trabalho de conclusão de curso paula soares da costa

66
1 UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS PAULA SOARES DA COSTA ANÁLISE SEMIÓTICA DE FOTOGRAFIAS DE PRÉDIOS ESCOLARES: O MEDO E O MURO

Upload: paula-soares-da-costa

Post on 05-Aug-2015

34 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

ANÁLISE SEMIÓTICA DE FOTOGRAFIAS DE PRÉDIOS ESCOLARES: O MEDO E O MURODa Universidade De Sorocaba ( UNISO )PAULA SOARES DA COSTA

TRANSCRIPT

Page 1: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

1

UNIVERSIDADE DE SOROCABA

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA

CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS

PAULA SOARES DA COSTA

ANÁLISE SEMIÓTICA DE FOTOGRAFIAS DE PRÉDIOS

ESCOLARES: O MEDO E O MURO

Sorocaba/SP

Page 2: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

2

2012

Page 3: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

3

PAULA SOARES DA COSTA

ANÁLISE SEMIÓTICA DE FOTOGRAFIAS DE PRÉDIOS

ESCOLARES: O MEDO E O MURO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como exigência parcial para

obtenção do Diploma de Graduação em

Letras Português e Inglês, da

Universidade de Sorocaba.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando

Gomes

SOROCABA/SP2012

Page 4: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

4

PAULA SOARES DA COSTA

ANÁLISE SEMIÓTICA DE FOTOGRAFIAS DE PRÉDIOS

ESCOLARES: O MEDO E O MURO

Trabalho de Conclusão de Curso

aprovado como requisito parcial para a

obtenção do Diploma de Graduação em

Letras Português e Inglês, da

Universidade de Sorocaba.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

Ass.

_______________________________

Pres.:

Ass.

_______________________________

1º.exam.:

Ass.

_______________________________

2º.exam.:

Page 5: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

5

Dedico este trabalho à minha mãe Ana Maria e meu pai José Rubens, os quais amo muito, pelo exemplo de vida e família, pelo incentivo e por acreditarem em mim no momento em que mais precisei.Dedico também a todos os meus professores, colegas que me incentivaram e ajudaram em minha formação.

Page 6: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

6

AGRADECIMENTO

Agradeço muito a Deus, por me dar forças no momento em que achava que

tudo estava perdido, por trazer paz em meu coração nos momentos de tensão, por

ter me ajudado de todas as formas possíveis.

Agradeço muito a minha querida mãe Ana e meu querido pai José Rubens,

pela força, por acreditarem em sua filha e ter proporcionado e incentivado a minha

formação, que me serviu como base nessa nova etapa de minha vida.

Ao meu orientador e motivador Luiz Fernando Gomes, que me abriu os

olhos para enxergar que na vida não temos respostas prontas e sim muitas

perguntas para fazer, e me fez sentir muita vontade de pesquisar e argumentar

sobre as coisas.

Para meus amigos, que me ajudaram mesmo quando não estava disposta a

estudar, e sempre ensaiavam comigo o que iria dizer e me deixavam mais calma.

Ao meu namorado Lucas, pela força e por aturar meu nervosismo todos os

dias e mesmo assim continuar me incentivado e questionando as perguntas do

meu trabalho, por sair pesquisar comigo, por apoiar as minhas escolhas e aceitar

meu jeito de ser.

Aos colegas de sala e especialmente as meninas que me animaram nos

momentos desanimadores Daiane, Luciana, Vanessa e Lígia que sentiram o

mesmo que senti nessa etapa, fico muito feliz por ter tido a oportunidade de

compartilhar tudo com todos.Valeu muito a pena, sentirei muitas saudades.

Page 7: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

7

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Agradeço muito aos meus professores que me auxiliaram e contribuíram de

uma forma especial em minha formação, muito obrigada.

Ao Luiz Fernando Gomes que sempre me incentivou foi um querido

professor, me auxiliou na escolha do tema sempre me dizendo para escolher algo

que estivesse perto de mim, já que a fruta nunca caí longe do pé, muito obrigada

pela orientação, motivação e por ser esse grande professor.

Ao Roberto Samuel Sanches que além de um grande professor, foi um

grande conselheiro, sempre foi uma pessoa maravilhosa e sempre buscou nos

ajudar em nossas dúvidas, muito obrigada pelo incentivo aos teatros, pois se não

fossem eles não teria perdido minha timidez.

À Daniela Ap.Vendramini Zanella muito obrigada por ser uma querida

professora, muito atenciosa, amiga, e essa pessoa maravilhosa que é.

Ao querido e engraçado Paulo Edson Alves Filho, valeu muito ter te

conhecido, com ele eu aprendi que vale muito a pena ser professor, e podemos

lecionar de uma forma lúdica e engraçada sem perder nossa autoridade, brilhante

professor, muito obrigada por tudo.

E a todos professores que também contribuíram a minha formação: Maria

Angélica Lauretti Carneiro, Roberto Abdelnur Camargo e Ana Maria Gonzalez que

nos ensinaram matérias complicadas e mesmo assim conseguiram passa-las de

uma forma muito especial.

Page 8: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

8

EPÍGRAFE

As únicas respostas interessantes são aquelas que destroem as perguntas. (Susan Sontag)

Page 9: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

9

RESUMO

Este trabalho procura fazer uma análise das fotografias das fachadas das

escolas em bairros opostos na cidade de Sorocaba. Nesta pesquisa discutem-se

conceitos  sobre o medo e o preconceito em relação á fachada das escolas. São

também utilizadas Análise de Imagem e Semiótica Perciana. Pelas  análise das

fotografias foi possível notar que o medo interfere nas fachadas das escolas,

comparadas à escolas antigas que não modificaram suas fachadas. Muitas escolas

procuram se fechar cada vez mais, interferindo na nossa visão do que há dentro da

escola,foi possível perceber de acordo com as análises que um muro normalmente

mais alto, gera uma segurança as pessoas que lá dentro ficam.

Palavras-chave: Escola. Semiótica. Análise de imagem. Fotografia. Medo.

Page 10: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

10

ABSTRACT

This present paper aims at analyzing the photographs taken from the

facades of school in opposite sides of Sorocaba city. In this research some

concepts will be discussed regarding the fear and prejudice in relation to the

facades of such school. Peircean Semiotics and Image Analysis will hereby be

used. Through the analysis of photographs it was possible to notice that fear

interferes when it comes to the facades of these schools compared to the old

schools which facades were not modified. Many Schools seek to become more

closed, affecting our vision of what there is within the school. It was noticeable,

according to the analysis, that a commonly higher wall will generate a sense of

safety among the people inside the facility.

Keywords: School. Semiotics. Image Analysis. Photograph .Fear.

Page 11: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

11

SUMÁRIO

Page 12: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

12

INTRODUÇÃO.......................................................................................111. Referencial teórico...........................................................................131.1 Semiótica............................................................................................................13

1.1.1 Signo e significações.....................................................................................14

1.2 Imagem...............................................................................................................18

1.2.1 Análise de imagem.........................................................................................20

2. Fotografia.............................................................................................................21

3. Medo.....................................................................................................................25

4. A Cidade de Sorocaba.........................................................................................28

4.1 Bairros................................................................................................................28

4.2 Primeiro grupo escolar......................................................................................31

5. Metodologia de Pesquisa.................................................................326. Análise de fotografias das escolas.................................................346.1. Escola Visconde de Porto Seguro..................................................................34

6.2. Escola Antonio Miguel Pereira Junior............................................................36

6.3 Escola Professor Ezequiel Machado Nascimento..........................................38

6.4 Escola Objetivo Portal.......................................................................................40

6.5 Escola José Roque Almeida Rosa...................................................................41

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................43Referências Bibliográficas......................................................................45

Page 13: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

13

INTRODUÇÃO

A pesquisa é feita nas escolas estaduais, municipais e particulares nos

diferentes bairros de Sorocaba dos quais passamos de vez em quando, ou muitas

vezes e não percebemos o verdadeiro motivo de alguns elementos, como os muros,

por exemplo, que cercam essas escolas.

