trabalho historia militar
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ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMASESCOLA SARGENTO MAX WOLFF FILHO
CONFLITOS ARMADOS DO BRASIL REPUBLICA ATE SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Leonardo Vieira da Silva - Al
Vinicius Albertino - Al
Gregory Barbosa Costa – Al
Jonathan Fernandes de Lima - Al
Três Corações2011
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ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMASESCOLA SARGENTO MAX WOLFF FILHO
AS RAÍZES DA FORÇA TERRESTRE BRASILEIRA
Grupo Nr 01 – Turma C-1 – Curso de Cavalaria
Três Corações2011
Trabalho apresentado à Escola de Sargentos das Armas como parte do Projeto Interdisciplinar do Curso de Formação de Sargentos, sob a orientação do 1º Sgt Cavalaria Rogério Kocuka.
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ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMASESCOLA SARGENTO MAX WOLFF FILHO
AS RAÍZES DA FORÇA TERRESTRE BRASILEIRA
Grupo Nr 01 – Turma C-1 – Curso de Cavalaria
Comissão Avaliadora
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Função
_______________________________
Função
_______________________________
Orientador
Três Corações2011
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RESUMO
No período que sucedeu a proclamação da republica no Brasil as forças armadas brasileiras
foram empregadas principalmente na supressão de conflitos internos e rebeliões que beiraram
a guerra civil como a guerra de canudos, guerra do contestado, a revoltas da armada, as
revoluções constitucionalistas, federalistas, a revolução de 1930, o movimento tenentista e a
coluna prestes. Terminado o período de conflitos internos o exercito brasileiro participou,
com um pequeno contingente, da primeira guerra mundial e com expressividade da campanha
dos aliados na Itália durante a segunda guerra mundial.
No ano seguinte à Proclamação da República, em 1890, houve uma reforma no ensino militar
brasileiro. Isto ocorreu por inspiração dos ideais positivistas dos líderes republicanos.
Entretanto as disparidades e a pobreza de certas regiões fomentaram conflitos de cunho
religioso no nordeste do Brasil o que foi o caso da guerra de canudos, onde sertanejos e ex-
escravos liderados por Antônio conselheiro se rebelaram contra a força dos latifundiários da
região o que acabou com uma serie de incursões militares por parte do exercito republicano.
Houve também a guerra do Contestado. Originada nos problemas sociais, decorrentes
principalmente da falta de regularização da posse de terras, e da insatisfação da população,
numa região em que a presença do poder público era deficiente, o embate foi agravado ainda
pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos
revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.
As dificuldades de negociação do presidente marechal Deodoro da Fonseca com as elites
cafeiculturas e a violação da constituição recém-promulgada em 1891 culminaram na primeira
revolta da armada. Que forçou a renuncia do presidente para que se evitasse uma guerra civil.
Da disputa pelo poder na nova republica entre oficiais da marinha e do exercito,
ocorreu a segunda revolta da armada. Nela almirantes da marinha sublevaram-se contra o
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presidente marechal Floriano Peixoto alegando ilegalidade de seu mandato. A revolta foi
contida com a compra as pressas de uma frota do exercito americano tripulada por
mercenários.
A Revolução Federalista ocorreu no sul do Brasil logo após a Proclamação da República, e
teve como causa a instabilidade política gerada pelos federalistas, que pretendiam "libertar o
Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos", então presidente do Estado.
Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear uma guerra civil, que
durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895, e que foi vencida pelos pica-paus, seguidores de
Júlio de Castilhos.
A divergência teve início com atritos ocorridos entre aqueles que procuravam a autonomia
estadual, frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada atingiu as regiões
compreendidas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
O marechal Hermes da Fonseca, ao assumir a pasta da Guerra em 1906, deu vigoroso impulso
à reforma da estrutura militar do país. Estabeleceu o serviço militar obrigatório, por sorteio, e
reorganizou o exército em bases modernas, reequipando-o. A lei do sorteio teve muitos
protestos, porém, foi efetivamente aplicada em 1916, por contingência da Primeira Guerra
Mundial.
O Brasil participou da Primeira Guerra Mundial, declarando guerra às potências centrais
(Alemanha, Império Otomano e Áustria-Hungria) e chegou a enviar um pequeno contingente.
Em 1919 houve uma reorganização do exercito brasileiro auxiliado por uma missão francesa
sob o comando do general francês Maurice-Gustave Gamelin.
Tenentismo foi o nome dado ao movimento político-militar e à série de rebeliões de jovens
oficiais de baixa e média patente do Exército Brasileiro no início da década de 1920,
descontentes com a situação política do Brasil. Não declaravam nenhuma ideologia,
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propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto
de cabresto, instituição do voto secreto e a reforma na educação pública.
A participação do Brasil na segunda guerra se foi dado com a criação da forca
expedicionária brasileira a FEB. Que combateu as forcas do eixo no teatro de operações da
Itália garantindo a consolidação do exercito brasileiro no cenário mundial.
Referência Bibliográfica deste Trabalho de Conclusão de Curso.
