displasia de anca em canideos

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  • 8/16/2019 Displasia de Anca Em Canideos

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    UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

    Faculdade de Medicina Veterinária

    “DISPLASIA DE ANCA EM CANÍDEOS”

    ANA CECÍLIA DE SÁ RODRIGUES MARQUES

    CONSTITUIÇÃO DO JÚRIDoutora Graça Maria Alexandre PiresLopes de Melo

    Doutor José Manuel Chéu Limão Oliveira

    ORIENTADORDoutor José Paulo Pacheco Sales Luís

    CO-ORIENTADORDr. Luís Miguel Alves Carreira

    2008

    LISBOA

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    Anexo 2 - DECLARAÇÃO RELATIVA ÀS CONDIÇÕES DE REPRODUÇÃO DA TESE

    DECLARAÇÃO

    Nome _________________________________________________________________

    Endereço electrónico ______________________Telefone __________/__________

    Número do Bilhete de Identidade__________________________

    Título: Dissertação Tese

    ___________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________

    Orientador(es)

    ___________________________________________________________________

    _________________________________________Ano de conclusão____________

    Designação do Mestrado ou do ramo de conhecimento do Doutoramento

    ___________________________________________________________________

    Nos exemplares das teses de doutoramento ou dissertações de mestrado entregues para a

    prestação de provas na Universidade e dos quais é obrigatoriamente enviado um exemplarpara depósito legal na Biblioteca Nacional e pelo menos outro para a Biblioteca da FMV/UTLdeve constar uma das seguintes declarações:

    1. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA TESE/TRABALHO APENASPARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DOINTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

    2. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA TESE/TRABALHO (indicar,caso tal seja necessário, nº máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.) APENASPARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DOINTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

    3. DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, (indicar, caso tal seja necessário,nº máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.) NÃO É PERMITIDA AREPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA TESE/TRABALHO.

    Faculdade de Medicina Veterinária da UTL, ___/___/_____

    Assinatura:______________________________________________________________

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    “We’re all in the gutter, but some of us are looking at the stars”

    Oscar Wilde

    Para os meus Pais,

    Para o Rodolfo

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    I - Agradecimentos

    É com um sentimento de satisfação e sentido de dever cumprido que termino estelongo e árduo percurso. A decisão de vir estudar para Lisboa teve grandes

    implicações na minha vida, embora na altura estivesse longe de imaginar asramificações dessa escolha. Apesar de me ter deparado com alguns percalços econtratempos pelo caminho, consegui alcançar a meta sonhada.

    Os meus pais e a minha família estiveram sempre presentes, ainda que distantesfisicamente. Sem eles não teria sido possível, com eles todas as conquistas ealegrias ganharam sentido! Tenho uma grande dívida de gratidão para com eles.

    O peso da vivência quotidiana foi partilhado com o meu querido Rodolfo, na certezado seu apoio incondicional e conselho tranquilo. Nem sempre foi fácil, mas tu nuncaduvidaste de mim!

    Finalmente, uma palavra de apreço para a equipa médica e auxiliar do hospital daFMV, pela amizade que me dedicaram. Quero agradecer em especial ao DoutorSales Luís, pela sua simpatia e disponibilidade, bem como ao Dr. Miguel Carreira,

    pela sua paciência, compreensão e incentivo. Foi uma honra ter feito o estágio sob asua orientação.

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    Resumo da Tese de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária“Displasia de Anca em Canídeos”

    Este trabalho está dividido em duas partes: a primeira descreve de forma resumida

    as actividades de Estágio Final de Curso, desenvolvidas na área de Medicina eCirurgia de Animais de Companhia e Exóticos, no Hospital Escolar da Faculdade deMedicina Veterinária, durante um período de 6 meses; a segunda consiste na Tesede Mestrado subordinada ao tema “Displasia de Anca em Canídeos”.A Displasia de Anca é uma doença ortopédica hereditária, com elevada prevalênciaem canídeos, especialmente em raças de porte médio e grande, como o LabradorRetriever, Pastor Alemão e Rottweiler. É a primeira causa de doença degenerativa

    articular, sendo uma doença progressiva e incapacitante.

    Palavras-chave : Ortopedia, Displasia de Anca, Doença Degenerativa Articular,Claudicação, Artroplastia

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    Abstract of Integrated Masters Degree in Veterinary Medicine“Hip Dysplasia in Dogs”

    This work is divided in two parts: the first concerns the activities performed on a 6

    month final internship in small animal studies, at the Faculty of Veterinary MedicineHospital; the second consists of the Masters Degree Thesis entitled “Hip Dysplasia inDogs”.Hip Dysplasia is a common orthopaedic disease in dogs, especially prevalent inmedium to large breeds, such as Labrador Retriever, German Shepherd andRottweiler. It is the first cause of degenerative joint disease, thus being a progressiveand debilitating disease.

    Key Words: Orthopaedics, Hip Dysplasia, Degenerative Joint Disease, Lameness,Arthroplasty

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    II – Índice Geral

    Parte I – RELATÓRIO DEESTÁGIO 1. Introdução ..................................................................................................... 22. Descrição das Actividades de Estágio .......................................................... 32.1. Patologia Médica ........................................................................................ 32.2. Patologia Cirúrgica ..................................................................................... 52.2.1. Cirurgia Geral .......................................................................................... 52.3. Medicina Preventiva ................................................................................... 63. Meios Complementares de Diagnóstico ........................................................ 74. Eutanásia ...................................................................................................... 85. Conclusão ..................................................................................................... 9

    Parte II – TESE DEMESTRADO: “DISPLASIA DEANCA EMCANÍDEOS”1 - Introdução .................................................................................................. 112 - Região Anatómica da Articulação Coxofemoral ......................................... 123 - Etiopatogenia ............................................................................................. 144 - Genética e Prevalência da Doença ............................................................ 165 - Diagnóstico ................................................................................................ 185.1 - Sinais e Sintomas Clínicos ...................................................................... 205.2 - Métodos Radiográficos ............................................................................ 215.2.1 - Posição Padronizada ........................................................................... 225.2.2 - Método de PennHip .............................................................................. 235.2.3 - Método do Bordo Acetabular Dorsal .................................................... 245.2.4 - Índice de Subluxação Dorsolateral ....................................................... 255.2.5 - Análise Comparativa ............................................................................ 266 - Classificação da Displasia de Anca ........................................................... 286.1 - Segundo a FCI ........................................................................................ 286.2 - Segundo a OFA ...................................................................................... 296.3 - Segundo a BVA/KC ................................................................................. 337 - Terapêutica ................................................................................................ 347.1 - Terapêutica Médica ................................................................................. 347.2 - Terapêutica Cirúrgica .............................................................................. 367.2.1 - Osteotomia Tripla Pélvica .................................................................... 367.2.2 - Sinfiodese Púbica ................................................................................. 37

    7.2.3 - Miotomia do Pectíneo ........................................................................... 377.2.4 - Artroplastia com Ressecção da Cabeça do Fémur .............................. 387.2.5 - Prótese Total de Anca .......................................................................... 388 - Casuística Avaliada .................................................................................... 408.1 - Discussão ................................................................................................ 418.2 - Caso Clínico ............................................................................................ 439 - Conclusão .................................................................................................. 4810 - Bibliografia ............................................................................................... 49

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    III – Índice de Tabelas e Gráficos

