transiÇÃo demogrÁfica e a desigualdade entre as … · 2018-08-27 · ... demógrafos e demais...
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TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E A DESIGUALDADE ENTRE AS NAÇÕES
Resumo
Uma das maiores preocupações dos economistas, demógrafos e demais cientistas
sociais, depois da Segunda Grande Guerra Mundial, era a aceleração do
crescimento da população dos países considerados menos desenvolvidos.
Atualmente, a preocupação dos cientistas sociais não é mais com a explosão
demográfica, mas com as consequências do baixo crescimento populacional sobre a
estrutura etária, especialmente sobre o envelhecimento da população. O objetivo
desse artigo é mostrar as desigualdades entre as nações na transição demográfica a
partir de um amplo conjunto de variáveis para 200 países com dados disponíveis no
Prospect, 2017, da Divisão de População das Nações Unidas, para o período 1950 a
2060. Além da análise dessas variáveis, apresentamos um Índice de Transição
Demográfica criado a partir de Análise de Componentes Principais de modo a
permitir uma análise intertemporal da evolução da transição entre diversos países.
Os resultados evidenciam a desigualdade na transição demográfica entre as nações,
com as suas variadas consequências, o que implica potencial de aumento na
desigualdade social e econômica entre elas.
1
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E A DESIGUALDADE ENTRE AS NAÇÕES
Introdução
Uma das maiores preocupações dos economistas, demógrafos e demais cientistas
sociais, depois da Segunda Grande Guerra Mundial, era a aceleração do
crescimento da população dos países considerados menos desenvolvidos. Os dados
da Organização das Nações Unidas, para a época, colaboravam para isso. Logo
após a guerra, os países menos desenvolvidos contribuíam com quase 80% do
crescimento da população mundial e chegariam ao final do século passado com uma
contribuição de 95%.
Esses dados merecem algumas observações. A primeira é a própria definição, que é
mais geográfica do que econômica. Os mais desenvolvidos eram os países da
Europa, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia e Japão. Os menos
desenvolvidos eram os da África, Ásia (exceto Japão), América Latina e Caribe, e os
da Oceania (menos Austrália e Nova Zelândia). Apesar de que, deve-se considerar
que havia, nessa época, uma forte coincidência entre a geografia e a economia que,
de certo modo, ainda persiste até hoje. Outra observação é que o grande peso
populacional dos menos desenvolvidos era os países asiáticos, muito
especialmente, a China e a Índia. No final do século passado a Ásia representava
60% da população mundial, sendo que 63% eram chineses e indianos.
Finalmente, a observação mais relevante é que a polêmica entre os cientistas
sociais sobre a possibilidade ou não de uma explosão demográfica, com todas as
conotações politicas e ideológicas que este confronto envolvia, impediu que os
grupos que se digladiavam observassem que a situação demográfica mundial já
iniciava transformações fundamentais. Nos anos sessenta do século passado,
segundo a mesma fonte, as Nações Unidas, a população dos países menos
desenvolvidos alcançava o seu ritmo mais acelerado de crescimento no pós-guerra,
2,4 % ao ano, mas encerraria o século com uma velocidade bem inferior, 1,7%. Os
países mais desenvolvidos, desde o início da série de dados, 1950, já apresentavam
uma tendência a redução das suas taxas de crescimento em direção a valores
negativos.
2
FONTE: UNITED NATIONS, DESA, POPULATION DIVISION, PROSPECTS, 2017.
Contudo, a desaceleração do ritmo de crescimento da população dos países menos
desenvolvidos não significava que os seus acréscimos decenais, em termos
absolutos, fossem, de imediato, decrescentes. Pelo contrário, entre os anos oitenta
do século passado e a atual década deste século, os seus incrementos absolutos
decenais têm se mantido no patamar mais alto de toda a sua história (Gráfico 1).
Como resultado, a população mundial passou de 3,7 bilhões de habitantes, em
1970, para 7,8 bilhões em 2020, segundo as estimativas da ONU, mais do que
duplicando o seu tamanho.
Esses números poderiam até mesmo somar mais cientistas sociais ao rol dos
“pessimistas”, quanto às possíveis consequências do tamanho da população
mundial. Contudo, acompanhando as projeções do seu crescimento, eles
começavam a perder, substancialmente, os seus argumentos. Não só o ritmo de
crescimento começava a decair continuamente, assim como os incrementos
absolutos, após os anos 20 deste século, iniciariam o mesmo itinerário.
