tradução e adaptação da bmmrs-p para o português

163
0 AMANDA VAZ TOSTES CAMPOS MIARELI ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DA “BRIEF MULTIDIMENSIONAL MEASURE OF RELIGIOUSNESS/SPIRITUALITY: 1999” À REALIDADE BRASILEIRA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ UNIVÁS POUSO ALEGRE MINAS GERAIS 2011

Upload: ledung

Post on 10-Jan-2017

273 views

Category:

Documents


33 download

TRANSCRIPT

  • 0

    AMANDA VAZ TOSTES CAMPOS MIARELI

    ADAPTAO TRANSCULTURAL DA BRIEF

    MULTIDIMENSIONAL MEASURE OF

    RELIGIOUSNESS/SPIRITUALITY: 1999 REALIDADE

    BRASILEIRA

    UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCA UNIVS

    POUSO ALEGRE MINAS GERAIS

    2011

  • 1

    AMANDA VAZ TOSTES CAMPOS MIARELI

    ADAPTAO TRANSCULTURAL DA BRIEF

    MULTIDIMENSIONAL MEASURE OF

    RELIGIOUSNESS/SPIRITUALITY: 1999 REALIDADE

    BRASILEIRA

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-

    Graduao Stricto Sensu - Mestrado em

    Biotica da Universidade do Vale do

    Sapuca - Univs - Pouso Alegre - MG, para

    obteno do ttulo de Mestre em Biotica.

    Orientador: Prof. Dr. Jos Vitor da Silva

    UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCA UNIVS

    POUSO ALEGRE MINAS GERAIS

    2011

  • 0

    MIARELLI, Amanda Vaz Tostes Campos.

    Adaptao Transcultural da Brief Multidimensional

    Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 Realidade

    Brasileira/ Amanda Vaz Tostes Campos Miareli - Pouso Alegre:

    Universidade do Vale do Sapuca - Univs -, 2011.

    162. f.

    Dissertao (Mestrado em Biotica) Curso de Ps- Graduao

    Stricto Sensu.

    Orientador: Prof. Dr. Jos Vitor da Silva

    1. Adaptao transcultural; 2. Espiritualidade; 3. Religiosidade.

    I. Ttulo.

  • 1

    Dedicatria

  • 2

    Dedico este estudo ao meu marido Breno, que com seu amor, dedicao

    e companheirismo sempre esteve presente em todos os momentos,

    incentivando e ajudando-me a alcanar meus objetivos.

    Ao meu filho Felipe, pelo carinho, amor e compreenso nos momentos

    de ausncia.

    grande companheira e amiga Igna Luzia Forbetta, pelo constante

    incentivo.

    Aos meus pais, irmos e toda minha famlia.

  • 3

    Agradecimentos ____________________________________________________________

  • 4

    Agradeo a Deus pela fora para buscar mais essa conquista.

    Aos colegas e docentes da terceira turma do Mestrado em Biotica da Univs, pela

    amizade e companheirismo durante essa caminhada.

    Aos autores do instrumento e ao Instituto Feltzer, que no hesitaram em disponibilizar a

    escala para o desenvolvimento do trabalho.

    A todos os participantes desta pesquisa: tradutores, corpo de juzes, participantes do

    grupo focal, pela disponibilidade e contribuio.

    colega Cristiane Schumann e ao prof. Alexander Moreira - Almeida, pela valiosa

    contribuio.

    professora Joelma, pela disponibilidade e grande contribuio.

    grande amiga, prima, vizinha Igna Luzia Forbetta, pelo incentivo, pela

    disponibilidade, pacincia, dedicao, companheirismo nas viagens e em todas as fases

    do estudo. Voc muito especial para mim. Obrigada por tudo!

    amiga Kathita, pela ateno, disponibilidade e auxilio em todas as horas em que a

    solicitei.

    Agradeo, especialmente, ao querido professor, doutor, orientador e grande amigo Jos

    Vitor da Silva, que esteve presente a cada passo desta pesquisa, sempre indicando a

    direo a ser tomada nos momentos de maior dificuldade, com muita pacincia e

    dedicao, levando sempre palavras de apoio e confiana em meu trabalho. Quero que

    saiba professor, que aprendi e apreendi muito com o senhor. Com sua capacidade,

    competncia e humildade, sempre indicando o melhor caminho a seguir. No tenho

    palavras para expressar minha gratido. Muito Obrigada por tudo!

    Enfim, agradeo a todos e a todas que foram importantes nesta caminhada

    de Mestrado e no desenvolvimento deste estudo. Muito Obrigada!

  • 5

    Resumo ______________________________________________________________________

  • 6

    MIARELI, Amanda Vaz Tostes Campos. Adaptao transcultural da Brief

    Multidimensional Measure of Religiousness/ Spirituality: 1999 Realidade

    Brasileira. Pouso Alegre-MG. 2011. Pesquisa- Universidade Vale do Sapuca-

    UNIVAS.

    RESUMO

    Quando no se dispe de escalas originrias para mensurar um determinado conceito, a

    estratgia existente adaptar culturalmente e validar instrumentos existentes em outros

    pases. O objetivo do presente trabalho foi realizar a adaptao transcultural da Brief

    Multidimensional Measure of Religiousness/ Spirituality: 1999 (BMMRS) realidade

    brasileira. Este instrumento originrio dos Estados Unidos, formado por 11 domnios e

    desenvolvido como um recurso que proporciona uma lista extensa de questes

    relevantes religiosidade e espiritualidade relacionando-as com a sade. Para se

    adquirir a primeira verso, foi realizada a sua traduo para lngua portuguesa,

    separadamente, por trs peritos em ingls. A primeira verso foi submetida a um grupo

    de cinco juzes para a realizao da Avaliao das Equivalncias Semnticas e

    Idiomticas e, posteriormente, a Avaliao das Equivalncias Conceitual e Cultural

    foi realizada por outro grupo, tambm de cinco juzes. Aps realizao das alteraes

    sugeridas pelos juzes dos dois grupos e mediante a terceira verso da BMMRS, a escala

    foi submetida a dois Grupos Focais (GF), que consistiram em verificar a sua

    compreensibilidade por pessoas da comunidade de Campos Gerais, MG, de ambos os

    gneros, diferentes faixas etrias, graus de instruo e religio. De posse das alteraes

    dos GF, foram realizados os ajustes necessrios no instrumento e elaborada a quinta

    verso que foi submetida back-translation. Aps a obteno da verso retro

    traduzida da BMMRS, a escala foi enviada aos seus autores que tomaram conhecimento

    da metodologia utilizada no processo de adaptao cultural e aps anlise da

    backtranslation no sugeriram alterao alguma. De acordo com as etapas

    metodolgicas desenvolvidas, considera-se o presente instrumento adaptado

    culturalmente realidade brasileira.

    Palavras-chave: Adaptao transcultural; Espiritualidade; Religiosidade.

  • 7

    Abstract

    ____________________________________________________________

  • 8

    MIARELI, Amanda Vaz Tostes Campos. Adaptao transcultural da Brief

    Multidimensional Measure of Religiousness/ Spirituality: 1999 Realidade

    Brasileira. Pouso Alegre-MG. 2011. Pesquisa- Universidade Vale do Sapuca-

    UNIVAS.

    ABSTRACT

    When there are no original scales to measure a specific concept, the existing strategy it

    to culturally adapt and validate existing instruments from other countries. This paper

    aimed at performing the cultural adaptation of Brief Multidimensional Measure of

    Religiousness/ Spirituality: 1999 (BMMRS) to Brazilian context. This instrument come

    from the United States and it is formed by 11 domains and developed as a resource that

    provides an extensive list of relevant questions to religiosity and spirituality concerning

    them to the health area. In order to reach the first version, it was performed the

    translation to Portuguese Language, in a separated way, by three experts in the English

    Language. The first version was submitted to a group of five judges in order to do the

    Evaluation of Semantic and Idiomatic Equivalences and, afterwards, the Evaluation

    of Conceptual and Cultural Equivalences was performed by another group, also

    formed by five judges. Soon after performing the alterations suggested by the judges

    from both groups and in face of a third version of the BMMRS, the scale was submitted

    to two Focal Groups (FG), that aimed at verifying the comprehensibility of it by people

    from the community in Campos Gerais, MG, both male and female, different age levels,

    school levels and religious faith. After the alterations of the FG, the needed

    reorganizations were performed in the instrument and a fifth version was done which

    was submitted to back translation. After getting the retranslated version of the

    BMMRS, the scale was sent to its authors that got into knowledge of the methodology

    applied in the cultural adaptation process and after the analysis of the back translation,

    no other alteration was suggested. According to the methodological steps developed, it

    is possible to consider the following instrument suitable to the Brazilian context.

    Keywords: Cultural Adaptation; Spirituality; Religiosity.

