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IFF - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE TECNÓLOGO EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL TRABALHO EM ALTURA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES: PERSPECTIVAS A PARTIR DAS NRs 18 e 35 CHIRLANE DA SILVA FORTUNATO LUCAS PEIXOTO DE OLIVEIRA TIAGO CARVALHO VIEIRA Campos dos Goytacazes/RJ Fevereiro de 2015

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IFF - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FLUMINENSE

TECNÓLOGO EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

TRABALHO EM ALTURA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES: PERSPECTIVAS

A PARTIR DAS NRs 18 e 35

CHIRLANE DA SILVA FORTUNATO

LUCAS PEIXOTO DE OLIVEIRA

TIAGO CARVALHO VIEIRA

Campos dos Goytacazes/RJ Fevereiro de 2015

IFF - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FLUMINENSE

TECNÓLOGO EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

TRABALHO EM ALTURA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES: PERSPECTIVAS

A PARTIR DAS NRs 18 e 35

CHIRLANE DA SILVA FORTUNATO

LUCAS PEIXOTO DE OLIVEIRA

TIAGO CARVALHO VIEIRA

Professor orientador: Adonias Paulo da Silva

Campos dos Goytacazes/RJ Fevereiro de 2015

Monografia apresentada ao Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense como exigência parcial para

conclusão do curso de Tecnólogo em

Manutenção Industrial.

IFF - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FLUMINENSE

TECNÓLOGO EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

TRABALHO EM ALTURA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES: PERSPECTIVAS

A PARTIR DAS NRs 18 e 35

CHIRLANE DA SILVA FORTUNATO

LUCAS PEIXOTO DE OLIVEIRA

TIAGO CARVALHO VIEIRA

Aprovada em 10 de fevereiro de 2015.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof. Adonias Paulo da Silva (orientador)

Especialista em Meio Ambiente

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus

Campos – Centro

__________________________________________________________

Prof. Alberto Luiz de Luna Arruda

Especialista em Manutenção Mecânica

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus

Campos – Centro

__________________________________________________________

Prof. Anízio Cesar Silveira de Souza

Mestre em Soldagem

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus

Campos – Centro

Campos dos Goytacazes/RJ

Fevereiro de 2015

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo sustento na jornada.

Aos nossos pais pelo apoio incondicional.

Aos amigos pelo apoio em todos os momentos.

Aos professores pelo ensino e contribuições para o nosso crescimento

profissional.

Ao orientador Adonias pelas contribuições e ajustes oportunos.

Aos nossos familiares

A desconfiança é a mãe da segurança.

Madeleine Scudéry

RESUMO

Os acidentes de trabalho são eventos que podem ser evitados com o controle dos ambientes e das condições de trabalho. A prevenção por meio do uso de equipamentos de segurança, ferramentas especiais e treinamento constante ajudam na redução de acidentes. Trabalho em altura é sempre uma grande preocupação para os profissionais de Segurança do Trabalho e principalmente para os trabalhadores que irão executar a atividade. Além dos riscos inerentes à atividade em si, fatores externos contribuem para a intensificação dos riscos. Grande parte dos acidentes envolvendo trabalho em altura são frutos da falta de uma análise detalhada da tarefa, a análise prévia, pois é nessa fase que se identifica e se corrige os possíveis riscos. Outra parte dos acidentes é causada por falhas humanas, seja por inexperiência do executante, falta de treinamento ou mesmo pela negligência deste em relação às normas e procedimentos existentes. Desta forma foi criada uma nova norma brasileira que diz respeito exclusivamente a trabalhos em altura. A NR-35 tem como objetivo estabelecer as atribuições do empregador e do trabalhador, os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com a atividade. Este trabalho tem por objetivo principal levantar, através de estudo bibliográfico, referencial teórico sobre a gestão de Segurança e Saúde no trabalho em altura, sob a perspectiva preventiva, estabelecendo os requisitos necessários para a proteção dos trabalhadores aos riscos em trabalhos com diferenças de níveis de altura, sob a perspectiva das NRs 18 e 35. Palavras-chave: Acidentes de trabalho.Trabalho em altura. NR-18. NR-35

ABSTRACT

Job accidents are events that can be avoided by controlling the environment

and working conditions. Prevention through the use of safety equipment, special

tools and constant training helps in reducing accidents. Working at height is

always a major concern for professional Occupational Safety and especially for

workers who will perform the activity. In addition to the risks inherent in the

activity itself, external factors contribute to the intensification of the risks. Most

of the accidents involving work at height are the result of the lack of a detailed

task analysis, the previous analysis, it is in this phase that identifies and

corrects the possible risks. Another part of the accidents are caused by human

error, either by the performer inexperience, lack of training or even by

negligence in relation to standards and procedures. This new Brazilian standard

that relates exclusively to work at height was created. The NR-35 aims to

establish the responsibilities of the employer and the worker, minimum

requirements and protective measures for working at height, involving the

planning, organization and execution, to ensure the safety and health of

workers directly involved or indirectly with the activity. This work has as main

goal lift through literature study, theoretical framework on the management of

Health and Safety at work at heights, in a preventive perspective, establishing

the requirements for the protection of workers to the risks for jobs with differing

levels of height, from the perspective of NRs 18 and 35.

Keywords: Accidents job. Job height. NR-18. NR-35

LISTA DE SIGLAS

AR - ANÁLISE DE RISCO

ABPA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

CAT - COMUNICAÇÃO ACIDENTES DE TRABALHO

CLT - CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

CUT - CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

EPI - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

NIOSH - NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND

HEALTH

NR - NORMA REGULAMENTADORA

OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

OLT - ORGANIZAÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO

PT - PERMISSÃO DE TRABALHO

12

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema de nível de gravidade de acidentes.......................... 22

Figura 2 Equipamentos de proteção individual e pontos de ancoragem 32

Figura 3 Detalhes dos pontos de ancoragem do cinto tipo paraquedista 32

Figura 4 Itens de segurança para trabalho em altura ............................. 33

Figura 5 Uso inadequado da escada ...................................................... 35

Figura 6 Falta de EPI .............................................................................. 35

Figura 7 Arranjo inadequado da escada...................................................... 36

Figura 8 Transporte vertical inadequado...................................................... 36

Figura 9 Andaime próximo à rede elétrica............................................... 37

Figura 10 Uso inadequado do andaime e falta de EPI............................. 37

Figura 11 Exemplo de PT para trabalho de manutenção de uma fachada de prédio....................................................................................

38

Figura 12 Sistema de sustentação de cadeira suspensa ......................... 42

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11

1.1 Delimitação do Tema ...................................................................... 12

1.2 Objetivos .......................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................. 13

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................. 13

1.3 Justificativa ..................................................................................... 13

1.4 Metodologia ..................................................................................... 15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 16

2.1 Breve Histórico da Segurança do Trabalho ................................. 16

2.1.1 A Prevenção e As Normas Regulamentadoras .......................... 20

2.2 Trabalho em Altura: concepções da NR35.................................... 25

2.2.1 Trabalho em altura ...................................................................... 25

2.2.2 A NR-18 - Um caminho para a NR-35 ......................................... 26

2.2.3 NR-35: principais perspectivas .................................................... 30

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 45

11

1. INTRODUÇÃO

Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais se

deve a eventos envolvendo quedas de trabalhadores. Os riscos de queda em

trabalhos em altura existem em vários ramos de atividades e em diversos tipos

de tarefas. Por isso, a criação de normas regulamentadoras de segurança e

saúde no trabalho tornaram-se um importante instrumento de referência para

todos os ramos de atividade para garantir o trabalho seguro.