-100.000
0
100.000
200.000
300.000
400.000
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1950/60
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1991/2000
2000/10
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2020/30
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2040/50
2050/60
GRÁFICO 1,INCREMENTO DECENAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL SEGUNDO AS REGIÕES MAIS E MENOS DESENVOLVIDAS, 1950-2060
More developed regions Less developed regions
3
. FONTE: UNITED NATIONS, DESA, POPULATION DIVISION, PROSPECTS, 2017.
O grande fator que determinava essas mudanças na população mundial era o
declínio das suas taxas de crescimento natural, após os anos sessenta do século
passado. Estava-se diante de um dos fenômenos estruturais mais importantes do
mundo contemporâneo: a chamada segunda fase da transição demográfica. Até os
anos sessenta do século passado, as taxas brutas de natalidade mantinham-se com
valores muito alto e praticamente estável, enquanto as taxas brutas de mortalidade
já se reduziam acentuadamente (Gráfico 2). Como consequência, acelerava-se o
crescimento da população mundial. São os últimos momentos da chamada primeira
fase da transição demográfica, que se caracteriza pela coexistência de taxas de
natalidade altas e estáveis com a mortalidade em queda acentuada. Depois dos
anos sessenta a natalidade começa a declinar mais aceleradamente o que,
combinada com a redução da mortalidade, levaria, inevitavelmente, à diminuição do
crescimento da população mundial. É a segunda fase da transição demográfica.
Atualmente, a preocupação dos cientistas sociais, muito especialmente dos
demógrafos e economistas, não é mais com a explosão demográfica, mas com as
0,0
5,0
10,0
15,0
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25,0
30,0
35,0
40,0
19
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- 19
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55
- 20
60
GRÁFICO 2,POPULAÇÃO MUNDIAL, TAXAS
BRUTAS DE NATALIDADE, MORTALIDADE E
CRESCIMENTO NATURAL, 1950-2060
(POR MIL)
TBN TBM TCN
4
consequências do baixo crescimento populacional sobre a estrutura etária,
especialmente sobre o envelhecimento da população. Antes, os “profetas da
explosão demográfica” viam o planeta à beira da catástrofe causada pelos impactos
do crescimento populacional. Agora, surgem novos profetas trazendo consigo nova
profecia: o mundo caminha para o colapso devido às consequências do
envelhecimento populacional.
A própria história deixou nos seus escaninhos envelhecidos as teorias malthusianas
sobre o crescimento geométrico da população. Contudo, nenhuma reflexão teórica
poderia duvidar da exuberância do crescimento populacional do planeta, ainda mais
quando se ultrapassam as lições estritamente demográficas e debruça-se sobre as
questões da urbanização e da metropolização ou sobre os problemas relativos ao
meio ambiente. Mas, também, não há evidências empíricas que justifiquem, nos dias
de hoje, que o crescimento da população seria determinante fundamental para
compreendermos se um país cresce economicamente e socialmente ou se o seu
desenvolvimento é mais sustentável ou não.
Os cientistas sociais consideram, com razão, que a transição demográfica é um dos
problemas estruturais mais importantes da história moderna. Porém, o grande
problema atual é a coexistência no mundo contemporâneo de países em fases
distintas da transição demográfica, o que tem sido fundamental tanto para o
crescimento como para a distribuição da população mundial. A análise deste
fenômeno é o grande objetivo deste artigo.
Tabela 1
FONTE: UNITED NATIONS, DESA, POPULATION DIVISION, PROSPECTS, 2017.
