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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO E RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR DISPLASIA COXOFEMORAL REVISÃO BIBLIOGRÁFICA LUCIMARA DE FATIMA BASILIO GUBERT CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO E RELATÓRIO DE

ESTÁGIO CURRICULAR

DISPLASIA COXOFEMORAL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

LUCIMARA DE FATIMA BASILIO GUBERT

CURITIBA

2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO E RELATÓRIO DE

ESTÁGIO CURRICULAR

DISPLASIA COXOFEMORAL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de conclusão de curso, realizado como requisito para a aprovação na disciplina de estágio curricular obrigatório do curso de medicina veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador acadêmico: Prof. Adj. Silvana Maris Cirio

CURITIBA

2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

COORDENADOR DE ESTÁGIO CURRICULAR

Prof. Dr. Welington Hartmann

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TERMO DE APROVAÇÃO

LUCIMARA DE FATIMA BASILIO GUBERT

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título

de Médica Veterinária pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 06 de junho de 2016

__________________________________________________________

Prof. Orientadora Silvana M. Cirio

UTP – Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________________________________________

Dra. Msc. Danielle Murad Tullio

Pet Imagem Diagnósticos Veterinários

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer à Deus, que sempre esteve ao meu

lado, sem ele não estaria onde estou hoje.

A minha mãe e meu pai, por todo o esforço feito para que essa graduação

fosse realizada, por todos os dias de trabalho árduo de segunda à domingo.

A minha Avó Judith (in memorian), esse diploma é por você.

Ao meu namorado, que sempre esteve do meu lado, me apoiando e sempre

acreditou em mim.

As minha amigas Daniele, Bruna, Ana Flavia, Ananda, a Dra. Maria Jose

Fontoura, por toda a ajuda e companheirismo.

Ao Dr. José Luís Jensen e a Eliane Fontoura por terem sido exemplo.

Aos meus professores por todo o conhecimento transmitido, à minha

orientadora Silvana por toda a paciência e ajuda.

À minha orientadora profissional Danielle por ter me recebido de braços

abertos na Pet imagem.

Aos cães Totó, Chica,Tchuchuco, Branca, Cara, Bebe, Penélope, Valente, Pé

– de - Pano e ao coelho Perna Longa, agradeço a eles por terem me proporcionado

amor incondicional e me mostrado o caminho a seguir, aos novos membros da

família Jujuba e Eduardo, principalmente a Pitchula que está presente comigo desde

o ensino fundamental, a Nina que me acompanhava nas aulas práticas sempre com

muito entusiasmo e que até o fim da sua vida me ensinou a nunca desistir, ao Negão

que apareceu na minha vida como um presente, demonstrando sempre muita

paciência e agradeço a todos os outros, cada um de vocês tem um lugar especial no

meu coração, cada um com o seu jeito de amar.

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RESUMO

A displasia coxofemoral acomete animais de médio à grande porte. Para diagnóstico deve-se realizar o exame físico do paciente e exame radiográfico, este pode ser avaliado com a técnica de PennHIP ou índice de Norberg. Os tratamentos são diversos, consistindo apenas de técnicas paliativas, tanto para tratamentos clínicos quanto cirúrgicos. O presente trabalho de conclusão de curso descreve as atividades desenvolvidas no “Pet Imagem Diagnósticos Veterinários”, no período de 29 de fevereiro à 17 de maio de 2016. Palavras chave: claudicação; filhote; luxação

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADD Afecção Articular Degenerativa

CBRV Colégio brasileiro de radiologia veterinária

Dra Doutora

HD Hip Dysplasia

IM Intramuscular

M.V Medico(a) Veterinário(a)