No entanto, um instrumento normativo não é capaz de contemplar

todas as situações da realidade fática. No mundo do trabalho existem

realidades complexas e dinâmicas e uma nova Norma Regulamentadora para

trabalhos em altura precisaria contemplar as mais variadas configurações da

realidade. Neste sentido, não poderiam ficar de fora o ambiente de trabalho das

atividades de telefonia, transporte de cargas, transmissão e distribuição de

energia elétrica, montagem e desmontagem de estruturas, plantas industriais,

armazenamento de materiais, dentre outros.

Por mais detalhadas que as medidas de proteção sejam, elas não

compreendem todas as particularidades existentes em cada setor de trabalho.

Por isso a Norma Regulamentadora 35 foi elaborada para garantir a segurança

e saúde do trabalhador em todas as atividades desenvolvidas em altura com

risco de queda. Concebida como norma geral ela deve ser complementada por

outras disposições e regulamentos que contemplarão as especificidades das

mais variadas atividades.

O princípio adotado na NR-35 trata o trabalho em altura como atividade

que deve ser planejada, evitando-se a exposição do trabalhador ao risco

através da adoção de medidas que eliminem perigos de queda ou medidas que

minimizem as suas consequências, quando o risco não puder ser evitado. Esta

norma propõe a utilização dos preceitos da antecipação dos riscos para a

implantação de medidas adequadas, pela utilização de metodologias de análise

de risco (AR) e de instrumentos como as Permissões de Trabalho (PT),

12

conforme as situações de trabalho, para que o mesmo se realize com a

máxima segurança.

Assim, com o intuito de construir um referencial teórico sobre as

principais orientações de segurança sobre trabalho em altura, este estudo

empreendeu uma pesquisa bibliográfica em diferentes fontes: livros, periódicos

e bases de dados na internet.

A pesquisa está assim organizada: o primeiro capítulo traz um breve

histórico da segurança no trabalho. A evolução histórica dos cuidados com a

saúde do trabalhador e com a redução dos riscos laborais enfoca a prevenção

como fator importante para o trabalhador, a empresa e a economia do país.

O segundo capítulo aborda, em linhas gerais, as principais

características do trabalho em altura, bem como as principais perspectivas da

NR-35. Neste capítulo são apresentadas, ainda, algumas situações de trabalho

em altura onde ha negligência em relação ao uso de EPI, equipamentos como

andaimes, escada e elevador. Os riscos são enfatizados com o intuito de

realçar a necessidade de conscientização do trabalhador em relação à sua

saúde e segurança.

1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA

As medidas de prevenção de acidentes são essenciais em todo tipo de

trabalho e devem acontecer antes de se iniciar a tarefa e, mantidas até a

conclusão da mesma. Em relação ao trabalho em altura, são muitos os tipos de

tarefas realizadas, o que torna o tema muito extenso. Portanto, para delimitá-lo

o enfoque desta pesquisa será as NRs 18 e 35 que estabelecem os requisitos

mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, abrangendo o

planejamento, a organização e a execução, com a finalidade de garantir a

segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com

estes tipos de atividade.

13

1.2. OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Abordar a gestão de Segurança e Saúde no trabalho em altura e os

requisitos necessários para a proteção dos trabalhadores nos riscos com

diferenças de níveis de altura, sob a perspectiva das NRs 18 e 35.

1.2.2 Objetivos Específicos

Demonstrar os principais aspectos das Normas

Regulamentadoras 35 e 18 para a prevenção de acidentes de

trabalho em altura;

Exemplificar alguns pontos críticos de segurança na execução de

trabalho em altura;

Apresentar formas de planejamento, organização e execução das

tarefas em altura;

Identificar os Equipamentos de Proteção Individual, acessórios e

sistemas de ancoragem necessários às atividades em altura.

1.3 JUSTIFICATIVA

O trabalho é a mola mestra da dinâmica produtiva, um dos fatores

geradores de recursos e desenvolvimento das sociedades. Dele resultam as

tecnologias, os mercados, os recursos que possibilitam a vida coletiva e

individual. É o resultado do trabalho que possibilita a satisfação das inúmeras

necessidades do ser humano.

14

Saúde e segurança são condições indispensáveis para a realização de

qualquer tipo de atividade. Situação de risco desequilibra o corpo e a mente,

ocasionando doenças físicas e psíquicas. Portanto, saúde, trabalho e qualidade

de vida são fatores intimamente relacionados.

O momento histórico atual revela que muitas e variadas manifestações

clínicas têm relação com o trabalho. A capacidade de adaptação do ser

humano às novas configurações do ambiente de trabalho vem sendo testada

intensamente. Estas adaptações são responsáveis por distúrbios mentais,

físicos e sociais e representam dificuldades para pessoas e organizações.

Entre 2010 e 2011 o número de acidentes laborais fatais aumentaram

em 4,7%. O Anuário Estatístico da Previdência Social também aponta um leve

aumento no número de acidentes de trabalho, uma elevação de 0,2% no

percentual de acidentes de trabalho como pode ser visualizado na tabela

abaixo (ABP, 2013).

Acidentes laborais

2011 2010

711.164 709.474

Acidentes laborais fatais

2011 2010

2.884 2.753

Fonte: elaboração a partir de dados MPS (2011)

O setor de atividades realizadas em altura registra altos índices de

acidentes provocados por queda. Este dado motivou a realização deste estudo,

pois em muitas situações as atividade de manutenção industrial requerem o

conhecimento das normas de segurança contidas na NR-35. Assim, esta

pesquisa justifica-se pelo fato de que os acidentes de trabalho em altura ainda

são responsáveis por grande número de mortes entre profissionais do setor.

Ainda cabe salientar que o setor manutenção industrial carece deste

conhecimento porque a prevenção é a melhor forma de garantir a segurança.

15

Fonte: ACT

1.4 METODOLOGIA

Este trabalho resulta de uma pesquisa de revisão teórica, que utilizou

como base legal Normas Regulamentadoras, artigos científicos e dissertações,

sobre o tema em questão. O estudo foi desenvolvido com base na NR-35,

tendo como auxilio as normas que complementam e fazem parte do contexto

como as NR-1, NR-6, NR-8, NR-18. Além de literaturas especificas na área de

segurança do trabalho e trabalhos em alturas.

Situações reais de risco em trabalhos realizados em altura foram

apresentadas como suporte de orientação de prevenção de acidentes na

realização das atividades.

Acidentes de trabalho segundo a causa (2010)

Causa Número

Esmagamento 9

Queda de altura 47

Queda de pessoas 6

Choque objetos 17

Soterramento 5

Atropelamento 9

Eletrocussão 7

Explosão 6

Intoxicação 3

Afogamento 1

Máquina agrícola 2

Esmagamento máquina 14

Outras formas 3

Em averiguações 1

Total 130

16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 BREVE HISTÓRICO DA SEGURANÇA NO TRABALHO

O trabalho acompanha o homem desde seus primórdios com a

finalidade principal de gerar o próprio sustento, da família e da coletividade.

Sua definição pode ser subjetiva, pois pode variar de acordo com o momento

histórico, contexto social e as características individuais de cada sujeito. Ele

pode ser entendido tanto como o modo de prover as necessidades básicas dos

seres humanos quanto um meio de promover ascensão social, bem estar

pessoal etc.

