trabalho saÚde e trabalho em professores eduardo josé farias borges dos reis tânia maria de...

42
TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Upload: internet

Post on 17-Apr-2015

102 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES

Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz

Departamento de Saúde SINPRO-BA

Page 2: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

• Maior categoria profissional do mundo;

• Importância social;

• Estudos relativamente escassos das

condições de trabalho e saúde;

• Concentração dos estudos: problemas da voz

osteomusculares

distúrbios psíquicos

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Page 3: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Mudança no mundo do trabalho: globalização neoliberal

Desdobramento na estruturação e valorização social das atividades docentes:

• Desvalorização social do professor• Mudança dos conteúdos curriculares• Mudança da relação professor-aluno (cliente)• Escassez dos recursos materiais• Deficiência das condições de trabalho• Aumento das exigências do papel do professor• Fragmentação do papel do professor

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Page 4: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

MULHER NA EDUCAÇÃOMULHER NA EDUCAÇÃO

A educação é uma profissão que a mulher tem ocupado majoritariamente:– Expansão do setor educacional.– Incorporação ao mundo de trabalho (motivada pela crise

econômica, crise de emprego e a luta das mulheres pelos seus direitos).

– Ser considerada uma atividade própria das mulheres por envolver o “cuidados dos outros”.

– Considerar-se uma extensão das atividades realizadas em casa, uma extensão da família e oferecer aparentemente condições adequadas para continuar cumprindo o tradicional papel familiar feminino.

– A sugestão familiar, fácil acessibilidade, próprias capacidades percebidas e possibilidades de emprego.

– No censo de professores de 1997, 86% dos professores eram mulheres (INEP, 1999)

Page 5: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

SALÁRIO E VALORIZAÇÃO SOCIALSALÁRIO E VALORIZAÇÃO SOCIAL

“Não obstante, no momento atual, nossa sociedade tende a estabelecer o status social com base no nível de vida salarial. A idéia de saber, abnegação e vocação caiu por terra na valorização social.” (Esteve, 1999).

A média de salário dos professores, dentro da educação básica na rede particular de ensino no Brasil, é de 675 reais, no Estado da Bahia, 396 reais (INEP, 1999).

Page 6: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

•O “mal-estar docente” (Esteve,

1995); esgotamento, fadiga,

burnout;

MAL-ESTAR DOCENTEMAL-ESTAR DOCENTE

•Trabalho docente é

considerado estressante:

alta jornada de trabalho,

conflitos com alunos,

acúmulo de tarefas intra e

extraclasse.

Page 7: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

PROFESSOR E SAÚDEPROFESSOR E SAÚDE

Tradicionalmente, a docência não tem sido uma profissão considerada de risco direto para a saúde.

Em Estados Unidos, uma pesquisa, mostrou que 27% dos educadores padeciam problemas crônicos de saúde decorrentes do trabalho (OIT, 1981).

Page 8: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

O Serviço Médico da Delegação de Educação do Governo Vasco (Espanha) mostrou que os problemas de saúde que mostraram mais dias de afastamento foram transtornos mentais, enfermidades osteomusculares, traumatismos e transtornos da fonação (Belandia, 2001).

Em professores da rede particular de Salvador, 33% responderam afirmativamente a respeito de presença de problemas de saúde ocorridos nos últimos 15 dias antes da coleta dos dados (Araújo et al., 1998; Silvany et al., 2000).

Page 9: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Segundo Kohen & Valles (1994), 40% dos professores na Argentina vão à escola doentes.

O Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador, de Salvador, registrou, entre 1991 e 1995, demanda no ambulatório de 76 docentes. Quarenta e seis educadores (61%) foram diagnosticados como portadores de doenças ocupacionais (CESAT, 1997).

Page 10: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Segundo dados do Departamento de Educação de Araba, na Espanha, 27% dos professores ficaram afastados do trabalho no período 1996/97 por problemas de saúde (Lan Ossasuna, 1998).

