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UNIFMU Curso de DIREITO TRANSGÊNICO E O DIREITO DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR FABIANA CRISTINA DE ARRUDA CUEVA R.A. N.º 499235-9 TURMA: 3209 A TEL.:(11) 9158-7494 E-MAIL: [email protected] São Paulo 2007

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UNIFMU

Curso de DIREITO

TRANSGÊNICO E O DIREITO DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR

FABIANA CRISTINA DE ARRUDA CUEVA

R.A. N.º 499235-9

TURMA: 3209 A

TEL.:(11) 9158-7494

E-MAIL: [email protected]

São Paulo 2007

UNIFMU Curso de Direito

TRANSGÊNICO E O DIREITO DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR

FABIANA CRISTINA DE ARRUDA CUEVA

R.A. N.º 499235-9

PROFESSORA ORIENTADORA: CINIRA GOMES LIMA MELO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Direito da Uni-FMU como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel de Direito, sob a orientação da Prof(ª) Cinira Gomes Lima Melo.

São Paulo

2007

FABIANA CRISTINA DE ARRUDA CUEVA

TRANSGÊNICO E O DIREITO DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR

Trabalho apresentado ao curso de Direito da UNI - FMU., sob orientação da Prof.(ª) Cinira Gomes Lima Melo. .... Defendido e aprovado em 18 de maio de 2007, pela banca examinadora constituída pelos professores:

Prof. (ª) Cinira Gomes Lima Melo FMU - Orientadora

_________________________________________

Prof. Dr. FMU

_________________________________________ Prof. Dr.

FMU

A minha mãe Sueli e irmão Marcio, pela demonstração de carinho e paciência nos meus estudos diários e dedicação a este trabalho e por ter-me guiado até aqui, colaborando sempre para o alcance de meu sonho.

Ao meu noivo, Tiago, pelo apoio e crença inabalável na minha capacidade e pelo incentivo constante, além de ter compreendido pacientemente, minhas horas de ausência.

Agradeço primeiramente ao Autor da minha vida...a Deus mantenedor de todas as coisas...a Ele minha gratidão por ser meu amparo nos momentos angustiantes e por sempre mostrar-me sua luz como o caminho Único e Verdadeiro.

A professora Cinira minha gratidão por ter-me instruído na elaboração deste trabalho, principalmente por não me deixar desistir nos momentos mais difíceis....

RESUMO

O presente trabalho de monografia procura mostrar de forma objetiva, o

direito à escolha que o consumidor possui na aquisição de produtos ou alimentos que lhe são

disponibilizados. Evidenciarei a importância da informação através de etiquetas e rótulos ao

mostrar que determinado produto é transgênico ou possui em sua cadeia produtiva, algum tipo de

substância transgênica, cabendo ao consumidor decidir se quer adquiri-lo ou não. Explanarei que

o código de Defesa do Consumidor repousa em sua estrutura lógico-jurídica em princípios

basilares e norteadores do microssistema jurídico, tais como: princípio da vulnerabilidade do

consumidor, princípio do dever governamental, princípio da boa-fé nas relações de consumo e,

por fim, principio da ampla informação. Destacarei a importancia da fiscalização por parte dos

órgãos responsáveis pelo cumprimento da lei de rotulagem, bem como sua importância em

manter o consumidor amplamente informado. E por fim, enfatizarei que a ampla informação vai

da rotulativa à abertura total e suficiente da informação útil e eficaz ao consumidor, produzida

através da publicidade de manuais, como também de fontes de informação incluindo televisão,

Rádios, Jornais, Revistas e Internet entre outros, mostrando que a responsabilidade em face deste

básico direito do hipossuficiente na cadeia econômica, é o Estado, enquanto agente regulador e

fiscal e o próprio fornecedor no exercício de seus deveres.

PALAVRAS-CHAVES: Transgênico. Direito do Consumidor. Informação. Fiscalização.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 1 – TRANSGÊNICO................................................................................................. 3 1.1 - Polêmica dos Transgênicos: Aspectos Favoráveis e Desfavoráveis ................ 9 1.2 - Principais Produtos – Soja .............................................................................. 11 2 - DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS ........................................................... 14 2.1 - Tratado de Cartagena ...................................................................................... 17 2.2 - Decreto 4680/03 – A questão da Rotulagem .................................................. 19 2.3 - Normas de Rotulagem em outros países......................................................... 23 3 - DIREITO DO CONSUMIDOR ........................................................................ 27 3.1 - Conceito de consumidor ................................................................................. 29 3.2 - Conceito de fornecedor ................................................................................... 33 3.3 - Conceito de produto e serviço ........................................................................ 35 3.4 - Princípios ....................................................................................................... 37 4 - ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO......................................... 49 4.1 - Formas de atuação........................................................................................... 49 4.2 - Problemática da falta de fiscalização e suas conseqüências: Consumidor Versus Interesses Econômicos ................................................................................ 52 4.3 – Questão do Estado do Paraná......................................................................... 57 5 - INICIATIVAS PARA A EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR..........60 6 –CONCLUSÃO ................................................................................................... 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 68 ANEXOS................................................................................................................. 72

INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento de processos agroindustriais

especificamente a produção de alimentos com tecnologia de DNA recombinante,

denominados alimentos transgênicos, tem-se originado diversas discussões acerca

de seus benefícios e de seus malefícios, envolvendo nesta questão interesses

conflitantes de grandes conglomerados da biotecnologia e produtores rurais e de

outro, entidades representativas dos consumidores.

No primeiro capítulo, discorre-se sobre as posições favoráveis e

desfavoráveis acerca da liberação dos alimentos transgênicos no mercado de

consumo e também da questão importante que envolve as iniciais incertezas quanto

aos seus impactos no meio ambiente, bem como na saúde humana e animal.

Após varias tentativas do Governo em liberar os transgênicos, como

a soja e o milho ao mercado de consumo, criou-se medidas legais, como o Decreto

de Rotulagem no sentido de cumprir o determinado no artigo 6º, III do Código do

Consumidor, a fim de colocar na prática, o direito de informação ampla e eficaz.

Nesse sentido, observa-se que no segundo capítulo, há uma

abordagem sucinta dos dispositivos constitucionais, Leis e Tratados que envolvem

a questão dos transgênicos, além de um enfoque especial do Decreto de Rotulagem,

no qual estabelece uma obrigatoriedade de informação ao consumidor para

produtos que possuem mais de 1% (um por cento) de natureza transgênica.

Todavia, no decorrer do presente trabalho, verificou-se a

inaplicabilidade do referido decreto, tendo em vista a falta de fiscalização e

controle de órgãos competentes, pois existem empresas que atuam no mercado de

consumo com produtos geneticamente modificados e que não possuem rótulos

informativos acerca dessa substância.

Já no terceiro capítulo, apresenta-se os conceitos básicos de

consumidor, fornecedor, produtos e serviços e os principais princípios que regem

toda a relação de consumo, principalmente ao enfocar o princípio da informação

como espinha dorsal de todo o sistema protetivo já disposto.

Quanto aos últimos capítulos, demonstra-se o manifesto descaso dos

órgãos públicos na fiscalização do cumprimento do referido decreto, impedindo o

consumidor de obter a informação precisa, eficaz e clara sobre o que está sendo lhe

servido à mesa.

Portanto para finalizar, aponta-se como alternativa, os diversos

meios possíveis de disseminação da informação sobre alimentos transgênicos,

como na utilização de rótulos, jornais, revistas, internet, no intuito de educar o

cidadão no conhecimento profundo sobre o tema, a fim de que o mesmo possa

tomar atitudes de escolha de forma consciente e crítica. Porém, o que muitas vezes

se percebe, são empresas interessadas em priorizar os resultados econômicos, em

detrimento do interesse do mais fraco, qual seja, do consumidor.

CAPÍTULO I

TRANSGÊNICOS

Inicia-se o trabalho de pesquisa ao definir sinteticamente que os

Organismos Geneticamente Modificados (OGMs ou Transgênicos) são produzidos

por meio da transferência de genes de um ser vivo para outro. São organismos

criados em laboratórios com técnicas de engenharia genética que permitem “cortar

e colar” genes de um organismo para outro, mudando a forma do organismo e

manipulando sua estrutura natural a fim de obter características específicas.

Para o melhor entendimento sobre a questão em tela, tem-se a título

de exemplo uma pesquisa realizada pelo doutor MARCOS TADAO MENDES

MURASSAWA 1, na página da Internet “ Jus Navegandi” 2 que permitiu a fácil

compreensão da manipulação dos Organismos Geneticamente Modificados

oferecendo exemplos de que não há limites quanto às técnicas de desenvolvimento

dos transgênicos. A saber, discorreu que “ ...é possível criar combinações nunca

1 Advogado em São Paulo, pós graduado em direito civil pela UniFMU. 2 http:/jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6235. Acesso em: 20/02/2006.

imaginadas como animais com plantas e bactérias. Recentemente a EMBRAPA 3

desenvolveu uma espécie de arroz com sabor de pipoca e ervas finas com custo mais

baixo do que o normal...”

Na mesma direção, MARIA CÉLIA DELDUQUE4 apresenta os

Organismos Geneticamente Modificados como "todo organismo cujo material

genético (DNA/RNA) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética,

entendida como atividade de manipulação de DNA/RNA recombinante, mediante a

modificação de segmentos de DNA/RNA natural ou sintético que possam multiplicar-se

em uma célula viva".

Sobre o processo de modificação genética de um organismo, ensina o

Professor MIGUEL CALVO, do curso de Tecnologia de los Alimentos, ao afirmar

que “ (...) todos los organismos vivos están constituidos por conjuntos de genes. Las

diferentes composiciones de estos conjuntos determinan las características de cada

organismo. Por la alteración de esta composición los científicos pueden cambiar las

características de una planta o de un animal. El proceso consiste en la transferencia de un

gen responsable de determinada característica en un organismo, hacia otro organismo al

cual se pretende incorporar esta característica. En este tipo de tecnología es posible

transferir genes de plantas o bacterias, o virus, hacia otras plantas, y además combinar

3 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento. 4 DELDUQUE, Maria Célia. O imbróglio da soja transgênica no Brasil, suas repercussões no ordenamento jurídico nacional e o princípio da precaução. Jus Navigandi, Teresina, a. 8, n. 310, 13 mai. 2004. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2005.

genes de plantas con plantas, de plantas con animales, o de animales entre sí, superando

pôr completo las barreras naturales que separan las especies.”

Historicamente, foi em 1998 pela primeira vez que a MONSANTO5

conseguiu a aprovação para sua soja Roundup Ready6, a qual foi autorizada pela

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Após essa aprovação, o

Greenpeace e o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) entraram com um

processo na 6ª Vara de Justiça Federal contra a Monsanto e o governo. Esse

processo marcou o inicio da moratória judicial para liberações comerciais de

transgênicos no Brasil e fez com que as variedades transgênicas permanecessem

fora do mercado entre 1998 e 2003 7 .

Temos que, em 2003 ao assumir o Poder, o atual Presidente da

República LUIS INÁCIO LULA DA SILVA, permitiu o uso comercial da soja

5 Indústria multinacional de agricultura e biotecnologia. É a líder mundial na produção do herbicida glifosato, vendido sob a marca Roundup. Também é, de longe, o produtor líder de sementes geneticamente modificadas (os transgênicos), respondendo por 70% a 100% do market share para variadas culturas. 6 Roundup (RR) foi modificada pela Monsanto para adquirir resistência ao agrotóxico glifosato, que é comercializado pela Monsanto sob a marca registrada da “ Roundup”. 7 Houve duas decisões da Justiça sobre Transgenicos no Brasil: A primeira específica sobre a liberação da soja comercial Roundup Ready (RR). Foi uma ação Cautelar na 6 Vara Federal de Brasília em 1999 que foi mantida pela segunda Instancia, no Tribunal Regional Federal em junho de 2000. Esta Cautelar exige o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RMA) e normas de rotulagem antes da liberação comercial se aprovada. - A segunda decisão foi uma sentença judicial da 6ª Vara Federal de Brasília concedida pelo mesmo juiz na ação impetrada pelo Greenpeace e o Idec contra a tentativa do governo de liberar a soja transgênica Roundup Ready. A sentença vai alem da ação cautelar, pois impediu a CTN-Bio de dar pareceres sobre novos pedidos de liberação comerciais de transgênicos até que o governo estabeleça normas de avaliação para medir os impactos ambientais e na saúde humana, bem como sejam criadas normas claras de rotulagem plena.

transgênica em alimentos para consumo humano e animal e autorizou que a soja

transgênica da Monsanto fosse plantada temporariamente.

Seu instrumento de legalização foi a Medida Provisória n. 113, que

autorizou o uso comercial da soja transgênica cultivada ilegalmente nos alimentos

para consumo humano e animal para o mercado doméstico e internacional até

janeiro de 2004.