    Tabela 1 - Frequência (%) de casos por Área Clínica ...................................... 3Tabela 2 - Frequência (%) de casos de Patologia Médica por Espécie ............ 4Tabela 3 - Frequência (%) de casos de Patologia Cirúrgica por Área e

    Espécie ............................................................................................. 5Tabela 4 - Frequência (%) de casos de Cirurgia Geral por ÁreaCirúrgica e Espécie .......................................................................... 5

    Tabela 5 - Frequência (%) de actos médicos por Espécie ................................ 6Tabela 6 - Frequência (%) de requisição de Meios Complementares de

    Diagnóstico por Área e Espécie ....................................................... 7Tabela 7 - Frequência (%) de Eutanásia por Etiologia, Espécie e

    Nº Absoluto ....................................................................................... 8Tabela 8 - Classificação da Fédération Cynologique Internationale ............... 28Tabela 9 - Número Absoluto e Frequência (%) de casos de Displasia

    de Anca por Grau de Doença ......................................................... 40Tabela 10 - Resultados do Hemograma do “Enzo” ......................................... 44Tabela 11 - Resultados das Bioquímicas Sanguíneas do “Enzo” ................... 45

    Gráfico 1 - Frequência (%) de casos de Patologia Médica por Especialidade .. 4Gráfico 2 - Frequência (%) de casos de Cirurgia Geral por Área Cirúrgica ...... 6Gráfico 3 - Frequência (%) de requisição de Meios Complementares de

    Diagnóstico por Área e Espécie ...................................................... 7Gráfico 4 - Frequência (%) de casos de Displasia de Anca por Raça ............ 40Gráfico 5 - Distribuição de casos de Displasia de Anca por Raça e Sexo ..... 41Gráfico 6 - Distribuição do Peso por Grau de Displasia de Anca ................... 42Gráfico 7 - Distribuição da Idade por Grau de Displasia de Anca .................. 42

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    IV – Índice de Figuras

    Figura 1 - Articulação coxofemoral do canídeo .............................................. 12Figura 2 - Músculos da região pélvica, vista lateral esquerda ........................ 13Figura 3 - Teste de Ortolani em decúbito lateral ............................................. 18Figura 4 - Teste de Ortolani em decúbito dorsal ............................................. 19Figura 5 - Radiografia ventro-dorsal da articulação coxofemoral ................... 21Figura 6 - Exemplo da aplicação do cálculo do Ângulo deNorberg-Olsson ... 22Figura 7 - Método de PennHip ........................................................................ 23Figura 8 - Método do Bordo Acetabular Dorsal .............................................. 24Figura 9 - Posicionamento do animal para avaliação do Índice de Subluxação

    Dorsolateral .................................................................................... 25Figura 10 - Cálculo do Índice de Subluxação Dorsolateral ............................. 26Figura 11 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma

    articulação Grau 1 ........................................................................ 29Figura 12 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma

    articulação Grau 2 ........................................................................ 30Figura 13 - Esquema de uma articulação Grau 3 ........................................... 30Figura 14 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma

    articulação Grau 5 ........................................................................ 31Figura 15 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma

    articulação Grau 6 ........................................................................ 32Figura 16 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma

    articulação Grau 7 ........................................................................ 32Figura 17 - Esquema ilustrativo da Osteotomia Pélvica Tripla ....................... 36Figura 18 - Prótese Total de Anca .................................................................. 39Figura 19 - Prótese Não Cimentada ............................................................... 39Figuras 20 a 28 - Etapas cirúrgicas da Artroplastia com Ressecção

    da Cabeça do Fémur .................................................. 46 e 47

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    V – Índice de Abreviaturas

    BVA/KC - British Veterinary Association/Kennel ClubDA - Displasia de AncaDV - Dorso-ventralFCI - Fédération Cynologique InternationaleID - Índice de DistracçãoISD - Índice de Subluxação DorsolateralOFA - Orthopedic Foundation for AnimalsOTP - Osteotomia Tripla PélvicaTAC - Tomografia Axial ComputorizadaVD - Ventro-dorsalVRA - Valor Reprodutivo Aproximado

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    Parte I – Relatório deEstágio

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    1. Introdução

    O presente relatório tem como objectivo ilustrar de forma resumida as actividades deEstágio Final de Curso, desenvolvidas na área de Medicina e Cirurgia de Animais de

    Companhia e Exóticos, no Hospital Escolar da Faculdade de Medicina Veterinária,Universidade Técnica de Lisboa, sob orientação do Doutor José Sales Luís e co-orientação do Dr. Luís Miguel Carreira.

    Durante o estágio estive integrada num horário rotativo semanal, que contemplava 4grandes áreas: Patologia Médica, Patologia Cirúrgica, Imagiologia e Internamento.Em Patologia Médica, tive a oportunidade de assistir e participar activamente nas

    consultas de carácter geral e de especialidade (nomeadamente Ortopedia eTraumatologia e Dermatologia). No âmbito da Patologia Cirúrgica pudedesempenhar múltiplas tarefas, desde a preparação pré-cirúrgica do paciente(colocação de cateter, entubação endotraqueal), controlo e monitorização daanestesia, até à realização de procedimentos intra-cirúrgicos, principalmente comoajudante de cirurgião mas também como cirurgião principal, com a devidasupervisão (orquiectomias de canídeos e felídeos, suturas). Em Imagiologia assisti à

    execução das várias técnicas disponíveis no Hospital, a saber: Radiologia, Ecografiae Tomografia Axial Computorizada. No Internamento fui responsável peloacompanhamento da evolução clínica dos animas, administração da terapêuticaprescrita e alimentação/higiene dos animais.O contacto diário com uma panóplia de casos clínicos e cirúrgicos permitiu aconsolidação e ampliação dos conhecimentos académicos adquiridos durante aLicenciatura na Faculdade de Medicina Veterinária. O recurso a meios dediagnóstico complementar revelou-se de vital importância no estabelecimento de umdiagnóstico clínico definitivo.

    Os dados colhidos durante o estágio foram submetidos a tratamento estatístico,estando apresentados sob a forma percentual de Frequência Relativa, segundo asregras gerais de cálculos estatísticos (Petrie A, Watson P. 2006Statistics forVeterinary and Animal Science . 2ª ed. USA: Blackwell Publishing; p. 12-27).

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    2. Descrição das Actividades de Estágio

    A prática clínica de Medicina Veterinária compreende três grandes áreas: aPatologia Médica, a Patologia Cirúrgica e a Medicina Preventiva.

    A Patologia Cirúrgica foi a área clínica com maior expressão no desenrolar doestágio (Tabela 1). A predominância desta área deveu-se em primeiro lugar, arazões de preferência pessoal, às quais também não foi alheia a capacidade técnicaímpar da equipa cirúrgica e os recursos do Hospital Escolar.

    Tabela 1 - Frequência (%) de casos por Área Clínica

    Área Clínica FR (%)Patologia Médica 44,7

    Patologia Cirúrgica 51,8

    Medicina Preventiva 3,5

    TOTAL 100,0

    2.1. Patologia Médica

    Os dados referentes à Patologia Médica estão apresentados de acordo com asdiferentes áreas de actuação clínica, de forma a facilitar a sua consulta.As áreas consideradas foram: Cardiologia, Consulta Geral, Dermatologia, Doenças

    Infecciosas, Doenças Parasitárias, Endocrinologia, Estomatologia,Gastroenterologia, Neurologia, Oftalmologia, Oncologia, Ortopedia e Traumatologia,Otorrinolaringologia, Teriogenologia e Urologia.De entre as espécies observadas, os Canídeos são os mais representativos (Tabela2). Contudo, é de notar o aumento progressivo de consultas médicas a espéciesexóticas.