  • 9

    Lista de Abreviaturas

    ____________________________________________________________

  • 10

    LISTA DE ABREVIATURAS

    NHB - Necessidade Humana Bsica

    BMMRS - Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999

    IVC ndice de Validade de Contedo

    GF Grupo Focal

  • 11

    Lista de Figura

    ____________________________________________________________

  • 12

    LISTA DE FIGURA

    Figura 1 - Etapas de desenvolvimento do estudo.................................................... 39

  • 13

    Lista de Quadro

    ____________________________________________________________

  • 14

    LISTA DE QUADRO

    Quadro 1 Modificaes dos itens da Brief Multidimensional Measure of Religiouness/Spirituality: 1999 aps Avaliao Semntica e

    Idiomtica. Pouso Alegre, MG, 2010...........................................

    43

    Quadro 2 Modificaes dos itens da Brief Multidimensional Measure of Religiouness/Spirituality: 1999 aps Avaliao Conceitual e

    Cultural. Pouso Alegre, MG, 2010..............................................

    47

  • 15

    Sumrio

    ____________________________________________________________

  • 16

    SUMRIO

    1. INTRODUO ......................................................................................................... 18 1.1 Interesse pelo Tema................................................................................................... 20

    1.2 Justificativa ............................................................................................................... 20

    1.3 Objetivo ..................................................................................................................... 24

    2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 25 2.1 Biotica/ Espiritualidade e Religiosidade ................................................................. 25

    2.2 Adaptao Cultural dos Instrumentos de Medida ..................................................... 29

    3 TRAJETRIA METODOLGICA ........................................................................ 37 3.1 Escolha do instrumento ............................................................................................. 37

    3.2 Desenvolvimento do estudo ...................................................................................... 38

    3.3 Delineamento do estudo ............................................................................................ 40

    3.4 Aspectos ticos da pesquisa ...................................................................................... 40

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................... 41 4.1 A traduo da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality:

    1999 ............................................................................................................................... 41

    4.2 Avaliao por Corpo de Juzes .................................................................................. 42

    4.4 Back-Translation ou retrotraduo ....................................................................... 52

    5 CONCLUSO E CONSIDERAES FINAIS ...................................................... 54 6.1 Concluso .................................................................................................................. 54

    6.2 Consideraes Finais ................................................................................................. 54

    REFERNCIAS ............................................................................................................ 57

    APNDICES .................................................................................................................. 61 Apndice A - Solicitao para uso da Brief Multidimensional Measure Of

    Religiousness/Spirituality (1999) .................................................................................... 61

    Apndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................................... 63

    Apndice C - Relatrio do GF I ...................................................................................... 65

    Apndice D- Relatrio do GF I I.................................................................................... 68

    Apndice E ...................................................................................................................... 71

    ANEXOS ........................................................................................................................ 72 Anexo A- Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 ........... 72

    Anexo B- Autorizao para uso da Brief Multidimensional Measure Of

    Religiousness/Spirituality (1999) .................................................................................... 79

    Anexo C- Verso I originria das tradues ................................................................... 80

    Anexo D - Avaliao das Equivalncias Semntica e Idiomtica entre as Verses

    Original e Traduzida do Instrumento Brief Multidimensional Measure of

    Religiousness/Spirituality: 1999.................................................................................... 87

    ../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359833../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359834../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359835../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359836../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359837../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359838../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359839../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359840../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359841../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359842../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359843../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359844../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359845../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359846../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359846../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359847../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359848../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359849../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359850../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359851../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359852../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359853../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359854../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359854../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359855../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359856../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359857../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359858../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359859../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359860../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359861../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359861../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359862../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359863../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359863../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359863

  • 17

    Anexo E- Verso II Originria da Avaliao das Equivalncias Semntica e Idiomtica

    ....................................................................................................................................... 106

    Anexo F Avaliao das Equivalncias Cultural e Conceitual da Verso Traduzida de

    Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 ...................... 113

    Anexo G Verso III Originria da Avaliao das Equivalncias Cultural e Conceitual

    ....................................................................................................................................... 126

    Anexo H- Verso IV Originria do Grupo Focal I ....................................................... 133

    Anexo I - Verso V Originria do Grupo Focal II ........................................................ 140

    Anexo J - Verso - Backtranlation ................................................................................ 147

    Anexo K - ltima verso do Instrumento aps envio dos autores ................................ 153

    Anexo L - Parecer Consubstanciado do Comit de tica em Pesquisa ....................... 160

    ../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359864../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359864../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359865../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359865../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359866../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359866../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359867../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359868../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359869../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359870../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359871

  • 18

    1 INTRODUO

    A Biotica devido a sua natureza multi e interdisciplinar, assim como multi e

    profissional tem assumido diversos temas e entre tantos, a religiosidade e a

    espiritualidade fazem parte do grande elenco biotico (PESSINI, 2006).

    A espiritualidade e a religiosidade so campos de elaborao subjetiva em que

    a maioria da populao latino-americana e, especificamente, o Brasil constri de forma

    simblica o sentido da sua vida e busca motivao para a superao da crise existencial

    colocada pela doena e outras situaes da vida (KOENIG, 2007).

    referncia central para a organizao de grande parte das mobilizaes

    comunitrias para enfrentamento dos problemas de sade. o espao em que a maioria

    dos profissionais de sade estrutura o sentido e a motivao para o seu trabalho.

    Valorizar as dimenses religiosa e espiritual da realidade no uma questo de ter ou

    no f em Deus, mas considerar processos da realidade subjetiva e social que tm uma

    existncia claramente objetiva. Sem entender o olhar e a elaborao religiosa e

    espiritual no se pode compreender a perspectiva com que a maioria dos usurios de

    servios de sade e dos seus profissionais se relaciona com a realidade (KOENIG,

    2007).

    Assim, por mais paradoxal que possa parecer do ponto de vista do progresso da

    prpria cincia, desconsiderar a importncia da religiosidade e espiritualidade da imensa

    maioria das pessoas preconceito e negao do esprito de objetividade cientfica. Mas,

    para valorizar essas dimenses, no basta reconhecer apenas o contexto cultural e

    psicolgico, preciso considerar no trabalho em sade a imensa quantidade de estudos

    que vm sendo feitos no campo da antropologia, sociologia, psicologia, filosofia,

    neurobiologia, cincias da religio e epidemiologia para melhor compreender os

    pacientes e os profissionais de sade (SILVA, 2010).

    Estes estudos so fundamentais no planejamento das aes de sade

    individuais e coletivas, bem como no gerenciamento e formao dos recursos humanos

    das instituies de sade. Em virtude do usual preconceito dos pesquisadores e

    planejadores do campo da sade com os fenmenos religioso e espiritual, estas

    reflexes tm sido desconsideradas e evitadas, deixando espao para que a religiosidade

    e a espiritualidade dos profissionais de sade se adentrem nos servios de sade de

  • 19

    forma no debatida, acrtica e, portanto, sujeita a interesses no explcitos de grupos

    particulares, no que pode ser denominado de retorno descontrolado do recalcado

    (VASCONCELOS, 2004).

    Em estudos recentes, tem-se valorizado muito o conceito de religiosidade e

    espiritualidade, uma forma ampliada de tratar estes fenmenos, que incluem formas no

    religiosas e espirituais de lidar com as dimenses profundas da subjetividade (KOENIG,

    2007).

    No Brasil, nota-se que grande nmero de profissionais de sade vem se

    interessando por esses temas. Muitas publicaes sobre religiosidade e sade e

    espiritualidade e sade tm tido grande sucesso editorial, mas, muitas vezes, so feitas

    sem rigor conceitual ou marcadas por uma perspectiva religiosa particular que dificulta

    sua aceitao no debate nas universidades ou nos centros formadores de recursos

    humanos das instituies de sade (SILVA, 2010).

    Neste contexto, est se consolidando uma situao em que os profissionais e os

    usurios dos servios de sade e aqueles que so cuidadores de seus familiares tm

    valorizado de forma crescente o tema da religiosidade e da espiritualidade em suas vidas

    privadas, mas no encontram espao para trazer e elaborar de forma clara e aberta suas

    consideraes e aprendizados para o planejamento das prticas individuais e coletivas

    das instituies de sade. No Brasil, apenas no campo da psicologia fenomenolgica e

    existencial e da oncologia j organizaram grupos acadmicos para o estudo do tema

    (VASCONCELOS, 2004).

    Os motivos que levam manifestao da Biotica no que tange dimenso

    religiosa e espiritual, se devem ao fato dos profissionais da rea de sade no

    respeitarem ou desconsiderarem os aspectos espirituais e religiosos das pessoas

    (SILVA, 2010).

    imprescindvel para atender a essas dimenses, entre outros recursos

    necessrios, a disponibilidade de instrumentos que possam aferir ou avaliar a

    religiosidade e a espiritualidade. Quando no se dispe de escalas originrias para

    mensurar um determinado conceito, a estratgia existente adaptar transculturalmente e

    validar instrumentos existentes em outros pases.

    A proposta do presente trabalho adaptar culturalmente a Brief

    Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999. Considerando que esta

    medida para avaliao da espiritualidade um instrumento com ampla aceitao em

  • 20

    diversos pases, acredita-se que o mesmo possa atender os requisitos de objetividade,

    simplicidade, rapidez e facilidade na aplicao no Brasil.

    O contedo do presente estudo abrange fundamentao terica sobre Biotica,

    religiosidade e espiritualidade, assim como sobre adaptao transcultural, e

    procedimentos metodolgicos para o desenvolvimento desta pesquisa.