A segunda Medida Provisória, MP n.º 131, foi publicada em

setembro de 2003/2004 e dessa vez autorizando o plantio de soja transgênica para a

safra de 2003/2004 e apenas para os agricultores que haviam guardado as sementes

transgênicas.

Seguindo a cronologia, no ano de 2004, surge o Projeto de lei de

Biossegurança, cuja finalidade é a permissão de avaliação de riscos para pesquisas

(campos experimentais) sendo realizada apenas pela CTN-Bio.

Ainda no mesmo ano, entra em vigor a portaria que determina como

deve ser implementado o decreto de rotulagem dos transgênicos. O decreto que

regula o direito do consumidor às informações sobre alimentos e ingredientes

transgênicos para consumo humano e animal foi publicado em abril de 20038 , cujo

teor diz que todos os produtos que contenham mais de 1% de matéria-prima

transgênica devem ser embalados e vendidos com um rótulo específico, que 8 Decreto Federal b.4680, 23 de abril de 2003 e Portaria Federal n.2658 , of 18 de Dezembro de 2003.

apresente um símbolo transgênico em destaque. Vale destacar que será tratado a

questão da rotulagem em capítulo próprio, no qual está intrisicamente vinculado ao

direito de informação, que é o objeto de estudo do presente trabalho de conclusão

de curso.

Já em Março de 2005, o Presidente LUIS INÁCIO LULA DA

SILVA finalmente sancionou a nova Lei de Biossegurança9 que regulamenta

definitivamente o plantio e a comercialização das variedades transgênicas.

De acordo com informações prestadas pelo site do Greenpeace

referindo-se ao site do Planalto 10, o texto final aprovado afirma que toda e

qualquer empresa que desejar plantar e/ou comercializar uma variedade transgênica

precisa submeter um pedido à CTNbio, que deverá emitir seu parecer, que, caso

seja favorável à liberação, será confirmado ou rejeitado pelo Conselho Nacional de

Biossegurança (CNBS), composto por 9 Ministros e um Secretário Especial. Desta

forma, a nova Lei retira a obrigatoriedade e realização de estudos de impactos

ambientais e sobre a saúde humana, cabendo à CTNBio solicitá-los ou não. A lei

também retira a competência dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, que

antes tinham o poder de exigir a realização deste tipo de estudos e avaliar os

impactos que a liberação da variedade transgênica poderiam trazer para suas áreas

de atuação. 9 No Brasil a definiçao de transgênicos e sua regulamentação foi feita pela lei federal 8974 de janeiro de 1995, substituída em março de 2005, pela lei 11.105 também conhecida como lei de Biossegurança. 10 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm. Acesso em: 22/08/2006 .

Observaremos ainda que nesse ano de 2007, haverá disputas

acirradas por parte de interesses de grande multinacionais e empresas

transnacionais de biotecnologia para liberação de outras variedades transgênicas,

como milho, algodão e arroz.

Tanto é verdade que o plenário aprovou, na data de 22 de dezembro

de 2006, por 247 votos a 103 e 2 abstenções, o projeto de lei de conversão do

deputado Paulo Pimenta (PT-RS) à Medida Provisória 327/06. O texto permite o

cultivo de transgênicos em zonas de amortecimento de unidades de conservação;

em áreas de proteção de mananciais de água utilizável para o abastecimento

público; e nas áreas declaradas como prioritárias para a conservação da

biodiversidade 11.

Esses debates sobre a liberação das variedades transgênicas não se

esgotam nesse capítulo, tendo em vista tratar-se de assunto completamente

polêmico, dinâmico e que acompanha as tendências e opiniões públicas, políticas e

econômicas, haja vista os interesses envolvidos, como de um lado a ambição

econômica de grandes empresas transnacionais de biotecnologia em fazer crescer

seus lucros e de outro, a postura defensiva de agentes preocupados com as

prováveis sequelas alcançadas pela liberação dos transgênicos.

11 https:/www.idec.org.br/noticia.asp?id=7612&categoria=17. Acesso em: 27/2/2007.

1.1 A POLÊMICA DOS TRANSGÊNICOS: ASPECTOS FAVORÁVEIS E

DESFAVORÁVEIS

É interessante abordar a questão da polêmica sobre os transgênicos.

Para entidades como o Greenpeace, vários são os motivos ensejadores de suas

campanhas contrárias à liberação de transgênicos no meio ambiente e oposição ao

seu uso na alimentação humana e animal. Para a organização, os resultados da

utilização desses organismos são imprevisíveis, incontroláveis e desnecessários.

Em estudo realizado pela Campanha de Engenharia Genética do

Greenpeace – Cartilha: Transgênicos – A verdade por trás dos Mitos12, é apontado

algumas conseqüências dos ONGs, qual sejam a possível perda da biodversidade,

no qual os cientistas prevêem o seu empobrecimento, o que pode intervir

gradativamente no equilíbrio ecológico, no planeta e na segurança alimentar.

Com o aumento do uso de agrotóxicos e a falta de estudos mais

específicos, surge a possibilidade e as conseqüências sobre o aparecimento de

alergias provocadas por alimentos geneticamente modificados, o aumento de

resistência a antibióticos e o risco da contaminação genética (cruzamento de OGMs

com plantas convencionais)

12 https:/www.greenpeace.org.br. Acesso em 21/10/2006.

Em contrapartida, temos opiniões favoráveis e defendidas, como em

texto publicado no site do “ jus navegandi” , cujo título é : Transgenico e o direito

de informação do consumidor13 , no qual o doutor MARCOS TADAO MENDES

MURASSAWA elenca como pontos favoráveis aos alimentos transgenicos que “ ...

o cultivo das plantas transgênicas ajuda a aumentar a produtividade agrícola e contribui

para a biodiversidade da vida selvagem e das florestas , outro fator importante é a

possibilidade de produzir mais no mesmo espaço de terra, evitando-se a devastação de

novas terras...”

Além de apontar que “ ...atualmente mais de 2 bilhões de pessoas do

mundo consumam transgênicos, sem nenhum registro de dano à saúde humana ou animal,

resultados obtidos por várias instituições como a FAO 14 /ONU 15/OMS16.

Ademais, acredita que os ONGs podem vir a ser uma alternativa para

solucionar a questão da fome em vários países em desenvolvimento.

Temos também a contribuição do movimento a favor do plantio da

soja transgênica pelo presidente da Cooperativa Central – Coodetec 17, IVO

13 https:/www.jus2uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6235. Acesso em: 20/02/2006. 14 Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO, siglas de Food and Agriculture Organization) é uma organização das Nações Unidas cujo objetivo declarado é elevar os níveis de nutrição e de desenvolvimento rural. 15 ONU como sendo desenvolvimento social, econômico e cultural, que atende às demandas do presente sem comprometer as necessidades do futuro. Desenvolvimento sem comprometimento dos ecossistemas. (2) É o desenvolvimento que atende da melhor forma possível as necessidades atuais e futuras do homem, sem afetar o ambiente e a diversidade biológica. 16 Organismo integrante do Sistema das Nações Unidas que se dedica a promover a saúde no mundo. Também é identificado pelo nome, em inglês, World Health Organization (WHO). Possui representações regionais em todos os continentes. 17 cooperativismo paranaense decidiu investir em pesquisa agropecuária no início da década de 70, quando a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná-OCEPAR incluiu no seu organograma o

CARRARO , afirmando que “ ...é preciso olhar para o futuro e perceber que o atraso

na adoção de novas tecnologias leva à ilegalidade, que por sua vez reduz os investimentos

em pesquisas e, conseqüentemente, provoca a diminuição da competitividade do Brasil no

mercado internacional”.

1.2 PRINCIPAIS PRODUTOS – SOJA

No Brasil, temos dados que os únicos produtos transgênicos

plantados ilegalmente foram à soja e o milho.

Segundo dados fornecidos pelo Greenpeace em seu Manual:

Perguntas e Respostas sobre Transgênicos18 atualmente 99% dos transgênicos

plantados no mundo correspondem a soja (61%), milho (23%), algodão (11%) e

canola (5%).

Nos anos de 2003 e 2004, o desmatamento na Amazônia para a

plantação da soja corresponde 2,6 milhões de hectares, sendo que quase a metade

desses desmatamentos (48%) ocorreu no Estado do Mato Grosso.

Importante informar que a soja resistente ao Roundup (RR) da

Monsanto foi uma das primeiras culturas transgênicas a serem comercializadas e

departamento de pesquisa, com a finalidade de prestar serviços na área de geração de tecnologia agropecuária para as suas associadas. Em dezembro de 1995, a assembléia geral da OCEPAR decidiu transformar o seu departamento de pesquisa numa cooperativa central agropecuária, que recebeu o nome de COODETEC - Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola. 18 http:/www.greenpeace.org.br/consumidores/not print.php?c=2889 Acesso em: 22/08/2006.

que foi modificada geneticamente para adquirir resistência ao agrotóxico glisofato,

sendo comercializado sob a marca registrada da “ Roundup” .

Para melhor esclarecimento, a soja da Monsanto possui

características que a torna tolerante a herbicida à base de glisofato, usado na

dessecação pré e pós-plantio, conhecido por sua eficiência em eliminar qualquer

tipo de planta daninha.

A empresa Monsanto tem a patente da soja resistente a esses dois

herbicidas que é feita por um determinado método. Toda vez que é utilizado esse

método para a produção de soja transgênica, os royalties19 são da Monsanto. Uma

outra empresa, a Embrapa Soja, que fica no Paraná junto com o Centro Nacional de

Recursos Genéticos, está desenvolvendo uma soja transgênica com resistência ao

glisofato e ao glufosinato com método diferente da Monsanto, isto significa que a

Embrapa poderá oferecer, em tempo médio aos agricultores brasileiros, uma

semente transgênica 100% nacional, ou seja, por mais que o agricultor também

pague royalties para a Embrapa, ele estará desenvolvendo dinheiro para o país.

Este dinheiro será reinvestido na pesquisa agropecuária nacional

porque a Embrapa tem obrigação de voltar seus investimentos para o

desenvolvimento tecnológico Agropecuário brasileiro, o que é muito diferente de

19 Trata-se de uma retribuição financeira paga mensalmente pelo franqueado ao franqueador pelo uso contínuo da marca, pelo apoio permanente que o franqueado recebe.

dar o dinheiro dos royalties para a Monsanto, que não necessariamente tem o

interesse de investir aqui.

Nesse primeiro capitulo, podemos concluir que os transgênicos assim

como todas as substâncias ou organismos geneticamente modificados (OGM),

dadas as iniciais incertezas quantos aos seus efeitos e impactos no meio-ambiente e

principalmente à saúde humana ou animal, devem exigir máxima e antecipada

precaução por parte do poder público, que tem o dever de fiscalizar e manter os

consumidores informados sobre toda e qualquer decisão que venha tomar frente à

grande polêmica de liberação dos transgênicos.

CAPÍTULO 2

DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS

A Constituição Brasileira incluiu explicitamente a defesa do

consumidor no elenco dos direitos fundamentais (artigo 5º, XXXII) e, por sua

destacada importância, previu que “é assegurado a todos o acesso à informação.”

(artigo 5º, XIV) que é objeto de estudo do presente trabalho. Tendo em vista a

complexidade do tema dos alimentos geneticamente modificados e sua atuação

direta no meio ambiente, o artigo 225, parágrafo 1º, incisos II e V da Constituição,

dá diretrizes para que Normas e Leis sejam criadas na perspectiva de regularizar o

comércio desses alimentos e orientar o consumidor naquilo que lhe é garantido – a

informação adequada, suficiente e veraz.

Nesse desiderato, assegurando a Constituição Federal a efetividade

da aplicação de Leis e Normas e ao servir-se de base para a criação destas, temos

que algumas repercussões surgiram com a publicação de Medidas Provisórias.

Neste contexto, tivemos a MP n.º 113 de 26 de março de 2003 que

no artigo 1º estabelece: “ A comercialização da safra de soja de 2003 não estará sujeita

ás exigências pertinentes da Lei. n.º 8.97420, de 5 de janeiro de 1995, com as alterações da

Medida Provisória n.º 2.191-9, de 23 de agosto de 2001”.

Ao editar a Medida Provisória, o governo federal procurou

solucionar celeuma nascida com o trânsito em território nacional de sementes de

soja geneticamente modificada, que fora importada por produtores brasileiros,

principalmente do Sul do País, em desacordo com as normas procedimentais de

biossegurança, estabelecida pela lei n.º 8.974/95 em vigor na época.

Excluindo a safra de soja de 2003 das exigências constantes na

mencionada Lei, buscou o governo federal escoar a produção, diminuindo, ao

menos parcialmente, os reflexos financeiros da perda de parte da produção de soja

no Brasil.

Todavia, surgiram desdobramentos políticos e judiciais com o

caminho adotado pelo governo federal, que foram objetos de discussões por toda a

sociedade, principalmente por considerar a inconstitucionalidade da MP n.º 113.