As relações de trabalho e produção resultam da evolução histórica do

homem na busca pela sobrevivência e pelo acúmulo de capital. Sobre a

relação do homem com o trabalho e do modo como o mesmo absorve parte de

sua vida Mauro et.al. (2004) declara:

Em nossa organização social, o ser humano dedica ao trabalho aproximadamente 65% da sua vida produtiva, incluindo-se jornada de trabalho e atividade propriamente dita, a locomoção e o atendimento das necessidades relacionadas ao trabalho. Portanto, não é a terceira parte da vida, mas a metade da sua existência que o homem dedica ao trabalho profissional (MAURO et al, 2004 p. 338)

Portanto, sendo o tempo dedicado às atividades laborais tão grande,

elas acabam afetando a saúde do trabalhador. O estudo da relação entre

saúde, segurança e trabalho pode ser considerado recente. No entanto, no

século IV aC Hipócrates observou e relatou a existência de uma moléstia entre

mineiros chamando a atenção para a toxidade do chumbo na atividade

mineradora. Antes da era cristã Plínio, um biólogo romano que viveu entre 23

a.C. e 79 d.C., também descreveu enfermidades dos pulmões e

envenenamento entre mineiros devido ao manuseio de enxofre e zinco. Nos

séculos XV e XVI Georgius e Paracelso investigavam doenças ocupacionais.

Em 1567 Paracelso publicou estudo relacionando a doença ao trabalho

(SANTOS, 2012).

17

Bernardino Ramazzini, médico italiano, publicou em 1700 o livro De

Morbis Artificum Diatriba, onde relacionou doenças a 50 profissões diferentes.

Ramazzini obteve seus dados perguntando a ocupação dos seus pacientes.

Essa publicação repercutiu mundialmente, por isso, Ramazzini é considerado o

pai da Medicina do Trabalho (idem).

As primeiras observações acerca da relação entre saúde, segurança e

trabalho aconteceram a partir da Revolução Industrial. A noção de segurança

do trabalho surge com o avanço dos processos fabris, onde a preocupação era

a produção e os lucros dos patrões. Neste contexto, os trabalhadores

advinham de longas e exaustivas jornadas de trabalho em ambientes

inadequados e propícios a incidentes e acidentes que resultavam em danos,

muitas vezes, irreparáveis à saúde do trabalhador (MENDES e DIAS, 1991).

Após a revolução industrial as formas de exploração do trabalho se

adequaram ao mundo capitalista. O cuidado com a saúde das populações

trabalhadoras de fábricas deveria ser função do Estado. Proteger e promover a

saúde e o bem-estar dos cidadãos passa a ser um discurso político cujos

interesses eram mais econômicos do que sociais ou éticos (LEON e ALMEIDA,

2012).

Apenas em 1980 a segurança do trabalhador passa a ser vista como

problema social que interessa ao empregado e ao empregador, tornando-se

um investimento vantajoso para ambos (LEON e ALMEIDA, 2012). A partir de

então, as ações voltadas para a saúde do trabalhador resultaram “em ações de

defesa do trabalho digno e saudável, da participação dos trabalhadores nas

decisões quanto à organização e gestão dos processos produtivos e na busca

da garantia da atenção integral à saúde para todos” (BRASIL, 2012 p. 11).

De acordo com Santos (2012) o surgimento da indústria trouxe

situações graves de acidentes de trabalho. Os inúmeros acidentes e

enfermidades típicas do ambiente profissional demandaram as primeiras leis de

proteção ao trabalho que surgiram na Inglaterra, França, Itália e Alemanha.

18

Em 1802 surge na Inglaterra uma lei que abrange apenas crianças vindas das workhouses (casas de trabalho), que eram indigentes, recolhidos por serviços de proteção e que os industriais exploravam. Esta lei mais tarde se estendeu, a todas as crianças operárias. Esta lei estabelecia o seguinte: tornava obrigatória a ventilação; o limite de 12 horas de trabalho por dia; proibia o trabalho noturno; obrigava os empreendedores a lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano (SANTOS, 2012 p. 12).

A preocupação com acidentes relacionados ao trabalho na América

Latina surge apenas no século XX, juntamente com o advento da

industrialização. Já no ano de 1935, foi fundado em Nova York (EUA), o

Conselho Interamericano de Seguridade cujas atividades dedicavam-se à

prevenção de acidentes na América Latina. Em 1950, através de Comissão

conjunta, a O.I.T. (Organização Internacional do Trabalho) e a OMS

(Organização Mundial da Saúde), estabeleceram-se os objetivos da saúde

ocupacional (BITENCOURT e QUELHAS, 1998).

Em 1954 um grupo de dez peritos da Ásia, América do Norte e do Sul e

da Europa reuniu-se em Genebra chegando à conclusão de que as condições

de trabalho variam de país para país, e dentro de um mesmo país. Assim,

algumas medidas relacionadas à saúde do trabalhador deveriam ser tomadas

considerando estas particularidades. Então concluíram que era de extrema

importância da elaboração de normas e instalação de serviços médicos nos

locais de trabalho. A comissão recomendou que algumas normas fossem

adotadas pela OIT (idem).

De acordo com Bitencourt e Quelhas (1998) em 1959 ficou

estabelecido na 43ª Conferência Internacional do Trabalho à recomendação

número 112, com o título: ”Recomendação para os serviços de saúde

ocupacional” onde a OIT definiu o serviço de saúde ocupacional como sendo

um serviço médico instalado em um estabelecimento de trabalho, ou em suas

proximidades, que tinha como objetivos:

1 - Proteger os Trabalhadores contra qualquer risco à sua saúde, que possa decorrer do seu trabalho ou das condições em que este é realizado. 2 - Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido especialmente pela adaptação do trabalho aos trabalhadores, e pela colocação do trabalho aos trabalhadores, e pela colocação destes em atividades profissionais. 3 - Contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível de bem-

19

estar físico e mental dos trabalhadores (BITENCOURT e QUELHAS, 1998 p.4).

O ano de 1934 constitui-se num marco para a história trabalhista

brasileira, pois surge a nossa lei que instituiu uma regulamentação bastante

ampla, no que se refere à prevenção de acidentes. No setor privado, em 1941

é fundada a ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes), por

um grupo de pioneiros, sob patrocínio de algumas empresas. Em 1972,

integrando o Plano de Valorização do Trabalhador, o governo federal baixou a

portaria nº 3237, que tornou obrigatória além dos serviços médicos, os serviços

de higiene e segurança em todas as empresas onde trabalhavam 100 ou mais

pessoas (BITENCOURT e QUELHAS, 1998).

Em 1972 o Brasil foi considerado o campeão mundial de acidentes do

trabalho, alcançando um número aproximado de 10 milhões de trabalhadores

segurados por este motivo. Atualmente o Brasil se encontra em quarto lugar de

acidentes do trabalho. Os três primeiros são Rússia, Estados Unidos e China

(SANTOS, 2012).

Em 08 de junho de 1978, é criada a Portaria no 3.214, que aprova as Normas Regulamentadoras - NR, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, que obriga as empresas o seu cumprimento. Essas normas abordam vários problemas relacionados ao ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador. As normas vêm sofrendo atualizações à longa dos anos e, já descrevem procedimentos a serem tomados quanto a doenças dos tempos modernos que foram observadas nos últimos anos, como a LER - Lesões por esforços repetitivos, que é uma sigla que foi criada para identificar um conjunto de doenças que atingem os músculos, tendões e membros superiores (dedos, mãos, punhos, antebraços, braços e pescoço) e que tem relação direta com a exigência das tarefas, ambientes físicos e com a organização do trabalho. (BITENCOURT; QUELHAS, 1998, p.4).

