trabalhos monográficos sobre a guarda municipal
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Guarda Municipal Agente da CidadaniaPor: Claudio Frederico de CarvalhoColetânea de Trabalhos Monográficos sobre a Guarda Municipal contendo assuntos afetos a sua formação profissional e sua atuação.Monografias:1. Trabalho de conclusão de curso para obtenção do Grau de MBA em Gestão Pública pela Faculdade de Tecnologia OPET, com o Titulo, “GUARDA MUNICIPAL AGENTE DA CIDADANIA”.2. Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Preparação à Magistratura em nível de Especialização. Escola da Magistratura do Paraná, Núcleo de Curitiba, com o Titulo, “O POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO COMO ATIVIDADE JURÍDICA CONSTITUCIONAL”TRANSCRIPT
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Trabalhos Monográficos
Guarda Municipal
O POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO
COMO ATIVIDADE JURÍDICA CONSTITUCIONAL
GUARDA MUNICIPAL AGENTE DA CIDADANIA
Claudio Frederico de Carvalho 2012
Claudio Frederico de Carvalho
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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO PARANÁ XXIX CURSO DE PREPARAÇÃO À MAGISTRATURA
NÚCLEO CURITIBA
CLAUDIO FREDERICO DE CARVALHO
O POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO COMO
ATIVIDADE JURÍDICA CONSTITUCIONAL
CURITIBA 2011
CLAUDIO FREDERICO DE CARVALHO
O POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO COMO
ATIVIDADE JURÍDICA CONSTITUCIONAL
Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Preparação à Magistratura em nível de
Especialização. Escola da Magistratura do Paraná, Núcleo de Curitiba.
Orientador: Prof. Luiz Osório Moraes Panza
CURITIBA
2011
Claudio Frederico de Carvalho
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TERMO DE APROVAÇÃO
CLAUDIO FREDERICO DE CARVALHO
O POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO COMO ATIVIDADE
JURÍDICA CONSTITUCIONAL
Monografia aprovada como requisito parcial para conclusão do Curso de Preparação à Magistratura em nível de Especialização, Escola da
Magistratura do Paraná, Núcleo de Curitiba, pela seguinte banca examinadora.
Orientador: Prof. Luiz Osório Moraes Panza
Avaliador: Prof. Fernando Gustavo Knoerr
Avaliador: Prof. Evandro Portugal
Curitiba, 12 de dezembro de 2011.
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra aos Honrosos Policiais com suas
diversas denominações em todo o Brasil e em especial aos Guardas
Municipais, que nestes últimos dois séculos vêm procurando trazer a
paz e a harmonia em uma sociedade conturbada pelos momentos
políticos, aspectos socioculturais e econômicos de uma nação em
desenvolvimento.
Seus serviços, prestados quase sempre no anonimato,
refletem de maneira significativa para a garantia do exerc ício de
cidadania em seus Municípios, Estados e União.
Claudio Frederico de Carvalho
8
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por estar sempre me guiando, me
dando saúde, paz interior, auxílio nas horas difíceis, por ter me
abençoado com uma família maravilhosa e por me dar inspiração
para redigir esta obra, pois Ele é o criador de tudo e de todos.
Agradeço ao meu filho Lucas, pela compreensão em ser
privado da minha companhia nos momentos que dediquei à
elaboração deste trabalho, bem como a minha esposa Viviane, que
sempre esteve ao meu lado, principalmente, no incentivo para a
concretização de mais esta etapa acadêmica.
Agradeço ao corpo docente e discente da Escola da
Magistratura do Paraná, onde junto passamos a compor uma grande
família.
A todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram
para a conclusão deste curso, meus sinceros agradecimentos.
EPÍGRAFE
“O povo é a polícia e a polícia é o povo, a polícia nada
mais é que aqueles, pagos e uniformizados, para fazer aquilo que é
dever de todos nós.”
Sir Robert Peele (Pai do policiamento moderno / 1828).
Claudio Frederico de Carvalho
10
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 9
2 CONCEITOS E FUNDAMENTOS ................................................................ 11
2.1 UM CONCEITO COM VÁRIOS SENTIDOS ................................................ 11
2.2 O QUE É DEFESA SOCIAL ......................................................................... 12
2.3 O QUE É SEGURANÇA PÚBLICA ............................................................. 13
3 POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO .............................................. 15
3.1 QUAIS SÃO AS INSTITUIÇÕES POLICIAIS QUE EXERCEM O POLICIAMENTO
OSTENSIVO PREVENTIVO NO BRASIL ...................................................... 20
3.2 PRINCÍPIOS QUE REGEM O POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO23
4 DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL .............................................................. 26
4.1 DO POLICIAL FERROVIÁRIO FEDERAL .................................................. 29
4.2 DO POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL .................................................... 33
4.3 DO POLICIAL MILITAR ............................................................................... 34
4.4 DO GUARDA MUNICIPAL .......................................................................... 36
5 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ELENCADOS NO ART. 5.º.................... 40
5.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCINAIS DO ART. 5°, INCISO, XIII; .................... 43
6 A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL E A ATIVIDADE POLICIAL
............................................................................................................................ 48
7 O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, O CONSELHO NACIONAL DO
MINISTÉRIO PÚBLICO E A ATIVIDADE JURÍDICA .................................... 54
8 DOS JULGADOS DOS TRIBUNAIS QUANTO A ATIVIDADE POLICIAL 65
9 DO RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE JURÍDICA PELOS PROFISSIONAIS
QUE EXERCEM O POLICIAMENTO REPRESSIVO JUDICIÁRIO ................ 70
10 CONCLUSÃO.......................................................................................... 78
REFERÊNCIAS................................................................................................ 84
RESUMO
O presente trabalho monográfico tem a intenção de servir como objeto de estudo para a reflexão e compreensão do que efetivamente
vem a ser o policiamento ostensivo preventivo, e qual é o seu vínculo com a área do direito, em especial, a es fera penal, demonstrando com isso que o policial é um profissional do direito, assim como, o
advogado, o promotor de justiça e o magistrado. É sabido que na esfera penal, senão na sua totalidade, a maioria dos processos judiciais criminais inicia-se nas ruas, durante o
policiamento ostensivo preventivo, onde, o policial que inicialmente atendeu a ocorrência teve que fazer a sua avaliação sobre o fato, a fim de verificar se era ou não um caso de pol ícia (um crime).
Para que se inicie a persecução penal, faz-se necessário antes que este profissional, no local do crime, tome todas as medidas cabíveis de acordo com o mandamento legal, ou seja, isolamento do local do
crime, coleta de provas e evidências, além de arrolar as testemunhas e envolvidos quando houver. Para que o exercício de sua função seja realizado a contento, sem
que o mesmo venha a responder por um crime comissivo por omissão, por um abuso de poder e/ou pelo crime de prevaricação, faz-se mister que, o profissional tenha uma formação sólida,
alicerçada aos conhecimentos jurídicos, não apenas em breves relatos, mas sim de maneira aprofundada com várias disciplinas do direito e com uma carga horária significativa, além de ter que estar se
atualizando constantemente. Desse modo e por estas razões cada vez mais, vemos profissionais da área da segurança pública, em específico, da esfera do
policiamento ostensivo preventivo, buscando os bancos acadêmicos, nos cursos de direito, a fim de que possam exercer as suas funções laborais, de maneira exemplar e desejável, encontrando amparo para
as suas ações, no exercício regular do direito em harmonia ao princ ípio da legalidade.
Palavras-chave: policiamento ostensivo preventivo; profissional do direito; atividade jurídica;
Guarda Municipal Agente da Cidadania
9
1 INTRODUÇÃO
Diversos são os serviços públicos e privados, os quais
estão diretamente vinculados a fiel execução e cumprimento da lei
vigente em um país, contudo, algumas instituições especificamente
as de caráter público, em razão do poder de polícia inerente ao
Estado, tem como missão primordial além do cumprimento da lei, a
preservação da ordem pública e da incolumidade física do cidadão e
do patrimônio.
Essas instituições são comumente conhecidas como
garantes da lei e da ordem pública, sendo que seus profissionais
consequentemente exercem o respectivo poder de polícia, visando
dar cumprimento aos seus preceitos constitucionais.
O exerc ício da função policial efetivamente consiste em
limitar o exerc ício dos direitos individuais em benefício do interesse
público, sempre primando pela lei e a ordem.
Antes da Constituição de 1988, a ordem pública se
restringia à segurança pública e o poder de polícia, era então,
sinônimo de segurança coletiva/pública. Modernamente, porém, o
Estado assumiu novas atribuições e o conceito de ordem pública
Claudio Frederico de Carvalho
10
envolve agora, a ordem econômica e social. Assim, ampliou-se o
poder de polícia.
Deste modo, as organizações policiais passaram a se
afeiçoar as novas atribuições decorrentes da lei, onde assumiram
uma nova função, agora, mais social e menos truculenta, vindo a ser
conhecida modernamente como pol ícia-cidadã.
11
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
2 CONCEITOS E FUNDAMENTOS
Etimologicamente falando policiar é o ato de civilizar.
O termo Polícia tem origem em 1791 no ordenamento
jurídico da França, onde concomitantemente dividiu a polícia em
administrativa e judiciária, contudo, já em Roma Antiga t ínhamos as
“polícias”, onde em virtude de sua natureza eram divididas em Civita
ou Militare.
CIVITA Civil derivação de cidade civis moradores da
cidade.
MILITARE Militar combatente na guerra moravam fora do
limite das cidades.
2.1 UM CONCEITO COM VÁRIOS SENTIDOS
Confunde-se muito o termo pol ícia-função (sentido original)
com polícia-denominação (sentido usual).
1. Função
POLÍCIA
2. Denominação
Claudio Frederico de Carvalho
12
1. Ostensiva/Administrativa (+ preventiva, - repressiva)
POLÍCIA
2. Judiciária (+ repressiva, - preventiva)
1. Função/Atividade Polícia Judiciária/Repressiva
(Tipicamente estatal) Polícia Ostensiva/Preventiva
POLÍCIA
(Conceito) 2. Denominação/Corporação
(Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Guarda
Municipal)
2.2 O QUE É DEFESA SOCIAL
É a concepção de justiça criminal, como ação social de
proteção e prevenção, caracterizando-se pela aceitação da mutação
de acordo com a evolução da sociedade. O Direito Penal, é então,
parte da polícia social; o crime está na sociedade, o homem apenas o
revela. A eficácia do Direito Penal e da polícia em geral no controle
da criminalidade é apenas de relativa importância. A prevenção
prevalece sobre a repressão.
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O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
A criminalidade não se resolve no contexto restrito do
Direito Penal, mas sim, num programa de ampla defesa social, isto é,
numa política social que envolva o punir (quando útil e justo) e o
tratamento ressocializante do criminoso e do foco social de onde
emerge.
Um sistema de Defesa Social abrange segurança pública,
defesa civil, entre outras ações do poder público, sendo estas, na
maioria de caráter preventivo, minimizando assim, as situações de
grande envergadura, as quais acabam consequentemente incidindo
efetivamente na esfera do Poder Judiciário.
Ressalte se que, as situações envolvendo a esfera penal,
geralmente são o equivalente em média de 5% (cinco por cento) do
atendimento realizado pelo policial.
2.3 O QUE É SEGURANÇA PÚBLICA
É o afastamento, por meio de organizações próprias, de
todo perigo, ou de todo mal, que possa afetar a ordem pública, em
prejuízo da vida, da liberdade, ou dos direitos de propriedade do
cidadão.
Claudio Frederico de Carvalho
14
A segurança pública, assim, limita as liberdades individ uais,
estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer
aquilo que a lei não lhe veda, não pode ir além da liberdade
assegurada aos demais, ofendendo-a.
É, pois, uma atividade pertinente aos órgãos estatais e a
comunidade como um todo, realizada com o fito de proteger a
cidadania, prevenindo e controlando manifestações de criminalidade
e de violência, efetivas ou potenciais, garantindo o exercício pleno da
cidadania nos limites da lei.
Sistema de Segurança Pública
(Policiamento ostensivo preventivo)
* Guarda Municipal (nos Municípios)
Segurança Pública * Polícia Civil e Militar (nos Estados)
* Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal e
Polícia Ferroviária Federal (na União)
15
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
3 POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO
Para estudarmos o tema “policiamento ostensivo
preventivo” inicialmente teremos que conceituar isoladamente cada
um dos termos, no caso, policiamento ostensivo e sucessivamente
policiamento preventivo.
Ressalte-se que, ambos os conceitos foram inovados com a
promulgação da Constituição de 1988, a qual mudou
significativamente a forma de estruturação e ação das atuais
instituições policiais no Brasil.
Antes da Carta Constitucional de 88, encontrava-se em
vigor o Decreto-lei nº 667, de 2 de julho de 1969, o qual em seu artigo
3°, alínea “a”, outorgava com exclusividade o policiamento ostensivo
para as Polícias Militares, sendo ainda, ,inexistente o termo,
policiamento preventivo.
Art. 3º- Instituídas para a manutenção da ordem
pública e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete às Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: (Redação dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
a) executar com exclusividade, ressalvas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente, a f im de assegurar o cumprimento da lei, a
manutenção da ordem pública e o exercício dos
Claudio Frederico de Carvalho
16
poderes constituídos; (Redação dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983) o grifo é do autor1
Com o advento da nova Constituição, o referido texto legal
foi tacitamente revogado, uma vez que não foi recepcionado pela
Carta Magna, pelo fato de estar em completa contradição e
desarmonia com o artigo 144, da atual Constituição Federal.
Deste modo, tivemos uma evolução no conceito de polícia
ostensiva, e sucessivamente do policiamento ostensivo, o qual
pressupõe o exerc ício do poder de polícia lato sensu, não mais
limitado apenas a uma instituição e com uma única missão em
específico, qual seja, “manutenção da ordem pública e segurança
interna nos Estados”.
Nas palavras de Soibelman, Polícia Ostensiva, “é a que
age de uma forma visível pelo público. Opõe-se a polícia secreta (V.).
é a que obtém resultados preventivos pela simples ação da
presença”2.
1 BRASIL. Decreto-Lei n. 667, de 2 de julho de 1969. Reorganiza as Polícias
Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Território e
do Distrito Federal, e dá outras providências. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil], Brasília, DF, 03 jul. 1969. 2 SOIBELMAN, Leib. Enciclopédia do Advogado. 5ª ed. rev. Rio de Janeiro:
Thex, 1994. p. 278.
17
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Quanto à função de policiamento preventivo, era
completamente ignorada em nosso ordenamento jurídico, uma vez
que o policiamento além de ostensivo era mais direcionado a
repressão, seguindo o estabelecido na alínea “a” do art. 3º, do
Decreto-Lei nº 667/69 - “a fim de assegurar o cumprimento da lei, a
manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes
constituídos”.
Feitos estes esclarecimentos, para Soibelman Polícia
Preventiva, são: “Medidas adotadas pela administração pública para
prevenir comprometimento da segurança, higiene, moralidade ou
economia pública”3.
Vemos que o conceito é oriundo de um período ditatorial,
onde a própria prevenção era confundida como apenas “medidas
adotadas pela administração pública”, excluído assim a
responsabilidade dos órgãos responsáveis pela segurança pública e
incolumidade física do cidadão.
3 SOIBELMAN, L. Id.
Claudio Frederico de Carvalho
18
Seguindo este entendimento teremos que definir o que vem
a ser “prevenir comprometimento da segurança ”, ou seja, o que
significa Polícia de Segurança?
Para Soibelman, “é a que protege o ordenamento jurídico e
a integridade do Estado. Órgão encarregado da proteção da ordem
política e social. Função administrativa destinada a proteger a
segurança e tranqüilidade (sic) públicas. Polícia preventiva e
administrativa”.4
Diante do exposto, podemos concluir que com o advento da
Constituição de 1988, as instituições policiais passaram a ter as suas
atribuições mais definidas vindo inclusive a assumir efetivamente a
função do policiamento ostensivo preventivo, o que outrora não fazia
parte do nosso ordenamento jurídico.
Hoje temos no policiamento preventivo uma das maiores
razões para com a diminuição e/ou o controle da criminalidade em
determinadas regiões, devendo as ações de governo assumir cada
4 SOIBELMAN, Leib. Enciclopédia do Advogado. 5ª ed. rev. Rio de Janeiro:
Thex, 1994. p. 278.
19
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
vez mais esta função que é efetivamente inerente ao poder estatal,
devendo ser realizado pelos órgãos de segurança pública.
Realiza o policiamento ostensivo preventivo o profissional
da segurança pública, que isoladamente ou em grupo, realiza o
patrulhamento fardado e/ou uniformizado, equipado de armamento
mais ou menos letal, estando a pé, a cavalo, em veículo de tração
animal ou veículo de tração mecânica, em aeronave ou embarcação
fluvial, que procura durante o deslocamento estar atento a todas as
situações adversas da normalidade, aonde quer que esteja
executando as suas atividades laborais.
Sob esse aspecto, a principal característica do policiamento
ostensivo preventivo é a capacidade de ser visto e reconhecido como
tal, mesmo que de relance, uma vez que o potencial de dissuasão
decorre justamente dessa ostensividade.
É correto afirma que a redução do índice de criminalidade
em um local é inversamente proporcional a atuação do profissional da
segurança pública, pois, o policial fardado/uniformizado deve acabar
por conseguinte dissuadindo o pretenso infrator em dado local, haja
vista, sua presença mais efetiva através do policiamento ostensivo.
Claudio Frederico de Carvalho
20
Destarte, ao contrário do que pode parecer, um grande
número de prisões em flagrante realizadas pelo policiamento
ostensivo não revela, necessariamente, eficiência, pois demonstra
sim que os agressores da sociedade estão agindo livremente, apesar
da presença do profissional da segurança pública, e/ou este não está
tão presente quanto se espera, permitindo aos delinqüentes agirem
sem receio algum.
3.1 QUAIS SÃO AS INSTITUIÇÕES POLICIAIS QUE EXERCEM O
POLICIAMENTO OSTENSIVO PREVENTIVO NO BRASIL
Conforme menciona a Carta Magna no artigo 144, todos os
órgãos de Segurança Pública tem as suas funções predefinidas no
mencionado mandamus constitucional.
Especificamente, sobre o policiamento ostensivo preventivo
temos no inciso II, a Polícia Rodoviária Federal; no inciso III, a
Polícia Ferroviária Federal; no inciso V, as Polícias Militares; e no
parágrafo 8º as Guardas Municipais.
A Polícia Rodoviária Federal tem as suas atribuições
especificadas no parágrafo 2º, do referido texto constitucional, tendo
21
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
como missão principal o patrulhamento ostensivo das rodovias
federais.
A Polícia Ferroviária Federal, como a própria denominação
menciona, destina-se ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
federais.
Às Polícias Militares dos Estados, conforme o parágrafo 5º,
tem como missão primordial o policiamento ostensivo e a
preservação da ordem pública.
Equiparasse as Polícias Militares para fins de interpretação
por analogia a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, a qual tem a
mesma função que as citadas organizações.
Os Municípios por sua vez, o constituinte foi mais modesto
no termo policiamento ostensivo, suprimindo esta denominação e
inserido a respectiva função na sentença: “proteção de seus bens,
serviços e instalações”.
Neste diapasão facultou aos munic ípios no parágrafo 8º, a
possibilidade de se constituir Guardas Municipais destinadas à
proteção de seus bens, serviços e instalações, permitindo assim uma
ampla discussão quanto ao efetivo poder de polícia dos municípios e
das Guardas Municipais em relação à segurança pública local.
Claudio Frederico de Carvalho
22
Semelhante a interpretação por analógica da Brigada Militar
do Estado do Rio Grande do Sul em relação as demais polícias
militares, a qual manteve a sua denominação após a Constituição
Federal de 1946, temos também no Brasil as Guardas Civis
Municipais, instituições policiais municipais muito comum de se
encontrar principalmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro,
onde algumas se mantiveram atuantes até os dias atuais, cruzando
as fronteiras do período do Brasil Imperial e completando mais de um
século de existência.
Essas instituições, Guardas Civis Municipais, embora não
estejam especificadas na Constituição Federal são reconhecidas e
aceitas principalmente pelo Ministério da Justiça como sendo as
Guardas Municipais descritas no texto constitucional, em seu
parágrafo 8º.
Todo o texto constitucional de que trata sobre a Segurança
Pública é composto pelo artigo 144, o qual esta inserido no capitulo
III “Da Segurança Pública”, fazendo parte do t ítulo V, da Constituição
Federal que trata sobre “a Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas”, não havendo com isso necessidade de discorrer
mais sobre o assunto.
23
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Ressalte-se que, caso seja considerado incompleto o
presente texto constitucional, existe em seu parágrafo 7º , a previsão
para que se discipline a organização e o funcionamento dos órgãos
responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
eficiência de suas atividades.
A preocupação do constituinte neste sentido foi de evitar
estagnar o assunto, segurança pública ao ponto de torná-lo inflexível
e de certa forma arcaico, permitindo com isso a sua evolução em
harmonia com a sociedade de onde emerge.
3.2 PRINCÍPIOS QUE REGEM O POLICIAMENTO OSTENSIVO
PREVENTIVO
A origem e os princ ípios que regem o policiamento
ostensivo preventivo, sendo um conceito novo e moderno, encontram
o seu amparo legal no texto Constitucional, em seu artigo 144,
vejamos:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...]
II - polícia rodoviária federal;
Claudio Frederico de Carvalho
24
III - polícia ferroviária federal; [...]
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] § 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei.5
Assim compreendemos que o policiamento ostensivo
preventivo compõe-se das ações de fiscalização de polícia, sobre a
matéria de segurança pública, ou seja, é o modo de atuar do Poder
de Polícia, que, conforme esclarece Maria Silvia Zanella Di Pietro, “é
a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos
individuais em benefício do interesse público e o Policiamento
Ostensivo objetiva, precipuamente, satisfazer as necessidades
básicas de segurança pública inerentes a qualquer comunidade ou a
qualquer cidadão”6
.
Neste diapasão concluímos que o policiamento ostensivo
tem como função precípua realizar a prevenção dos crimes,
contravenções penais e violações de normas administrativas em
áreas específicas, como o trânsito, meio ambiente, e posturas
5 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 37.
6 DI PIETRO, Maria Silvia Zanella. Direito Administrativo, 13ª ed. – São
Paulo: Atlas, 2001, p. 110
25
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
municipais. Constitui se em medidas preventivas de segurança, para
evitar o acontecimento de delitos e de violações de norma, tendo
como objetivo principal eliminar e/ou dificultar a possibilidade de se
delinquir.
O policiamento ostensivo é um serviço indispensável e que
desempenha um papel de suma importância na consecução dos
objetivos finais da polícia; é a única forma de serviço policial que
diretamente trata de eliminar a oportunidade do mau comportamento
e reprime o desejo de delinquir, destruindo as expectativas e
influências negativas por parte do possível delinquente.
Claudio Frederico de Carvalho
26
4 DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
A formação profissional, ou seja, a educação do profissional
da segurança pública é algo tão natural e universal, a qual pressupõe
clara compreensão e cumprimento por parte de todos os gestores
públicos, contudo, nem sempre foi assim, até o ano 2003 as
instituições policiais, mantinham em suas grades curriculares
disciplinas diversas atingindo uma média de 220 horas/aulas até
1.160 horas/aulas, distribuídas em média em 30 (trinta) disciplinas.
O Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP), percebendo esta discrepância entre
uma e outra formação, bem como, a desproporcionalidade de
conteúdo prático e teórico, no ano de 2003 durante o Seminário
Nacional sobre Segurança Pública, apresentou a primeira versão do
trabalho intitulado “Matriz Curricular Nacional”, propondo que o
mesmo viesse a servir como um referencial “teórico-metodológico
para orientar as Ações Formativas dos Profissionais da Área de
Segurança Pública – Polícia Militar, Polícia Civil e Bombeiros Militares
27
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
– independentemente da instituição, nível ou modalidade de ensino
que se espera atender” (Matriz Curricular Nacional –MJ/SENASP).7
Proposta esta que foi aceita e implementada por todas as
Instituições voltadas a formação do profissional da área da segurança
pública, assim, dado a complexidade do assunto e a divergência
entre o prático e o teórico, tivemos em 2005 a sua primeira revisão,
quando foram agregados ao trabalho realizado pela SENASP, as
Diret rizes Pedagógicas para as Atividades Formativas dos
Profissionais da Área de Segurança Pública.
No período de 2005 a 2007, a Senasp, em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, realizou
seis seminários regionais, denominados Matriz Curricular em Movimento, destinados à equipe técnica e aos docentes das academias e centros de formação. Esses seminários possibilitaram a apresentação dos
fundamentos didático-metodológicos presentes na Matriz, a discussão sobre as disciplinas da Malha Curricular e a transversalidade dos Direitos Humanos, bem como reflexões sobre a prática pedagógica e
sobre o papel intencional do planejamento e execução das Ações Formativas8.