Nesta esteira, para FLÁVIO VIANA FILHO21 perscrutando-se a

intenção da Constituição, ideal alcançado com a análise sistemática dos

dispositivos Constitucionais, conclui que:

“...é irrefutável que a Medida Provisória n.º 113/03 é

inconstitucional por conflitar o objetivo principal da ordem social: a busca do bem-

20 Alterada pela Lei n.º 11.105, de 21 de março de 2005 – nova lei de Biossegurança 21 advogado em São Paulo, membro da Comissão Bioética e Biodireito da OAB/SP.

comum que inclui a manutenção do equilíbrio ecológico, inclusive, com o controle

estatal da propagação de organismos geneticamente modificados no ambiente.” 22

Aduz ainda que:

“.... ao excluir a aplicação da Lei n.º 8.974/95 para a safra de soja de 2003,

o governo federal nada mais fez do que afastar os mecanismos legais asseguradores da

biossegurança, ou seja, com a liberação do alimento, sem a elaboração do parecer

técnico pela Comissão Técnica de Biossegurança (CNTBio), permanecem

desconhecidas pela ciência e pelo público em geral a existência de eventuais

propriedades nocivas na soja geneticamente modificada, assumindo o risco potencial

que, eventualmente, pode ser criado para o meio ambiente e para a saúde da população.”

Não bastasse essa medida, foi editada pelo governo federal a MP n.º

131, de 2003 posteriormente convertida em Lei n.º 10.814, de 15.12.2003, que

também sofreu Ação Direta de Insconstitucionalidade (ADIN) pela Procuradoria

Geral da República, sob argumento de que tal medida viola o artigo 225, IV da

Constituição Federal, qual seja, ausência de estudo de impacto ambiental.

Aqueles debates surgiram e ainda estão em pauta e, considerando-se

que, com relação à soja transgênica e outros produtos geneticamente modificados, a

hipossuficiência é tão gritante que a falta de conhecimento sobre os riscos pelo

consumo do produto são desconhecidos pelos próprios cientistas. Por tal razão faz-

se então necessária a realização de laudo técnico pela CTNBio, ilegalmente

22 http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4084. Acesso em: 15/1/2007.

dispensado pelo Poder Público por intermédio dessa medida provisória que esteve

em desarmonia com a proteção ao consumidor constitucionalmente prevista.

2.1 TRATADO DE CARTAGENA

O Protocolo de Biossegurança foi assinado em 28 de janeiro de 2000

e é o único tratado internacional que trata do movimento transfonteiriço de

transgênico. O Protocolo foi uma grande vitória do movimento ambientalista e

dos consumidores, pois estabelece um marco legal e internacional amplo de

proteção do meio ambiente e da saúde humana em relação aos danos que possam

advir dos transgênicos. A assinatura do Protocolo significa reconhecer que a

engenharia genética pode trazer danos ao meio ambiente e à saúde humana e

necessita, portanto, ser controlada. O Protocolo exige que as partes adotem

procedimentos que elas mesmas deveriam querer adotar. O núcleo de provisão

do Protocolo estabelece que o exportador(notificador) forneça informações ao

país importador em relação às características e à avaliação de risco do organismo

geneticamente modificado.

É fundamental que o país importador saiba quais são os OGMs que

estão comprando. Além disso, estes OGMs devem passar por uma avaliação dos

riscos e problemas que a sua introdução no país importador pode causar.

De acordo com o Protocolo, a avaliação destes riscos deve ser

custeada e apresentada pelo exportador, se a parte importadora assim o exigir.

Para todos os produtos, nenhuma importação é permitida até que a parte

importadora a tenha aprovado.

Abaixo segue resumidamente os objetivos específicos do Protocolo, quais sejam:

1. Garantir, por meio do mecanismo de Acordo Prévio Informado (Advance

Informed Agreement - AIA), que os países importadores tomem decisão

quanto à importação de um OVM que será intencionalmente liberado no

meio ambiente (sementes ou outros organismos vivos), mediante realização

de avaliação de risco;

2. Garantir que os países tenham acesso às informações referentes às

autorizações de cultivo e de importação de OVMs destinados à alimentação

humana, animal e ao processamento, bem como às legislações de cada País-

parte sobre o assunto. Para tanto, deverão implantar o Biosafety Clearing-

House (BCH);

3. Encorajar e fomentar a conscientização e a participação pública no que se

refere à segurança do transporte e do manuseio dos OVMs em relação à

conservação e ao uso sustentável da diversidade biológica;

4. Desenvolver recursos humanos e capacidade institucional em biossegurança

da moderna biotecnologia nos países signatários do Protocolo. 23

2.2 - DECRETO 4680/03 – A QUESTÃO DA ROTULAGEM

No Brasil, o decreto 4680/03 sancionado em 24 de abril de 2003 pelo

Presidente Luis Inácio Lula da Silva, regulamenta o direito à informação,

assegurado pela Lei n.º 8.078 de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e

ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que

contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente

modificados.

A grande discussão acirra-se em torno da aplicabilidade de referido

decreto em tornar-se efetivamente cumprido, tendo em vista a falta de

fiscalização e controle de órgãos competentes. Ademais, confrontam-se nesse

cenário, de um lado interesses de grandes indústrias de alimentos e de

biotecnologia de restringir ao máximo a abrangência da norma, bem como de 23 http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/12940.html?toPrint=yes. Acesso em: 20/2/2007.

outro lado, consumidores ávidos em fazer valer o direito de escolher entre

consumir produtos livres ou não de modificações genéticas.

Os que entendem pela inadequação do decreto argumentam que, há

muito, existem técnicas de melhoria genética na agricultura: híbridos foram

criados, plantas têm suas variedades constantemente melhoradas, e nunca antes

houve necessidade de informar ao consumidor qualquer destas técnicas

agrícolas, ou acerca de eventuais outras formas de obtenção dos alimentos.24

Diz o Art. 2º, no seu parágrafo 4º, do Decreto nº 4.680/03, que

caberá a Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia (CTNBio), órgão

vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, reduzir ou não o percentual de

1% que obriga a rotulagem. A norma não autoriza revisão para majorar o

percentual. Para a Revista Consultor Jurídico, 16 de junho de 2003, “... parece-

nos um tanto remota a hipótese de redução, levando-se em consideração que o

país mal possui laboratórios suficientemente aparelhados para verificar a

presença de OGMs no limite de 4%, que dirá para a nova regra, que exige

equipamento mais modernos e técnicas extremamente avançadas, pouco

disponíveis no Brasil, sem contar que a regra, da forma como posta, atinge

também os produtos derivados de OGM que tecnicamente nem mesmo

24 http://conjur.estadao.com.br/static/text/26467,1. Acesso em: 10/6/2006.

contenham material genético. Nada disso foi observado por aqueles que

auxiliaram o Poder Executivo na elaboração do Decreto.”25

Uma das inovações introduzidas pelo Decreto, que talvez produza

maior impacto, é previsão de aplicar-se as penalidades previstas no CDC para as

infrações às suas disposições. É provável que haja inúmeros questionamentos

nesse respeito, uma vez que o Decreto nº 4.680/03 não esclarece se as

penalidades aplicáveis são as de natureza administrativa ou as de natureza penal.

Tipos penais e penas privativas de liberdade não podem ser criadas pela via do

decreto presidencial, mas devem, necessariamente, submeter-se ao processo

legislativo adequado no âmbito do Congresso Nacional.

O que se discute também é o preço que o consumidor arcará em ter a

informação absoluta de referidos alimentos. Em texto concedido ao site

jusnavegandi, sob o título Rotulagem de plantas transgênicas e o Agronegócio,

ALBERTO NOBUOKI MOMMA, Economista e Engenheiro Agrônomo, aduz

que “...a identificação de plantas transgênicas implica em separar

comercialmente os produtos, de tal sorte que a qualquer momento e em qualquer

fase da cadeia do agronegócio seja possível saber onde e como ele se encontra.

Isto significa operações, separadas de colheita, armazenamento, transporte,

processamento, embarque e outras operações que vão requerer meios e

25 idem.

instalações apropriadas para o fiel cumprimento dessa distinção. No final,

haveria um fatal encarecimento do produto, o que afetaria a sua competitividade

vis-à-vis de outras commodities convencionais.”26

Superadas tais análises, conclui-se efetivamente que o decreto de

rotulagem é uma lei boa, porém uma letra morta. Tanto é verdade que o

Ministério Público Federal do Piauí ajuizou uma ação para obrigar empresas por

meio de rótulos, a identificar produtos geneticamente modificados. A ação é

assinada pelo procurador da República TRANVANVAN FEITOSA. O

procurador pede que a Justiça obrigue à União, por meio do Ministério da

Ciência e Tecnologia – CTNBio, a editar um ato administrativo disciplinando,

em caráter nacional, a necessidade da rotulagem em 100% dos produtos

geneticamente modificados. O argumento é de que a falta do rótulo ofende o

Código de Defesa do Consumidor.27

Para AURELIO RIOS, Procurador do Ministério Público Federal, de

Brasília, o decreto de rotulagem é letra morta. Aduziu: “...comprovamos, numa

fiscalização, que as empresas líderes na produção de óleo de cozinha usam soja

transgênica e nem assim conseguimos que o produto fosse rotulado. Nada foi feito nem

pelos ministérios da Saúde, Justiça, Casa Civil, MPF - afirmou GABRIELA

26 http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4684>. Acesso em 25.02.2007 27 revista Consultor Jurídico, 07 de fevereiro de 2007.

VUOLO, responsável pela área de comunicação de campanhas sobre engenharia

genética do Greenpeace.”28

Em trabalho de conclusão de curso – TCC, cujo título é Pesquisa

sobre o Conhecimento dos Consumidores quanto aos alimentos transgênicos e a

influência da Rotulagem na decisão de consumo, a aluna de Nutrição da

UNIFMU, MAGALI CARDOSO BUZELLI, fez uma série de entrevistas e

pesquisas e concluiu: “...quando questionados sobre terem conhecimento de consumir

alimentos geneticamente modificados, 48,8% responderem não saber se consomem,

24,3% disseram que não consomem, 26,9% afirmaram consumir e quanto à pergunta

sobre a necessidade de constar no rótulo a informação de que o produto possui

ingrediente geneticamente modificado, 88,6% consideram necessário, 1,6% disseram

que não, 6,24% disseram não saber e 3,55% disseram que não faz diferença.”29

2.3 - NORMAS DE ROTULAGEM EM OUTROS PAÍSES

A questão da Rotulagem dos transgênicos foi o ponto mais polêmico

da 34ª sessão do Comitê para Rotulagem de Alimentos da Comissão do Codex

28 Transgênico, você pode ter comido um - http://www.gabeira.com.br/noticias/noticia.asp?id=2676. Acesso em: 31/1/2007. 29 Magali Cardoso Buzelli – TCC 613.2 – 2002-2296

Alimentarius 30, realizada em Ottawa, Canadá, entre os dias 1 e 5 de maio de

2006.

O tema debatido sobre a criação de normas gerais para a rotulagem

de alimentos transgênicos, foi mais uma vez fracassada, tendo em vista a

oposição feroz de grandes produtores mundiais desses alimentos, qual sejam, os

EUA, a Argentina e o Canadá, secundados pelo México, Austrália e Nova

Zelândia.

Criada em 1963 por iniciativa conjunta da FAO (Organização das

Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e da Organização Mundial

da Saúde, a Comissão Codex Alimentarius tem como missão proteger a saúde

dos consumidores e garantir padrões e diretrizes para a produção, o consumo e a

rotulagem de alimentos.

Os maiores países produtores desses alimentos, como EUA, Canadá

e Argentina argumentam que o Codex não deveria estabelecer normas para a

rotulagem de transgênicos, salvo nos casos em que houvesse alterações

nutricionais, ou aumento de substância alérgicas, constatadas por análises de

30 O Codex Alimentarius é um Programa Conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação - FAO e da Organização Mundial da Saúde - OMS. Trata-se de um fórum internacional de normalização sobre alimentos, criado em 1963, e suas normas tem como finalidade proteger a saúde da população, assegurando práticas eqüitativas no comércio regional e internacional de alimentos, criando mecanismos internacionais dirigidos à remoção de barreiras tarifárias, fomentando e coordenando todos os trabalhos que se realizam em normalização.

riscos. Para esses países, a rotulagem de transgênicos deveria ser deixada a cargo

da legislação nacional de cada país. A maioria dos países presentes, no entanto,

era francamente favorável ao estabelecimento de tais normas de rotulagem. Entre

os seus mais ativos defensores estavam a Noruega, a Suíça, a União Européia, a

Índia, a Tunísia, Marrocos, Gana, a Malásia e o Brasil.31

Com a grande quantidade de soja, milho e canola, transgênicos

comercializados internacionalmente, o Codex Alimentarius está mais do que

atrasado em cumprir com as suas obrigações de facilitar ao consumidor dados

sobre os alimentos, de modo a lhes permitir uma escolha com discernimento. Da

mesma forma, está atrasado na proteção de países em desenvolvimento frente a

processos comerciais injustos na OMC, motivados pelo interesse das

corporações de biotecnologia em forçar o consumo de seus produtos.