Considerando, a princípio, como indicador do estágio da transição demográfica a
taxa de crescimento natural da população, pode-se calcular os seus valores, ou seja,
QUARTIL ÁFRICA ÁSIA A. LATINA OCEANIA A.NORTE EUROPA TOTAL
1º QUARTIL (38,3 - 20,7) 42 6 0 2 0 0 50
2º QUARTIL (20,6 - 11,6) 8 21 16 5 0 0 50
3º QUARTIL (11,5 - 3,3) 4 19 16 6 1 4 50
4º QUARTIL (3,2 - -6,0) 1 5 7 0 1 36 50
TOTAL 55 51 39 13 2 40 200
TABELA, PAÍSES SEGUNDO O SEU CRESCIMENTO NATURAL, DIVIDIDO
EM QUARTIS, E AS GRANDE REGIÕES DO PLANETA, 2020 (POR MIL)
5
os quartis que dividem os países em quatro grandes grupos iguais (Tabela 1). O
continuo de valores é de grande amplitude: o maior, 38,3 nascidos vivos por mil
habitantes, e o menor, - 6,0, que ocorre em países com taxa bruta de mortalidade
maior do que a de natalidade. São quatro grupos de países em etapas muito
distintas da transição demográfica
O primeiro grupo, o mais atrasado na transição demográfica, é constituído,
fundamentalmente de países africanos. Soma-se a eles, os asiáticos, Timor Lestes,
Estado da Palestina, Iraque, Afeganistão, Iémen e Tajiquistão. Os dois
intermediários tem a predominância dos asiáticos e latino-americanos. O grupo em
estágio mais avançado da transição demográfica é basicamente composto de países
europeus. Nele também encontramos o Canadá, Cuba e algumas ilhas caribenhas, e
os países asiáticos, Coréia, Japão, Tailândia e Geórgia. Encontra-se, também, uma
ilha da África Oriental, Mauritius, com apenas 1,3 milhões de habitantes em 2020.
Essas diferenças entre as grandes regiões, de acordo com a sua fase na transição
demográfica, tem trazido consequências decisivas para a distribuição espacial e o
crescimento da população mundial. Neste mais de um século que os dados cobrem,
em nenhum momento do passado, ou nas projeções, a população asiática deixou de
representar mais de 50% da população mundial (Gráfico 3). E, no período de maior
incremento demográfico dos países mais pobres, entre 1980 e 2020, como
mencionado, residiam na Ásia 60% da população mundial, com a predominância de
chineses e indianos. Mesmo com a grande maioria dos países asiáticos em fase
intermediária da transição demográfica, como a China, ou na fase avançada, como o
Japão ou Coréia, eles ainda representariam, pelo menos até 2060, a mais da
metade da população mundial.
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FONTE: UNITED NATIONS, DESA, POPULATION DIVISION, PROSPECTS, 2017.
Duas outras regiões chamam a atenção em função de fases opostas na transição
demográfica. A Europa, a região mais avançada, em 1950 ainda tinha mais de 20%
da população mundial, mas a tendência, já que muitos dos seus países tem tido uma
diminuição em termos absolutos da sua população, é que chegaria à 2060 com 7%.
A África, a região mais atrasada na transição demográfica, ainda com taxas
elevadas de crescimento natural da população, que em 1950 tinha apenas 9% da
população mundial, atualmente tem 17,35 e alcançaria 30% em 2060. As outras
regiões têm atualmente um peso demográfico menor e tenderiam a estabilizar a sua
participação no total da população mundial, como a América Latina e Caribe, com
aproximadamente 8%, e a América do Norte, com cerca de 5%.
-
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
6.000.000
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060
GRÁFICO 3, POPULAÇÃO MUNDIAL SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES, 1950-2060 ( em mil)
AFRICA ÁSIA EUROPA AMÉR. LATeCARIB AMÉRICA NORTE OCEANIA
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FONTE: UNITED NATIONS, DESA, POPULATION DIVISION, PROSPECTS, 2017.
Apesar da tendência de mais da metade da população mundial permanecer na Ásia,
a partir dos anos 20 deste século, viria da África a maior contribuição para o seu
crescimento, ultrapassando a contribuição asiática. A tendência seria que no final do
período analisado, segundo as projeções das Nações Unidas, quase a totalidade do
seu crescimento, 97%, seria proveniente da África. A metade deste notável
crescimento africano seria originaria de apenas seis países: Etiópia, Kenya, Uganda,
Tanzânia, Nigéria e República Democrática do Congo, todos eles no grupo mais
atrasado da transição demográfica.
Para que os objetivos deste artigo sejam alcançados, ou seja, mostrar as
desigualdades entre as nações na transição demográfica, seria importante mensura-
la através de um conjunto de mais amplo de variáveis. Para 200 países com dados
disponíveis no Prospect, 2017, da Divisão de População das Nações Unidas, foram
construídos os seguintes indicadores para o período 1950 a 2060.
