trabalho de conclusão de curso - versão final

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UFG CAMPUS CATALÃO CAC CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MARCOS VINICIUS AGAPITO MENDES APROVEITAMENTO DE FINOS DE MAGNETITA GERADOS NO PROCESSAMENTO DE ROCHA FOSFÁTICA CATALÃO 2014

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Page 1: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – UFG

CAMPUS CATALÃO – CAC

CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MARCOS VINICIUS AGAPITO MENDES

APROVEITAMENTO DE FINOS DE MAGNETITA GERADOS NO

PROCESSAMENTO DE ROCHA FOSFÁTICA

CATALÃO

2014

Page 2: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

MARCOS VINICIUS AGAPITO MENDES

APROVEITAMENTO DE FINOS DE MAGNETIRA GERADOS NO

PROCESSAMENTO DE ROCHA FOSFÁTICA

Orientador: Prof. Dr. André Carlos Silva

CATALÃO

2014

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia

de Minas da Universidade Federal

de Goiás – UFG, como requisito

parcial para obtenção do título de

bacharel em Engenharia de Minas.

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À minha família, pelo incentivo para

continuar trilhando esse tortuoso caminho, e

à minha noiva, pela motivação nas horas

difíceis.

Page 6: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

AGRADECIMENTOS

Queria agradecer primeiramente a Deus, que me deu forças para chegar até aqui com saúde,

vencendo uma série de desafios pelo caminho.

A minha família, em especial minha avó Eleuza de Fátima, minha mãe Suely de Fátima Mendes,

e meu pai Marcos Serafim Agapito; pelo apoio e compreensão nos momentos difíceis que

passei. Ao meu tio Welson Roberto e minha tia Marcia da Silva Agapito Roberto pelos muitos

conselhos passados a mim.

À Anglo American Fosfatos Brasil, na pessoa do engenheiro Ângelo Pereira Silva Jr, que nos

forneceu o material necessário à realização deste estudo. Também ao meu gestor na Anglo

American Nióbio Brasil, Pauliano Sebastião Rufino Cruz, que me ajudou muito durante meu

estágio nesta empresa e contribuiu de forma satisfatória para meu crescimento profissional.

A todos meus professores, que muito me ensinaram, e ao meu professor e orientador André

Carlos Silva.

Ao professor Rodrigo Gustavo Delalibera e ao graduando em engenharia civil Alexandre Faria

Seixo de Britto, pela grande ajuda com os cálculos e modelagem dos corpos de prova de

concreto.

Também quero agradecer a todos meus amigos pelos momentos que passamos juntos, os quais

me agregaram valores importantes; e a Ricardo Antônio de Rezende e Rildo Ferreira de Sousa

Júnior, pela ajuda e conselhos durante a realização desta pesquisa.

A todos que de alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse realizado.

Por fim, em especial, quero agradecer minha noiva, Marcella Lourenço Bueno, mulher que

esteve sempre ao meu lado nos momentos difíceis, me dando forças para continuar, que

acreditou no meu potencial até nos momentos em que eu mesmo não acreditava mais, e que

Page 7: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

nunca desistiu de perseguir um sonho que no começo era só meu, mas que se tornou dela

também.

Muito obrigado a todos!

Page 8: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

“Talvez não tenha conseguido fazer o

melhor, mas lutei para que o melhor fosse

feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças

a Deus, não sou o que era antes”.

(Marthin Luther King)

Page 9: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

RESUMO

O aproveitamento dos finos de magnetita gerados no processamento de rocha fosfática consiste

em uma alternativa importante para a diminuição de passivos ambientais causados pelo ramo

de mineração. No entanto, são necessário métodos que viabilizem este fato. Entre eles podemos

considerar os métodos de aglomeração e a substituição dos componentes do concreto por

magnetita. Especificamente neste trabalho procedeu-se o estudo destes métodos. No entanto,

devido à falta de equipamentos adequados para a aglomeração, somente ensaios com corpos de

prova de concreto foram realizados. Estes últimos consistiram na substituição parcial do

agregado miúdo por magnetita na composição do concreto com a realização ensaios de ruptura

para a verificação da resistência mecânica. Os resultados foram satisfatórios para um estudo

preliminar, comprovando que a substituição da areia por magnetita realmente causa um

incremento na resistência mecânica do concreto.

Palavras-chave: aproveitamento. Concreto. Dosagem. Finos de magnetita.

Page 10: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

ABSTRACT

The use of magnetite fine generated in phosphate rock processing is an important alternative

for the reduction of environmental damage caused by mining sector. However, methods are

needed that allow this. Among them we can consider agglomeration methods and concrete

components replacement with magnetite. In this work a study of these methods was conducted.

However, due to a lack of proper equipment for agglomeration, only tests with concrete were

performed. The latter consisted of the partial replacement of the light aggregate with magnetite

in the concrete composition with rupture tests for checking the mechanical resistance. Obtained

were satisfactory for a preliminary study, showing the replacement of sand per magnetite

actually causes an increase in mechanical strength of concrete.

Keywords: reuse. Concrete. Dosage. Magnetite fines.

Page 11: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Cimento (A), agregado miúdo - areia (B), e agregado graúdo - pedra ou brita (C) 24

Figura 2 - Clínquer para a fabricação do cimento Portland ................................................... 25

Figura 3 - Areia natural a esquerda, e seixo rolado a direita .................................................. 26

Figura 4 - Medida do abatimento do tronco de cone ............................................................. 28

Figura 5 - Gráfico para a determinação da relação água/cimento (a/c) em função das

resistências do concreto e do cimento aos 28 dias de idade ............................................ 34

Figura 6 - Resistência média a compressão do cimento em função da relação água/cimento

para os cimentos do tipo CP 32 ..................................................................................... 34

Figura 7 - Relação entre resistência à compressão (porcentagem da resistência aos 28 dias e

curada a 21ºC) e maturidade .......................................................................................... 38

Figura 8 - Alguns resíduos metálicos e os respectivos briquetes ........................................... 45

Figura 9 - Princípio da compressão em prensa de rolos ........................................................ 46

Figura 10 - Rolos integrais com revestimento de uma liga especial ...................................... 50

Figura 11 - Rolos sólidos, com possibilidade de substituição das tiras que dão forma aos

briquetes ....................................................................................................................... 50

Figura 12 - Rolos segmentados para aplicação em materiais abrasivos ................................. 51

Figura 13 - Esquema de disco de pelotamento e o mesmo em operação industrial ................ 53

Figura 14 - Esquema de tambor de pelotamento e o mesmo em operação industrial.............. 54

Figura 15 - Esquema de um disco de pelotamento ................................................................ 57

Figura 16 - Formação de pelotas cruas em um disco de pelotamento. Vista lateral (a) e vista

frontal do disco (b) ........................................................................................................ 57

Figura 17 – Influência das forças capilares no mecanismo de aglomeração de finos de minério

de ferro ......................................................................................................................... 58

Figura 18 - Estágios de formação das pelotas cruas .............................................................. 60

Figura 19 - Classificação das pelotas cruas ........................................................................... 61

Figura 20 - Alimentação da grelha, com pelotas cruas e com pelotas de camada lateral e de

fundo ............................................................................................................................ 62

Figura 21 - Zona de secagem ascendente do forno de queima ............................................... 63

Figura 22 - Zona de secagem descendente do forno de queima ............................................. 63

Figura 23 - Zona de pré-queima no forno de queima ............................................................ 64

Figura 24 - Transferência de calor do fluxo gasoso para o leito de pelotas na zona de queima

..................................................................................................................................... 65

Figura 25 - Perfil térmico de um forno do tipo Grelha Móvel ............................................... 66

Figura 26 - Empilhamento de pelotas pelo método Windrow. Formação das pilhas paralelas

vista da empilhadeira (A) e formação das pilhas paralelas na vista frontal (B) ............... 68

Figura 27 - Formação do pescoço entre partículas esféricas induzidas por sinterização ......... 70

Figura 28 - Estágios de sinterização ..................................................................................... 71

Figura 29 - Esquema do processo Dwigth & Lloyd .............................................................. 73

Figura 30 - Microestrutura do sínter de minério de ferro....................................................... 73

Figura 31 - Estufa (A) e assadeiras (B) ................................................................................. 75

Figura 32 - Peneirador de laboratório (A) e quarteador (B) ................................................... 76

Figura 33 - Série de peneiras (A) e balança de precisão (B) .................................................. 76

Figura 34 - Garrafas pet individualizando a magnetita retida em cada malha da série ........... 77

Figura 35 - Picnômetro utilizado para obter as massas específicas dos materiais .................. 78

Figura 36 - Betoneira CSM de 150 litros utilizada nos ensaios ............................................. 80

Figura 37 - Slump test com funil utilizado no ensaio do abatimento do tronco de cone ......... 81

Figura 38 - Posicionamento do slump test entre os pés do executante ................................... 82

Page 12: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

Figura 39 - Material sendo socado com o auxílio da haste .................................................... 82

Figura 40 - Medição do abatimento do tronco de cone em dois ensaios de slump test ........... 83

Figura 41 - Materiais utilizados para a moldagem dos corpos de prova................................. 83

Figura 42 - Concreto sendo socado na modelagem dos corpos de prova ............................... 84

Figura 43 - Acerto da superfície do corpo de prova .............................................................. 84

Figura 44 - Prensa hidráulica de 45 ton utilizada nos ensaios ................................................ 85

Figura 45 - Projeto da peça para distribuir a pressão uniformemente no corpo de prova ....... 85

Figura 46 - Peça de aço mecânico utilizada para distribuir a pressão uniformemente no corpo

de prova ........................................................................................................................ 86

Figura 47 - Corpo de prova ajustado no centro da prensa (A) e manômetro analógico (B) .... 86

Figura 48 - Corpo de prova após ruptura .............................................................................. 87

Figura 49 - Distribuição granulométrica da areia ................................................................. 91

Figura 50 - Distribuição granulométrica da magnetita .......................................................... 91

Figura 51 - Gráfico representando a média aritmética dos resultados de resistência à

compressão dos corpos de prova ................................................................................... 94

Figura 52 - Gráfico representando os resultados maiores para a resistência à compressão dos

corpos de prova ............................................................................................................. 94

Figura 53 - Gráfico representado a discrepância entre os resultados de resistência à

compressão obtidos para os corpos de prova A (0% de magnetita) ................................ 95

Figura 54 - Gráfico representado a discrepância entre os resultados de resistência à

compressão obtidos para os corpos de prova B (5% de magnetita) ................................. 95

Figura 55 - Gráfico representado a discrepância entre os resultados de resistência à

compressão obtidos para os corpos de prova C (10% de magnetita) ............................... 96

Page 13: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação entre trabalhabilidade e abatimento do tronco de cone ............................ 28

Tabela 2 - Valores do desvio padrão de dosagem em função das condições de preparo......... 33

Tabela 3 - Consistência do concreto em função do elemento estrutural para o caso do

adensamento mecânico .................................................................................................. 35

Tabela 4 - Estimativa do consumo de água por metro cúbico de concreto ............................. 35

Tabela 5 - Volume compactado seco (Vag) de agregado graúdo por metro cúbico de concreto

..................................................................................................................................... 36

Tabela 6 - Série de peneiras para agregados ......................................................................... 37

Tabela 7 - Diferentes tipos de aglomerantes ......................................................................... 42

Tabela 8 - Alguns aglomerantes utilizados na briquetagem de partículas finas...................... 43

Tabela 9 - Força necessária para compressão de materiais em uma prensa com rolo de 1000

mm de diâmetro ............................................................................................................ 48

Tabela 10 - Série de peneiras utilizada para a análise granulométrica ................................... 77

Tabela 11 - Valores obtidos nos ensaios de picnometria e média da massa específica para a

areia .............................................................................................................................. 88

Tabela 12 – Valores obtidos nos ensaios de picnometria e média da massa específica para a

brita .............................................................................................................................. 88

Tabela 13 - Valores obtidos nos ensaios de picnometria e média da massa específica para a

magnetita ...................................................................................................................... 88

Tabela 14 - Análise granulométrica média para a areia ......................................................... 89

Tabela 15 - Análise granulométrica média para a magnetita ................................................. 90

Tabela 16 - Módulo de finura médio obtido para a areia ....................................................... 92

Tabela 17 - Valores do traço e do consumo de componentes para uma situação inicial e outra

corrigida ........................................................................................................................ 92

Tabela 18 - Descrição da nomenclatura atribuída aos corpos de prova .................................. 93

Tabela 19 - Resistência a compressão dos corpos de prova ................................................... 93

Page 14: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16

2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 18

2.1. OBJETIVO GERAL .....................................................................................................................18 2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................................................18

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 19

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 20

4.1. CONCRETO ................................................................................................................................20 4.1.1. Origens do concreto ..............................................................................................................20 4.1.2. Conceitos ..............................................................................................................................21 4.1.3. Composição do concreto simples ...........................................................................................23

4.1.3.1. Cimento ........................................................................................................................................ 24 4.1.3.2. Agregados..................................................................................................................................... 25 4.1.3.3. Água ............................................................................................................................................. 26

4.1.4. Propriedades do concreto fresco ...........................................................................................27 4.1.4.1. Trabalhabilidade ........................................................................................................................... 27 4.1.4.2. Consistência .................................................................................................................................. 29 4.1.4.3. Segregação.................................................................................................................................... 29 4.1.4.4. Exsudação..................................................................................................................................... 29

4.1.5. Propriedades do concreto endurecido ...................................................................................30 4.1.5.1. Resistência à compressão .............................................................................................................. 30 4.1.5.2. Módulo de elasticidade .................................................................................................................. 30 4.1.5.3. Resistência à tração ....................................................................................................................... 30

4.1.6. Escolha dos materiais ...........................................................................................................31 4.1.7. Dosagem de materiais ...........................................................................................................31

4.2. AGLOMERAÇÃO .......................................................................................................................38 4.2.1. Briquetagem .........................................................................................................................39

4.2.1.1. Briquetagem com aglomerantes ..................................................................................................... 41 4.2.1.2. Briquetagem sem aglomerantes...................................................................................................... 43 4.2.1.3. Briquetagem a quente .................................................................................................................... 44 4.2.1.4. Processo de briquetagem ............................................................................................................... 45

4.2.1.4.1. Preparação ............................................................................................................................. 46 4.2.1.4.2. Mistura .................................................................................................................................. 47 4.2.1.4.3. Compactação ......................................................................................................................... 47 4.2.1.4.4. Tratamento térmico ................................................................................................................ 49

4.2.1.5. Equipamentos de briquetagem ....................................................................................................... 49 4.2.2. Pelotização ...........................................................................................................................52

4.2.2.1. Processo de pelotização ................................................................................................................. 55 4.2.2.1.1. Preparação da matéria prima .................................................................................................. 55 4.2.2.1.2. Formação das pelotas cruas (ou pelotamento) ......................................................................... 56 4.2.2.1.3. Processamento térmico (ou queima) ....................................................................................... 61

4.2.2.2. Secagem e endurecimento das pelotas a frio ................................................................................... 66 4.2.2.3. Estocagem e embarque das pelotas................................................................................................. 67

4.2.3. Sinterização ..........................................................................................................................68 4.2.3.1. Fundamentos de sinterização ......................................................................................................... 68 4.2.3.2. Processo de sinterização ................................................................................................................ 69 4.2.3.3. Sinterização de partículas minerais ................................................................................................ 72

5. METODOLOGIA .................................................................................................. 75

5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS ...........................................................75 5.1.1. Análise granulométrica da magnetita e areia.........................................................................75 5.1.2. Módulo de finura da areia .....................................................................................................78

Page 15: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

5.1.3. Massa específica da areia, brita e magnetita .........................................................................78 5.2. CÁLCULO DO TRAÇO DO CONCRETO ...................................................................................79 5.3. MODELAGEM E RUPTURA DOS CORPOS DE PROVA ...........................................................80

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 88

7. CONCLUSÕES ................................................................................................... 98

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 99

Page 16: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

16

1. INTRODUÇÃO

A indústria mineral é um ramo importante da economia e que está se fortalecendo no decorrer

dos anos. Devido a seu crescimento, se tornou um mercado extremamente competitivo. Diante

desse cenário, as empresas buscam a redução de custos para se tornarem mais rentáveis e

sobreviverem nesse ambiente.

Algumas empresas do setor mineral buscam se tornar mais competitivas no mercado dando

ênfase à concentração e produção de elementos minerais que antes eram descartados como

rejeitos do processamento mineral. Tal fato ocorria devido à falta de interesse por parte do

grupo nesse material, pela falta de tecnologia e rotas que propiciassem sua produção, e também

pela falta de mercado para o produto. Mas o cenário vem mudando, e com a descoberta de novas

tecnologias e a acirrada competitividade do mercado, a produção desses materiais, que antes

eram descartados, começa a se tornar possível. Atualmente, algumas empresas comercializam,

além do produto principal, coprodutos obtidos do processamento e que eram descartados,

aumentando sua receita e diminuindo os impactos ambientais causados pela deposição de

grandes quantidades de rejeitos e estéreis.

A magnetita é um mineral atualmente descartado como rejeito em plantas de beneficiamento

de rocha fosfática, como ocorre em Catalão/GO. A quantidade desse material gerado no

processo é pequena se considerado a produção de plantas de beneficiamento de minério de

ferro. Porém, as quantidades são consideráveis quando analisamos os impactos ambientais

causados pela deposição dessa magnetita como rejeito. Além disso, a comercialização desse

material como coproduto da indústria de fosfato pode ser uma alternativa de destaque para o

aumento da receita e manutenção da empresa no mercado.

