transformação do músculo em carne

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Transformação do músculo em carne Universidade de São Paulo Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos Saulo da Luz e Silva ZAZ 0073 – Avaliação de carcaças e qualidade de carne

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Transformação do músculo em carne

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Page 1: Transformação Do Músculo Em Carne

Transformação do músculo em carne

Universidade de São PauloFaculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

Saulo da Luz e Silva

ZAZ 0073 – Avaliação de carcaças e qualidade de carne

Page 2: Transformação Do Músculo Em Carne

Homeostase A maioria dos órgãos, incluindo os

músculos, operam eficientemente numa faixa muito estreita de condições fisiológicas como: pH, temperatura, concentração de O2 e produção de energia

(homeostase).

Esse balanço permite que o organismo opere e sobreviva sob as mais adversas condições externas (variações na temperatura, falta de oxigênio e estresse fisiológico).

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Abate

Após o abate inicia-se uma série de processos, que tem por objetivo a manutenção do status metabólico normal (homeostase) necessário para a manutenção da vida;

Causam alterações que culminarão com a transformação do músculo em carne;

Após a sangria, cerca de 50% do sangue é removido;

Com a falta de sangue cessa o suprimento de O2.

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Transformação do músculo em carne

O metabolismo anaeróbio -> formação ácido lático, na tentativa de manter o mecanismo homeostático de produção de energia, permitindo manter por um tempo adicional a integridade da estrutura celular.

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Via glicolítica

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Normalmente, o sistema circulatório leva o ácido lático produzido de volta ao fígado (resíntese de glicose e glicogênio, ou coração metabolizado em CO2 e água);

Como não há mais circulação, o mesmo se acumula no músculo.

Esse processo acontece até a depleção do glicogênio muscular ou o pH muscular se torna tão baixo que as enzimas glicolíticas se tornam inativas (Rigor mortis).

Acidificação do músculo

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Queda pós-morte do pH A taxa de declínio e a extensão da

queda são variáveis, sendo vários os fatores que interferem com este processo.

Em músculo suíno, um padrão de declínio normal de pH, seria de ~ 7,4 no músculo vivo para 5,6 a 5,7 dentro de 6 a 8 horas pós morte, até atingir um pH final de 5,3 a 5,7 em 24 horas.

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Padrões de queda de pH no músculo de bovinos e suínos

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Rigor mortis

Logo após a sangria, a temperatura corporal aumenta ligeiramente como resultado do metabolismo. A extensão e duração desse aumento de temperatura vai depender do nível de metabolismo e quantidade de energia produzida.

Queda rápida do pH (f glicólise rápida), implica em maiores quantidades de energia e diminuição na velocidade de resfriamento.

O tamanho e a localização dos músculos, e a quantidade de gordura (isolamento) também influenciam o aumento de temperatura e a taxa de dissipação da energia.

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Resolução do Rigor mortis

Com a depleção de creatina fosfato e glicogênio usados na formação de ATP, as pontes de actomiosina começam a se formar e o músculo começa a perder a extensibilidade;

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Queda pós morte de pH

O abaixamento do pH muscular na fase pós morte é um dos fatores mais importantes no processo de transformação muscular. Ativação da proteólise muscular através

das enzimas Ca dependentes (Calpaína e Calpastatina);

Influencia na maciez, cor, capacidade de retenção de água, textura, etc;

Page 12: Transformação Do Músculo Em Carne

Proteólise muscular

Queda de pH – quebra da integridade das células;

Liberação do Ca contido no retículo sarcoplasmático;

Ativação das proteases Ca dependentes (Calpaínas e calpastatina) m-calpaína – (1 a 2 mM) -calpaína (50 1 100 M) Degradação da linha Z, tropomiosina e titina) Inibidas pela Calpastatina)

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Degradação do Disco Z É a primeira alteração pós morte observada

na integridade da fibra muscular Resultado da degradação proteolítica das

proteínas associadas com o disco, notadamente a desmina e possivelmente a titina.

Várias outras proteínas da miofibrila são degradadas durante o período pós morte, com exceção da actina e da miosina.

Esse processo de degradação das proteínas da miofibrila e a relação com a maciez da carne ainda não está totalmente esclarecido.

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Queda pós morte de pH

A taxa de declínio e a extensão da queda são variáveis, sendo vários os fatores que interferem com este processo. Temperatura Nível de glicogênio muscular Estresse do animal Estimulação elétrica da carcaça, etc.

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Efeito da temperatura na queda do pH

A temperatura tem papel fundamental no processo de desnaturação proteica. A queda normal de temperatura e pH podem acontecer sob condições normais (pH24 entre 5,2 e 5,4), após o resfriamento total da carcaça, sem que haja uma desnaturação significativa das proteínas.

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Efeito da temperatura na queda do pH

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Queda pós morte do pH

O acúmulo de ácido lático na fase inicial do período pós morte é indesejado pois irá causar um efeito contrário na qualidade da carne.

O desenvolvimento de condições ácidas no músculo, antes que o calor corporal e a energia do metabolismo anaeróbico sejam dissipados, irá ocasionar a desnaturação das proteínas musculares.

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Efeito da concentração inicial de glicogênio e final de lactato no músculo sobre o pH

final (pHu)

Fonte: Warris et al., 1984

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Queda do pH tende a desnaturar proteínas; Perda da capacidade de retenção de água (CRA); Actina/miosina atingem seu ponto isoelétrico; Aumento das perdas dos fluídos das fibras

musculares; Alteração da coloração; Redução da solubilidade;

Problemas na queda do pH

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Problemas na queda do pH

Alguns animais irão apresentar uma ligeira queda (alguns décimos de pH) dentro da primeira hora e a seguir o pH permanecerá elevado finalizando um pH24 ao redor de 6,5 a 6,8 (prováveis DFD).

Outros animais irão apresentar uma queda acentuada dentro da primeira hora, caindo rapidamente para 5,4 a 5,5 finalizando com um pH24 ao redor de 5,3 a 5,6 (prováveis PSE).

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Problemas na queda do pH pós-morte

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Queda rápida de pH Músculo de cor pálida Baixa CRA Bastante comum em suínos (PSE – Palid,

soft, exudative).

Queda do pH

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pH final alto (maior que 5,8) Cor escura e de aparência seca na

superfície em razão da água estar firmemente ligada às proteínas.

DFD (Dry, firm & dark) – Seca, rija e escura)

Queda lenta do pH

Page 24: Transformação Do Músculo Em Carne

Efeito do pH sobre a cor da carne