As escolas são vistas pelas pessoas que passam nas ruas, e essa visão traz

consigo uma opinião sobre a escola e o que se passa dentro dela talvez medos,

inseguranças? Como muitas vezes “julgamos um livro pela capa”, com as escolas

acontecem o mesmo, julgamos a escola por sua fachada, e ainda temos

sentimentos sobre ela apenas ao olharmos sua fachada.

Diante de inúmeros tipos de imagens, fotografias a minha pesquisa foca nas

fotografias das fachadas nas escolas e a opinião das pessoas em relação a isso. A

escola foi escolhida por ser algo presente no cotidiano da maioria das pessoas, em

nossa formação, e muitas vezes passamos mais nossos dias na escola do que em

nossa casa, e com a correria do dia a dia não percebemos ou não observamos a

diferença das fachadas nas escolas hoje em dia e antigamente, digo antigamente,

mas de fato “antigamente” é nada mais que alguns anos apenas. A fotografia por ser

uma memória “forçada” que temos a oportunidade de registrar e ao passar dos anos,

muitas vezes percebemos diferenças.

Meu objetivo é estudar o os sentimentos que temos sobre as escolas ao

observar suas fachadas, visando opiniões de pessoas diferentes, jovens e pessoas

mais velhas que tiveram a oportunidade de conhecer e estudar em uma escola onde

as fachadas são totalmente opostas com as de hoje.

Quando vemos uma escola pichada, temos receio de conhecê-la sem saber

se de fato ela é uma boa escola, mas por esse julgamento de fachada, não vemos o

que tem dentro da escola, sua estrutura, quando vemos uma fotografia da fachada

da escola, não conseguimos ver o que tem por traz dos muros. Esse trabalho tem

por objetivo analisar as fotografias de fachadas de escolas de diferentes bairros de

Sorocaba procurando identificar indícios do medo e outros sentimentos, tais como

insegurança, conservação, etc.

Page 14: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

14

É muito comum olharmos uma fotografia de uma escola conservada, bonita, e

acharmos que ela pode ser melhor do que a outra que está pichada, quebrada, mas

o difícil é reparar na “importância” dos muros que ambas possuem, seja particular,

estadual e até municipal, o fato é que a escola como o passar dos anos aderiu aos

muros. Mas por que será que ela aderiu aos muros? Bauman em seu livro medo

liquido ressalta que “o medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva”, e

todos nós sentimos medo antes de algo ruim nos acontecer, vivemos sempre

esperando alguma coisa ruim, sem de fato ter acontecido, nos prevenimos desses

acontecimentos, com muros, segurança etc.

Mas as pessoas se fecham em suas casas por medo? E nas escolas é por

esse motivo também? Como a sociedade encara esses muros tão modificados?

Onde surgiu a ideia de que erguendo os muros, cercando as nossas escolas

estaremos protegidos? Será que as pessoas percebem que estão “sofrendo” ou

“sentindo” do medo?

Page 15: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

15

1. Referencial teórico

Neste capitulo estudarei Semiótica Peirceana, signos semióticos e suas

classificações, a imagem como um signo semiótico, e nos próximos capítulos ainda

veremos fotografia, medo, análise de imagem e história sobre as escolas de

Sorocaba.

1.1 Semiótica

O nome Semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo, portanto

semiótica é a ciência dos signos.

A língua escrita ou falada não é a única forma de linguagem que o homem

produz, ele pode produzir imagem, gráficos, setas, gestos e sons musicais entre

vários que podem ser utilizados na linguagem, como por exemplo, quando nos

comunicamos no trânsito, com placas e setas não usamos a linguagem verbal, a

semiótica estuda todas as linguagens escrita, falada, por símbolos, enfim todas

procurando significações, como cita Santaella (1996, p.13).

As linguagens estão no mundo e nós estamos na linguagem, A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido.

Como vimos à semiótica visa investigar significações de todas as linguagens

gerando produção de sentido. Temos a linguística ciência da linguagem verbal, mas

a semiótica vai além da verbal e não verbal.

Page 16: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

16

1.1.1 Signo e significações

Um signo é uma coisa que, além da espécie ingerida pelos sentidos, faz vir ao

pensamento, por si mesma, qualquer outra coisa (Santo Agostinho).

A semiótica estuda os signos e suas classificações e significantes, de acordo

com SANTAELLA (1996, p.29).

A Semiótica ou Lógica, por outro lado, tem por função classificar e descrever todos os tipos de signos logicamente possíveis. Isso parece dotá-la de um caráter ascendente sobre todas as ciências especiais, dado que essas ciências são linguagens.Não era assim, contudo, que Peirce a concebia. Para ele, as ciências têm de ser deixadas a cargo de seus praticantes, o que o conduz, como lógico, apenas à elucidação dos métodos e tipos de pensamento utilizados pelas diversas ciências.

Santaella afirma “que o signo para Peirce é como uma coisa que substitui

outra coisa, o signo para o intérprete não é o objeto, ele apenas está no lugar do

objeto, o efeito provocado pela capacidade representativa do objeto é receptor que a

interpreta”. Uso o exemplo de Santaealla a tríade de Peirce.

Figura 1: Tríade de Peirce

E segundo Charles Peirce (2003.p.46)

Um signo, ou representamen, é aquilo que, sob certo aspecto ou modo representa algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria, na mente dessa pessoa, um signo equivalente, ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado denomino interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, seu objeto. Representa esse objeto não em todos os aspectos, mas com referência a um tipo de idéia que eu, por vezes, denominei fundamento do representâmen.

Podemos concluir então que o signo de fato não representa o objeto em si ele

apenas tenta representar, ele proporciona ao individuo ideias e essas ideias geradas

Page 17: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

17

cria em nossa mente o entendimento, como em fotografia de escolas a fachada não

representa de fato a escola, não podemos saber se uma escola é boa ou não

olhando pela fachada.

Para afirmar utilizo as palavras de Elizabeth Walther (2000 p.26)

“Na arquitetura, a fachada de um prédio, que representa efetivamente uma unidade fechada e como tal pode ser julgada ou afirmada, é um dicente”. O dicente é uma proposição, trata-se de um signo que provoca e desperta uma reação crítica no intérprete. Por fim, pode-se dizer que é a interpretação particular do leitor de um signo, seja ela negativa, seja positiva.

Signo é uma coisa que representa outra coisa: seu objeto. Ele só pode

funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra

coisa diferente dele. Ora, o signo não é o objeto. Ele apenas está no lugar do objeto.

Portanto, ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa

capacidade de acordo com o exemplo de Santaella (1996,p.12).

A palavra casa, a pintura de uma casa, o desenho de uma casa, a fotografia de uma casa, o esboço de uma casa, um filme de uma casa, a planta baixa de uma casa, a maquete de uma casa, ou mesmo o seu olhar para uma casa, são todos signos do objeto casa. Não são a própria casa, nem a ideia geral que temos de casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de um certo modo que depende da natureza do próprio signo. A natureza de uma fotografia não é a mesma de uma planta baixa.

Conclui-se que a palavra casa não é a casa de fato, mas sim uma criação em

nossos pensamentos do que vem a ser a casa, isso pode ser chamado de signo,

pois não é a casa em seu espaço físico e sim o nosso entendimento sobre ela.

Como uma escola que não pode ser julgada pela fotografia de sua fachada, ela é

muito mais que o que a cerca.

Utilizo o exemplo dado por Santaella (1996, p.58).

Ora, o signo só pode representar seu objeto para um intérprete, e porque representa seu objeto, produz na mente desse intérprete alguma outra coisa (um signo ou quase-signo) que também está relacionada ao objeto não diretamente, mas pela mediação do signo.

Podemos ter como exemplo as fachadas das escolas um representamento de

medo onde vemos muros altos, pessoas parecendo se esconder, e é uma ideia da

Page 18: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

18

nossa cabeça, que pode não ser isso de fato, mas criamos um resultado ao

olharmos uma foto assim.