Ainda nos anos 70, surge a figura do Engenheiro de Segurança do

Trabalho nas empresas como exigência de lei governamental, objetivando

reduzir o número de acidentes. Porém, este profissional atuou mais como um

fiscal dentro da empresa, e sua visão com relação aos acidentes de trabalho

era apenas corretiva (SOUZA, 2012).

Dentre suas atribuições atuais do Engenheiro de Segurança do Trabalho

destacam-se as de planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas

20

ao gerenciamento e controle de riscos. Sua atuação deixa de ser apenas

corretiva e passa a ser preventiva. O exame médico para admissão tornou-se

obrigatório e tem a finalidade de constatar se o empregado apresenta algum

problema de saúde e se apresenta condições para desenvolver e executar as

tarefas para as quais foi contratado. O exame periódico visa o

acompanhamento e controle de qualquer problema de saúde que o trabalhador

venha a ter no exercício de sua função. O exame demissional avalia a saúde

do trabalhador ao encerrar um contrato de trabalho, com ela a empresa irá

eximir-se de qualquer responsabilidade relacionada à saúde ocupacional, que o

empregado venha a reclamar judicialmente (BITENCOURT e QUELHAS 1998).

Assim, com o advento da globalização as condições de trabalho se

tornaram alvo do interesse acadêmico e da organização dos trabalhadores.

Construir um novo conceito sobre a segurança do trabalhador na sociedade

moderna tornou-se primordial para que a questão possa ser tratada

cientificamente (BRASIL, 2013).

Assim, a questão da segurança do trabalhador situa-se num campo

teórico de estudos que se encontram subordinados à relação capital/trabalho

do mundo capitalista. É esta relação que gera as condições, os fatos e

acontecimentos que expõem o trabalhador ao risco (BRASIL, 2013).

2.1.1 A Prevenção e as Normas Regulamentadoras

A prevenção é um fator importante para a economia do país. A falta de

condições adequadas de trabalho e o grande número de trabalhadores

afastados por acidentes reduz a produção e diminui a capacidade econômica

da empresa. Os custos relativos aos acidentes de trabalho são grandes e

afetam toda a sociedade. Os gastos diretos com acidentes de trabalho

envolvem o tratamento dos acidentados, taxas de indenizações,

aposentadorias e tempo de afastamento pagos pelo INSS. Os custos indiretos

envolvem os gastos das empresas com manutenção, reparo de danos, perdas

de tempo e de materiais, horas paradas dos demais funcionários, treinamentos,

21

redução da produtividade, multas por atraso nas entregas etc. (SANTOS,

2012). Por isso, as empresas necessitam investir em programas de segurança.

No entanto, para adotar medidas de segurança é necessário conhecer os

fatores que ocasionam os acidentes.

O primeiro estudo sobre as causas de acidentes de trabalho foi

realizado em 1959. Heinrich (apud DALCUL, 2001) identificou dentre 5000

casos de acidentes que a ocorrência de lesões resulta de acidentes que

decorrem de ato inseguro ou condições inseguras de trabalho gerados pelo

comportamento da pessoa. O estudo concluiu, também, que o comportamento

decorre do ambiente social, educação e fatores hereditários.

Esse efeito dominó, de interdependência entre fatores pessoais e

ambientais pode ser interrompido. É possível intervir no ambiente controlando

ou eliminando os riscos e nos fatores pessoais com treinamento e educação

prevencionista (ZOCCHIO, 1996 apud DALCUL, 2001).

Assim, as causas dos acidentes podem ser agrupadas em dois

grandes grupos: objetivas e subjetivas. As causas objetivas relacionam-se ao

ambiente de trabalho, suas condições, equipamentos, máquinas, materiais

(condições inseguras). As causas subjetivas dependem de fatores pessoais

como imprudência, imperícia, negligência etc. (atos inseguros). O quadro 1

distingue ato inseguro e condição insegura.

22

Quadro 1. Fatores responsáveis por atos e condições inseguras

Fonte: FUNDACENTRO (1980 apud DALCUL, 2001 p. 26).

O acidente de trabalho pode ou não gerar lesões no indivíduo ou

prejuízo para a empresa se considerado o nível de gravidade. O esquema

abaixo mostra os níveis de gravidade que os acidentes podem assumir.

Figura 1. Esquema do nível de gravidades dos acidentes. Fonte: FUNDACENTRO (1981 apud

DALCUL, 2001 p. 27)

Sobre os aspectos econômicos do acidente de trabalho Santos (2012)

chama a atenção para o fato de que cada trabalhador acidentado reflete na

economia do país como um todo, uma vez que os acidentes e as doenças

23

ocupacionais reduzem a capacidade de produção da população

economicamente ativa, geradora de riqueza e desenvolvimento do país. Por

isso, a prevenção é um fator importante para todo processo produtivo.

A legalização das medidas de prevenção de acidentes tem uma longa

história no Brasil. Diversas leis prevencionistas foram elaboradas visando à

melhoria das condições dos trabalhadores, mas a principal delas é a Portaria nº

3.214 de 8 de junho de 1978 que aprova as Normas Regulamentadoras – NR –

do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à

Segurança e Medicina do Trabalho (OLIVEIRA, 2013).

O quadro a seguir apresenta a listagem de todas as normas

regulamentadoras brasileiras atuais. Elas são elaboradas e modificadas por

comissões compostas por representantes do governo, empregadores e

empregados.

Quadro 2. Normas regulamentadoras

Normas Regulamentadoras

NR-1 Disposições Gerais NR-2 Inspeção Prévia NR-3 Embargo ou Interdição NR-4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho NR-5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes NR-6 Equipamento de Proteção Individual NR-7 Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional NR-8 Edificações NR-9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais NR-10 Instalações e Serviços em Eletricidade NR-11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais. NR-12 Máquinas e Equipamentos NR-13 Caldeiras e Vasos de Pressão NR-14 Fornos NR-15 Atividades e Operações Insalubres NR-16 Atividades e Operações Perigosas NR-17 Ergonomia NR-18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção NR-19 Explosivos NR-20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis NR-21- Trabalhos a Céu Aberto

24

NR-22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração NR-23 Proteção Contra Incêndio NR-24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho NR-25 Resíduos Industriais NR-26 Sinalização de Segurança NR-27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho NR-28 Fiscalização e Penalidades NR-29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário NR-30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário NR-31, Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. NR-32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à Saúde NR-33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados NR-34 Segurança e Saúde no Trabalho em Estaleiros NR-35 Trabalho em Altura NR-36 Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamentos de carnes e derivados

Fonte: <http://www.areaseg.com/bib/index.php.>

A observância das normas regulamentadoras da segurança e medicina

do trabalho é obrigatória para empresas públicas e privadas e órgãos da

administração direta, Poderes Legislativo e Judiciário cujos funcionários são

regidos pelo regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

25

2.2 TRABALHO EM ALTURA: CONCEPÇÕES DA NR-35

2.2.1 Trabalho em Altura

Considera-se trabalho em altura, atividades executadas a um nível de 2

metros de um nível inferior e que neste haja o risco a queda. Esta é uma rotina

para diversos trabalhadores em diferentes setores de atividades econômicas. O

principal risco inerente ao trabalho em altura é a possibilidade de queda.

Estatísticas indicam que acidentes relacionados ao trabalho em altura, em

especial decorrente de quedas de nível, são representativos e frequentemente

citados como uma das principais causas de lesões ocupacionais fatais

(HEMBECKER, 2008).

As quedas de altura representam 28% dos acidentes de trabalho

relatados nos Países Baixos (ANEZIRIS apud HERMBECKER, 2008).

