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Trabalho sobre o regime de bens de participação final de aquestos
Disciplina: Direito de Família e Correlatos
Professora: Inês Alegria
Aluno: Ulisses Beltrão
STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 954567 PE 2007/0098236-3
RELATOR: MINISTRO MASSAMI UYEDA
RECORRENTE: EDNEIDE MARIA PORTO DE SANTANA - ESPÓLIO
REPR. POR: EUNICE PINHEIRO PORTO – INVENTARIANTE
RECORRIDO: JOSÉ ALDO DE SANTANA
RELATÓRIO
Cuida-se de recurso especial interposto pelo ESPÓLIO DE EDNEIDE MARIA PORTO DE SANTANA - ESPÓLIO, fundamentado no artigo 105, inciso III, alíneas a e c, daConstituição Federal, em que se alega violação dos artigos 111, 112, 1.369, 1.672, 1.674, incisos I, II e III, 1.725 e 1.837 do Código Civil e divergência jurisprudencial.Os elementos existentes nos autos dão conta de que, em razão do passamento de EDNEIDE MARIA PORTO DE SANTANA, sua genitora, a Sra. EUNICE PINHEIRO PORTO, ingressou com o pedido de abertura de inventário, momento em que declarou que a de cujus era casada com o Sr. JOSÉ ALDO DE SANTANA, sob o regime de Participação Final nos Aquestos, nos termos do pacto antenupcial firmado entre eles, em que constava expressamente a exclusão de qualquer partilha, inclusive por herança ou sucessão, o patrimônio de cada cônjuge adquirido antes do casamento (fls. 41/47).
Diante do pedido de adjudicação do espólio, formalizado pela mãe da falecida, o MM. Juiz decidiu em partilhar o monte pertencente ao ESPÓLIO DE EDNEIDE MARIA PORTO DE
SANTANA, na proporção de 50% (cinquenta por cento) para o viúvo e 50% (cinquenta por cento) para a sua ascendente (fls. 26/28).
Contra essa decisão, o ESPÓLIO DE EDNEIDE MARIA PORTO DE SANTANA, representado pela inventariante EUNICE PINHEIRO PORTO, interpôs agravo de instrumento, tendo o Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco negado provimento ao recurso, em acórdão assim ementado:
"DIREITO DAS SUCESSÕES - MEAÇAO - REGIME PATRIMONIAL - CÔNJUGE SUPÉRSTITE - DIREITO À HERANÇA INDEPENDENTE DO REGIME MATRIMONIAL.
1 - De acordo com o Código Civil, em seu art. 1837, concorrendo com o ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; se houver só um ascendente vivo o cônjuge herdará a metade da herança, não sendo possível, portanto, afastar o cônjugesobrevivente da sucessão, nem mesmo por escritura pública de pacto antenupcial, como pretende a agravante, inventariante/ascendente, porquanto tão somente através da deserdação se poderia excluir o cônjuge da legítima, o que não é a hipótese dos autos.Por maioria, negou-se provimento ao recurso de Agravo de Instrumento interposto."(fl. 153).
Os embargos de declaração, assim opostos, foram rejeitados (fls. 229/231).
Irresignado, o ESPÓLIO de EDNEIDE MARIA PORTO DE SANTANA interpõe recurso especial, fundamentado no artigo 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição Federal, em que se alega violação dos artigos 111, 112, 1.369, 1.672, 1.674, incisos I, II eIII, 1.725 e 1.837 do Código Civil e divergência jurisprudencial. Sustenta o recorrente, em síntese, que o cônjuge sobrevivente concorre na sucessão com o ascendente apenas quanto aos aquestos (fls. 240/253) .Em contrarrazões, defende o recorrido a manutenção do acórdão recorrido (fls. 259/266).
Admitido o apelo nobre pelo juízo prévio de admissibilidade (fls. 269/270), ascendeu o presente recurso a este Superior (fls. 273/274).
O Ministério Público Federal emitiu parecer pelo improvimento do recurso (fls. 279/282).
Vieram os autos conclusos (fl. 283-verso).
RECURSO ESPECIAL Nº 954.567 - PE (2007/0098236-3)EMENTA
RECURSO ESPECIAL - SUCESSAO - CÔNJUGE SUPÉRSTITE - CONCORRÊNCIA COM ASCENDENTE, INDEPENDENTE O REGIME DE BENS ADOTADO NO CASAMENTO - PACTO ANTENUPCIAL - EXCLUSAO DO SOBREVIVENTE NASUCESSAO DO DE CUJUS - NULIDADE DA CLÁUSULA - RECURSO IMPROVIDO.1 - O Código Civil de 2.002 trouxe importante inovação, erigindo o cônjuge como concorrente dos descendentes e dos ascendentes na sucessão legítima. Com isso, passou-se a privilegiar as pessoas que, apesar de não terem qualquer grau de parentesco, são o eixo central da família.2- Em nenhum momento o legislador condicionou a concorrência entre ascendentes e cônjuge supérstite ao regime de bens adotado no casamento.
3 - Com a dissolução da sociedade conjugal operada pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente terá direito, além do seu quinhão na herança do de cujus, conforme o caso, à sua meação, agora sim regulado pelo regime de bens adotado no casamento.
4 - O artigo 1.655 do Código Civil impõe a nulidade da convenção ou cláusula do pacto antenupcial que contravenha disposição absoluta de lei.
5 - Recurso improvido.