Para que a comercialização da magnetita proveniente desse processo seja possível, são

necessários estudos que comprovem que esse material pode realmente ser aproveitado com

outras finalidades, e que isso é economicamente viável. Portanto, este trabalho busca encontrar

possíveis métodos de aproveitamento para esta magnetita gerada no processamento de rocha

fosfática.

Page 17: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

17

A substituição do agregado miúdo por finos de magnetita na composição do concreto pode ser

considerado um método de aproveitamento de destaque. A indústria de construção civil é um

ramo da economia que teve um importante crescimento nos últimos anos. Logo, qualquer

alteração na composição do concreto que traga ganhos de resistência mecânica e diminua os

custos de produção é interessante para este setor.

Outro método importante a ser considerado é a aglomeração. A produção de briquetes, pelotas

e sínter com resistência mecânica considerável e sem a presença de sulfetos pode ser uma

alternativa para o aproveitamento dos finos de magnetita como revestimento de asfalto e insumo

no alto-forno para a produção de aço.

Estes métodos de aproveitamento podem garantir uma diminuição considerável nos passivos

ambientais gerados no processamento de rocha fosfática, permitir ganhos com a

comercialização de um coproduto e aumentar a resistência mecânica de concretos produzidos

com baixo custo.

Neste trabalho foram realizados testes para estudar a viabilidade técnica da substituição do

agregado miúdo por finos de magnetita na composição do concreto. Para isto, um estudo sobre

concreto se fez necessário. Porém, uma revisão sobre aglomeração também foi realizada devido

à importância deste método para o aproveitamento dos finos de magnetita.

Page 18: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

18

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Estudar métodos de aproveitamento para finos de magnetita gerados no processamento de rocha

fosfática.

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

i. Realizar estudo sobre as propriedades do concreto, dosagem, modelagem e ruptura de

corpos de prova de concreto;

ii. Estudar métodos de aglomeração que permitam o aproveitamento dos finos de

magnetita gerados no processamento de rocha fosfática;

iii. Executar análise granulométrica do agregado miúdo e da magnetita, adequando ambos

materiais à mesma distribuição;

iv. Realizar o cálculo do traço visando obter uma resistência de concreto convencional;

v. Substituir parcialmente o agregado miúdo do concreto por finos de magnetita,

produzindo corpos de prova para ensaios;

vi. Realizar ensaios de resistência mecânica com os corpos de prova de concreto

produzidos.

Page 19: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

19

3. JUSTIFICATIVA

Diante do mercado competitivo que se formou atualmente, qualquer redução de custos, por

mais singela que seja, gera ganhos consideráveis. O rejeito gerado pelo processamento de rocha

fosfática contendo magnetita, como ocorre em Catalão/GO, é um passivo ambiental que possui

custos para sua manutenção. Logo, a diminuição deste mineral, que atualmente é depositado

em barragens de rejeito, deve ser implementada visando a redução deste impacto ambiental bem

como a geração de divisas para a empresa.

De acordo com os resultados obtidos na prospecção dos depósitos minerais de Catalão/GO a

magnetita continuará a ser produzida pelas plantas de processamento de rocha fosfática. Logo,

a produção e comercialização de concentrado de magnetita pode ser uma alternativa para

diminuir o custo operacional global. Assim sendo, justifica-se o presente trabalho como uma

tentativa de encontrar métodos de aproveitamento para essa magnetita.

Page 20: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

20

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os finos de magnetita são considerados rejeitos do processamento de rocha fosfática. Por este

fato, são descartados em barragens de rejeito gerando passivos ambientais consideráveis. Logo,

encontrar métodos de aproveitamento para os finos de magnetita pode garantir a diminuição

dos impactos ambientais, permitindo que este material seja comercializado como coproduto.

4.1. CONCRETO

O concreto é um material muito utilizado, e em grande escala, no ramo da construção civil.

Logo, o desenvolvimento de novas tecnologias que permitam a diminuição de custos e

melhorias nas propriedades mecânicas é importante. Assim, a busca por novos materiais que

substituam os componentes principais do concreto, baixando custos de produção e conferindo-

lhe melhores características mecânicas, está sendo muito difundida atualmente.

A magnetita é um rejeito gerado em grandes quantidades em etapas de processamento de rocha

fosfática. Assim, a substituição de uma porcentagem do agregado miúdo (areia) por este

material pode trazer ganhos para o setor de mineração e de construção civil. E caso o estudo

obtenha sucesso, poderá conferir melhores propriedades mecânicas ao concreto e, talvez,

diminuir os custos de produção desse material.

Atualmente existem vários ensaios que podem ser realizados com corpos de prova de concreto

para determinar suas propriedades técnicas. Neste trabalho a ênfase aconteceu nos ensaios de

compressão pelo fato de sua importância e simplicidade de realização.

4.1.1. Origens do concreto

O concreto pode ser considerado como uma pedra artificial resultante da junção de um

aglomerante com materiais pétreos. Pode-se afirmar que é tão antigo quanto a civilização, pois

entre 9000 e 7000 a.C. a cal já era utilizada em uma mistura com pedra para a construção de

pisos (VIEIRA, 2007). Segundo Malinwski e Garfinkel (1991) apud Vieira (2007) escavações

na cidade de Jericó encontraram pisos construídos com material semelhante ao concreto atual,

Page 21: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

21

questionando o fato de serem os gregos e romanos os pioneiros do uso da cal e da pozolana na

obtenção do concreto.

O concreto é, depois da pedra, da argila e da madeira, um dos materiais de construção mais

antigos que a humanidade conhece. Em tempos remotos, os romanos produziam um tipo de

concreto com cinza vulcânica e cal que permitia a moldagem e a soldagem de peças formadas

por grandes blocos de pedra. Pode-se afirmar que sua origem, em tempos mais recentes,

remonta ao ano de 1756, quando John Smeaton utilizou pela primeira vez uma argamassa

calcinada na construção do farol de Eddystone (BAUER e NORONHA, 2008).

Foi somente a partir de 1824, entretanto, com o advento do cimento Portland, que o concreto

assumiu um lugar de destaque entre os materiais de construção. Assim, surgiram as primeiras

especificações para concreto baseadas no estudo científico de seus elementos constitutivos e

das suas propriedades físicas.

O concreto surgiu da necessidade de aliar a durabilidade da pedra com a resistência do aço,

podendo o material composto assumir qualquer forma, envolvendo o aço para evitar a sua

corrosão. Os materiais de construção feitos à base de cimento podem ser considerados os mais

importantes produzidos pelo homem, porque lhe possibilitou construir as edificações e todas as

principais obras de que necessitava para viver.

O consumo mundial de concreto, no ano de 1963, foi estimado em 3 bilhões de toneladas, se

traduzindo em uma tonelada por pessoa no mundo. O homem não consome nenhum outro

material em tal quantidade, a não ser a água. Dentre fatores de seu alto consumo podemos

considerar a facilidade e disponibilidade para obter os materiais que o compõem a um custo

baixo, a facilidade de execução, adaptação a todo tipo de forma e tamanho, excelente resistência

à água, e o fato de se apresentar como um material ecologicamente correto.

4.1.2. Conceitos

O concreto é um material de construção heterogêneo muito importante resultante da mistura de

um aglomerante hidráulico com materiais inertes à água. O aglomerante usualmente empregado

é o cimento Portland. Os materiais inertes do concreto são designados por agregados, que se

dividem em graúdos (pedra britada) e miúdos (normalmente areia natural, ou pó de pedra). O

Page 22: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

22

cimento, ao ser hidratado pela água, forma uma pasta que envolve e adere aos agregados,

possibilitando sua moldagem em diversas formas (BENETTI, 2007). Os tipos de produtos do

cimento são descritos a seguir:

PASTA = CIMENTO + ÁGUA

ARGAMASSA = PASTA + AGREGADO MIÚDO

CONCRETO = ARGAMASSA + AGREGADO GRAÚDO

CONCRETO ARMADO = CONCRETO + ARMADURA PASSIVA

CONCRETO PROTENDIDO = CONCRETO + ARMADURA PASSIVA E ATIVA

O concreto pode ser moldado de acordo com as necessidades de cada local quando em seu

estado fresco. Ao endurecer, torna-se uma pedra artificial. Após sua hidratação, o concreto

permite o trabalho por um período médio de 3 horas, começando a ganhar resistência após esse

período. Devido a essas características únicas, o concreto é o segundo material mais consumido

pela humanidade.

A resistência do concreto é função de três fatores importantes: resistência do agregado,

resistência da pasta e resistência da ligação entre pasta e agregado. Logo, o controle adequado

desses três fatores é importante para garantir a qualidade do concreto e sua perfeita aplicação

na obra em questão.

Na obtenção de um concreto de qualidade, é necessária a execução das operações de dosagem

dos materiais, mistura, transporte até o local da obra, lançamento, adensamento e cura. Se

qualquer uma dessas operações for mal executada, pode comprometer a qualidade do concreto

final, e consequentemente gerar riscos estruturais a obra (Petrucci (1968) apud Benetti (2007)).

A inclusão dos agregados nas argamassas e concretos traz vantagens técnicas e econômicas,

reduzindo o teor de pasta. E estas vantagens tornam-se maiores com o aumento da

granulometria do agregado. As vantagens técnicas decorrentes da redução do teor de pasta são

a diminuição das variações volumétricas (retração), a diminuição do calor de hidratação e a

menor suscetibilidade do material deteriorar-se pela ação de elementos agressivos. A vantagem

econômica é a redução do consumo de cimento.

Page 23: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

23

De acordo com Benetti (2007), a qualidade e quantidade de água utilizada na elaboração do

concreto é muito importante. Ela está diretamente ligada a reação química que transforma o

cimento em uma pasta aglomerante. Influi nas resistências mecânicas em virtude de estar

relacionada com a porosidade do material. Pequenas quantidades de água conduzem à concretos

de consistência excessivamente seca e, portanto, sem trabalhabilidade para as aplicações usuais.

No entanto, o excesso de água poderá evaporar-se ou não com o tempo, mas a sua presença

criará em seu interior inúmeros poros e uma rede de canalículos interligando estes poros.

Quanto maior for esse acréscimo de água, menor a resistência.

O cimento Portland é um material de construção muito importante, com um vastíssimo campo

de aplicação. Consiste em um material pulverulento, constituído de silicatos e aluminatos de

cálcio, praticamente sem cal livre. Esses silicatos e aluminatos complexos, quando misturados

com água, hidratam-se e produzem o endurecimento da massa, obtendo elevada resistência

mecânica.

4.1.3. Composição do concreto simples

O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo (areia),

agregado graúdo (pedra ou brita) e ar. Além disso, pode conter adições de outros materiais

como cinza volante, pozolanas, sílica ativa, entre outros. Aditivos químicos também são

adicionados com a finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas. A seguir, na

figura 1, estão representados o cimento e os agregados do concreto.

Page 24: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

24

Figura 1 - Cimento (A), agregado miúdo - areia (B), e agregado graúdo - pedra ou brita (C)

FONTE: Adaptado dos websites Sic, Infrasul e Eco-x.

4.1.3.1. Cimento

O cimento Portland foi descoberto na Inglaterra por volta do ano de 1824, sendo que a produção

industrial só foi iniciada em 1850. Consiste basicamente em um pó fino com propriedades

aglomerantes que endurece sob a ação da água. Depois do endurecimento, mesmo que seja

novamente submetido à ação da água, o cimento Portland não se decompõe mais. O cimento é

o principal elemento dos concretos e permite que o material chegue à composição final

desejada. De acordo com Melo (2012), o cimento Portland é composto de clínquer e adições.

O primeiro consiste no principal componente, presente em todos os tipos de cimento (figura 2).

O clínquer tem como matérias-primas básicas o calcário e a argila. Sua propriedade básica é o

fato de ser um ligante hidráulico, que endurece em contato com a água.

Page 25: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

25

Figura 2 - Clínquer para a fabricação do cimento Portland

FONTE: Adaptado do website Design e Decor.

Melo (2012) menciona que o clínquer é obtido pela britagem e moagem de rocha calcária, que

posteriormente é misturada com argila moída. Essa mistura é submetida a um calor intenso de

até 1450° C. Logo após esse aquecimento, é bruscamente resfriada, formando pelotas (o

clínquer). Esse produto é moído e transforma-se em pó.

4.1.3.2. Agregados

Os agregados são materiais em forma de grãos e inertes que entram na composição das

argamassas e concretos. Compõem cerca de 70% do total de material presente no concreto,

ganhando uma importância significativa no composto (MELO, 2012). Os agregados, mesmo

presentes em parcelas significativas na composição do concreto, possuem um custo

relativamente baixo se comparado com os outros componentes.

Podem ser classificados quanto à origem em naturais e artificiais. Os naturais são aqueles

encontrados na natureza, como areias de rios e pedregulhos (também chamados de cascalho ou

seixo rolado) (figura 3). Os agregados artificiais são aqueles que passaram por algum processo

para obter as características finais, como as britas originárias da trituração de rochas e pó de

corte de rochas ornamentais.

Page 26: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

26

Figura 3 - Areia natural a esquerda, e seixo rolado a direita

FONTE: Adaptado dos websites Brasipedra e Eco-x.

Os agregados necessariamente devem ser compostos por grãos de minerais duros, compactos,

duráveis e limpos. Não devem possuir substâncias estranhas que possam afetar a hidratação e

o endurecimento do cimento, a proteção da armadura contra a corrosão, a durabilidade ou,

quando for requerido, o aspecto visual externo do concreto (BORGES, 2007).

A forma e a textura dos agregados podem alterar significativamente sua área específica,

influenciando diretamente na ligação pasta-agregado. A resistência mecânica do concreto

aumenta consideravelmente quando as partículas tendem a forma cúbica (maior área específica

do que as arredondadas) e possuem textura superficial rugosa (importante nos esforços de tração

na flexão). O mesmo efeito é obtido quando se reduz a dimensão máxima característica do

agregado graúdo (BORGES, 2007).

Os agregados são classificados quanto às dimensões em miúdos (como as areias) e graúdos

(como as pedras ou britas). O agregado miúdo tem diâmetro máximo igual ou inferior a 4,8

mm, e o agregado graúdo tem diâmetro máximo superior a 4,8 mm.

4.1.3.3. Água

A água é muito importante para a produção do concreto. Ela possibilita as reações químicas do

cimento, chamada reações de hidratação, que irão garantir as propriedades de resistência e

durabilidade do concreto. Também permite a lubrificação das partículas para proporcionar o

manuseio do concreto. Normalmente a água potável é a mais indicada.

Page 27: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

27

Em alguns casos, impurezas presentes na água podem prejudicar a pega do cimento ou a

resistência do concreto. Assim, a água potável é recomendada desde que isenta de açúcar e

nitratos. Água agressiva no amassamento do concreto não deve ser utilizada, pois os efeitos na

pega do cimento, na resistência do concreto e na corrosão das armaduras são prejudiciais

(BORGES, 2007).

4.1.4. Propriedades do concreto fresco

As principais características de um concreto fresco são a trabalhabilidade, consistência,

segregação e exsudação. O concreto é considerado fresco até o início da pega do aglomerante.

Assim, a qualidade final do concreto depende do controle das propriedades no estado fresco e

endurecido (BORGES, 2007).

De acordo com Borges (2007), o concreto com hidratação forma compostos que fazem com

que a pasta perca sua fluidez, deixando de ser moldável para pequenas cargas, se tornando

rígido. O início da pega de um aglomerante hidráulico consiste no período de solidificação da

pasta. É contado do momento do lançamento da água no aglomerante até o início das reações

químicas com os compostos. Esse fenômeno é caracterizado pelo aumento brusco da

viscosidade, elevando a temperatura da pasta.

4.1.4.1. Trabalhabilidade

Enquanto o concreto pode ser adensado com facilidade e lançado com ausência de segregação

ele é considerado trabalhável. Trabalhabilidade e consistência são as propriedades essenciais

do concreto (Neville (1997) apud Benetti (2007)).

Segundo Borges (2007), a trabalhabilidade é uma propriedade do concreto que influencia na

facilidade e a homogeneidade com a qual o material pode ser misturado, lançado, adensado e

acabado. A trabalhabilidade desejada é um parâmetro necessário para determinar a composição

da pasta, argamassa e agregados.

Obter um concreto com trabalhabilidade adequada não é função somente da quantidade de água

utilizada, depende da proporção adequada dos materiais e/ou de adições minerais e aditivos

Page 28: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

28

químicos. O simples aumento de água pode levar à exsudação, à segregação, ou simplesmente,

a um aumento do abatimento (BORGES, 2007).

Dentre os diversos ensaios existentes, o que melhor determina a trabalhabilidade de um

concreto é o Slump Test. A seguir, a tabela 1 representa uma relação da trabalhabilidade com

esse tipo de ensaio.

Tabela 1 - Relação entre trabalhabilidade e abatimento do tronco de cone

TRABALHABILIDADE ABATIMENTO (mm)

Abatimento zero 0

Muito baixa 3 a 10

Baixa 10 a 30

Média 30 a 75

Alta 80 a 155

Muito alta 160 ao desmoronamento

FONTE: Adaptado de Neville (1997) apud Borges (2007).

Figura 4 - Medida do abatimento do tronco de cone

FONTE: Norma NBR NM 67/1996.