Para finalizar fecho com uma explicação de Santaella definindo a

representação do signo em nossa mente. (1996, p.59)

Cumpre reter da definição a noção de interpretante. Não se refere ao intérprete do signo, mas a um processo relacionai que se cria na mente do intérprete. A partir da relação de representação que o signo mantém com seu objeto, produz-se na mente interpretadora um outro signo que traduz o significado do primeiro (é o interpretante do primeiro). Portanto, o significado de um signo é outro signo — seja este uma imagem mental ou palpável, uma ação ou mera reação gestual, uma palavra ou um mero sentimento de alegria, raiva... uma ideia, ou seja lá o que for.

Peirce estabelece três tricotomias do signo. A primeira tricotomia envolve a

natureza material do signo, se dá em relação ao signo consigo mesmo por uma

qualidade, uma singularidade ou uma lei geral. A segunda tricotomia diz respeito à

relação do signo com seu objeto. Desta forma, um signo pode ser um ícone, um

índice ou um símbolo. A terceira tricotomia relaciona o signo ao seu interpretante.

Peirce denominou a possível existência de 10 tricotomias e 66 classes de

signos Neste trabalho, utilizarei a segunda tricotomia, a relação do signo com o

objeto. Na segunda tricotomia Peirce considera que o signo poder ser divido em três

Ícones, Índices ou símbolos.

Um ícone é um signo que se refere ao objeto que denota apenas em virtude

de seus caracteres próprios, caracteres que ele igualmente possui quer o objeto

exista ou não (PEIRCE: 2003, p.52). Como por exemplo: pintura e a fotografia, a

fotografia de uma pessoa pode ser considerada ícone por ser retratar a pessoa em

miniatura, uma fotografia de uma casa também, ou de um animal como o tigre que

pode ser um animal selvagem, perigoso ou somente uma fotografia tirada.

Um índice é um signo que se refere ao objeto que denota em virtude de ser

realmente afetado por esse objeto (PEIRCE: 2003, p.52). Como por exemplo, uma

poça de água no meio da rua é um signo que indica que choveu, alguém chorando é

o índice de que aquela pessoa está triste ou feliz. Os Índices trazem significados

geralmente indiretos e de interpretação subjetiva, depende muito da pessoa que os

interpreta.

Um símbolo é um signo que se refere ao objeto denota em virtude uma lei,

normalmente uma associação de ideias gerais que opera no sentido de fazer como o

Page 19: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

19

símbolo seja interpretado como se referido aquele objeto. (PEIRCE:2003, p.53).

Como por exemplo, a cor preta simboliza luto, os dedos em forma e “v” simboliza

paz e amor, ou uma imagem de uma caveira em uma porta que simboliza alta

tensão mas pode ser índice também de perigo.

Neste capitulo percebemos o que é semiótica e quão vasta ela é, é o

entendimento do objeto depende muito do interpretante, no próximo capitulo

apresentarei análise de imagem, primeiramente esclarecendo o que é imagem e

como é feita a análise dela, quais conceitos é preciso usar para analisar uma

imagem.

Page 20: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

20

1.2 Imagem

Primeiramente o significado de imagem, (do latim: imago) significa a

representação visual de um objeto podendo ser uma fotografia, pintura, desenho

entre outras, mas Joly diz que é difícil dar significado, por ela ser tão ampla, mas

mesmo sendo assim tão ampla conseguimos entender seu significado quando

falado. Mas não irei me aprofundar nesses termos, neste trabalho ficarei com a

imagem na área de fotografia.

Segundo Joly (1996) imagem é tudo aquilo que se assemelha a alguma coisa,

a imagem nos permite uma leitura rápida do contexto carregado por ela, quando

lemos um texto verbal, nossa interpretação do mesmo é mais lenta do que quando

vemos uma imagem, por esse motivo tendemos a nos atrair pelas imagens.

De acordo com North; e Santaella (2010, p.36)

O conceito de imagem se divide num campo semântico, determinado por dois polos opostos. Um descreve a imagem perceptível ou até mesmo existente. O Outro contém a imagem mental simples, que, na ausência de estímulos visuais, pode ser evocada.

De acordo com Santaella e Noth (2010) Em fotografias, não existe o ideal de

equivalência um por um entre o signo e o mundo, logo assim elas podem mentir.

Acreditar em uma imagem pode ser uma tarefa difícil, pois qualquer pessoa

pode retratar produzir uma imagem por meio de câmeras fotográficas, pinturas e

desenhos, sem de fato ser real, não sabemos se esta foi manipulada em programas

específicos de imagens, então se conclui que uma imagem não é o objeto, ela é

somente uma representação do objeto. E quando nos apresentadas tendemos a

acreditar-nos que foi dito sobre essa imagem, ou como, por exemplo, uma paisagem

super bonita e logo abaixo dela tem uma legenda do lugar em que foi retratada, nós

lemos essa legenda e se alguém perguntar que lugar é esse nós respondemos o

que lemos em sua legenda sem saber se de fato é o lugar escrito na legenda.

Page 21: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

21

Nesta imagem vemos uma cachoeira é muito difícil identificarmos o lugar sem

a legenda, a não ser que já tenhamos ido a esse lugar, mas mesmo assim tendemos

a confundir as paisagens, essas fotografias precisam de legenda, provando o oposto

do ditado popular que uma imagem vale mais que mil palavras, uma fotografia como

essa se torna vaga sem as palavras. Mas pode não ser verdadeira essa legenda,

essa fotografia pode ser de outro lugar mas olhando para ela, e vendo o que nos foi

dito tendemos a acreditar.

Como diz Joly (1996, p.117) “Uma imagem é, com efeito, considerada

verdadeira ou falsa não por causa daquilo que representa, mas por causa daquilo

que nos é dito ou escrito acerca do que ela representa”

Santaella e North (2010) afirmam que em fotografias, não existe o ideal de

equivalência um por um entre o signo e o mundo, logo assim elas podem mentir.

Santaella e North (2010), dizem que a imagem pode ilustrar um texto verbal

ou o texto pode esclarecer a imagem na forma de comentário. Como quando vemos

a fotografia de um artista, se não houver legenda nos falando de quem é pessoa e

se não conhecermos o artista não saberemos de quem se trata, ou de uma

paisagem, a legenda visa complementar.

Entende-se então que independente de o comentário ser real ou não ele é

feito.

Figura 2: Cachoeira do Chá Tapiraí/ SP

Page 22: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

22

1.2.1 Análise de imagem

A análise de imagem como o próprio nome diz, tem a função de analisar

imagens, esta analise tem por objetivo interpretar e desconstruir as imagens.

A Análise de imagem é feita a todo o momento em nossas vidas na televisão,

em uma fotografia ou em um outdoor.

Segundo Joly (1996, p.23) “Uma imagem permite uma leitura em menos

tempo do que o requerido pelo texto escrito, tornando-a atraente aos potenciais

leitores, charges na internet abusam dessa técnica, utilizando imagens no lugar de

texto, agradando mais o leitor”.

Na linguagem verbal é preciso de texto, palavras, e na linguagem não verbal

não é preciso à imagem cria linguagem.

A confusão é frequentemente feita entre interpretação e percepção

interpretação. De fato, reconhecer este ou aquele motivo nem por isso significa que

se esteja compreendo a mensagem da imagem na qual o motivo pode ter

significação particular. A analise de imagem é feita de forma “natural”, precisamos

observar as intenções do autor com aquela imagem, definir o objetivo de estarmos

analisando, determinar nossa metodologia.

Page 23: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

23

2. Fotografia

Para começar a definição de fotografia é essencialmente a técnica de criação

de imagens por meio de exposição luminosa, fixando-as em uma superfície sensível,

a invenção da fotografia não é obra de um só autor, mas um processo de acúmulo

de avanços por parte de muitas pessoas, trabalhando, juntas ou em paralelo, ao

longo de muitos anos.