Os resultados obtidos nos seminários e a crescente
demanda dos Estados com o intuito de se implantar a Matriz
7 BRASIL, Ministério da Justiça – Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Matriz Curricular Nacional – Para Ações Formativas dos Profissionais da
Área de Segurança Pública. Brasília: 2010. p.1 8 BRASIL, Ministério da Justiça – Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Matriz Curricular Nacional – Para Ações Formativas dos Profissionais da
Área de Segurança Pública. Brasília: 2010. p.2
Claudio Frederico de Carvalho
28
Curricular estimularam o governo federal, através da SENASP, a
lançar uma versão atualizada e ampliada da Matriz, agora contendo
em um só documento as orientações que servem de referência para
as Ações Formativas dos Profissionais da Área de Segurança
Pública, tendo como objetivo é garantir a unidade de pensamento e
ação dos profissionais da área de Segurança Pública.
O investimento e o desenvolvimento de ações formativas são necessários e fundamentais para
qualif icação e aprimoramento dos resultados das instituições que compõem o Sistema de Segurança Pública frente aos desafios e demandas da sociedade.9
Atualmente, as 27 (vinte e sete) Unidades da Federação
utilizam a Matriz Curricular como referencial pedagógico, para a
formação, aperfeiçoamento e qualificação do quadro funcional.
Amaral preleciona que: “O policial é um profissional do
Direito, tanto quanto o juiz, o advogado, o promotor de justiça, jamais
um profissional da guerra. O policial não deve ter quartel porque não
há de esperar para entrar em ação, ele deve estar permanentemente
bem distribuído”10
.
9 Idem.
10 AMARAL, Luiz Otavio de Oliveira. Direito e Segurança Pública – a
juridicidade operacional da polícia. Brasília: Consulex, 2003. P 72.
29
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
4.1 DO POLICIAL FERROVIÁRIO FEDERAL
A Polícia Ferroviária Federal é a polícia especializada mais
antiga no Brasil, foi criada no ano de 1852 e não apenas
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, mas sim, mantida
como um órgão de segurança pública, vejamos:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] III - polícia ferroviária federal;
[...] § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.11
O Brasil dispõe de apenas 28.168 km de malha ferroviária
em 1998. Cerca de 35% de nossas ferrovias operam há mais de 60
anos. A falta de investimentos e a baixa demanda por vagões e
locomotivas, fazem com que a indústria ferroviária esteja com sua
produção praticamente parada desde 1991.
11 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 37.
Claudio Frederico de Carvalho
30
Em igual proporção a Polícia Ferroviária Federal, que tem
como missão institucional zelar por todos os aspectos relacionados
às ferrovias brasileiras, incluindo a fiscalização e prevenção de
acidentes nos 28 mil quilômetros de malha ferroviária.
A sua carreira funcional por falta de regulamentação e
incentivo do governo federal quase chegou à extinção, tendo sido
realizado o último concurso público para o ingresso na carreira no
ano de 1989. Resultando com isso, em um quadro de servidores
estagnado, pois os antigos policiais ferroviários federais acabaram
sendo demitidos, aposentados e ou emprestados a outras instituições
(especialmente as de gerência e controle dos trens urbanos).
Estimasse hoje que o quadro destes servidores gere em
torno de mais ou menos oitocentos policiais ferroviários no Brasil,
com o mínimo de tempo de serviço de 20 anos, ou seja, grande parte
do seu quadro funcional esta próximo da aposentadoria.12
Com isso a fiscalização e prevenção de acidentes nas
ferrovias que deveria ser função destes profissionais , acabam na
12 SINDICATO DOS METROVIÁ RIOS DE PERNAMBUCO – PE.
História da polícia ferroviária federal.
Disponível em: <http://www.sindmetrope.org.br/historia>. Acesso em: 05
nov. 2011
31
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
prática, sendo realizada por outras instituições (incluindo outras
policiais) e por seguranças privados.
Atualmente, com a promulgação da Lei 12.462/11, a sua
missão institucional foi restabelecida, permitindo assim que esses
profissionais possam voltar a desenvolver suas atividades
subordinadas ao Ministério da Justiça, assim como é feito pela Polícia
Federal e a Polícia Rodoviária Federal, restando tão somente a
devida regulamentação da profissão para que esses policiais
exerçam com eficiência e competência, a demanda que a sociedade
exige, vejamos:
Art. 48. A Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, passa a vigorar com as seguintes
alterações: "Art.29..................................................... .....................
XIV - do Ministério da Justiça: o Conselho Nacional de Polít ica Criminal e Penitenciária, o Conselho Nacional de Segurança Pública, o Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, o Conselho
Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual, o Conselho Nacional de Arquivos, o Conselho Nacional de Polít icas sobre Drogas, o Departamento de Polícia Federal, o
Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o Departamento de Polícia Ferroviária Federal, a Defensoria Pública da União, o Arquivo Nacional e até 6 (seis) Secretarias;(Grifo do Autor)
................................................................ § 8º “Os profissionais da Segurança Pública Ferroviária oriundos do grupo Rede, Rede Ferroviária Federal
Claudio Frederico de Carvalho
32
(RFFSA), da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Empresa de Trens Urbanos de Porto
Alegre (Trensurb) que estavam em exercício em 11 de dezembro de 1990, passam a integrar o Departamento de Polícia Ferroviária Federal do Ministério da Justiça."13 (Grifo do Autor)
Diante do exposto, não podemos falar muito sobre o
treinamento, aprimoramento e formação destes profissionais no
período compreendido entre 1991 a 2011.
Resta claro que com a entrada em vigor da Lei n.12.462/11,
e o retorno da Polícia Ferroviária Federal ao Ministério da Justiça,
tratamento semelhante dado aos policiais federais e policiais
rodoviários federais, será dispensado a estes honrosos profissionais
que fizeram a história do Brasil, nestes últimos dois séculos.
13 BRASIL. Lei n. 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas - RDC; altera a Lei nº 10.683, de 28
de maio de 2003, que dispõe sobre a organização da Presidência da
República e dos Ministérios, a legislação da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) e a legislação da Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária (Infraero); cria a Secretaria de Aviação Civil, cargos de
Ministro de Estado, cargos em comissão e cargos de Controlador de Tráfego
Aéreo; autoriza a contratação de controladores de tráfego aéreo temporários;
altera as Leis nºs 11.182, de 27 de setembro de 2005, 5.862, de 12 de
dezembro de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de 1992, 11.526, de 4 de outubro
de 2007, 11.458, de 19 de março de 2007, e 12.350, de 20 de dezembro de
2010, e a Medida Provisória nº 2.185-35, de 24 de agosto de 2001; e revoga
dispositivos da Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998. Diário Oficial [da
República Federativa do Brasil], Brasília , DF, 05 ago. 2011.
33
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
4.2 DO POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL
Inicialmente criada com a denominação Polícia de
Estradas, em 24 de julho de 1928, a Polícia Rodoviária Federal, no
ano de 1935, foi criado o primeiro quadro de policiais denominados a
época, "Inspetores de Tráfego".
Com a Constituição de 1988, assim como a Polícia
Ferroviária Federal, a Polícia Rodoviária Federal foi integrada ao
Sistema Nacional de Segurança Pública, recebendo como missão
exercer o patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...]
II - polícia rodoviária federal; [...] § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.14
Desde 1991, a Polícia Rodoviária Federal integra a
estrutura organizacional do Ministério da Justiça, como Departamento
de Polícia Rodoviária Federal.
14 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 37.
Claudio Frederico de Carvalho
34
A base da atuação da Polícia Rodoviária Federal é o trânsito, onde tudo começa. Ao longo dos 61 mil
quilômetros de malha federal, a PRF fiscaliza o cumprimento do CTB, previne e reprime os abusos, como excesso de velocidade e embriaguez ao volante, e presta atendimento às vítimas de acidentes.
A PRF também colabora com a segurança pública, prevenindo e reprimindo o tráfico de armas e de drogas, assalto a ônibus e roubo de cargas, furto e roubo de veículos, tráfico de seres humanos,
exploração sexual de menores, trabalho escravo, contrabando, descaminho e pirataria e crimes conta o meio ambiente15.
Diante do fato de estar diretamente vinculada a Secretaria
Nacional de Segurança Pública, gestora da Matriz Curricular,
dispensamos comentários a respeito da formação, aperfeiçoamento e
capacitação destes profissionais, os quais assemelhassem às
atenções dispensadas a formação do policial federal.
4.3 DO POLICIAL MILITAR
A estrutura hierárquica das Instituições Policiais Militares
brasileiras está organizada de forma seqüencial, onde encontramos
os círculos de oficiais e dos praças.
15 BRASIL. Polícia Rodoviária Federal. Net, Brasília , Nov. 2011. Seção
Conheça a PRF. Disponível em: <
http://www.dprf.gov.br/PortalInternet/conhecaPRF.faces > Acesso em: 05
nov.2011.
35
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...]
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] § 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de
bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.16
Convém esclarecer que o ingresso na carreira ocorre em
regra por meio de concurso público em ambos os casos, contudo, o
oficial ingressa inicialmente no Curso de Formação de Oficial, após
aprovação em procedimento seletivo paralelo ao exame vestibular
realizado pelas Universidades Federais, por sua vez, os praças
mesmo realizando concurso público para o ingresso na carreira, em
virtude do grau de complexidade da sua função, o nível escolar
exigido não corresponde efetivamente a ensino universitário, motivo
pelo qual sua formação profissional assemelhasse ao nível técnico.
Neste entendimento, percebemos que a formação de
ambos profissionais pertencentes a mesma instituição policial , se
realiza de forma diferenciada, sendo que o oficial conclui o curso de
16 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 37.
Claudio Frederico de Carvalho
36
formação de oficial em média no período compreendido entre t rês a
quatro anos, e por sua vez, o praça esta pronto para o serviço
operacional em média 1.160 horas/aulas, e/ou pouco mais que 40
(quarenta) semanas de curso de formação.
O que convém ressaltar é que independente de estarmos
falando do curso de formação de praça ou de oficial, em ambas as
formações a preocupação maior esta justamente no ensinamento
com maior ênfase na cultura jurídica, em todas as instruções
independente do foco de abordagem em regra sempre procura se
trabalhar o aspecto legal, associado à prática policial.
4.4 DO GUARDA MUNICIPAL
A Guarda Municipal, instituição que retornou ao
ordenamento jurídico após muitos anos estando distante,
principalmente no período ditatorial em que o país passou.
Após a promulgação da Carta Constitucional de 1988, de
maneira modesta o constituinte inseriu esta faculdade aos municípios,
os quais aos poucos dado as necessidades locais foram criando, re-
37
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
criando e/ou transformando os seus serviços municipais de vigilância
em Guardas Municipais, vejamos:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito
e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...] § 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.17
Visando dar uma resposta mais positiva aos anseios da
sociedade, em abril de 2002, o Governo Federal at ravés do Instituto
Cidadania apresentou aos órgãos de segurança pública o Projeto
Segurança Pública para o Brasil, podendo se afirmar que este é o
marco divisor entre o antigo modo de se fazer segurança pública, e a
evolução do policiamento moderno, qual seja, o policiamento
cidadão.
Este projeto foi fruto de t rabalho de quinze meses,
interagindo entre pesquisadores, estudiosos, especialistas em
segurança pública e membros dos Três Poderes, entre outros
representantes da sociedade.
17 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 37.
Claudio Frederico de Carvalho
38
Um dos pontos de suma importância para os municípios foi
justamente em relação as Guardas Municipais, uma vez que,
segundo a edição do Plano Nacional de Segurança Pública em vigor
desde junho de 2000, as atribuições do munic ípio frente a segurança
pública tomaram uma envergadura maior trazendo mais
responsabilidade e atribuições para o poder local, assim, o novo
projeto apresentou dentre uma das propostas a de reestruturar e
redirecionar a atuação das Guardas Municipais, vejamos:
“Reformular as Guardas Municipais, preparando-as
para que se tornem agências de novo tipo, capazes de combinar eficiência e respeito aos direitos humanos, gestoras da segurança pública local e operadoras interativas, mediadoras de conflitos, preventivas da
violência e da criminalidade”.18
Com a edição da Matriz Curricular em 2003, assim como a
polícia ferroviária foi deixada de lado, a guarda municipal também
teve este infortúnio.
Com o intuito de corrigir este relapso, em 2005 foi criada a
Matriz Curricular Nacional para Formação das Guardas Municipais
desenvolvida pela Secretaria Nacional de Segurança Pública
(SENASP), tendo como objetivo enfatizar a atuação das Guardas
18
INSTITUTO CIDA DANIA. Pro jeto Segurança Pública para o Brasil. São
Paulo, Fundação Djalma Guimarães, 2002.
39
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Municipais na prevenção da violência e criminalidade, destacando o
papel dos munic ípios no Sistema Único de Segurança Pública
(SUSP).
Segundo a Matriz Curricular o Guarda Municipal deve
compreender o exerc ício de sua atividade como prática da cidadania,
motivando-se a adotar no dia a dia, atitudes de justiça entre outros.
Por fim, estabelecem diretrizes e princ ípios que devem
nortear a atuação das Guardas Municipais existentes nas diversas
regiões do país, respeitando e considerando as especificidades
regionais.
Assim, cumprindo os preceitos legais, bem como, a Matriz
Curricular e o Plano Nacional de Segurança Pública, as Guardas
Municipais iniciaram um processo de readequação profissionalizando
e capacitando cada vez mais o seu quadro de servidores.
A formação em Segurança Pública constitui hoje, uma
necessidade de âmbito nacional. Ela deve estar baseada no
compromisso com a cidadania e a educação para a paz , articulando-
se permanentemente com os avanços científicos e o saber
acumulado.
Claudio Frederico de Carvalho
40
5 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ELENCADOS NO ART. 5º
A Constituição da República Federativa do Brasil, fruto de
diversas lutas e conquistas ao longo de toda a história desta nação e
da própria humanidade, em 5 de outubro de 1988, foi promulgada
vindo a estabelecer uma nova era no direito Brasileiro, pois, ao
restabelecer o regime democrático de direito, excluiu os resquícios de
um sistema ditatorial entre outros.
“Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes19: (...)”
Uma breve leitura feita no “caput” do artigo 5º, da
Constituição Federal nos esclarece com precisão qual foi à fiel
intenção do constituinte ao elencar o Título “Dos Direitos e Garantias
Fundamentais”, e neste Capítulo destinado aos “Direitos e Garantias
Individuais e Coletivos”.
19
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 4 5ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 6.
41
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Restou evidente que dentre os princ ípios basilares da
Constituição, todo o cidadão brasileiro e estrangeiro residente no
Brasil, a garantia da “inviolabilidade do Direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade” (Brasil, 1988, p.11)20
.
Neste raciocínio surge a indagação – Quem são os agentes
públicos que irão dar cumprimento a este texto Constitucional? No
caso, a Garantia da inviolabilidade e da proteção aos Direitos
elencados.
Em verdade o profissional da área de segurança pública,
em específico o que realiza o policiamento ostensivo preventivo, tem
por missão primordial proteger a integridade física do cidadão, quer
seja, vítima ou infrator, o policial deve procurar sempre “combater o
crime e não o criminoso”21
.
Neste diapasão, concluímos que para se dar cumprimento
ao princípio constitucional “segurança” ou aos demais princ ípios
constitucionais, pelos órgãos responsáveis pelo efetivo exercício das
20
Idem 21
CA RVA LHO, Claudio Frederico de. O que você precisa saber sobre
Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar. 3ª ed. Curit iba: Edição do
autor, 2011. p. 248.
Claudio Frederico de Carvalho
42
garantias constitucionais, devemos acima de tudo ter um profissional
capaz de compreender e colocar em prática tais premissas
existenciais.
Em outras palavras, para se aplicar o direito, cumprir e fazer
cumprir o mandamento legal, é mister que, o profissional deva estar
tão capacitado quanto outro operador do direito, segue neste
entendimento o Professor Luiz Otavio Amaral.
“O policial é um profissional do Direito, tanto quanto o juiz, o advogado, o promotor de justiça, jamais um profissional da guerra. O policial não deve ter quartel porque não há de esperar para entrar em ação, ele
deve estar permanentemente bem distribuído”.
Convém ressaltar que, o do artigo 5º da Carta
Constitucional em seus 78 incisos e parágrafos, aborda com
profundidade os cinco princ ípios basilares dos “Direitos e Garantias
Individuais e Coletivos”, quais sejam, à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade.
Por fim, em virtude da complexidade e o grau de
importância do citado texto constitucional, o mesmo é considerado
pela Carta Magna de 1988, como sendo uma cláusula pétrea,
conforme dispõe o artigo 60, § 4º da CF.
43
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
[...] § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.22 [...]
5.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO ART. 5º INCISO, XIII;
Em específico o objeto principal de estudo, tratasse da
atividade do policiamento ostensivo preventivo como equiparado ao
exercício da função de atividade jurídica em atividade não privativa do
Bacharel em Direito, ou seja, a prática reiterada de atos que exijam a
utilização preponderante de conhecimento jurídico.
É notório que em regra todo o cidadão busca o seu
crescimento quer na carreira profissional que optou, quer em outras
carreiras, as quais exigem uma maior preparação, dado as suas
exigências escolares e demais requisitos.
Assim, um profissional da área de segurança pública, em
específico o que exerce o policiamento ostensivo preventivo, ao
22
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 23.
Claudio Frederico de Carvalho
44
ingressar na carreira geralmente procura inicialmente se formar em
cursos superiores, vindo a atender as suas habilidades e vocações,
muitas vezes descobertas na caserna e/ou nos cursos de formação23
.
Quando este profissional se especializa nas áreas da
educação e saúde, acaba podendo ser 100% (cem por cento)
aproveitado dentro desta nova área de atuação, muitas vezes sem
precisar se desvincular da sua função policial.
Agora no caso, temos um profissional mais qualificado,
atuando em uma área mais específica, a qual esta diretamente
vinculada ao exercício da função de policiamento ostensivo
preventivo, sem existir qualquer impedimento, quer dos órgãos de
classe e/ou restrições funcionais, pois em ambos os exemplos são
consideradas atividades técnicas, as quais permitem acumulação
inclusive de cargo ou emprego público, vejamos:
23
Deixamos de abordar neste tópico sobre o policiamento repressivo
judiciário, pois, já existe um parecer favorável proferido pelo eminente
relator Ministro Claudio Godoy, em Pedido de Providências n .1238,
formulado pelo Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, o qual
será objeto de estudo no item – 10 - DO RECONHECIMENTO DA
ATIVIDADE JURÍDICA PELOS PROFISSIONAIS QUE EXERCEM O
POLICIAMENTO REPRESSIVO JUDICIÁ RIO.
45
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científ ico c) a de dois cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;24
Diferente situação ocorre com os profissionais da área de
segurança pública, no que concerne ao policiamento ostensivo
preventivo, uma vez que ao concluir a Faculdade de Direito, acaba
sendo impedido de exercer as atividades inerentes ao bacharelado,
em completa desarmonia com os preceitos Constitucionais, vejamos:
“Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualif icações profissionais que a lei estabelecer;”25
Neste aspecto devemos ressaltar o texto constitucional, “é
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
24
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 16. 25
Ibidem, p 6.
Claudio Frederico de Carvalho
46
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” ,
dentre as atividades desenvolvidas nas áreas da saúde e da
educação, não existem dúvidas quanto a sua fiel aplicação.
Fato contrário é o que ocorre com o profissional da área
segurança pública (policiamento ostensivo), sendo bacharel em
direito. Os seus conhecimentos acadêmicos serão por certo
aproveitados e diga se, muito bem aproveitados, no seio da sua
corporação, e na sociedade onde presta seus serviços públicos, quer
nas:
Atividades Administrativas, principalmente a área do
direito administrativo, na administração e apuração de procedimentos
sindicantes; na elaboração de minutas de legislações e normas
específicas entre outras atividades administrativas;
Atividades de Ensino, nos diversos ramos do direito, nos
cursos de formação, aperfeiçoamento e especialização; nas palestras
educativa e preventivas junto a comunidade em modo geral;
Atividades Específicas, de policiamento ostensivo
preventivo, onde este profissional irá aplicar efetivamente as
habilidades acadêmicas, principalmente nas áreas de Direito
Administrativo (legislação de trânsito, posturas e normas
47
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
administrativas); Direito Constitucional (no cumprimento do seu dever
legal, sendo um garante da lei e da ordem); na área do Direito Penal
(coibindo e prevenindo a prática delituosa); na área do Direito Civil
(atividade junto aos conselhos comunitários e orientações as vítimas
de infrações); e, por fim na área do Direito Processual Penal, (durante
o encaminhamento dos infratores a Autoridade Policial, bem como, no
isolamento do local do crime, coleta de informações e dados
necessários para o início da persecução penal, entre outras
atividades inerentes a função policial e que estão diretamente
vinculadas ao estrito cumprimento da lei).
Este profissional com todo este arcabouço jurídico, sendo
integrante de uma corporação policial, em razão deste fato acaba
sendo impedido de se almejar alçar sonhos em uma nova profissão
quer seja, como advogado, juiz ou promotor de justiça.
Fase a distinção de ambos os enfoques, sendo um para o
exercício da função de advogado e outro em relação ao ingresso na
carreira do ministério público e na magistratura, ambos os temas
serão discorridos em capítulo próprio, a fim de poder dividir em dois
grupos para uma melhor compreensão e abordagem do tema.
Claudio Frederico de Carvalho
48
6 A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL E A ATIVIDADE
POLICIAL
Com a entrada em vigor do “Estatuto da Advocacia e a
Ordem dos Advogados do Brasil” (OAB), Lei nº 8.906/94, em seu
artigo 28, inciso V, de maneira tácita o legislador t ratou sobre a
matéria em relação aos impedimentos legais, de modo que é patente
que o exerc ício da função da advocacia é incompatível com o
exercício da atividade policial de qualquer natureza, vejamos:
Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a proibição parcial do exercício da advocacia. Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa
própria, com as seguintes atividades: [...] V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer
natureza; [...] § 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo
temporariamente.26
Mesmo existindo norma neste sentido, alguns profissionais
da segurança pública, ao concluírem o seu bacharelado em direito,
26
MACEDO, Geronimo Theml de. Estatuto da Advocacia e da OAB e
Legislação Complementar. 2ª ed. rev. atu. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005,
p 14.
49
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
realizaram o exame da ordem e ingressaram com o pedido de
inscrição, pedido este que evidentemente foi negado provimento,
uma vez que efetivamente existe o risco da associação do exercício
da função em situações diversas, inclusive na captação de uma
clientela específica em razão da própria função policial.
Assim resta manifesto que o policial que atua nas ruas ao
efetuar o policiamento ostensivo preventivo, encontrasse diante de
um fato delituoso, após avaliar todo o contesto da ocorrência policial,
toma as mediadas cabíveis a fim de por termo a ocorrência.
Neste caso, na hipótese do policial poder exercer
cumulativamente a atividade de advogado, este poderi a acabar, não
sabendo separar o policial do advogado, prejudicando com isso todo
o direcionamento da ocorrência, sem que tivesse intenção escusa,
mas sim, pela busca e o desejo de fazer o que considera mais correto
possível.
É evidente que o policiamento ostensivo preventivo na
esfera do direito penal é na maioria dos casos, o ponto de partida da
persecutio criminis, vindo a culminar na aplicação da lei penal ao
individuo infrator.
Claudio Frederico de Carvalho
50
Conforme nos ensina Damásio de Jesus, “Quando o sujeito
pratica um delito, estabelece-se uma relação jurídica entre ele e o
Estado. Surge o jus puniendi, que é o direito que tem o Estado”.27
No ponto inicial de uma ação delituosa, teremos quase que
na sua totalidade, um profissional da área de segurança pública
sendo que na sua maioria o primeiro a ter contato com o crime e o
local do crime será propriamente dito o profissional que efetua o
policiamento ostensivo preventivo.
Destarte é perfeitamente razoável a existência de uma
norma legal impeditiva neste aspecto, contudo, porém, a maneira que
se apresenta hoje, torna terminantemente impossível para o policial
adquirir os três anos de atividade jurídica de que trata o artigo 93,
inciso I, da Constituição Federal, através do respectivo órgão de
classe.
Tendo em vista ser considerada uma incompatibilidade
funcional e não apenas um impedimento, para que o policial venha a
ter a sua inscrição deferida junto a Ordem dos Advogados do Brasil,
27
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal 1 – Parte Geral. 32ª ed. rev. atu. São
Paulo: Saraiva, 2011. p 23.