    1.1 Interesse pelo Tema

    A valorizao das dimenses religiosa e espiritual de fundamental importncia

    no cuidado integral ao paciente. Sou graduada em enfermagem h quatro anos e desde o

    perodo acadmico e at o presente momento sentia dificuldades em contribuir para o

    cuidado espiritual do paciente, uma vez que, trata-se de uma necessidade humana bsica

    que deve ser atendida na assistncia de enfermagem. Entretanto, nunca tive a

    oportunidade de vivenciar a prtica da assistncia espiritual durante a minha formao e

    atuao profissional, entre os docentes e os enfermeiros de servios. Consequentemente

    me formei com defasagem na assistncia de enfermagem quanto dimenso religiosa e

    espiritual. Logo, o presente trabalho veio suprir em mim essa lacuna de conhecimento.

    Horta (1979) enfatiza que a assistncia espiritual deve ser atendida com qualidade

    porque tambm, uma necessidade bsica do ser humano.

    Assim, poder contar com escalas de mensurao dessa dimenso do paciente

    muito contribuir para uma assistncia de enfermagem holstica, assim como ser

    estratgia para sua melhor recuperao, reabilitao e consequente qualidade de vida.

    1.2 Justificativa

    O avano cientfico e tecnolgico que o mundo vem conquistando, dados aos

    cleres e profundos saltos qualitativos da tecnocincia, fez com que o homem

    acreditasse que a cincia daria conta de resolver todas as questes que permeiam o ser

    humano. O cuidado mecnico e o sentido mercantilista da prestao de servios,

  • 21

    principalmente na rea da sade, nunca foi to evidente e escancarado como na

    contemporaneidade, levando o homem a uma crise de valores (SILVA, 2010).

    A atual crise de valores tem sua origem em uma crise mais profunda e

    complexa, a crise do prprio homem, que era meio e no fim, que no reconhece sua

    dignidade pessoal e a de seus semelhantes (SILVA, 2002).

    De acordo com Boff (2006, p.111), mundialmente, h uma demanda por

    valores no materiais, por uma redefinio do ser humano como um ser que busca um

    sentido plenificador, que est procura de valores que inspirem profundamente sua

    vida. Nesse sentido e do ponto de vista de reflexo filosfica, a procura por

    significado de vida uma das necessidades fundamentais do homem, o que o distingue

    das demais espcies. neste cenrio que se d a necessidade do resgate dos valores

    subjetivos, a busca por algo que possa dar incio ao preenchimento do vazio trazido

    pelos avanos da cincia.

    Observa-se que os desenvolvimentos da cincia e tecnologia resolveram e

    abreviaram a soluo de inmeros problemas de sade, porm, de outro lado, afastaram

    o homem do prprio homem. O relacionamento do profissional da rea de sade com o

    paciente se tornou distante. Somente se valoriza os efeitos tecnolgicos ou da cincia.

    Os valores humanos e culturais tornaram-se secundrios ou at mesmo desconhecidos

    (SILVA, 2010 e KOENIG, 2007).

    A Biotica que por sua vez estabeleceu a ponte entre a cincia, a tecnologia e o

    homem, assumiu a espiritualidade como uma estratgia de evidenciar o ser humano na

    sua essncia, mostrando que no s devem ser atendidas as necessidades biolgicas,

    mas tambm as psicolgicas, sociais e tambm as espirituais, pois o homem um ser

    multidimensional. Para tanto, deve ser atendido sob uma viso mais abrangente. A sua

    subjetividade deve ser levada em considerao (VASCONCELOS, 2004).

    Corroborando com o autor, Selli; Alves (2007) destaca que:

    ... para a valorizao da dimenso subjetiva, preciso o desenvolvimento de

    um novo olhar, de uma nova forma de atuar frente a essa realidade. No se

    trata de deixar de lado as inovaes cientficas e tecnolgicas, mas sim de

    agregar valores humanos s relaes que ocorrem nas instituies de sade

    buscando uma articulao baseada nos princpios ticos, respeitando e

    valorizando as pessoas envolvidas (SELLI; ALVES, 2007, p. 45).

    Para as autoras, o corpo fsico apenas um reflexo do esprito e a

    espiritualidade algo intrnseco ao ser humano, constituindo campo de elaborao

    subjetiva no qual a pessoa constri de forma simblica o sentido de sua vida e busca

  • 22

    fazer frente vulnerabilidade desencadeada por situaes que apontam para a

    fragilidade da vida humana.

    Assim, para Giovelli et al.(2008, p. 6) , o ser humano um ser em relao:

    consigo mesmo, com seus semelhantes, com a natureza, com a divindade. A

    espiritualidade sempre tem a ver com o transcender a si mesmo e para transcender a si

    mesmo preciso entrar em relao. Dessa forma, de acordo com Salgado (2006),

    identifica-se um paradoxo na postura cientfica ao rejeitar o transcendente.

    No entanto, quando se fala em espiritualidade, o assunto ainda muito

    polmico, pois tudo que no quantificvel e objetivo foge ao domnio da Cincia. Aos

    cientistas permitido apenas a investigao de certos fenmenos a ela relacionados, de

    forma restrita e pontual, o que talvez nunca venha a ser suficiente para oferecer-lhes o

    esclarecimento que desejariam obter sobre o tema (DESCARTES, 1962).

    Porm, a literatura mostra trabalhos que comprovam o efeito da espiritualidade

    na sade e sua relao com ela. Para Vasconcelos (2004), doentes que com garra e

    sabedoria, mantm a ternura, a generosidade, a capacidade de apoiar as pessoas e, at a

    alegria, ensinam que o bom funcionamento fsico do corpo, embora importante, no o

    valor mais fundamental. Demonstram socialmente a existncia no ser humano de foras

    interiores capazes de suplantar as mais duras adversidades.

    A espiritualidade pode surgir, na doena, como um recurso interno que

    favorece a aceitao, o empenho no restabelecimento, a aceitao de

    sentimentos dolorosos, o contato e o aproveitamento da ajuda das outras

    pessoas e at a prpria reabilitao. A dimenso espiritual formar um novo

    paradigma social. Cada vez mais se reconhece que a f ajuda no processo de

    recuperao da sade e enfrentamento da doena (SELLI; ALVES, 2007, p.

    47).

    No Brasil, Wanda de Aguiar Horta, enfermeira e filsofa, doutora em

    enfermagem pela Universidade de So Paulo, defendeu e publicou a Teoria das

    Necessidades Humanas Bsicas, colocando a Espiritualidade como uma necessidade

    bsica do ser humano a ser observada e cuidada pelo enfermeiro em seu planejamento

    de assistncia (HORTA, 1979). A classificao das Necessidades Humanas Bsicas

    (NHB), segundo Horta (1979), dividida em Necessidades Psicobiolgicas,

    Necessidades Psicossociais e Necessidades Psicoespirituais. De acordo com a autora, as

    duas primeiras se referem aos seres vivos de uma forma geral, porm, a ltima se refere

    apenas condio de ser humano. Ela relaciona tambm, a necessidade psicoespiritual

    como uma necessidade religiosa ou teolgica, tica ou de filosofia de vida.

  • 23

    Segundo Horta (1979), para identificar se a NHB psicoespiritual est afetada, o

    profissional pode [...] colher dados a respeito da participao do cliente na vida

    religiosa: comunicao com Deus, papel da religio na vida do paciente, prticas

    religiosas, papis desempenhados na vida religiosa [...], entre outros. Aps coletados

    os dados sobre a histria do paciente um plano de cuidados de enfermagem ser

    desenvolvido, de acordo com os diagnsticos de enfermagem encontrados.

    A comprovao da utilizao de aspectos distintos da espiritualidade e da

    religiosidade como suporte, teraputica e determinao de desfechos

    positivos em diversas doenas tem constitudo emblemtico desafio para a

    cincia mdica. Em se considerando as limitaes ticas e de mtodo,

    demonstra-se o quo dificultoso se faz mensurar e quantificar o impacto de

    experincias religiosas e espirituais pelos mtodos cientficos tradicionais

    (GIOVELLI et al., 2008, s/p).

    Por ser uma questo um tanto abstrata, no objetificada, difcil de mensurar,

    percebe-se que a espiritualidade, por estar confundida muitas vezes com questes

    religiosas e de doutrinas afins, pode-se dizer que o tema foi deixado de lado pelas

    pesquisas uma vez que sua essncia no tem sido captada para a construo de

    instrumentos de medida que pudessem trabalhar essa temtica.

    Porm, ao se buscar instrumentos que pudessem ser utilizados para mensurao

    da espiritualidade, verificou-se que todos encontrados eram originrios dos Estados

    Unidos. Nesse sentido, temos duas opes: a construo de um instrumento e sua

    validao ou a adaptao cultural e validao de um instrumento existente em outro

    pas.

    So numerosas as vantagens de utilizarmos instrumentos de medida j

    validados e amplamente utilizados por outros pesquisadores. Alm de nos

    poupar tempo e dinheiro uma vez que a concepo, desenvolvimento e

    consolidao de um novo instrumento muito trabalhosa e dispendiosa ,

    permite-nos tambm comparar os resultados obtidos em pesquisas com

    populaes distintas (VILETE et al., 2006, s/p).