Sontag (2004) “Diz que as fotos ampliam e modificam nossa visão sobre o

que vale a pena olhar e sobre o que temos direitos de observar,” como, por exemplo,

um passeio ao zoológico, quando vemos as fotografias que as pessoas tiraram,

vemos o olhar dela sobre o que foi fotografado, não foi registrado tudo como, por

exemplo, uma lixeira etc, as pessoas registram aquilo que elas quiseram sendo

assim quando vemos tais fotografias, nossa visão é sobre o que nos foi direcionado.

Ou em um show como nesse próximo exemplo, podemos retratar apenas um dos

integrantes de uma banda dando a leve impressão de o show ser apenas de uma

pessoa e não um grupo.

Nessa imagem vimos duas pessoas, o que nos foi mostrado, acreditaríamos

que são os dois apenas em uma banda, mas nessa outra imagem abaixo vemos o

grupo por inteiro, mas não podemos afirmar se tem mais pessoas ou não, pode ser

que num esteja ali no momento e seja do grupo, é impossível retratar o que foi

presenciado no dia do evento em uma imagem, lá tinha musica, pessoas, gritos, e

na imagem não vimos nada disso. A fotografia mente.

Figura 3: Anjos de Resgate – Votorantim/SP

Page 24: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

24

Como vimos às fotografias mentem, Barthes (1997) diz que quando

fotografamos uma pessoa viva ela morre, pois o momento já passou, mas quando é

retratada uma pessoa morta ela vive, pois lembramos dela de tal maneira que a

fotografia nunca é igual em momento algum pois sempre que fotografada o

momento já não existe mais, sendo impossível a fotografia ser real, ela é um retrato

sobre o que o fotografo capturou do objeto e não o que objeto é de fato.Para

exemplificar uso a palavra de Barthes (1981, p.134).

Ao congelar pessoas, coisas ou situações em instantâneos, a fotografia funciona como um repetido testemunho de que aquele instante já passou, não mais existe, desaparecer para sempre, morreu.

As pessoas pensam que tirando fotografias de um aniversario, por exemplo,

irão parar aquele momento, querem eternizar o momento para sempre, se

preocupam muito em retratar para um tempo depois olhar as fotografias, mas essa

fotografia não é real, o momento já passou e não tem como retratar esse momento.

Conseguimos interpretar uma fotografia dessas sem ao menos saber a definição de

semiótica, pois quando vemos uma pessoa na frente de um bolo ela se torna um

índice, de que alguém está fazendo aniversário, o bolo também é um símbolo disso,

de aniversário etc e é um ícone, pois fotografamos e deixamos essa pessoa irreal

pequena, a pessoa num é daquele tamanho retratado, ela é uma miniatura dela

mesma.

Como essa próxima imagem, por exemplo, sem legenda sabemos que é um

bolo e que tem velas, a vela é índice de que alguém irá completar anos, o bolo

também é símbolo, pois em aniversários utilizamos bolo para cantar parabéns, é um

ícone também, pois o bolo num é desse tamanho.

Figura 4: Anjos de Resgate - Votorantim/SP

Page 25: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

25

Sontag (2004) ressalta que a fotografia fecha nossa visão para o que

devemos olhar e isso ocorre quando o fotografo registra algo, ele registrar o que lhe

interessa, sua visão de determinado assunto, fechando o nosso leque de

observações em cima das dele, a fotografia dá a entender que conhecemos o

mundo se aceitarmos tal como a câmera o registra, pequeno muitas vezes, como no

exemplo anterior de uma pessoa em uma fotografia ela não é daquele tamanho, mas

tem como aumentar também a pessoa como é nos outdoors, tudo isso prova que a

fotografia num é real ela pode ser grande, pequena ,nunca será o objeto “a pessoa”

é de fato, ela tenta apenas representar a pessoa.

Como essa próxima foto, a pessoa num é desse tamanho, e esse lugar

também num tem apenas essa parte é amplo demais para caber em uma fotografia.

Figura 5: Sem referências

Figura 6: Represa de Itupararanga

Page 26: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

26

Nesta pesquisa analisarei imagens fotográficas das escolas, fachadas, muros,

as delimitações que a fotografia traz para nossa interpretação como, por exemplo,

quando passamos de carro pela escola o que vemos é o que está na imagem

retratada, e quando passamos pela calçada, vemos um pouco mais além dos muros,

é possível ver algo a mais que não observamos na imagem, e na imagem é possível

ver algo que não vimos quando passamos na frente, apesar de toda a delimitação

da fotografia esta pesquisa tem por objetivo buscar interpretações de algumas

pessoas sobre o que foi observado na imagem.

No próximo capítulo irei falar sobre o que é medo, porque ele se tornou tão

“cotidiano”.

Page 27: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

27

3. Medo

De acordo com Zygmunt Bauman, (2008) “o medo é um sentimento

conhecido de toda criatura viva”, todos nós, nos incluímos nesse medo que existe

nos dias de hoje, medo de crescer profissionalmente, perder emprego, medo da

perda, medo de nada dar certo, medo de que algo nos machuque. “Medo é o nome

que damos a nossa incerteza: ignorância da ameaça e do que deve ser feito do que

pode e do que não pode”. O medo nos faz viver esperando que alguma coisa

aconteça por esse motivo vivemos nos protegendo do perigo, vivemos esperando

ser derrotados para ter oportunidades de usar nossas proteções que adquirimos

contra o mal, por medo fazemos julgamentos errados, deixamos de fazer muitas

coisas.

Pessoas excluem outras pessoas para não serem excluídas, a mídia ajuda a

divulgar essa exclusão para garantirmos nossos lugares, são os casos dos reality

show, que um tem que passar por cima do outro para sobreviver, ganhar, mostra o

medo da exclusão, deixando então de fazer muitas coisas pelo medo de perder, de

ser excluído, é como na vida quando deixamos oportunidades pelo medo de perder,

uso o exemplo de Bauman (2008.p.30)

Quando confrontados por uma imagem fotograficamente \ eletronicamente obtida, nada parece erguer-se entre nós e a realidade; nada que possa capturar ou distrair nosso olhar. ’Ver para crer’’ significa ‘’eu vou crer quando vir’’, mas também, ’no que eu vir, acreditarei’’. E o que vemos são pessoas tentando excluir outras pessoas para evitar serem excluídas.

O medo e o mal andam juntos nos nossos pensamentos, Bauman 2006,

define medo e mal como irmão siameses, não é possível ver um e não ver o outro

em seguida. Chamamos de mal é tudo aquilo que vai contra nossos princípios ou

princípios impostos pela sociedade, como o exemplo que Bauman fala que sabemos

o que é crime pelos códigos jurídicos, crime é o ato de infringir esses códigos,

quando vemos essa infração temos medo, outro exemplo é o pecado sabemos o

que é pecado ou não devido os dez mandamentos da bíblia, o não obedecimento de

qualquer um desses dez mandamentos nos gera um medo de não ir para o céu. As

pessoas se fecham em suas casas com muros altíssimos, cercas elétricas, alarmes,

cães de guarda, vivemos escondidos em nossas casas, como nas escola também

Page 28: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

28

onde os muros fecham tanto que chegam a impedir a visibilidade dentro da

escola,ora por medo de sermos assaltados, ora pelas noticias na televisão nosso

medo vai aumentando principalmente quando vemos roubos perto de nossas casas,

ou quando ouvimos notícias como a criminalidade aumentou em nossa cidade, e

atrocidades cometidas com crianças, jovens.

Bauman afirma que “em um planeta estreitamente envolvido na rede da

interdependência humana, nada que os outros façam ou possam fazer nos deixa

seguros de que não afetará nossas esperanças, chances e sonhos”.

Começamos a ter medo uns dos outros por causa das atrocidades que o ser

humano é capaz de fazer e faz a confiança uns nos outros fica debilitada pelo medo

do que o próximo pode fazer conosco, conforme Bauman (2008, p.91) cita.

A consequência mais importante e comprovadamente mais terrível dessa descoberta é a atual crise de confiança.

