,4Mbps no modo High-

Speed e a interface utilizada para comunicação foi o I2C.

Page 29: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

20

Figura 15 - Módulo D/A MCP4725

Fonte: Adafruit.com

3 IMPLEMENTAÇÃO E RESULTADOS

3.1 TRANSMISSOR

O transmissor é o responsável pela conversão do sinal analógico para digital. Neste

transmissor o microcontrolador foi configurado para realizar a amostragem, carregar em um

buffer e realizar a transmissão do dado lido para o receptor, basicamente.

Para a amostragem do sinal analógico definiu-se, primeiramente, uma taxa de

amostragem. Como o projeto inicial não requer alta fidelidade no sinal do áudio em toda sua

banda (20Hz ~ 20KHz), e devido às limitações na programação, foi adotado uma taxa de

amostragem de 8KHz, seguindo o teorema de Nyquist, onde será possível amostrar sinais

analógicos com fidelidade de até 4KHz.

Pelo teorema de Nyquist temos que satisfazer a equação (1):

(1) Fs > 2*B

Page 30: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

21

Onde:

Fs = Frequência de amostragem em Hz

B = Largura de banda em Hz

Então que nossa largura de banda que pode ser definida pela equação (2), que será de:

Fs = 8KHz

(2)

Com base nisso é possível definir que frequências até 4KHz serão reproduzidas, acima

disso, no caso frequências superiores a 4KHz, sofreram deformações e antialissign. Também é

possível definir a taxa de transmissão em bits da nossa conversão pela equação (3) que será:

(3)

Onde:

Tb = Taxa de transmissão em bps

Nb = Número de bits

Fs = Frequência de amostragem em Hz

Temos:

Sabendo a taxa de transmissão mínima agora, já é possível enviar pelo módulo

NRF24L01, pois o mesmo pode ser configurado para transmitir até 2Mbps. Quantos aos níveis

de quantização, por ser um conversor de 12 bits, é possível achar os níveis e suas amplitudes

pela equação (4).

2Nb = 212 bits = 4096 Níveis (4)

No conversor A/D do microcontrolador utilizado, é possível referenciar a faixa de

conversão que, internamente via firmware, é possível setar dois pinos para que seja realizada a

B < 8KHz

2 :: B < 4KHz

Tb = Nb*Fs

Tb = 12bits*8KHz = 96.000 bits/segundo

Page 31: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

22

referência (figura 16). No projeto utilizou-se a referência Vrefa- no GND do kit e a referência

Vrefa+ no Vcc, onde temos a tensão da alimentação do chip que é 3.3Volts.

Figura 16 – Diagrama dos pinos de referência do AD

Fonte: Datasheet TM4C123GH6PM

Para definir a amplitude de cada código quantizado foi realizado o seguinte cálculo pela

equação (5):

Volts por código do AD = (Vrefa+ - Vrefa-) / 4096 (5)

Temos:

Vrefa+ = Vcc = 3.3 Volts

Vrefa- = GND = 0 Volts

3.3 / 4096 = 805.66 uV / código

Na figura 17 é possível observar a faixa de amostragem, em relação às suas tensões de

referência, sendo:

VREFN = Vrefa-

VREFP = Vrefa+

Page 32: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

23

Figura 17 - Faixa de amostragem

Fonte: Datasheet TM4C123GH6PM

Após a conversão do A/D o valor lido é gravado em um buffer, assim se segue por

mais duas conversões com os três buffers, quando preenchidos, são transferidos e alocados no

buffer do módulo NRF24L01 para ser realizada a transmissão (figura 18). Esse método foi

adotado devido á latência do módulo NRF24L01, que será detalhado mais à frente. Caso

ocorresse a transmissão do dado lido pelo conversor A/D, a cada nova conversão haveria um

delay muito grande na reconstrução do sinal, pois o tempo gasto a cada transmissão de dado é

de, no mínimo, 130uS, com isso foi adotado o método de gravação e armazenamento em buffer

e realizada a transmissão de mais dados, diminuindo o delay em cada dado.

Figura 18 - Diagrama esquemático de amostragem e envio ao buffer TX

Amostragem0: 0xXXXX 0xXXXXYYYYZZZZ

Amostragem1: 0xYYYY

Amostragem2: 0xZZZZ

Buffer do TX Amostragens do AD

Page 33: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

24

Para que a amostragem ocorresse a cada 125uS (8.000Hz), foi configurado o timer do

microcontrolador. Dessa forma, em cada estouro do timer a cada 125uS a função de conversão

é realizada e o valor lido é armazenado. Garantindo a taxa de amostragem e a frequência de

amostragem em 8KHz, configurou-se o timer para gerar uma interrupção.