A norma NBR NM 67/1996 legisla sobre os procedimentos para a realização do ensaio do

abatimento do tronco de cone. Segundo esta norma é necessário umedecer o molde e a placa da

base. Durante a realização do ensaio, o operador deve se posicionar com os pés sobre as aletas

Page 29: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

29

do molde, permitindo que este fique sempre estável. O preenchimento deve acontecer em três

camadas, sendo compactadas com 25 golpes. A placa da base deve ser limpa e o molde retirado.

Imediatamente após esta etapa, medir o abatimento do concreto determinando a diferença entre

a altura do molde e a altura do eixo do corpo de prova. A figura 4 ilustra o procedimento de

medida do abatimento.

4.1.4.2. Consistência

O maior ou menor grau de fluidez da mistura fresca que se relaciona com a mobilidade da massa

se traduzem na consistência, segundo Borges (2007). O principal fator que influencia nesse

parâmetro é o teor de água/materiais secos. A consistência, assim como a trabalhabilidade,

envolve considerações quanto à natureza da própria obra que está sendo executada.

4.1.4.3. Segregação

Neville (1997) apud Benetti (2007), define segregação como a separação dos materiais

envolvidos na mistura heterogênea do concreto, deixando sua distribuição de ser uniforme. As

diferenças de tamanho das partículas e das massas específicas dos constituintes da mesma são

as causas primárias da segregação. A principal forma de controle da segregação consiste no

controle da granulometria dos materiais constituintes.

Este mesmo autor define duas formas de segregação possíveis. Na primeira os fragmentos

maiores do agregado sedimentam-se mais do que as partículas menores, se afastando ao longo

dos declives. A segunda forma ocorre quando as misturas possuem uma grande quantidade de

água, permitindo que a pasta se desagregue. A primeira forma acontece com misturas pobres

(pouco cimento) e pouca quantidade de água, e a segunda ocorre quando há excesso de água.

4.1.4.4. Exsudação

Exsudação se traduz na tendência da água de amassamento vir à superfície do concreto recém-

lançado. De acordo com Benetti (2007), devido ao maior peso dos grãos de areia em relação à

água que os envolve, estes são forçados a uma sedimentação, resultando em um afloramento do

excesso de água expulso das porções inferiores. Como consequência desse fato, a superfície do

concreto torna-se excessivamente úmida, produzindo um concreto poroso e menos resistente.

Page 30: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

30

4.1.5. Propriedades do concreto endurecido

Borges (2007) considera a resistência de um concreto como função da resistência da pasta de

cimento endurecida, do agregado e da ligação pasta-agregado. E esses parâmetros de resistência

dependem fundamentalmente do fator água/cimento. Com a diminuição desse fator a resistência

tende a aumentar, mas um mínimo de trabalhabilidade deve ser garantido.

4.1.5.1. Resistência à compressão

A resistência à compressão é uma característica do concreto muito importante. Pode ser

indiretamente utilizada como parâmetro para avaliação da durabilidade de um concreto. É uma

grandeza muito conhecida no meio técnico. Utilizada universalmente como parâmetro para a

avaliação da qualidade, sendo seu controle facilmente executável por um laboratório

devidamente equipado para tal finalidade (BORGES, 2007).

4.1.5.2. Módulo de elasticidade

Borges (2007) menciona o fato de o módulo de elasticidade ser fundamental no projeto de

estruturas de concreto. Consiste na relação entre o incremento de tensões e o incremento das

deformações. Estudos de Resistência dos Materiais mostram que a relação entre a tensão e a

deformação para determinados intervalos se mantém praticamente linear. O módulo de

elasticidade é um parâmetro que depende das características da pasta e dos agregados,

características da zona da interface pasta-agregados, idade do concreto, dentre outras.

4.1.5.3. Resistência à tração

A resistência à tração consiste na capacidade que o concreto tem em resistir a esforços

mecânicos de tração. Isto provoca um alongamento na direção da força aplicada. Há três ensaios

para quantificar a resistência à tração do concreto: resistência à tração direta, resistência à

compressão diametral e resistência à tração na flexão (BORGES, 2007).

Page 31: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

31

4.1.6. Escolha dos materiais

A escolha do tipo de cimento usado na composição do concreto é muito importante. Ele vai

garantir características únicas a concretos específicos de cada obra, assegurando a qualidade e

segurança.

Os agregados, do mesmo modo, também são importantes na composição do concreto. O

agregado miúdo mais utilizado é a areia lavada. Normalmente são indicadas areias do tipo

médias a grossa para a composição do concreto. É fundamental para a dosagem que se conheça

a umidade e o inchamento da areia a ser usada. Já no agregado graúdo é importante o

conhecimento do diâmetro máximo e da umidade.

A água também tem papel importante. A qualidade deve ser considerada para a dosagem nos

concretos. No entanto, mais importante que isso, a quantidade empregada é um parâmetro que

merece destaque.

4.1.7. Dosagem de materiais

O cidadão comum considera o concreto como uma simples mistura de cimento, areia, pedra e

água. Porém, é visto no meio técnico como o resultado da combinação de cimento, agregado,

água, e em algumas situações aditivos, na proporção adequada. Em alguns casos, expressões

como dosagem e traço ainda confundem engenheiros e usuários do concreto (ASSUNÇÃO,

2002).

Ainda segundo este autor, determinar o traço não é uma tarefa simples, principalmente quando

não se tem em conta as questões relacionadas à qualidade, segurança, durabilidade e viabilidade

econômica da estrutura do concreto. Considerando estes aspectos, obter um traço que forneça

um concreto de boa qualidade vai além da simples mistura de seus constituintes básicos,

havendo a necessidade de se estabelecer o estudo da dosagem do concreto.

Dosar um concreto consiste basicamente em determinar qual a proporção adequada que cada

material (cimento, areia, brita e água) deve possuir na composição da mistura. Isto se traduz em

determinar o traço mais adequado para atender as condições específicas do projeto, utilizando

corretamente os materiais disponíveis.

Page 32: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

32

As quantidades de cimento, areia e brita (ou cascalho) presentes em um concreto, quando

relacionadas ao peso de cimento, dão origem ao chamado traço. Através da definição do traço,

chega-se a concretos e argamassas com as propriedades desejadas. Quando os agregados são

relacionados em peso à unidade de peso de cimento, têm-se os traços unitários em peso. No

entanto, quando são relacionados em volume para um peso unitário de cimento, têm-se traços

unitários em volume.

A dosagem de materiais para a preparação do concreto é muito importante para garantir a

qualidade do material, além de evitar desperdícios com os componentes na preparação com

quantidades incorretas. No Brasil existem alguns métodos que se encarregam dessa dosagem.

Entre eles, pode-se citar o método de dosagem de concreto do Instituto Nacional de Tecnologia

do Rio de Janeiro (INT), o método do Instituto Tecnológico do Estado do Rio Grande do Sul

(ITERS), o método do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), e o

método da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), dentre outros. Este último foi

o método utilizado neste trabalho, e por isso sua forma de dosagem será descrita a seguir.

No método da ABCP, a determinação da resistência de dosagem é necessária para a obtenção

da relação água/cimento, que permite o cálculo do traço. Normalmente, em projetos de

construção civil define-se para o concreto uma resistência de projeto, necessária para suportar

os esforços de trabalho, denominada resistência característica à compressão do concreto (fck).

A resistência do concreto final, porém, deve ser maior que esse valor por questões de segurança,

evitando que a estrutura se encontre no limite, sujeita ao rompimento a qualquer momento.

Logo, surge daí outro conceito importante, denominado resistência à compressão do concreto,

(fcj).

A norma NBR 12655/2006 estabelece que o cálculo da resistência à compressão do concreto

deve proceder da seguinte maneira:

𝑓𝑐𝑗 = 𝑓𝑐𝑘 + 1,65 ∗ 𝑆𝑑 (1)

Essa equação se baseia na distribuição de Gauss para resistência a compressão do concreto,

onde fcj é à resistência a compressão do concreto (MPa) na idade de normalmente 28 dias (fc28),

fck é a resistência característica à compressão do concreto (MPa) e Sd é o desvio padrão de

dosagem (MPa).

Page 33: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

33

De acordo com a norma NBR 12655/2006, o desvio padrão de dosagem (Sd) avalia as variações

decorrentes das etapas de produção do concreto, sendo seus valores atribuídos em função da

condição de preparo apresentadas na tabela 2.

Tabela 2 - Valores do desvio padrão de dosagem em função das condições de preparo

CONDIÇÕES DE PREPARO

DO CONCRETO

DESCRIÇÃO VALOR DO Sd

ADOTADO

Condição A

O cimento e os agregados são medidos em massa, a água

de amassamento é medida em massa ou volume com

dispositivo dosador e corrigida em função da umidade

dos agregados.

4,0 MPa

Condição B

O cimento é medido em massa, a água de amassamento é

medida em volume mediante dispositivo dosador e os

agregados medidos em massa combinada com volume.

5,5 MPa

O cimento é medido em massa, a água de amassamento é

medida em volume mediante dispositivo dosador e os

agregados medidos em volume. A umidade do agregado

miúdo é determinada pelo menos três vezes durante o

serviço do mesmo turno de concretagem. O volume do

agregado miúdo é corrigido através da curva de

inchamento estabelecida especialmente para o material

utilizado.

Condição C

O cimento é medido em massa, os agregados são

medidos em volume, a água de amassamento é medida

em volume e a sua quantidade é corrigida em função da

estimativa da umidade dos agregados e da determinação

da consistência do concreto, conforme disposta na NBR

7273, ou outro método normalizado.

7,0 MPa

FONTE: Adaptado da norma NBR 12655/2006.

Assunção (2002) procede à determinação da relação água/cimento por meio do auxílio de

gráficos (figura 5) após a obtenção da resistência à compressão do concreto com idade de 28

dias.

Page 34: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

34

Figura 5 - Gráfico para a determinação da relação água/cimento (a/c) em função das resistências do concreto e

do cimento aos 28 dias de idade

FONTE: Rodrigues (1998) apud Assunção (2002).

Figura 6 - Resistência média a compressão do cimento em função da relação água/cimento para os cimentos do

tipo CP 32

FONTE: Helene e Terzian (1993) apud Assunção (2002).

Helene e Terzian (1993) apud Assunção (2002) sugerem outra forma de obtenção da relação

água/cimento. Isto pode ser feito com o auxílio de curvas determinadas experimentalmente para

os cimentos nacionais (figura 6), que correlacionam a resistência à compressão e a relação

água/cimento.

Page 35: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

35

Para a determinação do consumo de água do concreto é necessário um valor para o abatimento

do tronco de cone. A tabela 3 auxilia na obtenção de um valor inicial para o abatimento de

acordo com a finalidade do concreto. Porém, durante a preparação do concreto, o ensaio de

abatimento do tronco de cone é necessário para verificar se o valor estipulado inicialmente foi

atingido. Caso não seja, deve ser adicionado água ou cimento, dependendo da situação, com a

consequente correção do traço.

Tabela 3 - Consistência do concreto em função do elemento estrutural para o caso do adensamento mecânico

TIPO DE CONSTRUÇÃO ABATIMENTO (mm)

POUCO ARMADA MUITO ARMADA

Laje ≤ 60 ± 10 ≤ 70 ± 10

Viga e parede armada ≤ 60 ± 10 ≤ 80 ± 10

Pilares de edifício ≤ 60 ± 10 ≤ 80 ± 10

Paredes de fundação, sapatas, tubulões ≤ 60 ± 10 ≤ 70 ± 10

FONTE: Adaptado de Helene e Terzian (1993) apud Assunção (2002).

Rodrigues (1998) apud Assunção (2002), diante da dificuldade de expressar o consumo de água

na mistura por meio de uma lei matemática, propõe uma estimativa inicial do consumo por

metro cúbico de concreto (tabela 4).

Tabela 4 - Estimativa do consumo de água por metro cúbico de concreto

ABATIMENTO DO TRONCO DE CONE

DIMENSÃO MÁXIMA CARACTERÍSTICA DO AGREGADO GRAÚDO

9,5 mm 19 mm 25 mm 32 mm 38 mm

40 – 60 mm 220 l/m3 195 l/m3 190 l/m3 185 l/m3 180 l/m3

60 – 80 mm 225 l/m3 200 l/m3 195 l/m3 190 l/m3 185 l/m3

80 – 100 mm 230 l/m3 205 l/m3 200 l/m3 200 l/m3 190 l/m3

FONTE: Adaptado de Rodrigues (1998) apud Assunção (2002).

Com a estimativa do consumo de água por metro cúbico de concreto e com a relação

água/cimento definida é possível realizar a estimativa do consumo de cimento de acordo com

a equação seguinte:

𝐶 =𝐶𝑎

(𝑎/𝑐) (2)

Page 36: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

36

Onde:

C = Consumo de cimento por metro cúbico de concreto (kg/m3)

Ca = Consumo de água por metro cúbico de concreto (l/m3)

(a/c) = Relação água/cimento (l/kg)

Segundo Assunção (2002), o método de dosagem da ABCP permite a obtenção de misturas

com uma determinada consistência, proporcionando o menor volume de vazios possíveis. O

princípio é colocar na mistura o máximo volume de agregado compactado seco por metro

cúbico de concreto. A tabela 5 apresenta valores determinados experimentalmente pela ABCP.

Tabela 5 - Volume compactado seco (Vag) de agregado graúdo por metro cúbico de concreto

MÓDULO DE FINURA DA AREIA

DIMENSÃO MÁXIMA CARACTERÍSTICA DO AGREGADO GRAÚDO

9,5 mm 19 mm 25 mm 32 mm 38 mm

1,8 0,645 0,77 0,795 0,82 0,845

2,0 0,625 0,75 0,775 0,8 0,825

2,2 0,605 0,73 0,755 0,78 0,805

2,4 0,585 0,71 0,735 0,76 0,785

2,6 0,565 0,69 0,715 0,74 0,765

2,8 0,545 0,67 0,695 0,72 0,745

3,0 0,525 0,65 0,675 0,7 0,725

3,2 0,505 0,63 0,655 0,68 0,705

3,4 0,485 0,61 0,635 0,66 0,685

3,6 0,465 0,59 0,615 0,64 0,665

FONTE: Adaptado de Rodrigues (1998) apud Assunção (2002).

A estimativa de consumo de agregado graúdo por metro cúbico de concreto pode ser dado pela

equação seguinte (ASSUNÇÃO, 2002):

𝐶𝑎𝑔 = 𝑉𝑎𝑔 ∗ 𝑀𝑎𝑔 (3)

Onde:

Cag = Consumo do agregado graúdo por metro cúbico de concreto (kg/m3)

Vag = Volume compactado seco do agregado graúdo por m3 de concreto

Mag = Massa unitária compactada do agregado graúdo por m3 de concreto (kg/m3)

Page 37: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

37

Quando não for possível determinar a massa unitária compactada do agregado graúdo, o valor

de 1500 kg/m3 deve ser adotado.

A NBR 7211/2009 orienta na obtenção do módulo de finura para os agregados. Baseia-se na

soma das porcentagens retidas acumuladas das peneiras da série normal, dividida por 100. Além

disso, estabelece que o diâmetro máximo corresponda à abertura de malha da menor peneira

cuja porcentagem retida acumulada seja ≤ 5 %. A tabela 6 apresenta duas séries normalizadas

de peneiras para agregados de acordo com a NBR 7211/2009.

Tabela 6 - Série de peneiras para agregados

SÉRIE ABERTURA DA MALHA QUADRADA (mm)

Normal 0,15 – 0,30 – 0,60 – 1,20 – 2,40 – 4,8 – 9,50 – 19,0 – 38,0 – 76,0

Intermediária 6,30 – 12,5 – 25,0 – 32,0 – 50,0 – 64,0

FONTE: Adaptado da norma NBR 7211/2009.

De acordo com Assunção (2002), o volume de agregado miúdo para um metro cúbico de

concreto pode ser dado pela equação (4) e seu consumo pela equação (5).

𝑉𝑎𝑚 = 1 − (𝐶

𝛾𝑐+

𝐶𝑎𝑔

𝛾𝑎𝑔+

𝐶𝑎

𝛾𝑎) (4)

Onde:

Vam = Volume de agregado miúdo por metro cúbico de concreto (m3)

γc, γag, γa = Massa específica do cimento, agregado graúdo e da água, respectivamente

𝐶𝑎𝑚 = 𝛾𝑎𝑚 ∗ 𝑉𝑎𝑚 (5)

Onde:

Cam = Consumo do agregado miúdo (areia) por metro cúbico de concreto (kg/m3)

γam = Massa específica do agregado miúdo (areia) (kg/m3)

O traço pode ser apresentado de acordo com a expressão (6) seguinte:

Page 38: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

38

1,0 ∶𝐶𝑎𝑚

𝐶∶

𝐶𝑎𝑔

𝐶∶ (𝑎

𝑐⁄ ) (6)

Figura 7 - Relação entre resistência à compressão (porcentagem da resistência aos 28 dias e curada a 21ºC) e

maturidade

FONTE: Adaptado de Rodrigues (1983).

O valor do traço é calculado com base em um valor de resistência que o concreto tem que

alcançar com 28 dias. Em idades menores, possuirá uma resistência mais baixa. Este fato é

traduzido no gráfico apresentado na figura 7. Este considera a maturidade em função do tempo

transcorrido em dias ou horas (t) e da temperatura de cura (θ).