a) Proporção da população com 65 anos e mais
-100.000
-
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
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GRÁFICO 4 , POPULAÇÃO MUNDIAL, INCREMENTO DECENAL SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES, 1950-2060
(EM MIL)
AFRICA ÁSIA EUROPA AMÉR. LATeCARIB AMÉRICA NORTE OCEANIA
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b) Razão de dependência dos jovens, ou seja, a relação entre a população de o
a 14 anos sobre a de 15 a 64 anos
c) Razão de dependência dos idosos, isto é, a relação entre a população de 65
anos e mais sobre a de 15 a 64 anos
d) Capacidade de suporte que é o inverso da razão de dependência dos idosos,
ou seja, a relação entre a população de 65 anos e mais e a de 15 a 64 anos
e) Índice de envelhecimento, ou seja, a relação entre a população de 64 anos e
mais e a de 0 a 14 anos
f) Idade mediana, aquela que divide a população do país na sua metade
g) Esperança de vida ao nascer que é a idade média a ser vivida por uma
criança nascida viva, dada as condições de mortalidade no país
Para avançar ainda mais na mensuração do estagio da transição demográfica em
que se situa cada uma das nações, além da análise dos indicadores mencionados
nas suas respectivas evoluções temporais, foi construído, a partir deles, um índice
sintético da transição demográfica. Para este fim foi utilizada a Análise de
Componentes Principais (ACP), levando em conta os dados dos sete indicadores
listados anteriormente referentes aos anos de 1950, 1980,2010, 2040 e 2060.
Tem-se assim um conjunto de 35 variáveis, ou seja, informações para sete
indicadores, em 5 períodos de tempo, para 200 países. Foi então utilizada ACP com
o objetivo de gerar novos atributos que combinem a informação contida em cada
uma dessas variáveis em um índice sintético de transição demográfica. Uma das
vantagens do uso desta técnica está no fato de que não é necessária a definição
prévia de um tipo de distribuição probabilística ou relações de causalidade. Para
permitir a comparação intertemporal dos resultados, as informações referentes aos 5
períodos de tempo considerados foram empilhadas, resultando em uma matriz de
dados de 1000 linhas e 7 colunas.
O método das componentes principais encontra combinações lineares de p variáveis
X1, X2,...,Xp, nesse caso, as 7 variáveis ou indicadores organizadas de modo
empilhado para os 5 períodos de tempo considerados, produzindo componentes Z1,
Z2,...,Zp ortogonais não correlacionados (MANLY, 1986). Cada um destes
componentes explica determinado percentual da variância do sistema, em ordem
9
decrescente, ou seja, o primeiro componente explica um percentual maior que o
segundo, que por sua vez explica um percentual maior que o terceiro, e segue-se
assim até o componente Zp,, de modo que o somatório dos percentuais de variância
explicados por todos os componentes seja igual 100%.
O cálculo da ACP foi realizado no software R a partir do pacote stats (R CORE
TEAM, 2017) e os gráficos aqui apresentados foram gerados pelo pacote ggbiplot
(VU, 2011).
O primeiro Componente Principal criado a partir da combinação das sete variáveis
originais para o período compreendendo de 1950 a 2060, responde por 81,4% da
variância do sistema original (Tabela 2). Ou seja, esse Componente Principal
carrega consigo a maior parte da informação contida nas variáveis originais, ou seja,
81,4%, e é construído a partir de pesos similares para os sete indicadores ou
variáveis (Tabela 3).
Tabela 2 – VARIÂNCIA DOS COMPONENTES PRINCIPAIS
Comp1 Comp2 Comp3 Comp4 Comp5 Comp6 Comp7
Desvio-padrão 2.387 0.761 0.672 0.494 0.133 0.105 0.037
Proporção da variância 0.814 0.083 0.065 0.035 0.003 0.002 0.000
Variância acumulada 0.814 0.896 0.961 0.996 0.998 1.000 1.000
Tabela 3 – CARGA DAS VARIÁVEIS ORIGINAIS NOS PRIMEIROS COMPONENTES PRINCIPAIS
Envelhecimento Esperança Idade_med Pop_65+ RDI RDJ Suporte
Comp1 0.3958 0.3439 0.4108 0.4075 0.3961 -0.3587 -0.3237
Comp2 0.3900 -0.5580 -0.0320 0.2938 0.4040 0.5177 0.1341
Como esperado, as variáveis índice de envelhecimento, esperança de vida, idade
mediana, % da população com 65 anos ou mais e RDI apresentam sinais positivos
10
na construção do componente, indicando correlação positiva com o mesmo. Já RDJ
e capacidade de suporte apresentam sinais negativos, indicando correlação negativa
com o componente, ou seja, quanto mais avançada a fase da transição demográfica
menores os valores da razão de dependência dos jovens e da capacidade de
suporte. Assim sendo, considerando a representatividade da variância original e os
pesos atribuídos pela ACP às variáveis que o originam, podemos considerar o
componente 1(um) como um indicador sintético de transição demográfica ou o Índice
de Transição Demográfica ou ITD. Em função da metodologia utilizada na
construção deste índice, ele tem média zero e varia num intervalo de -5,07 a 6,44.