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    Tabela 2 - Frequência (%) de casos de Patologia Médica por Espécie

    Espécie FR (%)

    Canídeos 76,8

    Felídeos 20,7Aves 0,6Roedores 1,6Répteis 0,3

    TOTAL 100,0

    A área clínica com maior representação estatística em Patologia Médica foiOncologia, seguida pela Ortopedia e Traumatologia, Dermatologia e Teriogenologia(Gráfico 1).

    Gráfico 1 - Frequência (%) de casos de Patologia Médica por Especialidade

    2,9

    8,92,6

    3,1

    7,4

    1,11,9

    2,2

    9,2

    2,65,9

    3,7

    17,5

    21,8

    9,2

    Cardiologia

    Consulta Informativa

    DermatologiaDoenças Infecciosas

    Doenças Parasitárias

    Endocrinologia

    Estomatologia

    Gastroenterologia

    Neurologia

    Oftalmologia

    Oncologia

    Ortopedia e Traumatologia

    Otorrinolaringologia

    Teriogenologia

    Urologia

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    2.2. Patologia Cirúrgica

    Os dados referentes à Patologia Cirúrgica estão divididos de acordo com osdiferentes tipos de intervenção praticada, designadamente em Pequena Cirurgia,

    Cirurgia Geral e Ortopedia e Traumatologia.A área mais representada foi a Cirurgia Geral (Tabela 3) e os Canídeos foram aprincipal espécie alvo de intervenções cirúrgicas.

    Tabela 3 - Frequência (%) de casos de Patologia Cirúrgica por Área e EspécieFR (%) por EspécieÁrea Cirúrgica FR(%) Canídeo Felídeo Outra

    Pequena Cirurgia 3,2 10,0 90,0 -

    Cirurgia Geral 80,6 65,4 33,8 0,8Ortopedia e Traumatologia 16,2 86,3 13,7 -

    TOTAL 100,0 68,4 31,1 0,5

    2.2.1. Cirurgia Geral

    De acordo com as diferentes áreas de actuação cirúrgica, foram consideradas asseguintes divisões: Estomatologia e Odontologia, Gastroenterologia, Oftalmologia,Otorrinolaringologia, Pele, Sistema Muscular, Teriogenologia e Urologia. A área commaior expressão foi Teriogenologia (Tabela 4, Gráfico 2).

    Tabela 4 - Frequência (%) de casos de Cirurgia Geral por Área Cirúrgica e EspécieFR (%) por EspécieÁrea Cirúrgica FR(%)

    Canídeo Felídeo OutraEstomatologia e Odontologia 10,6 63,0 37,0 -Gastroenterologia 3,9 100,0 - -Oftalmologia 7,9 85,0 15,0 -Otorrinolaringologia 3,9 50,0 40,0 10,0φ Pele 11,0 82,1 14,3 3,6φ Sistema Muscular 3,9 90,0 10,0 -Teriogenologia 56,3 57,3 42,7 -Urologia 2,5 50,0 50,0 -

    TOTAL 100,0 65,4 33,8 0,8Φ

    - Hamster

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    Gráfico 2 - Frequência (%) de casos de Cirurgia Geral por Área Cirúrgica

    56,3

    3,9

    11,0

    3,9

    7,9

    3,9

    10,62,5Estomatologia e Odontologia

    Gastroenterologia

    Oftalmologia

    Otorrinolaringologia

    Pele

    Sistema Muscular

    Teriogenologia

    Urologia

    2.3. Medicina Preventiva

    A Imunização Activa constituiu o principal acto médico realizado em Medicina

    Preventiva (Tabela 5). A Desparasitação e Identificação Electrónica foram tambéminseridas nesta área.

    Tabela 5 - Frequência (%) de actos médicos por EspécieFR (%) por

    EspécieActo Médico FR(%) Canídeo FelídeoDesparasitação Interna 21,1 37,5 62,5Identificação Electrónica 5,2 100,0 -Imunização Activa 73,7 75,0 25,0

    TOTAL 100,0 75,0 25,0

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    3. Meios Complementares de Diagnóstico

    Os Meios Complementares de Diagnóstico constituem um valioso e indispensávelinstrumento de trabalho para o Médico Veterinário. Contudo, a sua utilização deve

    seguir critérios lógicos e ponderados.As Análises Laboratoriais e a Imagiologia foram os exames com maior número derequisições (Tabela 6, Gráfico 3).

    Tabela 6 - Frequência (%) de requisição de Meios Complementares de Diagnóstico por Áreae Espécie

    FR (%) por EspécieÁrea de Diagnóstico

    FR(%) Canídeo Felídeo Outra

    Análises Laboratoriais 59,6 66,2 33,8 -Anatomopatologia 10,0 70,0 30,0 -Imagiologia 24,4 77,5 21,3 1,2Outros Exames 6,0 89,8 8,5 1,7

    TOTAL 100,0 71,7 27,9 0,4

    Gráfico 3 - Frequência (%) de requisição de Meios Complementares de Diagnóstico porÁrea e Espécie

    10,0

    24,4

    6,0

    59,6

    Análises Laboratoriais Anatomopatologia Imagiologia Outros Exames

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    4. Eutanásia

    A Eutanásia traduz o acto médico associado ao terminus da vida do doente, quandose esgotam todas as possibilidades terapêuticas e existe perda de qualidade de

    vida. No decorrer do estágio foram observadas 10 eutanásias (Tabela 7).

    Tabela 7 - Frequência (%) de Eutanásia por Etiologia, Espécie e Nº Absoluto

    FR (%) porEspécieEtiologia NºAbsoluto

    Canídeo Felídeo

    Hepatopatia de Origem Desconhecida 1 100,0 -Insuficiência Cardíaca com Edema Pulmonar 1 100,0 -Insuficiência Hepática com Necrose Pancreáticae Renal 1 - 100,0

    Leishmaniose, Anemia e Tumor Prostático 1 100,0 -Neoplasia Pulmonar associada a Derrame Pleural 1 100,0 -Metástases Pulmonares de Neoplasia Mamária 2 50,0 50,0Metástases Pulmonares de OrigemIndeterminada (possivelmente Melanoma) 1 100,0 -

    Pancreatite Aguda 1 - 100,0Shunt Porto-Sistémico com Hipertensão Portal eHipertrofia Concêntrica Ventricular Esquerda 1 - 100,0

    TOTAL 10 60,0 40,0

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    5. Considerações Finais

    Ao longo deste trabalho constata-se a importância da Patologia Cirúrgica na práticaclínica, mais concretamente na resolução definitiva de muitas entidades

    diagnosticadas em Patologia Médica.A utilização de Meios Complementares de Diagnóstico presta um importante auxílioao Médico Veterinário no estabelecimento de um diagnóstico acurado.

    A realização deste estágio foi uma experiência muito enriquecedora e abrangente,tendo permitido a consolidação de conhecimentos teóricos e a aquisição decompetências técnicas fundamentais.