4.2. AGLOMERAÇÃO

O setor de mineração, além de outros ramos da indústria, consiste em uma atividade que gera

partículas finas. Tal fato acontece devido aos próprios meios de extração e concentração que

são empregados. E essas partículas, em determinadas etapas do processo, não podem ser

recuperadas, sendo descartadas, na maioria dos casos, como rejeito. Além disso, partículas

extremamente finas podem entrar em suspensão no ar, causando uma série de impactos

ambientais.

Page 39: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

39

A aglomeração é uma tecnologia importante na recuperação de resíduos, principalmente finos,

provenientes de diversos locais, sendo a mineração um importante gerador dessas partículas.

Assim, a aglomeração permite que materiais que antes eram descartados em barragens de

rejeitos sejam utilizados com outras finalidades, diminuindo passivos ambientais do

empreendimento e gerando uma receita secundária com a venda desses produtos.

Segundo Sampaio et al. (2007), a aglomeração é uma tecnologia que permite transformar

materiais com granulometrias inadequadas ao processo em corpos, ou fragmentos coesos, com

tamanho e formas adequados, utilizando para isso mecanismos físicos ou químicos.

Em alguns casos, a aglomeração é considerada uma ferramenta ambiental. As aciarias são um

ramo da indústria que geram grandes quantidades de resíduos na fabricação do aço. Porém, a

aglomeração permitiu que estes fossem reaproveitados com outras finalidades, e não

descartados gerando danos ambientais. A escória, por exemplo, é utilizada como matéria-prima

para a indústria cimenteira e de construção civil. Além disso, pós, lamas e carepas são

aglomerados e devolvidos ao alto forno (BAGATINI, 2011). No entanto, essa tecnologia

também pode ser utilizada em outros locais, com finalidades diferentes, mas sempre tendo como

foco questões ambientais, escassez de matéria prima e redução de custos.

Objetivando situar o leitor no contexto geral da aglomeração, o texto seguinte busca conceituar

tecnologias importantes como a briquetagem, pelotização e sinterização. Dentro desses tópicos,

serão abordados conceitos, processos e, em alguns casos, equipamentos utilizados. Estas

técnicas são métodos de aproveitamento dos finos de magnetita que permitem que estes sejam

usados como matéria-prima no revestimento de asfalto e no alto-forno para a produção de aço.

4.2.1. Briquetagem

A briquetagem surgiu em 1848, nos Estados Unidos, quando Willian Easby conseguiu a patente

de um processo que permitia a formação de aglomerados a partir de finos de carvão mineral.

Mas, somente no final do século XIX, a briquetagem passou a ser utilizada em grande escala

nos Estados Unidos para a aglomeração de finos de carvão mineral, fato possível devido à crise

econômica.

Page 40: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

40

Segundo Carvalho e Brinck (2010), no Brasil a briquetagem teve início na década de 60 quando

a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira (CSBM) utilizou processos de briquetagem para a

aglomeração de finos de carvão vegetal. Em 1965, a Companhia Brasileira de Briquetes passou

a aglomerar finos de carvão vegetal para uso industrial e doméstico, além de trabalhar na

fabricação de máquinas e instalações de briquetagem.

A briquetagem consiste na aglomeração de partículas finas por meio de pressão, com o auxílio

ou não de um aglutinante, obtendo um produto compacto, com forma, tamanho e parâmetros

mecânicos adequados. A redução de volume do material, em alguns casos, traz benefícios

tecnológicos e permite que materiais finos possam ser transportados e armazenados de forma

mais econômica (CARVALHO e BRINCK, 2010).

O processo de briquetagem é uma tecnologia muito importante atualmente. Permite a

recuperação de rejeitos industriais (lixo biológico, plástico, finos de carvão mineral e vegetal,

entre outros), podendo ser utilizados como matéria-prima ou fonte de energia. Como principal

material briquetado nos dias atuais destaca-se o carvão mineral.

A briquetagem também é uma técnica muito empregada na aglomeração de biomassa

proveniente de resíduos agroindustriais (cascas de arroz, bagaço de cana, serragem e caroço de

açaí, por exemplo) para a geração de energia por meio da gaseificação desse material. A

biomassa em forma de briquetes aumenta bastante à eficiência energética da gaseificação. E

isso acontece devido à forma e granulometria adequada ao processo.

Segundo Rosário (2011), o Brasil apresenta condições favoráveis para o mercado de briquetes

devido a uma série de fatores. Dentre estes temos as altas concentrações localizadas de resíduos

vegetais, especialmente nas indústrias madeireira e agroalimentar, reduzindo os custos de coleta

e transporte, e permitindo a instalação de plantas de briquetagem próximas a esses locais; a

forte demanda de combustíveis sólidos (lenha e carvão vegetal), resultantes de programas

políticos de valorização dos recursos energéticos nacionais e restrições ambientais para a

exploração de madeira.

A política energética brasileira pressupõe a ampliação da substituição do combustível

importado por energia de fontes renováveis, sendo de interesse estratégico não só diversificar

essas fontes, como também possibilitar o uso correto de suas potencialidades. Portanto, nesse

Page 41: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

41

contexto, podemos considerar o reaproveitamento da biomassa proveniente da agroindústria

como sendo uma alternativa para a substituição do combustível importado. Logo, a briquetagem

se torna uma tecnologia importante para garantir o sucesso desse reaproveitamento.

A umidade é um fator importante quando mencionamos a briquetagem. Deve ser

adequadamente controlada para garantir a perfeita execução do processo de briquetagem,

permitindo a obtenção de um produto com as características desejadas. Além disso, as variáveis

operacionais também influenciam consideravelmente na qualidade final dos briquetes. Logo,

um criterioso ajuste é importante.

Segundo Carvalho e Brinck (2010), a etapa de secagem dos briquetes, seja em temperatura

ambiente, estufas ou fornos, permite que estes adquiram uma resistência mecânica desejada.

Isso vai depender da finalidade para qual o briquete é produzido. Quando necessitamos de

briquetes com baixa resistência mecânica, podemos utilizar o endurecimento dos mesmos à

temperatura ambiente. Caso contrário, podemos executar a secagem em temperaturas

superiores à ambiente, onde as próprias impurezas do material proporcionam a ligação das

partículas, agindo como uma espécie de cimento. E essas ligações podem ser realizadas por

meio de processos de:

i. Fusão insipiente do constituinte principal;

ii. Difusão e recristalização do constituinte principal;

iii. Escorificação ou reação química;

iv. Endurecimento ou cristalização do constituinte principal.

Os briquetes formados devem possuir resistência à compressão, parâmetro importante para

garantir a qualidade do produto. Isto garante que o produto está apto ao manuseio,

empilhamento e transporte. Uma resistência de 3,57 kg/cm2 é considerada como um valor ideal.

4.2.1.1. Briquetagem com aglomerantes

Quando o material a ser aglomerado não possui resistência à compressão e ao impacto, após a

compactação, utilizamos os aglomerantes. São responsáveis por uma maior adesão das

partículas finas, e também podem aumentar ou diminuir as propriedades coqueificantes do

material a ser briquetado. Os aglomerantes normalmente são divididos de acordo com sua

Page 42: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

42

função na mistura, podendo ser do tipo: matriz, filme ou aglomerantes químicos (CARVALHO

e BRINCK, 2010).

Segundo Bagatini (2011), o aglomerante pode ser de natureza orgânica ou inorgânica. Entre os

orgânicos destacam-se o melaço, amidos e resinas. Cimento, bentonita, cal e escória são os

aglomerantes inorgânicos de maior uso.

Quando pensamos em briquetes de carvão vegetal, normalmente é utilizado um aglomerante

para facilitar a manutenção do empacotamento. Em princípio, qualquer adesivo pode ser

utilizado como aglomerante, sendo a escolha feita em função do gasto e da qualidade final

desejada. Em alguns casos, dependendo do uso final, os briquetes não devem ser

confeccionados com aglutinantes poluentes, emissores de fumaça, entre outros. Portanto, a

escolha adequada do aglomerante é fundamental no processo de briquetagem.

Vários materiais são briquetados com aglomerantes. Briquetes de concentrados de minério de

ferro, de cromita e de fluorita são obtidos com um aglomerante que consiste de cal e melaço,

ou com silicato de sódio. O cimento Portland é usado como um aglomerante para bauxita,

enquanto que os aglomerantes de lignosulfonato (resíduo da indústria papeleira) são usados

para minérios de cobre e para magnesita. Misturas de vidros, água e barrilha, feitas em batelada,

formam um aglomerante para areia silicosa (SAMPAIO et al., 2007).

Dentre os tipos de aglomerantes existentes, cada um possui características individuais, sendo

empregados em casos específicos. Assim, é importante escolher o aglomerante certo para o

caso em questão, pois isso pode garantir a qualidade final do briquete. A seguir são apresentadas

duas tabelas que mostram alguns tipos de aglomerantes existentes, e quais são utilizados em

determinados casos de aglomeração de finos.

Tabela 7 - Diferentes tipos de aglomerantes

TIPO MATRIZ TIPO FILME AGLOMERANTES QUÍMICOS

Alcatrão Água Ca(OH)2 + melaço

Asfalto de Petróleo Silicato de sódio Silicato de sódio + CO2

Cimento Portland Lignosulfonatos Epóxies

FONTE: Adaptado de Carvalho e Brinck (2010).

Page 43: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

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Tabela 8 - Alguns aglomerantes utilizados na briquetagem de partículas finas

MATERIAL AGLOMERANTE

Minério de ferro Cal e melaço

Cromita Cal e melaço

Fluorita Cal, melaço ou silicato de sódio

Bauxita Cimento Portland

Carvão Melaço

Cobre Lignosulfonatos

Magnesita Lignosulfonatos

Areia de quartzo Água e NaOH

Barita Melaço e Black-ash

FONTE: Adaptado de Carvalho e Brinck (2010).

Os aglomerantes do tipo matriz provocam um embutimento das partículas dentro de uma fase

substancialmente contínua, sendo as propriedades dos briquetes determinadas pelas

características do aglomerante. Os do tipo filme apresentam função parecida com as colas

adesivas, dependendo da evaporação da água ou de algum solvente para desenvolver maior

resistência mecânica. Já os aglomerantes químicos podem ser utilizados tanto como matriz, ou

filme (CARVALHO e BRINCK, 2010).

4.2.1.2. Briquetagem sem aglomerantes

A produção de briquetes sem o uso de aglomerantes é extremamente dependente da forma que

ocorreu a cominuição ou a deformação plástica das partículas. Tal fato deve-se à necessidade

das partículas estarem situadas o mais próximo possível umas das outras, compensando assim

a ausência de uma substância aglomerante. Vários materiais orgânicos e inorgânicos podem ser

briquetados sem a utilização de aglutinantes (MOTA, 2009). Carvalho e Brinck (2010)

destacam que os cristais desses materiais são mantidos unidos por forças não necessariamente

fortes, nem específicas, fazendo apenas com que os cristais individuais estejam suficientemente

próximos uns dos outros.

Mota (2009) destaca como variáveis importantes na briquetagem sem aglomerantes a umidade

do material, capacidade de compreensão das partículas, porosidade do briquete e o tratamento

térmico posterior à briquetagem.

Page 44: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

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Segundo Carvalho e Brinck (2010), quando pensamos na aglomeração de finos de carvão, o

uso ou não do aglomerante depende principalmente do tipo de carvão utilizado. Na briquetagem

de carvões betuminosos, a necessidade de aglomerantes é muito rara, enquanto que nos carvões

semi-betuminosos, a utilização do aglomerante é comum.

Mesmo que a grande maioria dos processos de briquetagem sem aglomerantes utilize baixas

pressões para a compactação, na produção de briquetes de óxido de cálcio e hidróxido de

magnésio torna-se necessária a utilização de pressões mais elevadas. A utilização de

lubrificantes (água, grafite e outros) para redução do atrito entre as partículas e também entre

os briquetes e os rolos é comum nos processos de briquetagem (CARVALHO e BRINCK,

2010).

4.2.1.3. Briquetagem a quente

Este processo de briquetagem é utilizado quando o material a ser aglomerado possui elevada

resistência mecânica. Com a elevação da temperatura do material, o regime plástico pode ser

alcançado, o que permite o uso de pressões menores na compactação. O limite máximo da

temperatura utilizada dependerá da temperatura de fusão das partículas em conjunto (MOTA,

2009).

De acordo com Carvalho e Brinck (2010), a briquetagem a quente é fortemente influenciada

pelo tratamento térmico utilizado após a compactação. Alguns materiais necessitam de

resfriamento lento em tambores de modo a recuperar parte de seu calor sensível. Esse processo

é utilizado para permitir que a recristalização do briquete aconteça, aliviando as tensões internas

geradas durante a deformação plástica.

Com a utilização do processo de briquetagem a quente é possível reciclar, de maneira

econômica, resíduos de metais oriundos de vários processos (figura 8). Esses resíduos são

aquecidos e encaminhados para a prensa do tipo rolo. Após a compactação, os briquetes são

imediatamente resfriados em água. Uma vantagem importante da briquetagem de resíduos

metálicos é a ausência de óleo no briquete do metal, o que evita a formação de fumaça durante

a queima nos fornos (CARVALHO e BRINCK, 2010).

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Figura 8 - Alguns resíduos metálicos e os respectivos briquetes

FONTE: Adaptado de Carvalho e Brinck (2004).

4.2.1.4. Processo de briquetagem

Durante o processo de aglomeração de partículas finas em prensas, as forças de atração

molecular de Van der Waals apresentam forte influência na união das partículas. Entretanto,

somente quando a distância entre as partículas é reduzida pela ação de uma força externa

elevada é que elas se tornam efetivas (CARVALHO e BRINCK, 2010).

Ainda segundo Carvalho e Brinck (2010), temos três processos que são utilizados na aplicação

da pressão externa ao material a ser briquetado, descritos a seguir:

i. Briquetagem em prensas de rolos (figura 9). Neste processo o material flui

continuamente entre dois rolos paralelos, com cavidades em sua superfície, que são

rigidamente ajustados, e giram com velocidade constante e em sentido contrário;

ii. Briquetagem por extrusão contínua em máquinas do tipo maromba;

Page 46: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

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iii. Briquetagem em prensas hidráulicas, em que os moldes são preenchidos, de forma

intermitente.

Figura 9 - Princípio da compressão em prensa de rolos

FONTE: Carvalho e Brinck (2004).

Atualmente o processo mais utilizado para briquetagem de material que necessita ser

aglomerado é aquele realizado em prensa de rolos. Assim, este trabalho descreverá as etapas do

processo de briquetagem nesse equipamento, abordado a seguir.

4.2.1.4.1. Preparação

Pereira (2009) menciona que na etapa de preparação determinam-se as características do

material a ser briquetado e o equipamento que será utilizado para tal fim. Além disso, a máxima

pressão a ser aplicada e a taxa de compactação que o material requer são parâmetros importantes

para definir a quantidade de aglomerante utilizado.

O conhecimento do coeficiente de atrito do material é importante nesta etapa e permite gerar

uma previsão do comportamento do mesmo, no momento da saída dos rolos e, também, se a

superfície dos briquetes úmidos poderá ser ou não danificada durante a queda. A quantidade de

aglomerante necessário vai depender da qualidade do material a ser briquetado, do aglomerante

utilizado, da superfície específica do material e da quantidade de partículas finas ou grossas da

Page 47: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

47

mistura. Essa quantidade diminui quando a quantidade de partículas finas também cai. A

umidade do material antes da adição do aglomerante é outro fator importante. Vai depender do

material e do tipo de aglutinante utilizado, além de influenciar na pressão a ser aplicada

(CARVALHO e BRINCK, 2010).

4.2.1.4.2. Mistura

A mistura deve ser realizada com uniformidade na distribuição do aglomerante no material a

ser briquetado, efetuando-se homogeneização da mistura. O dimensionamento desse

equipamento para realizar a mistura é muito importante e dependerá do tempo de residência do

material. Se o material necessitar de tratamento térmico, este poderá ser realizado no próprio

equipamento através de vapores saturados e superaquecidos (PEREIRA, 2009).

Se a mistura não foi suficientemente seca no condicionador entre o misturador e a prensa, os

gases presos nos briquetes podem sofrem uma forte compressão. Logo, quando os briquetes

deixarem a prensa e a pressão for relaxada, os gases irão se expandir causando o aparecimento

de fraturas nos briquetes. Além disso, no manuseio de materiais com pequena densidade

aparente, torna-se necessária a remoção dos grandes volumes de ar antes da alimentação do

material na unidade de compactação, evitando posteriores aparecimentos de fraturas no briquete

(CARVALHO e BRINCK, 2010).

4.2.1.4.3. Compactação

Essa etapa é realizada pela passagem do material em meio a dois rolos dispostos paralelamente.

Estes podem possuir cavidades ao longo de sua superfície, dispostas simetricamente em ambos

os rolos, o que permite que o material adquira o formato dessas cavidades, se tornando um

briquete. Estes rolos giram paralelamente e em sentido contrário. Quando não possuem

cavidades em sua superfície, o resultado da compactação do material é uma espécie de barra.

A pressão no material acontece quando as duas cavidades dos dois rolos se encontram. Quando

a distância entre elas é mínima, a pressão atinge seu ápice. Antes de chegar a esse ponto, a

pressão aumenta progressivamente, e depois desse ponto, cai bruscamente com a saída do

briquete do equipamento.