MHz Mega-hertz

Msc Mestre

PennHIP University of Pennsylvania Hip Improvemente Program

SC Subcutâneo

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TID Três vezes ao dia

VO Via Oral

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LISTA DE FIGURA

FIGURA 1 Recepção e área de espera do Pet Imagem

diagnósticos Veterinários, Curitiba – PR 2016

................13

FIGURA 2 Sala de ultrassonografia do Pet Imagem diagnósticos

Veterinários, Curitiba – PR 2016

................13

FIGURA 3 Sala de radiografia do Pet Imagem diagnósticos

Veterinários, Curitiba – PR 2016

...............14

FIGURA 4 Consultório para atendimento de especialidades do Pet

Imagem diagnósticos Veterinários Curitiba – PR,

eletrocardiograma

................14

FIGURA 5 Consultório para atendimento de especialidades do Pet

Imagem diagnósticos Veterinários, Curitiba – PR 2016,

acupuntura veterinária

................15

FIGURA 6 Posicionamento utilizando distrator .................24

FIGURA 7 A sobreposição de um das circunferências concêntricas

ao limite da cabeça femoral determinara o centro da

referida cabeça femoral segundo Norberg

................25

FIGURA 8 Radiografia da articulação coxofemoral de cão ................25

FIGURA 9 Esquema demonstrativo da excisão da cabeça e colos

femorais

................28

FIGURA 10 Técnica cirúrgica para realização de osteotomia pélvica

tripla

................29

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Número total de exames realizados por especialidade no Pet Imagem Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016

.......16

GRÁFICO 2 Modalidade de exames de imagem atendidos no Pet Imagem Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016

.......17

GRÁFICO 3 Bioquímica sérica e hematologia atendidos no Pet Imagem Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016

.......17

GRÁFICO 4 Exames realizados de microbiologia, parasitologia e urinálise atendidos no Pet Imagem Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016

.......18

GRÁFICO 5 Exames realizados de endocrinologia e imunologia atendidos no Pet Imagem Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016

.......19

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LISTA DE QUADROS

QUADRO1 Graduação relativa a ângulo acetabular segundo Norberg ............26

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

2. DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO ..................................... 12

2.1 Horário de funcionamento ......................................................................................... 12

2.2 Estrutura .......................................................................................................................... 12

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................................................. 15

4. CASUÍSTICA ..................................................................................................................... 15

5. REVISÃO DE LITERATURA – DISPLASIA COXOFEMORAL EM CÃES ............. 19

5.1 Aspectos radiográficos normais .............................................................................. 20

5.2Etiopatogenia .................................................................................................................. 20

5.3 Sinais clínicos ................................................................................................................ 21

5.4 Diagnóstico ..................................................................................................................... 22

5.5 Exames radiográficos .................................................................................................. 23

5.6 Tratamento ...................................................................................................................... 26

5.7 Controle ........................................................................................................................... 29

6. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 30

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 31

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1. INTRODUÇÃO

As técnicas diagnósticas vem sendo aprimoradas com a evolução da

medicina veterinária e atualmente podemos contar com uma grande variedade de

exames disponíveis, dentre eles exames ultrassonográficos, radiográficos,

histopatológicos, citopatológicos, bioquímicos e hormonais. Cabe ao clínico

veterinário indicar qual exame é o ideal de acordo com apresentação clínica e

histórico do paciente.

A displasia coxofemoral é uma alteração do desenvolvimento, causa

alterações morfológicas da cabeça do fêmur, do colo femoral e do acetábulo

(SOMMER E FRATOCCHI, 1998). Sua origem é multifatorial, envolvendo fatores

genéticos, nutricionais e hormonais (TORRES, 1993). O diagnóstico é obtido através

do histórico, sinais clínicos e exames físicos, porém somente a radiografia da

articulação coxofemoral irá confirmar a suspeita clínica (SMITH, 1990). Pode-se

indicar o tratamento clínico em situações de displasia de grau leve e para a escolha

do tratamento cirúrgico, deve ser considerado o estado geral do paciente, a idade, o

temperamento, conformação da cabeça femoral e do acetábulo (SLATTER, 1998)

O estágio curricular foi realizado no Pet Imagem Diagnósticos Veterinários, no

período de 29 de fevereiro a 17 de maio do ano de 2016, totalizando 440 horas, sob

orientação profissional da Médica Veterinária (M.V) Danielle Murad Tullio e sob

orientação acadêmica da professora Dra. Silvana Maris Cirio.

O estágio curricular teve como objetivo aprimorar os conhecimentos adquiridos

durante a graduação e desempenhar na prática conhecimentos sobre os métodos de

diagnósticos veterinários.