Tanto é verdade que os Estados Unidos fracassaram em sua tentativa

de impedir a União Européia de adotar normas rígidas para controle de cultivos e

alimentos transgênicos. ADRIAN BEBB, da ONG Friends of the Earth Europa32

comenta: “... a decisão não é uma vitória para os Estados Unidos nem para as

empresas de biotecnologia. Os Estados Nacionais ainda têm o direito de proibir ou

suspender cultivos e alimentos transgênicos...”

31 http:/www.agrisustentavel.com/trans/campanha/campa299.html . Acesso em 10/1/2007. 32 http:/www.foeeurope.org/press/2006/AB 11 may WTO.htm . Acesso em 10/1/2007.

Muitos países possuem normas rígidas sobre rotulagem de alimentos,

exercendo efetivamente seu poder soberano frente às pressões que o comércio

tem feito, vez que, cabe a cada Estado de Direito, a liberdade de optar por

normas e regulamentos sobre rotulagem, no intuito de esclarecer ao consumidor,

o que está sendo lhe servido à mesa. A título de exemplo, um terço dos

consumidores no mundo vive em países que têm normas obrigatórias de

rotulagem de alimentos transgênicos, pelo menos para alguns produtos. Esses

países incluem: China, Japão, Tailândia, Coréia do Sul, Taiwan, Austrália, Nova

Zelândia, Rússia, Arábia Saudita, Ilhas Mauricius, Brasil, Equador, Chile,

Noruega, Islândia, Suíça, Croácia e todos os membros da União Européia (

Reino Unido, França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Espanha,

Portugal, Itália, Grécia, Áustria, Irlandia, Bélgica, Luxemburgo, Holanda,

Chipre, Malta, República Checa, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia,

Eslováquia e Eslovênia).33

33 http://www.idec.org.br/emacao.asp?id=892 Acesso em: 27.02.2007

CAPÍTULO 3

DIREITO DO CONSUMIDOR

O presente Código de Defesa do Consumidor, em vigor desde 11 de

março de 1991 preocupa-se com a proteção prioritária de um grupo social, os

consumidores, considerados a parte hipossuficente em uma relação de consumo.

Desta forma, como nos dizeres de renomados doutrinadores, como

no caso de CLÁUDIA LIMA MARQUES, em seu Comentário ao Código de

Defesa do Consumidor34, “o Código de Defesa do Consumidor constitui

verdadeiramente uma lei de função social, lei de ordem pública econômica, de origem

claramente constitucional. É uma lei para “desiguais”, para “diferentes” em relações

mistas entre um consumidor e um fornecedor. É Código (todo construído sistemático) de

Proteção (idéia básica instrumental e organizadora do sistema de normas oriundas de

várias disciplinas necessárias ao reequilíbrio e efetivação desta defesa e tutela especial do

Consumidor (sujeito de direito protegido).”

34 Cláudia Lima Marques, Comentários ao Código de defesa do Consumidor, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2003, p. 54 -55.

Para JOSE GERALDO BRITO FILOMENO, 35o Código de Defesa

do Consumidor, “ é muito mais do que um corpo de normas, é um elenco de princípios

epistemológicos e instrumental adequado àquela defesa. E, em ultima análise, cuida-se de

um verdadeiro exercício de cidadania, ou seja, a qualidade de todo ser humano, como

destinatário final do bem comum de qualquer Estado, que o habilita a ver reconhecida

toda a gama de seus direitos individuais e sociais, mediante tutelas adequadas colocadas à

sua disposição pelos organismos institucionalizados, bem como a prerrogativa de

organizar-se para obter esses resultados ou acesso àqueles meios de proteção e defesa.”

É sabido que o capitalismo cada vez mais esmagador e influenciador,

faz da sociedade uma verdadeira máquina de consumo, no qual a satisfação pessoal

está na aquisição de bens de maneira muitas vezes desenfreada e ilimitada e

naturalmente, a criação do Código de defesa do Consumidor veio como

conseqüência dessa crescente evolução econômica da sociedade que a gerou.

Nessa esteira, o Professor FABIO ULHOA COELHO36, colabora

sustentando que: “...A preocupação em tutelar os interesses dos que adquirem e se

utilizam de produtos ou serviços oferecidos em grande escala ao mercado assinala o

nascimento do consumerismo. Não se pode explicá-lo, no entanto, apenas pelo aumento

da consciência dos consumidores como parece pretender Sidour (1977:3) ou por uma

pretensa evolução moral das relações sociais. Na verdade, a consideração dos interesses

35 Manual de Direitos do Consumidor, São Paulo, Atlas, 2003, p.31 36 O Empresário e os Direitos do Consumidor, São Paulo, Saraiva, p. 27 e 31.

dos consumidores, na disciplina jurídica da economia, corresponde a necessidades de

desenvolvimento do capitalismo em sua fase superior...”

Interessante o argumento do referido professor quanto à elevação do

custo de produção ou circulação de bens ou serviços, e sua conseqüente majoração

no preço final, em decorrência da vigência do Código do Consumidor. Exemplifica

o exposto ao afirmar que em São Paulo, quando uma lei municipal passou a exigir

dos empresários, cujo estabelecimento possuísse área de estacionamento superior a

determinada metragem, a contratação de seguro para proteção dos veículos de seus

clientes, muitos passaram a cobrar diretamente por essa comodidade. O

consumidor, de qualquer forma e mesmo sem o perceber, já pagava pelo

estacionamento ao adquirir os bens ou usufruir os serviços fornecidos pelo

empresário.

Sintetizando o raciocínio do professor, a eficácia do diploma legal

importa em uma incomparável melhoria da qualidade do mercado de consumo, mas

quem suporta suas repercussões econômicas é o consumidor.

3.1 – CONCEITO DE CONSUMIDOR

É aspecto relevante definir o que vem a ser consumidor, vez que

mister se faz apontar as variantes doutrinárias frente a esse importante conceito.

Para José Geraldo Brito Filomeno 37, “consumidor abstraídas todas as

conotações de ordem filosófica, tão-somente econômica, psicológica ou sociológica, e

concentrando-nos basicamente na acepção jurídica, vem a ser qualquer pessoa física que,

isolada ou coletivamente, contrate para consumo final, em beneficio próprio ou de

outrem, a aquisição ou locação de bens, bem como a prestação de serviços. Além disso,

há que se equipar a consumidor a coletividade que, potencialmente, esteja sujeita ou

propensa à referida contratação.”

Para esse autor, o fato reside na manifesta inferioridade do

consumidor frente ao fornecedor de bens e serviços, ou seja, na sua situação de

hipossuficiência.

Referido autor discursa ainda que: “ ...daí a razão pelo qual ousamos

discordar da definição de OTHON SIDOU, quando insere as pessoas jurídicas como

consumidoras, para fins de proteção efetiva, nos moldes preconizados, e ao menos no que

tange à sua literal “ proteção” ou “defesa” jurídica. E isso, se não pelas relevantes razões

já invocadas, ao menos pela simples constatação de disporem as pessoas jurídicas de força

suficiente para arquitetar sua defesa, enquanto que o consumidor, ou menos coletividade

de consumidores, ficam totalmente imobilizados pelos altos custos e morosidade crônica

da justiça comum.38

Ainda no aspecto de considerar-se ou não a pessoa jurídica como

sendo inclusa no conceito de consumidora, coexistem duas teorias distintas entre si,

37 Ibidem. p.37. 38 Ibidem p.38.

qual seja, teoria Finalista e Maximalista, cuja contribuição mostrou-se relevante

para a aplicação efetiva do Código de Defesa do Consumidor.

Para CLÁUDIA LIMA MARQUES, quando se fala em proteção do

consumidor, pensa-se inicialmente, na proteção do não profissional que contrata ou se

relaciona com um profissional,comerciante, industrial ou profissional liberal. É o que se

costuma denominar de noção subjetiva de consumidor, a qual excluiria do âmbito de

proteção das normas de defesa dos consumidores todos os contratos concluídos entre dois

profissionais, pois estes estariam agindo com o fim de lucro (v. Benjamim, conceito,

p.77)39

Para referida autora, importante interpretar no artigo 2.º do CDC, a

expressão “ destinatário final” , que é aquele destinatário fático e econômico do bem ou

serviço, seja ele pessoa jurídica ou física. O destinatário final é o consumidor final, o que

retira o bem do mercado ou adquire-o ou simplesmente utiliza-o (destinatário final fático),

aquele que coloca um fim na cadeia de produção (destinatário final e econômico) e não

aquele que utiliza o bem para continuar a produzir, pois ele não é o consumidor final, ele

está transformando o bem, utilizando o bem, incluindo o serviço contratado no seu, para

oferecê-lo por sua vez ao seu cliente, seu consumidor, utilizando-o no seu serviço de

construção, nos seus cálculos de preço, como insumo da sua produção.

Ademais, sintetiza as duas correntes ao definir:

39 Ibidem p.71.

“ A teoria finalista restringe a figura do consumidor àquele que adquire

(utiliza) um produto para uso próprio e de sua família, consumidor seria o não

profissional, pois o fim do CDC é tutelar de maneira especial um grupo de sociedade que

é mais vulnerável.

Já aqueles que adotam a teoria maximalista vêem as normas do CDC o

novo regulamento do mercado de consumo brasileiro, e não normas orientadas para

proteger somente o consumidor não-profissional. O CDC seria um Código geral sobre

consumo, um código para a sociedade de consumo, que institui normas e princípios para

todos os agentes do mercado, os quais podem assumir os papéis ora de fornecedores, ora

de consumidores.” 40

Ainda em discussão acerca de pessoa jurídica como consumidora,

FABIO ULHOA COELHOA pondera ao dizer: “ a dúvida acerca da aplicabilidade

da legislação de tutela dos consumidores nos atos interempresariais circunscreve-se à

hipótese em que não se verifica a intermediação física do bem ou serviço. Por exemplo: a

aquisição pelo industrial de energia elétrica para o funcionamento da fábrica, a aquisição

de máquinas, utensílios ou mobiliários para uso na empresa, a contratação de serviços de

dedetização do estabelecimento industrial etc. Nessa situação, o empresário pode ser visto

como o destinatário final dos bens ou serviços, sob o ponto de vista material, uma vez que

fisicamente eles deixam de circular. Mas sob o ponto de vista econômico, esses bens ou

40 Ibidem. p.72

serviços se incorporam aos fornecidos ao mercado de consumo pelo empresário que os

adquiriu. Em uma palavra, são insumos.” 41

No que se refere ao parágrafo único do artigo 2º do CDC, CLAUDA

LIMA MARQUES exemplifica referida norma de consumidor comparado,

salientando que se uma criança, filha do adquirente, que ingere produto defeituoso

e vem a adoecer por fato do produto, é consumidor equiparado e se beneficia de

todas as normas protetivas do CDC aplicáveis ao caso. A importância do parágrafo

único do artigo 2º, é seu caráter de norma genérica, interpretadora, aplicável a todos

os capítulos e seções do Código.42

Superadas essas definições apresentadas por ilustres doutrinadores

do Direito, podemos concluir que o conceito do artigo 2º do CDC é bem amplo,

amparando também, a pessoa jurídica como consumidora, eis que deve-se

considerar a situação fática em suas peculiaridades, atentando-se sempre pela

vulnerabilidade econômica e o desequilíbrio econômico, técnico e jurídico. E isso

independe se a pessoa é física ou jurídica, pois podemos ter casos de um

profissional liberal que compra peças de decoração de uma empresa para seu

escritório e configurar atos de consumo.

3.2 – CONCEITO DE FORNECEDOR

41 Ibidem. p.47 42 Ibidem. p.75

O art.3º do CDC disciplina que, in verbis:

: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,

nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem

atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.” 43

CLAUDIA LIMA MARQUES define sinteticamente que: “quanto ao

fornecimento de produtos, o critério caracterizador é desenvolver atividades tipicamente

profissionais, como a comercialização, a produção, importação, indicando também a

necessidade de uma certa habitualidade, como a transformação, a distribuição de

produtos.” 44

Para FABIO ULHOA COELHO o Código do Consumidor não

distingue os fornecedores de acordo com sua potencia econômica. Em nenhuma

passagem há qualquer tratamento diferenciado do micro ou pequeno empresário,

para os quais a lei atribui as mesmas responsabilidades reservadas aos grandes

conglomerados econômicos.45

Portanto, para uma compreensão ampla do conceito de fornecedor,

podemos caracterizar todo aquele que independentemente de sua expressão

econômica, desenvolve atividades tipicamente profissionais, com uma certa

43 Artigo 3º, do Código de defesa do Consumidor. 44 Ibidem. p.93 45 Ibidem. p. 46.

habitualidade, pois se assim não suceder, vão excluir do CDC todos os contratos

firmados entre dois consumidores, não-profissionais, que serão considerados

relações puramente civis, às quais se aplica o Código Civil.