Page 48: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

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De acordo com Carvalho e Brinck (2010), a forma das cavidades do equipamento e,

consequentemente, do briquete, é função da susceptibilidade do material à compactação.

Quando o material apresenta dificuldade de compactação, são utilizadas formas arqueadas,

eliminando o plano de divisão dos briquetes, o que proporciona uma distribuição mais uniforme

da pressão.

Experimentalmente foi determinado que a força mínima de compressão exercida pelos rolos,

para um determinado material, depende de características do material, do diâmetro dos rolos, e

da forma e tamanho do briquete que será produzido. Assim, para um diâmetro de rolo de 1.000

mm, a pressão de compressão pode variar de 10 a 140 kN/cm2 (CARVALHO e BRINCK,

2010). A tabela 9 representa algumas pressões de compressão para alguns materiais.

Tabela 9 - Força necessária para compressão de materiais em uma prensa com rolo de 1000 mm de diâmetro

MATERIAL PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO ESPECÍFICA

Carvão mineral 10 a 30

Material cerâmico 40

Sal gema 60 a 80

Fertilizantes (com uréia) 40 a 60

Adubo (s/ fosfato e escória Thomas) 50 a 80

Adubo (c/ fosfato e escória Thomas) ≥ 80

Cal nitrogenada 60

Cloreto de potássio (120º C) 50

Cloreto de potássio (20º C) 70

Sulfato de potássio (70 – 100º C) 70

Gipsita 95

MgO (fria e aquecida) 110 a 130

Cal virgem 130

Ferro esponja 130 a 140

Minérios (aquecidos, sem aglutinantes) 120 a 140

FONTE: Adaptado de Carvalho e Brinck (2010).

De acordo com Sampaio et al. (2007), em laboratório a mistura do material a ser briquetado e

do aglomerante deve ser feita de modo a se obter um produto homogêneo. Após esta etapa, a

mistura deve ser levada a uma prensa de pistão de laboratório. A quantidade do material

depende da sua densidade, sendo que para o carvão é utilizado 6 g do mineral, e para o minério

de ferro cerca de 10 g. Em seguida, pode-se aplicar uma pressão de 1.000 kgf observando a

consistência do aglomerado, podendo-se aumentar gradativamente a pressão até 4.000 kgf.

Page 49: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

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4.2.1.4.4. Tratamento térmico

Essa etapa é muito importante para garantir a qualidade do briquete. Segundo Carvalho e Brinck

(2010), o tratamento térmico é utilizado para evitar a fratura devida a choques térmicos. Logo,

após o processo de produção os briquetes devem ser imediatamente aquecidos, e em seguida

resfriados lentamente, segundo uma velocidade controlada.

4.2.1.5. Equipamentos de briquetagem

O equipamento mais utilizado para a briquetagem de materiais finos é a prensa de rolos. É um

equipamento bastante simples em sua construção e robusto. Constituída de um sistema de

alimentação, um par de rolos, um sistema hidráulico que permite o ajuste da distância entre os

rolos e consequentemente da pressão no material, e um sistema motor-redutor que permite o

movimento do equipamento (CARVALHO e BRINCK, 2010). Ainda segundo esse autor, as

principais características desse equipamento são:

i. Tamanho dos rolos;

ii. Forma, tamanho e números de cavidades na superfície dos rolos;

iii. Força de compressão específica máxima dos rolos;

iv. Velocidade de rotação dos rolos.

Nas prensas mais antigas os eixos dos rolos eram dispostos sempre na horizontal, sendo os

centros fixos na estrutura. A alimentação se dava por gravidade. Atualmente, os equipamentos

possuem um dos rolos fixo na estrutura, enquanto o outro rolo é móvel com o movimento

limitado por cilindros hidráulicos. Anteparos localizados entre os blocos suspensos impedem

que os rolos entrem em contato, permitindo a passagem do material que se deseja aglomerar

(CARVALHO e BRINCK, 2010).

Ainda segundo esse autor, os novos equipamentos são bastante eficientes se comparados aos

antigos. E tal fato se deve principalmente à capacidade do sistema hidráulico em administrar a

inclinação da curva força-deslocamento do rolo, de acordo com as necessidades do processo de

briquetagem.

Os rolos, parte fundamental no equipamento de prensagem, podem ser classificados em

integrais, sólidos ou segmentados. Todos apresentam cavidades que dão forma aos briquetes. É

Page 50: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

50

comum os rolos apresentarem uma faixa de aço inoxidável, ou de algum material resistente à

abrasão ou à corrosão, soldada à sua circunferência ou superfície de trabalho (CARVALHO e

BRINCK, 2010).

Os rolos integrais podem ser utilizados para a briquetagem de produtos farmacêuticos ou

alimentícios quando não apresentam juntas ou superfícies unidas (figura 10). Isso evita que haja

aglomeração de materiais em regiões de difícil limpeza. Estes tipos de rolos podem ser

facilmente aquecidos ou resfriados com água. Porém, não é recomendada a sua utilização na

compactação de materiais abrasivos (CARVALHO e BRINCK, 2010).

Figura 10 - Rolos integrais com revestimento de uma liga especial

FONTE: Carvalho e Brinck (2004).

Figura 11 - Rolos sólidos, com possibilidade de substituição das tiras que dão forma aos briquetes

FONTE: Carvalho e Brinck (2010).

Page 51: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

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De acordo com Carvalho e Brinck (2010), um grande número de equipamentos utilizam rolos

do tipo sólidos, os quais apresentam anéis substituíveis chavetados ou ajustados ao eixo.

Enquanto os rolos integrais precisam de materiais específicos para sua construção, os rolos

sólidos e os seus eixos podem ser fabricados com diferentes tipos de materiais, apenas com a

condição que seja resistente à corrosão e à abrasão (figura 11).

Os rolos segmentados (figura 12) são compostos por uma série de partes, presos mecanicamente

aos eixos. São recomendados para briquetagem à quente ou de materiais abrasivos, isso porque

se houver o desgaste do mesmo, apenas algumas partes do rolo podem ser substituídas, não

sendo necessária a troca do rolo inteiro. Da mesma forma que os rolos sólidos, podem ser

produzidos com o material que mais se adapte ao processo (CARVALHO e BRINCK, 2010).

Figura 12 - Rolos segmentados para aplicação em materiais abrasivos

FONTE: Carvalho e Brinck (2010).

Alguns aspectos devem ser levados em consideração na construção mecânica dos rolos. Entre

eles temos a confiabilidade, facilidade de manutenção e os custos de operação. O efeito que os

rolos exercem sobre o material a ser aglomerado depende, acima de tudo, da geometria do

mesmo (CARVALHO e BRINCK, 2010).

Carvalho e Brinck (2010) mencionam que quando o processo de briquetagem é realizado com

material que necessita a adição de aglomerantes, a alimentação da prensa deve ser realizada

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com um alimentador por gravidade. Porém, quando o material não utiliza aglomerante e se

encontra bastante seco e com grande quantidade de finos, a alimentação na prensa deve

acontecer com o auxílio de alimentadores tipo rosca ou broca.

4.2.2. Pelotização

De acordo com Campos e Campos (2010), quando consideramos minério de ferro, material em

que o emprego deste processo é muito utilizado, pelotização consiste na mistura úmida de finos

desse minério na fração menor que 0,149 mm com quantidades pré-definidas de aglomerante,

óxidos básicos, e energéticos, seguida de rolamento em disco ou tambor, que pela ação da

tensão superficial de capilaridade, promove a formação de um aglomerado esférico, as pelotas.

Seguindo este processo, as pelotas são submetidas a um tratamento térmico específico, que

permite que adquiram elevada resistência mecânica ao manuseio, e propriedades metalúrgicas

superiores, quando submetidas ao processo de redução.

A pelotização de minério de ferro é um processo relativamente novo quando comparamos com

a história da mineração e metalurgia, que datam da idade da pedra. Este processo foi criado

inicialmente com o objetivo de aproveitar os finos de minério de ferro gerados durante sua lavra

e beneficiamento e que não eram aproveitados nos processos de redução. Tal fato acontecia

devido à dificuldade de manuseio e transporte, e pela diminuição da permeabilidade dos gases

redutores no interior dos altos-fornos. Outro ponto importante é o fato de que os materiais finos

eram carreados pelo fluxo de gases durante o processo de redução, gerando grande quantidade

de emissão de poeira na atmosfera (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Segundo Costa (2008), o processo de pelotização de minério de ferro teve início no final dos

anos 40, principalmente nos Estados Unidos. Era utilizado para a aglomeração do concentrado

produzido pelo processamento de minério magnetíticos, que possuíam baixos teores de ferro e

tinham que ser moídos abaixo de 200 # para liberar a ganga e serem concentrados em separador

magnético. Essas plantas de pelotização eram normalmente construídas perto das minas, e as

pelotas eram transportadas até as usina siderúrgicas, o que permitia uma vantagem com relação

à sinterização.

As primeiras patentes do processo de aglomeração de finos de minério de ferro por pelotização

surgiram na Europa, precisamente na Suécia, em 1912, e ao mesmo tempo na Alemanha, em

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1913. Estes estudos apresentaram evidências de que os aglomerados esféricos produzidos

poderiam ser reduzidos mais rapidamente que o minério granulado e que os aglomerados de

sinterização produzidos com o mesmo minério de ferro (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Campos e Campos (2010) relata que a primeira planta piloto de pelotização só foi construída

após a primeira guerra mundial na Alemanha, em 1926. Após a década de 1940,

concomitantemente ao desenvolvimento tecnológico da mineração de minério de ferro, o

processo de pelotização passou a ter um papel fundamental na rota de produção do aço. Isso

porque o processo possuía grande potencial para agregação de valor na cadeia de produção,

viabilizando a lavra e beneficiamento de minérios menos compactos, friáveis e de menor teor

de ferro.

No início dos anos 70, o aumento da demanda mundial por minérios impulsionou a descoberta

de novos depósitos com diferentes composições mineralógicas. Este fato representou um marco

na tecnologia do processo de pelotização que passou a utilizar diferentes blends de minérios de

diferentes minas, proporcionando a construção de novas plantas de pelotização próximas aos

portos (COSTA, 2008).

Logo, com o crescente emprego da pelotização para a aglomeração de finos de minérios, foram

desenvolvidas diferentes rotas para a produção de pelotas. Na etapa de pelotamento, foram

desenvolvidos os discos de pelotização e os tambores, como mostrados nas figuras 13 e 14.

Figura 13 - Esquema de disco de pelotamento e o mesmo em operação industrial

FONTE: Adaptado dos websites Infomet e Tecnometal.

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Figura 14 - Esquema de tambor de pelotamento e o mesmo em operação industrial

FONTE: Adaptado do website Infomet e Carvalho e Brinck (2010).

O processamento térmico ou queima das pelotas podem ocorrer em diferentes tipos de fornos.

Assim, temos os fornos rotativos (grate kiln), fornos de grelha móvel (traveling grate) e fornos

de cuba (shaft furnaces). Nos fornos de grelha móvel são processados diferentes tipos de

minério, como os minérios hematíticos, magnetíticos, ghoetíticos, minérios hidratados e suas

misturas (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Campos e Campos (2010) menciona que, de forma geral, no Brasil, predomina o uso de discos,

responsáveis por 93,15% da produção. Com relação ao tipo de forno, 100% dos fornos

instalados são do tipo Traveling Grate. Sendo assim, neste capítulo, será abordado com maior

nível de detalhes, o processo de pelotização com o pelotamento em discos e a queima em fornos

tipo Traveling Grate.

A partir de 1990, o processo de pelotização sofreu algumas adequações devido à demanda

crescente de produção. Isso se reflete na introdução de uma etapa de cominuição do pellet feed

logo após sua filtragem para aumentar a superfície específica das partículas. Além disso, o

peneiramento das pelotas cruas em mesa ou peneira de rolos para eliminação de finos, assim

como no atendimento às exigências ambientais, como é o caso da tecnologia de despoeiramento

com precipitadores eletrostáticos nos fornos de queima das pelotas e a aplicação de soluções de

polímeros para a supressão de poeira durante o manuseio das pelotas prontas foram outros

pontos importantes (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Segundo Campos e Campos (2010), a produção mundial de pelotas vem crescendo

consideravelmente com o passar dos anos. E toda essa capacidade produtiva está distribuída em

Page 55: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

55

dois cenários que diferem entre si pela capacidade nominal de produção dos fornos e na

resistência mecânica ao manuseio requerida para as pelotas: Cenário 01 – produção de pelotas

para consumo próprio em usinas siderúrgicas integradas; e Cenário 02 - produção para

comercialização no mercado transoceânico.

Ainda de acordo com esse autor, no Cenário 01, a China se destaca em primeiro lugar em escala

de produção, seguida pelos Estados Unidos. A proximidade com as usinas siderúrgicas

consumidoras das pelotas minimiza a exigência de resistência mecânica das pelotas devido a

menor quantidade de manuseio. Já no Cenário 02, o Brasil ganha destaque na produção de

pelotas. Neste contexto, as pelotas devem possuir elevada resistência mecânica devido às longas

distâncias de transporte necessárias.

4.2.2.1. Processo de pelotização

Quando pensamos no processo de pelotização, de uma maneira geral, são três as principais

etapas do processo, descritas na sequência:

i. Preparação da matéria-prima;

ii. Formação das pelotas cruas ou pelotamento;

iii. Processamento térmico ou queima.

4.2.2.1.1. Preparação da matéria prima

Nesta etapa do processo de pelotização, a matéria-prima é conhecida como pellet feed e recebe

a adição de insumos essenciais, para garantir a qualidade das pelotas produzidas, em termos das

suas características físicas, químicas e metalúrgicas, necessárias à sua utilização nos processos

subsequentes (pelotamento e queima). Os principais insumos utilizados são: carvão mineral,

calcário, magnesita/olivina, bentonita, aglomerantes orgânicos e, em alguns casos, cal

hidratada. Após a adição desses insumos é feita uma mistura para que se obtenha uma perfeita

homogeneização do material a ser alimentado nos discos ou tambores de pelotização.

Alternativamente, alguns insumos podem ser adicionados à mistura ainda durante o precesso

de moagem do concentrado. Logo, estes insumos podem possuir maior granulometria, o que

diminui os custos (MONTEIRO et al., 2003).

Page 56: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

56

De acordo com Campos e Campos (2010), esses insumos possuem algumas finalidades

importantes na produção das pelotas, os quais são descritos a seguir:

a. Carvão Mineral: introdução de energia térmica ao processo para o endurecimento da

pelota, proporcionando perfeita distribuição de calor no interior da mesma. Tal fato

favorece a cinética das reações de sinterização das partículas e a formação de fases

escorificadas, contribuindo para uma maior qualidade e produtividade das pelotas.

b. Calcário e/ou Magnesita: é fundamental para que a pelota queimada adquira

resistência mecânica e características metalúrgicas adequadas aos processos posteriores

de redução. Estes insumos são também responsáveis pelo fornecimento de óxido de

cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO), que proporcionam o endurecimento da pelota.

c. Bentonita, Aglomerante Orgânico e Cal Hidratada: promove a aglomeração a frio

das partículas de minério de ferro, facilitando o pelotamento, e otimizando a resistência

a seco e a úmido das pelotas cruas. Essa resistência é de extrema importância para

garantir que as pelotas ainda cruas resistam ao manuseio e transporte nas correias

transportadoras até o forno e durante a etapa de secagem que ocorre durante a queima.

A aplicação de Carboxil Metil Celulose e outros aglomerantes orgânicos estão sendo bastante

difundidas em várias partes do mundo. Isso foi possível devido à busca por menores teores de

sílica, por parte dos produtores de ferro esponja (redução direta), e a forte demanda por minério

de ferro. Esses aglomerantes são compostos basicamente de cadeia carbônica e não alteram a

composição química das pelotas. Além disso, esse insumo é normalmente adicionado em

dosagens da ordem de ppm, o que viabiliza seu uso em relação à bentonita no que diz respeito

ao fator custo/benefício (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

4.2.2.1.2. Formação das pelotas cruas (ou pelotamento)

De acordo com Costa (2008), a etapa de pelotamento consiste na formação de pelotas cruas em

discos (figura 16) ou tambores, recebendo o material devidamente preparado

granulometricamente e com os aditivos necessários, sendo necessário ou não adição água

complementar. A função dos aditivos é corrigir as características químicas e de

aglomerabilidade, visando o atendimento as etapas posteriores. A adequação da composição

química visa o atendimento as especificações de qualidade exigidas pelos clientes, e

Page 57: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

57

influenciam de forma decisiva as características físicas e metalúrgicas finais da pelota

queimada. O desagregador de pelotas mostrado na figura 15 tem a função de reduzir o diâmetro

dos aglomerados que estão contidos na carga circulante do processo de pelotamento.

Figura 15 - Esquema de um disco de pelotamento

FONTE: Adaptado de Matos (2007).

Figura 16 - Formação de pelotas cruas em um disco de pelotamento. Vista lateral (a) e vista frontal do disco (b)

FONTE: Adaptado de Matos (2007).

Page 58: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

58

A disposição e a forma de operação do disco permitem a classificação das pelotas em função

do diâmetro, devido à combinação da força centrífuga e do próprio peso das pelotas formadas

(figura 16). A carga é alimentada numa determinada posição do disco, podendo ser alterada. As

pelotas sofrem rolamentos sucessivos sobre as partículas finas alimentadas, acarretando o

aumento gradativo do seu diâmetro. Os raspadores têm a função de direcionar o fluxo,

orientando a trajetória dos aglomerados de diferentes tamanhos até sua descarga (CAMPOS e

CAMPOS, 2010).