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2. DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO

2.1 Horário de funcionamento

O Pet Imagem Diagnósticos Veterinários está localizado na rua Senador Batista

de Oliveira, 202, no bairro Jardim das Américas– Curitiba – PR. Possui como médica

veterinária responsável a Dra. Msc. Danielle Murad Tulio. O horário de

funcionamento é das 8:00 as 18:00 horas, sendo que todos os exames são

agendados e requisitados após terem passado por consulta prévia com médico

veterinário. A clínica possui uma secretária e o serviço terceirizado de um

anestesista e duas médicas veterinárias cardiologistas que fazem eventuais

procedimentos de rotina.

2.2 Estrutura

O Pet Imagem Diagnósticos Veterinários é composto por estacionamento

para proprietários, uma área de espera e recepção (Figura 1) onde os proprietários

aguardam para realização dos exames, uma sala de ultrassonografia (Figura 2)

onde é feita a tricotomia dos pacientes e o exame ultrassonográfico, sala para

exame radiográfico (Figura 3), consultório para atendimento de especialidades

(Figuras 4 e 5), sala para revelação de radiografia, cozinha, uma área que encontra-

se desativada, sala administrativa e lavanderia.

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FIGURA 1 – Recepção e área de espera do Pet Imagem Diagnósticos

Veterinários, Curitiba – PR 2016

Fonte: Danielle Murad Tullio, Pet Imagem Diagnósticos Veterinários.

FIGURA 2 – Sala de ultrassonografia do Pet Imagem Diagnósticos

Veterinários, Curitiba – PR 2016

Fonte: Danielle Murad Tullio, Pet Imagem Diagnósticos Veterinários.

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FIGURA 3 – Sala de radiografia do Pet Imagem Diagnósticos Veterinários,

Curitiba – PR 2016

Fonte: Danielle Murad Tullio, Pet Imagem Diagnósticos Veterinários.

FIGURA 4 – Consultório para atendimento de especialidades do Pet

Imagem Diagnósticos Veterinários, eletrocardiograma, Curitiba – PR 2016

Fonte: Danielle Murad Tullio, Pet Imagem Diagnósticos Veterinários.

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FIGURA 5 – Consultório para atendimento de especialidades do Pet

Imagem Diagnósticos Veterinários, acupuntura veterinária, Curitiba –

PR 2016

Fonte: Danielle Murad Tullio, Pet Imagem Diagnósticos Veterinários

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o estágio curricular foi possível acompanhar a rotina de atendimentos

e a realização dos exames de: radiografia e ultrassonografia, diagnóstico

citopatológico, histopatológico, hematologia, bioquímicos, urinálise, parasitologia,

imunologia, endocrinologia, microbiologia, cardiologia e aferição de pressão arterial.

Todas as atividades desenvolvidas incluíram: contenção dos animais para

coleta de exames laboratoriais (citopatológico, raspado de pele e cultura), contenção

para exame ultrassonográfico, contenção e posicionamento para os exames

radiográficos e acompanhamento dos resultados, estes explicados e discutidos

posteriormente pela orientadora profissional médica veterinária Danielle Murad

Tullio.

4. CASUÍSTICA

Durante o período de estágio foram atendidos 683 animais, dentre estes, 622 da

espécie canina (91% dos atendimentos) e 62 da espécie felina (9% dos

atendimentos). Do total de atendimentos, 456 (66%) eram fêmeas e 232 (34%)

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16

machos. O Gráfico 1 indica os exames realizados durante o período de estágio no

Pet Imagem Diagnósticos veterinários. Nota-se maior número de exames

relacionados à bioquímica sérica, entretanto, para alguns pacientes era requisitado

mais de um exame nesta modalidade, justificando o elevado número (1.051 exames

de bioquímica sérica acompanhados) e em menor número o monitoramento de

droga, sendo este, realizado uma única vez, a droga monitorada foi o fenobarbital.

GRÁFICO 1 – Número total de exames realizados por especialidade no Pet Imagem Diagnósticos

Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016.

O Gráfico 2 mostra as modalidades dos exames de imagem realizados no

período de estágio. A radiografia foi o exame realizado em maior número, sendo 227

exames radiográficos em um total de 683 exames de imagem.