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    1 - Introdução

    A Displasia de Anca (DA) é uma doença hereditária de carácter multifactorial, emque factores genéticos e ambientais contribuem em conjunto para a expressão do

    fenótipo do animal. A doença foi descrita pela primeira vez em 1935 por Schnellecomo Subluxação Bilateral Congénita da Articulação Coxofemoral, sendoconsiderada na altura uma afecção rara.Sabe-se actualmente que é uma doença ortopédica prevalente em canídeos,sobretudo de raças médias e grandes, como o Pastor Alemão, Golden Retriever,Labrador Retriever, Rottweiler e Setter Inglês. Estão também descritos casos emfelídeos23 e até ovinos,28 embora a incidência seja muito menor. Nos felídeos

    também se observa uma maior predisposição em determinadas raças,nomeadamente Maine coon, Siamês e Persa, embora nestes a doença pareça estarassociada a uma menor profundidade acetabular, a um peso corporal elevado e aalterações degenerativas com localização diferente.A DA é uma doença do desenvolvimento/crescimento do animal, ou seja, ànascença estes apresentam uma articulação normal. Contudo, a existência defactores predisponentes vai induzir uma laxidão articular elevada, a qual

    posteriormente desencadeará uma menor congruência articular, luxação ealterações degenerativas articulares.O diagnóstico definitivo é feito com base na anamnese colhida, nos sinais clínicosexpressos pelo doente e avaliação radiográfica da articulação coxofemoral.O seu maneio passa pela utilização de terapêutica médica (baseada na aplicação deum regime alimentar cuidado, exercício físico controlado, fisioterapia, prescrição deanti-inflamatórios não esteróides para o controlo da dor e administração denutracêuticos ou condroprotectores) e de terapêutica cirúrgica (que contempla duasgrandes abordagens: a curativa - Osteotomia Pélvica Tripla e Sinfiodese PúbicaJuvenil; e a paliativa - Artroplastia com Ressecção da Cabeça do Fémur e PróteseTotal de Anca).

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    2 - Região Anatómica da Articulação Coxofemoral

    O conhecimento de noções básicas de Anatomia revela-se fundamental para acompreensão da fisiopatogenia da doença, meios de diagnóstico desenvolvidos para

    o seu estudo e tratamentos cirúrgicos propostos.A articulação coxofemoral (Figura 1) é constituída pelo acetábulo, pela cabeça dofémur e pelos músculos e ligamentos associados a estas estruturas.10,24,45 O acetábulo é uma cavidade cotilóide, formado através da união dos três ossos dahemipélvis: o ísquio, o íleo e o púbis.

    Figura 1 - Articulação coxofemoral do canídeo, adaptado de Ruberte J, et al. (1999)Atlas de

    Anatomía del Perro y del Gato . Espanha: Friskies; p. 82.

    O fémur é o maior de todos os ossos longos. Apresenta um colo bem definido e umcorpo regularmente cilíndrico, com excepção das extremidades, onde é mais largo ecomprimido craniocaudalmente (côndilos). A cabeça do fémur é uma estruturahemisférica coberta por cartilagem hialina que se articula com o acetábulo porintermédio do ligamento redondo, localizado numa fóvea caudomedial ao seu centro(fovea capitis).Os ligamentos associados à articulação coxofemoral são: o iliofemoral e oisquiofemoral, responsáveis respectivamente pelo reforço cranial e caudal dacápsula articular, e o ligamento redondo, já referido.

    1 - Corpo do Íleo2 - Ramo do Púbis3 - Corpo do Ísquio4 - Bordo Acetabular5 - Forâmen Obturador6 - Ligamento Redondo7 - Fossa Acetabular8 - Colo do Fémur 9 - Cabeça do Fémur

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    Os músculos da articulação coxofemoral são responsáveis pelo suporte eestabilidade da articulação, assegurando a locomoção dentro de parâmetrosnormais (Figura 2). Em Anatomia biomecânica consideram-se quatro classesfuncionais de músculos nesta região: os Flexores (Sartório, Tensor da Fáscia Lata,

    Recto Femoral, Iliopsoas e o Articular da Coxa; Extensores (Glúteo superficial,Glúteo médio, Glúteo profundo, Quadrado Femoral, Bíceps Femoral, Semitendinoso,Semimembranoso, Piriforme, Grácil e o Adutor); Abdutores (Glúteos e BícepsFemoral); e Adutores (Semimembranoso, Sartório, Grácil, Quadrado Femoral eObturador Externo).A rotação externa é assegurada pelos músculos Obturadores Interno e Externo,Gémeos (cranial e caudal), Quadrado Femoral e Iliopsoas; e a rotação interna pelos

    Glúteos e Tensor da Fáscia Lata.

    Figura 2 - Músculos da região pélvica, vista lateral esquerda, adaptado de Ruberte J, et al.(1999)Atlas de Anatomía del Perro y del Gato . Espanha: Friskies; p. 83.

    1 – M. Glúteo Médio2 – M. Glúteo Superficial3 – M. Sartório (porção cranial)4 – M. Tensor da Fáscia Lata5 – Tuberosidade Isquiática6 – M. Bíceps Femoral7 – M. Semitendinoso

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    3 - Etiopatogenia

    A laxidão e instabilidade articular são hoje consideradas as principais característicasda Displasia de Anca na fase inicial da doença, sendo que estas posteriormente

    desencadeiam o aparecimento de alterações degenerativas articulares.30 São vários os factores que contribuem para a estabilidade articular, nomeadamente:a conformação da articulação, integridade das estruturas envolventes (músculos,ligamento redondo, cápsula articular e líquido sinovial) e as forças biomecânicas queactuam na região e são influenciadas pelo peso do animal.Em animais com DA observa-se um atraso na ossificação da articulação,54 bemcomo uma alteração da composição do teor em colagénio da cápsula articular (maior

    quantidade de colagénio tipo III em relação ao tipo I) associada a proliferação desinoviócitos, perda de condrócitos, diminuição do teor de proteoglicanos, infiltraçãopor linfócitos e células mononucleadas e edema intersticial.32,35 A análise do líquido sinovial revela igualmente um aumento significativo decitoquinas e mediadores inflamatórios, nomeadamente interleucina-1, interleucina-6,factor de necrose tumoral, metaloproteinase e glicosaminoglicano sulfatado,responsáveis pela destruição da cartilagem articular e remodelação óssea.8

    A acção de hormonas veiculadas pelo leite materno - como a relaxina, o estrogénioe seus precursores - parecem também influenciar a estrutura e metabolismo dacápsula articular e ligamentos, especialmente em animais geneticamentesusceptíveis.29 O bom desenvolvimento muscular é de vital importância para a integridade eestabilidade da articulação, já que é na fase de crescimento que esta se encontramais vulnerável a alterações. Em canídeos com DA constata-se a hipotrofia dosmúsculos da região pélvica a par de alterações patológicas e funcionais musculares.O Pectíneo, Sartório, Iliopsoas, Recto Femoral, Adutor, Grácil, Glúteo médio,Semimembranoso e Quadrado Femoral são os músculos afectados em PastoresAlemães.2 É possível que o tipo e número de músculos afectados variem consoantea raça considerada.O factor ambiental mais importante na expressão da DA é o regime alimentar que aoser inadequado é conducente a um crescimento rápido e a excesso de peso,resultando numa maior precocidade e severidade dos sinais e sintomas clínicos,assim como das alterações radiográficas associadas à osteoartrose.15,20-22,51