Segundo Campos e Campos (2010), o tempo de residência é a principal variável a ser controlada

no disco de pelotamento. É influenciado pela taxa de alimentação, velocidade de rotação,

ângulo de inclinação, profundidade útil, posição dos raspadores, espessura da camada de fundo,

posição do ponto de alimentação. Normalmente, quanto maior é a taxa de alimentação, menor

será o tempo de residência dos aglomerados.

Na etapa de formação das pelotas cruas, adicionalmente à mistura é necessária uma fase líquida

(água) para a formação dos aglomerados. As forças que se estabelecem nas interfaces

sólido/líquido têm um efeito coesivo. Estas forças interfaciais consistem na tensão superficial

da água, e nas forças capilares atuantes nas pontes líquidas formadas entre as partículas de

minério (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Figura 17 – Influência das forças capilares no mecanismo de aglomeração de finos de minério de ferro

FONTE: Campos e Campos (2010).

Page 59: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

59

Campos e Campos (2010) menciona a importância dos efeitos de capilaridade no mecanismo

de formação das pelotas. A água preenche os vazios intersticiais entre as partículas sólidas,

formando um sistema capilar com múltiplas ramificações. Quando as extremidades dos

capilares atingem a superfície externa da pelota, a sucção capilar desenvolvida na interface

ar/água provoca uma reação de igual intensidade sobre os grãos, mantendo as partículas unidas

(figura 17).

Ainda segundo esse autor, os movimentos relativos entre as partículas favorecem a adesão entre

as mesmas. Isso ocorre devido ao aparecimento de diversos pontos de contato entre grãos e

superfícies, nas quais o maior número possível de capilares deve ser formado.

A figura 18 apresenta um esquema de formação das pelotas cruas. De acordo com Campos e

Campos (2010), as partículas da mistura, quando envolvidas por um filme de água (figura 18

A), irão se tocar. Por causa da tensão superficial do filme de água, pontes de líquido são

formadas (figura 18 B), e como resultado do movimento das partículas dentro do disco de

pelotamento e da combinação individual das gotas de água, ocorre a formação de um

aglomerado com diversas partículas (figura 18 C).

No interior do aglomerado não compactado as primeiras pontes líquidas mantêm as partículas

juntas como em uma rede, formando as pelotas sem compactação. Com uma pequena adição de

água, os aglomerados condensam-se (figura 18 D). Neste estágio de formação das pelotas, as

forças capilares das pontes líquidas individuais estão essencialmente ativas. O sucesso desta

fase é alcançado quando todos os poros da pelota possuem água, mas está ainda não reveste

completamente o aglomerado (figura 18 E). Nesta fase, o efeito das forças capilares é forte. O

estágio final é obtido quando as partículas sólidas estão completamente cobertas pelo filme de

água. A tensão superficial das gotas de água que mantém as partículas sólidas torna-se

inteiramente ativa (figura 18 F) e o efeito das forças capilares reduz drasticamente (CAMPOS

e CAMPOS, 2010).

Page 60: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

60

Figura 18 - Estágios de formação das pelotas cruas

FONTE: Campos e Campos (2010).

Alguns fatores são importantes para que o processo de pelotização ocorra adequadamente. Entre

eles podemos destacar a forma, o tamanho médio, a mineralogia, distribuição granulométrica

do minério e aditivos, a estrutura de poros da pelota, a molhabilidade das partículas, o teor de

umidade, as características químicas da mistura, o tipo e quantidade de aglomerante utilizado,

as condições operacionais dos equipamentos utilizados, os parâmetros operacionais dos discos

pelotizadores (velocidade de rotação, taxa de alimentação do material, distribuição de tamanho

das partículas do material alimentado) e a presença de sementes ou micronúcleos (MATOS,

2007).

Campos e Campos (2010) relata que as pelotas cruas quando descarregadas dos discos passam

por um processo de classificação individual, sendo posteriormente reclassificadas na

alimentação do forno de endurecimento (figura 19). O objetivo desta etapa é manter a maior

uniformidade possível na alimentação do forno, melhorando, consequentemente, o acabamento

superficial das pelotas e as condições operacionais do forno de endurecimento.

Page 61: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

61

Figura 19 - Classificação das pelotas cruas

FONTE: Campos e Campos (2010).

4.2.2.1.3. Processamento térmico (ou queima)

A matéria-prima principal para o processo de queima no forno de endurecimento é a pelota

crua, produzida nos discos na etapa de pelotamento. Estas pelotas devem possuir características

físicas e químicas adequadas ao bom desempenho do processo de endurecimento (CAMPOS e

CAMPOS, 2010). Devido à grande utilização de fornos de grelha móvel, um enfoque maior

será dado ao mesmo neste trabalho.

Segundo Matos (2007), quando tratamos do processo de queima das pelotas, temos algumas

variáveis importantes e que devem ser consideradas. Entre elas estão os finos na entrada da

grelha, a umidade da pelota crua, a granulometria das pelotas cruas e a granulometria das

pelotas queimadas da camada de fundo.

O processo de queima é constituído das etapas de alimentação da grelha, secagem ascendente,

secagem descendente, pré-queima, queima, descarga e resfriamento. Na primeira etapa, após as

mesas de rolos da entrada do forno, as pelotas passantes na mesa superior e retidas na mesa

inferior são alimentadas na grelha (figura 20) (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Page 62: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

62

Figura 20 - Alimentação da grelha, com pelotas cruas e com pelotas de camada lateral e de fundo

FONTE: Campos e Campos (2010).

Um ponto importante no processo de queima consiste na formação de uma camada de fundo e

uma camada lateral com pelotas já queimadas. O principal objetivo dessa camada é minimizar

a agressão térmica sobre a estrutura do carro de grelha e das barras de grelha, aumentando sua

vida útil (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Durante as etapas de secagem ascendente e descendente, a água contida nas pelotas cruas

alimentadas no forno é evaporada devido ao fluxo de gases quentes que atravessa o leito de

pelotas. As figuras 21 e 22 seguintes apresentam um esquema dessas zonas de secagem

(CAMPOS e CAMPOS, 2010). De acordo com Matos (2007), as principais variáveis que

influenciam o processo de secagem são a temperatura, velocidade do fluxo de ar e diâmetro da

pelota crua.

Page 63: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

63

Figura 21 - Zona de secagem ascendente do forno de queima

FONTE: Matos (2007).

Figura 22 - Zona de secagem descendente do forno de queima

FONTE: Matos (2007).

Page 64: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

64

A etapa de pré-queima (figura 23) é a fase intermediária às fases de secagem e queima, onde as

pelotas são expostas a um fluxo descendente de gases que chegam a temperaturas da ordem de

500 a 900ºC. Nestas condições, as pelotas sofrem um aquecimento adequado antes de serem

submetidas às rigorosas temperaturas de endurecimento, na zona de queima. Nesta etapa ocorre

a decomposição dos hidratos, carbonatos ou sulfatos. Nesta faixa de temperatura alcançada,

todos os óxidos de ferro, com exceção da hematita, são convertidos a óxidos. Esta é uma etapa

crítica do processo térmico, pois pode ocorrer a formação de trincas e degradação de pelotas.

Esta degradação fica mais evidente quando a umidade da pelota crua não foi totalmente

removida (MATOS, 2007).

Figura 23 - Zona de pré-queima no forno de queima

FONTE: Matos (2007).

A etapa de queima é a fase na qual as pelotas experimentam um fluxo gasoso também

descendente, com os mais elevados níveis de temperatura (1000 a 1380ºC). Para que tal

temperatura seja atingida, óleo combustível é injetado lateralmente na coifa desta região do

forno, por meio de queimadores. A combustão do óleo produz o calor para atingir a temperatura

mencionada (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Page 65: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

65

Segundo Campos e Campos (2010), o calor produzido pela combustão do óleo adicionado ao

contido no ar proveniente da zona de resfriamento é transferido às pelotas para iniciar a

combustão do carvão finamente contido nas mesmas, gerando-se calor do interior para fora das

pelotas (figura 24). Parte do calor envolvido no processo de queima é utilizada nas reações

químicas entre os constituintes contidos no minério, no calcário e no aglomerante. Estas reações

propiciam o endurecimento das pelotas, adquirindo a resistência física necessária para serem

transportadas da descarga da grelha até o forno de redução do cliente.

Figura 24 - Transferência de calor do fluxo gasoso para o leito de pelotas na zona de queima

FONTE: Campos e Campos (2010).

Após a etapa de queima torna-se necessário o resfriamento a seco das pelotas, até uma

temperatura em que seja possível o seu transporte via correias transportadoras, até o pátio de

estocagem. Este resfriamento se dá por meio de um fluxo ascendente intenso de ar atmosférico,

à temperatura ambiente. Naturalmente, a maior eficiência de resfriamento é obtida nas pelotas

localizadas na camada inferior, já que o fluxo é ascendente (CAMPOS e CAMPOS, 2010).

De acordo com Campos e Campos (2010), quando as pelotas são descarregadas em correias

transportadoras na saída do forno é muito comum o uso de jatos de água para proteger o tapete

de borracha das correias e contenção de poeira. Além disso, para a contenção de poeira, diversos

estudos realizados recentemente evidenciaram que a prática de aspersão de água sobre as

pelotas descarregadas do forno podem causar forte degradação das mesmas. Logo, essa prática

deve ser substituída pelo uso de supressores químicos de poeira e/ou o emprego de

precipitadores eletrostáticos.

Page 66: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

66

Com já mencionado, os fornos de grelha móvel são os mais utilizados no processo de tratamento

térmico das pelotas. E uma das principais vantagens deste tipo de forno é o fato da utilização

de vários queimadores na zona de pré-queima e queima. Isso permite que os perfis de

temperatura (figura 25) ao longo do forno possam ser ajustados para o tratamento térmico de

matérias primas de diferentes características (COSTA, 2008).

Figura 25 - Perfil térmico de um forno do tipo Grelha Móvel

FONTE: Costa (2008).

4.2.2.2. Secagem e endurecimento das pelotas a frio

O processo de pelotização consiste basicamente na preparação da matéria-prima, formação das

pelotas cruas e tratamento térmico. Esta última fase normalmente é realizada com o auxílio de

elevadas temperaturas para garantir a secagem e endurecimento da pelota, conferindo-lhe

características importantes de resistência. No entanto, essa fase pode ser realizada a frio. Para

isso, utiliza-se na mistura da pelota cimento de pega hidráulica. Logo, o processo de secagem

e endurecimento se desenvolve totalmente a frio.

Os principais materiais utilizados na mistura que permitem a secagem e endurecimento da

pelota a frio é o cimento Portland e o cimento de escória de alto forno. Tais aglomerantes agem

no sentido de produzir pelotas endurecidas através de ligações químicas à baixa temperatura. A

resistência à compressão das pelotas produzidas por esse tipo de processo de secagem e

endurecimento é inferior às pelotas produzidas pelo processo convencional, mas possuem

propriedades mecânicas satisfatórias ao processo de siderurgia.

Page 67: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

67

No que se refere às propriedades metalúrgicas, as pelotas produzidas dessa maneira são bem

aceitas. Devido à ausência de alta temperatura e de escorificacão, as características dessas

pelotas são totalmente diferentes das pelotas queimadas. Devido a sua alta porosidade (30 a

40%), tais pelotas possuem alto índice de redutibilidade, quando comparadas com pelotas

queimadas que tem uma porosidade em torno de 25% (OLIVEIRA, 2003).

Esse processo consiste na mistura dos materiais, com posterior homogeneização e pelotamento

em discos. Após a aglomeração, são transportadas para silos de endurecimento. As pelotas são

revestidas com finos de concentrado durante o transporte para evitar aderência. Após o segundo

dia, as pelotas adquirem resistência à compressão de 60 kgf/pelota, considerada suficiente para

suportar o peneiramento. A última etapa consiste em estocar a pelotas em silos secundários para

a cura final (OLIVEIRA, 2003).

4.2.2.3. Estocagem e embarque das pelotas

A estocagem e o embarque das pelotas é o último estágio deste processo de pelotamento, e uma

fase muito importante, pois a temperatura das pelotas descarregadas dos fornos é reduzida por

transferência de calor para o meio ambiente ou pela aspersão de água para contenção de poeira.

Toda a produção é empilhada no pátio de estocagem e, depois, retomada para o carregamento

dos navios. O tempo de estocagem no pátio varia de acordo com a demanda do mercado

(CAMPOS e CAMPOS, 2010).

Segundo Campos e Campos (2010), existem alguns métodos de empilhamento que podem ser

aplicados. Porém, o mais utilizado é o método conhecido Windrow, ilustrado esquematicamente

na figura 26. Consiste em cobrir toda a área prevista de ser ocupada pela pilha, por uma série

de pequenas pilhas paralelas entre si na direção longitudinal do pátio.

Ainda de acordo com esse autor, após o primeiro conjunto de pilhas ser formado, um novo é

iniciado no sentido contrário ao primeiro, sendo o empilhamento feito nos espaços entre as

pilhas que formaram a base. Essa sequência deve ser seguida até que a pilha seja completada.

A secção transversal da pilha é triangular. A utilização deste método de empilhamento visa a

minimizar a segregação granulométrica das pelotas na pilha, tornando o produto mais

homogêneo e a operação de retomagem mais rápida.

Page 68: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

68

Figura 26 - Empilhamento de pelotas pelo método Windrow. Formação das pilhas paralelas vista da

empilhadeira (A) e formação das pilhas paralelas na vista frontal (B)

FONTE: Campos e Campos (2010).

4.2.3. Sinterização

O processo de sinterização é uma importante técnica de aglomeração, juntamente com a

briquetagem e pelotização. Neste trabalho, devido à falta de equipamentos que permitissem a

realização do processo de sinterização, foi dado maior enfoque a briquetagem e pelotização.

Porém, devido ao peso que o processo de sinterização tem no universo da aglomeração, a seguir

serão abordados brevemente alguns conceitos importantes dessa técnica.

4.2.3.1. Fundamentos de sinterização

De acordo com Oliveira (2003), o processo de sinterização tinha como objetivo inicial

aproveitar as frações de minérios e combustíveis inferiores a aproximadamente 6 mm. Isto

devido a impossibilidade de utilização destas frações diretamente nos alto-fornos, por

diminuírem a permeabilidade da carga e dificultarem a passagem dos gases, condição

imprescindível a um bom desempenho operacional deste equipamento.

Ainda segundo esse autor, com o advento das grandes usinas produtoras de ferro gusa, a

necessidade de matérias-primas de melhor qualidade se tornou essencial. Altos-fornos com

grande capacidade exigiam matérias-primas mais resistentes para uma maior estabilidade

operacional. Além disso, a necessidade de redução energética solicitou matérias-primas com

melhor redutibilidade. Dentro deste contexto, a utilização de matérias-primas de alta qualidade

se tornou imprescindível para um bom desempenho dos alto-fornos. O sinter, antes utilizado

Page 69: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

69

para o aproveitamento das frações finas de minério, tornou-se um material melhor para colocar

no alto forno do que o minério na distribuição granulométrica especificada.

A sinterização provem da ligação entre as partículas, gerando forças atrativas que mantêm

unidas a massa do material a sinterizar. Esse processo é o resultado do movimento atômico

estimulado em alta temperatura, durante o qual ocorrem processos de difusão. Algumas

variáveis influenciam a taxa de sinterização, tais como densidade inicial, material, tamanho de

partícula, atmosfera de sinterização, temperatura, tempo e taxa de aquecimento

(HERCULANO, 2007).

A sinterização consiste basicamente na mistura do material (matéria-prima), combustível

(carvão), fundentes e outros aditivos necessários, com granulometria especifica, sendo

submetidos a temperaturas que promovam a difusão atômica na superficie das partículas de

forma a agregá-las na forma de aglomerados de elevada resistência mecânica (PEREIRA,

2013).

O sínter, para atender às condições de consumo no alto-forno, deve apresentar características

de alta resistência mecânica, boa redutibilidade, distribuição granulométrica especificada e

composição química controlada (OLIVEIRA, 2003).

4.2.3.2. Processo de sinterização

O processo de sinterização começa apenas quando a temperatura do material excede de 1/2 a

2/3 a temperatura absoluta de fusão, causando difusão atômica para sinterização no estado

sólido ou difusão e fluxo viscoso quando uma fase líquida está presente ou é produzida por uma

reação química (PEREIRA, 2013).

Ainda de acordo com esse autor, a primeira fase do processo consiste na secagem, removendo

líquido dos poros do material. Um líquido quando colocado em um recipiente fechado irá

evaporar até estabelecer uma pressão de vapor de equilíbro. Com o aumento da temperatura, a

energia vibratória das moléculas que migram até a superfície também aumenta. Devido à

pressão de vapor, a molécula evapora. A água livre no material é eliminada em torno de 100°

C. Já a água estrutural evapora em temperaturas mais elevadas. Geralmente, na secagem só é

eliminada a água livre.

Page 70: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

70

Fenômenos secundários podem ocorrer e sempre devem ser considerados em um processo de

sinterização. Os processos primários que ocorrem no aquecimento consistem no crescimento

do grão e na densificação. Juntamente com estas mudanças, há um grande número de outros

possíveis efeitos que ocorrem durante a sinterização. Estas incluem reações químicas, oxidação,

transformações de fase, efeito de gás aprisionado em poros fechados e efeitos de mistura não

homogênea. Embora estes não sejam processos de grande importância, eles frequentemente

causam os principais problemas nos produtos da sinterização (PEREIRA, 2013).