    Mediante isso, pretende-se adaptar a escala Brief Multidimensional Measure

    of Religiousness/Spirituality: 1999- BMMRS, buscando trabalhar a temtica da relao

    entre a espiritualidade, religiosidade no campo da biotica, com nfase no cuidado da

    sade.

    A avaliao do fenmeno da espiritualidade e religiosidade pode ser importante

    neste momento em que o sistema pblico de sade brasileiro e muitos grupos privados

    de assistncia sade buscam reorientar suas prticas de ateno de forma que melhor

  • 24

    se ajustem realidade cultural da populao e realidade subjetiva dos profissionais de

    sade que neles atuam.

    Em relao biotica, o presente estudo disponibilizar comunidade

    cientfica instrumentos adaptados culturalmente e confiveis para mensurar assuntos

    relevantes do seu contedo.

    Com esta pesquisa os profissionais de sade e, em especial o enfermeiro,

    podero contar com escalas de mensurao da espiritualidade que ser disponibilizada

    para auxiliar na Sistematizao da Assistncia de Enfermagem e para avaliao desse

    fenmeno, auxiliando a assistncia espiritual, pois ela identificar as necessidades

    espirituais das pessoas sob cuidados.

    A importncia social do presente trabalho refere-se ao fato do paciente poder

    contar com uma assistncia que o atenda de forma holstica, contribuindo para sua

    melhor recuperao, reabilitao e consequente qualidade de vida.

    imprescindvel que os profissionais da rea de sade se despertem para o

    atendimento das necessidades espirituais dos pacientes, pois, assim procedendo estaro

    vislumbrando a pessoa humana na sua totalidade e, consequentemente, estaro

    disponveis ao atendimento das necessidades emergentes dos pacientes e no originrias

    do prprio profissional. Agindo assim, eles estaro sendo mais competentes e,

    sobretudo, ticos na difcil arte e cincia do cuidar.

    1.3 Objetivo

    - Realizar a adaptao transcultural da Brief Multidimensional Measure of

    Religiousness/ Spirituality: 1999 realidade brasileira.

  • 25

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 Biotica/ Espiritualidade e Religiosidade

    O surgimento da Biotica data de 1970. O termo foi descrito pela primeira vez

    em um artigo de Van Rensselaer Potter, The science of survival e, no ano seguinte, num

    livro do mesmo autor, Bioethics: bridge to the future. Tambm em 1971, Andr

    Hellegers utiliza esse termo para nomear o Institute for Study of Human Reproduction

    and Bioethics, instituio importante na gnese e desenvolvimento da Biotica. Para

    Boccatto (2007), discutir sobre a Biotica, que procede do grego bios, vida e ethos,

    tica, significa discutir sobre a tica da vida. Mas determinar o seu nascimento no

    fcil, vrios so os fatos e documentos que tiveram impacto na sua gnese e

    desenvolvimento.

    De acordo com Giovelli et al. (2008), a Biotica a ponte entre a cincia e as

    humanidades. Ela une o conhecimento biolgico e valores humanos, para atingir uma

    nova sabedoria. uma tica aplicada que se ocupa do uso correto das novas tecnologias

    na rea das cincias mdicas e da soluo adequada dos dilemas morais por elas

    apresentados. considerada uma atitude diante da vida. Assim, est envolvido com o

    nascer, o viver e o morrer, o que faz com que seja primordial, tanto para a nossa vida

    pessoal, quanto para a profissional.

    Na concepo de Boccatto (2007), a Biotica transdisciplinar, pluralista,

    secularizada, multiprofissional e intercultural, tendo como centro de suas aes a

    valorizao do ser humano em todas as suas dimenses. Portanto, os dilemas bioticos

    devem ser considerados sob vrios aspectos na tentativa de harmonizar os melhores

    caminhos.

    Biotica um espao de reflexo procura de respostas para os diferentes

    dilemas bioticos, no sendo apenas, um questionamento do proibido e do

    permitido. Ela busca o resgate da dignidade da pessoa humana, com nfase

    na qualidade de vida dos seres vivos e na proteo do meio ambiente.

    Portanto, a Biotica um chamado para nos tornarmos livres pensadores

    rumo cidadania (BOCCATTO, 2007, p.3)

  • 26

    Neste sentido, na opinio de Selli; Alves (2007), falar em biotica falar em

    medidas que englobam a pessoa de uma forma integral: biolgica (biofsica),

    emocional, mental, psicolgica, social e espiritual, que se inicia sensibilizando a todos

    da existncia dessas dimenses em si mesmo. S possvel cuidar integralmente do

    outro se todas as dimenses so consideradas.

    A Biotica por assumir um carter multidisciplinar propicia para si espaos a

    todas as reas de conhecimento. Dentro desse contexto, encontra-se situada a

    Espiritualidade.

    Espiritualidade aquilo que produz dentro de ns uma mudana. O ser

    humano um ser de mudanas, pois nunca est pronto, est se fazendo,

    fsica, psquica, social e culturalmente. Mas h mudanas e mudanas. H

    mudanas que no transformam nossa estrutura de base. So superficiais e

    exteriores, ou meramente quantitativas (BOFF, 2006, p. 14).

    Segundo Selli; Alves (2007), a Biotica subsidia o respeito aos aspectos

    espirituais e religiosos, pois se prima pelo carter plural na anlise e discusso de

    situaes concretas, evitando assim assumir posies sectrias. Sempre que se pensa em

    cuidado, os aspectos espiritualidade, sade e biotica esto inclusos, pois so conceitos

    que se implicam e se interpenetram. Dessa forma, torna-se possvel concluir que a

    biotica e a espiritualidade constituem ferramentas no sentido de ajudarem a ultrapassar

    a idia curativa da sade e voltar-se para a potencializao do sujeito visto em suas

    mltiplas dimenses.

    No se pode falar de espiritualidade sem trazer questes quanto religiosidade.

    Koenig (2007) explica a espiritualidade como um fenmeno inerente a religiosidade. A

    dimenso espiritual algo que poder estar presente na religiosidade. Entretanto, a

    espiritualidade pode ocorrer tambm na ausncia da religiosidade.

    Para Boff (2006, p. 15), ... religio est relacionada com a crena no direito

    salvao pregada por qualquer tradio de f, associados a isso esto ensinamentos ou

    dogmas religiosos, rituais, oraes e assim por diante.

    Na concepo de Giovelli et al. (2008), a espiritualidade o conjunto de todas

    as emoes e convices de natureza no material, com a suposio que h mais no

    viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remetendo a questes

    significadas e sentidas da vida, no se limitando a qualquer tipo de crena ou prtica

    religiosa. Segundo esses autores, a religiosidade, espiritualidade e crenas pessoais dos

    pacientes necessitam ser inseridas no entendimento da prtica clnica do profissional de

    sade, mdico, psiclogo, dentre outros, como forma de estabelecimento de uma prtica

  • 27

    que respeite os valores do paciente, sendo, portanto, fundamental para o vnculo

    profissional-paciente.

    Para Selli; Alves (2007), a espiritualidade traduz-se em sermos seres espirituais

    e possuirmos, transitoriamente, um corpo fsico. Pesquisas realizadas pelas cincias

    naturais, como a fsica e a biologia, tm endossado essa afirmao. O corpo fsico

    apenas um reflexo do esprito. Na assertiva apresentada pela autora verifica-se que a

    espiritualidade pode surgir, na doena, como um recurso interno.

    A ateno ao aspecto da espiritualidade se torna cada vez mais necessria na

    prtica de assistncia sade. A cincia tem procurado aliar-se dimenso espiritual,

    considerando que o ser humano tem necessidade de buscar o transcendental.

    Transcender buscar significado, e a espiritualidade um meio utilizado para esta

    busca. A espiritualidade reconhecida como um fator que contribui para a sade e a

    qualidade de vida de muitas pessoas. Esse conceito encontrado em todas as culturas e

    sociedades (PERES et al., 2007).

    No entanto, o que se tem conhecimento que a espiritualidade influencia o

    processo de adoecer e morrer. Questionamentos sobre a vida e a morte levam reflexo

    sobre a transcendncia humana, algo que vai alm do entendimento da cincia e remete

    ao pensamento da possvel existncia de algum superior, algo supremo que decide

    sobre o destino dos seres humanos. Dessa forma, a espiritualidade surge como uma

    dimenso na qual o ser humano busca amparo para suas inquietaes existenciais

    (PERES et al., 2007).

    Segundo Cipriano (2008), a espiritualidade faz parte da dimenso do homem,

    que cresce, amadurece e se fortifica segundo o modo de viver e de reagir perante as

    experincias. Acredita-se que a doena e o sofrimento so fatores desencadeantes de

    diferentes tipos de reao. A doena e o sofrimento em geral, podem ser causa de vazio

    e at podem colocar a pessoa em condio de se sentir despersonalizada.