Este trabalho tem como objetivo relatar os fatos ocorridos na história
brasileira que levaram ao surgimento da atual força terrestre.
Palavras-chaves:
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SUMÁRIO
1 CAPITULO 1 - GUERRA DE CANUDOS.............................................. 07
2 CAPÍTULO 2 – GUERRA DO CONTESTADO ............................. 08
3 CAPÍTULO 3 – REVOLTA DA ARMADA .............................. 13
4 CAPÍTULO 4 – REVOLUCAO DE 1932 ......................................... 14
5 CAPÍTULO 5 – REVOLTA TENENTISTA........................................ 16
6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 17
7 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 18
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1 – GUERRA DE CANUDOS
A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca,
miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população
mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um
grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito
civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o
governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por
fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.
O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da
República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por
Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre
estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele
conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente
poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.
Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a
utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com
nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os
sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu
por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a
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interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para
conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais
bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os
impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e
muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e
crianças.
Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres
que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas
ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os
Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de
nosso país.
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CAPÍTULO 2 – GUERRA DO CONTESTADO
A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre
outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que
enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do
Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do
Parará e Santa Catarina.
A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma
empresa norte-americana, com apoio dos coronéis (grandes proprietários rurais com força
política) da região e do governo. Para a construção da estrada de ferro, milhares de família de
camponeses perderam suas terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da
região, que ficaram sem terras para trabalhar.
Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande área da região por de um grupo de
pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para
o estabelecimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exportação. Com isso,
muitas famílias foram expulsas de suas terras.
O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que
atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram
desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por
parte da empresa norte-americana ou do governo.
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Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil eram terreno fértil para o aparecimento de
lideranças religiosas de caráter messiânico. Na área do Contestado não foi diferente, pois,
diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava
a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com
prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de
seguidores, principalmente de camponeses sem terras.
Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com
a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a
acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o
governo e a ordem da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para
o local, com o objetivo de desarticular o movimento.
Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de
espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças
oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na
maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores.
A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender
Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a
trinta anos de prisão.
A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as
questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e
proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre. Não
havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia
organização daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis,
combatiam os movimentos com repressão e força militar.
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CAPÍTULO 3 – REVOLTA DA ARMADA
3.1 - A primeira Revolta da Armada
Em novembro de 1891, registrou-se como reação à atitude do presidente da República,
marechal Deodoro da Fonseca, que, com dificuldades em negociar com a oposição
representada pela elite cafeicultora, em flagrante violação da Constituição recém-promulgada
em 1891, ordenou o fechamento do Congresso. Unidades da Armada na baía de Guanabara,
sob a liderança do almirante Custódio de Melo, sublevaram-se e ameaçaram bombardear a
cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Para evitar uma guerra civil, o marechal
Deodoro renunciou à Presidência da República (23 de novembro de 1891).
Com a renúncia de Deodoro, passados apenas nove meses do início de seu
governo, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu o cargo (1892). A Constituição de 1891,
no entanto, previa nova eleição se a Presidência ou a Vice-Presidência ficassem vagas antes
de decorridos dois anos de mandato. A oposição acusou, então, Floriano de manter-se
ilegalmente à frente da nação.
3.2 - A segunda Revolta da Armada
O presidente Marechal Floriano Peixoto.
Começou a delinear-se em Março de 1892, quando treze generais enviaram uma
Carta-Manifesto ao Presidente da República, marechal Floriano Peixoto. Este documento
exigia a convocação de novas eleições presidenciais para que, cumprindo-se o dispositivo
constitucional, se estabelecesse a tranquilidade interna na nação. Floriano reprimiu duramente
o movimento, determinando a prisão de seus líderes.
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"Concidadãos, Contra a Constituição e contra a integridade da própria Nação, o
chefe do Executivo Floriano Peixoto mobilizou o Exército discricionariamente, pô-lo em pé
de guerra e despejou-o nos infelizes estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Contra
quem? Contra o inimigo do exterior, contra estrangeiros? Não. O vice-presidente armou
brasileiros contra brasileiros; levantou legiões de supostos patriotas, levando o luto, a
desolação e a miséria a todos os ângulos da República.
Sentinela do Tesouro Nacional como prometera, o chefe do Executivo perjurou,
iludiu a Nação, abrindo com mão sacrílega as arcas do erário público a uma política de
suborno e corrupção.
Viva a Nação Brasileira! Viva a República! Viva a Constituição!
Capital da República, 6 de setembro de 1893.
Contra-Almirante Custódio José de Melo" (in: Jornal do Brasil)
Fortificação passageira, 1894. Vê-se um canhão de 280 mm (único no Brasil),
posicionado à barbeta, e soldados do 4º Batalhão de Artilharia da Guarda Nacional.
Proveniente da série Revolta da Armada, Museu Histórico Nacional.