51
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
terá antes que pedir exoneração ou se aposentar no seu cargo de
policial, pois, a incompatibilidade permanece nos casos de licença e
afastamento funcional temporário, vejamos:
Recurso n.º 2010.08.01192-05. Recorrente: Armindo Maria. Recorrido: Conselheiro Seccional da OAB/Santa
Catarina. Relator: Conselheiro José Danilo Correia Mota (CE). Ementa PCA/37/2010. Policial Militar transferido para a reserva remunerada, aprovado no Exame de Ordem. Direito ao exercício pleno da
advocacia. Afastada ofensa ao inciso I, do art. 30 da Lei 8.906/94. Desaparecendo o vínculo funcional, com ele some a restrição de advogar contra a Fazenda que o remunera. Precedentes do STJ e desta 1ª Câmara.
Recurso conhecido e provido para determinar o cancelamento de anotações restritivas nos assentamentos do advogado. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos acórdão os membros da Primeira
Câmara do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, à unanimidade, em conhecer e dar provimento aos recursos interpostos, para
determinar o cancelamento da anotação de impedimento do art. 30, I, do Estatuto da Advocacia e da OAB, no cadastro do recorrente, nos termos do voto do relator. Impedido de votar o representante da
Seccional da OAB/SC. Brasília, 17 de Maio de 2010. Marcus Vinícius Furtado Coelho, Presidente da Primeira Câmara. José Danilo Correia Mota, Conselheiro Relator. (DJ, 27.05.2010, p. 15)
Ressalte-se que a incompatibilidade impede, inclusive, que
este profissional se inscreva no Quadro de Estagiários da OAB, como
segue:
Ementa 035/2001/PCA. ESTAGIÁRIO. INSCRIÇÃO. GUARDA MUNICIPAL. IN COMPATIBILIDADE. Para a inscrição como estagiário nos Quadros da OAB a lei impõe os mesmos requisitos exigidos para a inscrição
como advogado, exceto a prova de graduação em direito e o Exame de Ordem. Constitui causa de incompatibilidade com a advocacia o exercício de atividade relacionada, direta ou indiretamente, com
Claudio Frederico de Carvalho
52
cargo ou função policial. Recurso conhecido e provido para reformar a decisão do Conselho Pleno da
Seccional da OAB/RJ que deferiu, por maioria, inscrição de estagiário a ocupante de cargo de Guarda Municipal. (Recurso nº 5.551/2001/PCA-RJ. Relator: Conselheiro Marcos Bernardes de Mello (AL),
julgamento: 10.09.2001, por unanimidade, DJ 18.09.2001, p. 720, S1).
Como podemos observar o impedimento é absoluto, não
havendo conforme o nosso ordenamento jurídico, condições do
profissional que exerce o policiamento ostensivo preventivo qualquer
condição de ter a sua inscrição deferida junto a Ordem dos
Advogados do Brasil.
Recurso nº 0459/2005/PCA. Recorrente: Delvanio Speck Miranda OAB/PR 31.419. Recorrido: Conselho Seccional da OAB/Paraná. Relator: Conselheiro Ronald Cardoso Alexandrino (RJ). Redistribuição: Conselheiro
Daylton Anchieta Silveira (GO). Ementa PCA/026/2007. Guarda Municipal. Incompatibilidade. Cancelamento de Inscrição. Guarda Municipal que faz policiamento ostensivo, preventivo, uniformizado e armado, exerce a
"atividade policial de qualquer natureza", incompatível com o exercício da advocacia, de que trata o inciso V do art. 28 do EAOAB. Por isto, a respectiva Seccional da OAB pode, no exercício do seu poder de revisão do
ato administrativo, cancelar a inscrição deferida em evidente equívoco. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira Câmara do Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil, à unanimidade de votos em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Impedido de votar o representante da OAB/PR.
Brasília, 16 de abril de 2007. CLÉA CARPI DA ROCHA Presidente da Primeira Câmara, DAYLTON ANCHIETA SILVEIRA, Conselheiro Relator. (DJ, 17.05.2007, p. 741, S.1)
53
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Concluímos assim que, em princípio o profissional que
exerce o policiamento ostensivo preventivo, ao concluir seu
bacharelado em direito, muito embora possa ter o desejo de adquirir
os três anos de atividade jurídica, para o ingresso na Carreira da
Magistratura, conforme estabelece o artigo 93, inciso I, da CF:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de
classif icação;28 [...]
Ou ainda, deseje adquiri esta experiência profissional com o
intuito de ingressar na carreira do Ministério Público, conforme dispõe
o art. 129 da CF, não poderá buscar esta prática forense junto a OAB,
pelos fatos e razões descritas.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...]
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classif icação.29
28
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 28. 29
Ibidem, p 35.
Claudio Frederico de Carvalho
54
7 O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, O CONSELHO
NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO E A ATIVIDADE JURÍDICA
Com a Emenda Constitucional nº 45/2004, o que antes era
denominado de “atividade forense”, foi alterado, passando com isso a
ter um sentido mais amplo com a terminologia: “atividade jurídica”.
Essa alteração muito embora possa parecer desnecessária, trouxe
para o ordenamento jurídico, uma mudança significativa, vejamos:
“A expressão prática forense é, em si, restritiva porque
se refere à prática do foro, dos tribunais. Ao passo que a expressão atividade jurídica (trazida pela EC 45) é essencialmente ampla, uma vez que reputa a toda e qualquer ação vinculada ao direito, ao jurídico”30.
Feita esta alteração a exigência dos três anos foram
mantidos, sendo agora de atividade jurídica, tanto em relação ao
ingresso na Carreira da Magistratura quanto ao ingresso na Carreira
do Ministério Público, vejamos:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
30
ALMEIDA, Dayse Coelho de. A exigência de 3 anos de atividade jurídica
nos concursos públicos para o ingresso na Magistratura e Ministério Público
e a Resolução do TST. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 669, 5 maio 2005.
Disponível em: <http://jus.com.br/rev ista/texto/6680>. Acesso em: 5 nov.
2011.
55
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de
classif icação;31 [...]
Nos mesmos moldes foi incorporada a exigência, de “no
mínimo, três anos de atividade jurídica”, conforme segue:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério
Público: [...] § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-
á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e
observando-se, nas nomeações, a ordem de classif icação.32
Superada esta questão, a fim de consolidar e dar efetiva
aplicação ao texto Constitucional, o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), através da Resolução nº 11 de 31 de janeiro de 2006,
regulamentou a definição de “atividade jurídica”.
Em maio de 2009 com a edição da Resolução n.º 75, do
Conselho Nacional de Justiça, a Resolução nº 11 foi revogada
passando a entrar em vigor o que segue:
31
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 28.
32
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 45ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p 35.
Claudio Frederico de Carvalho
56
Art. 59. Considera-se atividade jurídica, para os efeitos do art. 58, § 1º, alínea "i":
I - aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito; II - o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima em 5
(cinco) atos privativos de advogado (Lei nº 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1º) em causas ou questões distintas; III - o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização
preponderante de conhecimento jurídico; IV - o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no
mínimo por 16 (dezesseis) horas mensais e durante 1 (um) ano; V - o exercício da atividade de mediação ou de
arbitragem na composição de litígios. § 1º É vedada, para efeito de comprovação de atividade jurídica, a contagem do estágio acadêmico ou qualquer outra atividade anterior à obtenção do grau de
bacharel em Direito. § 2º A comprovação do tempo de atividade jurídica relativamente a cargos, empregos ou funções não privativos de bacharel em Direito será realizada
mediante certidão circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a utilização preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à
Comissão de Concurso, em decisão fundamentada, analisar a validade do documento.33
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP),
mantendo também o mesmo objetivo de poder regulamentar de
maneira mais clara possível, com o intuito de não deixar lacunas,
acabou, por conseguinte editando a Resolução nº 04/06, alterando o
33
Dispõe sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da
magistratura em todos os ramos do Poder Judiciário nacional. (Publicada no
Diário Oficial da União, Seção 1, em 21/5/09, p. 72-75, e no DJ-e nº
80/2009, em 21/5/09, p. 3-19. e Republicada no DJ-e n° 155/2010, em
25/08/2010, p. 2-16, em obediência à Resolução n° 118, de 3 de agosto de
2010, Publicada no DJ-e n° 150/2010, em 18/08/2010, p. 5-7).
57
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
seu texto com a Resolução nº 11/06, revogando ambas com a
Resolução nº 29/08, a qual foi posteriormente revogada pela
Resolução nº 40/0934
, e que teve por fim, o seu texto alterado pela
Resolução nº 57, em 27 de abril de 2010.
Art. 1º Considera-se atividade jurídica, desempenhada exclusivamente após a conclusão do curso de bacharelado em Direito: I – O efetivo exercício de advocacia, inclusive
voluntária, com a participação anual mínima em 5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei nº 8.906, de 4 Julho de 1994), em causas ou questões distintas.
II – O exercício de cargo, emprego ou função, inclusive de magistério superior, que exija a utilização preponderante de conhecimentos jurídicos. III – O exercício de função de conciliador em tribunais
judiciais, juizados especiais, varas especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, assim como o exercício de mediação ou de arbitragem na composição de litígios, pelo período mínimo de 16
(dezesseis) horas mensais e durante 1 (um) ano. § 1º É vedada, para efeito de comprovação de atividade jurídica, a contagem de tempo de estágio ou de qualquer outra atividade anterior à conclusão do
curso de bacharelado em Direito. § 2º A comprovação do tempo de atividade jurídica relativa a cargos, empregos ou funções não privativas
de bacharel em Direito será realizada por meio da apresentação de certidão circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a
utilização preponderante de conhecimentos jurídicos, cabendo à comissão de concurso analisar a pertinência do documento e reconhecer sua validade em decisão fundamentada.
Art. 2º Também serão considerados atividade jurídica, desde que integralmente concluídos com aprovação, os cursos de pós-graduação em Direito ministrados pelas Escolas do Ministério Público, da Magistratura e
34
Regulamenta o conceito de atividade ju ríd ica para concursos públicos de
ingresso nas carreiras do Ministério Público e dá outras providências.
Claudio Frederico de Carvalho
58
da Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os cursos de pós-graduação reconhecidos, autorizados ou
supervisionados pelo Ministério da Educação ou pelo órgão competente. § 1º Os cursos referidos no caput deste artigo deverão ter toda a carga horária cumprida após a conclusão do
curso de bacharelado em Direito, não se admitindo, no cômputo da atividade jurídica, a concomitância de cursos nem de atividade jurídica de outra natureza. (Texto alterado pela Resolução nº 57, de 27 de abril de
2010). §2º Os cursos lato sensu compreendidos no caput deste artigo deverão ter, no mínimo, um ano de duração e carga horária total de 360 horas-aulas,
distribuídas semanalmente. §3º Independente do tempo de duração superior, serão computados como prática jurídica:
a) Um ano para pós-graduação lato sensu. b) Dois anos para Mestrado. c) Três anos para Doutorado. §4º Os cursos de pós-graduação (lato sensu ou stricto
sensu) que exigirem apresentação de trabalho monográfico f inal serão considerados integralmente concluídos na data da respectiva aprovação desse trabalho.
[...]
Deste modo, através do Conselho Nacional do Ministério
Público, temos em vigor a Resolução nº 40, de 26 de maio de 2009,
com alterações feitas pela Resolução nº 57/10.
Podemos com isso esclarecer que em virtude de vários
estudos, edições e correções, hoje o conceito de atividade jurídica
obtido pelo CNMP, esta sendo mais amplo que a interpretação
aplicada atualmente pelo Conselho Nacional de Justiça.
59
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Ressalte se que, em ambos os Conselhos Nacionais o
objeto principal dos estudos e elaboração das resoluções é tão
somente a interpretação da terminologia, “atividade jurídica”, para fins
de ingresso em ambas as carreiras públicas.
Feitas estas considerações, podemos observar que em
específico para o profissional que exerce o policiamento ostensivo
preventivo, o qual conclui o bacharelado em direito, tendo no seu
íntimo o desejo de seguir uma nova carreira pública quer seja na
Magistratura ou no Ministério Público, seguindo o que estabelece a
Resolução nº 75/09 do CNJ e a Resolução nº 40/09, as limitações
serão muito maiores, tornando o sonho quase inatingível.
Isso é claro, considerando que este profissional no
desenvolvimento de sua atividade laboral, executa efetivamente
atividade jurídica relativa à função não privativa de bacharel em
Direito, contudo, ambas as Resoluções não trataram deste assunto
em específico, ficando a questão merecedora de maiores reflexão e
possível regulamentação por parte de ambos os Conselhos
Nacionais.
É elementar que este profissional pode a qualquer tempo
pedir exoneração da sua função pública de policial e iniciar uma
Claudio Frederico de Carvalho
60
carreira na advocacia durante o período de três anos e/ou utilizar este
período de três anos para exercer as diversas atividades elencadas
como prática jurídica, em ambas as Resoluções, a fim de se preparar
e poder ingressar na carreira jurídica tão almejada.
Com isso temos duas considerações a serem analisadas:
A primeira vem a ser sobre o “espírito da lei”, quando da
implantação da exigência dos três anos de atividade jurídica, o
legislador nada mais buscou que regulamentar o referido critério a fim
de evitar que bacharéis em direito, recém formados, sem nenhuma ou
ao menos com pouca vivência prática da vida em sociedade, viessem
a ingressar em ambas as carreiras públicas as quais exigem do
profissional a maturidade suficiente e necessária para o bom e pleno
desenvolvimento de suas atividades jurisdicionais.
Na mesma linha de entendimento temos a posição do
Professor Hugo Nigro Mazzilli, para quem “a idéia que fundamentou
essa inovação foi a de que é preciso que os juízes, antes de
ingressarem no exercício da nobre e relevante função, adquiram um
mínimo de experiência na seara jurídico-profissional, evitando-se que
61
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
bacharéis ainda imaturos quanto à vida prática possam estar aptos a
julgar os destinos alheios”35
.
Seguindo o mesmo entendimento temos a manifestação
doutrinária de Walber de Moura Agra, vejamos:
“A finalidade almejada pela Reforma do Judiciário nesse tópico foi o de exigir dos novos membros do
Ministério Público e da Magistratura um tempo mínimo de experiência no mundo jurídico. O referido tempo de maturação servirá para que os bacharéis afeitos às
mencionadas carreiras jurídicas possam se preparar melhor para exercerem suas funções, acumulando vivência no mundo jurídico, após a conclusão do bacharelado, que lhes propiciará melhor desempenho
em seu mister. Por outro lado, a nova exigência constitucional impedirá que bacharéis recém-ingressos dos bancos escolares possam vir a ocupar os mencionados cargos.
Não se está contestando a capacidade teórica daqueles que recentemente deixaram as Universidades, contudo, falta-lhes, em alguns casos, maturidade para enfrentar os complexos problemas
que serão postos cotidianamente para sua resolução e, principalmente, experiência para a apreciação das questões apresentadas. O prazo de três anos de
exercício de atividade jurídica é um tempo de maturação, de sedimentação do conhecimento acumulado durante o Curso de Direito. Um lapso temporal para que o bacharel possa colocar em prática
o que aprendeu durante a sua preparação universitária.”36
35
MAZZILLI, Hugo Nigro. A prática de "atividade jurídica" nos concursos -
Reforma do Judiciário. São Paulo: Método, 2005. 36
A GRA, Walber de Moura. Obrigatoriedade de três anos de exercício de
Atividades Jurídicas", in Comentários à Reforma do Poder Judiciário. São
Paulo: Forense, 2005.
Claudio Frederico de Carvalho
62
A segunda observação trata justamente dos quesitos
razoabilidade e proporcionalidade, qual seja o profissional do direito
que durante grande parte da sua vida atuou em atividade de
policiamento ostensivo preventivo, colocando em prática os seus
conhecimentos acadêmicos diuturnamente, e inclusive passando a
adquirir uma sensibilidade maior no trato com a sociedade, não teria
maturidade suficiente para ingressar em ambas as carreiras públicas?
Visando corrigir esta questão, atualmente está em trâmite
na Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) Estadual nº 59/2010. Esta PEC do
estado mineiro pretende acrescentar os §§ 3º e 4º ao art. 142, da
Constituição Estadual.
Sendo aprovada esta proposta, os dois pontos principais de
alteração serão no que concerne ao ingresso na carreira para o
quadro de oficiais da Polícia Militar, passando a ser exigido o título de
bacharel em Direito, por conseguinte, a PEC insere a atividade
exercida pelos oficiais da Polícia Militar no rol das carreiras jurídicas,
vejamos:
Art. 1º. Ficam acrescentados ao art. 142 da Constituição do Estado os seguintes §§ 3º e 4º: “Art. 142. (...)
63
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
§ 3º. Para o ingresso no Quadro de Oficiais da Polícia Militar – QO-PM – é exigido o título de bacharel em
Direito e a aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, realizado com a partic ipação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado de Minas Gerais.
§ 4º. O cargo de Oficial do Quadro de Oficiais da Polícia Militar – QO-PM –, com competência para o exercício da função de Juiz Militar e das atividades de polícia judiciária militar, integra, para todos os f ins, a
carreira jurídica militar do Estado.”37
Nas palavras de Mário Leite de Barros Filho, temos o
seguinte comentário:
“É importante ressaltar que a apresentação do aludido projeto foi motivada pela aprovação recente da proposta de emenda à Constituição nº 14/2007, que reconheceu a atividade exercida pelos delegados de
polícia de Minas Gerais como de natureza jurídica, f icando, desta forma, evidente que os principais objetivos da iniciativa dos oficiais da Polícia Militar são a disputa de espaço e a defesa de interesse
Institucional.”38
Com a devida vênia, muito embora não concorde com o
autor no que se refere à intenção da presente proposta, quanto à
origem, não paira dúvidas que o fato motivador foi, além de valorizar
a carreira do oficial da Polícia Militar, ainda, reconhecer que o
exercício da sua função utilizada primordialmente o conhecimento
científico do direito, e não apenas de modo superficial.
37
Minas Gerais - Proposta de Emenda à Constituição Estadual nº 59/2010.
Minas Gerais: Assembléia Leg islativa, 2010. 38
BARROS FILHO, Mário Leite de. Natureza Jurídica da Atividade
Exercida pelos Delegados de Polícia. Delegadoplantonista, Minas Gerais:
Disponível em: <http://www.delegadoplantonista.net/news/natureza-juridica-
da-atividade-exercida-pelo-delegados-de-policia/>. Acesso em: 5 nov. 2011
Claudio Frederico de Carvalho
64
Feitas essa considerações, inicialmente podemos afirmar
que na atualidade o profissional que exerce o policiamento ostensivo
preventivo, ao se graduar bacharel em direito, muito embora a sua
função pública exija que atue preponderantemente como sendo um
operador do direito, caso, este profissional queira seguir uma nova
função pública na carreira jurídica, deverá equipara-se a todas as
demais pessoas, as quais pela sua condição gozam de prerrogativas,
vedadas ao policial, qual seja, a inscrição como estagiário e/ou
advogado junto a OAB, entre outras atividades descritas em ambas
às resoluções.
65
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
8 DOS JULGADOS DOS TRIBUNAIS QUANTO A ATIVIDADE
POLICIAL
Tratando de maneira apenas exemplificativa, sem discorrer
muitas laudas sobre o tema, uma vez que não é o objeto central da
pesquisa acadêmica, temos como resultado da atuação em
específico das Guardas Municipais, no policiamento ostensivo
preventivo e o entendimento jurisprudencial dos tribunais o que
segue:
Em Curitiba, nos últimos anos, através do policiamento
ostensivo preventivo realizado pela Guarda Municipal de Curitiba,
foram evitados em média mais de 300 operações impedindo as
invasões de áreas pertencentes ao munic ípio, evitando com isso o
assentamento desordenado e a posterior desapropriação dos seus
“invasores”.
Em 27 de abril de 2004, em virtude de uma ocupação
desordenada em área de risco, pertencente ao Município de Curitiba,
a Guarda Municipal recebeu através dos autos 196/04, da 2ª Vara da
Fazenda Pública da Comarca de Curitiba, a incumbência de efetuar a
reintegração de posse, sendo deferido pelo eminente Juiz de Direito,
Claudio Frederico de Carvalho
66
Dr. Luiz Osório Moraes Panza, o “uso da Guarda Municipal para
desocupação dessa área”.
Este entendimento foi alicerçado justamente na ausência de
atuação do órgão policial estadual, o qual em desrespeito a
determinação judicial, seguiu as determinações expedidas pelo
governo estadual da época.
Situação desta natureza muitas vezes se repete em várias
regiões do Brasil, demonstrando que estes profissionais estão aptos
para dar cumprimento a estas determinações judiciais sem que haja
qualquer desvio ou desvirtuamento de função pública.
Em relação às ocorrências policiais envolvendo a
participação de integrantes das Guardas Municipais, temos alguns
entendimentos que demonstram o seu efetivo poder de policia e o
seu reconhecimento junto ao Poder Judiciário, vej amos;
RHC 11938/SP; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS
CORPUS 2001/0127472-8 Relator(a) Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA (1106) Orgão Julgador - T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento - 11/06/2002 Data da Publicação/Fonte - DJ 01.07.2002 p.00354 Ementa "RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO
PREVENTIVA. Prisão cautelar decretada, com esteio no artigo 312, do CPP, ao fundamento da necessidade de garantia da
67
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
ordem pública e aplicação da lei penal. Paciente foragido do distrito de acusação.
Impetração e razões recursais que alvejam, exclusivamente ilegalidade na atuação de guardas municipais e de um policial, que ingressaram na residência do paciente, sem mandado, e efetivaram
apreensão de cocaína. Argüição que não possui o condão de elidir a custódia prévia imposta. Não se trata de auto de prisão em flagrante". Recurso desprovido.
Acórdão Por unanimidade, negar provimento ao recurso.
Seguindo este mesmo entendimento temos em relação a
prisão em flagrante realizada por Guardas Municipais, conforme
segue:
RHC 9142/SP; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 1999/0088332-2 Relator(a) Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA
(1106) Orgão Julgador - T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento - 22/02/2000 Data da Publicação/Fonte - DJ 20.03.2000
p.00082LEXSTJ VOL.:00130 p.00286 RT VOL.:00779 p.00524 Ementa HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. GUARDA MUNICIPAL.
ENTORPECENTE. BUSCA E APREENSÃO. CRIME PERMANENTE. Em se tratando de delito de natureza permanente, é prescindível a apresentação de mandado para o efeito de apreensão da substância
entorpecente e prisão do portador ou depositário. Recurso desprovido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os
Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráf icas a seguir, por unanimidade, negar
provimento ao recurso. Votaram com o Relator os Ministros EDSON VIDIGAL, FELIX FISCHER, GILSON DIPP e JORGE SCARTEZZINI. Resumo Estruturado
Claudio Frederico de Carvalho
68
DESCABIMENTO, RELAXAMENTO DE PRISÃO, DENUNCIADO, TRAFICO DE ENTORPECENTE,
HIPOTESE, GUARDA MUNICIPAL, REALIZAÇÃO, PRISÃO EM FLAGRANTE, DECORRENCIA, BUSCA E APREENSÃO, ENTORPECENTE, RESIDENCIA, REU, INDEPENDENCIA, EXISTENCIA, MANDADO
JUDICIAL, INEXISTENCIA, CONSTRANGIMENTO ILEGAL, CARACTERIZAÇÃO, CRIME PERMANENTE.
Entendimento este aos poucos esta se consolidando junto
ao Poder Judiciário, vejamos:
RHC 7916/SP; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 1998/0066804-7 Relator(a) Ministro FERNANDO GONÇALVES (1107)
Órgão Julgador -T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento - 15/10/1998 Data da Publicação/Fonte - DJ 09.11.1998 p.00175 LEXSTJ VOL.:00115 p.00302 Ementa
RHC. PRISÃO EM FLAGRANTE. GUARDA MUNICIPAL. APREENSÃO DE COISAS. LEGALIDADE. DELITO PERMANENTE. 1. A guarda municipal, a teor do disposto no § 8°, do
art. 144, da Constituição Federal, tem como tarefa precípua a proteção do patrimônio do munic ípio, limitação que não exclui nem retira de seus integrantes a condição de agentes da autoridade, legitimados,
dentro do princípio de auto-defesa da sociedade, a fazer cessar eventual prática criminosa, prendendo quem se encontra em flagrante delito, como de resto
facultado a qualquer do povo pela norma do art. 301 do Código de Processo Penal. (grifei) 2. Nestas circunstâncias, se a lei autoriza a prisão em flagrante, evidentemente que faculta - também - a
apreensão de coisas, objeto do crime. 3. Apenas o auto de prisão em flagrante e o termo de apreensão serão lavrados pela autoridade policial. 4. Argüição de nulidade rejeitada, visto que os
acusados, quando detidos, estavam em situação de f lagrância, na prática do crime previsto no art. 12, da Lei nº 6.368/76 - modalidade guardar substância entorpecente.