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    O mecanismo responsável por esta interacção é ainda desconhecido, mas:1) Quanto mais rápido for o crescimento menor será a capacidade de adaptação doanimal e maior será o desfasamento entre o desenvolvimento ósseo e muscular;2) Quanto maior for o peso a actuar na articulação maior será o esforço mecânico

    envolvido na funcionalidade da articulação.O tipo e a frequência de exercício são também factores ambientais importantes parao desenvolvimento e progressão da doença articular. A este respeito seráinteressante mencionar a relação entre o mês de nascimento do doente e o posterioraparecimento de DA.13,59 Em estudos realizados no Reino Unido e na Noruegaverificou-se que canídeos nascidos nos meses correspondentes ao Verão e Outonotêm uma menor incidência da doença, residindo a explicação para este fenómeno no

    facto das oportunidades para a prática de exercício regular serem maiores nestasépocas que no Inverno e na Primavera, devido às condições climatéricas favoráveis,resultando num maior desenvolvimento muscular do animal. Este efeito foi verificadonos Gordon Setter e Labrador Retriever, mas não nas raças Golden Retriever ePastor Alemão, que parecem não ser influenciadas (os autores atribuíram estesresultados a diferenças de conformação e maior vivacidade das raças afectadas).

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    4 - Genética e Prevalência da Doença

    A DA é uma doença ortopédica com determinismo genético. Contudo, o seu modode transmissão entre gerações não está ainda bem esclarecido, pensando-se que

    haja o envolvimento de múltiplos genes em diferentes locais do genoma, a actuaremconjuntamente na expressão da mesma (teoria poligénica). Alguns autoresespeculam ainda da existência de um ou mais genes designados genes Major, quese caracterizam por apresentarem uma maior contribuição para o fenótipo dodoente.25 A real prevalência da DA é desconhecida e os ensaios científicos disponíveisenglobam apenas parte da população, pelo que representam estimativas

    aproximadas.38,43

    Assim, no Golden Retriever a prevalência varia entre 30,3% e73,0%; no Pastor Alemão ronda os 32,9%; no Labrador Retriever é de 27,4% e noRottweiler varia entre 35,4% e 69,0%. A Orthopedic Foundation for Animals (OFA),autoridade mundial no diagnóstico e classificação oficial da doença, apresenta osseguintes valores para as raças mencionadas: 20,1%, 19,0%, 12,2% e 20,5%,respectivamente.36 A discrepância observada resulta de vários factores como: a escolha da população

    alvo (uma só raça ou várias, animais de uma região ou de um país), concepção doestudo (atribuição do limiar entre animais normais/displásticos, quais os parâmetrosavaliados e a sua relevância), testagem aleatória dos animais e escolha do métodoestatístico. Salienta-se ainda que os valores da OFA são sub-representativos daprevalência nos Estados Unidos da América. Uma vez que a submissão deradiografias para classificação é voluntária, animais com manifestação evidente deDA não chegam a integrar a base de dados.38 Este fenómeno é designadoprescreening das radiografias.Nas últimas décadas têm-se desenvolvido inúmeros esforços no sentido daerradicação da DA.14,18,41 Mas na impossibilidade de identificar os genesresponsáveis pela doença, a avaliação do fenótipo é utilizada como factor decisivona selecção dos animais.A Heritabilidade (h2) é o parâmetro estatístico que quantifica a variação do fenótipoatribuível à acção dos genes do animal, ou seja, a fidelidade do fenótipo expressar ogenótipo. Varia entre 0 (influência exclusiva de factores ambientais) e 1 (influênciaexclusiva do genótipo).

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    Os valores de heritabilidade encontrados na literatura científica referem-se àavaliação radiográfica do animal (Posição Clássica e Índice de Distracção):

    Labrador Retriever – 0,3458

    Pastor Alemão – 0,2612

    e 0,3526

    Rottweiler – 0,5833

    A selecção genética tem sido feita tradicionalmente com base no fenótipo individualdo animal (“selecção em massa”), contudo vários estudos confirmam a influência dosprogenitores na conformação da sua descendência.42,61 Assim, o conhecimento da classificação dos progenitores e familiares próximos

    (irmãos da mesma ninhada, por exemplo) permite calcular um Valor ReprodutivoAproximado (VRA) para cada animal e planear um programa deselecção/reprodução em que são utilizados apenas animais com uma conformaçãode anca excelente/boa. Esta é a tendência actual nas várias organizações decriadores, embora nem sempre seja possível calcular VRAs para todos os animaisde uma mesma linhagem (devido a factores económicos, venda e morte de animais).Além disso, é de salientar que um determinado criador pode escolher parareprodução um animal com conformação intermédia possuidor de outrascaracterísticas desejáveis, como boa performance desportiva ou bomtemperamento, atrasando desta forma a progressão genética.A cooperação entre todos os intervenientes - médicos veterinários, criadores eproprietários - é portanto fundamental para o controlo da DA.

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    5 - Diagnóstico

    O diagnóstico de DA é feito geralmente com base na história pregressa, exameclínico e avaliação radiográfica da articulação coxofemoral.

    Os métodos de palpação que permitem avaliar a laxidão articular da regiãocoxofemoral, como o Teste de Ortolani, Bardens e Barlow, dependem da experiênciado clínico e ainda de factores intrínsecos ao animal, nomeadamente a integridade doligamento redondo, espessura da cápsula articular, integridade do bordo acetabulardorsal e a tensão muscular existente.O Teste de Ortolani permite avaliar o grau de luxação articular em animais jovens,que se traduz num movimento anormal da cabeça do fémur em relação ao

    acetábulo. É realizado com o doente em decúbito lateral ou dorsal (Figuras 3 e 4),sendo o sinal de Ortolani positivo na presença de um som audível (tipo “click”)durante estas manobras.

    Figura 3 - Teste de Ortolani em decúbito lateral, in Slatter D. (2003)Textbook of SmallAnimal Surgery . 3ª ed. USA: Saunders; p. 2021.

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    Figura 4 - Teste de Ortolani em decúbito dorsal. (A,B) Luxação da cabeça femoral. (C,D)Sinal de Ortolani negativo (in Corr S. 2007 Hip dysplasia in dogs: treatment options and

    decision making.In Pract ;29(2):68)

    Recentemente, têm sido empregues ou desenvolvidas outras técnicas para o

    diagnóstico de DA, como a Tomografia Axial Computorizada (TAC), Ultrasonografia,Ressonância Magnética, Avaliação Estática das forças de pressão e GenéticaMolecular. No entanto, estes métodos são pouco utilizados na prática clínica(principalmente por questões económicas), não existindo ainda estudos suficientesque permitam validar a sua utilidade diagnóstica.