Abaixo na figura 19, é mostrado o fluxograma do programa do transmissor.

Figura 19 - Fluxograma do programa do TX

Configura o dispositivo

transmissor

Estouro

do timer?

((125uS

Inicio

Monitora e controla

quantas vezes o AD

fez conversão (MAIN)

Realiza a conversão

do AD

Grava o valor da conversão

no buffer e incrementa o

mesmo buffer(i++)

Limite do

buffer? (i=4)

(i=4)

i = 0

O AD realizou 3

conversões?

Agrupa os 3 buffers no

payload do modulo e

transmite o pacote

Não

Sim

Sim

Não

Não

Sim

Page 34: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

25

Para a transmissão, o mòdulo NRF24L01 possui um buffer de até 32 Bytes. O mesmo

trabalha com um protocolo próprio ShockBurst (figura 21). Este protocolo trabalha com uma

transmissão síncrona na qual se aguarda uma resposta do receptor ACK quando o mesmo recebe

o pacote, se isso não acontecer o módulo faz mais algumas tentativas até que se chegue a seu

limite máximo de retransmissões. Nesse último caso o protocolo indica que se esgotaram as

tentativas e o dado não pode ser entregue.

Todo o controle do módulo NRF24L01 é feito através do protocolo SPI através dos

seguintes pinos:

→ CE = Chip enable, responsável por ativar o modo RX ou o modo TX;

→ CSN = Chip select, este faz parte do protocolo SPI que seleciona o dispositivo;

→ SCK = Clock, este pino é responsável por receber o sincronismo do mestre

(Microcontrolador), clock configurado para operar em 250KHz;

→ MOSI = Master-Out Slave-In, responsável pelos envios dos dados do mestre para o escravo

NRF24L01;

→ MISO = Master-In Slave-Out, responsável pelos dados enviados pelo modulo NRF24L01;

→ IRQ = Pino responsável pela interrupção do módulo (não utilizado).

Figura 20 - Esquema ligação módulo NRF24L01 com o microcontrolador

VCC

MI

MO

CSN

CE

GND

3.3V

PB1

PB0

PE2

PE1

GND

TM4C123

NRF24L01

Page 35: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

26

Todos os comandos do módulo são definidos em dois tipos: escrita e leitura, o

comando de escrita, é feito enviando um Byte com o endereço do registrador a ser escrito que

são apenas 5 bits desse byte, e o bit 6, é o que indica se o comando é para escrita ou leitura,

após logo em seguida o valor a ser escrito deve ser enviado e, então, o módulo responde com

um byte do status do mesmo. Para leitura dos registradores basta deixar o bit 6 em nível lógico

“0” indicando que é um comando de escrita e o módulo responde com o byte do status do

módulo e com o valor do registrador lido. Sendo assim, para cada comando ao módulo, o

mesmo responde com o status do módulo.

Para a operação do módulo é preciso, primeiramente, realizar a configuração do

mesmo para informar ao módulo como será realizada a comunicação como, por exemplo, a taxa

de transmissão, frequência de operação (canal do modulo), potência de transmissão, endereço

do módulo, tempo para retransmissões, número máximo de retransmissões e configuração das

interrupções geradas pelo módulo. Isso é feito enviando os comandos de escrita para os

registradores de configurações sendo necessário ser realizado somente uma vez, após ele já está

pronto para operar.

Figura 21 - O protocolo ShockBurst

Fonte: Datasheet NORDIC NRF24L01+

O dado a ser transmitido/recebido fica armazenado no payload, que é possível enviar de

8 bits até 32 bytes de dados. Para este projeto foi adotado apenas com 6 bytes de dados já que

o conversor nos dá dados de 12 bits, onde os são acrescentados mais 4 bits mais significativos

que são zeros, o que leva a ter em um total de três conversões que gera um total de 6 bytes de

dados.

Quando a transmissão dos dados acontece, o módulo requer alguns passos necessários

para o envio da informação, isso pode ser mais detalhado na figura 22, que mostra com clareza

os tempos mínimos e máximos necessários para envio do pacote de dados.

Page 36: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

27

Figura 22 - Mapa de tempo do módulo NRF24L01

Fonte: Datasheet NORDIC NRF24L01

Como podemos observar, para um pacote de dados ser transmitido é necessário, após

o envio dos dados pela interface SPI, um pulso de no mínimo de 10uS e somente após 130uS

que esse pulso é dado é que o dado é enviado. Esse tempo de 130uS é encontrado na folha de

dados do módulo da Nordic NRF24L01 como sendo o Tstdby2a, que é um tempo necessário para

ocorrer uma sequência interna de comando do próprio módulo.