3.3 – CONCEITO DE PRODUTO E SERVIÇO

Em análise do parágrafo 1º do Artigo 3º do CDC, o professor JOSÉ

GERALDO BRITO FILOMENO entende que: “ é melhor falar-se em bens e não

produtos, porquanto o primeiro termo retroreferido é muito mais abrangente e, alias, mais

técnico, tanto do ponto de vista jurídico, como do ponto de vista da economia política.

Essa diferenciação não é mera especulação gramatical, todavia, constitui-se em verdadeira

amplitude maior da relação jurídica de consumo, pois bens são coisas que sendo úteis aos

homens provocam a sua cupidez e , por conseguinte, são objeto de apropriação

privada...”46

Para o professor PAULO LUIZ NETTO LOBO, citado por

NEWTON de LUCCA47, seja como for, são produtos, para fins do Código do

Consumidor, apenas os bens econômicos lançados no mercado por fornecedor, assim

legalmente qualificado. Se o bem adquirido ou utilizado não se inclui na atividade 46 Ibidem. p.55 47 DE LUCCA, Newton, Direito do Consumidor, São Paulo, Editora Quartier Latin: 2003, pág.144

finalística do fornecedor, não há relação de consumo, e portanto, não se converte em

produto.

Quanto aos serviços, CLAUDIA LIMA MARQUES defende que a

“expressão utilizada pelo artigo 3º do CDC, para incluir todos os serviços de consumo é

de “ mediante remuneração”. O que significaria esta troca entre a tradicional classificação

dos negócios como “onerosos” e gratuitos por remunerados e não remunerados? Parece-

me que a opção pela expressão “remunerado” significa uma importante abertura para

incluir o serviço de consumo remunerados indiretamente, isto é, quando não é o

consumidor individual que paga, mas a coletividade ( facilidade diluída no preço de

todos) ou quando ele paga indiretamente o “ benefício gratuitos” que está recebendo. A

expressão “remuneração” permite incluir todos aqueles contratos em que for possível

identificar, na sinalagma escondida ( contra-prestação escondida), uma remuneração

direta dos serviços de consumo. Aqueles contratos considerados “ unilaterais” , como o

mútuo, assim como na poupança popular, possuem um sinalagma escondido que são

remunerados.” 48

Portanto, de uma maneira mais prática podemos concluir que, as

pessoas utilizam-se de produtos para satisfazer suas necessidades de natureza

econômica. Os produtos em função de sua tangibilidade podem ser classificados

como bens ou serviços. Geralmente, quando as pessoas adquirem produtos,

inclusive os bens, estão buscando o serviço que eles podem lhe prestar.

48 Ibidem.. p. 94

De qualquer forma, na prática, os produtos têm agregado uma

quantidade crescente de serviços como forma de criação de diferenciais

competitivos de mercado e os serviços, por outro lado, têm em graus variados,

incorporados bens materiais na sua prestação.

3.4 – PRINCÍPIOS

Sobre os princípios gerais de direito importa citarmos Miguel Reale

(1999, p.305), citado por HENRIQUE ALVES PINTO: 49

Deve começar pela observação fundamental de que toda forma de

conhecimento filosófico ou científico implica a existência de princípios, isto é, de certos

enunciados lógicos admitidos como condição ou base de validade das demais asserções

que compõem todo o campo do saber.

Os princípios são pilares pelos quais se fundam toda a estrutura

jurídica existente. Servem de clarão sobre o entendimento das questões jurídicas,

isto é, por mais complicadas que estas estejam no interior de um sistema de

normas, será o principio, armadura para o conflito ou ausência delas.

Daí se infere que todo sistema se quiser adquirir a qualidade de um

sistema que se completa e se relaciona por toda extensão de seu corpo normativo, 49 htpp://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4792 – acesso em: 10/3/2007

deve estar armado de princípios que emanam de um núcleo central, formados de

postulados que seguem os preceitos do principio de identidade que é comum a

todos os campos do saber.

Ainda sobre a importância dos princípios, HENRIQUE ALVES

PINTO, dissertando sobre os Princípios Nucleares do Código Brasileiro de Defesa

do Consumidor e sua extensão como principio Constitucional, cita Miguel Reale

(1999, p.306) na sua celébre frase:

“ princípios gerais do direito são enunciações normativas de valor

genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para

sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas.” 50

Elevando-se o Código do Consumidor à categoria de direito

fundamental dentro da Constituição Federal Brasileira, o mesmo autor, Henrique

Alves Pinto, aduz:

“... Diante disso fica declarada a magnitude de sua garantia constitucional

que possui no mínimo, disposições imediatas e emergentes, difundido de seu estado de

principio geral da atividade econômica do país, erigido por nossa Lei Maior, a virtude de

corromper de inconstitucionalidade qualquer norma que possa ser um obstáculo à defesa

desta figura das relações intersubjetivas de consumo, que é o consumidor.” 51

50 Reale, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 24.ed.São Paulo: Saraiva, 1999. 51 Idem.

Tal equiparação aos direitos constitucionais é de suma importância,

haja vista que o Código em seu artigo 4º e incisos, estabelece a Política Nacional

das Relações de Consumo, resumindo-se em:

1 – Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor – Art. 4º , I

Tal principio visa demonstrar a fragilidade do consumidor diante de

situações que somente o fornecedor detém o controle. E a criação dessa política se

dá justamente para minimizar a disparidade que existe na relação de consumo.

HENRIQUE ALVES PINTO, ao citar ANTONIO HERMANN de

VASCONCELOS E BENJAMIM (1991, p.224-225)52, sobre a questão da

vulnerabilidade e sua diferença com a hipossuficiência , “... é um traço universal de

todos os consumidores, ricos ou pobres, educadores ou ignorantes, crédulos ou espertos.

Já a hipossuficiência é marca pessoal, limitada a alguns – até mesmo a uma coletividade –

mas nunca a todos os consumidores.”

Para CLAUDIA LIMA MARQUES53 existem três tipos de

vulnerabilidade, a saber: técnica, jurídica e a fática.

A vulnerabilidade técnica o comprador não possui conhecimento

especifico sobre o objeto que está adquirindo e portanto, é mais facilmente

52 Benjamim, Antônio Herman de Vasconcelos, Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto. São Paulo: Forense Universitária, 1991. 53 Ibidem. p. 120-121

enganado quanto às características do bem ou quanto à sua utilidade, o mesmo

ocorrendo com a matéria dos serviços. Já a vulnerabilidade fática é aquela

desproporção fática de forças intelectuais e econômicas, que caracterizam a relação

de consumo. Enquanto a jurídica é a falta de conhecimentos específicos.

Portanto, ao lembrar que os alimentos transgênicos foram liberados

ao mercado de consumo sem uma avaliação sistemática e precisa sobre seus reais

efeitos, vê-se a condição de total vulnerabilidade do consumidor frente às questões

técnicas, jurídicas e econômicas.

2 – Princípio do Dever Governamental – Art. 4º, II, VI e VII

É função do Estado, como fiscalizador das relações de mercado,

entre fornecedores e consumidores, estabelecer diretrizes para proteger estes dos

eventuais abusos daqueles, frente à relação de consumo, utilizando-se de meios de

acesso para proporcionar a defesa do consumidor.

Tais meios de defesa poderão se dar pela atuação do Ministério

Público, órgãos como o PROCON e Associações de Defesa do Consumidor, que

tem se mostrado eficazes em seus objetivos.

3 – Princípio da Garantia da Adequação – Art. 4º, II, “D” e V

Pela definição de HENRIQUE ALVE SPINTO54 “ é o principio que

emana a necessidade da adequação dos produtos e serviços ao binômio,

qualidade/segurança, atendendo completamente aos objetivos da Política Nacional das

Relações de Consumo, elencados no caput do art. 4º , consistente no atendimento dos

eventuais problemas dos consumidores, no que diz respeito à sua dignidade, saúde e

segurança, a proteção de seus interesses econômicos e a melhoria da sua qualidade de

vida.”

Ainda, o mesmo autor nos remete ao conhecimento de que empresas

preocupadas com tais aspectos, têm criado os conhecidos “departamentos de

atendimento ao consumidor”, que demonstram uma dupla atribuição: - ao mesmo

tempo que recebem reclamações de determinados produtos ou serviços, também

recebem valiosas sugestões de consumidores, instruindo-os em como melhor servi-

los, o que atribui de maneira inteligente para o desenvolvimento das próprias

atividades empresariais.

4 – Principio da Boa-fé nas Relações de Consumo – Art. 4º, III e VI

Tal princípio poderá ser considerado como o que orienta a maioria

dos artigos do Código do Consumidor, pois a harmonia das relações de consumo e

54 Idem.

a transparência, indicadas no caput do artigo 4º como um dos escopos da Política

Nacional das Relações de Consumo, serão o resultado da conduta geral da boa-fé,

que deve ser buscado pelos dois pólos da relação de consumo: fornecedor e

consumidor.

Ademais, praticando referido principio, podemos afirmar com

propriedade que haverá apenas vantagens aos dois pólos, qual seja, harmonia na

relação de consumo.

Para CLAUDIA LIMA MARQUES, em seus Comentários ao

Código de Defesa do Consumidor há uma classificação importante das funções do

principio da boa-fé, a saber: “ a primeira função é a criadora seja como fonte de novos

deveres, deveres de conduta anexos aos deveres de prestação contratual, como o dever de

informar, de cuidados e de cooperação; seja como fonte de responsabilidade por ato

licito, ao impor riscos profissionais novos e agora indisponíveis por contrato. A segunda

função é uma função limitadora, reduzindo a liberdade de atuação dos parceiros

contratuais ao definir algumas condutas e clausulas abusivas. E a terceira função é a

interpretadora, pois a melhor linha de interpretação de um contrato ou de uma relação de

consumo deve ser a do principio da boa-fé, o qual permite uma visão total e real do

contrato sob exame.”

5 – Princípio da Informação – Art. 4º, IV e VIII e Art. 6º III

Para o jurista LUIS GUSTAVO GRANDINETTI CASTANHO DE

CARVALHO (2002, p.255), em que este revela um importante pensamento a

respeito da informação: “ Não há sociedade sem comunicação de informação. A história

do homem é a história da luta entre idéias, é o caminhar dos pensamentos. O pensar e o

transmitir o pensamento são tão vitais para o homem como a liberdade física.”55

Com o objetivo de coibir os cidadãos para que não sejam levados a

consumir pela ilusão e não assumir comportamentos que não correspondam a

perfeita realidade, é mister elevar o principio da informação como sendo o regente

e corolário do Código de Defesa do Consumidor.

Nesse sentido, dispõe o CDC em seu artigo 6º III, in verbis:

“ São direitos básicos do consumidor:

...

III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e

serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade

e preço, bem como os riscos que apresentarem.”

Vale ressaltar que constata-se a presença do principio da veracidade

em que o fornecedor deve sempre prestar informações sobre produtos ou serviços

de qualquer natureza que ele ofereça ao mercado, tais como: ( arts. 8º e 10º (

principio da garantia da adequação, Arts.18, 19, 20 (vício do produto), Arts.

55 Carvalho, Luis Gustavo Grandinetti Castanho de, A informação como bem de consumo. Revista Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor. Vol.41, jan-mar./2002, p.253-263.

30,31,35 (oferta). Arts. 36,37,38 (publicidade e marketing), 43 e 44 (bancos de

dados e cadastros); Art. 56 (sanções administrativas),; por fim, os arts.

60,63,64,66,67 e 72 (infrações penais).

É importante a contribuição de CLAUDIA LIMA MARQUES ao

ensinar: “ é dever do fornecedor nos contratos relacionais de consumo manter o

consumidor adequada e permanentemente informado sobre todos os aspectos da relação

contratual, especialmente aqueles relacionados ao risco, qualidade do produto, ou serviço

ou qualquer outra circunstancia relevante para a sua decisão de consumo, durante todo o

período em que perdurar a relação contratual.”

ALOISIO FERREIRA 56 lista as seguintes espécies de informação:

“informação oral, informação escrita, informação visual, informação audiovisual,

informação jornalística, informação publicitária ou propagandística, informação

recreativa, informação individual, informação institucional, informação popular, coletiva

ou geral, informação automatizada.”

Para o professor LUIZ NETTO LOBO57, doutor em Direito pela

USP, o dever de informar tem raiz tradicional no principio da boa fé objetiva,

significante da representação que um comportamento provoca no outro, de conduta

matrizada na lealdade, na correção, na probidade, na confiança, na ausência de

intenção lesiva ou prejudicial. A boa fé objetiva é regra de conduta dos indivíduos

nas relações jurídicas obrigacionais. 56 Direito à informação, Direito à comunicação, São Paulo, Ed. Celso Bastos, 1997, p.94/95 57 http:/jus2.uol.com.br/doutrina/imprimir.asp?ide=2216 . Acesso em 20/6/2006.

Ademais, cumpre-se o dever de informar quando a informação

recebida pelo consumidor típico preencha os requisitos de adequação, suficiência e

veracidade. Tais requisitos devem estar interligados e a ausência de um deles

importa em descumprimento do dever de informar.