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    5.1 - Sinais e Sintomas Clínicos

    Em termos clínicos é possível dividir os doentes em duas classes funcionais:

    1) Animais jovens até um ou dois anos de idade, cujos sinais e sintomas estãorelacionados principalmente com a laxidão articular;34 2) Animais adultos com mais de dois anos, cujos sinais e sintomas são resultantesde alterações degenerativas articulares e osteoartrose.44

    No primeiro grupo a sintomatologia observada inclui: claudicação súbita (geralmenteunilateral e intermitente), dor, intolerância ao exercício, dificuldade em se levantar

    após repouso, relutância em correr ou subir escadas, redução do grau e amplitudede movimentos articulares, marcha “ondulante” e “tipo coelho”, menordesenvolvimento da musculatura pélvica, hipertrofia da musculatura dos membrostorácicos (tentativa de compensação, nem sempre presente), crepitação daarticulação e sinal de Ortolani positivo.No segundo grupo a sintomatologia mais comum inclui claudicação progressiva,dificuldade em erguer, dor na manipulação da articulação, menor ângulo de abertura

    dos membros posteriores, rigidez de andamento e atrofia da musculatura pélvica.Muitos destes sinais e sintomas clínicos são interpretados pelos donos comoconsequência natural do envelhecimento até que se tornem graves ou recorrentes.A realização de um exame físico rigoroso e abrangente (avaliação ortopédica eneurológica do paciente) é essencial para descartar a existência de outras doençascom manifestação clínica semelhante. Assim, nos animais jovens é de considerar aOsteodistrofia Hipertrófica, Panosteíte, Osteocondrose, Fracturas ósseas e Rupturado Ligamento Cruzado Cranial. Nos animais adultos a Hérnia Discal, MielopatiaDegenerativa, Poliartrite, Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial e Neoplasia ósseasão diagnósticos diferenciais a ter em conta (32% dos canídeos com claudicaçãopreviamente atribuída a DA, apresentavam na realidade Ruptura do LigamentoCruzado Cranial).40 A correcta avaliação do doente e a consideração dos possíveis diagnósticosdiferenciais é portanto fundamental, especialmente nos casos em que a DA estápresente mas não é a causa primária dos sintomas apresentados.

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    5.2 - Métodos Radiográficos

    A avaliação radiográfica do doente possibilita estabelecer um diagnóstico definitivo eclassificar o grau de DA presente.53 Contudo, é de assinalar que os achados

    radiográficos não têm correlação directa com os sinais clínicos apresentados.O posicionamento, grau de sedação/anestesia, idade do animal (maior probabilidadedeste vir a desenvolver alterações articulares à medida que envelhece)27,60 e técnicade revelação da película são factores que podem alterar a qualidade radiográfica einfluenciar a sua classificação posterior.

    Figura 5 - Radiografia ventro-dorsal da articulação coxofemoral, in König HE, et al. (2002)

    Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e atlas colorido . 1ª ed. Brasil: Artmed; p. 212.

    Os principais critérios avaliados numa radiografia para despiste de DA são a

    subluxação/luxação articular e sinais radiográficos de osteoartrose, que incluem:

    Esclerose subcondral do bordo acetabular Presença de osteófitos Remodelação e aplanamento da cabeça e colo femoral Linha de “Morgan” Menor profundidade acetabular

    Aumento da densidade dos tecidos moles periarticulares Remodelação óssea

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    Foram consideradas quatro técnicas ou métodos radiográficos de despistagem deDA: Posição Padronizada, Método de PennHip, Método do Bordo Acetabular Dorsale Índice de Subluxação Dorsolateral.

    5.2.1 - Posição Padronizada

    O doente é posicionado em decúbito dorsal (projecção VD), com os membrospélvicos em extensão máxima, paralelos entre si e em relação à coluna vertebral. Os joelhos são rodados internamente, de forma a sobrepor a rótula no centro do sulco

    troclear. A anca deve estar paralela à superfície da mesa de raios-X e os membrostorácicos em extensão cranial. O feixe de raios-X deve incidir no centro daarticulação coxofemoral e abranger toda a região da pélvis até aos joelhos.O ângulo de Norberg-Olsson é o parâmetro radiográfico que permite avaliar o graude laxidão articular do doente radiografado na Posição Padronizada. Resulta dalinha de união entre o centro da cabeça do fémur nos dois membros pélvicos e alinha que cruza o bordo cranial do acetábulo (Figura 6). Uma articulação com ângulo

    maior ou igual a 105º enquadra-se dentro dos parâmetros normais.

    Figura 6 - Exemplo da aplicação do cálculo do Ângulo deNorberg-Olsson (esquemagentilmente cedido pelo Dr. Miguel Carreira)

    Este é o método utilizado pela Orthopedic Foundation for Animals (OFA), pela

    Fédération Cynologique Internationale (FCI) e pela British VeterinaryAssociation/Kennel Club (BVA/KC).

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    5.2.2 - Método de PennHip

    Desenvolvido na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América, combase em medições biomecânicas e observações anatómicas post-mortem, consiste

    na obtenção de radiografias em três posições diferentes: a Posição Padronizada (jádescrita); a Posição de Compressão e a Posição de Distracção.16,46,49,55 Na Posição de Compressão o doente é posicionado em decúbito dorsal (projecçãoVD). Os joelhos são sujeitados a uma flexão aproximada de 90º, enquanto a anca émantida numa posição “neutra” de flexão/extensão e abdução/adução. As tíbiasdevem estar paralelas entre si e em relação à mesa de raios-X. É aplicada umapequena força compressiva, com orientação medial, de forma a estabelecer máxima

    congruência entre a cabeça do fémur e o acetábulo (Figura 7A). Esta técnica permiteidentificar pontos de referência anatómicos para o cálculo posterior do Índice deDistracção.Na Posição de Distracção o paciente é posicionado de forma semelhante à anterior,mas é colocado entre os membros pélvicos um distractor próprio, que actua comoalavanca quando se exerce pressão medial ao nível dos joelhos, provocando adeslocação lateral da cabeça do fémur em relação ao acetábulo (Figura 7B).

    Figura 7 - Método de Penn Hipp. A) Posição de Compressão, B) Posição de Distracção (inSmith GK, et al. 1990 New concepts of coxofemoral joint stability and the development of aclinical stress-radiographic method for quantitating hip joint laxity in the dog.J Am Vet Med

    Assoc ;196(1):61)

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    Esta posição permite fazer o cálculo do Índice de Distracção (ID), o qual avalia alaxidão passiva da articulação. O ID varia entre 0 (congruência articular máxima) e 1(laxidão articular máxima).

    5.2.3 - Método do Bordo Acetabular Dorsal

    O doente é posicionado em decúbito esternal (projecção DV), com os membrosposteriores em extensão cranial e paralelos ao corpo (Figura 8A). Os calcâneos sãocolocados 10 cm acima da mesa de raios-X, de forma a promover a rotação e

    simetria da pélvis. As tíbias são mantidas num ângulo de 120º em relação ao fémur,tendo o cuidado de evitar a sobreposição dos trocânteres sobre o bordo acetabulardorsal.56

    Figura 8 - Método do Bordo Acetabular Dorsal. A) Posicionamento do animal, B) Imagemradiográfica, C) Medição do ângulo (in Vezzoni A, et al. 2005 Early diagnosis of canine hip

    dysplasia.Eur J Comp Anim Pract ;15(2):177)

    O ângulo do Bordo Acetabular Dorsal representa o plano de inclinação da margemacetabular dorsal em relação a uma linha perpendicular ao eixo da pélvis (Figura

    8C). Em canídeos normais, esta inclinação é menor ou igual a 7,5º.Permite determinar a inclinação do acetábulo e avaliar a integridade do bordoacetabular (presença de osteófitos, microfracturas e esclerose óssea), sendotambém útil na avaliação do paciente candidato à realização de Osteotomia TriplaPélvica (OTP).