Quanto ao tempo Toa, que é o tempo no ar, esse tempo varia de acordo com as

configurações feitas e pode ser encontrado na equação (6):

(6)

Page 37: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

28

3.2 RECEPTOR

O receptor possui o mesmo sistema de configuração para o módulo sem fio já que

ambos devem possuir o mesmo canal e configurações de comunicação com o microcontrolador,

porém o receptor é o responsável pela coleta dos dados e conversão D/A. Quando os dados são

recebidos pelo receptor são armazenadas as três amostragens recebidas. Abaixo na figura 23, é

possível entender melhor o que foi definido.

Figura 23 - Diagrama esquemático dos buffers

0xXXXXYYYYZZZZ buffer0: 0xXXXX

buffer1: 0xYYYY

buffer2: 0xZZZZ

Então é identificado a primeira amostragem do pacote recebido e logo em seguida é

disparado o timer do microcontrolador do receptor que é programado para gerar um interrupção

a cada 125uS (8KHz). Esse ponto do projeto é muito importante, pois se esse timer não estiver

programado perfeitamente o sinal a ser reconstruído pelo D/A não vai corresponder ao sinal

amostrado pelo transmissor, assim cada interrupção do timer coleta o primeiro dado do buffer,

envia pela interface I2C o dado a ser convertido para analógico, após o término do envio do

dado, a função de interrupção sai da sua função e volta ao programa main onde verifica se foi

recebido mais algum dado, se não recebeu mais nenhum dado ele fica aguardando chegar mais

algum dado pelo receptor ou o estouro do timer, que por sua vez verifica o próximo dado do

buffer e assim sucessivamente. Após o programa chegar no limite do buffer do

microcontrolador, o microcontrolador começa a alocar no primeiro endereço do buffer

novamente que é descrito o fluxograma do programa na figura 24.

Buffer do RX Buffer de amostragens do TM4C

Page 38: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

29

Figura 24 - fluxograma do programa do receptor

Quando ocorre a interrupção do timer, o valor do buffer correspondente é enviado para

a função de comunicação do conversor D/A através da interface I2C, que por sua vez com o

módulo MCP4725, verifica o dado e converte para analógico. Devido a características do

módulo D/A e a simplicidade do código, a latência do receptor é bem menor se comparado com

Configura o

dispositivo receptor

Estouro

do timer?

((125uS

Inicio

Realiza leitura do

buffer do RX (MAIN)

Realiza leitura do

buffer do RX

(buffer[i])

Incrementa o buffer

(i++)

Envia o buffer lido ao

modulo conversor DA

através da interface

I2C

Limite do

buffer? (i=4) i = 0

Buffer do

RX cheio?

((125uS

Grava dados nos

buffers do TM4C

Não

Sim

Sim

Não

Não

Sim

Page 39: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

30

o transmissor, o que acarreta em um delay em relação ao sinal transmitido e o recebido como

já era de ser esperado, devido às instruções do protocolo I2C.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os protótipos foram realizados no próprio kit que a empresa Texas Instruments

fornece, com o microcontrolador ARM Cortex-M4, para que houvesse uma maior

confiabilidade de comunicação entre o microcontrolador e o módulo sem fio. Fora projetada

uma placa de circuito impresso em forma de soquete e com trilhas bem próximas ao chip para

que evitasse ao máximo qualquer interferência externa.

Na figura 25, é possível observar o kit já com a placa de circuito impresso fixada para

a comunicação direta com o módulo NRF24L01.

Figura 25 - Protótipo do transmissor

Page 40: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

31

Na placa foram adicionados alguns pinos para que fosse possivel a colocação das

ponteiras do osciloscópio para os testes, facilitando na leitura dos tempos dos sinais gerados e

para poder analisar o canal serial.

Na figura 26, são mostrados os pulsos gerados pela interface SPI para a configuração

do módulo NRF24L01. Isso foi possivel realizando o trigger do osciloscópio no momento da

lidação do kit. Como essa configuração só é realizada apenas uma vez, somente assim é possivel

observar esses pulsos.

Figura 26 - Protótipo, análise interface SPI do transmissor

Com o transmissor em funcionamento, foi possível observar o mapa de tempo da

transmissão, o que pode ser observado na figura 27, onde no canal 1 (amarelo) é apresentado o

clock gerado pelo mestre (microcontrolador) para a interface SPI. É possivel observar também

que quando o clock é gerado o mestre envia junto um comando de escrita no registrador (canal

2 em verde do osciloscópio) do módulo NRF24L01 e, em sequencia, o comando a ser feito.