Em 6 de setembro de 1893, um grupo de altos oficiais da Marinha exigiu a
imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos
estavam os almirantes Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio de Melo, ex-
ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano. Sua adesão refletia o
descontentamento da Armada com o pequeno prestígio político da Marinha em comparação
ao do Exército. No movimento encontravam-se também jovens oficiais e muitos
monarquistas.
A revolta teve pouco apoio político e popular na cidade do Rio de Janeiro, onde
diversas unidades encouraçadas trocaram tiros com a artilharia dos fortes em poder do
Exército. Houve sangrenta batalha na Ponta da Armação, em Niterói, área guarnecida por
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aproximadamente 3.000 governistas, os quais eram compostos entre outros por batalhões da
Guarda Nacional. A capital do Estado do Rio, então em Niterói, foi transferida para a cidade
de Petrópolis em 1894, da onde só retornou em 1903. Sem chance de vitória na baía da
Guanabara, os revoltosos dirigiram-se para sul do país. Alguns efetivos desembarcam na
cidade de Desterro (atual Florianópolis) e tentaram, inutilmente, articular-se com os
federalistas gaúchos.
O presidente da República, apoiado pelo Exército brasileiro e pelo Partido
Republicano Paulista conteve o movimento em março de 1894, para o que fez adquirir, às
pressas, no exterior, novos navios de guerra, a chamada "frota de papel". A frota, adquirida
nos Estados Unidos, denominada pelos governistas como "Esquadra Flint", viajou do porto de
Nova York até a baía de Guanabara tripulada por mercenários estadunidenses. De acordo com
Joaquim Nabuco, as tropas contratadas para auxiliar o governo federal eram "a pior escória de
filibusteiros americanos".
CAPÍTULO 4 – REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932
A primeira batalha dos Guararapes, é um episódio da guerra contra a presença holandesa no
nordeste brasileiro, que começou especialmente depois de 1640.
A batalha ocorre num período em que sem intervenção directa da coroa portuguesa (que em
Portugal se encontrava perante a pressão da decadente mas ainda poderosa coroa das
Espanhas), os portugueses do Brasil, pegam em armas para expulsar os holandeses dos
territórios que eram parte da coroa portuguesa, e tomados à força pela Holanda a partir de
1630 e cujos domínios foram aumentando até que em Portugal ocorre a restauração da
monarquia portuguesa.
No inicio de 1648, uma poderosa força holandêsa é enviada do Recife para sul em direcção à
região da Bahia. Entretanto toma conhecimento de que o Recife foi cercado e marcha de volta
para norte para tentar aliviar a pressão dos portugueses sobre a cidade.
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O exército holandês na sua marcha para norte, de volta ao ponto de partida, é constituída por
cerca de 5.000 homens, e as forças portuguesas estão restringidas a apenas 2.200.
O objectivo, é impedir que os holandeses cheguem ao Recife, interceptando-os a meio
caminho, o que acontece numa região conhecida como Outeiros de Guararapes.
As tropas portuguesas, divididas em terços (ou batalhões) comandados por Francisco Barreto,
André Vidal e Henrique Dias, conseguem superiorizar-se através de tácticas de ataque furtivo,
e beneficiando do conhecimento do terreno, e da sua utilização para ganhar vantagens
tácticas.
As forças portuguesas ocupara posições elevadas, que os holandeses atacaram, embora com
grande esforço, para seguidamente verificarem que também havia posições portuguesas a
tomar outros pontos elevados estratégicos, que permitiam às forças portuguesas atingir os
holandeses sem que estes conseguissem ripostar.
De notar que a vitória portuguesa deveu-se não só à superioridade táctica dos seus
comandantes, mas também ao facto de os holandeses terem entretanto vindo a perder pontos
de apoio (fortes) na região, o que reduzia inevitavelmente a capacidade das suas tropas.
Pelo menos 500 holandeses morrem na refrega, pelo que a batalha foi determinante para o
espirito dos portugueses e foi determinante para o futuro da presença holandesa no Brasil.
Embora ainda tentassem no ano seguinte uma expedição semelhante, ela também não teve
sucesso, tendo resultado numa derrota ainda mais esmagadora, que acabaria por selar o fim do
periodo holandês no nordeste brasileiro.
É de especial importância, além da resistência demonstrada pelas forças portuguesas - na sua
esmagadora maioria constituídas por portugueses nascidos no Brasil - realçar a importância
do apoio dos escravos e dos índios autóctones, cujo apoio foi conseguido, às custas do
comportamento inamistoso dos funcionários da companhia holandesa das Índias para com os
residentes na região.
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CAPÍTULO 5 – TENENTISMO
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O tenentismo foi um movimento social de caráter político-militar que ocorreu no Brasil nas
décadas de 1920 e 1930, período conhecido como República das Oligarquias. Contou,
principalmente, com a participação de jovens tenentes do exército.
Este movimento contestava a ação política e social dos governos representantes das
oligarquias cafeeiras (coronelismo). Embora tivessem uma posição conservadora e autoritária,
os tenentes defendiam reformas políticas e sociais. Queriam a moralidade política no país e
combatiam a corrupção.