1.051

771

511

257

91

50

35

33

20

18

1

Bioquímica serica

Endocrinologia

Diagnostico por imagem

Hematologia

Procedimetos gerais

Urinalise

Imunologia

Microbiologia

Parasitologia

Anatomia patologica

Monitoramento de drogas

Número de exames por especialidade

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17

GRÁFICO 2 - Modalidades de exames de imagem atendidos no Pet Imagem

Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016.

O Gráfico 3 mostra os tipos de exames sanguíneos realizados, evidenciando

um maior número de hemogramas n=251. Dos exames de bioquímica sérica houve

um maior índice de bioquímica hepática para avaliar ALT n=211.

GRÁFICO 3 – Bioquímica sérica e hematologia realizado no Pet Imagem

,, Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016.

227

161

74

19

14

9

6

Radiografia

US abdominal exploratório

US gestacional

Ecocardiograma

US aparelho reprodutor feminino

Eletrocardiograma

US estruturas superficiais

Diagnóstico por imagem

251

211 210

135 133

85 59

38 35 27 22 21 18 16 11 7 6 6 5 5 2 2 1 1 1

Hem

ogr

ama

com

ple

to

ALT

Cre

atin

ina

Ure

ia FA

Glic

ose

Co

lest

ero

l

Trig

licer

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ina

Pro

tein

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tal

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Pro

tein

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Fru

tosa

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Po

tass

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Sod

io

Pe

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hem

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Co

lest

ero

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çõe

s

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oro

Bili

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bin

a

Cre

atin

aqu

inas

e

Co

nta

gem

de

reti

culo

cito

sBioquímica sérica e hematologia

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18

O Gráfico 4 a seguir indica os exames microbiológicos, parasitológicos e

urinálises realizados. A urinálise foi um exame com expressiva porcentagem (45

urinálises realizadas em um total de 104 exames).

GRÁFICO 4 – Exames realizados de microbiologia, parasitologia e urinálise

no Pet Imagem Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à

17/05/2016.

Durante o período de estágio foram realizados os exames endócrinos e

imunológicos representados no Gráfico 5.

45

20

14

13

5

5

1

1

Urinalise

Cultura bacteriana +antibiograma

Ectoparasita + fungo

Cultura fungica

Coproparasitologico

Relação proteína:creatinina

Pesquisa para malassezia

Pesquisa para demodex

Microbiologia, parasitologia e urinálise

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19

GRÁFICO 5 – Exames realizados de endocrinologia e imunologia no Pet

Imagem Diagnósticos Veterinários durante o período de 29/02/2016 à 17/05/2016.

5. REVISÃO DE LITERATURA – DISPLASIA COXOFEMORAL EM

CÃES

A articulação coxofemoral é esferoide formado entre a superfície semilunar do

acetábulo e a cabeça do fêmur. As paredes da cavidade revestidas por uma

membrana sinovial. A estabilidade desta articulação deve-se principalmente, a

profundidade do acetábulo, que envolve grande parte da cabeça do fêmur. A cabeça

do fêmur possui o ligamento da cabeça femoral (DYCE et al., 2004)

A displasia coxofemoral é uma doença biomecânica, gerada por má formação

articular, a qual ocorre pela desigualdade entre a massa muscular primária e o

acelerado crescimento ósseo. Normalmente ocorre bilateralmente e sem

predisposição sexual (MINTO et al., 2012). As raças mais acometidas são,

principalmente, as de médio e grande porte, como Pastor Alemão, Retriever do

Labrador e Rottweiler (KEALY et al., 2012).

18

15

15

10

6

6

6

5

3

3

2

2

2

1

1

1

T4 livre

TSH

Teste estimulação ACTH 2 doses

Fiv/Felv

Cortisol

T4 total

Cinomose

Erlichia

Babesia

Leptospirose

Brucelose

Giardia

Coronavírus

T3

Leishmaniose

Parvovirose

Endocrinologia e imunologia

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20

5.1 Aspectos radiográficos normais

A articulação normal apresenta como características radiográficas: acetábulo

profundo, cabeça do fêmur redonda e regular, com exceção da região da fóvea, a

qual é achatada. O contorno do fêmur é paralelo aos contornos das margens craniais

do acetábulo, desde a borda cranial até a região da fóvea, a cabeça do fêmur é bem

ajustada ao acetábulo e pelo menos metade da cabeça do fêmur deve estar em seu

interior. O centro da cabeça do fêmur deve ser medial à borda acetabular dorsal, o

terço cranial do espaço articular é regular e não apresenta aumento em sua

espessura, o colo do fêmur é regular e não espessado e não há evidências de

alterações articulares degenerativas secundárias (KEALY et al., 2012).