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    5.2.4 - Índice de Subluxação Dorsolateral

    O paciente é posicionado em decúbito esternal (projecção DV), sobre um molde deborracha padronizado, com os joelhos em flexão e adução simultânea e os fémures

    sensivelmente perpendiculares à mesa de raios-X (Figura 9).6

    Figura 9 - Posicionamento do animal para avaliação do Índice de Subluxação Dorsolateral.(in Farese JP, et al. 1998 Dorsolateral Subluxation of Hip Joints in Dogs Measured in a

    Weight-Bearing Position With Radiography and Computed Tomography.Vet Surg ;27(5):395)

    A imagem radiográfica padrão deve incluir por um lado a sobreposição da diáfise

    distal do fémur no forámen obturador, e por outro a sobreposição do ísquio nocôndilo femoral distal.Esta posição pretende simular o esforço mecânico que ocorre quando o animal estáem estação.O Índice de Subluxação Dorsolateral (ISD) permite avaliar o grau de subluxaçãofuncional e corresponde à percentagem da cabeça do fémur medial ao bordoacetabular cranial (Figura 10).

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    durante a duração do estudo (para valores de ID elevados - acima de 0,7 - aprobabilidade é sempre muito alta). Estes animais foram considerados pelos autoressusceptíveis à DA, ou seja, portadores de genótipo anormal embora sem apresentaralterações fenotípicas, devendo tanto quanto possível ser excluídos de programas

    de reprodução e selecção genética.Adicionalmente, a susceptibilidade à doença e subsequente manifestação dealterações articulares é variável consoante as raças consideradas. Para valoresidênticos de ID, o Pastor Alemão apresenta um risco acrescido (5 a 6 vezes maior),comparado com o Golden Retriever, Labrador Retriever e Rottweiler. Este resultadofoi atribuído a diferenças posturais e de conformação corporal (menor massamuscular).

    Foi observado um grau de correlação significativo entre o ID e o Índice deSubluxação Dorsolateral (ISD), embora este último avalie uma componente diferentede instabilidade articular - a subluxação funcional, que está intimamente relacionadacom a conformação da articulação. Quanto maior o valor do ISD, maior é a coberturaacetabular da cabeça do fémur e menor a probabilidade do animal vir a desenvolverosteoartrose (para valores abaixo dos 40% a probabilidade é elevada mas paravalores acima dos 60% o animal é considerado não susceptível).7 As vantagens avançadas pelos autores em relação ao método PennHip e ao IDincluem: facilidade de execução, realização de apenas uma radiografia e presençade um só operador durante a execução da técnica.31

    Na generalidade, parece ser consensual a necessidade e benefício da utilizaçãoconjunta de dois ou mais métodos radiográficos no diagnóstico de DA. Contudo, éseriamente recomendável a testagem mais abrangente e independente dospressupostos enunciados por cada técnica (principalmente o ISD, pois é ainda muitorecente).

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    6 - Classificação da Displasia de Anca

    A nível mundial existem três esquemas principais de classificação, propostos pelasseguintes organizações:

    Fédération Cynologique Internationale (FCI), na Suíça; Orthopedic Foundation for Animals (OFA), nos Estados Unidos da América; British Veterinary Association/Kennel Club (BVA/KC), na Inglaterra.

    6.1 - Segundo a FCI

    A classificação da Fédération Cynologique Internationale (FCI) contempla 5 grausdiferentes (Tabela 8). Este é o esquema implementado em Portugal.

    Tabela 8 - Classificação da Fédération Cynologique Internationale

    GRAU CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS

    A ExcelenteConformação superior, Congruência articular perfeita,Espaço inter-articular estreito e uniforme, ÂnguloNorberg-Olsson ≥ 105º.

    B Bom Conformação normal para a raça e idade, ÂnguloNorberg-Olsson entre 100 e 105º.

    C Displasia LevePresença de subluxação, Incongruência articularligeira, Aplanamento ligeiro da cabeça do fémur,Alterações de osteoartrose ligeiras, Ângulo deNorberg- Olsson =100º.

    D Displasia ModeradaSubluxação significativa, Incongruência articularevidente, Aplanamento da cabeça do fémur,Aplanamento do acetábulo, Presença de escleroseóssea e osteófitos, Ângulo deNorberg-Olsson entre 90e 100º.

    E Displasia Grave

    Luxação completa, Aplanamento e deformação dacabeça do fémur, Aplanamento acentuado doacetábulo, Alterações de osteoartrose na cabeça e colodo fémur (presença de esclerose óssea e osteófitos),Ângulo deNorberg-Olsson

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    6.2 - Segundo a OFA

    A Orthopedic Foundation for Animals (OFA) estabeleceu 7 graus de variaçãofenotípica, a saber: 3 graus normais (Excelente, Bom e Aceitável), 1 grau duvidoso

    ou de transição e 3 graus de DA (Leve, Moderada e Grave).37 A avaliação oficial é realizada aos 24 meses de idade (em animais mais jovens éemitida uma classificação provisória), à semelhança da FCI.

    Grau 1 - Excelente

    Conformação superior em comparação com animais da mesma raça e idade.A congruência articular é perfeita e a cobertura acetabular da cabeça do fémur équase completa (Figura 11).

    Figura 11 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma articulação Grau 1 (adaptadode http://www.offa.org/hipgrade.html)

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    Grau 2 - Bom

    Conformação normal para a raça e idade do animal (Figura 12).

    Figura 12 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma articulação Grau 2 (adaptadode http://www.offa.org/hipgrade.html)

    Grau 3 - Aceitável

    Presença de algumas irregularidades, nomeadamente na conformação acetabular,mas dentro dos parâmetros radiográficos normais (Figura 13).

    Figura 13 - Esquema de uma articulação Grau 3 (adaptado dehttp://www.offa.org/hipgrade.html)

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    Grau 4 - Duvidoso

    Não existe consenso entre os radiologistas quanto à inclusão do animal na categoria

    normal (Aceitável) ou displástica (Leve). Existe algum grau de incongruênciaarticular, mas não se observam alterações degenerativas características de DA.Nestes casos é aconselhada a repetição da radiografia 6 a 8 meses depois.

    Grau 5 - Displasia Leve

    Presença de subluxação com incongruência articular moderada. Ligeiroaplanamento do acetábulo. Não se observam alterações degenerativas articulares(Figura 14).

    Figura 14 - Imagem radiográfica (original) e esquema de uma articulação Grau 5 (adaptadode http://www.offa.org/hipgrade.html)

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    6.3 - Segundo a BVA/KC

    O esquema de classificação da BVA/KC baseia-se na avaliação de 9 característicasradiográficas:11,57

    Ângulo de Norberg Grau de Subluxação Bordo Acetabular Cranial Bordo Acetabular Dorsal Rebordo Acetabular Cranial Efectivo Fossa Acetabular

    Bordo Acetabular Caudal Exostoses ao nível da cabeça e colo do Fémur Contorno da cabeça do Fémur

    É atribuída uma pontuação numérica entre 0 (ideal) e 6 (pior conformação) a cadacomponente, à excepção do Bordo Acetabular Caudal que é classificado entre 0 e 5.Pontuações mais altas reflectem um maior grau de alteração radiográfica. Cada

    articulação (esquerda e direita) é avaliada separadamente, sendo que valores acimados 10 pontos são considerados indicativos de forte instabilidade articular oupresença de alterações degenerativas articulares evidentes (até um valor máximo de53 pontos).Este sistema de classificação é potencialmente mais objectivo que os anteriores,pelo facto de requerer a atribuição de uma pontuação numérica a um conjunto deestruturas anatómicas de referência.