A confiança está em dificuldades no momento em que tomamos conhecimento de que o mal pode estar oculto em qualquer lugar, que ele não se destaca na multidão, não porta marcas distintivas nem carteira de identidade; e que todos podem estar atualmente a seu serviço, ser seus reservistas em licença temporária ou seus potenciais recruta.

Temos medos de fatos que ainda não aconteceram, isso é o que mais nos

assombra, o medo de perder sendo que ainda não perdemos, nos protegemos tanto

sem de fato ter acontecido algo para essas nossa super proteção,vivemos em uma

era globalizada onde a sociedade convive com o medo normalmente, ele nos

estimula a vivermos defensivos. Utilizo as palavras de Bauman (2008, p.167)

O medo é seguramente o mais sinistro dos muitos demônios que se aninham nas sociedades abertas de nossa época. Mas é a insegurança do presente e a incerteza do futuro que criam e alimentam o mais aterrador e menos suportável de nossos medos. A insegurança e a incerteza, por sua vez, nascem de um sentimento de impotência: não parecemos mais estar no controle, seja sozinhos, em grupo ou coletivamente, dos assuntos de nossas comunidades, da mesma forma que não estamos no controle dos assuntos do planeta.

Para concluir, o medo neste presente trabalho é relativamente das pessoas,

contra as outras classes sócias, bairros de classe média e baixa, escola particular e

estadual, somos divididos em classes econômicas devido a fatores, como situação

monetária, posses, enfim, mas pelo medo nos separamos dessas outras classes

Page 29: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

29

inferiores pelo medo de sermos assaltados de ser retirado o que possuímos, nas

escolas também há essa divisão muitas vezes temos medos de ir a alguma escola

ou bairro pelo medo que temos das pessoas que lá existem, ou até mesmo o medo

das pessoas de classes iguais, no caso das nossas casas muradas temos medo do

que há lá fora, o que possa entrar e nos ferir, nas escolas também os muros cada

vezes estão mais fechados, impedindo de ver o que há dentro e os que estão dentro

da escola impossibilita de ver o mundo a fora.

Page 30: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

30

4. A Cidade de Sorocaba

O Nome Sorocaba vem do tupi que significa terra rasgada, seus bairros são

divididos por regiões sendo Zona Central, Oeste, Norte, Sul e Leste, é um município

brasileiro localizado no interior do estado de São Paulo. É a quarta mais populosa do

interior de São Paulo (precedida por Campinas, São José dos Campos e Ribeirão

Preto) com uma população de 586 625 habitantes (IBGE/2010) sendo, portanto, uma

capital regional. A microrregião de Sorocaba conta com catorze municípios,

somando mais de 1 300 000 habitantes. Possui uma área de 456,0 km², sendo 349,2

km² de área urbana e 106,8 km² de área rural, possui diversas universidades como

Uniso, Unip, Unesp, Fadi, Puc, Ufscar entre outras, possui escolas municipais como

Getulio, Leonor, entra muitas outras, escolas estaduais como Antonio Padilha, Julio

Prestes de Albuquerque,entre muitas outras em diversos bairros pela cidade, possui

escola técnicas, hospitais inclusive atendendo outras cidades vizinhas, possui muita

opção de lazer, cinema, teatro parques e ciclovias, a religião é bem diversificadas

entre católicos, protestantes entre outros.

4.1 Bairros

Centro é o bairro central da cidade de Sorocaba, São Paulo. A região do

Centro faz fronteira com as seguintes regiões: Além Ponte, Além Linha, Cerrado e

Campolim-Vergueiro, respectivamente através das avenidas Dom Aguirre, Afonso

Vergueiro, Eugênio Salerno e Moreira César e, Juscelino Kubitschek.Praticamente

comercial, a região central tem grande valor cultural e histórico. Prédios antigos

contrastam com edifícios novos. Muitos órgãos do governo, clínicas e bancos estão

espalhados por suas ruas e avenidas para atender o público que vêm de todas as

partes da cidade. Dois terminais de ônibus urbanos estão localizados no centro de

Sorocaba. O Shopping Sorocaba, belas praças e monumentos fazem parte também

dos atrativos desta região. Tudo começou nesta região que hoje vive do contraste

entre as arquiteturas antigas, contemporâneas e futuristas. O Centro de Sorocaba

possui verdadeiros shoppings a céu aberto que são os cinco boulevares e as

alamedas projetadas. O Centro faz limite com as seguintes regiões: Além Linha

Page 31: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

31

(Norte), Campolim-Vergueiro (Sul), Além Ponte (Leste) e Cerrado (Oeste). Teve o

primeiro grupo escolar. Iremos analisar a escola Visconde de Porto Seguro.

O bairro parque Campolim, conhecido também apenas por Campolim, é um

bairro nobre de classe média e média alta na zona sul da cidade de Sorocaba,

interior de São Paulo. É também a região que comporta o metro quadrado mais

valorizado da cidade. É considerado o centro financeiro de Sorocaba.

Grande parte das atrações noturnas de entretenimento e do comércio de alto

padrão da cidade se concentra no Campolim. É conhecido por ser o bairro

sorocabano mais semelhante à capital paulista - São Paulo - pois é o ponto mais

movimentado da cidade no período noturno. Estima-se que cerca de 80 mil carros

circulem diariamente pela Avenida Antônio Carlos Cômitre, principal via do bairro.

Nos últimos anos, grandes condomínios verticais e edifícios comerciais

envidraçados começaram a aparecer no Campolim. Atualmente, esta região possui

o metro quadrado mais valorizado da cidade. Representa a capacidade

empreendedora do povo sorocabano no contexto regional e alinha nossos ideais aos

dos países do primeiro mundo.

Localiza-se no Campolim o Esplanada Shopping, o maior shopping center da

região e o mais estruturado de Sorocaba. O bairro também conta com academias,

clínicas médicas e odontológicas, pista de caminhada, farmácias, bancas de jornal e

revistas, restaurantes, padarias, escolas particulares, redes de fast-food, além de o

bairro possuir em seu interior grandes redes de escolas, como o Colégio Anglo, o

Colégio Objetivo e o Universitário. Os três maiores hipermercados da cidade estão

no Campolim: a rede francesa Carrefour, o Hipermercado Extra e o norte-americano

Walmart.

As escolas presentes no bairro campolim são particulares como, por exemplo,

Anglo, Objetivo, Universitário, e irei analisar a escolas Objetivo.

Central Parque é um bairro da zona oeste do município de Sorocaba.

Juntamente com os bairros Jardim São Marcos, Jardim Itangua I e II possui uma

população estimada de 97 mil habitantes. O bairro foi criado há aproximadamente

150 anos atrás, mas, era apenas um sitio, na verdade foi uma das primeiras, senão

a primeira do projeto casas populares, ou seja, uma C.O.H.A.B. seus moradores

pagaram, uma quantia irrisória pelos lotes, com prestações a perder de vista.

Atualmente, existe uma boa infraestrutura no bairro, com escolas, comércio e

áreas de lazer. Sua população é constituída em sua maioria por famílias de classe

Page 32: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

32

média. Há também algumas favelas, situadas nas periferias dos bairros Itanguá I e II

e Jd. São Marcos. Na região existem três bons supermercados, várias igrejas de

várias denominações, um centro esportivo, uma pista de caminhada recém-

construída, escolas de ensino fundamental e 2° grau e algumas creches como, por

exemplo, a escola Antonio Miguel Pereira Junior que irei analisar.

O Jardim Santa Rosália é um dos mais tradicionais bairros residenciais de

Sorocaba. O bairro Santa Rosália está situado na zona Norte de Sorocaba.

Caracterizado por ser de alto padrão e basicamente residencial, nos últimos

anos viu a instalação de diversos empreendimentos comerciais, causando forte

impacto no seu modo de vida.

Localiza-se no bairro, a Policlínica Municipal, o Senai, uma escola pública

municipal de educação infantil, duas estaduais de ensino fundamental e médio, o

quartel da 14ª Circunscrição de Serviço Militar, a Praça da Amizade, a Praça Pio XII,

o Villàggio Shopping, a sede do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), a

pipoca do japonês, a Quitanda e Frutaria Shibata o Extra hipermercado, esse último

instalado nas antigas dependências da Companhia Nacional de Estamparia (Cianê),

prêdio histórico na cidade.Neste bairro temos a escola estadual Ezequiel Pereira

Machado que irei analisar.