Constituem, também, a principal causa de lesões graves (amputação, fratura e

traumas múltiplos) na Dinamarca, com significante aumento de casos nos

últimos anos (KINES apud HERMBECKER, 2008).

Na Espanha, acidentes decorrentes por quedas de altura são a maior

causa de fatalidades no trabalho (HERMBECKER, 2008). O

National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) identificou as

quedas de altura como a quarta causa (10%) de lesões fatais no trabalho. No

período compreendido entre 1980 e 1994, cerca de 8.102 trabalhadores

morreram devido as quedas de altura nos Estados Unidos (NIOSH apud

HERMBECKER, 2008). No Brasil, o MTE identificou 314.240 Comunicações de

Acidentes de Trabalho (CAT), cerca de 20% referentes a quedas durante

período de janeiro de 2005 a maio de 2008. Dessas, 205.832 (65,5%)

correspondem a quedas.

Em estudo realizado na Suécia, referente a acidentes de trabalho envolvendo deslizes, tropeços e quedas foram identificados que cerca de 1/3 dos acidentes com o sexo masculino ocorrem durante a escalada de escadas. Mais de 60% desses acidentes, mais frequentes nos setores elétrico e de construção civil, dão-se devido a

26

equipamentos inseguros. Além da redução da exposição às condições de risco, os pesquisadores recomendam o aperfeiçoamento de programas e de equipamentos de segurança (HERMBECKER,2008 p.2).

São inúmeros os casos e formas de acidentes em altura, porém as

quedas que envolvem escadas estão entre os mais graves

(COHEN, et.al., apud HERMBECKER, 2008). As luxações, distensões,

contusões e fraturas dos membros superiores e inferiores são as lesões

mais comuns relacionadas a quedas de escadas. Lesões decorrentes de

acidentes de trabalho por quedas de escada, especialmente fraturas, resultam

em maiores custos médicos e em maior tempo de afastamento para

reabilitação quando comparados a outros acidentes (SMITH et

al., apud HERMBECKER, 2008) .

Lesões decorrentes de quedas de altura são caracterizadas pela sua multiplicidade e, desta forma, a administração das suas consequências torna-se um desafio. Vários estudos têm sido desenvolvidos para examinar as consequências de lesões e de fatalidades decorrentes de acidentes dessa natureza (HERMBECKER, 2008 p.3).

Souza (2003) chama a atenção para o fato de que no setor de petróleo e

gás os acidentes envolvendo trabalhadores de empresas prestadoras de

serviço não são contabilizados, isso faz com que os dados apresentados não

representem a real dimensão do índice de acidentes no setor.

2.2.2 A NR-18 um Caminho para NR-35

De acordo com Bianchi (1998) a construção civil no Brasil sempre foi

tratada pelo governo, construtores e clientes como uma subeconomia. Esta

concepção deveu-se ao fato de que historicamente o setor tenha negligenciado

a segurança dos trabalhadores nos canteiros de obra.

No entanto o pioneirismo de alguns corajosos e idealistas voluntários

começou a introduzir comportamentos de mudança na indústria da construção.

Assim, a preocupação destes pioneiros resultou na redação da NR-18 que

27

trouxe consigo a mudança da cultura de segurança na construção civil

(BIANCHI, 1998).

A NR-18 é uma norma que dispõe sobre as Condições e Meio

Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Suas diretrizes são

administrativas, de planejamento e de organização e têm como objetivo

consolidar medidas de controle e segurança nos processos, condições e meio

ambiente de trabalho na indústria da construção civil (COSTA, 2011).

Uma ligação entre a NR-18 e a NR-35 pode ser estabelecida. A NR-18

preocupou-se com a indústria da construção por ser esta a maior responsável

pelos índices de acidentes fatais de trabalho em altura. Já a NR-35 estabelece

os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura para

todos os trabalhadores direta ou indiretamente envolvidos com esta atividade.

A Portaria 644 foi publicada em 10 de maio de 2013 no Diário Oficial da

União alterando os itens 18.6, 18.14 e 18.17 da NR-18 de 1978. Dentre as

alterações destacam-se a regulamentação sobre escavações e sobre o uso de

elevadores a cabo de aço.

Os itens a seguir constituem o conteúdo geral da NR-18.

18.1 Objetivo e Campo de Aplicação

18.2 Comunicação Prévia

18.3 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção - PCMAT

18.4 Áreas de Vivência

18.5 Demolição

18.6 Escavações, Fundações e Desmonte de Rochas

18.7 Carpintaria

18.8 Armações de Aço

18.9 Estruturas de Concreto

18.10 Estruturas Metálicas

28

18.11 Operações de Soldagem e Corte a Quente

18.12 Escadas, Rampas e Passarelas

18.13 Medidas de Proteção contra Quedas de Altura

18.14 Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas

18.15 Andaimes e Plataformas de Trabalho

18.16 Cabos de Aço e Cabos de Fibra Sintética

18.17 Alvenaria, Revestimentos e Acabamentos

18.18 Telhados e Coberturas

18.19 Serviços em Flutuantes

18.20 Locais Confinados

18.21 Instalações Elétricas

18.22 Máquinas, Equipamentos e Ferramentas Diversas

18.23 Equipamentos de Proteção Individual

18.24 Armazenagem e Estocagem de Materiais

18.25 Transporte de Trabalhadores em Veículos Automotores

18.26 Proteção Contra Incêndio

18.27 Sinalização de Segurança

18.28 Treinamento

18.29 Ordem e Limpeza

18.30 Tapumes e Galerias

18.31 Acidente Fatal

18.32 Dados Estatísticos (Revogado pela Portaria SIT n.º 237, de 10 de junho

de 2011)

18.33 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CIPA nas empresas da

Indústria da Construção

18.34 Comitês Permanentes Sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na

Indústria da Construção

18.35 Recomendações Técnicas de Procedimentos RTP

18.36 Disposições Gerais

18.37 Disposições Finais

29

18.38 Disposições Transitórias

18.39 Glossário

Fonte: atualizado de FUNDACENTRO (1998).

De acordo com Vilela (2000) os acidentes de trabalho ocorrem em

determinadas condições de trabalho e num contexto de relações estabelecidas

entre patrões e empregados. Os acidentes de trabalho são influenciados, por

fatores relacionados à situação imediata de trabalho, como o maquinário, a

tarefa, o meio ambiente e também pela organização do trabalho. Em sentido

amplo, pelas relações de trabalho e pela correlação de forças existentes numa

determinada sociedade.

A ameaça do desemprego, a pressão da chefia exigindo mais

produção, as condições do maquinário, as condições do ambiente (como

presença de ruído, calor), a redução das equipes com aumento da sobrecarga

dos trabalhadores, a realização de horas extras, são fatores que devem ser

analisados, quando se pretende entender e prevenir a ocorrência dos

acidentes. Portanto, os acidentes como fenômenos multicausais, socialmente

determinados e previsíveis (VILELA, 2000).

Para Vilela (2000) em se tratando de prevenção de acidentes com

máquinas, as ações tradicionais de engenharia, como a instalação de

dispositivos de segurança não são suficientes. As campanhas e ações

“educativas” ou que visam punir os ditos “atos inseguros” no fundo colocam a

culpa do acidente na própria vítima. A abordagem que orienta a CUT e seus

representantes na ação sindical é a de que a prevenção de acidentes só será

efetiva se for acompanhada do aumento dos espaços de atuação dos

trabalhadores e seus representantes no interior das empresas. Organização no

Local de Trabalho – OLT é o melhor remédio contra os acidentes e doença.