Os resultados da Análise de Componentes Principais estão na Figura 1. Cada país é
representado por um ponto, colorido de acordo com seu continente de localização e
ano de análise. A figura apresenta ainda como setas a direção do peso de cada uma
das variáveis originais combinadas nos componentes 1 e 2 da ACP, lembrando que
o componente 1(um) é justamente o que aqui chamamos de ITD.
A análise da figura pode ser feita conforme seus quadrantes definidos pela
intersecção dos eixos 0,0 dos dois componentes. Os quadrantes um e quatro, à
direita da figura, contêm os pontos que apresentam maiores níveis de
envelhecimento, RDI, % da população com 65 anos ou mais, idade mediana e
esperança de vida. É possível distinguir o quadrante um como sendo aquele com os
países com os maiores indicadores de envelhecimento (exceto idade mediana) e o
quatro com maior esperança de vida. Vale apena mencionar que a idade mediana e
a esperança de vida são fortemente relacionadas com os outros índices de
envelhecimento, apesar de terem um espectro de variação menor. Deve-se
observar, também, que essas duas variáveis aparecem com uma carga levemente
negativa no componente dois, no caso da idade mediana, e mais acentuadamente
negativa no caso da esperança de vida, o que orienta as suas setas na direção do
quadrante quatro. Pode-se levantar a hipótese que as duas variáveis são mais
afetadas na nos primeiros momentos da transição em função da queda acentuada
da mortalidade, em especial a esperança de vida. Já a idade mediana é também
função da queda da mortalidade, mas, também das mudanças na estrutura etária.
Por sua vez, o quadrante três, à esquerda da figura, contém os pontos com maiores
RDJ e capacidade de suporte, o que é consistente, pois são aqueles países com
11
maiores índices de envelhecimento os que tem as menores razão de dependência
dos jovens e capacidade de suporte.
Figura 1 – Scoreplot do Índice de Transição Demográfica, por continentes e período de tempo
O formato em “u” da curva de distribuição dos países é bastante revelador. Há que
se ressaltar a forte concentração de pontos claros, representativos de décadas
iniciais da série da série de dados, no quadrante dois e de pontos escuros (décadas
finais da série) nos quadrantes um e quatro, referentes às décadas finais da série,
indicando a evolução esperada, no tempo, da transição demográfica. Todavia, é
interessante notar a forte concentração de pontos azuis, representativos de países
da África, tanto claros, ou seja, das décadas iniciais, quanto escuros, das décadas
finais, nos quadrantes que representam os estágios iniciais do processo de
envelhecimento da população, indicando a baixa velocidade da transição nesse
continente. Já no quadrante um, onde estão os países no estágio mais avançado da
transição, é forte a concentração das cores roxo, verde e vermelho, representativas
de nações da Europa, Ásia e América, respectivamente.
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Suporte
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Esperança
Pop_65+
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0
1
2
−5.0 −2.5 0.0 2.5 5.0
PC1 (81.4% explained var.)
PC
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8.3
% e
xp
lain
ed
va
r.)
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Africa_1980
Africa_2010
Africa_2040
Africa_2060
America_1950
America_1980
America_2010
America_2040
America_2060
Asia_1950
Asia_1980
Asia_2010
Asia_2040
Asia_2060
Europa_1950
Europa_1980
Europa_2010
Europa_2040
Europa_2060
Oceania_1950
Oceania_1980
Oceania_2010
Oceania_2040
Oceania_2060
12
Figura 2 – Evolução temporal do Índice de Transição Demográfica por continente
Visando permitir melhor comparação da evolução, entre os continentes, do Índice de
Transição Demográfica (ITD), a Figura 2 apresenta a evolução temporal de cada um
deles, destacando os Estados Unidos e Canadá (Norte da América) em relação ao
restante da América. Os resultados mostram os maiores valores para a média dos
países europeus, o que seria esperado, dado que a transição demográfica se iniciou,
já no final do século XIX, no Velho Continente. É notável a velocidade da transição
na Ásia e América Latina, que partiram de pontos similares em 1950 e têm projeção
de caminharem em conjunto até 2040, quando ocorreria uma desaceleração maior
dos países asiáticos, provavelmente em função do maior peso demográfico da Índia.