Segundo Herculano (2007), a sinterização ocorre através de ligações entre as partículas que se

encontram unidas quando aquecidas a altas temperaturas. Numa escala microestrutural, esta

ligação ocorre como o crescimento de um pescoço coesivo (figura 27), nos pontos de contato

entre as partículas do material.

Figura 27 - Formação do pescoço entre partículas esféricas induzidas por sinterização

FONTE: Herculano (2007).

O processo de sinterização pode ser dividido em três estágios (figura 28). No primeiro ocorre

alisamento das superfícies das partículas, formação de contornos nas partículas, crescimentos

de pescoços e arredondamento de poros interconectados abertos. No estágio intermediário os

poros tornam-se isolados. Os grãos passam a crescer ligeiramente. O segundo estágio terminaria

quando a densificação do material atingisse valores próximos a 90%. O estágio final consiste

Page 71: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

71

no rápido aparecimento de grãos maiores. Neste estágio os poros diminuem até um tamanho

limite ou desaparecem (PEREIRA, 2013).

Figura 28 - Estágios de sinterização

FONTE: Pereira (2013).

A eliminação do espaço entre as partículas com a união entre elas se dá por difusão. Acima de

determinada temperatura, os átomos vibram em torno de suas posições de equilíbrio, sendo a

frequência dessas vibrações diferentes para cada tipo de átomo. Logo, os átomos com energia

acima da média, em um dado momento podem atingir um nível de energia maior que sua energia

de ligação aos átomos vizinhos, rompendo essas ligações e levando ao fenômeno de difusão.

Por meio desse processo de difusão, os átomos migram para outros locais, tais como lacunas,

interstícios, discordâncias, defeitos superficiais e volumétricos, a fim de minimizar a energia

do sistema. A difusão atômica depende da natureza do átomo, estrutura cristalina e temperatura.

É um fenômeno que justifica a união entre partículas no processo de sinterização (PEREIRA,

2013).

Existem basicamente dois tipos de sinterização: a sinterização por fase sólida e por fase líquida.

Na primeira o material é transportado sem que haja qualquer tipo de líquido na estrutura, sendo

Page 72: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

72

transferido para a região de contato entre partículas vizinhas. A sinterização por fase líquida

acontece devido à formação de líquido na estrutura. Este líquido pode ser causado pela fusão

de um dos componentes do sistema ou pela reação entre dois componentes. A ocorrência deste

líquido tem papel decisivo na determinação dos mecanismos de sinterização e do aspecto final

da estrutura sinterizada (HERCULANO, 2007).

4.2.3.3. Sinterização de partículas minerais

A sinterização é um processo muito utilizado para minério de ferro com o intuito de aproveitar

os finos gerados nas diferentes etapas de seu processamento. A matéria-prima para sinterização

dos minérios de ferro é basicamente constituída de finos de minério (sinter feed: partículas entre

0,15 e 6,3 mm), combustível (no estado sólido: finos de carvão vegetal ou finos de coque; ou

gasoso: gás de alto-forno ou coqueria; ou líquido: óleo), fundentes (calcário-CaCO3, dolomita-

MgCO3) e outras adições: resíduos da usina reciclados (pós, lama) (PEREIRA, 2013).

Ainda segundo esse autor, os processos mais utilizados na sinterização dos minérios de ferro

são: Greenwalt e Dwigth & Lloyd. O primeiro consiste em um processo antigo, feito em

batelada, e que necessita de baixos investimentos. No entanto, gera um sínter de baixa qualidade

e tem baixa produtividade. É normalmente utilizado em pequenas empresas e com materiais

não ferrosos. Já o processo Dwigth & Lloyd é contínuo, possui maior produtividade, mas

necessita de altos investimentos. Uma ilustração do processo Dwigth & Lloyd pode ser vista na

figura 29. A mistura a ser sinterizada forma um leito, que se desloca horizontalmente, enquanto

o processo de queima é feito pela reação entre o ar que atravessa a mistura e o combustível

presente no leito. O princípio do processo se baseia na ignição da superfície do leito, combustão

do carvão/coque, fusão e aglomeração das partículas.

Page 73: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

73

Figura 29 - Esquema do processo Dwigth & Lloyd

FONTE: Pereira (2013).

Figura 30 - Microestrutura do sínter de minério de ferro

FONTE: Pereira (2013).

Page 74: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

74

A sequência de operação do processo de sinterização é feita na seguinte ordem: preparação da

mistura minério + combustível sólido + fundente + sínter de retorno, homogeneização a seco,

adição de água, homogeneização da mistura, alimentação da mistura, colocação de material de

forramento e carregamento da mistura na esteira. O material sinterizado queima verticalmente

enquanto o leito se move horizontalmente para a direção da extremidade de descarga. O sínter

produzido na máquina é quebrado em um britador, resfriado e classificado por peneiramento

como sínter para estocagem e sínter de retorno para formação de material de forramento. A

homogeneização pode ser feita em um tambor rotativo e o resfriamento do sínter utilizando

ventiladores (PEREIRA, 2013).

O processo de sinterização Dwigth & Lloyd pode ser dividido em quatro zonas: zona úmida

(temperaturas até 100° C), zona de secagem (vaporização da umidade), zona de reação e zona

de resfriamento. A microestrutura típica de um sínter de minério de ferro pode ser vista na

figura 30. Observa-se a presença de partículas do minério, material fundido e poros (PEREIRA,

2013).

Page 75: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

75

5. METODOLOGIA

Nesta etapa será feita a descrição dos experimentos envolvidos na pesquisa. Consiste, em

primeiro momento, na caracterização dos materiais utilizados. Em seguida, os procedimentos

para o cálculo do traço do concreto, modelagem e ruptura dos corpos de prova são descritos.

5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS

Para a realização dos experimentos da pesquisa é fundamental o conhecimento de certas

características dos materiais utilizados. Entre eles se destacam a análise granulométrica da

magnetita e da areia (agregado miúdo), as massas específicas dos agregados do concreto (areia

e brita) e da magnetita, e o módulo de finura da areia. Todos estes materiais estavam úmidos,

sendo necessária a secagem para a realização dos ensaios que determinariam estas

características. Tal procedimento foi possível com o auxílio de uma estufa digital da marca

Sterilifer e assadeiras (tampas), ambas representadas na figura 31.

Figura 31 - Estufa (A) e assadeiras (B)

FONTE: Autoria própria.

5.1.1. Análise granulométrica da magnetita e areia

Esta fase dos ensaios da pesquisa foi realizada com o auxílio de um peneirador de laboratório

representado na figura 32 A. O material utilizado no peneiramento foi devidamente quarteado

(figura 32 B). Foram utilizadas duas séries de peneiras (tabela 10 e figura 33 A). Cada

peneiramento foi realizado duas vezes, para ambos os materiais, durante um tempo de quinze

Page 76: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

76

minutos, para a obtenção da média. Então, utilizando uma balança de precisão (figura 33 B), o

material retido em cada fração granulométrica foi pesado. Esses dados permitiram a obtenção

de tabelas e gráficos da distribuição granulométrica de ambos os materiais.

Na obtenção dos corpos de prova de concreto há uma substituição parcial da areia pela

magnetita, mantendo todos os outros parâmetros constantes. Logo, torna-se necessário que estes

dois materiais estejam nas mesmas distribuições granulométricas, fato que certamente não

ocorrerá.

Figura 32 - Peneirador de laboratório (A) e quarteador (B)

FONTE: Autoria própria.

Figura 33 - Série de peneiras (A) e balança de precisão (B)

FONTE: Autoria própria.

Page 77: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

77

Tabela 10 - Série de peneiras utilizada para a análise granulométrica

SÉRIE GROSSA SÉRIE FINA

6 # 48 #

8 # 65 #

9 # 80 #

10 # 100 #

14 # 150 #

20 # 200 #

28 # 270 #

35 # 325 #

FONTE: Autoria própria.

Figura 34 - Garrafas pet individualizando a magnetita retida em cada malha da série

FONTE: Autoria própria.

O procedimento encontrado para obter a magnetita na mesma distribuição granulométrica da

areia foi armazenar o material retido em cada fração granulométrica, após uma série extensa de

peneiramentos, em garrafas pet individuais (figura 34). Em seguida, de posse da distribuição da

areia, foi possível saber qual porcentagem de material ficou retido em uma malha específica.

Assim, misturou-se a magnetita naquela malha com o restante na mesma proporção em que a

Page 78: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

78

areia. Então, todo o material foi homogeneizado, obtendo-se uma magnetita na mesma

distribuição granulométrica da areia.

5.1.2. Módulo de finura da areia

Este dado foi obtido com o auxílio da série normalizada de peneiras apresentada na tabela 6.

Procedendo como na execução da análise granulométrica, o material foi quarteado e levado ao

peneirador por quinze minutos, sendo o ensaio realizado duas vezes. O cálculo do módulo de

finura para a areia procedeu de acordo com a NBR 7211/2009.

5.1.3. Massa específica da areia, brita e magnetita

A massa específica destes materiais foi obtida por meio do método de picnometria. Consistiu

em pesar o picnômetro vazio e seco (P1), o picnômetro somente com a amostra (P2), com

amostra e água (P3), e somente com água (P4). Na figura 36 tem-se representado o picnômetro

utilizado para este ensaio.

Figura 35 - Picnômetro utilizado para obter as massas específicas dos materiais

FONTE: Autoria própria.

Page 79: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

79

Com os dados obtidos, foi possível obter a massa específica substituindo-os na equação

seguinte.

ρ = 𝑃2−𝑃1

(𝑃4−𝑃1)−(𝑃3−𝑃2) (g/cm3) (7)

5.2. CÁLCULO DO TRAÇO DO CONCRETO

Para a execução do cálculo é necessário definir uma resistência final para concreto, estabelecida

de acordo com sua finalidade. Nesta pesquisa teve-se o objetivo de projetar um concreto

convencional, que de acordo com o website da Engemix, possui uma resistência final de 20

MPa e abatimento do tronco de cone de 70 ± 10 mm. O cimento Portland utilizado foi o

CP II – Z – 32 da Ciplan, que em seu website especifica uma resistência aos 28 dias de 32 MPa.

A massa específica do cimento considerada foi 2,97 g/cm3, obtida no website da Itambé. Foi

utilizada brita 0 proveniente de basalto, que de acordo com o website da Votorantim possui

diâmetro na faixa de 4,5 – 9,5 mm.

Com os dados da resistência final requerida e a resistência do cimento aos 28 dias, utilizando o

gráfico apresentado na figura 5, o valor da relação água/cimento foi obtido. Entrando com os

valores do abatimento do tronco de cone e da dimensão máxima característica do agregado

graúdo (brita) na tabela 4 obtemos o consumo de água. Utilizando a relação água/cimento e o

consumo de água, com a equação (2) tem-se o consumo de cimento por metro cúbico de

concreto.

Utilizando a tabela 5 com os dados da dimensão máxima característica do agregado graúdo e

do módulo de finura da areia encontra-se o volume compactado seco do agregado graúdo.

Substituindo esse valor na equação (3) juntamente com o valor de 1500 kg/m3 para a massa

unitária compactada do agregado graúdo por m3 de concreto (valor padrão utilizado quando

este dado não é conhecido) encontra-se o consumo de agregado graúdo (brita).

Substituindo todos os dados calculados anteriormente na equação (4) chega-se ao volume de

agregado miúdo por metro cúbico de concreto, que substituído na equação (5) fornece o

consumo de areia.

Page 80: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

80

De posse dos dados das massas específicas dos materiais e dos consumos de areia, brita e água,

utilizando a equação (6), encontra-se o traço do concreto para a resistência requerida.

Durante a modelagem dos corpos de prova o ensaio de abatimento do tronco de cone foi

realizado. Logo, a adição de alguns componentes foi necessário. Esta quantidade adicionada foi

computada. O novo consumo dos componentes do concreto foi obtido pelo processo inverso de

cálculo, e o traço devidamente corrigido. Assim, a nova relação água cimento e a resistência do

concreto aos 28 dias pode ser obtida com o auxílio do gráfico apresentado na figura 5.

5.3. MODELAGEM E RUPTURA DOS CORPOS DE PROVA

Na modelagem dos corpos de prova o primeiro passo consistiu na emprimação da betoneira de

marca CSM com capacidade de 150 litros (figura 36). Este procedimento foi realizado com uma

pequena quantidade de cimento, areia e água na proporção definida pelo traço. A inclinação do

eixo da betoneira foi modificada algumas vezes para permitir que a mistura atingisse toda a

superfície interna. Em seguida, a dosagem dos materiais foi realizada com o auxílio da balança

de precisão apresentada na figura 33 B, também obedecendo o traço e considerando um volume

para nove formas.

Os componentes brita, areia/magnetita, cimento e água foram adicionados parcialmente, nesta

ordem, a betoneira. O amassamento foi realizado durante três minutos. Com a mistura

homogênea uma fração foi retirada para a realização do slump test, verificando o verdadeiro

abatimento do tronco de cone.

Figura 36 - Betoneira CSM de 150 litros utilizada nos ensaios

FONTE: Autoria própria.

Page 81: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

81

O equipamento utilizado para o slump test (figura 37) consiste em uma chapa metálica como

base, um cone com 30 cm de altura, 10 cm de diâmetro na abertura superior e 20 cm na inferior.

Funil, concha, colher de pedreiro e haste também foram utilizados para auxiliar o ensaio.

Inicialmente, o executante do ensaio se posicionou de forma que o slump test ficasse entre seus

pés (figura 38), deixando-o rígido. Em seguida, o concreto em estado fresco foi adicionado ao

cone em três camadas, ambas sendo socadas com 25 golpes (figura 39). Ao fim deste processo,

o cone foi retirado, e o abatimento medido (figura 40). O teste foi realizado, adicionando-se

água ou cimento a mistura, até o valor requerido ser atingido.

O slump test foi realizado somente para o concreto sem magnetita. Este foi estabelecido como

padrão para as outras misturas que continham magnetita, visto que o intuito da pesquisa foi

variar somente o tipo de agregado miúdo adicionado ao concreto.

Figura 37 - Slump test com funil utilizado no ensaio do abatimento do tronco de cone

FONTE: Autoria própria.

Page 82: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

82

Figura 38 - Posicionamento do slump test entre os pés do executante

FONTE: Autoria própria.

Figura 39 - Material sendo socado com o auxílio da haste

FONTE: Autoria própria.

Page 83: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

83

Figura 40 - Medição do abatimento do tronco de cone em dois ensaios de slump test

FONTE: Autoria própria.

Com a mistura pronta, o próximo passo consistiu na modelagem dos corpos de prova. Para isso

foram utilizados os seguintes materiais: formas de 20 cm de altura e 10 cm de diâmetro, concha

redonda para colocar o material na forma, haste socadora de 5/8” x 600 mm e funil (figura 41).

Figura 41 - Materiais utilizados para a moldagem dos corpos de prova

FONTE: Autoria própria.

A forma foi untada com óleo mineral (diesel) e a mistura colocada em duas camadas, cada uma

recebendo 12 golpes com a haste socadora (figura 42). Na segunda camada foi deixado um

excesso de material para fazer o acerto da superfície com o auxílio de uma colher de pedreiro

Page 84: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

84

(figura 43). Os corpos de prova foram desenformados após 24 horas e imersos em um tambor

com água e cal no mesmo instante. Permaneceram neste processo de cura até três horas antes

da ruptura.

Figura 42 - Concreto sendo socado na modelagem dos corpos de prova

FONTE: Autoria própria.

Figura 43 - Acerto da superfície do corpo de prova

FONTE: Autoria própria.

Page 85: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

85

O ensaio de compressão dos corpos de prova foi realizado em uma prensa hidráulica de 45 ton

da marca Nowak modelo MPH-45 (figura 44). Para auxiliar na perfeita distribuição da pressão

uma peça de aço mecânico foi confeccionada (figura 45 e 46), e para suprir as imperfeições das

bases do corpo de prova uma borracha ficou entre a peça e o corpo de prova.

Figura 44 - Prensa hidráulica de 45 ton utilizada nos ensaios

FONTE: Autoria própria.

Figura 45 - Projeto da peça para distribuir a pressão uniformemente no corpo de prova

FONTE: Autoria própria.

Page 86: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

86

Figura 46 - Peça de aço mecânico utilizada para distribuir a pressão uniformemente no corpo de prova

FONTE: Autoria própria.

Figura 47 - Corpo de prova ajustado no centro da prensa (A) e manômetro analógico (B)

FONTE: Autoria própria.

No processo de ruptura, com o corpo de prova devidamente ajustado no centro da prensa (figura

47 A), a carga do ensaio foi aplicada constantemente e de forma suave para possibilitar a leitura

da pressão de rompimento no manômetro analógico (figura 47 B).

Page 87: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

87

Figura 48 - Corpo de prova após ruptura

FONTE: Autoria própria.

A carga foi aplicada até o momento em que uma pressão máxima foi atingida, causando a

ruptura (figura 48), e o ponteiro aliviou 10% deste valor.