    Assim, em se tratando de adoecimento, a pessoa humana muitas vezes

    necessita mobilizar ou criar estratgias para enfrentar o sofrimento, seja ele psquico,

    fsico ou espiritual, a fim de minimizar o estresse que a situao de adoecer traz em si

    mesma ou para buscar a prpria cura. No dia-a-dia das instituies de sade, alguns

    clientes expressam a busca da religiosidade para o tratamento de seus problemas de

    sade, consciente ou inconscientemente, com a finalidade de serem assistidos

    holisticamente, j que o modelo biomdico, estando balizado numa viso reducionista

    do ser humano, no satisfaz seu sentido de sade (SALGADO, 2006).

  • 28

    Para Peres et al.(2007) e Salgado (2006), as maneiras de lidar com as dores

    fsicas, com as perdas, com as limitaes, variam bastante de acordo com o contexto

    scio-cultural em que se vive e com o entendimento de vida e de mundo de cada pessoa.

    Dentro dessa tica, observou-se que a expresso da religiosidade influi de diferentes

    maneiras no cuidar, podendo favorec-lo ou no, ou seja, trazer ou no benefcios para a

    assistncia prestada clientela. Porm, isto depende tambm da formao cultural e

    profissional das pessoas da rea da sade.

    Neste sentido, Vasconcelos (2004) ressalta que nesta situao de silncio,

    dor, dependncia do cuidado de outros e encontro com a possibilidade de morte, que

    sentimentos fortes como a raiva, a inveja, o ressentimento, a autopiedade, a

    vulnerabilidade, o medo, o desespero, bem como as fantasias e os desejos confusos que

    so evocados, parecem tomar a mente por perodos prolongados. Estas vivncias

    dolorosas criam um estado de sensibilidade em que gestos pequenos dos cuidadores

    passam a ter um significado profundo. Dessa forma, a nfase no conceito de

    espiritualidade pode ajudar a desbloquear resistncias, uma vez que se refere a prticas

    no necessariamente ligadas s religies.

    A espiritualidade ressalta principalmente a dinmica de aproximao com o eu

    profundo que no corresponde necessariamente aos caminhos padronizados difundidos

    pelas hierarquias religiosas tradicionais. A dimenso espiritual uma parte integrante

    do indivduo, sendo importante para os enfermeiros avali-la e nela intervir quando

    necessrio. Entretanto, essa dimenso deve ser diferenciada do aspecto religioso do

    indivduo e do seu comportamento psicossocial. Para diferenciar esse aspecto

    importante que haja estudos que definam a espiritualidade por meio de reflexes nas

    quais sua especificidade seja levada em conta (BENKO; SILVA, 1996).

    Segundo essas autoras, possivelmente a maior ameaa para a ampla aceitao

    da sade espiritual, como uma rea de estudo legtima, seja o impacto do cientificismo

    nas disciplinas de sade. A viso de mundo que prevalece nas disciplinas de sade tem

    razes no empirismo e nas cincias naturais, que tm como base metodolgica, de

    alguma forma, o naturalismo (a viso de que todos os fenmenos podem ser explicados

    com base nas leis e nas causas naturais). Dessa forma, elas destacam que:

    (...) de acordo com a metodologia naturalista, a cincia nem confirma, nem

    nega questes metafsicas, tais como o conceito de espiritualidade. Em

    resumo, as metodologias cientficas atualmente so legitimamente

    fundamentadas no naturalismo metodolgico; entretanto, dando-se muita

    nfase nessa viso de metodologia cientfica, existe o risco de excluir outras

  • 29

    epistemologias as quais podem servir de um legtimo ponto de partida para o

    estudo das realidades espirituais. (BENKO; SILVA, 1996, p. 2).

    Neste sentido, h uma carncia muito grande de formas de mensurao ou de

    avaliao para essa dimenso, que por meio de diversos estudos influenciam na

    recuperao da sade e bem estar do doente. Para isso, faz-se necessria a construo ou

    a utilizao de instrumentos construdos em outros pases. Assim, na utilizao desses

    instrumentos, devemos realizar os procedimentos de adaptao cultural e validao de

    escalas realidade brasileira, de forma a fornecer dados vlidos com relao quilo que

    esto se propondo a pesquisar.

    2.2 Adaptao Cultural dos Instrumentos de Medida

    crescente o interesse por questionrios previamente validados para mensurar

    fatores de risco para doenas e agravos sade, exposies de interesse e desfechos

    multidimensionais, como a qualidade de vida. Entretanto, nem sempre esto disponveis

    em determinado contexto sociocultural, instrumentos vlidos para a aferio dos

    diversos aspectos ligados sade e qualidade de vida. Existem duas opes para lidar

    com essa falta de instrumentos, so elas: o desenvolvimento de um novo instrumento de

    aferio para ser aplicado na cultura alvo ou a utilizao de um instrumento

    previamente desenvolvido em outra cultura. Para a utilizao de questionrios validados

    em outras culturas, torna-se necessria uma abordagem sistemtica do processo de

    traduo e adaptao transcultural destes instrumentos (AIRES; WERNECK, 2006).

    Novato et al. (2007), tambm concordam com essa questo da adaptao

    transcultural dos instrumentos quando h inexistncia deles em uma determinada

    cultura. Segundo eles, na ausncia de um instrumento disponvel em determinado

    idioma e cultura, tem sido recomendada a adaptao transcultural de outro j existente,

    minimizando tempo e custos e tornando possvel a comparao de resultados em

    estudos multicntricos (NOVATO et al., 2007, p. 3).

    Se dentro de um mesmo pas, j se observam importantes diferenas

    socioculturais que podem diminuir a validade de instrumentos pouco adaptados ao

    contexto local, a utilizao dos elaborados em outras culturas requer ateno redobrada.

  • 30

    Torna-se cada vez mais evidente que uma simples traduo no o suficiente

    (REICHENHEIM; MORAES, 2003).

    Com relao adaptao cultural, Oku et al. (2006), enfatizam que as

    diferenas existentes entre as definies, crenas e comportamentos impem que a

    utilizao de um instrumento elaborado em outros contextos culturais seja precedida,

    alm de uma traduo confivel, uma adaptao cultural para o pas ou regio em que

    vem sendo aplicado, de forma que mantenha os mesmos conceitos do original. Essa

    adaptao no se restringe apenas s situaes que envolvem pases e/ou idiomas

    distintos. Ajustes locais e regionais tambm requerem ateno. Em pases com razes

    culturais to heterogneas como o Brasil, a proposio de termos coloquiais tpicos,

    facilmente aceitos e compreendidos em uma determinada regio poderia no ser

    pertinente a outra.

    Reichenheim; Moraes (2007), corroborando com os autores anteriores,

    comentam que difcil caracterizar se foi ou no alcanada uma sintonia com a

    populao na qual a verso ser usada. Uma deciso deve ponderar o quanto se ganha

    com a aproximao cultural e o quanto se perde em termos de generalizao e

    comparabilidade. Tambm merece meno que adaptaes transculturais no se

    restringem ao espao. Mudanas lingusticas acontecem em uma mesma populao ao

    longo de anos e, logo, adaptaes temporais so possveis e, por vezes, necessrias.

    O pouco rigor quanto ao uso de instrumentos de aferio desenvolvidos em

    outras localidades um problema a ser enfrentado. No incomum um pesquisador

    traduzir informalmente um instrumento ou mesmo alterar o nmero e contedo dos

    itens constituintes. Ainda que possivelmente bem intencionado, no sintonizar as

    escolhas terminolgicas populao-alvo, incluir itens novos e/ou excluir outros sem

    subsequentemente implementar testes rigorosos, pode comprometer sobremaneira a

    qualidade da informao. No limite, pode at impedir a comparao de casusticas e

    estudos sobre o mesmo tema (REICHENHEIM; MORAES, 2007).

    Aceitando-se que de grande interesse comparar perfis epidemiolgicos de

    diferentes culturas, vrios autores recomendam que um instrumento consolidado em

    certo contexto seja somente utilizado em outro, aps uma rigorosa adaptao que

    permita ligar e harmonizar os construtos e dimenses subjacentes (REICHENHEIM;

    MORAES, 2003).

    De acordo com esses autores, as primeiras adaptaes de instrumentos

    calcavam-se em simples tradues realizadas pelos prprios pesquisadores ou, quando

  • 31

    muito, em processos de traduo-retraduo nos quais se avaliava somente o grau de

    equivalncia semntica entre o original e sua verso. Mais recentemente, diferentes

    estratgias vm sendo propostas. A literatura sobre o tema tem aumentado

    progressivamente, principalmente s custas dos numerosos estudos comparativos

    internacionais desenvolvidos por pesquisadores das reas de Antropologia e Sociologia.

    No entanto, para que tais instrumentos sejam utilizados em diferentes

    realidades socioculturais, necessrio um processo de traduo e adaptao

    abrangentes, na tentativa de alcanar uma equivalncia cultural, com posterior estudo de

    sua validade nesta nova populao. Historicamente, a adaptao de instrumentos

    elaborados em outro idioma se detinha simples traduo do original ou,

    excepcionalmente, comparao literal deste com verses retraduzidas. Atualmente, no

    entanto, reconhecido que, se medidas devem ser usadas por meio de culturas, os itens

    no devem ser apenas bem traduzidos linguisticamente, mas devem tambm ser

    adaptados culturalmente, para manterem a validade de contedo do instrumento em um

    nvel conceitual (VILETE et al., 2006).