Page 41: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

32

Esse comando serve para verificar o status do NRF24L01 e o outro comando serve para limpar

o buffer do TX antes de carregá-lo com um novo valor. Já o canal 3 (azul) é o sinal do csn. Esse

deve estar sempre em nível lógico zero quando for escrever e enviar um comando ao

NRF24L01. No canal 4 em vermelho é o sinal ce. Esse sinal é mantido em nível lógico zero e,

quando é ativado por um intervalo de no minimo 10uS, ele faz com que o módulo NRF24L01

transmita a informação. Então, basicamente o que é mostrado na figura 27 é a configuração do

módulo, carregamento do buffer do TX e pulso de habilitação da transmissão.

Figura 27 - Mapa de tempo do transmissor

Para garantir a transmissão foi programado no microcontrolador um tempo de

aproximadamente 21uS no pulso do pino ce.

Na figura 28, o mapa de tempos mostra outra função do NRF24L01 que é a chamada da

interupção, mostrado pelo canal 4 do osciloscópio (em vermelho), ela permanece em nível

lógico um toda vez que o buffer estiver vazio ou que o pacote não tenha sido enviado. Quando

ela muda de estado, isto é, quando esse sinal vai a nível lógico zero, isso indica que o módulo

já completou a transmissão do pacote e já está pronto para que seja gravado um novo dado no

buffer do tx.

CLOCK

Dado enviado

CE

Page 42: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

33

Figura 28 - Mapa de tempo de transmissão

Na figura 29, é demonstrado o tempo do receptor para detectar o dado enviado pelo

transmissor. Isso é possivel identificar, pois no canal 4 em vermelho mostra quando o módulo

é habilitado (nível lógico alto), e no canal 3 em azul é o nível da interrupção do receptor, que

quando lido o dado do TX é mudado de estado e fica em nível lógico zero até que seja feito a

limpeza e reset do status do módulo NRF24L01

CLOCK

CE

Interrupçã

o

Page 43: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

34

Figura 29 - Mapa de tempo da recepção

Para melhor desenvolvimento do projeto e entendimento ao longo do mesmo, alguns

tempos foram exageradamente aumentados a fim de poder entender com maior clareza os níveis

lógicos gerados pelo modulo.

Como o objetivo do projeto é manter também a menor latência possível, entre envios de dados,

foi desabilitado via software o ACK, que é o dado que o receptor envia ao transmissor avisando

que o dado chegou, se essa função estiver habilitada, o modulo mais que dobra sua latência

dependendo se o dado estiver com erro ou não.

Para remover a função ACK do modulo que por default vem com ele habilitado, tem

que se primeiro, nas configurações do modulo, avisar ao NRF24L01 via um comando pela

interface SPI, para desativar o ACK no pipe0 do modulo e escrever o dado a ser enviado em

um registrador especifico, chamado de w_tx_payload_noack, somente seguindo esses passos é

possível enviar uma informação sem a confirmação do ACK.

Outra característica para melhorar ainda mais o desempenho, em termos de latência,

foi enviar diretamente ao modulo a informação necessária, isto é, sem a utilização de

CLOCK

Interrupção de recebimento

CE

Page 44: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

35

bibliotecas, que por muitas vezes tendem de ser fácil implementação, porem muitas vezes

poucos objetivas, não aproveitando ao máximo o hardware do dispositivo, causando latência

devido ao número de instruções.

Uma boa solução para melhorar ainda mais o desempenho é a utilização de codecs,

que são conversores A/D e D/A específicos para áudio, além de possuir algumas funções

intrínsecas, como filtro passa alta, atenuadores e amplificadores especiais para áudio. Algumas

melhorias futuras são descritas no capítulo 6 desse trabalho.

Para os testes de interferência com outras tecnologias de modulações, foi programado

o transmissor para transmitir o mesmo dado e o receptor coletar e comparar esse dado, assim

foi sendo afastado o transmissor ao longo da sala de testes, até o ponto que o receptor não

pudesse mais interpretar os dados recebidos, com base nisso, a distância nos testes ficou em

torno de 40 metros com obstáculos.