Page 11: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Para o professor– Diversas enfermidades– Depressões

Para o aluno

Para o sistema– Custo econômico (ausentismo, abandono da

profissão, custo econômico da enfermidade...)(Palomares, 2001)

CUSTOS E CONSEQÜÊNCIAS DAS CUSTOS E CONSEQÜÊNCIAS DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE E TRABALHO CONDIÇÕES DE SAÚDE E TRABALHO

DOCENTEDOCENTE

Page 12: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

• Descrever características do trabalho dos professores em

Salvador e Vitória da Conquista;

• Descrever condições de saúde dos professores de Salvador

e Vitória da Conquista;

• Avaliar associação entre características do trabalho

docente e condições de saúde física e mental em

professores de Salvador e Vitória da Conquista

OBJETIVOSOBJETIVOS

Page 13: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

MÉTODOS

Page 14: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

MÉTODOSMÉTODOS Estudos epidemiológicos exploratórios de corte

transversal

População estudada/Critério de seleção da amostra: 1- Rede particular de ensino básico de Salvador: selecionado por

amostragem aleatória por conglomerados (escolas), estratificada, proporcional;

2- Rede particular de ensino básico de Vitória da Conquista: todos os professores das 10 maiores escolas;

3- Rede municipal de ensino pré-escolar e fundamental I e II de Vitória da Conquista: censo

Page 15: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

• Foram incluídos os professores que: – Encontravam-se em efetivo exercício da atividade docente no momento da realização da pesquisa.

• Foram excluídos:– Professores de educação física; – Informática; e – Línguas estrangeiras.

MÉTODOS

Page 16: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Os Questionários continham dados sobre:Os Questionários continham dados sobre:

1- Variáveis sociodemográficas (sexo, idade, cor da pele, escolaridade)

2- Trabalho profissional: carga horária, tempo de trabalho como professor, número de alunos e de turmas, turno de trabalho.

3- Condições de trabalho: avaliou-se as cargas de trabalho (barulho, luminosidade, mobiliário, temperatura, exigências físicas).

4- Avaliação de queixas de saúde e morbidade referida (queixas de sintomas osteomusculares, relacionados à voz, ao aparelho respiratórios, alergias)

5- Avaliação de saúde mental: investigou-se distúrbio psíquico menor usando o “Self Report Questionnaire” (SRQ-20).

MÉTODOS

Page 17: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Distúrbios Psíquicos MenoresDistúrbios Psíquicos Menores

Self Report Questionnaire” - SRQ-20

Instrumento auto-aplicado, com 20 itens;

Ponto de corte 7 ou mais questões;

“screening” para sintomas psíquicos não psicóticos;

Padronizado internacionalmente e validado para a população brasileira;

Desempenho aceitável quanto a sensibilidade, especificidade e validade.

MÉTODOS

Page 18: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

CANSAÇO MENTAL - NERVOSISMOCANSAÇO MENTAL - NERVOSISMO

Cansaço mental e nervosismo podem ser considerados respostas emocionais aos estresse (Begley, 1998)

Cansaço mental: perda da capacidade potencial ou efetiva, corporal e psíquica (Laurell e Noriega, 1989)

Nervosismo (irritabilidade) é uma manifestação psíquica que surge posteriormente ao estado de cansaço mental, que em última instância relaciona-se também ao processo de desgaste advindo do processo de trabalho (Seligmann-Silva, 1994)

MÉTODOS

Page 19: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

RESULTADOS

Page 20: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Características gerais do trabalho dos professores da rede

particular de ensino. Salvado, Bahia.

Variável

n

Média

Desvio padrão

Idade* 559 34,7 8,7 Tempo de trabalho como professor* 548 11,5 7,7 Tempo de trabalho na escola em que preencheu o questionário*

533 5,8 5,7

Número de turmas que ensina 501 7,4 6,2 Número médio de alunos por turma nesta escola

549 33,2 13,3

Número de horas-aula por semana 501 25,2 12,8 Número de outras escolas em que trabalha

234 1,7 1,3

Tempo de trabalho em escola pública* 98 8,9 7,2 Carga horária semanal de outra atividade remunerada

98 16,5 10,7

* em anos.

Page 21: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

TIPO DE ESCOLA VARIÁVEL PEQUENA MÉDIA GRANDE n x DP n x DP n x DP ________________________________________________________________________ Idade (anos) 128 32,4 7,7 196 33,9 8,0 235 36,5 9,3

Tempo de trabalho como

professor (anos) 125 9,2 6,0 193 10,4 7,0 230 13,6 8,6

Tempo de trabalho nessa

escola (anos) 122 5,0 5,0 188 5,2 5,2 223 6,8 6,3

Número total de turmas 114 4,1 4,8 179 8,4 6,1 208 8,3 6,3

Total de horas-aula/sem 114 22,3 10,6 178 25,6 13,9 209 26,4 12,8

Número de outras escolas

em que trabalha 26 1,6 2,4 86 2,0 1,4 122 1,6 0,8

Carga horária semanal em outra atividade remunerada 27 13,2 7,2 29 18,3 13,2 42 17,5 10,5