Page 88: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

88

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As massas específicas da areia, brita e magnetita são apresentadas, respectivamente, nas tabelas

11, 12 e 13. Os dados e a curva da distribuição granulométrica da areia estão representados na

tabela 14 e figura 49. Do mesmo modo, os dados e a curva da magnetita estão na tabela 15 e

figura 50. O módulo de finura da areia pode ser observado na tabela 16.

Tabela 11 - Valores obtidos nos ensaios de picnometria e média da massa específica para a areia

MASSA ESPECÍFICA

VARIÁVEL ENSAIO 1 ENSAIO 2 MÉDIA

Peso picnômetro vazio e seco (g) 54,83 44,91 49,87

Peso picnômetro com amostra (g) 76,05 63,90 69,975

Peso picnômetro com amostra e água (g) 181,95 160,42 171,185

Peso picnômetro com água (g) 169,04 148,63 158,835

DENSIDADE (g/cm3) 2,554 2,637 2,593

FONTE: Autoria própria.

Tabela 12 – Valores obtidos nos ensaios de picnometria e média da massa específica para a brita

MASSA ESPECÍFICA

VARIÁVEL ENSAIO 1 ENSAIO 2 MÉDIA

Peso picnômetro vazio e seco (g) 54,83 44,91 49,87

Peso picnômetro com amostra (g) 61,69 54,62 58,155

Peso picnômetro com amostra e água (g) 173,41 154,84 164,125

Peso picnômetro com água (g) 168,97 148,57 158,77

DENSIDADE (g/cm3) 2,835 2,823 2,828

FONTE: Autoria própria.

Tabela 13 - Valores obtidos nos ensaios de picnometria e média da massa específica para a magnetita

MASSA ESPECÍFICA

VARIÁVEL ENSAIO 1 ENSAIO 2 MÉDIA

Peso picnômetro vazio e seco (g) 44,92 51,07 47,995

Peso picnômetro com amostra (g) 112,34 141,40 126,87

Peso picnômetro com amostra e água (g) 200,37 222,48 211,425

Peso picnômetro com água (g) 148,56 153,33 150,945

DENSIDADE (g/cm3) 4,319 4,265 4,288

FONTE: Autoria própria.

Page 89: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

89

Tabela 14 - Análise granulométrica média para a areia

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

ABERTURA PENEIRAS

MASSA DE MATERIAL RETIDO (g)

PORCENTAGEM DE MATERIAL MASSA

MÁXIMA (g)

MASSA EXTRAPOLADA

(g) RETIDO (%)

RETIDO ACUMULADO

(%)

PASSANTE ACUMULADO

(%) mesh mm

+4 4,760 0,00 0,00% 0,00% 100,00% - -

+6 3,360 0,00 0,00% 0,00% 100,00% 682,46 0,00

+8 2,380 1,94 0,64% 0,64% 99,36% 482,43 0,00

+9 2,000 2,99 0,98% 1,62% 98,38% 368,12 0,00

+10 1,680 3,55 1,16% 2,78% 97,22% 309,29 0,00

+14 1,410 12,92 4,25% 7,03% 92,97% 259,70 0,00

+20 0,841 32,74 10,76% 17,79% 82,21% 189,19 0,00

+28 0,595 43,91 14,43% 32,22% 67,78% 120,69 0,00

+35 0,420 83,75 27,52% 59,74% 40,26% 85,31 0,00

+48 0,297 50,21 16,50% 76,24% 23,76% 60,26 0,00

+65 0,210 42,44 13,95% 90,19% 9,81% 42,61 0,00

+80 0,180 12,39 4,07% 94,26% 5,74% 32,78 0,00

+100 0,149 6,34 2,08% 96,34% 3,66% 27,65 0,00

+150 0,105 6,84 2,25% 98,59% 1,41% 21,35 0,00

+200 0,074 2,25 0,74% 99,32% 0,68% 15,04 0,00

+270 0,053 0,90 0,30% 99,62% 0,38% 10,67 0,00

+325 0,044 0,50 0,16% 99,78% 0,22% 8,15 0,00

FUNDO 0,66 0,22% 100,00% 0,00% - -

TOTAL 304,30 DENSIDADE (g/cm3) 2,593

FONTE: Autoria própria.

Page 90: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

90

Tabela 15 - Análise granulométrica média para a magnetita

FONTE: Autoria própria.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

ABERTURA PENEIRAS

MASSA DE MATERIAL RETIDO (g)

PORCENTAGEM DE MATERIAL MASSA

MÁXIMA (g)

MASSA EXTRAPOLADA

(g) RETIDO (%)

RETIDO ACUMULADO

(%)

PASSANTE ACUMULADO

(%) mesh mm

+4 4,760 0,00 0,00% 0,00% 100,00% - -

+6 3,360 0,00 0,00% 0,00% 100,00% 1128,57 0,00

+8 2,380 0,66 0,22% 0,22% 99,78% 797,78 0,00

+9 2,000 2,56 0,83% 1,05% 98,95% 608,76 0,00

+10 1,680 4,72 1,54% 2,59% 97,41% 511,47 0,00

+14 1,410 18,62 6,07% 8,66% 91,34% 429,47 0,00

+20 0,841 36,84 12,01% 20,67% 79,33% 312,86 0,00

+28 0,595 32,53 10,61% 31,28% 68,72% 199,58 0,00

+35 0,420 44,57 14,54% 45,82% 54,18% 141,07 0,00

+48 0,297 25,67 8,37% 54,19% 45,81% 99,65 0,00

+65 0,210 35,39 11,54% 65,74% 34,26% 70,47 0,00

+80 0,180 17,61 5,74% 71,48% 28,52% 54,20 0,00

+100 0,149 14,04 4,58% 76,06% 23,94% 45,73 0,00

+150 0,105 28,15 9,18% 85,24% 14,76% 35,30 0,00

+200 0,074 16,19 5,28% 90,52% 9,48% 24,88 0,00

+270 0,053 9,29 3,03% 93,55% 6,45% 17,65 0,00

+325 0,044 7,10 2,32% 95,86% 4,14% 13,48 0,00

FUNDO 12,69 4,14% 100,00% 0,00% - -

TOTAL 306,59 DENSIDADE (g/cm3) 4,288

Page 91: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

91

Figura 49 - Distribuição granulométrica da areia

FONTE: autoria própria.

Figura 50 - Distribuição granulométrica da magnetita

FONTE: Autoria própria.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0,010 0,100 1,000 10,000

% P

assa

nte

Acu

mu

lad

a

Abertura (mm)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0,010 0,100 1,000 10,000

% P

assa

nte

Acu

mu

lad

a

Abertura (mm)

Page 92: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

92

Tabela 16 - Módulo de finura médio obtido para a areia

MÓDULO DE FINURA

ABERTURA PENEIRAS

MASSA DE MATERIAL RETIDO (g) PORCENTAGEM DE MATERIAL

RETIDO (%) RETIDO

ACUMULADO (%) mesh mm Ensaio 1 Ensaio 2 Média

+4 4,760 0,00 0,00 0,00 0,00% 0,00%

+8 2,380 2,04 1,93 1,99 0,66% 0,66%

+14 1,410 19,81 20,13 19,97 6,61% 7,27%

+28 0,595 82,53 83,59 83,06 27,51% 34,78%

+48 0,297 122,87 123,75 123,31 40,84% 75,62%

+100 0,149 58,23 59,70 58,97 19,53% 95,15%

FUNDO 14,52 14,74 14,63 4,85% 100,00%

TOTAL 300,00 303,84 301,92 MÓDULO DE FINURA 3,13

FONTE: Autoria própria.

Ao analisar a distribuição granulométrica da areia e magnetita fica evidente a diferença. Logo,

o procedimento de adequação da granulometria da magnetita a da areia é muito importante para

garantir que somente o tipo de agregado miúdo será modificado, mantendo-se todos os outros

parâmetros constantes.

A tabela 17 apresenta nas situações inicial e corrigida os consumos de cimento, água, agregado

graúdo e miúdo, e os valores para o traço. Analisando esta tabela é possível concluir que houve

adição de cimento e água durante a modelagem dos corpos de prova devido à necessidade de

adequação do abatimento de tronco de cone. Com a nova relação água/cimento obtida o valor

da resistência do concreto aos 28 dias ficou próximo a 13 MPa.

Tabela 17 - Valores do traço e do consumo de componentes para uma situação inicial e outra corrigida

CONSUMO INICIAL CORRIGIDO

Cimento 333,33 (kg/m³) 352,62 (kg/m³)

Agregado Graúdo 757,5 (kg/m³) 757,6 (kg/m³)

Agregado Miúdo 1025,43 (kg/m³) 1025,6 (kg/m³)

Água 225 (l/m³) 289,3 (l/m³)

Traço 1 : 3,1 : 2,3 : 0,675 1 : 2,9 : 2,1 : 0,82

FONTE: autoria própria.

Page 93: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

93

Durante a modelagem dos corpos de prova uma nomenclatura foi definida para facilitar o

manuseio e armazenagem nos tambores com água para o processo de cura (tabela 18).

Tabela 18 - Descrição da nomenclatura atribuída aos corpos de prova

NOMENCLATURA DESCRIÇÃO

A07 Concreto normal, com cura de 7 dias

B07 Concreto com 5% de magnetita em substituição da areia, com cura de 7 dias

C07 Concreto com 10% de magnetita em substituição da areia, com cura de 7 dias

A14 Concreto normal, com cura de 14 dias

B14 Concreto com 5% de magnetita em substituição da areia, com cura de 14 dias

C14 Concreto com 10% de magnetita em substituição da areia, com cura de 14 dias

A21 Concreto normal, com cura de 21 dias

B21 Concreto com 5% de magnetita em substituição da areia, com cura de 21 dias

C21 Concreto com 10% de magnetita em substituição da areia, com cura de 21 dias

FONTE: Autoria própria.

Os resultados dos ensaio de compressão dos corpos de prova estão na tabela 19, e os gráficos

apresentados nas figuras seguintes tentam simplificar a análise dos mesmos.

Tabela 19 - Resistência a compressão dos corpos de prova

CORPO DE PROVA

RESISTÊNCIA (MPa)

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Média

A07 7,5 7,5 8,1 7,7

A14 7,5 11,3 10,0 9,6

A21 13,1 9,4 8,8 10,4

B07 9,4 9,4 7,5 8,8

B14 9,4 9,4 9,4 9,4

B21 9,4 11,3 11,3 10,6

C07 11,3 7,5 8,8 9,2

C14 8,1 10,0 11,3 9,8

C21 10,0 11,9 9,4 10,4

FONTE: Autoria própria.

Page 94: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

94

Figura 51 - Gráfico representando a média aritmética dos resultados de resistência à compressão dos corpos de

prova

FONTE: Autoria própria.

Figura 52 - Gráfico representando os resultados maiores para a resistência à compressão dos corpos de prova

FONTE: Autoria própria.

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

10,5

11,0

7 14 21

Res

istê

nci

a (M

Pa)

Dias de Cura

Resistência dos Corpos de Prova - Média Aritmética

0% de magnetita

5% de magnetita

10% de magnetita

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

13,0

13,5

7 14 21

Res

istê

nci

a (M

Pa)

Dias de Cura

Resistência dos Corpos de Prova - Resultados Maiores

0% de magnetita

5% de magnetita

10% de magnetita

Page 95: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

95

Figura 53 - Gráfico representado a discrepância entre os resultados de resistência à compressão obtidos para os

corpos de prova A (0% de magnetita)

FONTE: Autoria própria.

Figura 54 - Gráfico representado a discrepância entre os resultados de resistência à compressão obtidos para os

corpos de prova B (5% de magnetita)

FONTE: Autoria própria.

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

13,0

13,5

7 14 21

Res

istê

nci

a (M

Pa)

Dias de Cura

Discrepância de Resultados dos Corpos A

Resultados Maiores

Resultados Menores

Resultados Médios

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

10,5

11,0

11,5

7 14 21

Res

istê

nci

a (M

Pa)

Dias de Cura

Discrepância de Resultados dos Corpos B

Resultados Maiores

Resultados Menores

Resultados Médios

Page 96: Trabalho de conclusão de curso - Versão final

96

Figura 55 - Gráfico representado a discrepância entre os resultados de resistência à compressão obtidos para os

corpos de prova C (10% de magnetita)

FONTE: Autoria própria.

Os gráficos das figuras 51 e 52 permitem inferir dos resultados que a resistência dos corpos de

prova, sejam eles com ou sem substituição da areia por magnetita, aumenta com a idade de

cura. Se utilizarmos o gráfico apresentado na figura 7 podemos concluir que a resistência aos

7, 14 e 21 dias deve ser, respectivamente, valores próximos a 70, 87 e 96% da resistência de 13

MPa. Neste trabalho não foi possível a elaboração e ruptura de corpos de prova com 28 dias de

cura devido a data do ensaio de ruptura acontecer após defesa do mesmo.

Quando analisamos os valores da resistência à compressão para os corpos de prova nas idades

de 7, 14 e 21 dias percebemos uma discrepância do requerido. No entanto, valores próximos

foram obtidos. Este fato pode ter ocorrido devido a erros inerentes ao processo de modelagem,

cura e ruptura dos corpos de prova.

Durante a secagem dos corpos de prova de concreto, o que possibilitaria desenformá-los no dia

seguinte, ocorreu um fato importante. O fenômeno de exsudação aconteceu com o concreto,

causando irregularidades na superfície do corpo de prova, o que impossibilitava que este ficasse

plano.

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

7 14 21

Res

istê

nci

a (M

Pa)

Dias de Cura

Discrepância de Resultados dos Corpos C

Resultados Maiores

Resultados Menores

Resultados Médios

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Atualmente, existem algumas técnicas para sanar este problema que acontece com corpos de

prova de concreto elaborados para ensaio de compressão. A mais simples e prática consiste em

cerrar alguns milímetros da superfície. Para a execução de tal procedimento existem

equipamentos específicos e adequados. Devido à indisponibilidade destes o corte foi realizado

em uma serra de blocos, melhorando a forma inicial. No entanto, devido a algumas limitações

do mesmo, a superfície não ficou perfeitamente plana, possuindo ainda pequena inclinação.

Este pode ser um dos motivos pelo qual a resistência projetada não foi atingida.

Analisando o gráfico da figura 52 fica evidente que a substituição de areia por magnetita traz

ganhos de resistência somente nos primeiros dias de cura. No entanto, os valores deste gráfico

correspondem somente aos maiores resultados encontrados na ruptura dos três corpos de prova

correspondentes a cada ensaio. Já o gráfico da figura 51 representa a média aritmética dos

resultados, e permite chegar a uma conclusão contrária a que o gráfico da figura 52 possibilitou.

As figuras 53, 54 e 55 representam gráficos da discrepância entre os resultados dos ensaios.

Quando utilizamos estes para tentar explicar os anteriores, inferimos que há uma discrepância

grande nos resultados obtidos com os três corpos de prova. Logo, a elaboração de uma

quantidade maior de corpos por ensaio é necessário para tentar minimizar esta discrepância e

obter resultados mais confiáveis.

Ainda tentando analisar os resultados, nota-se que os valores de resistência dos corpos de prova

apresentados no gráfico da figura 51 estão bem definidos e separados para 7 dias de cura. Estes

começam a embaralhar-se com 14 e 21 dias de cura. Aos 14 dias as curvas correspondentes aos

corpos A e B se cruzam, fato que talvez pode ser explicado com os gráficos da figura 53 e 54,

onde a discrepância para os corpos A com 14 dias de cura é a maior, e para os corpos B não

existe. Com 21 dias de cura todas as curvas se misturam e estão praticamente juntas. Analisando

as figura 53, 54 e 55 nota-se que neste período de cura acontece uma grande discrepância para

todos os corpos de prova.

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7. CONCLUSÕES

Quando analisamos de forma geral os ensaios deste trabalho percebemos que os resultados

foram satisfatórios e o objetivo inicial foi atingido, mesmo que pequenos erros inerentes ao

processo de modelagem, cura e ruptura dos corpos de prova possam ter ocorrido.

Portanto, ficou comprovado que a substituição do agregado miúdo por magnetita na

composição do concreto aumenta a resistência do mesmo. No entanto, somente três corpos de

prova de cada composição foram elaborados devido a pequena quantidade de formas

disponíveis e o curto período de tempo até a defesa do trabalho. Logo, para a obtenção de dados

mais confiáveis é recomendável a elaboração de uma quantidade maior de corpos de prova.

Neste trabalho foram moldados corpos de prova somente com 5 e 10% de substituição do

agregado miúdo por magnetita. Acredita-se que a resistência do concreto aumentará com o

incremento na substituição de areia por magnetita até um ponto ótimo, a partir do qual um

aumento na proporção acarretará uma perda de resistência. Para comprovar a veracidade desta

afirmação é necessário a modelagem de corpos de prova com diferentes porcentagens de

magnetita em substituição do agregado miúdo até atingir 100%.

Com os resultados deste trabalho foi possível ter uma noção bem simplificada de que a

substituição de areia por magnetita na composição do concreto causa um aumento da

resistência. Mesmo assim, vários testes ainda são necessários e um estudo de mercado

fundamental para verificar a viabilidade econômica desta proposta.

Os métodos de aglomeração também consistem em formas interessantes de aproveitamento dos

finos de magnetita gerados no processamento de rocha fosfática. A aglomeração de magnetita

não foi realizada neste trabalho devido à falta de equipamentos adequados ao processo,

consistindo em uma alternativa futura para encontrar métodos de aproveitamento viáveis para

estes finos.

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