Page 45: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

36

5 CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, o objetivo do projeto foi alcançado, visto que é

possível realizar a amostragem e fazer a transmissão e a recepção com os módulos com

modulação GFSK, embora, possua uma latência de cerca de aproximadamente 400uS entre a

amostragem pelo conversor A/D até a conversão D/A, esse delay consiste na soma da latência

de transmissão (140us) mais o tempo de conversão e leitura, e por se tratar ainda de módulos

cuja taxa de transmissão é razoável e microcontroladores de uso geral, o projeto teve um

desempenho regular, ainda é possível destacar que essa latência não é perceptível ao ouvido

humano, sendo ainda muito superior a equipamentos similares comerciais que temos no

mercado, que em média variam de 1mS a 1,5mS ou mais, que é o caso dos equipamentos com

protocolo via cabo EtherSound da Yamaha. Pelo fato de ser usado um microcontrolador que

não é de alta performance, não foi possível trabalhar com taxas de amostragens superiores a

8KHz devido a características do conversor A/D do mesmo, que é do tipo SAR, sendo o ideal

ser do tipo sigma-delta, esse tipo de conversor é especifico para uso de amostragens de sinais

de áudio, além de possuírem resoluções maiores e uma taxa de amostragem na ordem de até

500MSPS e também realiza a conversão do sinal analógico mais fiel, já o conversor do

microcontrolador utilizado é de apenas 12 bits, o que para qualidade de voz é aceitável.

Page 46: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

37

6 IMPLEMENTAÇÕES FUTURAS

6.1 CONVERSOR A/D

O conversor que melhor seria utilizado para converter o sinal analógico do sinal de

áudio para digital, é o circuito integrado CS5361 da Cirrus Logic, figura 30, este conversor é

especifico para conversão de sinais de áudio, por ser do tipo Sigma-Delta esse circuito integrado

possui em seu hardware interno um registrador onde o valor amostrado é guardado e lido

através de uma comunicação chamada I2S (Inter-IC Sound).

Figura 30 - Diagrama interno do CI CS5361

Fonte: Cirrus Logic – Datasheet

Page 47: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

38

6.2 COMUNICAÇÃO

Por se tratar de um conversor A/D especifico para áudio, sua comunicação é feita

através do protocolo chamado I2S (Inter-IC Sound), desenvolvido pela Philips em 1986 e em

1996 foi realizado algumas revisões no protocolo, este protocolo baseia em apenas três “fios”,

um chamado SD, onde é transmitido o dado serialmente, outro chamado WS, onde um nível

logico “0” zero identifica como canal esquerdo e nível logico “1” um indica canal direito e

outro chamado SCK que é o clock de sincronismo.

Figura 31 - Protocolo I2S

Fonte: NXP – Inter-IC Sound

O tamanho do pacote enviado em SD pode ser configurado em 16-bit, 24-bit ou 32-

bit, o CI CS5361 trabalha somente em 24-bit, impossibilitando a mudança do tamanho do

frame.

6.3 COMUNICAÇÃO SPI (SERIAL PERIPHERAL INTERFACE) VS I2S

(INTER IC-SOUND)

A SPI é um protocolo de transmissão de dados serias síncrono, muito utilizado entre

microcontroladores e periféricos, além de poder ser utilizado para outros fins de comunicação,

por exemplo, comunicação entre dois microcontroladores.

Page 48: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

39

“O SPI (Serial Peripheral Interface) foi originalmente desenvolvido pela Motorola nos

últimos anos do microcontrolador 80 para sua série 68000. Devido à simplicidade e

popularidade do barramento, muitos outros fabricantes adotaram o padrão ao longo

dos anos. Agora pode-se encontrar uma grande variedade de componentes usados no

projeto de sistemas embarcados. O barramento SPI é usado principalmente nos

microcontroladores e seus dispositivos periféricos imediatos. É comumente

encontrado em telefones celulares, PDAs e outros dispositivos móveis que

comunicam dados entre a CPU, teclado, tela e chips de memória. ” (BRAIAN

KONZGEN MACIEL, 2015)

Como o microcontrolador utilizado não possui hardware próprio para o protocolo I2S,

uma solução futura seria realizar a simulação do protocolo I2S através do protocolo SPI,

utilizando dois canais SPI do microcontrolador. Muito similar ao I2S o protocolo SPI trabalha

com três linhas de comunicação, onde o dispositivo Master ou Mestre é o que gera o Clock do

barramento, e o Escravo ou Slave é o que recebe o clock e recebe ou transmite o dado. Abaixo

segue diagrama desenvolvido para simular o protocolo I2S.

Figura 32 - Diagrama Dual SPI

Fonte: Elaborada pelo autor

Page 49: TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE SINAIS SEM FIO VIA MODULAÇÃO GFSK

40

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BRAIAN KONZGEN MACIEL, L. B. S. Y. Q. D. A. Barramento Serial I²C e SPI. ebah, 31

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