O movimento tenentista defendia as seguintes mudanças:
- Fim do voto de cabresto (sistema de votação baseado em violência e fraudes que só
beneficiava os coronéis);
- Reforma no sistema educacional público do país;
- Mudança no sistema de voto aberto para secreto;
Revoltas
Os tenentistas chegaram a promover revoltas como, por exemplo, a revolta dos 18 do Forte de
Copacabana. Nesta revolta, ocorrida em 5 de julho de 1922, foi durante combatido pelas
forças oficiais. Outros exemplos de revoltas tenentistas foram a Revolta Paulista (1924) e a
Comuna de Manaus (1924). A Coluna Prestes, liderada por Luis Carlos Prestes, enfrentou
poucas vezes as forças oficiais. Os participantes da coluna percorreram milhares de
quilômetros pelo interior do Brasil, objetivando conscientizar a população contra as injustiças
sociais promovidas pelo governo republicano.
Enfraquecimento do tenentismo
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O movimento tenentista perdeu força após a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao
poder. Vargas conseguiu produzir uma divisão no movimento, sendo que importantes nomes
do tenentismo passaram a atuar como interventores federais. Outros continuaram no
movimento, fazendo parte, principalmente, da Coluna Prestes.
Coluna prestes
Movimento ocorrido entre os anos de 1925 e 1927, encabeçado por líderes tenentistas que
empreenderam grandes jornadas para o interior do país, procurando fazer insurgir o povo
contra o regime oligárquico vigente durante a presidência de Artur Bernardes, ainda no
período da República Velha. A Coluna Prestes ainda pregava ao povo a necessidade da
destituição do presidente e a imediata reformulação econômica e social do país, pregando a
nacionalização das empresas estrangeiras fixadas no Brasil e o aumento de salários de
trabalhadores em todos os setores rurais e industriais. Em suas jornadas, que se estenderam
em uma distância de por volta de 25.000 quilômetros, a Coluna Prestes foi perseguida pelas
forças orientadas pelos governo, formada tanto por militares e policiais estaduais quanto por
jagunços contratados, estes últimos incentivados pelas promessas de anistia aos seus crimes
cometidos. Não tendo sofrido sequer uma derrota significativa nas guerrilhas contra o governo
ao longo de suas incursões pelo interior do país, que se estenderam por cerca de 29 meses, a
Coluna é contada pelos estrategistas militares do próprio Pentágono como uma das mais
prodigiosas façanhas militares da história das batalhas de guerrilha.
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A Coluna Prestes foi formada por militares envolvidos em dois movimentos rebeldes
anteriormente ocorridos no país: no Rio Grande do Sul, os rebeldes provenientes de uma
insurreição foram derrotados inicialmente pelos governo, mas conseguiram escapar; em São
Paulo, os rebeldes que haviam ocupado a cidade por 22 dias não tiveram outra escolha senão
organizar uma retirada, tendo em vista os bombardeios aéreos desferidos sobre a capital
paulista. Ambos os grupos rebeldes encontraram-se em suas rotas de retirada, no Estado do
Paraná: os paulistas eram então liderados pelo General Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa,
além dos tenentes Eduardo Gomes, Juarez Távora e Joaquim Távora: os gaúchos eram então
liderados Siqueira Campos, João Alberto e Luís Carlos Prestes. Todos passaram a fazer parte
das lideranças da Coluna, com exceção do General Isidoro Dias Lopes que, já idoso, acabou
por pedir asilo político à Argentina. O comando dos 1.500 homens reunidos deveria ser
unificado: o comando militar é exercido por Miguel Costa, sendo Luís Carlos Prestes o chefe
do Estado-maior. A Coluna, além de seu caráter militarista, passa a configurar um programa
de reformas, que é divulgado aos povoados com os quais o movimento entrou em contato em
suas jornadas. Apesar de sua invencibilidade frente às tropas do governo, a Coluna não
chegou a atingir seus objetivos de provocar a rebelião popular generalizada no interior do
país: o povo temia grandemente possíveis represálias do governo. Desta forma, a coluna não
conseguiu derrubar o governo vigente. Porém, os tenentistas que da Coluna participaram
decisivamente no quadro político do período da Revolução de 30 e, no caso de Prestes, na
Intentona Comunista de 1935. Ao fim das jornadas da Coluna pelos interior do país, muitos
membros remanescentes ainda prosseguiram sua luta contra os regimes oligárquicos na
Bolívia e no Paraguai.
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CAPÍTULO 6 – PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
O Brasil oficialmente declarou neutralidade em 4 de agosto de 1914. Desta forma, somente
um navio brasileiro, o Rio Branco, foi afundado por um submarino alemão nos primeiros anos
da guerra em 3 de maio de 1916, mas este estava em águas restritas, operando a serviço inglês
e com a maior parte de sua tripulação sendo composta por noruegueses, de forma que, apesar
da comoção nacional que o fato gerou, não poderia ser considerado como um ataque ilegal
dos alemães.