5.2 Etiopatogenia

Os filhotes nascem aparentemente normais, mas desenvolvem a displasia

conforme crescem (KEALY et al., 2012). Fatores hereditários e ambientais possuem

um papel importante no desenvolvimento da anormalidade do osso e dos tecidos

moles (FOSSUM E SCHULZ, 2013). O acetábulo se torna raso, alterações

morfológica da cabeça do fêmur, subluxação ou luxação coxofemoral e outras

alterações osteoartróficas secundárias, são as características radiográficas da

displasia coxofemoral (LUST et al., 1993; RISER, 1996; ALLAN, 2002).

Os fatores ambientais são: treinamentos intensos, alimentação em excesso e o

tipo do piso em que o animal vive (LINNMANN, 1998), resultando na modelagem

articular anormal, causando no estágio final uma osteoartrite secundária. O grau de

inclinação da cabeça do fêmur em relação à diáfise do fêmur, ou o grau de rotação

não influencia no desenvolvimento da doença. No entanto, as anormalidades nestes

ângulos muitas vezes coexistem com a displasia coxofemoral, podendo ter uma

importante influência na sintomatologia clínica (FRASER et al., 1997).

Outro fator relatado como causa da displasia coxofemoral é o

hiperestrogenismo materno, quando o feto em desenvolvimento é exposto a elevadas

concentrações de estrógeno in útero. Esta teoria teve inicio nos anos 50, quando

mães de crianças com displasia coxofemoral apresentavam altas concentrações de

estrógeno no sangue e na urina (TORRES, 2000). A ingestão excessiva de dietas de

alta densidade, ricas em proteína, energia, cálcio e fósforo, acelera o crescimento

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induzindo à alterações anatômicas. A hipercalcemia aumenta os níveis de calcitonina

plasmática levando à remodelação óssea e a maturação da cartilagem. A produção

de gastrina é resultante do cálcio em excesso no intestino, que por sua vez atua

diretamente nas células C da tireóide, elevando ainda mais as concentrações séricas

de calcitonina (HEDHAMMAR et al., 1979).

Alterações patológicas como erosões da cartilagem articular, osteoclerose

subcondral, achatamento da borda acetabular craniolateral, achatamento da cabeça

do fêmur, espessamento do colo femoral e da capsula articular, produção de

osteófitos periarticulares, derrame articular, fragmentação e ruptura do ligamento

redondo, luxação ou subluxação craniolaterais fazem parte da evolução do processo

degenerativo (NOGUEIRA et al., 2005).

5.3 Sinais clínicos

Há variações na gravidade da sintomatologia clínica, no inicio das alterações

estruturais, na idade em que surgem estes sinais, na progressão da doença, na

intensidade da dor e do comprometimento da mobilidade. O afastamento da

articulação é o primeiro sinal de displasia, as anormalidades de marcha ou rigidez

pode anteceder a doença articular degenerativa (ETTINGER E FELDMAM, 2004).

Os sinais clínicos apresentados por animais com displasia coxofemoral são:

claudicação uni ou bilateral, intolerância ao exercício e dificuldade para levantar.

Conforme crescem a doença articular degenerativa progressiva causa atrofia da

musculatura pélvica e marcha oscilante. Comumente os responsáveis pelos cães

relatam que o animal possui uma claudicação com piora súbita durante ou após

aumento de atividade física ou lesão (JOHNSON, HULSE, 2005).

A dor crônica nestes animais é resultante de microfraturas na borda acetabular

dorsal, caudadas pela fadiga do osso imaturo que recebe sobrecarga pela

instabilidade (NOGUEIRA, 2005).