Vila Formosa é um bairro da zona norte do município de Sorocaba - SP, onde

se encontra uma escola de 1º a 4º série (os quatro primeiros anos do Ensino

Fundamental-antigo primário) com o nome de E.E.Prof José Roque de Almeida

Rosa, uma creche, uma pré-escola (parquinho), dois campos de futebol, e várias

igrejas (Católica, Universal do Reino de Deus, Assembléia de Deus, entre outras), e

uma sede para discussão dos moradores do bairro. Foi inaugurado no ano passado

(2009) o Parque da Vila Formosa, o qual é uma das maiores áreas de lazer públicas

da cidade, conta com lago, brinquedos, palco e ciclovias.Irei analisar esta única

escola estadual do bairro José Roque de Almeida Rosa.

Page 33: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

33

4.2 Primeiro grupo escolar

O primeiro grupo escolar de Sorocaba (Grupo Escolar Antonio Padilha) foi

inaugurado em 1896. O Grupo Escolar, como previa o Decreto 248 de 26 de julho de

1894, foi criado com “quatro classes para cada sexo”, correspondentes ao 1º, 2º, 3º

e 4º anos do curso preliminar, sua criação se deu por um movimento da sociedade

sorocabana que envolvia, principalmente, os Vereadores da Câmara Municipal e a

Maçonaria tendo como mentor o comerciante e vereador Antônio Padilha de

Camargo. Ao iniciarem as aulas, o estabelecimento recebeu o nome de Padilha, que

falecera sem ver o seu projeto concretizado.

O primeiro prédio ocupado pelo Grupo Escolar Antonio Padilha, localizado

entre as ruas do Theatro e das Flores, hoje, Brigadeiro Tobias e Monsenhor João

Soares (1896-1905) era um conjunto formado pelos dois sobrados que pertenceram

à família Lopes de Oliveira que sediaram, a partir de 1896, três colégios religiosos: o

Diocesano, dirigido por Mons. João Soares; o dos padres agostinianos espanhóis

(1900/1907) e, a partir de então, o Santa Escolástica, das madres Beneditinas.

Meses depois do início das aulas, o prédio que abrigava a escola começou a

apresentar problemas estruturais e de acomodações. A falta de higiene, por

exemplo, preocupava a direção e, como não havia na cidade um local que poderia

servir como Grupo Escolar, as aulas foram sendo constantemente canceladas. Por

conseqüência disso, o Grupo Escolar muda-se, em 1905, para um novo endereço

localizado na Rua das Flores, hoje Monsenhor João Soares. Foi somente em 1910

que o Estado iniciou a construção do terceiro e definitivo prédio ocupado pela

Antonio Padilha na Rua Cesário Motta.

Page 34: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

34

5. Metodologia de Pesquisa

Neste capitulo explicarei a metodologia de meu trabalho, e o modo em que

escolhi fazer a coleta de dados, e os instrumentos.

No presente trabalho, primeiramente foi estudado semiótica, análise de imagens,

fotografia e psicologia, procurei ler diversos livros e mais de uma opinião sobre cada

palavra chave.

Optei por fotografar escolas públicas e particulares em bairros carentes e

nobres da cidade de Sorocaba, para estabelecer opiniões diversificadas sobre a

fachada das escolas, fotografei no período de junho a setembro de 2012.

Pedi para cinco pessoas discutirem sobre as imagens fotografas, para ter

opiniões e depois analisa-las com base nos estudos teóricos que vim adquirindo

nesse ano de 2012.

Como gosto muito de fotografar, tirei várias fotos de diversos temas como, por

exemplo, teatro, para serem analisadas e quando montei meu projeto deixei aberto o

que o objeto que analisaria, acabei optando por fachadas das escolas por estar mais

perto da minha formação. E quando comecei a pesquisar na internet e apenas

olhando as escolas, percebi que alguma coisa havia, cheguei à conclusão que além

da análise de imagem que normalmente pensei em fazer, havia certo fenômeno

geral na cidade que o chamo de medo.

Fotografei vinte escolas da cidade de Sorocaba e optei por dez de diferentes

bairros, para selecionar não foi fácil, pois cada escola que fotografei tinha muitos

aspectos para falar. Procurei selecionar uma oposta a outra, uma escola bem

fechada com uma aberta, o bairro tem participação nesse fator da fachada ser mais

aberta ou fechada.

Mostrar uma escola de cada região foi minha meta, pois como sabemos a

cidade infelizmente é divida entre classes sociais, normalmente são construídos até

condomínios na cidade com esse pensamento atraindo assim então as pessoas e

dividindo a cidade. Nesta pesquisa pude perceber que em alguns bairros é muito

diferente o muro das escolas, muitas vezes não é tão fechado ou nem tem muros.

Criei perguntas a mim mesma a fim de tentar entender o que se passa com

essa mudança que está ocorrendo na cidade, e como interfere em nossa visão da

escola.

Page 35: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

35

1- O que vemos nas fotografias das fachadas das escolas?

2- De que forma o medo se revela nas fotografias das fachadas dos prédios

escolares?

Page 36: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

36

6. Análise de fotografias das escolas

Neste capitulo analisarei as imagens que fotografei das fachadas das escolas,

utilizando semiótica Perciana e os estudos que obtive no referencial teórico do

capitulo um.

Joly (1996) ressalta em seu livro que “como existem diversos tipos de

imagens, existem inevitavelmente diversos tipos de interpretações”. A autora nos

apresenta esta multiplicidade: conhecimento (formas que o homem dispõe para se

conhecer e conhecer seu ambiente); percepção (teoria da revelação do mundo);

recepção (teoria da recepção das obras); leitura (semiologia/semiótica) e

interpretação (os limites): ler imagem e atribuir significados. Interpretar é criar um

ritmo, uma leitura Possível, atribuir sentido e significado para aquilo que foi

construído imageticamente. Neste capitulo iremos analisar as fachadas das escolas

de acordo com a teoria de análise de imagem de Joly e semiótica Perciana, e

opiniões das pessoas que passam por essas escolas.

6.1. Escola Visconde de Porto Seguro

Figura 7: Fachada da Escola Visconde de Porto Seguro

Page 37: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

37

Localizada no centro da cidade de Sorocaba na Rua Souza Pereira, onde

temos uma praça muito famosa que é a Praça do Canhão e temos outra Praça

Larga do Rosário o lugar é bonito cheio de verde, está situada em uma aérea que

podemos dizer que é boa. Visconde é uma escola estadual de ensino fundamental, a

escola está passando por reformas devido o fato de ser muito antiga, uma das

primeiras na cidade de Sorocaba.

Foi fotografada no período da manha em um domingo, podemos notar este

detalhe pelo fato de não ter crianças e a escola estar fechada, e não vemos pessoas

passando na rua.

Ao olharmos essa imagem de acordo com Peirce dizemos que é um ícone,

pois possui semelhança com o objeto representado “escola”, vemos que a escola

tenta ser harmoniosa colocando árvores, as cores da escola estão em harmonia,

mas um detalhe que não pode passar em branco e se trata do foco do meu trabalho,

é os muros.Essa escola não possui muros e seus portões estão baixos podendo

assim olharmos através de seus portões e conseguirmos ter uma visão da escola,

ainda que por reforma conseguimos ver seus jardins.

E por falar em jardim essas árvores se tratam de palmeiras podemos até

pensar por traz dessa imagem o sentido dessas árvores, que normalmente vemos

em praias. Vemos coqueiros que são da classe das palmeiras, e o mais curioso é

que em Porto Seguro situado ao sul do estado da Bahia vemos muitas

palmeiras,podemos pesquisar imagens no Google com o nome Porto Seguro e

vemos muitas palmeiras, o fato de olharmos esta imagem uma escola cheia de

árvores do tipo “palmeira”, e em seguida olharmos o nome da escola “Porto Seguro”.