Cabe ainda ressaltar que, segundo as previsões para 2060, a América Latina
atingiria estágios de transição demográfica similares aos do Canadá e Estados
Unidos (Norte da América). Os resultados apontam ainda para o tardio início do
processo de transição demográfica no continente africano, além da já ressaltada
baixa velocidade da evolução do ITD na África, onde se prevê, em 2060, valores
ainda inferiores aos obtidos para Europa, Oceania e Norte da América em 1950. Ou
13
seja, segundo as projeções para 2060, o gap temporal de transição demográfica
entre esses continentes supera 110 anos.
Figura 3 – Evolução temporal do ITD em países selecionados
Considerando a escala de análise para o nível dos países, é possível perceber a
enorme disparidade entre os diferentes estágios e a velocidade da transição
demográfica no período de análise. A Figura 3 apresenta a evolução do ITD para 23
países selecionados entre os cinco continentes, evidenciando não apenas o estágio
diferenciado em que se encontravam alguns países europeus na década de 50,
como a velocidade com que os mesmos são ultrapassados por países da África e
-3.5
-2.5
-1.5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
4.5
5.5
6.5
1950 1980 2010 2040 2060
Argentina Australia Brazil Bulgaria Canada
Chile China Cuba Germany India
Ireland Japan Kenya Namibia Netherlands
Philippines Senegal South Africa Spain United Kingdom
United States of America
U. K.Germany
IrelandAustralia/USA
NetherlandsCanada/Spain
Bulgaria
ArgentinaJapanCuba
Chile / ChinaSouth Africa
Namib / PhilpiKenya
Brazil / IndiaSenegal
Japan
Spain
CubaGermanyChinaBulgariaNetherlandsChile/BrazilCanadaU.K.IrelandAustraliaUnited States
Argentina
India
South Africa
Philipines
NamibiaKenya
Senegal
14
América no intervalo de um século e o diferencial de transição demográfica entre
eles em 2060. A figura indica ainda o quão atrasada é a transição demográfica nos
países africanos selecionados.
Figura 4 – Evolução temporal do ITD em países selecionados da Ásia
Olhando com maior atenção para a transição demográfica asiática (Figura 4) é
possível perceber a grande velocidade da transição na Coreia do Sul, que partiu de
níveis inferiores à média do continente em 1950 e ultrapassaria o Japão em 2060,
atingindo o maior valor de ITD dentre todos os 201 países analisados. Os valores,
em 2060, para Coreia e Japão seriam de 6,44 e 6,22, respectivamente, bem
superiores à média europeia de 4,4. Os resultados indicam ainda que a transição
demográfica da Índia é bem representativa dos demais países do continente não
representados na figura, que possuem transição bem menos acelerada que a China,
Japão e Coréia.
Visando entender com maior nível de detalhamento a transição demográfica nos
continentes, a ACP foi recalculada usando sub-amostras contendo apenas com os
países de cada continente. Nesses casos, não é possível a comparação
15
intercontinental, pois o peso das variáveis originais difere segundo as características
das correlações entre os dados de cada continente. O objetivo, então, é comparar a
evolução intertemporal da transição demográfica, ou do envelhecimento
populacional, entre os países de um mesmo continente.
Figura 5 – Scoreplot do Índice de Transição Demográfica da América, por período de tempo
A Figura 5 apresenta os resultados da Análise de Componentes Principais
considerando apenas os países da América em seu conjunto, destacando alguns
deles como o Brasil. Nesse caso, o ITD-América representa 87% da variância das
variáveis usadas em sua composição. O padrão apresentado pela distribuição dos
valores dos diferentes países americanos, uma curva em “U”, é bem similar ao geral
para todos os continentes. Há que se ressaltar a posição relativa entre os países.
Brasil e México apresentavam, em 2010, ITD similar ao de EUA e Canadá em 1950.
A projeção para 2060 é que México já teria alcançado os EUA, porém, ambos
estariam com níveis de ITD significativamente inferiores ao de Brasil e Canadá, o
que ilustra a relativa desaceleração do ITD dos EUA e a grande velocidade da
transição demográfica brasileira.