Quanto aos princípios, o professor Luiz Netto Lobo faz um

apontamento importante, a saber:

“ A adequação diz com os meios de informação utilizados e com o

respectivo conteúdo. Os meios devem ser compatíveis com o produto ou o serviço

determinados e o consumidor destinatário típico. Os signos empregados (palavras,

imagens e sons) devem ser claros e precisos, estimulantes do conhecimento e da

compreensão.58

A suficiência relaciona-se com a completude e integralidade da

informação. Antes do advento do Código do consumidor era comum a omissão, a

precariedade, a lacuna, quase sempre intencionais, relativamente a dados ou

referências não vantajosas ao produto ou serviço. Insuficiente é, também, a

informação que reduz, de modo proposital, as conseqüências danosas pelo uso do

produto, em virtude do estágio ainda incerto do conhecimento científico ou

tecnológico.

A Veracidade é o terceiro dos mais importantes requisitos do dever

de informar. Considera-se veraz à informação correspondente às reais 58 http:/jus2.uol.com.br/doutrina/imprimir.asp?ide=2216 . Acesso em 20/6/2006.

características do produto e do serviço, além dos dados corretos acerca de

composição, conteúdo, preço, prazos, garantias e riscos. A publicidade não

verdadeira, ou parcialmente verdadeira, é considerada enganosa e o direito do

consumidor destina especial atenção as suas conseqüências.”

Nessa esteira, considerando-se o fato de alimentos transgênicos não

terem uma definição exata de seus eventuais riscos de consumo, como exemplo

entender que seu consumo acarreta sensibilização ainda maior das pessoas

suscetíveis de alergias de vários tipos, poder-se-ia afirmar que o principio da

informação é basilar para que o consumidor, bem instruído acerca de sua

composição e eventuais riscos, possam de fato, exercerem o direito à escolha.

Ainda, é dever do Estado instruir e educar os cidadãos de forma a

compreender melhor o vem a ser alimentos transgênicos e utilizar-se de órgãos de

fiscalização, no intuito de fazer cumprir a lei, inclusive, punir fornecedores e

comerciantes que omitem o direito de informação.

Lembra o autor JOSE GERALDO BRITO FILOMENO59 que no

âmbito do Estado de São Paulo sobreveio a Lei n.º 10.467, de 20 de dezembro de

199960, que dispôs sobre a impressão de aviso nas embalagens que contenham

59 Ibidem. p.100/101 60 GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei: Artigo 1º - Toda embalagem utilizada no acondicionamento de alimento geneticamente modificado, comercializado no Estado de São Paulo, deverá conter, impresso, de forma a propiciar fácil leitura no ato da compra, a seguinte frase: ALIMENTO GENETICAMENTE MODIFICADO.

alimentos geneticamente modificados. Aduz ainda: “ Referida norma, todavia, sem

embargo de seu caráter pedagógico, deixa muito a desejar, já que não basta alertar o

consumidor no sentido da existência de modificação genética do alimento que vai se

ingerir. A referida informação deveria conter, por exemplo, que tipo de transformação

genética o produto recebeu, e receptor de que gens, informação essa vital, sobretudo no

que tange aos alergênicos. Além do mais, não prevê qualquer sanção para os fornecedores

que descumprirem a referida obrigação que lhes foi imposta.”

O Procurador do Estado de São Paulo, ENIO MORAES DA SILVA,

demandou uma Ação Civil Pública em face de réus não idenficados61, utilizando-se

da Lei 10.467 e do artigo 6º, III do CDC, além de outros artigos relevantes da

Constituição Federal para, além de outros pedidos, condenarem-nas na obrigação

de fazer, inserindo em seus produtos a informação em seus rótulos de que possuem

alimentos transgênicos.

Um de seus principais argumentos foi que a Constituição da

República Federativa do Brasil estabeleceu o poder/dever do poder público de velar

Artigo 2º - Se o alimento geneticamente modificado for vendido a granel, no local onde este estiver exposto para venda, deverá constar a frase a que se refere o artigo 1º. Parágrafo único - Se, em sua composição, em qualquer proporção, o produto, acondicionado em embalagem, contiver alimento geneticamente modificado, nesta deverá constar, impressa, a seguinte frase: CONTÉM, NA COMPOSIÇÃO, ALIMENTO GENETICAMENTE MODIFICADO. Artigo 3º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta de dotações orçamentárias próprias. Artigo 4º - Esta lei entrará em vigor 90 (noventa) dias após sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Palácio dos Bandeirantes, 20 de dezembro de 1999 Mário Covas 61 http://www.mp.rs.gov.br/consumidor/acoes/id585.htm . Acesso em: 5/3/2007.

pela guarda da Constituição e das leis e de cuidar da saúde pública, nos ditames dos

incisos I e II do artigo 23. Por esses motivos, o Estado de São Paulo não

poderia agir de outra forma. Não poderia ficar inerte ao ver a periclitante

condição a que estão submetidos os consumidores deste Estado em face do

desrespeito de nossa Constituição e das nossas leis em razão da omissão das

Rés, que não cumprem com a sua obrigação de informar devidamente o

consumidor.

Portanto, o direito à correta informação corresponde a espinha dorsal

de todo o sistema protetivo já disposto. Isto porque um determinado produto ou

serviço, quando exposto no mercado de consumo, deve ser, na sua apresentação,

amplamente especificado em todas as suas características, a fim de que o

consumidor adquira um adequado discernimento a respeito daquele produto ou

serviço.

CAPÍTULO 4

ATUAÇÃO DOS ORGAOS DE FISCALIZAÇÃO

4.1 – FORMAS DE ATUAÇÃO

No Brasil, qualquer empresa (pública ou privada) que queira

pesquisar, cultivar ou comercializar transgênicos, deve atender às exigências de

cinco órgãos: A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Brasileiro de Meio

Ambiente (Ibama), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Conselho Nacional

de Meio Ambiente ( Conama).

A CTNbio, órgão responsável por “ emitir parecer técnico prévio

conclusivo sobre registro, uso, transporte, armazenamento, comercialização,

consumo, liberação e descarte de produto contendo OGM ou derivados,

encaminhando-o ao órgão de fiscalização competente”, estabelece uma série de

normas para que seja autorizada a liberação de transgênicos no meio ambiente,com

um rol extensivo de suas exigências.62

Em seguida, há as exigências da Anvisa,63 do Ibama64 e do

Ministério do Meio Ambiente65, que, em conjunto, fornecem o chamado Registro

Especial Temporário, o qual se aplica a OGM características biocidas, ou seja, que

eliminam bactérias, insetos e outras pragas.

Já o Conama66, estabelece critérios e procedimentos para

licenciamento ambiental e exigência de Estudo de Impacto Ambiental(EIA/RIMA)

para atividades e empreendimentos com OGM e seus derivados.

Todavia, o cumprimento da legislação sobre rotulagem nos alimentos

transgênicos é de responsabilidade de órgãos governamentais, bem como órgãos

dos governos estaduais e municipais. No entanto, o trabalho de fiscalização sobre o

cumprimento do decreto de rotulagem ainda não é efetivo.

O Greenpeace entregou um dossiê de denúncia e uma carta ao

Ministério da Justiça e aos Deputados Fernando Gabeira e João Alfredo, da

Comissão de Meio Ambiente da Câmara, reivindicando o cumprimento da lei que

determina a rotulagem dos produtos transgênicos. Ao receber a denuncia de

62 http://www.ctnbio.gov.br/acesso em 12/4/2007 . Acesso em: 12/4/2007. 63 http://www.anvisa.gov.br/acesso em 12/4/2007 64 http://www.ibama.gov.br/acesso em 12/4/2007 65 http://www.mma.gov.br/acesso em 12/4/2007 66 http://www.mma.gov.br/port/conama/estr.cfm/acesso em 12/4/2007

GABRIELA COUTO, engenheira genética que faz campanha de engenharia

genética do Greenpeace, o Deputado Fernando Gabeira aduziu 67:

“ ... essa denúncia do Greenpeace é muito séria e precedente, uma vez que

o Brasil está respondendo de forma inadequada à Lei de Rotulagem. Todo o mundo diz

que é a favor, mas ninguém se mexe para fazer a fiscalização”.

Apesar de a soja geneticamente modificada ter sido definitivamente

liberada em 2005, até o presente momento não há registros de produtos rotulados

como transgênicos nas prateleiras dos supermercados brasileiros.

Para o sustento dessa informação, apresentamos um rol anexo no

final do presente trabalho de monografia, (ANEXO I) do manual fornecido pelo

Greenpeace – PRODUTOS COM OU SEM TRANSGÊNICOS, o qual constam

inúmeros produtos comprovadamente modificados consumidos pelos cidadãos.

Observa-se o escancarado desrespeito ao consumidor, vez que são impedidos de

exercerem o direito à escolha e conseqüentemente, de obterem à informação clara,

precisa e eficaz.

De acordo com o site do IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor),

o Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo, afirmou manter ações de

fiscalização no estado, tendo já identificado em análises laboratoriais, onze

produtos em desacordo com a legislação, por não indicar na embalagem a presença

dos OGMs. De acordo com a Visa-SP (Vigilância Sanitária de São Paulo), todos os 67 http://www.greenpeace.org.br/consumidores/not print.php?c=2317 acesso em 22/8/2006

lotes irregulares foram interditados. A Secretaria Estadual de Agricultura de São

Paulo não respondeu.

Para o coordenador executivo do Instituto de Defesa do Consumidor

(IDEC), SEZIFREDO PAZ, “ Lamentavelmente a Anvisa mantém uma atitude que

favorece as empresas e prejudica os consumidores. Trata-se de uma grave omissão”.68

Existem também órgãos de Defesa do Consumidor, atuando

juntamente com PROCONs e Promotorias de Defesa do Consumidor, com o intuito

de coordenar a fiscalização de cumprimento do decreto de rotulagem, sendo que ao

Ministério da Justiça cabe auxiliar e articular as ações de fiscalização dos Procons

em todo o país.

4.2 – PROBLEMÁTICA DA FALTA DE FISCALIZAÇÃO E SUAS

CONSEQÜÊNCIAS: CONSUMIDOR VERSUS INTERESSES ECONÔMICOS

Além de constatar a falta de fiscalização no cumprimento da Lei de

Rotulagem e a conseqüente omissão dos órgãos de atuação responsáveis em inibir

tais condutas, verificar-se-á o enorme desinteresse de empresas atuantes no

mercado de consumo no sentido de fazer prevalecer o interesse econômico em

68 http://www.idec.org.br/emacao imprimir.asp?ide=696 - acesso em 9/4/2007

detrimento dos direitos fundamentais dos consumidores, qual seja, o direito de ser

amplamente informado.

Em estudo elaborado pelo Instituto Ethos de Empresas e

Responsabilidade Social junto ao Greenpeace do Brasil, sob o título – A indústria

de Alimentos e os Transgênicos, um grupo de estudiosos abordaram o tema de

empresas que são a favor e as que são contra aos alimentos transgênicos e

concluíram:

“ ...o que observa-se tanto na Europa quanto no Brasil é que a

preocupação com os possíveis impactos na saúde humana ou no meio ambiente

decorrentes no uso de transgênicos não é o ponto principal no momento de decisão das

empresas. Pelo contrário, esse é o ultimo fator levado em consideração. Na Europa, as

principais motivações das empresas para optar por tal política são a forte pressão dos

consumidores e os fatores econômicos. Afinal, os produtos livres de trasgênicos são

aceitos em todos os mercados, ao contrário dos produtos com OGMs, que enfrentam

sérias restrições entre consumidores de vários paises. Já no Brasil, a importância dos

fatores é diferente: o primeiro motivo pelo qual as empresas optam por uma política de

não utilização de transgênicos é o econômico, especialmente para as empresas

exportadoras. Muitas delas afirmam não sentir uma pressão direta dos consumidores, mas

adotam uma postura cautelosa por temerem que seus produtos sejam rejeitados caso

passem a utilizar ingredientes geneticamente modificados. Em outras palavras, muitas

dessas empresas assumiram o compromisso de não utilizar transgênicos não por uma

opção voluntária, mas por uma exigência do mercado.”69

Nesse mesmo estudo, foi apontado a opinião de empresas que não

utilizam OGMs dentre elas temos:

Na opinião do gerente de comunicação exterma da Unilever do

Brasil, indústria de bens de consumo na atuação de três segmentos: alimentos,

higiene e beleza, MARCOS FREIRE: “ ...acreditamos que os consumidores devem ter

a informação necessária para poder optar pelo tipo de alimento que preferem comprar. Por

essa razão, a Unilever dispõe de linhas de telefone gratuitas, informativos em lojas,

informação via Internet e a rotulagem apropriada dos produtos” .70

Para a empresa Batavia S.A. Indústria de Alimentos, responsável por

laticínios e produtos a base de soja e Perdigão Agroindustrial S.A, responsável

pelos derivados de carnes, as principais vantagens de não utilização de transgênicos

refletem-se na imagem da empresa para o consumidor: “ Não há como medir um

retorno financeiro quanto a essa opção. Nossa maior preocupação é seguir o desejo de

nossos consumidores, fortalecendo uma relação de confiança mútua. Cabe ao consumidor

decidir, optar se é a favor ou contra. Nesse contexto, é importante que ele tenha acesso às

69 http://www.greenpeace.org.br/consumidores/guiaconsumidor.php - cartilha: A indústria de Alimentos e os transgênicos. Acesso em: 21/10/2006. 70 Idem.

informações necessárias. A rotulagem é um direito dos consumidores e cabe a ele optar

pelo tipo de produto que quer consumidor.” 71

Na política da empresa Ferrero do Brasil Indústria Doceira e

Alimentar Ltda, a rotulagem é primordial no processo de fabricação. “A rotulagem,

inclusive, justifica a adoção da política pela Ferrero, que deixaria de fazer sentido se não

fosse possível informar o consumidor da existência de produtos com ou sem OGMs. A

empresa espera que o consumidor entenda essa diferença e que identifique o direito de

escolha, e que isso possa se reverter em retorno da imagem corporativa e em fidelidade

aos produtos da marca.” 72

Dentre as apresentadas, temos outras indústrias atuantes na área de

bens de consumo que foram listadas pelo Greenpeace como as adeptas à não

utilização de produtos transgênicos, sob a alegação que se preocupa com a saúde do

consumidor, bem como a defesa da prática mais eficaz da Lei de Rotulagem que

está em vigor.