30

2.2.3 A NR-35: principais perspectivas

A variedade de atividades que envolvem trabalhos realizados em altura

é grande, por isso A NR-35 não se aplica apenas a obras ou atividades de

construção. As pessoas especialistas em segurança precisam conscientizar as

desconhecedoras para que entendam a realidade dos acidentes de trabalho

em áreas como logística, indústria, telefonia, etc.

As normas de segurança também são imprescindíveis para a saúde do

trabalhador. A NR-35 entrou em vigor integralmente a partir do dia 27/03/2013

de acordo com a Portaria - Sit 313/2012. Seu objetivo e campo de aplicação

referem-se aos requisitos e medidas de proteção para o trabalho em altura, que

garantam a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou

indiretamente com esta atividade (BRASIL, 2012).

Dentre as obrigações do empregador destaca-se a implementação das

medidas de proteção estabelecidas pela NR-35 assegurando a realização da

Análise de Risco - AR e, quando aplicável, a emissão da Permissão de

Trabalho - PT; desenvolver procedimento operacional para as atividades

rotineiras de trabalho em altura; assegurar a realização de avaliação prévia das

condições no local do trabalho em altura (BRASIL, 2012).

O empregador deve promover a capacitação dos trabalhadores para a

realização de trabalho em altura. Ou seja, o trabalhador capacitado para

trabalho em altura, deve possuir um perfil estabelecido em treinamento, teórico

e prático, cujo conteúdo programático deve incluir: normas e regulamentos

aplicáveis ao trabalho em altura; análise de risco e condições impeditivas;

riscos potenciais e medidas de prevenção e controle; sistemas, equipamentos

e procedimentos de proteção coletiva; equipamentos de Proteção Individual

para trabalho em altura: seleção, inspeção, conservação e limitação de uso;

acidentes típicos em trabalhos em altura; condutas em situações de

emergência, incluindo noções de técnicas de resgate e de primeiros socorros

(idem).

31

Os trabalhadores devem cumprir as disposições legais e

regulamentares sobre trabalho em altura, inclusive os procedimentos

expedidos pelo empregador; colaborar com o empregador na implementação

das medidas de segurança; interromper suas atividades ou recusá-la se não

houver condições seguras de trabalho; comunicar as negligências; zelar pela

sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por

suas ações ou omissões no trabalho.

Todo trabalho em altura deve ser precedido de Análise de Risco que

deve considerar:

O local e seu entorno; o isolamento e a sinalização no entorno da área de trabalho; o estabelecimento dos sistemas e pontos de ancoragem; as condições meteorológicas; a seleção, inspeção, forma de utilização e limitação de uso dos sistemas de proteção coletiva e individual, atendendo às normas técnicas vigentes, às orientações dos fabricantes e aos princípios da redução do impacto e dos fatores de queda; o risco de queda de materiais e ferramentas; os trabalhos simultâneos que apresentem riscos específicos; o atendimento aos requisitos de segurança e saúde contidos nas demais normas regulamentadoras; os riscos adicionais; as condições impeditivas; as situações de emergência e o planejamento do resgate e primeiros socorros, de forma a reduzir o tempo da suspensão inerte do trabalhador; a necessidade de sistema de comunicação; a forma de supervisão (BRASIL, 2012 p.3).

As atividades de trabalho em altura não rotineiras devem ser

previamente autorizadas mediante Permissão de Trabalho que deve conter: os

requisitos mínimos a serem atendidos para a execução dos trabalhos; as

disposições e medidas estabelecidas na Análise de Risco; a relação de todos

os envolvidos e suas autorizações.

Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI são acessórios e

sistemas de ancoragem especificados e selecionados para o respectivo fator

de segurança contra queda. Antes do início dos trabalhos deve ser efetuada

inspeção rotineira de todos os EPIs, acessórios e sistemas de ancoragem. .

A figura 2 ilustra os equipamentos de proteção individual para trabalho

em altura.

32

Figura 2. Equipamentos de proteção individual e pontos de ancoragem. Fonte: <http://www.spinelli.blog.br/manual_altura.html>

Figura 3. Detalhes dos pontos de ancoragem do cinto tipo paraquedista. Fonte: <http://www.spinelli.blog.br/manual_altura.html>

O empregador deve disponibilizar uma equipe capacitada a responder

às situações de emergências para trabalho em altura. A equipe pode ser

própria, externa ou composta pelos próprios trabalhadores que executam o

33

trabalho em altura, em função das características das atividades. As pessoas

responsáveis pelo salvamento devem ser capazes de executar o resgate,

prestar primeiros socorros e possuir aptidão física e mental compatível com a

atividade a desempenhar (BRASIL, 2012).

A figura 4 mostra diversas situações em que as medidas de segurança

para trabalho em altura são adequadas, considerado que o trabalhador teve

acesso aos EPIs, treinamento e supervisão.

Figura 4. Itens de segurança para trabalho em altura. Fonte: <http://www.spinelli.blog.br/manual_altura.html>

Quando se fala em planejar o que será feito e a análise de risco o item

35.4.2, descreve uma forma de interpretação para o trabalho em altura, que

atende a uma hierarquia de grau de exposição controlada do trabalhador.

Amazonas (2014) ressalta que o ponto mais alto da hierarquia de prevenção é

evitar o risco. Isto implica em trazer o trabalho em altura para o chão

literalmente. Ao invés de deslocar um trabalhador para realizar o trabalho na

34

altura este será realizado no nível solo ou a partir do nível do solo. No entanto,

isto nem sempre é possível, mas já existem sistemas para baixar luminárias

para que as lâmpadas sejam trocadas sem a necessidade de sair do chão. Há

câmeras instaladas em hastes que podem auxiliar uma inspeção de locais

altos. Estes são alguns exemplos do que pode ser usado pelo profissional da

área de segurança a pensar em como agir para atender da melhor forma a

hierarquia de soluções.

Ao se evitar o trabalho em altura o risco deixa de existir e pode até ser

desconsiderado, este é o nível mais elevado da hierarquia prevencionista. A

importância da NR-35 consiste na conscientização de que todos os envolvidos

com o trabalho em altura devem avaliar cada situação atípica que pode conter

o risco de queda e, quando identificado, encontrar uma solução para evitá-lo.

O segundo nível ou nível intermediário pede para que o risco de queda seja eliminado, ou seja, o trabalhador não pode atingir locais onde exista o risco de uma queda. Neste nível é possível empregar o EPI através de um sistema de restrição de movimentação, porém, antes disto deve ser avaliado a possibilidade do uso de um EPC (equipamento de proteção coletiva). Toda esta escolha vai variar em cada situação e itens como local, quantidade de pessoas envolvidas, frequência e tempo de permanência no local onde existe a exposição ao risco, capacitação das pessoas envolvidas, equipamentos adequados, entre outros (AMAZONAS, 2014 p.1)

Amazonas (2014) ressalta que a vantagem dos sistemas coletivos de

segurança é que estes podem ser considerados sistemas ativos. Um exemplo

são as redes que protegem o trabalhador sem que ele precise executar

qualquer ação. Ao contrário, os sistemas passivos, precisam ser ativados pelo

trabalhador, como é o caso dos dispositivos de restrição de movimentação com

EPI.

Embora a NR-35 esteja em vigor, ainda é comum encontrar

trabalhadores agindo de forma negligente. As imagens a seguir mostram

situações de negligência de uso de EPI e condições inseguras.

35

Figura 5. Uso inadequado da escada Fonte: SANTOS, 2012

Uma mulher usa a escada de mão com tamanho insuficiente para

alcançar a altura que ela precisa. Além de possuir altura inadequada a mulher

se afasta e desequilibra caindo de uma altura aproximada de quase 2m. Se o

serviço deve ser realizado em todo o trilho o mais adequado seria usar

andaimes.