Descrição geral da população estudada segundo o tipo de escola, Salvador, Bahia

Page 22: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Características do trabalho docente %

Aspectos positivos

Boa relação com os colegas

Autonomia no planejamento das atividades

Satisfação no desempenho da atividade docente

97,9%

89,8%

88,8%

Aspectos negativos

Esforço físico elevado

Exposição a poeira e pó de giz

Fiscalização contínua do desempenho

Ritmo acelerado de trabalho

78,8%

62,0%

61,9%

60,6%)

Características do trabalho docente referidas pelos Características do trabalho docente referidas pelos professores da rede particular de ensino de Salvadorprofessores da rede particular de ensino de Salvador

(N= 573).(N= 573).

Page 23: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Problemas de saúde n % Relacionadas ao uso intensivo da voz Dor na garganta Rouquidão Perda temporária da voz

283 249 129

49,5 43,5 22,6

Relacionadas à postura corporal Dor na pernas Dor nas costas Dor nos braços

270 258 143

47,1 45,0 25,0

Problemas psicossomáticos Cansaço Mental Nervosismo Esquecimento

227 145 124

39,6 25,3 21,6

Relacionados à exposição à pó de giz Espirros freqüentes Irritação nos olhos Problemas de pele

150 141 127

26,2 24,6 22,2

Principais queixas referidas pelos professores da rede Principais queixas referidas pelos professores da rede particular de ensino de Salvador (n = 573 professores).particular de ensino de Salvador (n = 573 professores).

Page 24: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Prevalência de distúrbios psíquicos menores (DPM) por tipo de Escola.

Tipo de Escola

DPM

N n % RP* IC(95%)

Pequena

Média

Grande

131 19 14,5 **

198 45 22,7 1,57 (0,96: 2,55)

243 51 21,0 1,45 (0,89; 2,34)

Total 572 115 20,1

* RP: Razão de Prevalência IC: Intervalo de confiança

** Grupo de referência (usado para comparação com os demais grupos)

Page 25: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Média de queixas de doença por tipo de escola e presença de distúrbios psíquicos menores (DPM)

Tipo de Escola/ Média de queixas Desvio-Padrão Valor de p*

Escolas Pequenas

Com DPM

Sem DPM

9,1

4,2

5,3

3,9

< 0,001

Escolas Médias

Com DPM

Sem DPM

12,4

5,3

5,0

3,4

<0,001

Escolas Grandes

Com DPM

Sem DPM

12,6

5,0

5,1

4,1

<0,001

Média global

Com DPM

Sem DPM

11,9

4,9

5,3

3,8

<0,001

* teste t bicaudal.

Page 26: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Rede Particular de SalvadorRede Particular de Salvador• 58 escolas, 575 professores

• Prevalência de Distúrbios

Psíquicos Menores: 20,3%

•Associação com DPM:

trabalho repetitivo

insatisfação no desempenho das atividades

ambiente intranqüilo e estressante

desgaste na relação professor-aluno

falta de autonomia no planejamento das atividades

ritmo acelerado de trabalho

pressão da chefia/coordenação

Page 27: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Vitória da Conquista-BA

• Município no sudoeste do Estado da Bahia

• Com 225.091 habitantes

• Economia baseada principalmente pelos serviços e pelo comercio.

Page 28: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Rede Particular de Ensino de Vitória da Conquista

• APRESENTAÇÃO DOS

DADOS DA REDE

PARTICULAR DE

VITÓRIA DA CONQUISTA

Page 29: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Rede Municipal de Vitória da Conquista

• 219 escolas (186 na zona rural e 33 na zona urbana) e

20 creches

• 808 professores

Page 30: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Rede Municipal de Vitória da Conquista

• Foram investigados mais detalhadamente aspectos da saúde mental.