Entretanto, há algumas empresas mais preocupadas em resguardar a

imagem que possam transparecer e interessadas em priorizar os resultados

econômicos que isso possa ocasionar. Nesse sentido, acabam por adotar a política

de não utilização dos transgênicos e aumentar os lucros sob a alegação de respeitar

o direito do consumidor.

71 Regina Boschini, gerente-executiva de marketing da Batávia. 72 Oscar Ponza, gerente de qualidade industrial no Brasil.

É mister acrescentar a denuncia feita pelo Greenpeace sobre a

utilização de soja transgênica na fabricação das duas marcas líderes de óleo de

cozinha no Brasil. Cerca de 20 ativistas representando o consumidor brasileiro e

empurrando 20 carrinhos de supermercado cheios de latas de óleos Soya,

fabricados pela Bunge73 e Liza, fabricado pela Cargill74, desceram a rampa do

Congresso, na data de 06 de outubro de 2005.

Esse dossiê foi encaminhado à Comissão de Meio Ambiente, Defesa

do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado e aos Ministérios do Meio

Ambiente, da Saúde e Agricultura. A principal representante do Greeanpeace,

GABRIELA COUTO, aduziu com razão:

“...o Greenpeace demanda que os órgãos governamentais cumpram suas

obrigações e a lei. É fundamental que o consumidor seja informado sobre o que está

comprando para poder exercer o seu direito de escolha. Quanto aos óleos Soya e Liza, que

são transgênicos mas estão sendo vendidos sem o devido rótulo, o Greenpeace exige que

sejam retirados das prateleiras dos supermercados, já que estão em situação ilegal.”75

Em consequência da denúncia realizada pelo Greenpeace, o IDEC

entrou com representação junto ao Ministério Público Federal pedindo providencias

junto às empresas Bunge e Cargill. Todavia, não se sabe até os dias de hoje se 73 Por meio da Bunge Fertilizantes e Bunge Alimentos, produz fertilizantes e ingredientes para nutrição animal, processa e comercializa soja e outros grãos, fornece matéria-prima para a indústria de alimentos e food service, além de produzir alimentos para o consumidor final. 74 A Cargill é fornecedora internacional de produtos e serviços nos setores de alimentação, agricultura e gestão de riscos. 75 http://www.greepeance.org.br/consumidores/not print.php?c=2317 acesso em 22/8/2006

providencias foram realizadas, no sentido de impedir que tais abusos continuem a

serem praticados.

Portanto, a falta de fiscalização existente e o desconhecimento sobre

a questão da transgênia pelos consumidores brasileiros, faz com que empresas

tenham uma visão comprometedora apenas em relação a seus lucros e

faturamentos, desrespeitando amplamente os direitos fundamentais dos

consumidores.

4.3 – QUESTÃO DO ESTADO DO PARANÁ

Em data de 14 de junho de 2006, o Estado do Paraná realizou o “ Dia

T”, dedicada a mobilização pela fiscalização da rotulagem de transgênicos. O

objetivo da ação foi informar indústrias, agricultores e a população em geral sobre

os critérios e a importância das ações estaduais de fiscalização de produtos que

possam conter OGMs.

A mobilização marcou o inicio da implementação do plano estadual

de fiscalização de rotulagem de transgênicos do Paraná. O plano do governo

paranaense prevê que a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento

inspecione propriedades rurais e agroindustriais, fiscalizando o comércio de

sementes, o transito de animais e vendas de alimentos para consumo humano e

animal.

Para GABRIELA VUOLO, coordenadora da Campanha de

Engenharia Genética do Greenpeace: “ o Governo do Paraná tem nosso total apoio e

temos certeza de que a correta identificação dos transgenicos ao longo de produção vai

viabilizar o direito de escolha do consumidor.” 76

Ainda, “...O governo do Estado do Paraná não está apenas criando uma

lei estadual de rotulagem clara e precisa dos transgênicos, mas também está se

comprometendo a fiscalizar os produtos que contêm transgênicos e exigir das empresas a

rotulagem, fazendo com que a lei seja cumprida, coisa que o Ministério da Agricultura

não fez até hoje”, afirmou SÉRGIO LEITÃO, diretor de Políticas Públicas do

Greenpeace, em discurso durante a solenidade de assinatura do decreto. “Essa é uma

vitória da população paranaense e dos movimentos sociais e ambientais que lutam por um

mundo sem transgênicos”, finalizou.

Portanto, a fiscalização rigorosa como no exemplo do Estado do

Paraná, serve de exemplo a ser seguido por outros estados brasileiros.Ademais,

essa atitude estimula os órgãos governamentais a adotarem um controle preciso e

eficaz de fiscalização para rotulagem.

76 http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/?conteudo_id=2812&sub_campanha=0, acesso em 16/4/2007.

Tanto é verdade que, Órgãos de defesa do consumidor de nove

estados (Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Amapá,

Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná) deram início, a uma ação coordenada

de fiscalização do cumprimento do decreto de rotulagem dos transgênicos. Procons

e promotorias de defesa do consumidor realizam blitze em supermercados

recolhendo amostras de 45 produtos que podem conter transgênicos para serem

submetidos a exames laboratoriais.77

Uma ótima iniciativa que vem sendo desenvolvida e importante para

o consumidor brasileiro.

77 http://www3.mj.gov.br/noticias/2004/agosto/rls250804-fiscalizacao.htm . Acesso em: 10/3/2007.

CAPÍTULO 5

INICIATIVAS PARA A EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR

Com é sabido, os consumidores procuram bens e serviços que as

empresas possam fornecer como uma forma de satisfazer uma necessidade

material, mas estão sujeitos a atitudes abusivas e desleais por parte dos

fornecedores, necessitando, portanto, de uma proteção efetiva do Estado.

Diante dessa problemática, a informação e a conscientização de seus

direitos são os melhores mecanismos de proteger o consumidor desses negócios

abusivos.

As disposições constitucionais e infraconstitucionais brasileiras estão

de acordo com a Resolução 39/248, de 10 de abril de 1995, da ONU, que estipula

os direitos fundamentais dos consumidores, direitos universais e indisponíveis, a

saber:

(...) os governos devem desenvolver, reforçar ou manter uma política

firme de proteção ao consumidor (...)

As normas servirão para atender as seguintes necessidades:

a) proteger o consumidor quanto à prejuízos a saúde e segurança;

b) fomentar e proteger os interesses econômicos dos

consumidores;

c) fornecer aos consumidores informações adequadas para

capacita-los a fazer as escolhas acertadas de acordo com as

necessidades e desejos individuais;

d) educar o consumidor (grifo nosso);

e) criar a possibilidade de real ressarcimento do consumidor;

f) garantir a liberdade de criar grupos de consumidores e outros

grupos ou organizações de relevância e oportunidades para que

essas organizações possam apresentar seus enfoques nos

processos decisórios a ela referentes 78

Desta forma, o CDC traz como direito básico do consumidor a

educação e a divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,

assegurada a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações.

78 http://www.amprs.org.br/images/gianpaolo1.pdf - acesso em 16/4/2007.

Devemos entender como educação o processo de formação que se

desenvolvem no ambiente familiar, na convivência humana, no trabalho, na

Instituição de Ensino, nos Movimentos Sociais e Organizações da Sociedade Civil

e nas manifestações culturais.

É sabido que órgãos como o PROCON, entidades como o

GREENPEACE e outros, constituem-se em verdadeiras ferramentas para

fomentação de conhecimento, informação, educação, instrução e prevenção, em

casos de demandas que envolvam o direito do consumidor.

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social juntamente

com o Greenpeace, desenvolveu um manual de informação, intitulado como

Mercado Brasileiro – A industria de Alimentos e os Transgênicos e uma cartilha

indicando quais são os alimentos que tem como base OGMs, no intuito de manter

esclarecido o consumidor de todas e quaisquer duvidas referentes a esse processo.

Ademais, tais materiais são completamente claros, de fácil entendimento, destinado

a qualquer nível intelectual existente entre os consumidores brasileiros.

Vale destacar que ainda se faz necessário a maior divulgação do que

vem a ser alimentos geneticamente modificados, tendo em vista que muitos dos

consumidores, desconhecem referido termo.

Tanto é verdade que, alunas do curso de Saúde Pública da

Universidade Estadual do Ceará, elaboraram um trabalho de pesquisa intitulado

como: “Conhecimento Sobre Alimentos Geneticamente Modificados: Um estudo

com clientes em supermercado, situado em área nobre do Município de

Fortaleza”79 que trouxe um pouco dessa realidade, a saber:

“No período de março de 2003, foram aplicados questionários

estruturados com perguntas sobre alimentos transgênicos, com consumidores de um

supermercado situado em área nobre do município de Fortaleza. Foi verificado que 50%

das pessoas entrevistadas tinham nível de escolaridade superior, com 63,3% respondendo

que sabiam o que são alimentos transgênicos, 53,3% sempre olham o rótulo durante a

compra, sendo que a maioria (76,7%) nunca viu, no rótulo, menção se o produto é ou não

transgênicos.

Um dado preocupante, tendo em vista que foi comprovado que existem no

mercado de consumo, alimentos transgênicos, motivo pelo qual vários institutos, tendo

por representante máximo, o órgão não-governamental, GREEPEANCE, tem formulado

uma cartilha mostrando quais são os alimentos modificados.”

Nesse estudo realizado, as alunas concluíram:

“...constatou-se que ainda existe uma falta de conhecimento sobre a

presença de transgênico em produto industrializado, bem como quanto aos riscos de

consumi-los. Há necessidade de desenvolvimento de ações de conscientização do grupo

quanto à questão do direito à segurança alimentar.”

79 http://www.unifor.br/hp/revista_saude/v17-2/artigo6.pdf, acesso em 19/4/2007.

Com relação à aquisição de possíveis produtos transgênicos retirados

da lista do IDEC, 60% consumiam entre 5 a 9 produtos. Este dado demonstra o

consumo de alimentos transgênicos sem verificação da composição dos alimentos

nos rótulos, e sem conhecimento do que trata a transgenia. Outro aspecto é o do

consumo sem conhecimento, já que, até pouco tempo, não havia uma

regulamentação para a rotulagem destes alimentos.” 80

Acredita-se que os consumidores pesquisados, na realidade, tem um

vago conhecimento sobre a temática. Isto realmente era de se esperar, pois a mídia,

referida como fonte de origem das informações, não tem enfocado o tema mais

profundamente, elucidou com clareza, as alunas da pesquisa e ainda:

“...a população em geral acompanha a polêmica de forma bastante restrita,

pois não conhece bem os efeitos que os alimentos geneticamente modificados podem

acarretar em sua saúde. Esta falta de conhecimento pode determinar reações negativas,

como as que foram reveladas, quando se questionou sobre as doenças relacionadas ao

consumo destes alimentos, pois nenhum consumidor revelou que a alimentação com os

transgênicos traz benefícios para à saúde”81

Diante desse assunto tão controverso, conclui-se que, é preciso uma

ação mais efetiva do Poder Público, no âmbito federal, estadual e municipal na

disseminação da evolução alimentar, principalmente no que se refere ao

80 http://www.unifor.br/hp/revista_saude/v17-2/artigo6.pdf - acesso em 19/4/2007. 81 Cavalli, SB. Segurança alimentar: a abordagem dos alimentos transgênicos. Ver. Nutr.2001;14(Supl I):41-6

conhecimento dos alimentos transgênicos, por meio de políticas públicas que

colaborem para a formação de cidadãos conscientes, que desempenhem uma função

participativa, critica e que seja conhecedora dos riscos e benefícios do consumo de

transgênicos, optando dessa forma, pela sua aquisição ou não.