Cães mais velhos apresentam a doença articular degenerativa crônica e dor,

Claudicação geralmente bilateral. Estes sinais podem surgir subitamente após

exercício. A maioria dos sinais clínicos resulta de mudanças degenerativas na

articulação, a musculatura pélvica sofre atrofia (PIERMATTEI E FLO, 1999).

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5.4 Diagnóstico

Segundo as normas do Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária (CBRV), a

partir dos 24 meses de idade será realizada definitivamente a avaliação das

condições articulares. Esta condição poderá ser precedida de avaliações preliminares

das articulações coxofemorais, que fornecerão dados precoces de normalidade ou

não das mesmas.

O diagnóstico clínico da displasia coxofemoral é baseado no histórico do

animal e sintomatologia clínica e o diagnóstico definitivo é obtido pela realização da

radiografia em duas ou três projeções (MINTO et al., 2012).

O diagnóstico correto nos animais jovens contribui para o controle da displasia

coxofemoral e permite que o tratamento seja feito antes do desenvolvimento da

doença articular degenerativa (NOGUEIRA et al., 2005).

O sinal de Ortolani fornece informações importantes para o diagnóstico. Para

uma melhor avaliação clínica, o paciente deve ser mantido sob sedação profunda ou

anestesia geral (ALVARENGA E PEDRO, 2006). É observado o ponto em que a

cabeça femoral responde bruscamente no interior do acetábulo e consequentemente,

se reduz. O cão é colocado em decúbito lateral ou dorsal, começando-se com a

articulação flexionada e a pelve em posição neutra, desloca-se axialmente o fêmur e

abduz-se lentamente o mesmo (BOJRAB et al., 2005). Se escutar um estalo ou o

deslocamento da cabeça femoral, o sinal é positivo, indicando que a cápsula está

distendida (BOJRAB, 1998).

Estudos relacionados à cinética também podem ser utilizados para o

diagnóstico da displasia coxofemoral. Esta avalia as forças de reação ao solo e

podem ser feitas com o uso de uma plataforma de pressão ou de força, cada uma

com as suas vantagens e desvantagens (GILLETTE, 2008; MCLAUGHLIN, 2001).

Pela necessidade de equipamento de alto valor e a complexidade deste exame, estes

estudos ainda são limitados (MIQUELETO et al., 2013).

A ultrassonografia tem sido utilizada para descrever a anatomia das

articulações coxofemoral e ombro (OHLERTH et al., 2003). Em luxações

coxofemorais, alterações secundárias da articulação geralmente podem ser vistas,

como pequenos osteófitos e acúmulo de fibrina (KRAMER et al., 1997). A

ultrassonografia da região coxofemoral é realizada sob anestesia geral, os cães são

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posicionados em uma calha em decúbito dorsal, sendo avaliadas duas projeções,

longitudinal e transversal (ADAMS et al., 2000; OHLERTH et al., 2003).

5.5 Exames radiográficos

Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária, a radiografia deve ser

feita com animal anestesiado, mantido em decúbito dorsal, com os membros pélvicos

estendidos, paralelos entre si e em relação à coluna vertebral, as articulações fêmoro-

tíbio-patelares devem estar rotacionadas medialmente e a pelve na posição

horizontal.

Dr. Gail Smith desenvolveu, em 1993, o método PennHIP na Universidade da

Pensilvânia (EUA), o qual avalia, mede e interpreta a frouxidão da articulação

coxofemoral (SMITH et al., 1990). Essa avaliação reúne três projeções: tradicional

com os membros estendidos, compressão e distração (Figura 6). Se a articulação se

encontra livre de osteoartite, os centros do acetábulo e da cabeça femoral devem

coincidir, indicando que a articulação é concêntrica. A distância entre os centros é a

medida de frouxidão da articulação. Mas este método varia de acordo com o tamanho

do cão, com idade e com a aplicação devido a variação da distância (SMITH, 2002).

Um dispositivo de distração colocado entre os fêmures é usado para auxiliar no

diagnóstico, em animais com menos de dois anos de idade. A distração força a

cabeça do fêmur para fora do acetábulo permitindo a estimativa do grau de lassidão

articular (KEALY et al., 2012).