5. RHC improvido. Acórdão Por unanimidade, negar provimento ao recurso. Resumo Estruturado
69
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
LEGALIDADE, PRISÃO EM FLAGRANTE, APREENSÃO, ENTORPECENTE, HIPOTESE,
GUARDA MUNICIPAL, PERSEGUIÇÃO, REU, APRESENTAÇÃO, AUTORIDADE POLICIAL, LAVRATURA, APREENSÃO, AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, CRIME, GUARDA, ENTORPECENTE,
CRIME PERMANENTE.
Assim, resta evidente que efetivamente a Guarda Municipal,
órgão pertencente ao Sistema Único de Segurança Pública, conforme
Lei 10.201/01, tem nos seus agentes, profissionais da área de
segurança pública que efetuam o policiamento ostensivo preventivo
nas cidades onde foram constituídas.
Claudio Frederico de Carvalho
70
9 DO RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE JURÍDICA PELOS
PROFISSIONAIS QUE EXERCEM O POLICIAMENTO
REPRESSIVO JUDICIÁRIO
Uma grande incógnita que permeia nas corporações
policiais é justamente em razão da exigência quanto a comprovação
de 3 (t rês) anos de prática jurídica para ingresso nas carreiras da
Magistratura e do Ministério Público.
Afinal, se, enquanto policiais, o exercício de suas funções é
incompatível com o exerc ício da advocacia, como estes profissionais
poderiam depois de formados, amealharem a prática jurídica sem
pedir demissão?
Diante desta lacuna deixada pelo legislador, haja vista o
entendimento sedimentado em todas as organizações policiais de
que o desempenho da sua atividade laboral esta diretamente
vinculada à aplicação do direito, ou seja, o exercício da função de
polícia nada mais é do que o direito aplicado propriamente dito.
Seguindo este entendimento o Sindicato dos Policiais
Federais protocolou consulta ao Conselho Nacional de Justiça,
71
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
questionando se as funções exercidas pelos agentes de polícia
judiciária eram ou não consideradas atividades de cunho jurídico.
A resposta ao Pedido de Providências nº 1238, foi
favorável, não somente para os agentes e escrivães da Polícia
Federal, mas também sendo extensivo aos demais integrantes das
polícias civis dos estados da federação.
Pedido de Providências nº 1238 Relator: Conselheiro Cláudio Godoy
Requerente: Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal – SINDIPOL/DF Requerido: Conselho Nacional de Justiça CERTIFICO que o PLENÁRIO, ao apreciar o processo
em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: „O Conselho, por unanimidade , em obediência à decisão plenária tomada no julgamento do Pedido de
Providências n. 1079 (relator Conselheiro Eduardo Lorenzoni), respondeu afirmativamente à consulta formulada, com as ressalvas indicadas no voto do relator. Ausentes, justif icadamente os Conselheiros
Ellen Gracie (Presidente), Marcus Faver, Jirair Aram Meguerian e Eduardo Lorenzoni. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Ministro Gilmar Mendes.
Plenário, 20 de março de 2007‟. Presentes à sessão os Excelentíssimos Senhores Conselheiros Antônio de Pádua Ribeiro (Corregedor Nacional de Justiça), Vantuil Abdala, Douglas
Rodrigues, Cláudio Godoy, Germana Moraes, Paulo Schimidt, Ruth Carvalho, Oscar Argollo, Paulo Lobo, Alexandre de Moraes e Joaquim Falcão. Ausentes, justif icadamente, o Procurador-Geral da
República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, não restam
dúvidas quanto ao indispensável conhecimento técnico jurídico para o
Claudio Frederico de Carvalho
72
exercício da função de policiamento repressivo judiciário. Vejamos a
íntegra da decisão:
PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS Nº 1238
REQUERENTE: SINDICATO DOS POLICIAIS FEDERAIS NO DISTRITO FEDERAL – SINDIPOL/DF Pedido de Providências. Extensão do conceito de atividade jurídica. Resolução CNJ n. 11. Função dos
escrivães de polícia e agentes da Polícia Federal. Utilização preponderante de conhecimentos jurídicos. Submissão a previsão do art. 2º Consulta respondida. O Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal
consulta sobre se as funções desempenhadas pelos escrivães de polícia e agentes federais podem ser consideradas atividade jurídica para os f ins e nos
termos da Resolução CNJ n.11. Aduzem, para tanto, que, em sua atuação, inclusive conforme normatização própria, os servidores referidos se valem, de maneira preponderante, de conhecimentos técnicos jurídicos.
É o relatório. Pela sua repercussão e dada a particularidade em especial da atuação dos agentes, como, na polícia civil, da atuação dos investigadores, entende-se de
conhecer da consulta e submetê-la ao Plenário, até para se evitar, uma vez proferida decisão monocrática, a superveniência de eventual conflito interpretativo. Não parece haver dúvida, pelo que se considera, de
que a atuação do escrivão da polícia, quer federal, quer mesmo estadual, esteja a pressupor preparo jurídico, esteja a exigir, marcadamente, a utilização
desses conhecimentos técnicos . E isto mesmo que, como no caso, para o respectivo concurso não se reclame, propriamente, curso de direito completo, mas sim qualquer curso superior.
Lembre-se, a propósito, que a Resolução n. 11, em seu artigo 2º, mencionou não só o bacharelato em direito, como, também, o exercício de cargo, emprego ou função que exija a utilização preponderante de
conhecimento jurídico. E, nesse sentido, ao escrivão incumbe, basicamente, a prática de atos atinentes ao desenvolvimento de inquérito policial, peça investigativa do cometimento
de delitos, típicos porque previstos em lei, assim cujo conhecimento não pode ser estranho ao funcionário. Mais, trata-se de procedimento administrativo também
73
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
disciplinado por normas técnicas e jurídicas de manejo constante.
Na espécie isto se confirma pelo teor da Portaria 523/89 do Ministério do Planejamento, que estabelece as funções do escrivão, dentre tantas a de dar cumprimento a formalidades processuais, lavratura de
termos, autos e mandados, além da escrituração dos livros cartorários. Repita-se, atividade técnico-jurídica. Situação talvez menos clara seja a do agente, tal como
o é, no âmbito das polícias civis estaduais, a do investigador. Veja-se que, como está na mesma portaria citada, a função essencial do agente é de investigação e de realização, nessa senda, de
operações e coleta de informações. Tudo isso, porém, voltado a um fim, que é o de esclarecimento de delitos. Ora, se assim é, igualmente se reputa haja
preponderante uso de conhecimentos técnicos. Por um lado, investigativa está a pressupor conhecimento das normas próprias que regem a coleta de provas ou a efetivação de diligências como de prisão, apreensão, e
outras do gênero. De outra parte, se toda a gama dessas atividades se destina a apurar a prática de um delito e sua autoria, decerto que ainda aqui a utilização de conhecimentos técnicos, legais, jurídicos, é uma
constante. Nem se olvide, por f im, que o sentido da norma em exame foi o de alcançar toda e qualquer atividade que servisse a demonstrar a vivência do candidato ao
concurso da magistratura no mundo jurídico, em sua acepção mais ampla, como agente atuante, o que, na hipótese vertente, se considera que, evidentemente,
ocorra. Por isso é que se responde afirmativamente a consulta formulada, mas, em obediência a decisão plenária tomada no julgamento do PP 1079, relator o Cons.
Eduardo Lorenzzoni, ressalvando-se que sempre facultada a exigência de que, a despeito do cargo ocupado, seja comprovado o efetivo desempenho de funções a que pressuposto conhecimento técnico
jurídico, no caso de escrivania e de investigação. Este o voto. CLAUDIO GODOY
Claudio Frederico de Carvalho
74
Relator”39
Quanto à decisão proferida pelo egrégio Conselho Nacional
de Justiça, não pairam quaisquer dúvidas em relação a estes
profissionais (policiamento repressivo judiciário) e o efetivo exercício
de atividade jurídica não privativas de Bacharel em Direito.
É oportuno, porém tecer alguns comentários sobre a
matéria, haja vista a similaridade desta função pública, para com o
exercício da função de policiamento ostensivo preventivo, pois, como
discorrido em tópicos anteriormente, a origem da persecução penal
se dá efetivamente nas ruas e não nas repartições públicas, quais
sejam as Delegacias de Polícia.
Destarte, tornasse evidente a pretensão de demonstrar a
necessidade do reconhecimento pelo Conselho Nacional de Justiça,
quanto à preponderante utilização de conhecimento jurídico para o
exercício da função de policiamento ostensivo preventivo, a qual
presta um serviço de estrema relevância a sociedade, principalmente
em razão do exerc ício da atividade técnico-jurídica, conhecimento
39
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Pedido de Providência nº 1238,
Requerente Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal. Relator
Ministro Cláudio Godoy. Brasília: 2007
75
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
este muitas vezes adquiridos nos cursos de formação e
aperfeiçoamento na carreira.
Não nos parece haver dúvida, pelo que se considera,
atividade técnico-jurídica, de que a atuação dos profissionais que
executam o policiamento ostensivo preventivo, esteja a pressupor o
preparo jurídico necessário para o bom desempenho da função.
Lembremos que o propósito, da Resolução nº 11, a qual foi
revogada pela Resolução nº 75 do CNJ, em seu artigo 59, parágrafo
2º, traz no seu bojo a previsão do exercício de cargo, não exclusivo
de Bacharel em Direito, mas que exija a utilização preponderante de
conhecimento jurídico, vejamos:
Art. 59. Considera-se atividade jurídica, para os efeitos
do art. 58, § 1º, alínea "i": [...] § 2º A comprovação do tempo de atividade jurídica relativamente a cargos, empregos ou funções não
privativos de bacharel em Direito será realizada mediante certidão circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a utilização
preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à Comissão de Concurso, em decisão fundamentada, analisar a validade do documento.40
40
Dispõe sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da
magistratura em todos os ramos do Poder Judiciário nacional. (Publicada no
Diário Oficial da União, Seção 1, em 21/5/09, p. 72-75, e no DJ-e nº
80/2009, em 21/5/09, p. 3-19. e Republicada no DJ-e n° 155/2010, em
25/08/2010, p. 2-16, em obediência à Resolução n° 118, de 3 de agosto de
2010, Publicada no DJ-e n° 150/2010, em 18/08/2010, p. 5-7).
Claudio Frederico de Carvalho
76
Se, para o escrivão de polícia o exerc ício de sua função
“incumbe, basicamente, a prática de atos atinentes ao
desenvolvimento de inquérito policial ”, neste entendimento ao policial
ostensivo preventivo, cabe o início da referida peça inquisitória, assim
também, “disciplinado por normas técnicas e jurídicas de manejo
constante”.
Nesse raciocínio lógico, podemos seguir a inte rpretação
onde extensivamente os agentes de polícia, quer civil ou federal, na
função de investigador, tiveram os mesmos direitos reconhecidos
para fins de considerar o exerc ício de sua função investigativa com
sendo “atividade técnico-jurídica”.
Veja-se que, na referida função a alegação para considerar
atividade técnico-jurídica, foi justamente em razão de que:
“[...] a função essencial do agente é de investigação e de
realização, nessa senda, de operações e coleta de informações. Tudo isso, porém, voltado a um fim, que é o de esclarecimento de delitos. Ora, se assim é, igualmente se reputa haja
preponderante uso de conhecimentos técnicos. Por um lado, investigativa está a pressupor conhecimento das normas próprias que regem a coleta de provas ou a
efetivação de diligências como de prisão, apreensão, e outras do gênero. De outra parte, se toda a gama dessas atividades se destina a apurar a prática de um delito e sua autoria, decerto que ainda aqui a utilização
77
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
de conhecimentos técnicos, legais, jurídicos, é uma constante.
[...]”41
Diante do exposto, é evidente que a função do profissional
que exerce o policiamento ostensivo preventivo é de suma
importância para o cumprimento da função do policial que exercer o
policiamento repressivo judiciário, haja vista, ser em verdade o fato
gerador para que as demais atividades se desencadeiem, inclusive a
própria elucidação da ação criminosa e a punição do infrator pelo
Poder Judiciário.
Neste diapasão entendemos que por analogia o exercício
da função de policiamento ostensivo preventivo equiparasse ao
exercício da função de policiamento repressivo judiciário, haja vista a
necessidade do conhecimento preponderante na área jurídica, sendo
considerado como “atividade técnico-jurídica”.
41
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Pedido de Providência nº 1238,
Requerente Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal. Relator
Ministro Cláudio Godoy. Brasília: 2007
Claudio Frederico de Carvalho
78
10 CONCLUSÃO
Com os estudos realizados em torno da temática
“policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica
constitucional”, podemos compreender que muito embora ainda não
exista uma previsão legal neste aspecto, as tendências jurídicas
levam a crer que em breve o nosso ordenamento jurídico irá
regulamentar este ponto falho.
Atualmente esta em t râmite na Assembléia Legislativa do
Estado de Minas Gerais, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
Estadual nº 59/2010. Com a aprovação desta PEC, teremos no
estado mineiro a exigência do bacharelado em direito para o ingresso
como oficial nos quadros da Polícia Militar, bem como, o
reconhecimento legal desta atividade como sendo eminentemente
jurídicas.
Como marco inicial entre o reconhecimento da atividade
jurídica, realizada pelos profissionais da área de segurança pública,
existe a previsão legal da Lei nº 8.906/94, onde em seu artigo 28,
inciso V, considera incompatível a função desempenhada pelo
advogado e a atividade policial de qualquer natureza.
79
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Tal impedimento surgiu não aleatoriamente, mas sim, em
razão de ambas as funções estarem intimamente ligadas na
execução de suas atividades, em regra um profissional prende e ou
outro profissional por sua vez oportuniza condições de oferecer a
defesa e inclusive, obter a liberdade e/ou absolvição do seu cliente.
No caso são profissionais que trabalham no mesmo ramo
do direito, contudo em pólos distintos, um defendendo os interesses
da sociedade e o outro cumprindo com a sua missão constitucional
que é oportunizar o direito a ampla defesa e ao contraditório a todo o
cidadão que se encontrar em conflito com a lei.
Neste racioc ínio consideramos perfeitamente coerente a
existência desta norma impeditiva, evitando assim possíveis conflitos
entre o profissional que queira atuar em ambos os pólos do direito ao
mesmo tempo.
Relembremos os ensinamentos do Prof. Luiz Otavio Amaral,
onde nos ensina que, “o policial é um profissional do Direito, tanto
quanto o juiz, o advogado, o promotor de justiça, jamais um
profissional da guerra. O policial não deve ter quartel porque não há
de esperar para entrar em ação, ele deve estar permanentemente
bem distribuído”.
Claudio Frederico de Carvalho
80
Assim, passamos ao segundo ponto da explanação sobre a
atividade de policiamento ostensivo preventivo, como efetiva
atividade jurídica.
Para tanto seguimos o entendimento proferido no Pedido de
Providências nº 1238, formulado pelo Sindicato dos Policiais Federais
no Distrito Federal, junto ao Egrégio Conselho Nacional de Justiça.
Como resultado desta pesquisa (pedido de providências),
tivemos o parecer favorável, emitido pelo eminente Ministro Cláudio
Godoy, onde considera em síntese a atuação da atividade de
policiamento repressivo judiciário, como “atividade técnico-jurídica”,
ou seja, atividade não exclusiva de bacharel em direito que utiliza
preponderante de conhecimento jurídico.
Seguindo este entendimento, podemos considerar que os
demais profissionais da área da segurança pública, os quais exercem
o policiamento ostensivo preventivo, uniformizados e armados,
procurando manter a lei e a ordem, sendo inclusive considerados
“garantes”, da sociedade, devem ser acolhidos pelo supra
mencionado entendimento emitido pelo CNJ, pelos menos motivos
apresentados ora elencados.
81
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
Feitas estas considerações concluímos que o nosso
ordenamento jurídico ainda carece de uma atenção especial em
específico ao profissional que exerce o policiamento ostensivo
preventivo, e que em paralelo concluíram o bacharelado em direito.
São profissionais que em regra procuram sempre dar o
melhor de si, para com a Nação e em especial a sociedade onde
desempenham as suas atividades laborais, prova maior disso esta
justamente no fato de procurarem o crescimento, tanto profissional
quanto pessoal, utilizando com isso os bancos acadêmicos como,
possibilidade de um novo horizonte.
A sociedade brasileira exige, cada vez mais, que seus
agentes públicos sejam dotados de boa capacidade intelectual,
aptidão para o exerc ício das atribuições que lhe foram conferidas e
preparo técnico compatível à complexidade do serviço realizado. A
profissão policial é, indiscutivelmente, complexa, pois o encarregado
de levar segurança ao cidadão lida com conflitos que podem
acarretar em perda de vidas, antes disso, sabe-se que sua missão é
a de preservá-la.
Neste contexto, é necessário lembrar do princ ípio
constitucional da eficiência administrativa, at ravés do emprego de
Claudio Frederico de Carvalho
82
policiais bem orientados e esclarecidos quanto à correta aplicação da
lei.
Assim, ressalta-se que as políticas públicas de segurança,
promovidas pela União, pelos estados federados e municípios, devem
passar pela preocupação com a excelência na formação e
treinamento dos profissionais que lidam nesta área.
A correta preparação do policial repercute em ações
revestidas de respeito à população, ressalte-se que o principal
instrumento de trabalho do policial, quer seja no policiamento
ostensivo preventivo ou repressivo judiciário, é, e sempre será o seu
conhecimento técnico cient ífico principalmente com a cultura jurídica.
Como nos ensina Edgard Antonio, no trabalho intitulado
“considerações sobre a formação jurídica da praça de polícia militar”,
conforme segue:
Na área de cultura jurídica, o militar receberá aulas dos
diversos ramos do Direito, objetivando alcançar os conhecimentos necessários ao desenvolvimento das atribuições correspondentes à graduação que ocupará na Instituição. No ensino ministrado à praça de polícia
militar encontram-se os seguintes ramos: Constitucional, Administrativo, Processual Administrativo, Penal, Processual Penal, Penal Militar, Processual Penal Militar, Cível, Legislação Jurídica
Especial (leis ordinárias criminais) e Direitos Humanos. Para a formação do soldado, o estudo das disciplinas jurídicas corresponde a aproximadamente 15 % (quinze por cento) da carga-horária total do curso,
83
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
elevando-se este percentual para a formação ou atualização de sargentos, uma vez que estes
exercerão funções de comando.42
A criminalidade não se resolve no contexto restrito da
Segurança Pública, mas em um programa de ampla defesa social,
isto é, numa política social que envolva o punir (quando útil e justo) e
o tratamento ressocializante do criminoso e do foco social de onde
emerge. Conforme comenta Theodomiro Dias Neto:
“Pesquisas norte-americanas realizadas durante os anos de 60 e 70 revelaram que embora a cultura e
estrutura policial estivessem inteiramente voltadas à repressão policial, parte signif icativa dos pedidos de assistência referia-se a pequenos conflitos. Hoje é fato conhecido que a polícia, mesmo em contexto de alta
criminalidade, chega a consumir 80% de seu tempo com questões como excesso de ruído, desentendimento entre vizinhos ou casais, distúrbios
causados por pessoas alcoolizadas ou doentes mentais, problemas de trânsito, vandalismo de adolescentes, condutas ofensivas à moral, uso indevido do espaço público, ou serviços de assistência
social, como partos”43
Como vimos na pesquisa, o que nos Estados Unidos era
realidade nos anos 60 e 70, aqui no Brasil continua sendo uma rotina,
a qual faz parte do cotidiano do profissional que atua na área da
segurança pública, exigindo com isso que este esteja em constante
processo de aperfeiçoamento e capacitação.
42
SOUZA JUNIOR, Edgard Antonio de. Considerações sobre a formação jurídica da praça de polícia militar. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2173, 13 jun. 2009. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/12986>. Acesso em: 6 nov. 2011. 43
CARVALHO, Claudio Frederico de. O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar. 3ª ed. Curitiba: Edição do autor, 2011. p. 252
Claudio Frederico de Carvalho
84
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Curricular Nacional – Para Ações Formativas dos Profissionais da Área de Segurança Pública. Brasília: 2010. p.160.
BRASIL, Ministério da Justiça – Secretaria Nacional de Segurança Pública. Direitos Humanos e Segurança Pública: Algumas Premissas e Abordagens – Jornadas Formativas de Direitos Humanos com ênfase no Estudo e na Pesquisa em Segurança Pública com Cidadania. Brasília: 2011. p.144.
85
O policiamento ostensivo preventivo como atividade jurídica constitucional
CASTRO, Claudio Henrique de. A Sociedade Vigiada e as Punições Invisíveis . 1ª ed. Curitiba: Scherer, 2010.
CARVALHO, Claudio Frederico de. O que você precisa saber sobre Guarda Municipal e nunca teve a quem perguntar. 3ª ed. Curitiba: Edição do autor, 2011.
FREITAS, G. P.; FREITAS, V. P. Abuso de Autoridade. 9ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. INSTITUTO CIDADANIA. Projeto Segurança Pública para o Brasil. São Paulo,
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MACEDO, Geronimo Theml de. Estatuto da Advocacia e da OAB e Legislação Complementar. 2ª ed. rev. atu. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
MISSE, M.; BRETAS, M. L. As Guardas Municipais no Brasil: diagnósticos das transformações em curso. Rio de Janeiro: Booklink, 2010. MORAES, Benedito A. A. de. A Guarda Municipal e a Segurança Pública.
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1994. SOUZA JUNIOR, Edgard Antonio de. Considerações sobre a formação jurídica da praça de polícia militar. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2173, 13 jun. 2009.
Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/12986>. Acesso em: 6 nov. 2011. VENTRIS, Osmar. Guarda Municipal – Poder de Polícia & Competência (ensaio). 2ª ed. Bauru: Canal6, 2007.
MAZZILLI, Hugo Nigro. A prática de "atividade jurídica" nos concursos - Reforma do Judiciário. São Paulo: Método, 2005.
Claudio Frederico de Carvalho
86
FACULDADE DE TECNOLOGIA OPET
CURSO DE MBA EM GESTÃO PÚBLICA
GUARDA MUNICIPAL AGENTE DA CIDADANIA
CURITIBA
2008
Claudio Frederico de Carvalho
iv
CLAUDIO FREDERICO DE CARVALHO
GUARDA MUNICIPAL AGENTE DA CIDADANIA
Trabalho de conclusão de
curso para obtenção do
Grau de MBA em Gestão
Pública pela Faculdade de
Tecnologia OPET.
Orientadora: Profª. Ma.
Alessandra Vanessa
Ferreira dos Santos
CURITIBA
2008
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo,
por nos dar inspiração para redigir esta obra,
pois Ele é o criador de tudo e de todos.
Agradeço ao meu filho Lucas, pela
compreensão em ser privado da minha companhia
nos momentos que dediquei à elaboração deste
trabalho.
Agradeço a minha esposa Viviane, que
sempre esteve ao meu lado.
Agradeço a Faculdade OPET, e aos
funcionários da Coordenação de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão,
pelo apoio e possibilidade de realizar os
meus sonhos profissionais.
Agradeço a professora orientadora, Ma.
Alessandra Vanessa Ferreira dos Santos, que me
direcionou na pesquisa acadêmica, com seus
direcionamentos,
sugestões e auxílio.
Claudio Frederico de Carvalho
vi
O povo é a polícia e a polícia é
povo, a polícia nada mais é que aqueles, pagos e uniformizados, para fazer aquilo que é dever de todos
nós.
Sir Robert Peele
(Pai do policiamento moderno / 1828)
RESUMO
Este trabalho de pesquisa tem dois objetivos: o primeiro, compilar e coletar material útil e existente sobre o título Guarda Municipal; o
segundo, sobre Segurança Pública no âmbito municipal, de maneira prática e objetiva pela qual podem guiar-se, a fim de que venham a ter embasamento nas múltiplas e complexas missões de Defesa
Social. Primeiramente, devemos conceituar Segurança Pública, partindo do questionamento: O que é Polícia? Encontraremos diversos intelectos na área, onde preconizam a mesma essência:
atividade do Estado para manter a ordem pública em relação ao exercício dos direitos individuais e coletivos. Ainda, hoje, temos um elo entre segurança pública, ordem econômica e ordem social,
totalmente de responsabilidade do Estado, devendo realizar políticas públicas de qualidade aos cidadãos. Etimologicamente falando, policiar é o ato de civilizar. Na Roma Antiga já existia as “polícias”,
onde, em virtude de sua natureza, eram divididas em Civita (polícia da cidade) e Militare (polícia da guerra). O termo Polícia tem origem em 1791, no ordenamento jurídico da França, quando dividiu a polícia
em administrativa e judiciária. Como podemos perceber inicialmente, não é tão fácil quanto parece definir o que é polícia sem observarmos os aspectos de evolução de uma sociedade. Para o Brasil, por
exemplo, este conceito tem vários sentidos, onde, muitas vezes por desconhecimento, acaba-se confundindo o termo polícia-função (sentido original) com polícia-denominação (sentido usual).