Ademais, as fontes de comunicação como televisão, rádio, Jornal,

Revistas e Internet, servirão de acesso eficaz e rápido para orientação dos

consumidores. Basta apenas a vontade dos órgãos responsáveis em contribuir com

essa questão.

CONCLUSÃO

O tema dos transgênicos é muito complexo, atual e envolvente. Seu

alcance se estende aos interesses de empresas multinacionais de biotecnologia no

sentido de angariar lucros com suas inovações e descobertas tecnológicas, e em

oposição, temos grupos e entidades envolvidas no interesse da disseminação ampla

e eficaz da informação sobre referidos alimentos, no sentido de fazer prevalecer o

direito de escolha, juntamente com o direito à informação.

Verificou-se no decorrer do presente trabalho, a ausência de

conscientização por parte de órgãos públicos, no sentido de ampliar a informação

que passa da rotulativa, para uma forma mais educativa e eficiente, capaz de

instruir o consumidor, a tomar uma postura crítica e inteligente acerca de sua

escolha de consumir ou não tais alimentos.

Ademais, o simples fato de que os produtos conterem transgênicos

ou não, em limite inferior ao determinado na legislação, como determina o decreto

de rotulagem, não elimina a obrigação dos produtores quanto ao dever de informar.

Mas o que vislumbramos na realidade brasileira, é que muitas

empresas utilizam-se na composição de seus produtos, base transgênica, e

aproveitando-se da inércia da fiscalização, coloca à disposição nas prateleiras do

mercado, alimentos que omitem em seu rótulo, escancaradamente, à informação de

que o consumidor tem direito a obter.

Foram levantados dados do desconhecimento total ou parcial dos

consumidores, acerca do referido tema. Isso é preocupante, pois possuímos uma

legislação rica, como o Código de Defesa do Consumidor, que estabelece a Política

Nacional das relações de consumo, estabelecendo princípios importantes a serem

observados em qualquer relação de consumo. Caso isto não ocorra haverá afronta

ao princípio da boa fé objetiva, que serve como regra básica de convivência que

passa a ter relevância jurídica para os demais princípios decorrentes da constituição

do vínculo Jurídico.

Com todo o exposto, não podemos deixar de ressaltar que a

aquisição de informação é base para criar nos consumidores, o senso crítico capaz

de lhes conduzir à melhor escolha que provier acerca desses alimentos. Com a

participação do consumidor no cenário crítico dessas discussões, teremos uma

solução mais rápida e igualitária quanto à complexidade do tema.

Neste contexto, a definição dos rumos futuros da transgênia no

Brasil, requer a participação e o controle social como referência à prática da

cidadania.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MONOGRAFIA CONSULTADA BUZELLI, MagaliCardoso – TCC 613.2 – 2002-2296. Pesquisa sobre o Conhecimento dos Consumidores quanto aos alimentos transgênicos e a influência da Rotulagem na decisão de consumo.

ANEXO

GUIA DO CONSUMIDOR – PRODUTOS COM OU SEM TRANSGÊNICOS

REF.º:

http://www.greenpeace.org.br/consumidores/guiaprint.php.

Transgênico Não transgênico

Aro (Makro) Liza (Cargill) Oliva (Cargill) Olivares (Paladar) Salada (Bunge) Soya (Bunge) Carmelita (Vigor) Mazola (Cargill) Primor (Bunge) Veleiro (Cargill)

Big Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Pão de Açúcar Champion Sinhá (Caramuru) Campestre Great Value (Wal-Mart) Ceres (Vida) Cocamar Dois Amores (Caramuru) Leve (Imcopa) Gilda (Vida) Maria (Vida) Sadia Suavit (Cocamar) Brejeiro

Alimento Infantil

Transgênico Não transgênico

Gerber (Novartis) Arisco (Unilever) Big Carrefour Cremogema (Unilever) Compre Bem/Barateiro Extra Maizena (Unilever) Nestlé Pão de Açúcar Aptamil (Support) Bebelac (Support) Nan (Nestlé) Nestogeno (Nestlé) Ninho (Nestlé) Nutriton (Support) Soya Diet (Support)

Farinhas e Grãos

Transgênico Não transgênico

Aro (Makro) Dafap's Quero

Big Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Pão de Açúcar Bontrato (Caramuru) Caramuru Cereja (Sakura) Champion Hikari Jasmine Mãe Terra Mais Vita Produtos Naturais Missô (Sakura) Nekmil (Caramuru) Nutrimental Oetker Panco Sinhá (Caramuru) Vitao (Nutrihouse) Yoki

Molhos e Condimentos

Transgênico Não transgênico

Soya (Bunge) Ajinomoto Primor (Bunge) Luppini Quero Mesa (Vigor) Vigor Virmont Gourmet (Cargill) Liza (Cargill) Sazon (Ajinomoto) Hondashi (Ajinomoto)

Arisco (Unilever) Big Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Pão de Açúcar Cereja (Sakura) Champion Mãe Terra Missô (Sakura) Great Value (Wal-Mart) Maria (Vida) Cepêra Mais por Menos (Wal-Mart) Aji no Shoyu (Sakura) Cica (Unilever) Etti (Parmalat) Goodlight Hellman's Hikari Knorr (Unilever) Lanchy (Cocamar) Linguanotto (Masterfoods) Mococa Parmalat Peixe (Cirio) Purity (Cocamar) Sakura Uncle Ben's (Masterfoods) Cirio Fondor (Nestlé) Pomarola (Unilever) Salsaretti (Parmalat) Tarantella (Unilever)

Maggi (Nestlé)

Enlatados

Transgênico Não transgênico

Quero Big Compre Bem/Barateiro Extra Pão de Açúcar Great Value (Wal-Mart) Mais por Menos (Wal-Mart) Etti (Parmalat) Peixe (Cirio) Anglo (BF) Bonduelle Bordon (BF) Coqueiro Quaker Superbom Swift (BF)

Sopas e Pratos Prontos

Transgênico Não transgênico

Hemmer La Table D'or Vigor

Arisco (Unilever) Big Pão de Açúcar Panco Sinhá (Caramuru) Vitao (Nutrihouse) Sadia Goodlight Knorr (Unilever) Missoshiru (Sakura) Nissin Qualimax Maggi (Nestlé)

Sobremesas

Transgênico Não transgênico

Vigor Virmont Dona Benta Linea Leco (Vigor)

Big Maizena (Unilever) Nestlé Pão de Açúcar Hikari Oetker Great Value (Wal-Mart) Goodlight Mococa Parmalat Paulista (Danone) Clight (Kraft) Ducoco Fresh (Kraft) Karo (Unilever) Kibon (Unilever) La basque Miss Daisy (Sadia) Royal (Kraft)

Danone

Matinais e Cereais

Transgênico Não transgênico

Linea Sustagen (Bristol & Meyers) Café do Ponto Kellog´s Diet Shake (Nutrilatina) Melitta Ovomaltine (Novartis) União Quero Pro Sobee (Bristol & Meyers)

Big Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Nestlé Pão de Açúcar Jasmine Mãe Terra Vitao (Nutrihouse) Great Value (Wal-Mart) Mais por Menos (Wal-Mart) Mococa Quaker Sanavita Batavo Ativa Soy (Nutrimental) Suprasoy (Josapar) Nutrifoods Nutrilon (Nutrimental) Nutry (Nutrimental) Nutry Fun (Nutrimental) Cerealon (Nutrifoods) Chocomilk (Batavo) Chomax (Ducoco) Fibra Total (United Mills) Fitness & Diet (United Mills) Mucilon (Nestlé) Nescau (Nestlé) Nesquik (Nestlé) Neston (Nestlé) Nutren (Nestlé) Toddy (Quaker) Trio (United Mills)

Chocolates e Balas

Transgênico Não transgênico

Adams Arcor Cadbury Dan Top Dizioli Duitt Garoto Halls Hershey's Santa Edwiges Trident

Big Nestlé Pão de Açúcar Great Value (Wal-Mart) Dori Ferrero Kopenhagen Lacta (Kraft) M&M (Masterfoods) Milka (Kraft) Pan Twix (Masterfoods) Snickers (Masterfoods)

Biscoitos e Salgadinhos

Transgênico Não transgênico

Adria Big

Ebicen (Glico) Lu (Arcor) Zabet (Adria) Truinfo (Arcor) Aymoré (Arcor) Gran Dia (Arcor)

Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Nestlé Pão de Açúcar Champion Jasmine Mãe Terra Panco Vitao (Nutrihouse) Great Value (Wal-Mart) Mais por Menos (Wal-Mart) Parmalat Firenze Piraquê Nutrifoods Nutry (Nutrimental) Dauper Dori Ativa (Nutrimental) Bauducco Elbis (Mabel) Elma Chips Fritex (Bauducco) Iracema (Kraft) Kelly (Mabel) Mabel Mini Bits (Kraft) Nabisco (Kraft) Skiny (Mabel) Tica (Panco) Tostines (Nestlé) Visconti Wickbold Biits Cookies (United Mills) Bon Gouter (Kraft) Chocolícia (Kraft) Chocooky (Kraft) Club Social (Kraft) Oreo (Kraft) Trakinas (Kraft) Duchen (Parmalat) Raris (Masterfoods) Mr. Nut´s (Masterfoods)

Pães e Bolos

Transgênico Não transgênico

Santa Edwiges Pullman Ana Maria (Pullman)

Big Pão de Açúcar Panco Great Value (Wal-Mart) Mais por Menos (Wal-Mart) Firenze Bauducco Tica (Panco) Visconti Wickbold Kidlat (Parmalat) Jack Bolinho (Wickbold)

Bebidas

Transgênico Não transgênico

All Day (Bunge) Cyclus (Bunge)

Sanavita Batavo Clight (Kraft) Fresh (Kraft) Royal (Kraft) Danone Ativa (Nutrimental) Yakult Ades (Unilever) Cereal Shake Light Ki-Suco (Kraft) Maguary (Kraft) Jui-C (Nutrimental) Nutrinho (Nutrimental) Sustare (Olvebra) Tang (Kraft) Q-Refres-ko (Kraft) Tonyu (Yakult) Chamy (Nestlé) Kissy (Batavo) Diet Fiber (Olvebra) Longevita (Olvebra) Novo Milke (Olvebra) Soy Fruit (Olvebra) Soy Original (Olvebra) Soymilke (Olvebra)

Frios e Embutidos

Transgênico Não transgênico

Big Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Champion Sadia Mais por Menos (Wal-Mart) Anglo (BF) Bordon (BF) Swift (BF) Batavo Perdigão Rezende (Sadia) Seara Marba Wilson (Sadia)

Laticínios e Margarinas

Transgênico Não transgênico

Primor (Bunge) Mesa (Vigor) Leco (Vigor) Vigor All Day (Bunge) Amélia (Vigor) Cyclus (Bunge)

Big Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Nestlé Pão de Açúcar Great Value (Wal-Mart)

Delícia (Bunge) Franciscano (Vigor) Mila (Bunge) Soya (Bunge)

Sadia Mais por Menos (Wal-Mart) Goodlight Paulista (Danone) Batavo Piraquê Danone Arisco Philadelphia (Kraft) Claybom (Unilever) Baker (Vida) Colméia (Vida) Becel (Unilever) Corpus (Danone) Cremutcho Dannete (Danone) Danny (Danone) Doriana (Unilever) Molico (Nestlé) Qualy (Sadia) Saúde (Unilever) Deline (Sadia) Dupli (Danone) FBE (Vida) Glacier (Vida) Margarella (Vida) Mariella (Vida)

Massas

Transgênico Não transgênico

Adria Frescarini (General Mills) Pastitex Santa Branca

Big Carrefour Pão de Açúcar Champion Sadia Mezzani Firenze Massaleve Pavioli Piraquê

Congelados

Transgênico Não transgênico

Arosa Forno de Minas (General Mills) Pescal Belcook

Big Carrefour Compre Bem/Barateiro Extra Pão de Açúcar Champion Panco Great Value (Wal-Mart) Sadia Goodlight Anglo (BF) Bordon (BF) Superbom Swift (BF) Batavo Da Granja

Kilo Certo Perdigão Rezende (Sadia) Seara Bonduelle Toque de Sabor (Perdigão)

Rações para animais

Transgênico Não transgênico

Guabi Purina (Nestlé) Alpo (Nestlé) Bonzo (Nestlé) Cat Chow (Nestlé) Champ (Masterfoods) Deli Dog (Nestlé) Dog Menu (Nestlé) Fancy Feast (Nestlé) Faro (Guabi) Friskies (Nestlé) Frolic (Masterfoods) Gatsy (Nestlé) Herói Mascote (Guabi) Kanina (Nestlé) Pedigree (Masterfoods) Whiskas (Masterfoods) Top Cat (Guabi) Kitekat (Masterfoods)

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