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FIGURA 6 – Método de PennHIP, posicionamento utilizando distrator, cão

Fonte: REZENDE et al., 2005.

O ângulo de Norberg baseia-se na determinação dos centros das cabeças

femorais e da união dos mesmos, por intermédio de uma linha, que possibilitará

traçar, a partir de um dos centros da cabeça femoral, uma segunda linha, que

tangenciará o bordo acetabular crânio lateral, formando um ângulo entre as duas

linhas (Figura 7). Deve ser considerado o posicionamento do centro da cabeça

femoral em relação ao bordo acetabular dorsal, o aspecto da linha articular, presença

de artrose secundária e a conformação dos bordos acetabulares (SOMMER E.

FRATOCCHI, 1998). A figura 8 mostra a articulação coxofemoral de cão em

diferentes estágios.

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FIGURA 7– A sobreposição de uma das circunferências concêntricas ao

limite da cabeça femoral determinara o centro da referida cabeça femoral,

índice de Norberg.

Fonte: SOMMER & FRATOCCHI, 1998.

FIGURA 8 – Radiografia da articulação coxofemoral de cão.

8 (HD - ) sem sinais de displasia coxofemoral.9 (HD +/-) articulação coxofemoral próxima do normal.10 (HD +), displasia coxofemoral de grau leve, discreta subluxação.11 (HD ++) displasia coxofemoral de grau

moderada., evidente subluxação, acompanhada de osteoartrose. 12 (HD ++) displasia coxofemoral moderada. Evidente subluxação, acompanhada de osteoartrose.

Fonte: http://www.blacklab.com.br/displasiaprovet.htmacessado em: 05 jun 2016.

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Segundo Norberg (Quadro 1) a classificação é dividida em cinco categorias, de acordo com as características encontradas.

QUADRO1: Graduação relativa a ângulo acetabular segundo Norberg.

GRADUAÇÃO CARACTERISTICA DESCRIÇÃO ÂNGULO ACETABULAR

Grau A Articulações coxofemorais normais

A cabeça femoral e o acetábulo são congruentes

105°

Grau B Articulações coxofemorais próximas da normalidade

A cabeça femoral e o acetábulo são ligeiramente incongruentes

105°

Grau C Displasia coxofemoral leve

A cabeça femoral e o acetábulo são incongruentes

100°

Grau D Displasia coxofemoral moderada

A incongruência entre a cabeça femoral e o acetábulo é evidente com sinais de subluxação

95°

Grau E Displasia coxofemoral grave

Evidentes alterações displásicas da articulação coxofemoral com sinais de luxação ou distinta subluxação, achatamento da borda acetabular ou outros sinais de osteoartrose

90°

Fonte: SOMMER & FRATOCCHI, 2012.

5.6 Tratamento

São várias opções de tratamentos clínicos e cirúrgicos, porém, nenhuma é

considerada ideal, pois não são capazes de transformar uma articulação displásica

em uma articulação normal (MINTO, 2012).

O tratamento clínico visa reduzir a dor e o desconforto mantendo as funções

orgânicas envolvidas na displasia coxofemoral. As alterações degenerativas

decorrentes da enfermidade que podem continuar a progredir. É administrado ácido

Acetilsalicílico possui efeito analgésico, antipirético e anti-inflamatório 10 a 20 mg/kg

VO TID, sulfato de condroitina A com o sulfato de condroitina C monossulfatados

revestem a articulação até 10 kg /1mL IM ou SC; 10 a 25kg /2mL IM ou SC; acima

de 25kg /3mL IM ou SC (SLATTER, 1998). Controlar o peso com exercícios como

natação e caminhadas é importante, além de determinar a ingestão calórica. Pode-

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se realizar suplementação nutricional, incluindo ácidos graxos auxilia no

desenvolvimento da musculatura e emagrecimento, ômega 3 possui efeito

antinflamatório, e condroitina (FOSSUM E SCHULZ., 2014).

Para escolher a técnica cirúrgica deve-se considerar o estado geral do

paciente, a idade, o temperamento, o ambiente em que vive, a intensidade da

doença articular degenerativa, conformação da cabeça femoral e do acetábulo

(ARNBJERG, 1999).