Palavras-chave: coletar, guarda municipal, polícia, evolução, civilizar, estado, sociedade.
Claudio Frederico de Carvalho
viii
ABSTRACT
This work of research has two objectives: the first one, to compile and to collect useful and existing material on the heading Municipal Guard;
as, on Public Security in the municipal scope, in practical and objective way for which they can be guided, so that they come to have basement in the multiple and complex missions of Social Defense.
First, we must appraise Public Security, leaving of the questioning: What it is Policy? We will find diverse intellects in the field, where they praise the same essence: activity of the State to keep the public order
in relation to the individual and collective right of action. Still, today, we have a link between public security, economic order and social order, total of responsibility of the State, having to carry through public
politics of quality to the citizens. Etymology speaking, to police is the act to civilize. In Old Rome already it existed the “policies”, where, in virtue of its nature, they were divided in Civita (policy of the city) and
Militare (policy of the war). The term Policy has origin in 1791, in the legal system of France, when it divided the administrative and judiciary policy in. As we can perceive initially, it is not so easy how
much it seems to define what it is policy without observing the aspects of evolution of a society. For Brazil, for example, this concept has some directions, where, many times for unfamiliarity, are finished
confusing the term policy-function (original direction) with policy-denomination (usual direction).
Word-key: to collect, keep municipal theatre, policy, evolution, to civilize, state, society.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 07
2 A INSTITUIÇÃO GUARDA MUNICIPAL................................................. 10
2.1 RESUMO HISTÓRICO......................................................................... 11
2.2 CRIAÇÃO DA POLÍCIA NO BRASIL.................................................. 18
2.3 CRIAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA......................... 35
3 A GUARDA MUNICIPAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ... 38
3.1 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: PROTEÇÃO................................... 40
3.2 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: BENS.............................................. 40
3.3 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: SERVIÇOS...................................... 43
3.4 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: INSTALAÇÕES............................... 45
3.5 INTERPRETAÇÃO DA ORAÇÃO: CONFORME DISPUSER A LEI..... 45
4 DA AUTONOMIA MUNICIPAL............................................................ 47
5 DESENVOLVIMENTO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA......... 48
6 CONCLUSÃO........................................................................................... 91
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 94
Guarda Municipal Agente da Cidadania
7
1 INTRODUÇÃO
Na atualidade, torna-se necessário aprimorar os
conhecimentos de segurança pública e das organizações policiais,
pois foram os baluartes da ordem e da segurança interna das
Nações, lutando constantemente contra o crime, fazendo cumprir a
Lei, zelando pelos interesses individuais e coletivos e protegendo
sistematicamente o patrimônio.
Infelizmente, dado às necessidades momentâneas e
subjetivas dos governantes, muitas vezes, estas instituições passam
a viver no anonimato, quase que esquecendo as suas funções
primordiais ou sendo desvirtuadas da sua real atribuição.
A influência das políticas públicas dentro das instituições
de Segurança Pública mostra-se de maneira clara nas Guardas
Municipais do Brasil, onde os seus comandantes, na grande maioria
são provenientes do quadro de Oficiais da reserva remunerada das
Polícias Militares. Por conseguinte, trazendo conceitos e princípios da
caserna, acarretam conflitos com a instituição (que é de caráter
Claudio Frederico de Carvalho
8
eminentemente civil), afetando várias esferas de desenvolvimento
das Guardas Municipais, inclusive incorporando estatutos e normas,
não condizentes com a verdadeira atuação.
É sabido que, inconscientemente existem premissas e
tendências subjetivas dos comandantes, sendo esta a bagagem
intransferível que se traz de uma para outra instituição.
Dentro da esfera de atuação das Guardas Municipais,
existe um leque incomensurável de atribuições que estas
corporações podem desenvolver na sua municipalidade, desde que
os seus governantes estejam cientes e capacitados para que, de
acordo com o seu plano de governo, proponham políticas públicas
realmente viáveis, não criando fatos e mitos.
Por fim, no que tange à Segurança Pública e às Políticas
de Segurança implementadas pelos seus governantes, infelizmente,
percebesse claramente que, um dos maiores problemas é o fato da
polícia estar intimamente ligada a Política, de tal forma que, acaba
sufocando as atividades institucionais, criando modalidades utópicas
de segurança, as quais, na grande maioria, demonstram ser
Guarda Municipal Agente da Cidadania
9
incoerentes com a segurança, aumentado com isso, o índice de
insegurança.
A importância do tema, portanto, pode ser caracterizada
pela necessidade de se avaliar os aspectos referentes quanto à
omissão do Poder Público Municipal no combate a criminalidade.
Na expectativa de contribuir com a redução da falta de
segurança que existe nos municípios, aproveitando os recursos
humanos e financeiros locais, espero estar proporcionando, na
realidade, uma argumentação significativa, quanto a otimização da
prestação de serviço das Guardas Municipais.
Claudio Frederico de Carvalho
10
2 A INSTITUIÇÃO GUARDA MUNICIPAL
Desde Aristóteles ficou patenteado que "o homem é um
ser gregário por natureza"; isso significa que é próprio do homem
viver em sociedade. Mas a sociedade, gerando interações, gera
também conflitos.
Para vencer esses conflitos foram criadas regras que, se
obedecidas, minimizam as pendências. Para gerenciar essas regras,
se fizeram necessários mecanismos que variam de acordo com o
tamanho da sociedade.
Numa sociedade tribal, o chefe do clã tem condições para
administrar as regras e fazê-las cumprir. Na medida em que a
sociedade cresce, porém, passa a ser imperiosa a ação de agentes
de coerção mais eficazes, pois a partir de certo momento, as ações
dos indivíduos não podem ser controladas apenas por um chefe. É
nesse momento que surge a organização que se chama Polícia.
Polícia é, assim, um organismo criado pelo grupo para
garantir a coesão e o bem comum da própria sociedade.
Guarda Municipal Agente da Cidadania
11
É a Polícia uma instituição universal, não havendo
grupamento humano que a prescinda, dentro de uma forma ou de
outra.
O progresso do conhecimento e da humanidade criou
compartimentação para o sentido de Polícia. Temos hoje polícia
administrativa, polícia judiciária, alfandegária, federal, fiscal, etc. São,
porém ramos de um mesmo setor do Estado, cuja missão final é a
manutenção da ordem e da segurança dos cidadãos.
2.1 RESUMO HISTÓRICO
No Brasil as origens da Polícia remontam ao período
colonial. Após o descobrimento, Portugal não demonstrou interesse
imediato pela nova terra acrescentada a seus domínios, e só não a
abandonou completamente em razão das constantes invasões e
incursões de estrangeiros, notadamente dos franceses.
As primeiras expedições se destinavam muito mais a
patrulhar o litoral do que propriamente a colonizar. No entanto, foram
instaladas feitorias ao longo da costa, deixando-se colonos para
garantir a posse por Portugal. Esses colonos exerciam um papel
Claudio Frederico de Carvalho
12
múltiplo. Eram lavradores, membros de uma força de defesa e
policiais.
No Brasil, a primeira tropa organizada de que se tem
notícia foi armada em São Vicente em 1542 e sua missão era de
expulsar uma força espanhola que ameaçava a capitania.
Posteriormente passaram a existir três linhas de tropas na
colônia: A primeira que era paga, e tinha por finalidade a defesa
externa. A segunda, também paga que tinha a incumbência da
segurança interna, ou de polícia. E a terceira, constante de
voluntários, que serviam para suprir a falhas das duas anteriores em
efetivos. As três eram compostas por cidadãos que, quando não
necessários seus préstimos para a segurança interna ou externa,
exerciam suas atividades usuais: eram lavradores, comerciantes,
professores.
No Governo Geral de Martin Afonso de Souza, em 1531,
estabeleceram-se as primeiras diretrizes destinadas à ordem pública
e à realização da justiça em território brasileiro, com a Carta de D.
João III, Rei de Portugal, que delegava competência civil e penal para
Guarda Municipal Agente da Cidadania
13
todas as questões.
Pouco depois, Duarte Coelho, em 1550, na Capitania de
Pernambuco, propôs-se a estabelecer uma Polícia rigorosa e uma
Justiça de escarmento, um sistema de repressão contra os facínoras
que invadiam as zonas povoadas. Os livros das Ordenações
Afonsinas, Manuelinas e, finalmente o Livro V das Ordenações
Filipinas, que enumeravam os crimes e as penas e dispunham sobre
a forma do processo de apuração, representaram importância
extraordinária para a vida jurídica do Brasil.
Durante todo o período colonial, embora houvesse essa
divisão em "linhas", não havia diferenças estruturais entre tropas de
defesa externa e de manutenção da ordem interna.
As constantes guerras com as colônias espanholas, que
se estenderam até mesmo muito depois das respectivas
independências, e a pacata vida da colônia antes e do vice -reinado
depois, convidavam ao uso indiscriminado dos militares ora em ações
internas (raras) ora em ações externas, estas mais freqüentes.
Até inícios do século XIX eram as tropas de segunda e de
Claudio Frederico de Carvalho
14
terceira linha que exerciam o papel de polícia na capitania de São
Paulo. Havia Unidades particularmente bem treinadas e bem
uniformizadas, chegando a despertar admiração dos reinóis que por
aqui passaram.
Conforme é de conhecimento de todos e pelos
testemunhos históricos que chegaram até os nossos dias, sabe-se
que no alvorecer do Século XVIII, impulsionados pela cobiça do ouro
e pedras preciosas encontrados nas Minas Gerais, afluíram para a
promissora Província expedições oriundas de outros lugarejos mais
desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco
e até mesmo Portugal.
No seio dessa heterogênea "massa" humana, a única lei
vigente e que prevalecia era a lei do mais forte, fundamentada na
força bruta e na violência. Contudo, somente a questão da fraude
fiscal preocupava os dirigentes d'além mar.
Nesse contexto, a lei soava como letra fria e morta para a
maioria da população que vivia espalhada em longínquos rincões. A
segurança das autoridades, das vilas e o transporte dos valores
Guarda Municipal Agente da Cidadania
15
arrancados da terra exigiam também, mais do que o poder dos
simples "almotacés", dos bandos e das ordenanças ou o medo
imposto pelos castigos previstos nas "Ordenações Filipinas". Exigia a
presença de uma tropa que, superando a cobiça própria, fosse
estruturada na disciplina e hierarquia militares e pudesse agir no
campo e nas cidades, sem que se deixasse levar pelo brilho do ouro,
tornando-se ao mesmo tempo, obediente e tecnicamente apta para
cumprir suas missões específicas.
Assim, com a finalidade de impedir a sonegação de
impostos e a institucionalização da violência, bem como erradicar o
clima de agitação ora instalado na Capitania, o Governador Pedro
Miguel de Almeida - o Conde de Assumar - recorre ao Rei de
Portugal, que envia a Minas Gerais duas Companhias de Dragões,
constituídas somente de portugueses, que tão logo aqui chegaram
foram contaminados pelo sonho da riqueza fácil, trocando suas armas
pelas bateias e almocafre.
Diante do enfraquecimento das Companhias de Dragões e
de seu desempenho insatisfatório, o Governador de Minas Gerais -
Claudio Frederico de Carvalho
16
Dom Antônio de Noronha - extinguiu-a, criando, no dia 09 de junho de
1775, o Regimento Regular de Cavalaria de Minas, em cujas fileiras
foram alistados somente mineiros, que receberiam seus vencimentos
dos cofres da Capitania.
Em 1º de dezembro de 1775, Joaquim José da Silva
Xavier, o "TIRADENTES", tornou-se Alferes no Regimento de
Cavalaria Regular da Capital de Minas Gerais. Em 1780 era o
Comandante do Quartel de Sete Lagoas, sendo sempre o escolhido
para as missões mais difíceis e perigosas.
Em janeiro de 1789 acertaram-se os primeiros planos para
a chamada "Inconfidência Mineira". O Alferes Joaquim José da Silva
Xavier foi seu líder e arrastou a principal culpa da Inconfidência.
A Influência Francesa
Na França da Idade Média eram os militares que se
encarregavam de toda a segurança, interna e externa, sem nenhuma
divisão de função. Apenas eram conhecidos como "marechais" os
militares encarregados pelo rei a patrulhar e defender a população
contra salteadores de estrada, comuns na época. A força comandada
Guarda Municipal Agente da Cidadania
17
pelos "marechais" era chamada de "marechausée", que poderia ser
traduzida para "marechaleza" ou atividade de marechal. Até o
iluminismo do século XVIII foi esse o quadro da segurança interna
francesa.
Com o advento da "Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão" em 1789, o artigo 12 desse documento previa a criação
de uma "força pública" para a garantia dos direitos formulados na
"Declaração".
A "Marechausée" foi então convertida em "Gendarmaria",
do francês "Gendarmerie", de "Gens d'Armes", literalmente homens
armados.
As tropas de Napoleão, logo após a subida ao poder do
famoso corso, se espalharam pela Europa, disseminando em todo o
continente as conquistas gaulesas, não só as científicas e
intelectuais, mas especialmente as sociais.
Portugal não ficou imune a essa lufada de inovações,
tendo criado em 1801 a "Guarda Real de Polícia", evidentemente
inspirada na "Gendarmerie".
Claudio Frederico de Carvalho
18
A vinda da Família Real para o Brasil trouxe a "Guarda
Real de Polícia", que aqui foi reorganizada, tornando-se a polícia da
Corte (Rio de janeiro).
2.2 CRIAÇÃO DA POLÍCIA NO BRASIL
As Ordenações Filipinas deram os primeiros passos para
a criação e desenvolvimento de Polícias Urbanas no Brasil, ao
disporem sobre os serviços gratuitos de polícia. Esses serviços eram
exercidos pelos moradores, sendo organizados por quadros ou
quarteirões e controlados primeiramente pelos alcaides e mais tarde,
pelos juízes da terra.
No Livro I, das Ordenações Filipinas, em seu título LXXIII,
tratava-se da figura dos Quadrilheiros que estavam presentes em
vilas, cidades e lugares para prender os malfeitores. Esses “policiais”
eram moradores dessas cidades, dentre os quais 20 eram eleitos por
Juízes e Vereadores das Câmaras Municipais, sendo ordenado,
neste ato, um como Oficial Inferior de Justiça, a fim de representar os
demais integrantes, servindo todos gratuitamente durante três anos
Guarda Municipal Agente da Cidadania
19
como Quadrilheiros.
Essa “Polícia” foi caindo em desuso, de modo que os
Quadrilheiros foram substituídos progressivamente por Pedestres,
Guardas Municipais, Corpos de Milícias e Serviços de Ordenanças,
sendo que na Legislação Brasileira, a partir de 31 de março de 1742,
nunca mais se ouviu falar dos Quadrilheiros, possivelmente
substituídos pelos atuais Oficiais de Justiça.
A segurança pública na época era executada pelos
chamados "quadrilheiros", grupo formado pelo reino português para
patrulhar as cidades e vilas daquele país, e que foi estendido ao
Brasil colonial. Eles eram responsáveis pelo policiamento das 75 ruas
e alamedas da cidade. Com a chegada dessa “nova população", os
quadrilheiros não eram mais suficientes para fazer a proteção da
Corte, então com cerca de 60.000 pessoas, sendo mais da metade
escravos.
Uma vez fixada no Brasil a Corte Portuguesa com D. João
VI, foi criado o cargo de Intendente Geral de Polícia, através do
Alvará de 10 de maio de 1808.
Claudio Frederico de Carvalho
20
De forma mais específica ao que se refere às Guardas
Municipais, um Decreto de 13 de maio de 1809 criou a Divisão Militar
da Guarda Real no Rio de Janeiro. Este Decreto homologou a
existência das Guardas Municipais Permanentes no Brasil, ocasião
em que o Príncipe Regente percebeu a necessidade de uma
organização de caráter policial para o provimento da segurança e
tranqüilidade pública na cidade do Rio de Janeiro e demais
províncias.
Em 13 de maio de 1809, dia do aniversário do Príncipe
Regente, D. João criou a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia da
Corte, formada por 218 guardas com armas e trajes idênticos aos da
Guarda Real Portuguesa. Era composto por um Estado-Maior, 3
regimentos de Infantaria, um de Artilharia e um esquadrão de
Cavalaria. Seu primeiro comandante foi José Maria Rebello de
Andrade Vasconcellos e Souza, ex -capitão da Guarda de Portugal.
Como seu auxiliar foi escolhido um brasileiro nato, Major de Milícias
Miguel Nunes Vidigal.
A Guarda passou a ser subordinada ao Governador das
Guarda Municipal Agente da Cidadania
21
Armas da Corte, sendo este comandante da força militar e sujeito ao
Intendente Geral de Polícia, como autoridade Policial.
A Divisão Militar teve participação decisiva em momentos
importantes da história brasileira como, por exemplo, na
Independência do país. No início de 1822, com o retorno de D. João
VI a Portugal, começou as articulações para tornar o Brasil um país
independente. A Guarda Real de Polícia, ao lado da princesa D.
Leopoldina e o Ministro José Bonifácio de Andrade e Silva,
mantiveram a ordem pública na cidade de forma coesa e fiel ao então
príncipe D. Pedro, enquanto ele viajava as terras do atual estado de
São Paulo.
A Independência desorganizou a "Guarda Real de
Polícia", que era composta em sua maioria por portugueses, ficando
a segurança da cidade a cargo das chamadas "Milícias", que, embora
fossem continuadoras da "Guarda", não desempenhavam suas
funções a contento. Foi então que a Regência, a 9 de outubro de
1831 baixou lei que criava o "Corpo de Municipais Permanentes" na
Corte, e autorizava que fosse feito o mesmo nas províncias.
Claudio Frederico de Carvalho
22
Era a reorganização da antiga "Guarda Real de Polícia",
mas era também a certidão de nascimento das Polícias Mil itares.
Em 14 de junho de 1831, foi reorganizado em cada
Distrito de Paz um Corpo de Guardas Municipais, sendo os mesmos
divididos em esquadras.
Neste mesmo momento histórico, em 18 de agosto de
1831, em virtude do Novo Governo, D. Pedro I abdica do trono,
deixando em seu lugar o Príncipe Herdeiro, seu filho menor, D. Pedro
II. O Brasil passa a ser governado, então, pela Regência Trina.
É nesta ocasião, após a lei que t ratava da tutela do
Imperador e de suas Augustas irmãs, que é editada a lei que instituiu
a Guarda Nacional, sendo extintas no mesmo ato as Guardas
Municipais, Corpos de Milícias e Serviços de Ordenanças.
Em São Paulo, a 15 de dezembro de 1831, por lei da
Assembléia Provincial, proposta pelo Presidente da Província,
Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, foi criado o Corpo de Municipais
Permanentes, composto de cem praças a pé, e trinta praças a cavalo;
eram os "cento e trinta de trinta e um". Estava fundada a Polícia
Guarda Municipal Agente da Cidadania
23
Militar do Estado de São Paulo.
Conseqüentemente, a fim de manter a ordem pública nos
municípios, em 10 de outubro do mesmo ano – data em que se
comemora o Dia Nacional das Guardas Municipais – foram
novamente reorganizados os Corpos de Guardas Municipais
Voluntários no Rio de Janeiro e nas demais Províncias, sendo este
um dos atos mais valorosos realizados pelo então, Regente Feijó, o
qual tornou pública tamanha satisfação, ao dirigir -se ao Senado em
1839, afirmando que:
“Lembrarei ao Senado que, entre os poucos serviços que
fiz em 1831 e 1832, ainda hoje dou muita importância à criação do
Corpo Municipal Permanente; fui tão feliz na organização que dei,
acertei tanto nas escolhas dos oficiais, que até hoje é esse corpo o
modelo da obediência e disciplina, e a quem se deve a paz e a
tranqüilidade de que goza esta corte”.
Ainda no ano de 1831, sendo um período conturbado, no
dia 25 de novembro, foi extinto o lugar de Comandante Geral das
Guardas Municipais Permanentes do Brasil.
Claudio Frederico de Carvalho
24
Em Curitiba, neste período, a Câmara Municipal era a
responsável pelo alistamento dos referidos Guardas Munic ipais que
atuavam no policiamento da cidade e freguesias, inclusive com
destacamentos na Lapa, tendo sido de grande valia na defesa do
Cerco da Lapa.
Em 05 de junho de 1832, as Guardas Municipais
passaram a ter em seu Corpo o posto de Major, ano este em qu e o
Major Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), no dia 18 de
outubro, foi nomeado Comandante do Corpo de Guardas Municipais
Permanentes da Corte, após ter atuado no subcomando deste corpo,
desde 07 de junho.
Duque de Caxias comandou bravamente a Guarda
Municipal durante oito anos, vindo a passar o comando da mesma, ao
ser nomeado Coronel, no final de dezembro de 1839, para seguir
novas funções públicas. Ao se despedir dos seus subordinados fez a
seguinte afirmação:
“Camaradas! Nomeado presidente e comandante das
Armas da Província do Maranhão, vos venho deixar, e não é sem
Guarda Municipal Agente da Cidadania
25
saudades que o faço: o vosso comandante e companheiro por mais
de oito anos, eu fui testemunha de vossa ilibada conduta e bons
serviços prestados à pátria, não só mantendo o sossego público
desta grande capital, como voando voluntariamente a todos os
pontos do Império, onde o governo imperial tem precisado de nossos
serviços (...). Quartel de Barbonos, 20/12/39. Luís Alves de Lima e
Silva”.
18 de novembro de 1837 com a denominação inicial de
Corpo Policial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Em 1º de julho de 1842, fora criado o Regulamento Geral
n.º 191, das Guardas Municipais Permanentes do Brasil,
padronizando atuação, patentes e uniformes.
Com a Emancipação Política do Paraná, em 10 de agosto
de 1854, por meio da Lei n.º 07/1854, a Província passou a contar
com a nova Força Pública, vindo a somar no policiamento de Curitiba
com as Guardas Municipais.
Outro fato histórico que teve participação importante da
Divisão Militar da Guarda Real de Polícia de Corte foi o conflito
Claudio Frederico de Carvalho
26
iniciado em 1865 contra o Paraguai. O Brasil formou com Uruguai e a
Argentina a chamada Tríplice Aliança. Na época não tínhamos um
contingente militar suficiente para combater os quase 80 mil soldados
paraguaios. O governo brasileiro se viu forçado, então, a criar os
chamados "Corpos de Voluntários da Pátria". Em 10 de julho,
partiram 510 oficiais e praças do Quartel dos Barbonos da Corte,
local onde hoje está o situado Quartel General da Polícia Militar. A
este grupo foi dado o nome de 31º Corpo de Voluntários da Pátria,
atual denominação do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
Praças da corporação. A participação deste grupo foi vitoriosa em
todas as batalhas das quais tomou parte: Tuiuti, Esteiro Belaco,
Estabelecimento, Sucubii, Lomas Valentinas e Avaí.
Com as longas batalhas e revoltas, tanto internas como
externas, que surgiam no Brasil Imperial, como a Guerra do Paraguai,
onde durante seis longos anos de combate foram dizimados dois
terços da população paraguaia e milhares de brasileiros perderam a
vida, tendo sido o conflito mais sangrento da América do Sul
(morreram mais de 650.000 pessoas), defenderam bravamente as
Guarda Municipal Agente da Cidadania
27
nossas fronteiras, na sua maioria Guardas Municipais Permanentes e
Voluntários, que juntos somavam-se aos Batalhões de Infantaria da
Guarda Nacional.
“Os voluntários da Pátria tomaram a mais brilhante parte
na campanha, já combatendo nos seus corpos, organizados ao
primeiro chamamento do país em perigo,...” (História Militar do Brasil
– Capítulo VI – p. 74).
“Com população de 87.491 habitantes, o Paraná
contribuíra até o fim do primeiro ano de guerra, com 1.239 soldados,
sendo 517 voluntários da pátria, 416 guardas nacionais, 221 soldados
de linha e 85 recrutas, o que correspondia a 1,42% da sua
população” (O Paraná na História Militar do Brasil – XXIII – p. 224).
Em 1873 passou a denominar-se Força Policial
No dia 15 de novembro de 1889, a Força Policial teve
destacada participação no apoio ao Marechal Floriano Peixoto,
considerado o consolidador dos anseios de proclamação da
República. Ao alvorecer daquela data, uma tropa ficou a postos na
Praça da Aclamação (hoje Praça da República/Campo de Santana),
Claudio Frederico de Carvalho
28
onde os republicanos estavam reunidos, para garantir a efetivação do
desejo popular.