Figura 6. Falta de EPI Fonte: SANTOS, 2012

Na figura 6 aparecem dois homens trabalhando em altura sem cinto de

segurança e capacete, movendo-se de forma insegura e negligente. A falta de

uso de equipamentos de proteção individual necessário à realização da tarefa é

um ato inseguro. Neste caso eles deveriam usar cinto de segurança

paraquedista preso a uma dispositivo trava-queda, uma guia e capacete.

36

Figura 7. Arranjo inadequado da escada Fonte: SANTOS, 2012

Na figura 7 a escada apoiada de forma irregular constituindo uma

condição insegura. O arranjo é perigoso da escada por falta de apoio inferior.

Neste caso a escada de mão deve ultrapassar em 1,00 m no piso superior; ser

fixada no piso inferior e superior ou ser dotada de dispositivo que impeça o seu

escorregamento.

Figura 8. Transporte vertical inadequado Fonte: SANTOS, 2012

Nesta figura 8 trabalhadores estão usando um transporte vertical de

forma insegura numa construção. Um deles está segurando nas alças e

apoiado na beirada do mesmo. Esta é uma condição insegura. A empresa

responsável pela obra não poderia disponibilizar este tipo de transporte.

37

Figura 9. Andaime próximo à rede elétrica Fonte: SANTOS, 2012

Nesta figura um homem pinta a fachada de uma construção em um

andaime montado próximo à rede elétrica. O ato inseguro ainda é agravado

pela falta de uso de EPI. Desligar a rede elétrica antes da montagem do

andaime e durante a execução do serviço é a medida mais segura para esta

situação aliada ao uso de EPI e colocar um piso adequado para o andaime.

Figura 10. Uso inadequado do andaime e falta de EPI Fonte: SANTOS, 2012

Na figura acima um homem está realizando um trabalho de pintura

sobre um andaime montado de forma inadequada. Apenas uma tábua serve de

base para o pintor e o material. O trabalhador não usa EPI (cinto de segurança,

capacete, máscara) e está tentando alcançar um ponto fora de seu alcance.

38

As medidas de segurança implicam em montagem adequada do

andaime, conscientização do trabalhador sobre a necessidade do uso de EPI

para sua segurança.

De acordo com o item 35.2.1(b) da NR35 cabe ao empregador [...]

"assegurar a realização da Análise de Risco - AR e, quando aplicável, a

emissão da Permissão de Trabalho - PT" (BRASIL, 2012 p. 1) a figura abaixo é

um exemplo de uma PT para realização de manutenção da fachada de um

prédio de 4 andares.

Permissão de Trabalho- PT

De: 03/07/2013 Até: 03/07/2013 Hora: 8:00 Hora: 18:00

( ) Movimentação

com uso de guinchos,

paltaformas

( ) Manutenção civil

( ) Gases, explosivos e/ou

líquidos inflamáveis

( x ) Altura e/ou Telhados, níveis

elevados

( ) Demolição e Escavações

( ) Eletricidade

Mão de obra Fim de Semana / Feriado

( ) Interna

( x ) Externa ( ) N.º de Funcionários: 3

( ) Sim

( x ) Não

( ) Trabalho a

quente

( ) Local confinado

Preencher PET

( ) Outro:

Área Restrita ( ) Sim ( x ) Não

Nome da Empresa: MIAB Manutenção Predial Nome(s) do(s) Encarregado(s): João da Silva

Local de trabalho: Rua do Ouvidor, 37 Equipamento/Linha:

Descrição do trabalho: Manutenção de fachada de um prédio de 4 andares. Pintura da fachada. Uso de cadeira suspensa devido à impossibilidade de montar andaime.

Perigos Potenciais: ( x ) Projeção de partículas ( ) Levantamento/transporte de peso ( ) Detonações ( ) Produtos Inflamáveis ( ) Queda de PTA ( ) Explosão ( ) Choque elétrico ( ) Demolição ( ) Exposição a poeiras ( ) Ruído Excessivo ( ) Escavação/desmoronamento ( ) Exposição a gases e vapores ( x ) Queda diferença nível - Trabalho em altura

( ) Queda de escada ( ) Manuseio de equipamento de guindar

( ) Piso escorregadio ( x ) Queda de andaimes ( ) Movimentação de máquinas ( x ) Contato de produto químico com a pele

( ) Radiação não ionizante ( ) Uso de veículo - atropelamento

( x ) Queda de objetos em geral ( ) Exposição a fumos metálicos ( ) Trabalho em Espaço Confinado

( ) Trabalho sobre telhado ( ) Trabalho a quente (x ) Expor terceiros a perigos ( ) Concentração de vapores orgânicos – incêndio, explosão

( ) Trabalho a quente ou projeção faíscas em áreas com risco de explosão

( ) Outros

39

( ) Contato ferramentas, equipamentos e peças com cantos vivos, rebarbas

( ) Manuseio produtos inflamáveis (fogo, explosões)

( ) Outros

( x ) Outros

Equipamentos de Proteção Individual Necessários

EPI EPI OUTROS

( x ) Óculos de Segurança Incolor ( ) Perneira ( ) Guarda Corpo ( ) Óculos de segurança lente escura ( ) Sapato c/ Biqueira ( ) Linha de Vida Móvel ( ) Capacete para eletricista ( ) Sapatos/ Biqueira ( ) Linha de Vida Fixa ( ) Protetor facial – escudo rosto ( ) Sapato de eletricista ( ) Placas Sinalização ( ) Máscara de soldador - escudo ( ) Luva Nitrílica ( x ) Isolamento de Área ( ) Escudo de proteção contra arco elétrico

( ) Luva Látex ( ) Tapume para solda

( ) Protetor Auricular Plug ( x ) Luva PVC ( ) Tapete Isolante ( ) Protetor Auricular Concha ( ) Luva Malha ( ) Coberturas Isolantes ( ) Capacete ( ) Luva Vaqueta ( ) Conjunto Ferramentas Isoladas ( x ) Capacete com jugular - trabalho altura

( ) Luva Raspa ( x ) Cones Sinalização

( ) Uniforme para eletricista ( ) Luva Isolante Classe 2 ( x ) Fitas Sinalização ( ) Respirador para poeiras, névoas e fumos

( ) Luva Isolante Classe O ( ) Escoramento

( ) Respirador para vapores orgânicos ( x ) Avental de PVC ( ) Tapumes ( ) Respiradores para gases ácidos ( ) Avental de raspa ( ) Outros ( x ) Respirador com filtros combinados

( ) Macacão de tyvec

( x ) Cinto tipo Paraquedista ( x ) Macacão de pintor ( x ) Talabarte Y ou 2 talabartes ( ) Mangote raspa ( x ) Outro ( x ) Outro

Medidas Preventivas ( x ) Analisar o ambiente antes de iniciar o trabalho

( ) Usar escadas madeira ou fibra em bom estado

( ) Não movimentar andaime com pessoas em cima

( x ) Manter áreas sinalizadas ou isoladas

( ) Prender escada extensível ( ) Ancorar andaime sempre

( x) Informar pessoal da área e arredores

( ) No uso de maçarico, óculos com lente escura

( ) Uso de guarda-corpo e rodapé no andaime

( ) Colocar anteparos/tapumes ( ) Equipamento de solda com válvula contra retrocesso de chama

( ) Colocar escada de acesso no andaime

( ) Manter escavação devidamente escorada/ tapumes

( ) Manter fogo e faíscas afastados de inflamáveis

( ) Andaimes com forração completa

( x ) Manter ferramentas em boas condições de conservação

( ) Acender somente com acendedor de maçarico

( ) Andaimes com rodas e elementos travados

( ) Desenergizar as redes ( ) Manter cilindros gás na vertical, amarrados, local seguro, afastados de combustíveis

( ) Colocar diagonais no andaime para evitar a torção

( ) Sinalizar equipamentos elétricos com cartões/cadeados/chaves...