As relações entre Brasil e o Império Alemão foram abaladas pela decisão alemã de autorizar
seus submarinos a afundar qualquer navio que entrasse nas zonas de bloqueio. No dia 5 de
abril de 1917 o vapor brasileiro Paraná, um dos maiores navios da marinha mercante (4.466
toneladas), carregado de café, navegando de acordo com as exigências feitas a países neutros,
foi torpedeado por um submarino alemão a milhas do cabo Barfleur, na França, e três
brasileiros foram mortos.
A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi estabelecida em função de uma série
de episódios envolvendo embarcações brasileiras na Europa. No mês de abril de 1917, forças
alemãs abateram o navio Paraná nas proximidades do Canal da Mancha. Seis meses mais
tarde, outra embarcação brasileira, o encouraçado Macau, foi atacado por alemães.
Indignados, populares exigiram uma resposta contundente das autoridades brasileiras.
Na época, o presidente Venceslau Brás firmou aliança com os países da Tríplice Entente
(Estados Unidos, Inglaterra e França), em oposição ao grupo da Tríplice Aliança, formada
pelo Império Austro-húngaro, Alemanha e Império Turco-otomano. Sem contar com uma
tecnologia bélica expressiva, podemos considerar a participação brasileira na Primeira Guerra
bastante tímida. Entre outras ações, o governo do Brasil enviou alguns pilotos de avião, o
oferecimento de navios militares e apoio médico.
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Apoio aos aliados
A abertura dos portos brasileiros a unidades aliadas e a responsabilidade pelo patrulhamento
do Atlântico Sul pela esquadra brasileira foram as primeiras ações em apoio ao esforço de
guerra aliado.
A Divisão Naval em Operações de Guerra, comandada pelo contra-almirante Pedro Max
Fernando Frontin, incorporou-se à esquadra britânica em Gibraltar e realizou o primeiro
esforço naval brasileiro em águas internacionais.
Em cumprimento aos compromissos assumidos com a Conferência Interaliada, reunida em
Paris de 20 de novembro a 3 de dezembro de 1917, o Governo brasileiro enviou uma missão
medica composta de cirurgiões civis e militares, para atuar em hospitais de campanha do
teatro de operações europeu, um contingente de sargentos e oficiais para servirem junto ao
exército francês; aviadores do Exército e da Marinha para se juntarem à Força Aérea Real, e o
emprego de parte da Esquadra, fundamentalmente na guerra anti-submarina.
O Plano Calógeras
Em 1918 ficou pronto um estudo confidencial encomendado pelo candidato presidencial
eleito naquele ano, Rodrigues Alves. Este estudo, coordenado pelo parlamentar especialista
em política externa e assuntos militares João Pandiá Calógeras, no tocante à entrada do Brasil
no conflito, recomendava o envio de uma força expedicionário de considerável tamanho para
lutar na guerra, utilizando-se de todos os meios (incluindo os navios das potências inimigas já
apreendidos em portos e águas brasileiras) para fazer desembarcar a tropa em solo francês
onde esta seria treinada e equipada pelos franceses, tudo financiado com empréstimos
bancários americanos, que por sua vez seriam quitados pelas compensações impostas às
potências derrotadas após a guerra.
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Este Plano (que só foi tornado público após a morte de seu elaborador e) que continha
propostas em relação à várias àreas governamentais, no que se referia à participação do país
no conflito independia da falta da infraestrutura industrial-militar que caracterizava o Brasil à
época, porém devido aos rumos tomados pelos acontecimentos internos e externos àquele ano,
somados as circunstâncias específicas da política brasileira de então incluindo a oposição de
parte da população à guerra, assim como a falta de uma política externa clara, impediram que
o mesmo fosse levado adiante, evitando assim que o país tivesse maior participação no
conflito.
Participação do Exército
Com o arquivamento do Plano Calógeras no tocante ao envolvimento militar do País na
guerra, a participação brasileira nas operações terrestres naquele conflito se resumiu ao envio
de uma missão composta de sargentos e oficiais do Exército Brasileiro em janeiro de 1918
para se inteirar das modernas técnicas de organização e combate, operando junto ao exército
francês no front ocidental.
Dentre os oficiais enviados, estavam os então, tenente José Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque, que ao longo da carreira se firmaria como importante ideólogo e reformador do
exército brasileiro[5] e major Tertuliano Potyguara, este último figura controversa e de
destaque na campanha do Contestado, foi ferido na Batalha do Canal de St. Quentin durante a
Ofensiva Meuse-Argonne.
Missão médica militar
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Em 18 de agosto de 1918, a Missão Médica, chefiada pelo Dr. Nabuco Gouveia e orientada
pelo General Napoleão Aché, partiu com 86 médicos. Em 24 de setembro de 1918, a Missão
Médica brasileira chegou à terra francesa pelo porto de Marselha, depois de uma viagem
acidentada. Uma missão foi enviada ao teatro de guerra europeu com a finalidade de instalar
um hospital. Integravam a missão 92 médicos, sendo dez militares e os demais mobilizados e
convocados nos respectivos postos privativos de oficiais. Além dos médicos, integravam a
missão acadêmicos, farmacêuticos, pessoal de apoio administrativo e um pelotão de
segurança. A contribuição da missão médica brasileira materializou-se no apoio dado à
população francesa contra um surto de gripe que assolava aquele país, o que garantiu a
continuidade do apoio logístico às tropas da frente de combate. A Missão Médica foi extinta
em fevereiro de 1919.