No Índice de Transição Demográfico da Ásia, que representa 75,6% da variância
original, o indicador de capacidade de suporte tem menor peso relativo. Boa parte
dos países tem uma capacidade de suporte muito acima da média do continente,
gerando um ITD diferenciado para o continente. É interessante notar ao centro da
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RDI
Suporte
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Esperança
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Canada.1950
Mexico.1950
USA.1950
Brazil.1980
Canada.1980
Mexico.1980
USA.1980
Brazil.2010
Canada.2010Mexico.2010
USA.2010
Brazil.2040
Canada.2040
Mexico.2040
USA.2040
Brazil.2060
Canada.2060
Mexico.2060USA.2060
Brazil.1950
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Mexico.1950
USA.1950
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Mexico.2060USA.2060
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Mexico.2060USA.2060
Brazil.1950
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Mexico.1950
USA.1950
Brazil.1980
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Mexico.1980
USA.1980
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Mexico.2060USA.2060
Brazil.1950
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Mexico.1950
USA.1950
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Mexico.2060USA.2060
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Mexico.1950
USA.1950
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USA.2040
Brazil.2060
Canada.2060
Mexico.2060USA.2060
−1
0
1
2
−2.5 0.0 2.5 5.0
PC1 (87.0% explained var.)
PC
2 (
7.5
% e
xpla
ine
d v
ar.
)
Variety ● ● ● ● ●America_1950 America_1980 America_2010 America_2040 America_2060
16
nuvem de pontos que o ITD-Ásia para Japão em 1980 é próximo da China em 2010
e da Índia em 2040, indicando os diferentes estágios e evoluções da transição
demográfica nesses países.
Figura 6 – Scoreplot do Índice de Transição Demográfica da Ásia, por período de tempo
Já em relação ao ITD-Europa, cabe destacar o maior peso da esperança de vida na
construção do indicador de transição demográfica. Dentre os países de maior
população, há ainda que se ressaltar a transição italiana, que em 1950 se
encontrava em um patamar inferior aos demais, mas em 2010 já se aproximava da
Alemanha. Por outro lado, Reino Unido e França apresentam evolução interessante
por coincidirem seus pontos em todos os períodos de análise, indicando a
similaridade de trajetória e velocidade de transição demográfica nesses países.
Figura 7 – Scoreplot do Índice de Transição Demográfica da Europa, por período de tempo
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te
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17
Figura 8 – Scoreplot do Índice de Transição Demográfica da África, por período de tempo
Por sua vez, o ITD-África possui pesos das variáveis similares àqueles para todos
continentes e representa 87,8% da variância. Cabe ressaltar a grande
homogeneidade entre os países de maior população, com exceção da Nigéria, que
tem para 2060 projeção de ITD-África nos mesmos níveis que África do Sul e Egito
em 2010 e Etiópia em 2040. Os pontos mais distantes do centro, no primeiro
quadrante, são países ou territórios de pequena população como, por exemplo,
República de Maurício, Seicheles e Réunion (território francês).
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Ethiopia.2060Nigeria.2060
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PC1 (78.9% explained var.)
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2 (
10.4
% e
xp
lain
ed v
ar.
)
Variety ● ● ● ● ●Africa_1950 Africa_1980 Africa_2010 Africa_2040 Africa_2060
18
Por fim, a Figura 9 apresenta o ITD-Oceania, que demonstra a disparidade de
estágio de transição demográfica de Austrália e Nova Zelândia em relação aos
demais países do continente. Como exemplo, podemos destacar Papua Nova Guiné,
cuja projeção de ITD-Oceania para 2060 é similar aos níveis de Austrália e Nova
Zelândia em 1980.
Figura 9 – Scoreplot do Índice de Transição Demográfica da Oceania, por período de tempo
A combinação do estoque de população acumulado, em especial na Ásia, e a
coexistência de regiões com diferentes estágios na transição demográfica gera
notáveis consequências para população mundial com fortes repercussões para a
economia, a sociedade e a política. Em primeiro lugar ressalte-se, já havia em1950,
uma forte concentração na Ásia da população mundial dos três grandes grupos
etários, jovens, adultos e idosos. A Europa aparecia em segundo lugar e se
destacava, especialmente, pela quantidade de população idosa residente, uma
consequência do seu estágio avançado na transição demográfica em relação às
outras regiões do planeta. Tanto que a proporção de idosos europeus em relação à
população total era 10,2 e a de asiáticos, 4,8. A hegemonia populacional asiática se
manteria, e se ampliaria, até final do período analisado, com a África assumindo o
segundo lugar em todos os grupos etários. Considerando as duas grandes regiões
juntas, nelas estariam em 2060,85% dos jovens, 82% da população em idade ativa e
72% dos idosos. Já foi mencionado o peso demográfico da China e da Índia, uma
razão a mais para essa notável concentração populacional.