    Assim sendo, Reichenheim; Moraes (2003) consideram que o processo de

    adaptao deve iniciar com uma apreciao da pertinncia dos conceitos e domnios

    apreendidos pelo instrumento original na cultura-alvo da nova verso (equivalncia

    conceitual). O modelo tambm prescreve que se avalie a adequao de cada item

    proposto no instrumento original em termos da capacidade de representar tais conceitos

    e domnios na populao-alvo (equivalncia de itens). Somente depois disto, se passa

    avaliao da equivalncia semntica e lingstica entre os itens originais e vertidos

    (equivalncia semntica). Adequao e a pertinncia de aspectos operacionais, forma de

    administrao, instrues, nmero de opes de resposta, entre outros aspectos, tambm

    necessitam de ateno (equivalncia operacional). Na seqncia, avalia-se a

    equivalncia entre as propriedades psicomtricas do instrumento original e de sua nova

    verso (equivalncia de mensurao).

    Quando em outra lngua, determinado instrumento de medida para um tema j

    est validado e com seus estudos mais avanados, cria-se a necessidade de se

    desenvolver medidas especificamente para utilizao em pases, cujo idioma no

    corresponde ao de origem do instrumento (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON,

    1993). Tais etapas para o desenvolvimento destas medidas so sugeridas de duas

    formas: 1- desenvolvendo uma nova medida; 2- modificando e adaptando uma medida

  • 32

    previamente validada em outra lngua, por meio do processo chamado de adaptao

    cultural.

    A primeira opo demanda uma quantidade maior de tempo, empenho pessoal

    e financeiro para elaborar a criao de um instrumento indito. J na segunda opo,

    no basta que o instrumento seja somente traduzido; necessria uma avaliao

    rigorosa de sua adaptao cultural, alm da avaliao de suas propriedades de medida

    aps sua traduo (CICONELLI, 1997).

    Com relao adaptao cultural, Guillemin; Bombardier; Beaton (1993)

    relatam que ela pressupe duas etapas interligadas, as quais so: 1) traduo do

    instrumento e adaptao e 2) validao.

    O processo de adaptao cultural proposto por Herdman et al. e divulgado por

    Hasselmann; Reichenheim; Moraes et al. apud Pesce et al. (2005), consiste em:

    - Equivalncia Conceitual: refere-se equivalncia do conceito na

    cultura original em comparao cultura-alvo, executada pela discusso entre

    especialistas na rea. Esta etapa visa conhecer os conceitos e definies tericas que

    embasam o construto, bem como as estratgias utilizadas para a escolha dos itens que

    compem a escala.

    - Equivalncia de Itens: indica se os itens que compem a escala

    verificada estimam os mesmos domnios e se so relevantes nas duas culturas.

    - Equivalncia Semntica e Lingstica: consiste na traduo do

    instrumento original no s conservando o significado das palavras entre dois idiomas

    diferentes, como tambm buscando atingir o mesmo efeito em culturas distintas.

    - Equivalncia Operacional: visa manter caractersticas operacionais do

    universo original, propiciando maior confiabilidade e validade do instrumento, por

    intermdio de medidas empregadas antes e durante a aplicao da escala, tais como:

    mesmo nmero de questes e mesmas opes, pois a adequao e a pertinncia de

    aspectos operacionais como a forma de administrao, instrues, nmero de opes de

    resposta entre outras, tambm necessitam de ateno.

    Em relao ao processo de traduo, outra proposta em relao adaptao

    cultural de instrumentos de pesquisa relatada por Jorge (1998), que sugere

    procedimentos complementares. O esquema bsico, segundo o autor, constitudo pela

    traduo por pessoas bilngues, retraduo por pessoa no familiarizada com a verso

    original, anlise das trs verses por um painel de peritos (nas duas lnguas, no

    instrumento de avaliao e nas condies psicopatolgicas em foco), estudo piloto na

  • 33

    populao-alvo e reavaliao com base nos dados resultantes do estudo piloto.

    Variantes mais completas incluem o envolvimento de pessoas scio-demograficamente

    diversas no processo de traduo, novo teste da verso retraduzida por pessoas leigas

    em relao ao assunto da pesquisa (para verificao da compreensibilidade dos

    diferentes itens) e conduo do estudo piloto em amostras constitudas por diferentes

    indivduos da populao-alvo.

    A utilizao de instrumentos importados, alm de econmica, permite a

    comparao de populaes de pases ou culturas diferentes (CICONELLI, 1997). Nesse

    contexto, criou-se uma demanda por critrios e procedimentos para a traduo e

    adaptao cultural de instrumentos (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993).

    O processo de traduo e adaptao cultural de instrumento segundo

    Guillemin; Bombardier; Beaton (1993) e Guirardello (2005) envolvem as seguintes

    etapas e que sero adotadas neste trabalho:

    a) traduo do instrumento para o portugus;

    b) back-translation ou traduo da verso de volta para o ingls;

    c) avaliao por um grupo de juzes;

    d) grupo focal;

    e) pr-teste da verso final.

    Segundo esses pesquisadores, o processo de traduo e adaptao de

    instrumentos deve envolver alguns passos e estes sero mencionados a seguir:

    A) Traduo para lngua portuguesa: essa etapa consiste na traduo da

    verso original do instrumento para a lngua portuguesa, por dois tradutores

    independentes, resultando assim em duas verses. A seguir, as duas verses devem ser

    avaliadas individualmente, e depois comparadas uma com a outra por dois outros

    pesquisadores, para obteno de uma nica verso em portugus. Isto permite a

    deteco de erros e interpretaes divergentes de itens com significados ambguos na

    verso original, (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993).

    B) Back-translation, traduo do instrumento de volta para o idioma de

    origem: esse procedimento permite avaliar se a verso em portugus corresponde

    adequadamente verso em ingls. Tambm conhecida como back-translation, ou

    retrotraduo, se baseando em traduzir o contedo do instrumento na segunda lngua

    para o idioma de origem. Com o auxilio de dois tradutores cuja lngua materna o

    ingls, resultando assim em duas verses que devem ser avaliadas individualmente e

    comparadas com o original em ingls e as discrepncias devero ser analisadas.

  • 34

    C) Avaliao por um grupo ou comit de juzes: aps a obteno da verso

    final traduzida para o portugus, o prximo passo metodolgico consiste na validao

    da mesma por um grupo de juzes, caracterizando-se assim a terceira etapa do processo

    de adaptao cultural do instrumento. Os juzes avaliam as equivalncias semntica e

    idiomtica e equivalncias cultural e conceitual do instrumento, por meio de instrues

    especficas (KIMURA, 1999), sendo essas realizadas individualmente.

    Kimura (1999) relata que esta etapa do processo de traduo consiste na

    avaliao da equivalncia da verso original e final, usando o procedimento do pr-teste

    no qual duas tcnicas podem ser utilizadas: tcnica da prova e a avaliao por bilngues

    para verificao de equivalncia de itens, no entanto a recomendao dos autores em

    geral de que se opte apenas por uma das tcnicas.

    De acordo com Guillemin; Bombardier; Beaton (1993), diversos termos e

    procedimentos tm sido propostos para a avaliao de equivalncia cultural das verses

    original e final de instrumentos de medida. Portanto, os autores propem a anlise dos

    seguintes aspectos:

    Equivalncia semntica refere-se ao significado das palavras; o vocabulrio

    e a gramtica podem sofrer alteraes na construo das sentenas.

    Equivalncia idiomtica busca analisar as expresses idiomticas e

    coloquiais, que devem ser substitudas por expresses equivalentes na cultura alvo.

    Equivalncia experimental ou cultural relativa s situaes retratadas na

    verso original que, devem ser coerentes com o contexto original, para o qual o

    instrumento ser traduzido. H possibilidade de modificao ou descarte de itens.

    Equivalncia conceitual analisa a validade do conceito explorado e as

    experincias dos indivduos da cultura-alvo, pois alguns itens podem ser equivalentes

    em relao ao significado, mas distintos em relao ao conceito.

    D) Grupo Focal: segundo Minayo (2007), a tcnica de grupo focal das mais

    comuns para a atividade de pesquisa. Constitui-se num tipo de entrevista ou conversa

    em grupos pequenos e homogneos. Para ser bem sucedida precisa ser planejada, pois

    visa a obter informaes, aprofundando a interao entre os participantes, seja para

    gerar consenso, seja para explicar divergncias. A tcnica deve ser aplicada mediante

    um roteiro que vai do geral ao especfico, em ambiente no diretivo, sob a coordenao

    de um moderador capaz de conseguir a participao e o ponto de vista de todos e de

    cada um. O valor principal dessa tcnica fundamenta-se na capacidade humana de

  • 35

    formar opinies e atitudes na interao com outros indivduos. Nesse sentido, o uso dos

    grupos focais contrasta com a aplicao de questionrios fechados e de entrevistas em

    que cada um chamado a emitir opinies individualmente.