A partir da Proclamação da República no Brasil, em 1889,
recebeu as seguintes denominações: Guarda Cívica (1889), Corpo
Policial (1889) e finalmente Brigada Militar (1892).
No município de Curitiba, no ano de 1895, após a
Proclamação da República, mostrava-se claramente que, após a
mudança da forma de governo, ainda as Guardas Municipais
permaneceram em pleno exercício, pois continuavam a ser
contemplados, bem como a ser direcionada a sua atuação nesta
municipalidade.
Como podemos ver nas Posturas Municipais de 23 de
novembro de 1895, em seus artigos 341, 346, 347, 350 e 355, onde
se atribuía aos Guardas Municipais a competência de verificar se os
comerciantes pagavam ou não os impostos devidos, e ainda,
determinava os guardas a fazer a exata correção trimestral, a fim de
verificar se eram observadas ou não as Posturas Municipais.
Competia-lhes, ainda, a aplicação de multas para os infratores,
Guarda Municipal Agente da Cidadania
29
havendo inclusive a previsão de punição de multa, caso ocorresse à
omissão por parte dos guardas e não viessem a autuar os infratores.
E por fim, preconizava que “todo aquele que desobedecer ou injuriar
os guardas municipais, quando em exerc ício de suas funções, sofrerá
a multa de 30$000, além das penas em que incorrer”.
A fim de ampliar a segurança de Curitiba e periferias, em
17 de junho de 1911, pelo Decreto Estadual n.º 262, foi criada a
Guarda Civil do Paraná, órgão civil incumbido de auxiliar na
manutenção da ordem e segurança pública.
O Ato n.º 15, do município de Curitiba, assinado pelo
Prefeito Moreira Garcez, de 18 de fevereiro de 1927, nomeia para o
Cargo de Guarda de 2ª Classe o Sr. Brasílio Pery Moreira, sendo o
ato seguinte a promoção por merecimento do Guarda de 2ª Classe,
Sr. Manoel de Oliveira Cravo, para o Cargo de Guarda de 1ª Classe.
Convém ressaltar que o Prefeito Ivo Arzua Pereira,
quando em exercício, como forma de reconhecimento para com os
serviços prestados pelo Guarda Pery Moreira, deu o seu nome à
edificação onde se encontra atualmente a Sede da Procuradoria
Claudio Frederico de Carvalho
30
Geral do Município de Curitiba.
Em agosto de 1932, a Guarda Civil, em decorrência da
Revolução Constitucionalista, veio a ser incorporada, servindo como
força auxiliar do Exército.
Neste momento histórico, após seus atos de bravura
frente à Revolução Constitucionalista, o Marechal Zenóbio da C osta,
oriundo do Exército, tendo sido um grande comandante e mobilizador
das forças policiais, assumiu, de maio de 1935 até abril de 1936, o
cargo de Inspetor Geral da Polícia Municipal do Rio de Janeiro.
Tornou-se posteriormente o criador do Pelotão de Polícia Militar da
FEB (Força Expedicionária Brasileira), e após o término da Segunda
Guerra Mundial, foi o responsável pela criação da Polícia do Exército
no Brasil.
Seu convívio junto a um corpo policial de caráter civil por
diversas vezes, em momentos distintos, tornou-o um exemplo de
policial, o qual não media esforços para atender a qualquer chamada
da Nação, inclusive mobilizando, sempre que necessário, as Guardas
Civis. Desse modo, surgiu o Código de Honra do PE, pautado nos
Guarda Municipal Agente da Cidadania
31
ensinamentos do policiamento cidadão.
Em 1936, com o estabelecimento do que se chamou o
“Estado Novo”, à feição totalitária dos estados nazi-fascistas, não
havia mais o que se falar em autonomia dos Estados e Municípios, e,
portanto, em forças dissuasórias do poder central. Se a Guarda
Municipal e a Força Pública eram ainda úteis como instrumento de
contenção popular, elas iam perdendo a posição antes desfrutada
para as Forças Armadas, em especial para o Exército; para evitar
rebeliões civis e policiais contra o poder central, elas foram despindo-
se gradativamente de suas autonomias, por meio do poder público
federal, que aos poucos foi limitando cada vez mais suas atribuições,
chegando ao ponto de torná-las inúteis e onerosas.
Com o advento da Lei Estadual n.º 73, de 14 de dezembro
de 1936, foram transferidos os serviços públicos de Guarda Civil e
Inspetoria de Tráfego do Munic ípio de Curitiba, ambos
desempenhados pela Guarda Municipal de Curitiba, para o Estado do
Paraná, sendo neste mesmo ato transferido o seu efetivo operacional.
A partir de 1935, em decorrência algumas Constituições Estaduais, a
Claudio Frederico de Carvalho
32
atividade policial passou a ser competência exclusiva do Estado: A
Guarda Civil e a Guarda de Trânsito passaram a fazer o policiamento
ostensivo na Capital, enquanto a Brigada Militar assumiu o
policiamento no interior.
Em 1939, o Exército dos Estados Unidos criou a Military
Platoon Police “MP”, polícia esta inserida dentro das Divisões de
Infantaria, a fim de manter a ordem nos acampamentos, bem como
efetuar a guarda de presos de guerra, entre outros.
A Polícia do Exército não existia na organização militar
brasileira até o ingresso do Brasil na 2ª Guerra Mundial, quando
seguindo os moldes da organização americana, surgiu um Pelotão de
Polícia Militar (MP), “dado o desconhecimento quase abso luto do
Exército sobre questões policiais e de tráfico pensou-se em
aproveitar, de alguma corporação já existente, a experiência
necessária. Assim, do núcleo original formado por 19 homens do
Exército, formou-se um contingente de 44 voluntários, oriundos da
Guarda Civil de São Paulo”. (A Polícia do Exército Brasileiro – p. 26)
“A Guarda Civil do Estado de São Paulo, habituada aos
Guarda Municipal Agente da Cidadania
33
problemas de tráfego intenso na capital paulista, selecionou os 44
voluntários para completar o efetivo de 66 homens, entre aqueles de
moral ilibada, de físico atlético e profissionalmente competente no uso
de armas de defesa pessoal e combate corpo a corpo, incluindo-se
10 homens com conhecimento das línguas alemão e italiano”.
(História da Polícia do Exército – PE – p. 27)
Com o término da 2ª Guerra Mundial e o retorno das
tropas brasileiras, extinguiu-se a Força Expedicionária Brasileira.
Contudo, sabedor da grande importância de um corpo policial dentro
da organização militar, o General Euclydes Zenóbio da Costa, tendo
implantado e comandado este Pelotão anteriormente, conseguiu por
meio do Estado-Maior do Exército, transformá-lo em 1ª Companhia
de Polícia do Exército.
Com a promulgação da Constituição da República de 18
de setembro de 1946, surgiram as “polícias militares, instituídas para
a segurança interna e a manutenção da ordem nos Estados”, sendo
consideradas como forças auxiliares e reservas do Exército.
Desse modo, com a publicação do Decreto-Lei n.º 544, de
Claudio Frederico de Carvalho
34
17 de dezembro de 1946, a Força Policial do Estado do Paraná
passou a denominar-se Polícia Militar do Estado do Paraná.
A partir de então, o Município de Curitiba, na tarefa de
preservação da ordem pública, passou a contar somente com os
Inspetores de Quarteirão, os quais, em 03 de outubro 1951, por meio
da Lei Municipal n.º 357/51, foram reconhecidos novamente como
integrantes dos serviços públicos municipais, sendo denominados
como Guarda Noturna.
Desencadeado pelo Golpe Militar, por meio dos Decretos–
Lei Federais 667, de 02 julho de 1969 e 1070, de 30 de dezembro de
1969, os municípios tornaram-se impossibilitados de exercer a
segurança pública. Contudo, mesmo com todas essas mudanças
políticas, alguns mantiveram as suas Guardas Municipais, umas
restritas à banda municipal, outras à vigilância interna dos próprios.
Entretanto em algumas cidades apenas mudaram o nome das suas
instituições para Guarda Civil Metropolitana, mantendo -as até os dias
de hoje.
Através do Decreto-Lei 667 e suas modificações, garantiu-
Guarda Municipal Agente da Cidadania
35
se às Polícias Militares, a Missão Constitucional de Manutençã o da
Ordem Pública, dando-lhes exclusividade do planejamento e
execução do policiamento ostensivo, com substancial reformulação
do conceito de "autoridade policial", assistindo-se, também, a
extinção de "polícias" fardadas, tais como: Guarda Civil, Corpo de
Fiscais do DET, Guardas Rodoviários do DER e Guardas Noturnos.
A partir de 1968, a Brigada Militar passou a executar, com
exclusividade, as atribuições de policiamento ostensivo.
Em 1969, a Guarda Civil pertencendo ao Governo do
Estado do Paraná desde o ano de 1937, passou então a estar
diretamente subordinada à Polícia Militar do Estado, sendo esta
corporação efetivamente extinta em 17 de julho de 1970.
2.3. CRIAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA
Com a queda do Regime Militar e a segurança municipal
deficitária, começou a se cogitar a possibilidade de reorganizar as
Guardas Municipais nas grandes cidades e regiões metropolitanas.
Neste mesmo período, Curitiba enfrentava um aumento
Claudio Frederico de Carvalho
36
repentino de criminalidade, bem como depredações em seus
“próprios“ municipais, despertando a necessidade de se criar um
grupo diferenciado, onde proteção à população seria a sua
prioridade, pois “o povo em coro clama pela volta da Guarda Civil”.
Com este intuito, em 17 de junho de 1986, exatamente 16
anos após a sua extinção, o Prefeito Municipal Roberto Requião
sancionou, com aprovação da Câmara Municipal dos Vereadores de
Curitiba, conforme as prerrogativas inerentes ao seu cargo, o Projeto
de Lei n.º 56/84, de autoria do Vereador José Maria Correia, surgindo
assim a Lei n.º 6867, que criou o Serviço Municipal de Vigilância -
VIGISERV.
A autonomia municipal se consolidou através da Carta
Magna de 1988, que conferiu aos municípios a faculdade de “criar
novamente” as Guardas Municipais, seguindo o estatuído em seu
Artigo 144, § 8º.
Desse modo, aplicando o preceito legal da Constituição da
República Federativa do Brasil, a VIGISERV teve a sua denominação
alterada por meio da Lei n.º 7.356/89, passando a ser denominada
Guarda Municipal Agente da Cidadania
37
Guarda Municipal de Curitiba, com o lema: “PRO LEGE SEMPER
VIGILANS” (Pela Lei, Sempre Vigilantes) – lema este, oriundo da
extinta Guarda Civil do Paraná.
Em 1988, os Constituintes da República, estabeleceram
um Sistema de Segurança Pública, constituído por órgãos policiais,
de acordo com o Art. 144 da Constituição da República, com
estruturas próprias e independentes, porém, embora com atribuições
distintas, interligados funcionalmente, corporificando o esforço do
Poder Público para garantir os direitos do cidadão e da coletividade,
prevenindo e combatendo a violência e a criminalidade.
Claudio Frederico de Carvalho
38
3 A GUARDA MUNICIPAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Guarda Municipal é um dos poucos órgãos, senão o
único, de prestação de serviço público municipal, que está inserida na
Constituição Federal, tamanha a sua importância frente à segurança
pública local.
Na Carta Magna, em seu artigo 144, § 8º, ao estabelecer
atividades, órgãos e atuação frente à Segurança Pública e à
incolumidade das pessoas e do patrimônio, preconiza a
responsabilidade de todos, e principalmente do “Estado” (Uniã o,
Estados Membros, Distrito Federal e Municípios), sendo um direito e
responsabilidade de todos.
“Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
.....
§ 8º Os munic ípios poderão constituir guardas municipais
Guarda Municipal Agente da Cidadania
39
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dispuser a lei.”
Quando o constituinte incluiu os Municípios, no capítulo
destinado a Segurança Pública, a fez considerando-o um ente
federado, com a sua respectiva parcela de responsabilidade frente à
segurança pública, compreendendo e respeitando as suas possíveis
limitação econômicas, deste modo, facultou ao munic ípio a criação
das Guardas Municipais.
Com esta facultas agendi, os municípios que de acordo
com os seus recursos puderem constituir as ditas Guardas
Municipais, a fim de contribuir com a sua parcela de responsabilidade
na preservação da ordem pública e da incolumi dade das pessoas e
do patrimônio, o farão, amparados por este dispositivo constitucional.
Quanto à destinação desta instituição, o próprio texto
constitucional já trás explicitamente, quando menciona que as
guardas municipais têm a incumbência da proteção dos bens,
serviços e instalações municipais.
Claudio Frederico de Carvalho
40
3.1 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: PROTEÇÃO
Ao realizarmos uma interpretação ipsis litteris, podemos
constatar que o constituinte ao inserir o termo proteção, considerou
de maneira gramatical, traduzindo na tutela jurisdicional do Estado,
para com os itens mencionados no texto constitucional, a que se
refere o termo proteção.
Ressaltando que proteção, conforme o ordenamento
jurídico, deriva do “Latim protectio, de protegere (cobrir, amparar,
abrigar), entende-se toda espécie de assistência ou auxílio, prestado
às coisas ou às pessoas, a fim de que se resguardem contra males
que lhe possam advir”44
.
3.2 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: BENS
Saliente-se que a leitura de todo o texto constitucional,
deve ser interpretada utilizando-se das técnicas jurídicas existentes,
deste modo, quando o constituinte se refere ao termo bens, sendo
44
SILVA, De Plácido, Vocabulário Juríd ico, 4ª ed. 1975, Volume III, ed.
Forense SãoPaulo, p. 1249
Guarda Municipal Agente da Cidadania
41
este um conceito originário do Código Civil, trata-se de maneira
ampla, abrangendo a vida e o corpo das pessoas (bens corpóreos e
incorpóreos), pois o maior bem do munic ípio são os seus munícipes.
Vejamos:
No Código Civil Brasileiro em seu art. 98, temos a
descrição dos bens públicos do domínio nacional, sendo estes os que
pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno, excluindo
com isso desta interpretação os bens particulares, seja qual for à
pessoa a que pertença.
Ainda, conforme a Lei n.º 10.406/02, Código Civil, em seu
art.99, teremos a descrição dos bens públicos, sendo eles: os de uso
comum do povo; os de uso especial; e os dominicais.
Em especifico no que diz respeito aos bens dos
municípios, encontramos na categoria de bens de uso comum do
povo, rios, mares, estradas, ruas e praças. No que concerne a bens
de uso especial, edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração municipal, inclusive os de suas
autarquias. Quanto aos bens dominicais, são os que constituem o
Claudio Frederico de Carvalho
42
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de
direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Conforme o professor Leib Soibelman, nos ensina, “Bem é
um conceito muito mais amplo que o de coisa. Bem é todo valor
representativo para a vida humana, de ordem material ou imaterial.
Nem tudo que no mundo material é coisa adquire a mesma categoria
no mundo jurídico, como acontece, por exemplo, com o corpo do
homem vivo, considerado elemento essencial da personalidade e
sujeito de direito, já que não é possível separar na pessoa viva o
corpo da personalidade. Os direitos também não são coisas embora
freqüentemente sejam mencionados como ”coisas incorpóreas”.
Juridicamente não existem coisas imateriais. Se desta natureza, o
mais admitido hoje é falar em bens incorpóreos. A palavra coisa
refere-se sempre aos bens materiais, corpóreos tangíveis, sensíveis.
Coisa é o que não sendo pessoa pode ser tocado, ou pelo menos
sentido como as energias. Todo o valor que representa um bem para
uma sociedade, e cuja distribuição, segundo os padrões nela
vigentes pode provocar injusta competição, torna-se objeto do
Guarda Municipal Agente da Cidadania
43
direito”45
.
Corroborando com este entendimento temos as lições do
saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “O conceito de bem é
amplo, abrangendo tudo aquilo que tenha valor econômico ou moral e
seja suscetível de proteção jurídica. No âmbito local consideram-se
bens ou próprios municipais todas as coisa corpóreas ou incorpóreas:
imóveis, móveis e semoventes: créditos, débitos, direitos e ações que
pertençam, a qualquer t ítulo, ao Município.”46
3.3 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: SERVIÇOS
Tratando da definição da terminologia serviços, cabe
lembrar que na esfera de atuação do poder público municipal, tal a
sua abrangência na prestação de serviços, desde a área de
Educação, Saúde, Trânsito, Meio Ambiente, ainda, tem um número
quase que incalculável de atribuições e atividades desempenhadas
45
SOIBELMAN, Leib, Enciclopédia do Advogado, 5ª. ed. Rio de Janeiro:
Thex Editora, 1994 46
MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Municipal Brasileiro, 9ª ed. São Paulo :
Malheiros, 1990, 221/222
Claudio Frederico de Carvalho
44
pela municipalidade, onde, para fornecer segurança à prestação de
todos esses serviços, efetivamente o Guarda Municipal estará
realizando o policiamento ostensivo/preventivo.
Como nos ensina o mestre Celso Antônio Bandeira de
Mello, “A prestação de serviços pelo Poder Público é a atribuição
primordial do governo, e até certo ponto, a sua própria razão de ser.
O Estado na sua acepção ampla – União, Estado-membro e
Município – não se justifica senão como entidade prestadora de
serviços públicos aos indivíduos que compõem”47
.
Mantém o mesmo entendimento nosso saudoso Jurista
Lopes Meirelles, “A função governamental, e particularmente a
administrativa, visa a assegurar a coexistência dos governados em
sociedade, mantendo a paz externa e a concórdia interna, garantindo
e fomentando a iniciativa particular, regulando a ordem econômica,
promovendo a educação e o ensino, preservando a saúde pública,
propiciando, enfim, o bem-estar social, através de obras e serviços
necessários à coletividade (serviços públicos propriamente ditos) ou
47
MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Prestação de Serviços Públicos e
Admin istração Indireta, 2ª ed., São Paulo, Ed. RT, 1979
Guarda Municipal Agente da Cidadania
45
convenientes aos indivíduos (serviços de utilidade pública).48
”
3.4 INTERPRETAÇÃO DO TERMO: INSTALAÇÕES
Sobre instalações, considerando a sua interpretação
gramatical derivada do verbo instalar, uma vez que não é uma
terminologia jurídica, cabe lembrar que este item sim pode ser
considerado sobre o aspecto meramente patrimonial, pois se refere
ao ato ou efeito de instalar-se, desse modo, às edificações
pertencentes ou sob a guarda do poder público municipal, podem ser
consideradas instalações púbicas, trazendo com isso, data vênia, a
pseudo interpretação de “Guarda Patrimonial”.
3.5 INTERPRETAÇÃO DA ORAÇÃO: CONFORME DISPUSER A LEI
Por fim, quando o dispositivo constitucional menciona,
conforme dispuser a lei, pelo fato de ser a Constituição da
República Federativa do Brasil que trata deste item, ela menciona
48
MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Municipal Brasileiro, 9ª ed. São Paulo :
Malheiros, 1990, 253
Claudio Frederico de Carvalho
46
implicitamente “Lei Federal”, sendo ainda, uma Lei Complementar,
uma vez que tem por “função promover a complementação das
previsões constitucionais, que na maior parte das vezes não são
auto-executáveis e devem ser aprovadas por maioria absoluta dos
votos dos membros das duas Casas do Congresso Nacional,”49
como
nos ensina Durval Ayrton Cavallari.
Neste mesmo entendimento temos o ensinamento do
grande professor Celso Ribeiro Bastos, “Ela possui essa
denominação em virtude da sua natureza de norma integrativa da
vontade constitucional. Eis porque podemos afirmar que nesse caso a
lei é complementar segundo um critério ontológico. È examinando o
próprio ser da norma integradora e o papel por ela representado na
composição dos comandos constitucionais, que vai ser possível
cognomina-la de complementar”50
.
49
CA VA LLA RI, Durval Ayrton, Manual Prático de Direito Constitucional,
São Paulo Ed. Iglu, 1998, p. 92 50
BASTOS, Celso Ribeiro, Curso de Direito Constitucional, São Pau lo, Ed
Saraiva, 4ª ed. Ed Saraiva, 1981, p.162
Guarda Municipal Agente da Cidadania
47
4 DA AUTONOMIA MUNICIPAL
Sendo a Guarda Municipal um órgão público municipal,
não há que se escusar em tecer breves comentários sobre a
autonomia municipal, uma vez que o município como ente federado
tem a faculdade de instituir este organismo conforme mandamento
constitucional.
A Constituição Federal, além de taxativamente inscrever a
autonomia como prerrogativa intangível do Município, em seu Art. 34,
inciso VII, alínea “c”, ainda, descreve as competências exclusivas do
município em seu Art. 30, bem como, enumera a competências
concorrentes com a União, os Estados-membros e o Distrito Federal.
Convém ressaltar que, as competências exclusivas do m unicípio, não
podem ser interpretadas como únicas e limitadas, mas sim,
estanques no que concerne a elas, evitando com isso que outros
entes federados afrontem este limite constitucional.
Claudio Frederico de Carvalho
48
5 DESENVOLVIMENTO DA GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA
Em Curitiba, aos primeiros raios solares do dia 17 de julho
de 1986, antecedendo a Carta Magna vindoura, a Câmara Municipal
de Curitiba, por meio do Vereador José Maria Correia, atendendo ao
pedido do Chefe do Executivo Municipal, o Prefeito Roberto Requião,
viu em votação e aprovação o projeto que viria a ser o embrião da
Guarda Municipal de Curitiba.
Modestamente, a fim de minimizar os índices de
insegurança nesta municipalidade, vindo com isso de encontro às
necessidades e anseios dos cidadãos, surgiu o VIGISERV (Serviço
Municipal de Vigilância).
Conforme a Lei n.º 6867, de 17 de julho de 1986,
seguindo o ora estabelecido, foi publicado o Edital de Regulamento
do Concurso Público para VIGISERV, no dia 21 de janeiro de 1988,
normatizando os critérios para admissão com provas físicas,
psicológicas, culturais e antecedentes criminais. Essa avaliação
limitava consideravelmente a margem de escolha dos candidatos.
Guarda Municipal Agente da Cidadania
49
No início do ano de 1988, foi realizado o 1º Concurso da
Guarda Municipal de Curitiba, tendo como requisitos para o
provimento do cargo os seguintes itens: ser brasileiro nato ou
naturalizado; apresentar título de eleitor; certi ficado de reservista de
1ª categoria; possuir no ato da inscrição o 1º Grau completo;
apresentar cédula de identidade; apresentar atestado de
antecedentes criminais; ter no mínimo 19 anos completos e no
máximo 35 anos completos; ter no mínimo 1,70m para homens e
1,60m para mulheres.
O certame do concurso realizou-se da seguinte forma:
1ª fase: prova objetiva de conhecimentos, exame de
saúde, aptidão física (equilíbrio, salto em extensão, subida na corda,
corrida de velocidade, corrida aeróbica) e teste psicopatológico;
2ª fase: curso de formação técnico-profissional.
Em 04 de agosto de 1988, quando os candidatos
encontravam-se ainda em formação, iniciou-se a atividade da
VIGISERV – “Guarda Municipal de Curitiba”, com objetivo de prestar
atendimento às praças, parques, bosques, creches, escolas, centros
Claudio Frederico de Carvalho
50
de saúde, ciclovias, terminais de transportes e demais equipamentos
do município, representando nova proposta em termos de proteção
do patrimônio público e defesa aos cidadãos.
Nesta data, ocorreu a solenidade realizada no Edifício
Presidente Castelo Branco, localizado no Centro Cívico de Curitiba. A
turma de formandos passou por um concurso público, regido pela
CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), onde realizaram
treinamento prático de patrulhamento, curso de defesa pessoal,
primeiros-socorros, instruções teóricas de princípios constitucionais e
criminais, aulas de relações públicas e comunicação, sempre
baseados na disciplina.
O corpo era composto por 130 Guardas Municipais, sendo
100 homens e 30 mulheres, trajando um uniforme social na cor azul
petróleo, camisa azul clara, quepe de oito pontas, apito e cinto de
guarnição com algemas e bastão PR-24.
Os Guardas Municipais, de maneira educada e gentil,
apresentavam-se à população curitibana nos centros históricos,
praças, parques, bosques e terminais de transporte coletivo, atuando
Guarda Municipal Agente da Cidadania
51
em conjunto com os demais organismos de Segurança Pública, para
garantir a segurança, prevenir acidentes, como também orientar e
aconselhar os munícipes.
Seus tratos finos e polidez tornaram a Guarda Municipal
de Curitiba um exemplo de policiamento cidadão, onde o combate era
direcionado ao crime e não ao criminoso.