Percebemos que as tais árvores são símbolos que não tem similaridade com a

palavra escola, mas possui muita semelhança com a palavra “Porto Seguro”. A cor

azul muitas vezes quando olhamos lembramos do mar, a cor “azul” nesta imagem é

um símbolo também onde lembramos de um lugar: o mar.

E o medo nesta escola parece não ter sentido em relação às outras que irei

analisar ao longo deste trabalho. Nesta escola os muros não existem, e os portões

são baixos, a porta da entrada não possui grades. Por ser uma escola antiga, esse

fator ‘’medo’’ não a atingiu ainda como as escolas atuais, antigamente podemos

dizer que era mais segura a cidade, hoje em dia os portões de nossas casas se

fecham mais, e os muros sobem ficam mais altos que nossas casas, as pessoas

Page 38: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

38

buscam segurança em condomínios, diferentes de antigamente. Portanto essa

escola não possui quaisquer indícios de medo.

6.2. Escola Antonio Miguel Pereira Junior

A escola Antonio Miguel Pereira Junior é uma escola estadual que possui

ensino fundamental e médio, se situa no bairro Central Parque em Sorocaba, na

zona oeste, um bairro que possui muitas praças, comércios, escola e creches,

podemos dizer que é um bairro bom apesar de nessa fotografia vermos indícios de

marginais pichando. Em volta da escola temos casas residências, não temos praças,

e não temos comercio.

Essa imagem é um ícone, pois tenta retratar a escola, esta escola possui

muros muito altos, não temos quase nenhuma visão do que tem dentro dela, nem

olhando da outra rua nem próximo a ela.

Ela foi fotografa no período da tarde em um dia de aula, apesar de ser um

horário em que os alunos já entraram não conseguimos ter nenhuma visão deles.

Olhando essa fachada podemos perceber que atrás desse portão temos

árvores, a escola tenta ser harmoniosa, as árvores a deixam mais fresca, com

Figura 8: Fachada da Escola Antonio Miguel Pereira Junior

Page 39: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

39

sombra, e para o aluno é bom esse contato com o meio ambiente, a cor verde do

portão possui semelhança com as folhas das árvores.

A escola sofreu a ação de marginais, pois essas letras escritas são índices

que alguém os fez, seus portões estão pichados, com símbolos de supostas

gangues, e alguns símbolos como o Yin-Yang que é uma técnica chinesa que

significa lados opostos como o Branco (Yang) tem como figura um tigre e o Preto

(Yin) Tem como figura um dragão. Ambos são opostos significa que cada força

existe bem e mal como podemos ver em seu símbolo achamos um ponto de cada

cor em cada lado é o Bem e o Mal. E este símbolo está em aspas, podemos dar o

sentido de destacas, ou a pessoa que a reproduziu sabia que quando citamos frases

de outras pessoas utilizamos aspas, ou de fato a pessoa pode ser que nem saiba o

verdadeiro sentido desse símbolo que muitas vezes é confundido como o símbolo de

surfistas.

Ainda nesse muro temos um símbolo de um “R” dentro de um circulo, que

podemos dizer que seria o símbolo de registrado, quando uma marca cria algo

geralmente utiliza o símbolo da letra R dentro de um circulo nesse caso podemos

pensar que a pessoa em que utilizou esse símbolo tenta ser original e dispensa

imitações. O motivo de pichação é mostrar que domina a escola, por códigos entres

gangues.

Já o muro dessa escola, podemos nos questionar o motivo desses muros

altos, o porquê de ser tão isolada essa escola da comunidade, de fato se fosse

aberta essa escola sofreria algum tipo de dano, ou o simples fato do medo liquido

que temos hoje em dia acontece nessa escola também. Nesta escola diferente da

anterior podemos afirmar que pelo fato de ser tão “fechado” o medo tomou conta

dela, e não conseguimos saber apenas olhando a escola se ela sofreu ataques, por

esse motivo está tão fechada, ou se nem aconteceu nada e as pessoas quiseram se

prevenir, como fazemos em nossas casas, e o Bauman cita em seu livro esse fato

de termos medo do que de fato nem aconteceu ainda conosco.

Page 40: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

40

6.3 Escola Professor Ezequiel Machado Nascimento

A escola Professor Ezequiel Machado Nascimento é situada num dos bairros

mais nobres da cidade o Jardim Santa Rosália, onde possuem praças, hospitais,

escolas e muitos comércios inclusive um novo shopping Villágio próximo a esta

escola, porém muitos índices de criminalidade por ser um bairro nobre.

Figura 9: Fachada da Escola Ezequiel Machado Nascimento

Figura 10: Continuação da fachada da Escola Ezequiel Machado Nascimento

Page 41: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

41

Essa escola foi fotografada no período da manhã de um feriado, por esses

motivos a vemos com os portões fechados e sem indicio de alunos. É uma escola

muito desenvolvida, e com índices altos de aprendizados, com notas excelentes em

provas do governo e no ENEM, é considerado uma ótima escola estadual, devido à

direção ser bem rígida e apenas alunos que querem estudar a frequentam.

De acordo com a semiótica perciana essa imagem é um ícone, pois ela não é

a escola, mas tenta representar a escola. É uma escola com muros baixos, cores

neutras, bastante arborizada como as escola anteriores analisadas, que sempre

tentam harmonizam o ambiente, com árvores, fachadas coloridas.

Essa escola possui algumas características notáveis como a primeira escola

analisada, seus muros também não são altos, conseguimos ter visão dentro da

escola, apesar de ter dois portões de entrada aos alunos, naturalmente dias em que

temos aulas nessa escola o primeiro portão fica aberto para os alunos e o segundo

também, fechando apenas uma porta para impedir a entrada de pessoas não

autorizadas, possibilitando assim ao aluno sentar nos bancos dentro da escola

enquanto espera seu horário de entrada.

Outro fato marcante é que apesar do bairro ser um pouco violentos com altos

índices de criminalizada a escola não se fechou tanto quanto deveria, não possui

cercas elétricas, nem câmeras de segurança na entrada. As cores verdes dos

portões harmonizam com as árvores ali existentes, possui janelas quebradas que

podem ser índices de acordo com Peirce, sendo índice que podem ter sido

quebradas com pedradas, ou índices de marginais, ainda sim não contribuindo com

o isolamento da escola.

Podemos olhar por entre os muros e observar a imagem de Jesus com os

braços abertos, ela se trata de um símbolo católico geralmente evangélicos são

contra ao uso de imagens, podemos concluir que esta escola quando foi fundada,

pessoas católicas que a fundaram,deixando em destaque esse símbolo, ela tem

uma função de índice também, índice de calma, de benções, agradecimentos, de

que Jesus está chamando aos alunos e os recebendo de braços abertos. Outra

curiosidade ligada a esse símbolo e índice é ao nome da escola “Ezequiel” como

sabemos, esse foi o nome de um profeta do povo, ele é citado na bíblia, de acordo

com estudos bíblicos e com a sua linguagem simbólica, Ezequiel indicava os passos

para a construção do mundo novo, podemos ligar esta imagem de Jesus ao nome

da escola.

Page 42: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

42

Podemos concluir que nesta escola não temos índices altos de medo, apesar

de o bairro ser bem agitado ela se conserva com sua estrutura original, nos

permitindo uma visão de dentro da escola.

6.4 Escola Objetivo Portal

A escola Objetivo Sorocaba, é situada em um bairro nobre de Sorocaba,

Campolim, onde possui shopping, muito comércio, escola particular e nenhuma

estadual nem municipal, é um bairro bem desenvolvido e por esse motivo alto

índices de criminalidade, a escola possui ensino infantil, até o médio.

Foi fotografada em um sábado, podemos perceber pelo fato de estar fechada,

vazia, e sem alunos e carro em frente à escola.

Ao analisarmos esta imagem de acordo com Percie como visto anteriormente

na outras imagens sabemos que ela é um ícone, pois tenta retratar o objeto escola,

como as outras analisadas ela possui árvores também harmonizando o ambiente e

cores neutras.