A sinfisiodese púbica juvenil pode ser realizada para alterar o crescimento da

pelve e o grau de antroversão do acetábulo e é indicado para filhotes com menos de

20 semanas de idade. Nos cães imaturos, a decisão da realização de uma

osteotomia pélvica deve ser tomada precocemente, para que seja obtido os

melhores benefícios. Porém esta decisão deve ser ponderada, já que vários animais

diagnosticados com a doença quando jovens, podem a longo prazo não apresentar

a sintomatologia clinica (FOSSUM E SCHULZ, 2014).

A substituição total do quadril é um procedimento bastante avançado, usado

quando a articulação coxofemoral não pode ser recuperada e, portanto é removida e

substituída.

Outro tratamento cirúrgico que pode ser realizado é a acetabuloplastia

extracapsular. Este visa diminuir a instabilidade da articulação e prevenir a

subluxação da cabeça femoral (COSTA, 2003). É indicada para animais que

apresentam alterações como, achatamento acetabular sem lesão à cartilagem

articular (SLOCUME SOLCUM, 1998).

A denervação da cápsula articular tem como objetivo promover a analgesia,

realizando a secção seletiva das fibras sensitivas. Em cães displásicos que possuem

cobertura acetabular dorsal adequada, porém com articulações instáveis indica-se o

alongamento do colo femoral (SLOCUM E DEVINE, 1999).

Osteotomia intertrocantérica é indicada para cães jovens, ainda em

desenvolvimento, com diagnóstico de subluxação e com aumento do ângulo de

inclinação. Esta técnica melhora o aspecto biomecânico da articulação coxofemoral

e reduz a dor. É eficaz antes que a afecção articular degenerativa esteja presente,

entre os quatro e dez meses. Já a osteotomia pélvica é indicada para cães jovens,

com subluxação e mínimas alterações degenerativas na articulação, promove o giro

do segmento acetabular da pelve sobre o topo da cabeça femoral, aumentando a

cobertura dorsal (SLATTER, 1998).

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A colocefalectomia (Figura 9) gera uma pseudo-articulação fibrosa, aliviando

a dor pela eliminação do contato ósseo entre o fêmur e a pelve (FOSSUM E

SCHULZ, 2014).

FIGURA 9 - Esquema demonstrativo da excisão da

cabeça e colos femorais.

Fonte: BRASIL, 2007.

A osteotomia pélvica tripla (Figura 10) é a osteotomia do púbis e ísquio. Esta

técnica libera a parte acetabular, facilitando a sua reorientação e promovendo maior

congruência da cabeça femoral, diminuindo a lassidão da cápsula articular. É

indicada para os pacientes com idade entre sete e 12 meses com lassidão articular,

que apresentam sinais clínicos e não possuem sinais de degeneração articular

(SCHRADER, 1981).

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FIGURA 10 – Técnica cirúrgica para realização deosteotomia pélvica

tripla.

.

Fonte: JOHNSON E HULSE, 2005.

5.7 Controle

Os cães de raças de médio a grande porte utilizados para a reprodução

devem passar por avaliação radiográfica, sabendo-se que os pais dos reprodutores

devem ser isentos da displasia coxofemoral. Para a reprodução no Brasil, é

permitido o acasalamento dos cães pertencentes aos graus A, B e C (Quadro 1)

(SOMMER e FRATOCCHI, 1998).

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6. CONCLUSÃO

O estágio curricular constitui uma importante oportunidade de conhecimento e

aplicabilidade prática da graduação, durante este período foi possível correlacionar

cada sinal clínico com a sua causa de forma imediata através dos exames

realizados, além de ter obtido grande conhecimento na área do diagnóstico por

imagem e laboratorial, conhecendo os diversos exames disponíveis na medicina

veterinária.

A displasia coxofemoral é uma doença osteoartrófica, o diagnóstico deve ser

realizado através da combinação de sinais clínicos com exames radiográficos

específicos. Esta doença exige do médico veterinário um conhecimento teórico

adequado para identificar o tratamento adequando para cada estágio da doença,

porém, como não há tratamento definitivo, é importante o acompanhamento do

animal e controle para não evolução da doença.

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