    Os grupos focais podem ter uma funo complementar observao

    participante e s entrevistas individuais ou, ao contrrio, ser a modalidade especfica de

    abordagem qualitativa. Por isso so usadas para: (a) focalizar a pesquisa e formular

    questes mais precisas; (b) complementar informaes sobre conhecimentos peculiares

    a um grupo em relao s crenas, atitudes e percepes; (c) desenvolver hipteses para

    estudos complementares; (d) ou, cada vez mais, como tcnica exclusiva (MINAYO,

    2007).

    Do ponto de vista operacional, a discusso nos grupos focais se faz em

    reunies com um pequeno nmero de informantes (seis a doze). A tcnica exige a

    presena de um animador e de um relator. O primeiro tem o papel de focalizar o tema,

    promover a participao de todos, inibir os monopolizadores da palavra e aprofundar a

    discusso. O papel do animador: (a) introduzir a discusso e a mant-la acessa; (b)

    enfatizar para o grupo que no h respostas certas ou erradas; (c) observar os

    participantes, encorajando a palavra de cada um; (d) buscar as deixas para propor

    aprofundamentos; (e) construir relaes com os participantes para aprofundar,

    individualmente, respostas e comentrios considerados relevantes para a pesquisa; (f)

    observar as comunicaes no verbais e (g) monitorar o ritmo do grupo visando a

    finalizar o debate no tempo previsto. Geralmente o tempo de durao de uma reunio

    no deve ultrapassar uma hora e meia (MINAYO, 2007).

    No mbito das abordagens qualitativas em pesquisa social, a tcnica do grupo

    focal vem sendo cada vez mais utilizada. Em geral, podemos caracterizar essa tcnica

    como derivada das diferentes formas de trabalho com grupos, amplamente desenvolvida

    na psicologia social. Privilegia-se a seleo dos participantes segundo alguns critrios

    conforme o problema em estudo -, desde que eles possuam algumas caractersticas em

    comum que os qualificam para a discusso da questo que ser o foco do trabalho

    interativo e da coleta do material discursivo/expressivo. Os participantes devem ter

    alguma vivncia com o tema a ser discutido, de tal modo que a sua participao possa

    trazer elementos ancorados em suas experincias cotidianas (GATTI, 2005).

    Na conduo do grupo focal, importante o respeito ao princpio da no

    diretividade, e o facilitador ou moderador da discusso deve cuidar para que o grupo

    desenvolva a comunicao sem ingerncias indevidas da parte dele, como intervenes

  • 36

    afirmativas ou negativas, emisses de opinies particulares, concluses ou outras

    formas de interveno direta. No se trata, contudo, de uma posio no diretiva

    absoluta, ou do tipo laissez-faire, por parte do moderador. Este dever fazer

    encaminhamentos quanto ao tema e fazer intervenes que facilitem as trocas, como

    tambm procurar manter os objetivos de trabalho do grupo. O que ele no deve se

    posicionar, fechar a questo, fazer snteses, propor idias, inquirir diretamente. Fazer a

    discusso fluir entre os participantes sua funo, lembrando que no est realizando

    uma entrevista com um grupo, mas criando condies para que esta se situe, explicite

    pontos de vista, analise, infira, faa crticas, abra perspectivas diante da problemtica

    para o qual foi convidado a conversar coletivamente. A nfase recai sobre a interao

    dentro do grupo e no em perguntas e respostas entre moderador e membros do grupo.

    A interao que se estabelece e as trocas efetivadas sero estudadas pelo pesquisador

    em funo de seus objetivos. H interesse no somente no que as pessoas pensam e

    expressam, mas tambm em como elas pensam e porque pensam o que pensam

    (GATTI, 2005).

    Kitzinger (1994) assinala alguns aspectos importantes trazidos pelas interaes

    ocorridas nos grupos focais. Segundo a autora, por meio delas, podemos:

    - clarear atitudes, prioridades, linguagem e referncias de compreenso dos

    participantes;

    - encorajar uma grande variedade de comunicaes entre os membros do

    grupo, incidindo em variados processos e formas de compreenso;

    - ajudar a identificar as normas do grupo;

    - oferecer insight sobre a relao entre funcionamento do grupo e processos

    sociais na articulao de informao (por exemplo, mediante ao exame de qual

    informao censurada ou silenciada no grupo);

    - encorajar uma conversao aberta sobre tpicos embaraosos para as pessoas;

    - facilitar a expresso de idias e de experincias que podem ficar pouco

    desenvolvidas em entrevista individual.

    E) Pr-teste da verso final do instrumento: ltima etapa do processo de

    adaptao cultural. Aps os ajustes necessrios, a verso final do instrumento

    submetida a um pr-teste para anlise da compreensibilidade dos itens. Este

    procedimento permite avaliar a validade do instrumento que est sendo adaptado nova

    cultura.

  • 37

    3 TRAJETRIA METODOLGICA

    3.1 Escolha do instrumento

    Considerando que a medida para avaliao da espiritualidade Brief

    Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 um instrumento com

    ampla aceitao em diversos pases, acredita-se que o mesmo possa atender os

    requisitos de objetividade, simplicidade, rapidez e facilidade na aplicao brasileira.

    Pretende-se, assim, com este estudo, disponibilizar no meio acadmico e cientfico um

    instrumento de mensurao da espiritualidade, com essas caractersticas, para utilizao

    na assistncia e em pesquisa de enfermagem (FETZER INSTITUTE, 2003).

    A Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999, que

    encontra-se em Anexo A, foi construda por Ellen L. Idler, Marc A. Musick,

    Christopher G. Ellison, Linda K. George, Neal Krause, Marcia G. Ory, Kenneth I.

    Pargament, Lynda H. Powell, Lynn G. Underwood, David R. Williams. O instrumento

    foi desenvolvido como um recurso que proporciona uma lista extensa de questes

    relevantes religiosidade e espiritualidade relacionando-as com a sade. Ele foi

    organizado por domnio. Cada seo identifica um domnio, descreve a sua relao com

    a sade. Os domnios da espiritualidade e da religiosidade includos nesse documento

    so destinados para o uso em estudos que avaliam a relao entre religiosidade,

    espiritualidade e sade. A Escala est formada por 11 domnios que so os seguintes: 1)

    Experincias espirituais dirias; 2) Valores/crenas; 3) Perdo; 4) Prticas religiosas

    particulares; 5) Superao religiosa e Espiritual; 6) Suporte religioso; 7) Histria

    religiosa/espiritual; 8) Comprometimento; 9) Religiosidade organizacional;

    10)Preferncias religiosas e 11) Auto-avaliao Global. A pontuao de cada domnio

    especfica e quanto menor melhor a posio em relao dimenso. (FETZER

    INSTITUTE, 2003)

    Frequentemente os estudos na rea de sade apresentam limitaes de tempo e

    espao. Por causa dessas limitaes, os autores deste instrumento julgaram ser til o

    desenvolvimento de uma medida breve baseada substancialmente nos itens selecionados

    de cada um dos domnios. (FETZER INSTITUTE, 2003)

  • 38

    Existem vrias maneiras de se usar este instrumento. Os pesquisadores que

    almejam olhar puramente na direo dos efeitos dos domnios selecionados de

    religiosidade/espiritualidade na sade podem usar as medidas recomendadas para um

    domnio especifico. Por exemplo, um investigador pode simplesmente avaliar a

    interface entre a religiosidade/espiritualidade particular e sade, ou suporte religioso e

    sade, ou as experincias espirituais dirias e sade, e assim por diante. Tal abordagem

    simples e fcil de ser implementada, mas pode omitir o fato de que existem inter-

    relaes potencialmente importantes entre os diferentes domnios. Avaliando essas,

    tambm como os seus efeitos mais imediatos na sade, provvel que seja conduzida

    uma viso mais informada dos efeitos da religiosidade/espiritualidade na sade.

    (FETZER INSTITUTE, 2003)

    No Apndice A encontra-se a solicitao para utilizao da escala e no Anexo

    B a autorizao dos autores.

    3.2 Desenvolvimento do estudo

    Com o propsito de melhor compreenso da operacionalizao do presente

    estudo, elaborou-se um diagrama fundamentado na proposta de Kimura (1999), que

    nortear o desenvolvimento deste trabalho. As etapas de desenvolvimento da adaptao

    transcultural da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999

    (Medida Multidimensional Breve de Religiosidade/Espiritualidade 1999) podem ser

    observadas na Figura 1.

  • 39

    Figura 1- Etapas de desenvolvimento do estudo

    Escolha do instrumento BMMRS

    Traduo inicial

    Primeira Verso Traduzida do BMMRS

    Avaliao do corpo de juzes

    10 juzes

    Equivalncia semntica e idiomtica

    Equivalncia cultural

    e conceitual

    Segunda verso

    Terceira verso

    Grupo Focal I

    Quarta Verso

    Grupo Focal II

    Quinta Verso

    Back Translation

    ou retrotraduo

    Envio para os autores

    Verso Final do BMMRS

    A back translation foi realizada aps avaliao do grupo focal, porque segundo

    a experincia de Kimura (1999), em relao adaptao cultural, os autores das escalas

    sempre solicitam que aquele procedimento seja realizado aps a ltima etapa do

    processo de adaptao cultural (grupo focal).