Os muros dessa escola eram baixos, podemos perceber que eram e não são

mais pelo fato de ter sido construída grades acima dos muros. Podemos concluir

que essa escola possa ter índices de criminalidade por esse fator subiu seus muros

Figura 11: Fachada da Escola Objetivo Portal

Page 43: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

43

mas ainda nos permite uma visão de dentro da escola, ou índice de alunos pulando

o muro para matar aulas, fugir da escola.

O medo nessa escola parece ter sentido concreto, e índices de que alguma

coisa aconteceu, pois eram baixos e foi colocado grades, sendo oposta a alguns

estudos de Bauman de que nos prevenimos muitas vezes do que não aconteceu

conosco, ou de fato não aconteceu nada nessa escola mas resolveram se prevenir

de um possível acontecimento.Mas o fato é que seus muros foram aumentadas e

que ela tem índices de medo.

6.5 Escola José Roque Almeida Rosa

A escola José Roque Almeida Rosa, situada no bairro Vila Formosa na zona

norte de Sorocaba, um bairro onde as pessoas tem muito preconceito por ser

distante e ter bastante criminalidade. A escola possui apenas ensino fundamental e

integral, ela recebe o que o estado chama de “ALE” Adicional de Local de Exercício,

por ser uma escola afastada do centro e perigosa, os professores recebem um

dinheiro a mais quando dão aula nesta escola.

A escola fica no final da rua próxima ao shopping novo da zona norte, o local

possui muitos comércios, e praças inclusive na frente da escola possui uma praça

Figura 12: Fachada da Escola José Roque Almeida Rosa

Page 44: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

44

grande onde contém quadra e atividades de lazer, a escola tem casas ao seu redor.

Foi fotografada no período da manhã de um feriado por esses motivos não

vemos muito movimento de pessoas e nem de carro em volta a escola.

Essa imagem de acordo com análise Perciana, é um ícone, retrata a escola

“objeto”, ela possui árvores e não utiliza cores em seus muros, a placa indicando

que é a escola especifica tem índices que é nova e foi colocada para a escola ser

localizada. A escola permite ter pouca visão do que tem dentro da escola, assim

como a escola anterior foi modificada e os muros foram aumentados, esta escola

também ocorreu esse fenômeno, seus muros podíamos dizer que seriam baixos,

mas foi colocado grades para subir e cercar a escola. Por esse fato podemos dizer

que temos índices de criminalidade, e de medo nessa escola.

Page 45: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

45

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As escolas estão se fechando com muros, portões, para garantir a segurança

dos funcionários e principalmente dos alunos. Está cada vez mais fácil nos

depararmos com diversas escolas fechadas impossibilitando a nossa visão do que

tem na escola.

O uso dos muros nas escolas e até mesmo em nossas casas pretendem nos

garantir segurança, conforto e paz, em nossas escolas, casas, nos protegemos

antes de realmente algo ruim ter ocorrido, nos fechamos por saber que algo

aconteceu próximo a nós, esse fator ocorre por causa do medo que está em toda

parte e em todas as pessoas, temos medo de perder algo, de fazer algo, medo de

sermos excluídos, de sermos assaltados, de sermos contrariados.

O medo já tomou conta da cidade nos tempos modernos podemos observar

pelas fachadas das escolas, casas e prédios, comparados a fotografias antigas onde

não se tinham muros altos, cercas elétricas, as escolas tinham muros baixos, as

casas muitas vezes não tinham nem portões, e hoje em dia vivemos “presos” em

nossas casas esperando algo ruim acontecer, esperando alguém entrar em nossa

casa, em nossa escola, vivemos com angustias de aspectos negativos acontecerem

conosco.

Nas fotografias das fachadas das escolas analisadas neste trabalho, pude

perceber que muitas escolas na cidade de Sorocaba possuem muros altos, e

portões altos, outras se preservaram em sua estrutura original sem muros altos, se

por um lado o muro protege aos alunos da violência do lado de fora, por outro

impede a nossa visão do tem dentro da escola, e gera ao aluno desde já um

sentimento de estar preso. Pude perceber também que para se proteger as escolas

aderiram aos muros altos, antes mesmo de algo ruim ter acontecido o medo liquido

do qual Bauman trata em seu livro é o medo que se espalhou pelas cidades, que

nada mais é o fato de nos protegermos de algo que não sabemos que irá acontecer

de fato.

Ao final deste trabalho, pude então, responder as questões que, desde o

começo, nortearam esse trabalho e que são as seguintes:

Page 46: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

46

O que vemos nas fotografias das fachadas das escolas?

Ao analisar as fotografias das fachadas das escolas com a semiótica Perciana

pude perceber signos em algumas escolas, pichações, e muros relativamente altos e

em algumas escolas o que me chamou a atenção foi que em escolas antigas como

um dos primeiros grupos escolares de Sorocaba o Visconde de Porto Seguro o muro

não aumentou e manteve sua estrutura original, apesar de o centro da cidade estar

perigoso com altos índices de violência a escola não alterou sua fachada, nos

permitindo uma visão do que há dentro da escola, e em algumas escolas pude

perceber que os muros eram baixo e foram modificados, aumentados gerando assim

alguns questionamentos como, será que algo ruim aconteceu de fato lá?. Ou o medo

liquido que toma conta em massa da sociedade ocorreu também nessa escola?

De que forma o medo se revela nas fotografias das fachadas dos prédios

escolares?

O medo se revela através de muros altos, escolas muito fechadas,

impossibilitando nossa visão além dos muros, através de cercas elétricas e

seguranças. O medo já se espalhou pela nossa cidade, antes mesmo de ter motivos

para termos medo, ele já se faz presente em nossos sentimentos na escolha da

escola que iremos estudar ou colocaremos nossos filhos, se uma escola estiver toda

pichada temos receio de entrar trazemos preconceitos da escola pela sua fachada,

temos medo apenas de olharmos seu estado de conservação, julgamos ela ruim ou

boa pela sua fachada. A fachada da escola interfere em todas as nossas escolhas,

onde algumas pessoas preferem as escolas antigas com uma visão harmoniosa do

que tem dentro da escola para colocar seu filho para estudar, e outras preferem

escolas bem protegidas, muradas para o estudo de seu filho.

Com esse presente trabalho pude perceber o quanto revelam as fachada das

escolas, e pude perceber também que o medo hoje em dia se tornou algo tão

comum que muitas vezes não notamos passamos pelas escolas e não observamos

algumas mudanças muros modificados para maiores ou cercas elétricas novas, e

principalmente a visão de dentro da escolas que muitas vezes não temos hoje em

dia.

Page 47: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

47

Referências Bibliográficas

BAUMAN, Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 239 p. ISBN

9788537800485 (broch.)

BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1984. 185 p. ISBN 8520904807

JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Campinas, SP: Papirus, 1996.

152 p. ISBN 8530804244 (broch.)

PEIRCE, Charles S. Semiótica. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003. 337 p.

(Coleção estudos; 46) ISBN 8527301946

SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983. 84 p.

(Coleção primeiros passos;103) ISBN 851101103X

SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 223 p.

ISBN 8535904964

Anglo Sorocaba Escola – Disponível em:

<http://www.anglosorocaba.com.br/escola.htm> Acesso em: Out. 2012

Teoria dos Signos – Disponível em:

<http://www.docstoc.com/docs/33936457/CCA0314> Acesso em Ago. 2012

Revista eletrônica Unicamp – Disponível em:

<http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/23/art05_23.> Acesso em Out.

2012

O signo semiótico – Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/11451925/O-SIGNO-

SEMIOTICO-NA-PERSPECTIVA-DE-CHARLES-SANDERS-PEIRCE> Acesso em:

Ago. 2012

Page 48: Trabalho de Conclusão de Curso Paula Soares da Costa

48

As Teorias do Signo e as Significações Linguísticas – Disponível em:

<http://www.partes.com.br/ed39/teoriasignosreflexaoed39.htm> Acesso em: Ago.

2012