Participação da Marinha
Cruzador Bahia
Coube a marinha a maior, embora modesta, contribuição militar brasileira no conflito. Para
cumprir as atribuições da Marinha, o Ministro, Almirante Alexandrino Faria de Alencar,
determinou a organização de uma força-tarefa que permitisse a efetiva participação da
Marinha brasileira na Primeira Guerra Mundial. Logo, pelo Aviso Ministerial nº 501, de 30 de
janeiro de 1918, foi constituída a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), composta
de unidades retiradas das divisões que formavam a Esquadra brasileira. Passaram a compor a
DNOG os cruzadores Rio Grande do Sul e Bahia, os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do
Norte, Paraíba e Santa Catarina, o Tender Belmonte e o Rebocador Laurindo Pitta.
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Esta Divisão foi incumbida de patrulhar a área compreendida pelo triângulo marítimo cujos
vértices eram a cidade de Dacar, na costa africana, o arquipélago de São Vicente, no Oceano
Atlântico, e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo. Ficaria sob as ordens do Almirantado
britânico, representado pelo Almirante Hischcot Grant. E para comandá-la, o ministro
designou um dos oficiais de maior prestígio na época, o Contra-Almirante Pedro Max
Fernando Frontin, nomeado em 30 de janeiro de 1918.
A guerra no mar, para o Brasil, teve início no dia 1 de agosto, quando da partida da DNOG do
porto do Rio de Janeiro. No dia 3 de agosto de 1918, o navio brasileiro Maceió foi torpedeado
pelo submarino alemão U-43. Em 9 de agosto de 1918, atingiu Freetown, permanecendo 14
dias neste ponto, quando então os homens começaram a adoecer com o vírus da gripe
espanhola.
Na noite do dia 25 de agosto, na travessia de Freetown para Dacar, a divisão sofreu um ataque
torpédico feito por submarino alemão, mas sem causar vítimas ou danos nos navios.
Felizmente, os torpedos passaram sem causar danos entre os navios brasileiros, que lançaram
um contra-ataque usando cargas de profundidade, tendo a marinha real britânica creditado aos
brasileiros o afundamento de um submarino inimigo.[7]
Posteriormente, já fundeada no porto de Dacar, a tripulação da divisão foi vítima da epidemia
conhecida na época como a gripe espanhola, que tirou a vida de mais de uma centena de
marinheiros e imobilizou a Força por dois meses naquele porto.
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Entre o comando naval aliado houve intenso debate sobre como as forças da frota brasileira
deveriam ser utilizadas; "Os italianos queriam-los no Mediterrâneo, já os americanos
preferiam que trabalhassem em estreita colaboração com suas próprias forças no Atlântico
Norte, enquanto os franceses queriam mantê-los na proteção do tráfego marítimo comercial ao
longo da costa ocidental norte-africana entre Dakar e Gibraltar."[8] Esta hesitação do
comando aliado, combinada com o atraso ao longo de 1918 para se lançar a esquadra ao mar
devido à problemas operacionais, além da epidemia que atingiu a tripulação no final de
agosto, fez com que a frota chegasse a Gibraltar somente no início de novembro de 1918,
apenas para ver dias depois, o armistício com a Alemanha ser assinado, pondo fim na guerra.
Fim da guerra
Em 11 de novembro de 1918, foi assinado o armistício, tão ansiosamente esperado pelos
europeus cujos países foram devastados pelo conflito. O Brasil deu sua módica parcela de
contribuição e graças à isso conseguiu assento na Conferência de Paz de Paris, que deu
origem ao Tratado de Versalhes, obtendo assim sua parte no botim de guerra conseguindo da
Alemanha o pagamento com juros do café perdido com os navios naufragados, mais 70 navios
dos Impérios Centrais (a maioria alemã) que haviam sido apreendidos em águas brasileiras
quando da declaração de guerra e que foram incorporados à frota brasileira a preços
simbólicos.
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CAPÍTULO 7 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o governo brasileiro viveu a instalação de um regime
ditatorial comandado por Getúlio Vargas. Nesse mesmo período, as grandes potências
mundiais entraram em confronto na Segunda Guerra, onde observamos a cisão entre os países
totalitários (Alemanha, Japão e Itália) e as nações democráticas (Estados Unidos, França e
Inglaterra). Ao longo do conflito, cada um desses grupos em confronto buscou apoio político-
militar de outras nações aliadas.