    Trs tradutores

    independentes

    Compatibilizao das

    trs tradues pelo

    pesquisador

    5 juzes 5 juzes

    Compatibilizao das

    duas retrotradues pelo

    pesquisador por um

    tradutor

    Dois retradutores

    independentes

  • 40

    3.3 Delineamento do estudo

    Trata-se de um estudo do tipo metodolgico e descritivo.

    De acordo com Polit; Beck; Hungler (2004), os estudos metodolgicos referem-

    se s pesquisas dos mtodos de obteno, organizao e anlise dos dados, realizando a

    elaborao, validao e avaliao dos instrumentos e tcnicas de pesquisa, podendo

    adaptar ou modificar um instrumento existente.

    Para Gil (2004), as pesquisas descritivas propem descrio das caractersticas

    de determinada populao ou fenmeno.

    3.4 Aspectos ticos da pesquisa

    Esta pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica em Pesquisa da Unidade Sade da

    Faculdade de Cincias Mdicas Dr. Jos Antonio Garcia, da Universidade do Vale do

    Sapuca, Pouso Alegre MG, conforme Parecer Consubstanciado do Comit de tica em

    Pesquisa que encontra-se em Anexo L com o ttulo Adaptao Cultural e Validao da

    Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999.

    Embora o trabalho tenha se limitado Adaptao Cultural da escala Brief

    Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999, manteve-se o Parecer

    Consubstanciado com o ttulo de Validao porque h inteno de se continuar o

    presente trabalho.

    Finalmente, preciso evidenciar que o presente estudo contou com a participao de

    pessoas da comunidade de Campos Gerais/MG para realizao do grupo focal, cujo Termo de

    Consentimento Livre e Esclarecido encontra-se em Apndice B, seguindo-se os preceitos

    estabelecidos pela Resoluo 196/96, de 16/10/1996, do Ministrio da Sade.

  • 41

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    Os resultados do presente estudo consistem na descrio das diversas etapas que

    constituram o processo de adaptao transcultural da Brief Multidimensional Measure

    of Religiousness/Spirituality: 1999, que foram as seguintes: traduo, avaliao por

    corpo de juzes, grupo focal e back translation.

    4.1 A traduo da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality:

    1999

    A traduo da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality:

    1999 para a lngua portuguesa foi realizada, separadamente, por trs peritos em ingls.

    As tradues procuraram considerar os aspectos lingusticos e o significado atribudo

    aos termos na cultura brasileira. As trs verses traduzidas foram analisadas pela

    pesquisadora e, a partir delas, foi elaborada outra verso (primeira verso traduzida da

    Brief Multidimensional Measure of Religiousness / Spirituality: 1999 - Medida

    Multidimensional Breve de Religiosidade / Espiritualidade: 1999), que se encontra em

    Anexo C.

    De acordo com Guillemin; Bombardier; Beaton (1993), para garantir uma

    traduo de qualidade necessrio que a sua realizao seja feita por, no mnimo, dois

    tradutores independentes. Corroborando, Serrano (2009), aconselha-se o mnimo de

    duas tradues independentes, permitindo a deteco de erros e interpretaes

    divergentes de itens no original. Webhe (2008) ressalta que o objetivo obter uma

    verso que preserve a integridade do instrumento de medida, mantendo ao mximo o

    mesmo significado de cada item da lngua de origem para lngua alvo da adaptao.

  • 42

    4.2 Avaliao por Corpo de Juzes

    A primeira verso elaborada pela pesquisadora foi encaminhada a um corpo de

    cinco juzes e solicitado a avaliao das verses original e final do instrumento (1

    verso traduzida da Medida Multidimensional Breve de

    Religiosidade/Espiritualidade: 1999). Este grupo de juzes efetuou a anlise das

    equivalncias semntica e idiomtica dos itens do instrumento.

    Para compor o comit de especialistas para a avaliao das equivalncias

    semntica e idiomtica, foi considerado o critrio de domnio da lngua inglesa. Para

    avaliao dessas equivalncias, foi utilizado o instrumento Avaliao das

    Equivalncias Semntica e Idiomtica (Anexo D), assim como o ndice de Validade

    de Contedo (IVC), apresentado a seguir:

    Onde IVC = ndice de Validade de Contedo.

    Aps as anlises, foram realizadas as alteraes sugeridas pelo citado corpo de

    juzes e, a partir disso, constituda a segunda verso traduzida da Medida

    Multidimensional Breve de Religiosidade/Espiritualidade: 1999, que se encontra em

    Anexo E.

    Para Pedroso et al (2004), a equivalncia semntica avalia a equivalncia

    gramatical e de vocabulrio, pois muitas palavras de um determinado idioma no

    possuem traduo adequada para outro. A equivalncia idiomtica refere-se a

    dificuldades em traduzir expresses coloquiais de um determinado idioma, sendo etapas

    de grande relevncia no processo de adaptao do instrumento.

    As modificaes efetuadas nos itens aps a sugesto do comit de juzes

    referente avaliao semntica e idiomtica podem ser observadas no Quadro 1.

  • 43

    Quadro 1 Modificaes dos itens da Brief Multidimensional Measure of

    Religiouness/Spirituality: 1999 aps Avaliao Semntica e Idiomtica. Pouso

    Alegre, MG, 2010.

    ITEM EQUIVALNCIA MODIFICAES

    1 100% SEM MODIFICAES

    2 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo a

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando o item

    para: Com que frequncia

    tem as seguintes

    experincias.

    3 80% SEM MODIFICAES

    4 100% SEM MODIFICAES

    5 100% SEM MODIFICAES

    6 100% SEM MODIFICAES

    7 100% SEM MODIFICAES

    8 80% SEM MODIFICAES

    9 100% SEM MODIFICAES

    10 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando as

    alternativas para: 1.

    concordo totalmente;

    2. Concordo; 3. Discordo;

    4. Discordo totalmente

    11 100% SEM MODIFICAES

    12 80% SEM MODIFICAES

    13 100% SEM MODIFICAES

    14 80% SEM MODIFICAES

    15 60% Com 60% de equivalncia,

    houve a necessidade de se

    alterar o item para melhor

    compreenso, mudando-o

    para: De acordo com sua

  • 44

    tradio religiosa ou

    espiritual, com que

    frequncia voc medita?

    16 100% SEM MODIFICAES

    17 80% SEM MODIFICAES

    18 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando o item

    para: Com que frequncia

    so feitas oraes ou

    agradecimentos antes ou

    aps as refeies em sua

    casa.

    19 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando as

    alternativas: 1. Muito;

    2. Em parte; 3. Pouco;

    4. Nunca

    20 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando as

    alternativas: 1. Muito;

    2. Em parte; 3. Pouco;

    4. Nunca

    21 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando as

    alternativas: 1. Muito;

    2. Em parte; 3. Pouco;

    4. Nunca

    22 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando para:

  • 45

    Vejo Deus como fora,

    suporte e guia e as

    alternativas: 1. Muito;

    2. Em parte; 3. Pouco;

    4. Nunca .

    23 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando as

    alternativas: 1. Muito;

    2. Em parte; 3. Pouco;

    4. Nunca

    24 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando as

    alternativas: 1. Muito;

    2. Em parte; 3. Pouco;

    4. Nunca

    25 100% SEM MODIFICAES

    26 80% SEM MODIFICAES

    27 100% SEM MODIFICAES

    28 100% SEM MODIFICAES

    29 100% SEM MODIFICAES

    30 80% SEM MODIFICAES

    31 100% SEM MODIFICAES

    32 100% SEM MODIFICAES

    33 100% SEM MODIFICAES

    34 60% Com 60% de equivalncia,

    houve a necessidade de se

    alterar o item para melhor

    compreenso, mudando-o

    para: Eu tento levar

    fortemente minhas crenas

    religiosas ao longo de

    minha vida.

    35 100% SEM MODIFICAES

    36 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

  • 46

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando para:

    Em uma semana, quantas

    horas voc dedica em

    atividades da sua igreja ou

    atividades que voc faz por

    razes religiosas ou

    espirituais.

    37 80% SEM MODIFICAES

    38 100% SEM MODIFICAES

    39 80% Apesar de 80% de

    equivalncia, o autor do

    presente estudo, partindo da

    observao de um juiz,

    decidiu levar em conta sua

    sugesto, mudando para:

    Qual sua religio no

    momento.

    40 100% SEM MODIFICAES

    41 100% SEM MODIFICAES

    A segunda verso foi encaminhada a outro comit, constitudo tambm por

    cinco juzes, com ttulo de doutor e com formao profissional em medicina,

    enfermagem e psicologia, para a anlise das equivalncias cultural e conceitual dos

    itens.

    Para o estabelecimento dos critrios de incluso dos juzes, tanto para a

    avaliao das equivalncias semntica e idiomtica como para as equivalncias cultural

    e conceitual, baseou-se no estudo de Kimura (1999).

    Os critrios estabelecidos para os juzes da avaliao das equivalncias cultural

    e conceitual foram os seguintes:

    Pessoas que:

    1- Fossem profissionais da rea de sade e humanas (mdico, enfermeiro e

    psiclogo).

    2- Tivessem domnio da lngua