Dentre os problemas de saúde mais prevalentes na população estudada destacaram-se :

* Cansaço Mental : 70,1 %

* Nervosismo: 49,2%

* Distúrbios psíquicos menores: 55%

Page 31: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Rede Municipal de Vitória da ConquistaAssociação estatística

• Cansaço Mental• Ser mulher

• Idade 27 anos

• Renda R$360,00

• Lecionar 5 anos

• Vínculo estável

• Trabalhar zona urbana

• Carga horária 35h

• Alta demanda

• Nervosismo• Ser mulher• Idade 27 anos• Ter filhos• Nível médio de escolaridade• Sobrecarga doméstica alta/média• Não ter lazer regular• Lecionar 5 anos• Vínculo empregatício estável• Trabalhar na zona urbana• Carga horária 35h• Alta demanda• Baixo suporte social

Page 32: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Rede Municipal de Vitória da Conquista

• Associação com Distúrbios Psíquicos Menores: das 37 variáveis independentes estudadas, 23 estiveram associadas, como por exemplo:

sexo feminino

zona de trabalho urbana

vínculo de trabalho estável

tempo como professor maior ou igual a 5 anos

carga horária de trabalho maior ou igual 25h

sobrecarga doméstica alta e média

trabalho em alta exigência: alta demanda e baixo controle

Page 33: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Razões de Prevalência Bruta e Ajustada** (RP) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%) para a associação

entre grupos do Modelo Demanda-Controle e distúrbios psíquicos menores (DPM) para os professores de Vitória da

Conquista, Bahia, 2002.Grupos do Modelo Demanda-Controle

N* Prevalência de DPM

RP Bruto (IC 95%)

RP Ajustado (IC 95%)

Alta Exigência Demanda + Controle

72 77,8% 1,72(1,43-2,07)

1,74 (1,44-2,10)

Trabalho Passivo Demanda + Controle

56 51,8 1,15(0,86-1,53)

1,24 (0,92-1,66)

Trabalho Ativo Demanda + Controle

255

62,4 1,38(1,17-1,63)

1,35 (1,13-1,61)

Baixa Exigência Demanda + Controle

257

45,1 1,00 1,00

* A Razão de Prevalência (RP) foi calculada com a situação de Baixa Exigência no denominador** RP Ajustada por sexo, vínculo de trabalho, zona de trabalho, carga horária semanal em sala de aula e recebimento de ajuda em atividade doméstica. Utilizando-se a Análise de Regressão Logística Múltipla (ARLM). Ao final foi necessário proceder-se ao cálculo das estimativas de RP.

Page 34: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

DISCUSSÃO

Page 35: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

LIMITES DO ESTUDOLIMITES DO ESTUDO Estudos de corte transversal

não estabelecem nexo causal; apontam associação entre variáveis estudadas; efeito do trabalhador sadio

Viés de informação conflito entre sindicato e governo coleta no final do ano letivo ampliação do espaço democrático

Page 36: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

PERFIL DOS PROFESSORESPERFIL DOS PROFESSORES

Alto percentagem de mulheres

Vários lugares de trabalho

Elevada carga horária total de trabalho docente

Baixa renda

Alta percepção de demanda psicológica e física no trabalho

Page 37: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

SAÚDESAÚDE

Elevada proporção de problemas de saúde referidos, destacando-se:– Os relacionados com a postura corporal– Os relacionados com a saúde mental– Os relacionados com a voz

Alta prevalência de distúrbios psíquicos menores: (42%)

Page 38: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

FATORES DE RISCOFATORES DE RISCO

Os relacionados com a postura corporal– Correção de trabalhos escolares– Demanda física no trabalho

Os relacionados com a saúde mental– Demanda psicológica e suporte social– Dedicação de tempo a atividades particulares– Trabalho com alta exigência

Os relacionados com a voz– Uso incorreto da voz

Page 39: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

PERSPECTIVAS DE ESTUDO

Page 40: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

• Revisão sistemática da literatura

• Estudos longitudinais para estabelecer relações de causalidade

• Estudos de analise qualitativa que contemplem as variações interindividuais, influência histórica, política, social e cultura dos locais de trabalho

Page 41: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

RECOMENDAÇÕES DE MUDANÇA

• Eliminar demandas físicas desnecessárias no trabalho docente;

• Diminuir as demandas psicológicas;

• Aumentar o suporte social;

• Facilitar as condições para a realização de atividades promotoras de saúde (exercício físico e lazer);

• Informar aos professores sobre formas individuais de atenuar o estresse.

Page 42: TRABALHO SAÚDE E TRABALHO EM PROFESSORES Eduardo José Farias Borges dos Reis Tânia Maria de Araújo Cristina Kavalkievicz Departamento de Saúde SINPRO-BA

Os resultados do nosso estudo apóiam a hipótese de que o

desgaste psíquico dos professores é

determinado, em boa parte, pelo tipo e pela

forma de organização de seu

trabalho.