Dessa maneira, Getúlio Vargas declarou guerra contra os italianos e alemães em agosto de
1942. Politicamente, o país buscava ampliar seu prestígio junto ao EUA e reforçar sua aliança
política com os militares. No ano de 1943, foi organizada a Força Expedicionária Brasileira
(FEB), destacamento militar que lutava na Segunda Guerra Mundial. Somente quase um ano
depois as tropas começaram a ser enviadas, inclusive com o auxílio da Força Aérea Brasileira
(FAB).
A forca expedicionária brasileira
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A Força Expedicionária Brasileira, conhecida pela sigla FEB, foi a força militar brasileira de
25.334 homens que lutou ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.
Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as forças
militares brasileiras que participaram do conflito. Adotou como lema "A cobra está fumando",
em alusão ao que se dizia à época que era "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar
na guerra". FEB entrou em combate em meados de setembro de 1944 no vale do rio Serchio,
ao norte da cidade de Lucca. As primeiras vitórias da FEB ocorreram já em setembro, com as
tomadas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Só no final de outubro, na região de Barga,
a FEB sofreu seus primeiros reveses. Devido ao sucesso da campanha em setembro e início de
outubro, no final de novembro a FEB foi incumbida de sozinha tomar o complexo formado
pelos montes Castello, Belvedere e seus arredores, no espaço de alguns dias. Seu comandante
alertou ao comando do V exército estadunidense que tal missão era inviável de ser executada
pelo efetivo de apenas uma divisão, o que já havia sido demonstrado em tentativas fracassadas
por parte de outros efetivos aliados, e que para obter sucesso em tal empreitada seria
necessário o ataque conjunto de duas divisões simultaneamente à Belvedere, Della Torraccia,
Monte Castello e à Castelnuovo o que, mesmo assim, alertava o comando brasileiro, não
poderia ser levado a cabo em menos de uma semana. No entanto, o argumento do comandante
brasileiro só foi aceito após o fracasso de mais duas tentativas, desta vez efetuadas pelos
brasileiros, uma em novembro e outra em dezembro.
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Durante o rigoroso inverno entre 1944 e 1945, nos Apeninos a FEB enfrentou temperaturas de
até vinte graus negativos, não contando a sensação térmica. Muita neve, umidade e contínuos
ataques de caráter exploratório por parte do inimigo, que através de pequenas escaramuças
procurava tanto minar a resistência física, quanto a psicológica das tropas brasileiras, não
acostumadas às baixas temperaturas. Condições climáticas e reações físicas se somavam aos
mais de três meses de campanha ininterrupta, sem pausa para recuperação.[10] Testou-se
ainda possíveis pontos fracos no setor ocupado pelos brasileiros para uma contra-ofensiva no
inverno.
Entretanto, neste aspecto, a atitude involuntariamente agressiva das duas tentativas de tomar
Monte Castello no final de 1944, somada à atitude voluntária de responder às incursões
exploratórias do inimigo no território ocupado pela FEB, com incursões exploratórias da FEB
realizadas em território inimigo, fez com que os alemães e seus aliados escolhessem outro
setor da frente italiana, ocupada pela 92ª divisão estadunidense, para sua contra-ofensiva.
Rubem Braga (o 1º de pé, à esquerda) como correspondente de guerra em 1944.
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Entre o fim de fevereiro e meados de março de 1945, como havia sugerido o comandante da
FEB, se deu a Operação Encore, um avanço em conjunto com a recém-chegada 10ª divisão de
montanha estadunidense. Assim, foram finalmente tomados, entre outras posições, por parte
dos brasileiros, Monte Castello e Castelnuovo, enquanto os americanos tomavam Belvedere e
Della Torraccia. Com estas posições no poder dos Aliados, pode-se iniciar a ofensiva final de
primavera, na qual em abril a FEB tomou Montese e Collecchio. A conquista destas posições
pela divisão brasileira e a divisão de montanha estadunidense neste setor secundário, mas
vital, possibilitou que as forças sob o comando do VIII exército britânico, mais à leste no
setor principal da frente italiana, se vissem finalmente livres do pesado e constante fogo de
artilharia inimiga, que partia daqueles pontos, podendo assim avançar sobre Bolonha
ultrapassando as linhas de defesa nazi-fascistas no norte da Itália, a chamada Linha Gótica,
após oito meses de combate.