( ) Acompanhamento defesa interna tempo integral

( ) Desenergizar rede elétrica, tubulações, etc próximas ao andaime

( ) Trabalhador que realizará desligamento e /ou ligação da parte elétrica legalmente habilitado

( ) Proteger líquidos inflamáveis e materiais combustíveis

( ) Não utilizar PTA para instalações energizadas

( ) Atender NR-10 ( ) Condutor/operador de veículo deve ser habilitado

( ) Tubulações e redes foram desligadas e isolada

( ) Cuidados com parte elétrica, cabos e extensões

( ) Dirigir em velocidade adequada às condições da via

( ) Armazenar inflamável em local adequado

( ) Utilizar iluminação à prova de explosão

( ) Operador capacitado e treinado (com certificado)

( )

( ) Embalar/amarrar peças para transporte

( x ) Empregados treinados e habilitados para trabalhos em altura

(x ) Manter dispositivos movimentação material em condições adequadas

( ) Utilizar linha de vida

( ) Afastar as mãos da zona de ação de equipamentos e ferramentas

(x ) Manter seguro o transporte de ferramentas e materiais para o topo

( x) Armazenar materiais e equipamentos adequadamente

( x) Trabalho em altura em área externa, verificar condições climáticas favoráveis

( ) Usar escada com pé de borracha/ antiderrapante

( ) Não ficar ou passar embaixo de cargas suspensas

Pessoas liberadas para trabalhar Assinatura Observações

40

André da Silva Medeiros

José Antonio da Silva O trabalhador está apto ao serviço nesta data

Guilherme Antonio dos Santos

José Antonio da Silva O trabalhador está apto ao serviço nesta data

Antonio de Oliveira

Assinatura do responsável da

Contratada

José Antonio da Silva

Assinatura do Técnico de

Segurança

Sebastião Pedroza

Assinatura do Responsável da Área

Figura 11. Exemplo de uma PT para trabalho de manutenção de uma fachada de prédio. Fonte: SANTOS, 2012

Existem muitos riscos durante a execução do trabalho em altura. Por

isso, é necessário o estudo do lugar e dos equipamentos a serem usados,

assim como o treinamento e a capacitação dos envolvidos. Os principais riscos

são: queda do trabalhador; queda de materiais ocasionando danos a terceiros;

o cheiro da tinta pode ocasionar mal estar (tonteira, enjoo) no trabalhador, a

falta de manutenção da dos EPIs podem representar risco de queda, morte ou

lesão no trabalhador; o despreparo do trabalhador pode colocar a sua vida e a

vida de terceiros em risco.

No caso da atvidade da PT anterior algumas ações devem ser adotadas

para minimizar os riscos.

Definição do tipo de cadeira suspensa ou andaime em função das

características da fachada, acessos à cobertura e interferências para

execução do trabalho;

Definição da movimentação nos beirais visando deslocamento

racional, distante de rede elétrica e garantindo-se resistência mecânica

de todos os pontos de ancoragem de, no mínimo, 1500 kg;

Definição dos materiais, ferramentas e equipamentos (EPIs),

necessários à realização do trabalho;

Os andaimes e cadeiras suspensas devem ser usados em

conjunto com o travaqueda;

41

Deve ser usado capacete de segurança com jugular e outros

EPIs, de acordo com a tarefa:

- Botas de PVC/borracha para lavagem de fachadas/exposição à

umidades;

- Luvas de PVC para risco de contaminação e cortes com vidro;

- Luvas de látex, capa e óculos de segurança na manipulação de

ácidos, cloro, etc;

Na passagem do telhado ao andaime ou cadeira ou durante a

movimentação pelos beirais, deve ser usado cinturão de segurança tipo

paraquedista ligado, por meio de talabarte, a um ponto de ancoragem;

Controle médico e qualificação técnica dos trabalhadores, dentro

do prazo de validade, para serviço nesta área com alta periculosidade;

Deve ser usada cadeira suspensa com Certificado de Revisão do

fabricante, dentro do prazo de validade (doze meses, conforme NBR

14.751);

Condições climáticas satisfatórias para liberar trabalho em

fachada, visto que é proibido com chuva e/ou vento.

Para a realização da tarefa descrita na PT (figura 11) é necessário o uso

da cadeira suspensa. Para tanto, vale destacar as especificações de uso desse

recurso. A figura 12 apresenta, em detalhes, as especificações da cadeira

suspensa.

42

Figura 12. Sistemas de sustentação de cadeira suspensa. Fonte: SANTOS, 2012.

Para Vilela (2000) o melhor mais elaborado sistema de proteção não

oferece proteção efetiva se os trabalhadores não participam de seu projeto,

implantação, etc. A participação do trabalhador é a garantia de que o

dispositivo cumprirá sua finalidade.

Além deste envolvimento, a capacitação específica e detalhada é uma

parte importante de qualquer esforço para conseguir segurança em máquina. A

capacitação deve minimamente abranger:

* uma descrição e identificação dos riscos associados com cada máquina e as proteções específicas contra cada risco; * como funcionam as proteções; como e por que devem ser usadas;

43

* como e em que circunstâncias pode ser removida uma proteção, e por quem (na maioria dos casos, só o pessoal de conserto ou manutenção); o que fazer (por exemplo, contatar o supervisor) se uma proteção é danificada ou se perde sua função, deixando de garantir uma segurança adequada (VILELA, 2000 p. 14).

Os seres humanos são limitados do ponto de vista psíquico, físico, e

biológico, portanto, necessitam de dispositivos de segurança para garantir que

as falhas humanas possam ocorrer sem gerar lesões aos trabalhadores (idem).

44

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo acidente de trabalho situa-se no contexto amplo das relações

estabelecidas entre patrões e empregados e as forças entre os poderes

existentes na sociedade. Fatores como a situação imediata de trabalho,

maquinário, a tarefa, o meio ambiente, a organização do trabalho e as relações

de trabalho interferem direta ou indiretamente nos acidentes laborais.

A ameaça do desemprego, a pressão para produzir mais, as condições

do maquinário, a presença de ruído, calor, a sobrecarga de trabalho

ocasionada pela redução das equipes e a necessidade de horas extras, são

componentes importantes que devem ser analisados, quando se pretende

entender e prevenir acidentes em qualquer contexto de trabalho.

Os acidentes são multicausais, socialmente determinados, previsíveis e

preveníveis. No entanto, os trabalhadores e seus representantes precisam ser

mais atuantes no interior das organizações para que possam compreender

seus direitos e deveres para com a sua segurança e a segurança daqueles que

estão ao seu redor.

Em se tratando de trabalho em altura a importância da norma

regulamentadora 35 é a de regulamentar as atividades nesta circunstância. Os

trabalhos em altura requerem um olhar mais criterioso, haja vista, que os

índices de acidentes fatais neste setor ainda são alarmantes.

A adoção de uma mentalidade prevencionista requer de patrões e

trabalhadores um empenho diário pela conscientização da importância dos

procedimentos de segurança. As normatizações existem e devem ser

cumpridas por ambas as partes, no entanto, este deve ser um esforço de todas

as organizações, pois os danos à saúde de um trabalhador repercutem em

toda a sociedade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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