O Chefe do Executivo do Município, visando a
implantação de um serviço de segurança que viesse de encontro às
necessidades municipais, bem como que estivesse em sintonia com a
vindoura Carta Constitucional. Com 35 dias de antecedência à
publicação da nova Constituição Federal, por meio do Decreto
387/88, o então Prefeito Roberto Requião alterou a denominação da
VIGISERV para Guarda Municipal de Curitiba e isentou os seus
integrantes do pagamento da tarifa do transporte coletivo no
município, desde que devidamente uniformizados.
O Regulamento Geral do Departamento do Serviço
Municipal de Vigilância foi aprovado em 30 de novembro de 1988, por
meio do Decreto n.º 535/88 (1º Regulamento da Guarda Municipal), o
Claudio Frederico de Carvalho
52
qual, mesmo sofrendo algumas alterações, continua parcialmente em
vigor.
A partir desta data, conforme art.39 do mesmo Decreto
Municipal, os Guardas Municipais em Curitiba passaram a trabalhar
armados com revólveres calibre 38, a fim de prestar a defesa da
população curitibana, bem como para a sua segurança pessoal.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná,
por meio da Escola de Polícia Civil do Paraná, e a Prefeitura
Municipal de Curitiba, em 28 de dezembro de 1988, realizaram no
Auditório Presidente Castelo Branco a Solenidade da 2ª Turma do
Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal, onde
57 novos guardas municipais, após o curso de formação, estavam
sendo entregues à comunidade curitibana para atuar no policiamento
das ruas, parques, bosques, terminais rodoviários e praças.
O Prefeito Roberto Requião, além de implantar o Serviço
Municipal de Vigilância (VIGISERV), iniciou ainda o processo de
transformação do mesmo, nos moldes da Constituição da República.
No período de seis meses, realizou ainda dois Concursos Públicos
Guarda Municipal Agente da Cidadania
53
com objetivo de ver perpetuados o seu trabalho, o qual vinha ao
encontro dos clamores públicos, tendo uma visão real sobre a
responsabilidade do município em relação à Segurança Pública.
Na gestão do Prefeito Jaime Lerner, em 11 de agosto de
1989, por meio do Decreto 400/89, os componentes da Guarda
Municipal passaram a receber o Risco de Vida, inerente à profissão,
onde foi incorporado um acréscimo de 30% no vencimento dos
servidores.
A Divisão de Vigilância foi criada através do Decreto n.º
428/89, em 29 de agosto de 1989, inserindo os servidores da
Prefeitura Municipal de Curitiba provido no cargo de Guardião e Vigia,
onde os mesmo passaram à subordinação direta da Guarda
Municipal de Curitiba.
Efetivamente, muito embora já existissem alguns decretos
tratando da VIGISERV - Serviço Municipal de Vigilância - como
Guarda Municipal, em 05 de outubro de 1989, por meio da Lei n.º
7356/89, a VIGISERV passou a denominar-se efetivamente Guarda
Municipal de Curitiba.
Claudio Frederico de Carvalho
54
Conforme a Lei n.º 7360, de 27 de outubro de 1989, as
atribuições da Guarda Municipal foram acrescidas, passando a ter
prioridade o atendimento das escolas da Rede Municipal de Ensino,
sendo regulamentado, posteriormente, o Pelotão Escolar.
Após o Curso de Formação Técnico-Profissional de
Guarda Municipal, em 02 de janeiro de 1990, com a conclusão da 3ª
Turma, formaram-se 104 guardas municipais que foram direcionados
para atender em caráter prioritário as escolas públicas municipais e
as estações-tubo do transporte coletivo que estavam sendo
inauguradas.
Seguindo as diretrizes estabelecidas pela Constituição
Federal, em 09 de janeiro de 1991, por meio da Lei n.º 7600/91, os
servidores regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)
optaram pelo novo Regime Jurídico Único. Desta forma, todos os
integrantes da Guarda Municipal de Curitiba passaram a ser
estatutários.
Em 25 de março de 1991, formou-se a 4ª Turma de
Guardas Municipais de Curitiba, conforme Decreto n.º 507/91, o qual
Guarda Municipal Agente da Cidadania
55
designou 24 servidores para a função de Guarda Municipal, ficando
lotados na Secretaria de Governo Municipal.
Por meio do Decreto n.º 400, em 20 de julho de 1991, foi
criado o Grupamento de Proteção Ambiental – Guarda Verde –
uniformizados no estilo do Policiamento Canadense, tendo por
objetivo o exerc ício das atividades de policiamento e proteção ao
Meio Ambiente em bosques, parques e áreas florestais. O
Grupamento de Proteção Ambiental, formado por guardas municipais,
recebeu treinamento especial, freqüentando cursos na Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e na Polícia Florestal (Polícia Militar do
Paraná - PMPR), tendo inclusive aulas de Ikebana, objetivando
conscientizar os treinandos da importância de um convívio de afeto e
respeito com o Meio Ambiente.
Atualmente, mesmo estando sem o uniforme verde, os
guardas municipais, divididos pelas nove Regionais de Curitiba, estão
atendendo ininterruptamente os 30 parques e bosques de Curitiba, na
sua grande maioria com o patrulhamento e o policiamento motorizado
(motociclistas), garantindo a segurança dos usuários e turistas.
Claudio Frederico de Carvalho
56
A Guarda Municipal de Curitiba, seguindo o estatuído na
Lei n.º 7360, agora regulamentada pelo Decreto n.º 455, de 13 de
agosto de 1990, implantou efetivamente o Pelotão Escolar, sendo
que o mesmo foi dividido entre as suas Distritais (atuais Núcleos
Regionais), tendo como finalidade a segurança, trânsito, orientação e
acompanhamento dos alunos da Rede Municipal de Ensino.
As escolas municipais passaram a contar no mínimo com
um guarda fixo no período de aulas, bem como com uma viatura por
Regional específica para ronda nos referidos equipamentos. Durante
os horários ociosos, as escolas passaram a contar com o sistema
interno de monitoramento de alarmes, somado à ronda motorizada da
viatura do Pelotão Escolar.
Desta forma, a Guarda Municipal de Curitiba atende
atualmente 376 equipamentos municipais da área da Educação,
sendo eles: 167 Escolas Municipais e Centros de Educação Integral,
24 Bibliotecas (Farol do Saber), 145 Centros Municipais de Educação
Infantil (Creche), 8 Centros de Atendimentos Especializados, 30
Programas de Integração da Infância e Adolescência (Casa do Piá) e
Guarda Municipal Agente da Cidadania
57
2 Escolas de Educação Especial.
A 5ª Turma de Guardas Municipais formou-se em 23 de
outubro de 1991, sendo nomeados nesta data 56 novos integrantes
que vieram a somar no trabalho desempenhado pela Guarda
Municipal de Curitiba, atuando prioritariamente na região do anel
central, vindo inclusive a inaugurar a Rua 24 Horas.
Com o advento do Decreto n.º 660, de 30 de outubro de
1991, a carreira da Segurança Municipal foi alterado e revogado o
Art. 13 do Decreto 535/88, no que diz respeito as suas Graduações
Internas. Desta forma, a Guarda Municipal passou a ter em seus
quadros as seguintes patentes: Inspetor de 1ª Classe, Inspetor de 2ª
Classe, Inspetor de 3ª Classe, Sub-Inspetor, Supervisor, Guarda
Municipal de 1ª Classe, Guarda Municipal de 2ª Classe e Guarda
Municipal de 3ª Classe.
Com isso, foram preenchidos todos os cargos em
vacância por Guardas Municipais de 3ª Classe, até a abertura de um
Procedimento Seletivo Específico para Promoção, que somente em
1994 veio a concretizar-se, pois até esta data muitos servidores
Claudio Frederico de Carvalho
58
desempenharam a função de fato, sem efetivamente pertencerem às
correspondentes graduações.
Em 19 de março de 1992, a 6ª Turma de Guardas
Municipais de Curitiba veio a se formar conforme a Portaria n.º
671/92, a qual nomeou 232 novos integrantes em virtude de
habilitação em Concurso Público na Carreira de Guarda Municipal, na
função de Guarda Municipal de 3ª Classe, ficando lotados na
Secretaria Municipal de Administração.
O Deputado Luciano Pizzato, em 08 de abril do ano de
1992, entra com projeto na Assembléia Legislativa para alterar a
Constituição Estadual, dando poder à Guarda Municipal de atuar no
Combate efetivo à criminalidade.
Ainda neste ano, em parceria com a Escola de Polícia
Civil, os guardas municipais passaram por um treinamento, onde
aprenderam, dentre outras práticas de alto risco, a desmontar
bombas.
O Decreto n.º 428/92, de 07 de julho de 1992, considerou
atividade perigosa o exerc ício da função da Carreira de Segurança
Guarda Municipal Agente da Cidadania
59
Municipal para os integrantes da Guarda Municipal, Guardião e
Vigilante, sendo mantida a gratificação por Risco de Vida.
O Regimento Interno da Secretaria Municipal de
Administração foi aprovado no dia 06 de agosto de 1992, por meio do
Decreto n.º 538, e por fazer parte desta pasta o Departamento da
Guarda Municipal, o mesmo veio a ser reestruturado, sendo alterado
parcialmente o Decreto n.º 535/88 no que tange à estrutura
organizacional da Guarda Municipal.
O Departamento da Guarda Municipal de Curitiba, em 11
de janeiro de 1993, conforme o Decreto n.º 239 foi transferido da
Secretaria Municipal da Administração para o Gabinete do Prefeito.
Pela primeira vez, foi nomeado como Secretário Executivo
da Comissão Municipal da Defesa Civil – COMDEC, o Comandante
da Guarda Municipal, por meio do Decreto n.º 255, de 22 de janeiro
de 1993, iniciando uma nova realidade para o Departamento da
Guarda Municipal, pois além da atribuição inerente ao cargo de
prestar colaboração a Defesa Civil, agora estava iniciando um novo
marco na história, onde um Comandante da GMC passou
Claudio Frederico de Carvalho
60
efetivamente a ser um membro da COMDEC, estando mais próximo
da população curitibana, que além da prestação de serviço
continuada, ainda recebia atendimento nas situações de emergência
e estado de calamidade pública.
Em março de 1993, ao comemorar os 300 anos da cidade
de Curitiba, o Prefeito Rafael Greca, resgatou do acervo histórico o
uniforme utilizado pela Guarda Municipal de Curitiba, nos idos de
1780, tornando-o uniforme histórico a ser utilizado em datas
comemorativas.
A partir de 01 de maio de 1993, conforme a Lei n.º 8164
foi extintas as Carreiras de Guardião e Vigilante na Prefeitura
Municipal de Curitiba, com um total de 1.092 e 40 cargos
respectivamente. Na mesma Lei, foi c riado na Carreira da Segurança
Municipal o cargo de Agente de Segurança, com um total de 1.132
vagas remanescentes do cargo anterior, cujo provimento inicial foi os
integrantes da Carreira de Guardião e Vigilante.
O Prefeito Rafael Greca, no uso de suas atribuições
legais, por meio do Decreto n.º 570, datado de 01 de junho de 1993,
Guarda Municipal Agente da Cidadania
61
instala a Secretaria da Segurança Municipal – SSM – de natureza
extraordinária, com o propósito de estabelecer diretrizes, estudos e
projetos, objetivando a estruturação do setor responsável pela
proteção dos bens, serviços e instalações municipais.
Essa Secretaria passou a contar com estrutura técnica e
operacional do Departamento da Guarda Municipal, bem como com o
Gabinete do Prefeito e o Instituto Municipal da Administração Pública.
Foi um marco precursor para o futuro a Guarda Municipal estar
vinculada efetivamente a uma secretaria destinada a sua área
específica de atuação, pois sendo uma Secretaria Extraordinária,
tinha previsão legal para sua extinção em 31 de maio de 1994.
Neste mesmo mês, implanta-se o plano de vigilância na
Rua das Flores e Largo da Ordem, onde foi instalado 01 módulo no
Pelourinho (Praça Tiradentes), 06 guaritas ao longo do calçadão da
Rua XV e 03 guaritas no Largo da Ordem, com duplas de guardas
circulando 24 horas por dia, no intuito de transformar a Rua das
Flores e o Setor Histórico em um espaço seguro a moradores,
comerciante e visitante.
Claudio Frederico de Carvalho
62
Considerando o parecer da Comissão de Racionalização
de Despesas de Custeio designada pelo Decreto n.º 582/93, foi
concluído pela necessidade de reformulação dos critérios para a
configuração do Risco de Vida ou Saúde, sendo por fim extinto o
Risco de Vida aos servidores da Guarda Municipal, conforme o
Decreto n.º 658, de 01 de julho de 1993. Em 06 de julho de 1993, por
meio do Decreto n.º 669, foi concedida a gratificação pelo
Desempenho de Funções de Segurança, vindo a substituir o Risco de
Vida.
Na festa de “Comemoração de Cinco Anos da
Corporação”, o Prefeito Rafael Greca anunciou, no mês de agosto de
1993, que a Guarda Municipal deveria ganhar um estatuto próprio de
plano de carreira. Esta referência foi feita em Boletim Oficial, onde
foram analisados os objetivos da Guarda Municipal e os desafios que
vinha enfrentando.
Nessa comemoração, houve homenagem por ato de
bravura e serviços humanitários em favor da população. Quatro
guardas municipais foram homenageados durante esse evento,
Guarda Municipal Agente da Cidadania
63
sendo dois deles por auxiliar um parto de emergência em uma viatura
da Corporação; outro, em decorrência de estar trabalhando no
armazém da família, onde ocorreu um assalto e posterior tiroteio,
vindo a ficar paraplégico; e por fim, o último, quando em exercício da
função, evitando a já instalada invasão na Cidade Industrial, em
virtude da represália, foi atingido por um tiro desferido por um dos
invasores.
No mês de outubro de 1993, foi aprovado projeto que
dispunha sobre instalação de módulos da Guarda Municipal nos
bairros da Cidade, por iniciativa do Vereador Mauro Moraes, que
obteve aprovação unânime. A medida tinha objetivo de reforçar o
aparato de segurança pública, utilizando módulos que deveriam ser
instalados em locais estratégicos dos bairros. Cada módulo deveria
ter funcionamento ininterrupto, equipado com viatura e quatro
guardas em cada turno. Os primeiros bairros a serem beneficiados
eram aqueles de maior densidade populacional e incidências de
crimes.
Cumprindo o proposto no mês de agosto de 1993, o
Claudio Frederico de Carvalho
64
Prefeito Rafael Greca, no dia 10 de dezembro, por meio da Lei n.º
8340, aprovou e alterou a Carreira de Segurança Municipal,
implantando os institutos de progressão e promoção, sendo nesse
mesmo ato reformulados os cargos da Guarda Municipal. Dando
continuidade a esta reestruturação, no dia 09 de fevereiro do ano
seguinte, foi aprovado o Regulamento do Avanço Funcional por
Progressão e Promoção, com o Decreto n.º 62.
Como forma de reconhecimento pelos valorosos serviços
prestados por integrantes das instituições de segurança pública do
Paraná e do Município de Curitiba, em 03 de março de 1994, por
meio da Lei n.º 8369, instituiu o Título Honorífico do Munic ípio de
Curitiba, denominado Mérito Policial, devendo o mesmo ser
concedido pela Câmara Municipal de Curitiba aos integrantes das
unidades policiais civis e militares, incluindo-se os do Corpo de
Bombeiros e da Guarda Municipal que tenham sido reconhecidos em
suas respectivas corporações por atos de bravura no cumprimento do
dever.
Dando continuidade à reestruturação dos cargos da
Guarda Municipal Agente da Cidadania
65
Guarda Municipal, em 06 de abril de 1994, por meio do Decreto n.º
189, foram aprovadas especificações, atribuições, tarefas típicas,
requisitos e demais características de Cargos e Classes da Carreira
de Segurança Municipal, sendo revogado o decreto n.º 660/91.
Aos dezoito dias do mês de abril de 1994, por meio do
Decreto n.º 214, foi designada a Comissão Executiva de
Procedimento Seletivo Específico de Promoção para Classe de
Guarda Municipal na Carreira de Segurança Municipal.
A Secretaria de Segurança Municipal, em 30 de maio de
1994, por meio do Decreto n.º 384 teve seu prazo de exercício
prorrogado, passando a ter a previsão pa ra extinção em 31 de
dezembro de 1995.
Após concluírem com êxito o 1º Curso de Formação de
Supervisor da Guarda Municipal, em 31 de maio de 1994, através de
Procedimento Seletivo Específico, foi concedido o Avanço Funcional
por Promoção a funcionários da classe de Guarda Municipal para a
de Supervisor, num total de 25 graduados, conforme o Decreto n.º
395.
Claudio Frederico de Carvalho
66
Em 13 de junho de 1994, por meio da Lei n.º 8470, foi
instituída a Gratificação de Segurança aos integrantes da Carreira de
Segurança Municipal, sendo revogado o Decreto n.º 669/93.
A 7ª Turma de Guardas Municipais de Curitiba formou-se
em 07 de julho de 1994 e foram nomeados 57 novos integrantes em
Concurso Público, na Carreira de Guarda Municipal, na função de
Guarda Municipal de 3ª Classe, ficando lotados na Secretaria
Municipal de Administração.
Baseado nos moldes dos Faróis de Alexandria surgiu em
Curitiba, no dia 19 de novembro de 1994, o primeiro Farol do Saber,
com o nome de Machado de Assis, em homenagem ao patrono da
Academia Brasileira de Letras, um dos maiores escritores da língua
portuguesa.
Este projeto inovador do Prefeito Rafael Greca, trouxe
consigo a união da Cultura e Segurança, junto à comunidade. Com
uma construção modular em estrutura metálica, tem 17 metros do
térreo ao alto da torre-guarita e 98m2 de área construída. De longe,
avista-se a construção, pintada em vermelho, amarelo e azul.
Guarda Municipal Agente da Cidadania
67
Toda a edificação é protegida por isolamento térmico à
base de lã de vidro. Sua divisão interna é simples: o andar térreo -
com os livros, um mezanino e uma escada em caracol, que conduz
ao topo da torre, onde fica a guarita, coberta por abóbada metálica e,
em cima, um galo. À noite, o Farol do Saber contribui para a
segurança do bairro, lançando sinais luminosos.
Os Faróis do Saber foram construídos em locais centrais
dos bairros, onde, além de ofertar a cultura at ravés dos livros e
computadores com acesso a Internet, ainda forneciam a segurança
de um Guarda Municipal aos moradores do seu redor e derredor.
Em 07 de fevereiro de 1995, foi ratificado o Decreto n.º
181, o qual tratava sobre as especificações, atribuições, tarefas
típicas, requisitos e demais características dos Cargos da
Administração Direta da Municipalidade de Curitiba aos integrantes
da Carreira de Segurança Municipal, e foi mantido o que estava
disposto no Decreto n.º 189/94.
No ano de 1995, no Dia Nacional das Guardas Municipais
- 10 de outubro, Curitiba comemorou também a formatura da 8ª
Claudio Frederico de Carvalho
68
Turma de Guardas Municipais, com 78 novos integrantes. A
cerimônia foi realizada no Cine Ritz, contando com a presença de
representantes das Forças Armadas, das Polícias Civil e Militar do
Estado do Paraná.
Os novos guardas reforçaram a proteção nos parques,
praças, ciclovias, terminais de transportes coletivos e outros
patrimônios públicos municipais. Com esta formatura, a Guarda
Municipal elevou o número de seu efetivo para 1.600 integrantes.
Novamente, em 22 de dezembro de 1995, conforme o
Decreto n.º 1164, foi prorrogado o prazo de vigência da Secretaria de
Segurança Municipal para 31 de dezembro de 1996, a qual cumprido
o prazo legal, veio efetivamente a ser extinta.
Durante o ano de 1996, após decisão judicial em virtude
do 1º Procedimento Seletivo Específico, foi concedido o Avanço
Funcional por Promoção a funcionários da classe de Guarda
Municipal para a de Supervisor, num total de 06 novos graduados,
conforme Portaria n.º 1900.
Com a mudança de Governo Municipal, o Departamento
Guarda Municipal Agente da Cidadania
69
da Guarda Municipal foi transferido, em 30 de janeiro de 1997, por
meio do Decreto n.º 283, retornando do Gabinete do Pre feito para a
Secretaria Municipal de Administração.
No dia 25 de julho de 1997, foi designado como Secretário
Executivo da Comissão da Defesa Civil – COMDEC, o Diretor da
Guarda Municipal de Curitiba, permanecendo esta atribuição
extensivamente a todos os integrantes da Corporação, dando
continuidade às ações de Defesa Civil já em vigência.
Em 1997, novas responsabilidades foram atribuídas aos
integrantes da Guarda Municipal, que, além das suas atribuições
normais, ainda prestariam atendimentos de socorro a vítimas
domésticas e traumas simples. Com isso, os guardas municipais
receberam treinamento especial para atendimento de primeiros-
socorros, acidentes domésticos e outros serviços de apoio à
população. A idéia principal do Prefeito Cássio Taniguchi era de
manter a integração da Guarda Municipal com a comunidade.
Conforme decisão judicial, em virtude do 1º Procedimento
Seletivo Específico, foi concedido o Avanço Funcional por Promoção
Claudio Frederico de Carvalho
70
a funcionários da classe de Guarda Municipal para a de Supervisor,
passando a contar com mais 02 novos graduados, conforme Portaria
n.º 1630/97, totalizando 33 Supervisores na Carreira.
Durante o curso do ano de 1997, o Departamento da
Guarda Municipal de Curitiba, recebeu o acompanhamento de
acadêmicas do último ano do Curso de Psicologia da Universidade
Tuiuti do Paraná, a fim de realizar estágio, analisando os integrantes
da Guarda Municipal, de acordo com o exercício da sua função, seu
relacionamento interpessoal e os reflexos na sua vida pessoal e
familiar.
Em junho de 1998, a fim de agilizar os serviços internos
da Guarda Municipal de Curitiba, foi realizada uma busca minuciosa
sobre as Leis e Decretos Municipais que tratavam sobre a Guarda
Municipal, sobre funcionários municipais e competências do
município na área de segurança.
Desta forma, a Divisão de Instrução da Guarda Municipal
de Curitiba, em trabalho pioneiro, confeccionou a Coletânea de Leis e
Decretos Municipais, catalogando 72 leis do período de 1950 a 1997
Guarda Municipal Agente da Cidadania
71
e 110 decretos do período de 1984 a 1997, os quais, de um modo em
geral, estavam diretamente relacionados ao Departamento da Guarda
Municipal.
No mês de agosto de 1998, em virtude da dedicação e
empenho de alguns guardas municipais, os quais participavam de
diversas competições de rua, buscando sempre levar o nome da sua
instituição aos outros Munic ípios e Estados, após diversas vitórias,
conquistaram a maior, que foi inserir a Corrida da Guarda Municipal
de Curitiba no calendário da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer,
na 4ª Etapa do Campeonato Adulto de Corrida de Rua.
Neste mesmo período, a Guarda Municipal de Curitiba,
buscando extinguir o cargo de Agente de Segurança na Carreira de
Segurança Municipal, iniciou primeiramente a extinção dos
respectivos uniformes, que eram calça na cor cinza, camisa azul clara
e boné cinza.
Desse modo, todos os Agentes de Segurança que
estavam em plenas condições físicas passaram a ter cursos de
aperfeiçoamento ministrados por guardas municipais, sendo que os
Claudio Frederico de Carvalho
72
mesmos passaram a integrar o Pelotão Escolar e usar o uniforme da
Guarda Municipal, apenas com a diferença no cinturão (sem coldre e
sem porta algemas), bem como o tarja de identificação braçal em
meia lua escrito AGENTE DE SEGURANÇA.
Em virtude de diversas ocorrências de ataques de cães
nos parques, praças e vias públicas municipais, em 15 de abril de
1999, surgiu a Lei Municipal n.º 9493 - Lei da Focinheira, a qual
passou a disciplinar sobre o trânsito de cães de raça notoriamente
violentos e perigosos, sendo determinadas aos seus proprietários
algumas normas de conduta e prevendo punições aos infratores.
Dando continuidade à integração da Guarda Municipal
com a comunidade, em 27 de outubro de 1999, haja vista um fato
isolado em determinada escola da Rede Pública de Ensino Municipal,
surgiu à necessidade da Guarda Municipal, por meio da Divisão de
Instrução, ministrar palestra nesta escola sobre o Estatuto da Criança
e do Adolescente, a fim de minimizar os problemas locais.