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Envelhecimento
RDJ RDI
Suporte
Idade_med
Esperança
Pop_65+
Australia.1950New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950
New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060Australia.1950New Zealand.1950
Papua New Guinea.1950
Australia.1980New Zealand.1980
Papua New Guinea.1980
Australia.2010New Zealand.2010
Papua New Guinea.2010
Australia.2040
New Zealand.2040
Papua New Guinea.2040
Australia.2060
New Zealand.2060
Papua New Guinea.2060
−1
0
1
−2 0 2 4
PC1 (84.2% explained var.)
PC
2 (
6.9
% e
xpla
ine
d v
ar.
)
Variety ● ● ● ● ●Oceania_1950 Oceania_1980 Oceania_2010 Oceania_2040 Oceania_2060
19
Tabela 4
O atraso na transição demográfica africana levaria o seu grupo mais jovem, de 0 a
14 anos, a, praticamente a se igualar ao Asiático em 2060. A possibilidade de que se
tenha uma juventude, nesses países, em especial na África, predominantemente
pobre não é pequena, O mesmo se pode dizer para os idosos, cuja proporção
africana seria um pouco maior do que a europeia, e de grande parcela dos asiáticos
fora do eixo China, Japão e Coréia. As populações, consideradas dependentes em
2060, seriam em grande parte pobre. Somando, particularmente a América Latina e
o Caribe com um décimo da população idosa e seis por cento dos jovens do planeta,
esta situação ainda se torna mais grave. Trata-se de um drama social anunciado
que, certamente, exigiria políticas de alcance internacional de transferência de
recursos que, dadas as condições atuais, não justificariam nenhum otimismo.
A forte concentração da população em idade ativa, entre 15 e 64 anos, na Ásia,
52%, África,30% e América Latina e Caribe,10%, em 2060, é um sinal eloquente de
que o potencial de migrantes internacionais para a regiões mais desenvolvidas tende
a aumentar. Essa situação só se modificaria se houvesse no horizonte alguma
possibilidade de redução das desigualdades econômicas entre as diferentes regiões
do planeta, além daquelas que hoje já se efetivam, como o Japão, Coreia e China. A
transição demográfica desigual entre as nações, com as suas consequências, tem
grande probabilidade de aumentar a desigualdade social e econômica entre elas. O
Brasil é um caso emblemático, pois estaria em 2060 em um estágio da transição
demográfica mais avançado do que os Estados Unidos, contudo não seria realista
imaginar que o Brasil lá chegaria em condições sociais e econômicas semelhantes
ao do país do norte da América. Em outras palavras, o Brasil estaria em um estágio
0-14 15-64 65+ 0-14 15-64 65+ 0-14 15-64 65+
AFRICA 10,88 8,24 5,52 27,36 14,96 6,70 41,83 29,70 11,81
ÁSIA 58,84 54,35 41,99 54,77 61,51 56,38 42,93 51,70 60,40
EUROPA 16,65 23,46 35,17 5,98 9,48 19,62 5,05 6,20 11,10
AMÉR. LAT. e CARIB. 7,83 6,17 4,89 7,99 8,80 8,04 5,98 7,59 10,06
AMÉRICA NORTE 5,37 7,27 11,67 3,41 4,71 8,50 3,64 4,22 5,96
OCEANIA 0,43 0,52 0,77 0,50 0,53 0,75 0,57 0,59 0,66
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
TABELA , DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL, GRANDES GRUPOS ETÁRIOS,
SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES, 1950, 2020 E 2060
REGIÕES1950 2020 2060
20
demográfico avançado, com uma população mais envelhecida, porém com alta
probabilidade de não ter as condições econômicas necessárias para garantir o bem-
estar da grande maioria da sua população idosa.
Referências Bibliográficas
BRITO, FAUSTO,BAENINGER, ROSANA, Os desafios da transição demográfica e
das migrações internacionais, CGEE, 2008
MANLY, B. F. J. Multivariate statistical methods: a primer. London: Chapman and
Hall, 1986. 159p.
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REHER, DAVID, Economic and social implications of demographic transitions, in
Population and Development Review, vol 37, 2011
VU, V. Q. (2011). ggbiplot: A ggplot2 based biplot. R package version 0.55.
http://github.com/vqv/ggbiplot