30
Na 2ª semana de abril iniciou-se a fase final da ofensiva de primavera com o intuito de romper
definitivamente esta linha de defesas, que recuara mas impedia o avanço das tropas aliadas na
Itália rumo à Europa Central desde setembro do ano anterior. No setor do IV corpo do V
exército americano, ao qual a FEB estava incorporada, no 1º dia da ofensiva após sem grandes
dificuldades ter sustado o ataque aliado principal naquele setor, efetuado pela 10ª Divisão de
Montanha americana, causando expressivas baixas naquela unidade estadunidense; os
alemães cometeram um erro ao considerar o ataque brasileiro à Montese ( que no mesmo
utilizou seus carros de combate M8 e tanques Sherman M4 ); como sendo o principal alvo
aliado naquele setor; tendo por conta disso disparado somente contra a FEB cerca de 1800
tiros de artilharia ( 64% ) do total dos 2800 tiros empregados contra todas as 4 divisões
aliadas naquele setor da frente italiana, nos dias de luta que se seguiram pela posse daquela
localidade ( no que foi o combate mais sangrento travado pela FEB ). Com a fracassada
tentativa alemã de retomar Montese e o consequente avanço das tropas das 10ª divisão de
montanha e 1ªdivisão blindada estadunidenses, efetivou-se o desmoronamento das defesas
germânicas naquele setor central, do ponto de vista geográfico, embora secundário
estrategicamente, ficando claro a impossibilidade por parte das tropas alemãs de manterem a
partir daquele momento a linha gótica, tanto no setor terciário à oeste, próximo ao Mar da
Ligúria, quanto no setor principal à oeste, próximo ao Mar Adriático.
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Ao final daquele mês, em Fornovo di Taro, numa manobra perfeita em uma jogada ousada de
seu comandante, os efetivos da FEB que se encontravam naquela região em inferioridade
numérica cercaram e, após combates oriundos da infrutífera tentativa de rompimento do cerco
por parte do inimigo seguidos de rápida negociação, obtiveram a rendição de duas divisões; a
148ª divisão de infantaria alemã (com muitos soldados experientes em combate vindos do
front russo), comandada pelo general Otto Fretter-Pico e os efetivos remanescentes da divisão
bersaglieri italiana, comandada pelo general Mario Carloni. Isso impediu que essas unidades,
que se retiravam da região de La Spezia e Gênova, região esta que havia sido liberada pela 92ª
divisão estadunidense, se unissem às forças ítalo-alemãs da Ligúria, que as esperavam para
desfechar um contra-ataque contra as forças do V exército americano, que avançavam, como é
inevitável nestas situações, de forma rápida, porém difusa e descoordenada, inclusive do
apoio aéreo, tendo deixado vários clarões em sua ala esquerda e na retaguarda. Muitas pontes
ao longo do rio Pó foram deixadas intactas pelas forças nazi-fascistas com esse intento. O
comando dos exércitos C alemão, que já se encontrava em negociações de paz em Caserta há
alguns dias com o comando Aliado na Itália, esperava com isso obter um triunfo a fim de
conseguir melhores condições para rendição. Os acontecimentos em Fornovo di Taro
involuntariamente impediram a execução de tal plano tanto pelo desfalque de tropas, como
pelo atraso causado, o que aliado às notícias da morte de Hitler e tomada final de Berlim pelas
forças do Exército Vermelho, não deixou ao comando alemão outra opção senão aceitar a
rápida rendição de suas tropas na Itália. Em sua arrancada final, a FEB ainda chegou a cidade
de Turim, e em 2 de maio de 1945, na cidade de Susa, onde fez junção com as tropas
francesas na fronteira franco-italiana.
O general alemão Otto Fretter-Pico se entregando a FEB.
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O Brasil perdeu nesta campanha mortos diretamente em combate, cerca de quatrocentos e
cinquenta praças e treze oficiais, além de oito oficiais-pilotos da Força Aérea Brasileira. A
divisão brasileira ainda teve cerca de duas mil mortes devido a ferimentos de combate e mais
de doze mil baixas em campanha por mutilação ou outras diversas causas que os
incapacitaram para a continuidade no combate. Tendo assim, somadas as substituições, turnos
e rodízios, dos cerca de vinte e cinco mil homens enviados, mais de vinte e dois mil
participado das ações. O que, incluso mortos e incapacitados, deu uma média de 1,7 homens
usados para cada posto de combate, um grau de aproveitamento apreciável se comparado à
outras divisões que estiveram o mesmo tempo em campanha em condições semelhantes.
Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de vinte mil soldados inimigos, quatorze
mil, setecentos e setenta e nove só em Fornovo di Taro, oitenta canhões, mil e quinhentas
viaturas e quatro mil cavalos. Segundo o historiador norte-americano Frank McCann, o Brasil
foi convidado a integrar a força de ocupação da Áustria.
Em 6 de junho de 1945, o Ministério da Guerra do Brasil ordenou que as unidades da FEB
ainda na Itália se subordinassem ao comandante da primeira região militar (1ª RM), sediada
na cidade do Rio de Janeiro, o que, em última análise, significava a dissolução do contingente.
Mesmo com sua desmobilização relâmpago, o regresso da FEB após o final da guerra contra o
fascismo precipitou a queda de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo no Brasil.
Em 1960, as cinzas dos brasileiros mortos na campanha da Itália foram transladadas de Pistoia
para o Brasil, e hoje jazem no monumento aos mortos que foi erguido no Aterro do Flamengo,
zona sul da cidade do Rio de Janeiro, em homenagem e lembrança aos sacrifícios dos
mesmos.
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9 REFERÊNCIAS
Olinda Restaurada – Guerra e Açúcar no Nordeste Evaldo Cabral de Mello
História do Brasil - BORIS FAUSTO Editora: EDUSP