A palestra foi realizada de maneira interativa, unindo
palestrante, teatro de fantoche e alunos, onde todos interagiam,
Guarda Municipal Agente da Cidadania
73
tratando o tema complexo com uma linguagem simples e clara, de
certa forma descontraída. Desse modo, tanto os professores quanto
os seus alunos ficaram satisfeitos com o resultado obtido. Assim,
surgiu mais uma nova atribuição para a Guarda Municipal, que seria
ministrar palestras para crianças e adolescentes tratando sobre
diversos temas, principalmente sobre direitos, deveres e obrigações,
tanto nas escolas públicas quanto nas particulares.
Em virtude das Palestras sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente ser realizadas na grande maioria das escolas
municipais, a Guarda Municipal passou a se integrar com os
docentes. Com a vinda do Projeto “Justiça se Aprende na Escola”,
elaborado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, uma d as
escolas municipais, ao ser convidado para participar do 1º Júri
Simulado, em 25 de maio de 2000, solicitou à Equipe da Divisão de
Instrução que auxiliasse na explicação, elaboração e aplicação do
Júri na própria escola, a fim de que viesse a realizar a sua
apresentação pública no Tribunal do Júri da Comarca de Curitiba.
Após o 2º Curso de Formação de Supervisor, realizado
Claudio Frederico de Carvalho
74
em virtude do Procedimento Seletivo Específico para Promoção, em
26 de junho de 2000, foi concedido o Avanço Funcional a
funcionários da Classe de Guarda Municipal para a de Supervisor,
num total de 12 novos graduados, conforme Decreto n.º 352.
Com a implantação do Fundo Nacional de Segurança
Pública, em 04 de julho de 2000, em convênio com a Secretaria
Nacional de Segurança Pública – SENASP/MJ, a Guarda Municipal
de Curitiba, buscando a redução da violência urbana, encaminhou ao
Ministério da Justiça propostas para aplicação dos recursos
financeiros a serem disponibilizados para esse Departamento, tendo
como metas: criar um programa permanente de capacitação,
desenvolver uma política integrada e intersetorial de Segurança
Pública, promover o desenvolvimento institucional, divulgar as
atividades desenvolvidas para a comunidade, promover o ingresso de
mais servidores na carreira, equipar adequadamente, de acordo com
as demandas, e criar uma Ouvidoria, fortalecendo a democracia e
cidadania.
Inovando na área de segurança e entrando no sistema de
Guarda Municipal Agente da Cidadania
75
monitoramento por câmeras, em outubro de 2000, foi dado o início ao
monitoramento ininterrupto da Rua XV de Novembro no centro de
Curitiba, que é um “calçadão” destinado ao trânsito de pedestres,
passando o mesmo a contar com 14 câmeras de vídeo, a fim de
monitorar e trazer mais segurança e tranqüilidade aos seus
transeuntes.
Em dezembro de 2000, seguindo as diretrizes
estabelecidas pela Portaria Ministerial n.º 017, do Departamento do
Material Bélico do Mistério do Exército, de 26 de agosto de 1996
(atual Comando do Exército pertencente ao Ministério da Defesa), foi
submetido à análise e posterior aprovação do Comando da 5ª Região
Militar – Heróis da Lapa, o qual em despacho no Ofício n.º 025/GPM,
consolidou o 1º Regulamento de Uniformes da Guarda Municipal de
Curitiba.
Com a reeleição do Prefeito Cássio Taniguchi, em janeiro
de 2001, por meio do Decreto n.º 022, foi instalada a Secretaria
Municipal Extraordinária da Defesa Social - SEDS, com a finalidade
de coordenar as ações de defesa social do munic ípio articulando-se
Claudio Frederico de Carvalho
76
com as instâncias públicas, estadual e federal e com a sociedade.
Essa Secretaria visava potencializar as ações e resultados na área de
segurança pública, implantar e coordenar os Núcleos de Proteção ao
Cidadão, manter atualizado e monitorar o mapa da violência, elaborar
e implementar em conjunto com os diversos órgãos envolvidos o
Plano Municipal de Segurança Urbana, realizar convênios, contratos
e parcerias necessários à execução de suas atividades, sendo ainda
vinculado a esta pasta o Departamento da Guarda Municipal.
A Secretaria ora criada tinha a duração de dois anos,
contados da data de sua instalação, podendo este prazo ser
prorrogado; porém, veio a efetivar-se no ano de 2003, como
Secretaria Municipal da Defesa Social.
Com a implantação da Secretaria Extraordinária da
Defesa Social - SEDS surgiu à necessidade de adequar as atividades
desempenhadas pelo Departamento da Guarda Municipal de Curitiba
junto à comunidade. Com este intuito, em março de 2001, por meio
do Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP, graduados
da Guarda Municipal de Curitiba e representantes da SEDS, realizou-
Guarda Municipal Agente da Cidadania
77
se uma oficina (Workshop) buscando desenvolver e implantar
políticas que viessem a promover a proteção do cidadão, articulando
e integrando os organismos governamentais e a sociedade de forma
motivadora, visando organizar e ampliar a capacidade de uma defesa
ágil e solidária das comunidades de Curitiba e dos próprios
municipais.
Com este “Workshop”, resultaram alguns projetos, os
quais em sua grande maioria estão em aplicação, sendo eles: Defesa
Ágil e Solidária das Comunidades, Plano Municipal de Defesa Civil,
Cidade Segura, Ampliar a Capacidade de Defesa dos Próprios
Municipais e Comunidade Participativa.
Com o advento do Decreto n.º 642, de 30 de abril de
2001, que veio a regulamentar a Lei n.º 9493/99, a Guarda Municipal,
como órgão responsável pelo controle da aplicação da lei, passou a
advertir, notificar e autuar os infratores proprietários de cães de raça,
notoriamente violentos e perigosos, podendo inclusive apreender os
seus animais.
Buscando uma melhoria na comunicação interna, bem
Claudio Frederico de Carvalho
78
como uma proximidade nas solicitações de área, foi implantada, em
julho de 2001, a Rede de Telefonia Celular Inteligente. Este sistema
operacional disponibilizou um aparelho celular para cada viatura e
Grupamento de Segurança Regional (atual Núcleo), que veio a
funcionar como um ramal telefônico, recebendo ligações externas e
internas, podendo originar ligações apenas para a Rede da Guarda
Municipal, a fim de não gerar gastos alheios ao serviço. Por sua vez,
a comunidade local, de posse do número telefônico da viatura da sua
região, passou a poder acioná-la diretamente sem necessitar de uma
triagem, otimizando o pronto atendimento da Guarda Municipal.
Em cumprimento ao Plano Estratégico de Governo do
Prefeito Cássio Taniguchi, em 06 de dezembro de 2001, concluiu-se
os estudos sobre o Departamento da Guarda Municipal de Curitiba,
os quais originaram a proposta de Readequação da Estrutura,
Funções, Cargos e Efetivo, sob a coordenação do Diretor do
Departamento da Guarda Municipal de Curitiba Cel. PMRR Darci
Dalmas.
Muito embora já estivesse ocorrendo esta parceria entre
Guarda Municipal Agente da Cidadania
79
os Poderes Públicos no Município de Curitiba, efetivamente em 26 de
março de 2002, foi celebrado o convênio da FISCALIZAÇÃO
INTEGRADA (Operação Integrada), sendo uma iniciativa de diversos
órgãos Federais, Estaduais e Municipais, que se uniram com o
objetivo de elaborar um projeto para redução dos delitos, envolvendo
os estabelecimentos comerciais considerados críticos e reincidentes,
prevenindo e protegendo a população usuária e sua vizinhança.
Ao invés de agir de forma isolada, os organismos
participantes uniram esforços para trabalhar em ações conjuntas,
multiplicando os benefícios para a comunidade e mostrando para a
sociedade o verdadeiro controle sobre as ações delituosas. Assim,
em uma parceria pioneira no Brasil, surgiu a Operação Integrada, na
qual duas vezes por semana realizam -se fiscalizações em Curitiba,
envolvendo os seguintes órgãos: Conselho Tutelar, Ministério Público
do Trabalho e Ministério Público da Infância e Adolescência,
Fundação de Ação Social, Secretaria Municipal da Saúde – Vigilância
Sanitária, Secretaria Municipal do Meio Ambiente – Poluição Sonora,
Secretaria Municipal do Urbanismo, Secretaria Municipal da Defesa
Claudio Frederico de Carvalho
80
Social – Guarda Municipal, Secretaria do Estado da Segurança
Pública – Polícia Civil e Polícia Militar (Comando do Policiamento da
Capital, Canil e Corpo de Bombeiros).
Após estudos realizados por órgãos da Prefeitura
Municipal de Curitiba, em 04 de junho de 2002, com o advento do
Decreto n.º 347, foi alterada a estrutura orgânica e funcional do
Departamento da Guarda Municipal, substituindo os Grupamentos de
Segurança e as Divisões Administrativas por oito Gerências
Regionais de Defesa Social, t rês Gerências Administrativas e uma
Gerência Operacional.
No período de 06 de novembro a 18 de dezembro de
2002, o Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP, em
parceria com a Escola Superior de Policia Civil, realizou o 1º Curso
de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal para
integrantes da Carreira de Segurança Municipal de Curitiba. Os ex-
agentes de segurança estavam sendo preparados para assumir a sua
nova função na carreira de segurança municipal, conforme o projeto
de lei que estava tramitando na Câmara Municipal e que veio a ser
Guarda Municipal Agente da Cidadania
81
aprovado em 30 de dezembro do mesmo ano.
No final do ano de 2002, foi firmado Convênio entre a
Prefeitura Municipal de Curitiba e algumas Prefeituras da Região
Metropolitana, com o objetivo de criar Guardas Municipais nestas
cidades que integram a grande Curitiba, uma vez que, quand o o
crime é combatido em uma grande Capital, ao diminuir o índice de
criminalidade nesta, conseqüentemente irá aumentar nos seus
derredores. Desta forma, foram realizados Cursos de Formação
Técnico-Profissional de Guardas Municipais para as cidades de
Mandirituba, Fazenda Rio Grande e Araucária, onde, de acordo com
a disponibilidade de local, foram ministradas aulas em parceria com a
Escola Superior de Polícia Civil e com o Centro de Formação e
Aperfeiçoamento de Praça da Academia Militar do Guatupê da Polícia
Militar do Paraná. Participaram desta formação, na grande maioria,
Graduados da Guarda Municipal de Curitiba, bem como instrutores do
quadro permanente das instituições acolhedoras.
Com o advento da Lei n.º 10630, de 30 de dezembro de
2002, foi transformada a Carreira de Segurança Municipal, criando
Claudio Frederico de Carvalho
82
um único Cargo de Guarda Municipal dividido em três níveis,
elevando também o nível de escolaridade dos servidores para o de
Ensino Médio. A referida lei tratava ainda sobre promoção,
remuneração, qualificaç ão profissional e demais assuntos referentes
à carreira. Por fim, passou a permitir, em consonância com a
Legislação Federal, referendando o Decreto n.º 535/88, o porte de
arma pelos integrantes da Carreira de Segurança Municipal em todo
o território do munic ípio, para assegurar a proteção da população,
dos próprios municipais e para autodefesa, quando no exerc ício das
atribuições inerentes ao Cargo de Guarda Municipal.
Dando continuidade ao Fundo Nacional de Segurança
Pública, no ano de 2003, em convênio com a Secretaria Nacional de
Segurança Pública – SENASP/MJ e a Guarda Municipal de Curitiba
foi elaborado o Projeto das Justificativas para captação dos recursos
necessários à continuidade e ao desenvolvimento da segurança no
Município de Curitiba, em obediência ao Plano Nacional de
Segurança Pública.
Conforme a legislação nova, que remodelou o perfil do
Guarda Municipal Agente da Cidadania
83
profissional da Guarda Municipal, em 29 de janeiro de 2003, por meio
do Decreto n.º 100, aprovou as especificações, atribuições, tarefas
típicas, requisitos e demais características do Cargo da Carreira de
Segurança Municipal.
Ao ser publicado o Decreto n.º 151, de 12 de fevereiro de
2003, o número de vagas no quadro de funcionários da Carreira de
Segurança Municipal passou a compor-se da seguinte forma: Parte
Especial - 1.175 vagas (servidores que deveriam efetuar a transição);
Parte Permanente - 1.125 vagas, sendo ocupadas por 42 Guardas
Nível II (Supervisores), estando em aberto 1.083 vagas para os que
deverão transitar nos próximos anos.
Convém ressaltar, conforme a Lei n.º 10.630/02, que a
Parte Permanente é composta por servidores com formação em nível
médio e curso de formação técnico-profissional para Guarda
Municipal, e, por conseguinte, a Parte Especial é composta pelos
ocupantes do extinto cargo de Agente de Segurança e Guarda
Municipal, cuja escolaridade é de nível básico, devendo ser
progressivamente extinto.
Claudio Frederico de Carvalho
84
Com a nova legislação em vigor, no dia 13 de fevereiro de
2003, desencadeou-se o Procedimento Específico de Transição da
Parte Especial para a Parte Permanente da Carreira de Segurança
Municipal, por meio do Decreto 156.
Efetivamente, em 03 de abril de 2003, por meio da Lei n.º
10644, foi criada a Secretaria Municipal da Defesa Social, com a
missão de desenvolver e implantar políticas que promovam a
proteção do cidadão, articulando e integrando os organismos
governamentais e a sociedade de forma motivadora, visando
organizar e ampliar a capacidade de Defesa ágil e solidária das
comunidades de Curitiba e dos próprios municipais, passando a ter
as seguintes atribuições: o planejamento operacional, a definição e a
execução da política de defesa social do Munic ípio; a coordenação
das ações de defesa social; a articulação com as instâncias pública
federal e estadual e com a sociedade, visando potencializar as ações
e os resultados na área de segurança pública; a atualização e
monitoramento de sistema de informações estratégicas de defesa
social; a administração dos mecanismos de proteção do patrimônio
Guarda Municipal Agente da Cidadania
85
público municipal e de seus usuários; a implementação, em conjunto
com os demais órgãos envolvidos, do Plano Municipal de Segurança;
e a coordenação das ações de defesa civil no Munic ípio, articulando
os esforços das instituições públicas e da sociedade, fazendo parte
desta pasta o Departamento da Guarda Municipal de Curitiba.
A fim de concretizar a estrutura organizacional e os níveis
hierárquicos, orgânicos e funcionais da Secretaria Municipal da
Defesa Social, entrou em vigor o Decreto n.º 373, de 14 de abril de
2003.
Ainda dando continuidade à estrutura organizacional, em
23 de abril de 2003, por meio do Decreto n.º 380, criou-se na
estrutura da Supervisão de Núcleos de Assessoramento Jurídico da
Procuradoria Geral do Munic ípio o Núcleo de Assessoramento
Jurídico na Secretaria Municipal de Defesa Social.
Buscando regulamentar os Procedimentos de
Crescimento Horizontal e Crescimento Vertical por Merecimento, para
os servidores da Carreira de Segurança Municipal, conforme
estatuído pela Lei n.º 10630/02, em 12 de novembro de 2003, entrou
Claudio Frederico de Carvalho
86
em vigor o Decreto n.º 1070.
No período de 28 de outubro a 16 de dezembro de 2003,
o Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP realizou o 2º
Curso de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal para
integrantes da Carreira de Segurança Municipal de Curitiba,
contemplando os ex-agentes de segurança que estavam sendo
preparados para assumir a sua nova função na Carreira de
Segurança Municipal, conforme a Lei 10630/02.
Depois de participarem do Curso de Formação Técnico-
Profissional de Guarda Municipal, promovido pelo Instituto Municipal
de Administração Pública – IMAP e Secretaria Municipal da Defesa
Social - SMDS, em parceria com a Fundação de Estudos Sociais do
Paraná - FESP, no dia 06 de abril de 2004 formou-se a 9ª Turma de
Guardas Municipais, sendo que, a partir desta, exige-se, para o
ingresso na carreira, a conclusão do Ensino Médio e a Carteira
Nacional de Habilitação. A Cerimônia de Formatura foi realizada no
Teatro Ópera de Arame, sendo nomeados 114 novos guardas
municipais.
Guarda Municipal Agente da Cidadania
87
O Decreto n.º 205, de 18 de março de 2004 revogou o
Decreto n.º 1070/03, vindo a regulamentar os Procedimentos de
Crescimento Horizontal e Crescimento Vertical por Merecimento, para
os servidores da Carreira de Segurança Municipal, sendo publicado o
Edital n.º 06/04 – SMRH, a fim de estabelecer as normas para o
certame de Crescimento Horizontal (crescimento da referência
salarial no mesmo nível).
Para o Crescimento Vertical por Merecimento, devido a
alguns ajustes de ordem legal, ambos os decretos anteriores
(1070/03 e 205/04) foram revogados, vindo a entrar em vigor o
Decreto nº. 342, de 10 de maio de 2004, aplicando o estabelecido
pelo Edital n.º 09, de 12 de maio de 2004, da Secretaria Municipal de
Recursos Humanos, a fim de normatizar o Procedimento Seletivo
Específico de Crescimento Vertical da Guarda Municipal (promoção
em nível hierárquico). Neste certame, galgaram êxito 67 servidores,
onde 27 Guardas Municipais do Nível II (Supervisor) foram
promovidos para o Nível III (Inspetor) e 40 Guardas Municipais do
Nível I (Guarda) foram promovidos para o Nível II (Supervisor),
Claudio Frederico de Carvalho
88
elevando desta forma a Carreira Hierárquica da Guarda Municipal de
Curitiba, contando com 82 Guardas Municipais Graduados.
Após participarem do Concurso Público, foram nomeados
no mês de julho, 40 novos guardas municipais, formados pelo Curso
de Formação Técnico-Profissional de Guarda Municipal, promovido
pelo Instituto Municipal de Administração Pública - IMAP e pela
Secretaria Municipal da Defesa Social - SMDS, constituindo-se como
a 10ª Turma de Guardas Municipais de Curitiba.
Em 14 de setembro de 2004, conforme determinação da
Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, com o intuito de
facilitar a memorização dos números telefônicos de emergência para
a população em todo o país, o número telefônico das Guardas
Municipais passou de 1532 para 153.
Cumprindo o estatuído na Lei Federal n.º 10.826/2003,
(Estatuto do Desarmamento) e artigos 43 e 44 do Decreto Federal n.º
5.123/2004, o Decreto Municipal nº. 367 de 16 de abril de 2007
instituíram a Corregedoria da Guarda Municipal na estrutura
organizacional da Procuradoria Geral do Município, bem como o
Guarda Municipal Agente da Cidadania
89
Decreto Municipal nº. 383 de 19 de abril de 2007, instituiu a Ouvidoria
da Guarda Municipal na estrutura organizacional da Secretaria
Municipal da Defesa Social.
A Guarda Municipal de Curitiba no mês de outubro de
2007 receberá 200 novos rádios comunicadores portáteis e, ao
mesmo tempo, colocariam nas ruas 144 novos guardas aprovados
em concurso público. Todos passaram por um curso de treinamento
de 680 horas, na Escola Superior de Polícia Civil, com estágio de 80
horas nas ruas de Curitiba. Desde 2005, a Guarda Municipal ganhou
540 novos integrantes.
A Guarda Municipal também começará a colocar equipes
em locais onde é necessária uma ação pontual, como terminais de
ônibus do transporte coletivo, nos horários de pico, e grandes
eventos, como shows e jogos de futebol.
Desde que a Prefeitura de Curitiba decidiu investir na
melhoria da segurança, contratando novos guardas municipais,
adquirindo equipamentos e construindo estruturas como os Núcleos
de Proteção do Cidadão, a Polícia Militar do Paraná conseguiu
Claudio Frederico de Carvalho
90
distribuir melhor seu efetivo nas ruas da cidade, concentrando seus
objetivos. O patrulhamento de todos os parques e praças e o
atendimento a ocorrências simples, como perturbação do sossego e
pichação (vandalismo), por exemplo, hoje é de responsabilidade
exclusiva da Guarda Municipal.
Em 2004, a Guarda atendeu 3.854 ocorrências gerais.
Esse número pulou para 13.528 em 2005 e para 19.084 no ano
passado. Até 19 de setembro de 2007, já foram atendidas 17.132
ocorrências.
Atualmente o Departamento da Guarda Municipal de
Curitiba está inserido na Secretaria Municipal da Defesa Social -
SMDS, tendo em seu efetivo total 1701 servidores sendo estes: 30
Guardas Nível III (Inspetores), 93 Guardas Nível II (Supervisores) e
1578 Guardas Nível I (Guardas Municipais, dando ênfase ao lema:
“SALVAGUARDANDO A VIDA, NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO”
Guarda Municipal Agente da Cidadania
91
6 CONCLUSÃO
As pessoas que se recusam em admitir que as
Guardas Municipais, dentro da sua função institucional, são
organismos de segurança pública, em virtude das restritas e errôneas
interpretações, acabam, por conseguinte, contribuindo indiretamente
para com objetivos escusos, tais como: 1- t ransferir a parcela de
culpa pela insegurança local, à escalões superiores; 2- negar a
parcela de responsabilidade dos dirigentes municipais na área de
segurança pública; 3- motivar o uso da insegurança dos munic ípios
como plataforma política; 4- beneficiar a manutenção do “status quo”
de alguns, em detrimento do índice alarmante da falta de segurança
generalizada (lei da oferta e da procura ― quanto mais escasso e
procurado o produto, mais caro será); 5- incentivar a ampliação do
serviço paralelo de segurança, sendo uma atividade eminentemente
de natureza privada, com fins lucrativos; e, por fim, 6- permitir o
crescimento da criminalidade, relacionado à sensação de impunidade
do Estado, para com o infrator.
Cabe lembrar que a Segurança Pública é uma
atividade exclusiva do Poder Estatal, sendo desenvolvida pela União,
Estados Membros, Distrito Federal e Munic ípios, todos tendo o dever
legal de fornecer, dentro da sua esfera de atuação, uma prestação de
serviço de excelência, minimizando desta forma, os índices de
insegurança.
Claudio Frederico de Carvalho
92
Delegar esta função à instituições privadas, é o
mesmo que transferir o poder familiar de um filho a um desconhecido.
As atividades próprias do Estado são indelegáveis, pois só,
diretamente ele, as pode exercer. Dentre elas se inserem o exercício
do poder de polícia de segurança pública e o controle do trânsito de
veículos. Desta forma, torna-se prejudicada a outorga à pessoa
jurídica de direito privado, o exercício do poder de polícia sendo essa
delegação, contrária às disposições da Constituição Federal.
Atualmente, encontramos no serviço de segurança
privada, quase que o triplo do contingente policial existente no país,
mostrando claramente a ausência dos poderes públicos constituídos,
na resolução dos problemas.
Convém ressaltar que muitas vezes, em virtude da
ausência de políticas de segurança municipais, integradas às demais
ações dos organismos de segurança estadual e federal, surgem, em
determinadas regiões, crises que acabam tomando proporções
assustadoras. Como exemplo, a cidade do Rio de Janeiro que, há
alguns anos, vem sendo veiculada na mídia nacional e internacional
como a cidade tomada pelo crime, onde a população acabou
tornando-se refém do criminoso em suas próprias residências.
Diante desses fatos, os municípios devem, por meio
dos seus dirigentes, abdicarem da posição cômoda de aguardar
providências superiores para os problemas locais.
A falha na segurança pública, até pouco tempo atrás,
estava relacionada com a ausência de sintonia e sinergia entre as
esferas públicas, no âmbito municipal, estadual e federal, onde cada
Guarda Municipal Agente da Cidadania
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qual transferia a sua parcela de responsabilidade para outro
segmento.
Após muitos estudos sobre o assunto, foi
diagnosticado o problema, desencadeando-se então, por meio do
governo federal, medidas que visam suprir, de maneira significativa
estes focos globais e locais, com o emprego das Guardas Municipais.
Com o advento do Plano Nacional de Segurança
Pública, iniciou-se uma nova etapa na existência das Guardas
Municipais, onde estas corporações passaram a assumir, cada vez
mais, a sua parcela de responsabilidade frente à segurança pública
local.
Conforme menciona o professor Luiz Otavio Amaral,
“Quase sempre, entre nós, quem gerencia o sistema policial ou não
conhece profundamente qual a razão teleológica da
instituição/função, ou, quando conhece, padece do vício do
corporativismo deturpante. Enfim, a polícia, entre nós, ainda não
alcançou a sólida cultura básica de profissionalismo”51
.
Desse modo, cabe lembrar que a individualidade e o
respeito de cada corporação que atua na esfera policial estão,
efetivamente, na valorização dos seus integrantes e na manutenção
de uma identidade própria, vindo uma a acrescer com a existência da
outra.
51
AMARAL, Luiz Otavio de Oliveira. Direito e Segurança Pública, a
juridicidade operacional da polícia p. 15.
Claudio Frederico de Carvalho
94
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95
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