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    7 - Terapêutica

    A terapêutica da DA tem por objectivo melhorar a qualidade de vida do doente erecuperar a função articular.

    A escolha do tipo de terapêutica a aplicar - médica ou cirúrgica - deve considerar osseguintes factores: idade e temperamento do animal, severidade dos sintomasclínicos, sinais radiográficos, presença concomitante de outras doenças, capacidadefinanceira e expectativas dos donos quanto à performance futura do animal.

    7.1 - Terapêutica Médica

    A Terapêutica Médica abrange cinco grandes componentes: controlo da dor, maneioalimentar para controlo de peso, fisioterapia, moderação do exercício físico eadministração de condroprotectores.4,17 Está indicada em pacientes com episódiosde dor intermitente ou moderada, pacientes geriátricos com reduzida actividadefísica, em casos de restrição financeira dos donos e em pacientes submetidos a

    intervenção cirúrgica (antes e depois), como terapêutica complementar.Os anti-inflamatórios não esteróides (AINE’s) são os fármacos de eleição no controloda dor, actuando ao nível da síntese e libertação de prostaglandinas associadas aoprocesso inflamatório. Os mais utilizados na prática clínica incluem o Ácidoacetilsalicílico (Aspirina® ) e o Carprofeno (Rimadyl® ). A utilização de corticosteróidesé controversa, já que apesar de reduzirem a inflamação prejudicam a formação decolagénio e proteoglicanos da cartilagem articular.

    O maneio alimentar é fundamental. A sobrenutrição conducente a um crescimentorápido e excesso de peso aumenta a probabilidade da expressão fenotípica dadoença e em animais com osteoartrose está associada a uma maior frequência egravidade dos sinais e sintomas clínicos. Deverá ser adoptado um regime alimentarequilibrado quanto ao teor de energia e cálcio, principalmente durante a fase decrescimento. É também recomendável a perda de peso em animais obesos e amanutenção da condição corporal dentro de parâmetros normais.A fisioterapia e exercício físico moderado contribuem para o controlo de peso,desenvolvimento muscular e flexibilidade articular. O nível de exercício deve seradequado a cada caso e não provocar desconforto ao paciente. Actividade física

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    intermitente, forçada ou de alto impacto, como correr ou saltar, deve serdesencorajada, sendo antes aconselhável a prática regular de exercício de baixoimpacto, nomeadamente passeios com trela, natação, comandos sequenciais esubida de escadas ou planos inclinados.

    A administração de nutracêuticos ou condroprotectores promove o aumento dasíntese de precursores articulares, diminuição da inflamação e inibição dadegradação da cartilagem. São exemplos a glicosamina, o sulfato de condroitina e acartilagem de tubarão. Embora a resposta clínica dos animais à administraçãodestes agentes seja favorável, a sua segurança e eficácia ainda não foi objecto deestudo aprofundado.1

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    7.2 - Terapêutica Cirúrgica

    A Terapêutica Cirúrgica está indicada quando o acompanhamento médico não éefectivo.

    Foram desenvolvidas várias técnicas cirúrgicas para o tratamento de DA, geralmentedividas em dois grandes grupos, consoante o objectivo pretendido: de caráctercurativo (Osteotomia Tripla Pélvica, a Sinfiodese Púbica e a Miotomia do Pectíneo,entre outras); e de carácter paliativo (Prótese Total de Anca e Artroplastia comRessecção da cabeça do Fémur).5,39,52

    7.2.1 - Osteotomia Tripla Pélvica

    Esta técnica consiste na osteotomia da hemipélvis em 3 locais (o ílio, ísquio e púbis)de forma a separar o segmento que contém o acetábulo (Figura 17), o qual éposteriormente sujeito a uma rotação lateral de 20º, 30º, 40º ou 65º. O grau derotação está dependente do ângulo de luxação e redução avaliados através do

    Teste de Ortolani.

    Figura 17 - Esquema ilustrativo da Osteotomia Tripla Pélvica, inhttp://www.nsvh.com/hip_dysplasia.htm.

    Este procedimento aumenta a cobertura da cabeça do fémur pela pala acetabular econsequentemente a congruência articular.

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    Está indicada em animais jovens até aos 8 meses de idade com sinais clínicos deDA (claudicação, subluxação) mas que não apresentam sinais de doençadegenerativa articular.A complicação pós-cirúrgica mais comum está relacionada com a remoção dos

    parafusos utilizados na placa ao nível do íleo.

    7.2.2 - Sinfiodese Púbica

    A Sinfiodese Púbica consiste no encerramento precoce da sínfese púbica através da

    sua excisão cirúrgica ou destruição térmica com Electrocautério. Em animais muito jovens (até 4 meses) este procedimento resulta na rotação do acetábulo econsequentemente em maior congruência e estabilidade articular.O estreitamento do canal pélvico é a única complicação referida. Nas fêmeas deveráser considerada a Ovariohisterectomia devido à possibilidade da ocorrência dedistócia.A aplicação desta técnica cirúrgica está dependente de um diagnóstico acurado de

    laxidão articular em idade precoce (no máximo até aos 5 meses de idade).É uma técnica recente, não existindo ainda estudos clínicos a longo prazo, pelo quea sua utilização actualmente não pode ser recomendada.Comparativamente à Osteotomia Tripla Pélvica é uma técnica menos invasiva, maissimples e com menos complicações pós-cirúrgicas.

    7.2.3 - Miotomia do Pectíneo

    Consiste na excisão cirúrgica parcial ou total do músculo Pectíneo. Apesar deproporcionar alívio da dor em pacientes com DA, não impede a progressão daosteoartrose e dos sinais clínicos associados à doença.É considerada uma técnica ineficaz e ultrapassada, e a sua referência surge apenascomo um breve apontamento histórico.

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    7.2.4 - Artroplastia com Ressecção da Cabeça do Fémur

    Consiste na criação de uma pseudoarticulação através da osteotomia da cabeça ecolo do fémur. A dor é eliminada com a interrupção do contacto entre o fémur e o

    acetábulo e interposição de tecido cicatricial.Está indicada em pacientes com doença degenerativa articular avançada. A taxa desucesso é menor em animais obesos ou com mais de 20 kg.As complicações cirúrgicas incluem alterações funcionais, sendo de salientar aperda de amplitude de movimentos articulares e encurtamento do membro.No período pós-cirúrgico é fundamental o recurso a fisioterapia e exercíciocontrolado (flexão e extensão dos membros, natação, passeios com trela,

    confinamento de espaço), de forma a garantir uma boa recuperação do doente comuma mobilização progressivamente ajustada às suas necessidades.

    7.2.5 - Prótese Total de Anca

    Faz utilização de uma prótese de polietileno de alta densidade ao nível do acetábuloe substituição da cabeça e colo do fémur por uma prótese de aço inoxidável outitânio. Actualmente existem dois tipos de próteses, classificadas como cimentadas enão cimentadas (Figuras 18 e 19).Está indicada em animais com osteoartrose avançada que não apresentem qualquertipo de infecção e tenham completado a maturação óssea (a partir dos 10 meses deidade).

    A realização desta técnica requer treino altamente especializado e condições deassépsia muito rigorosas.As complicações pós-cirúrgicas mais comuns incluem:

    Infecção, durante a cirurgia ou por via hematogénea numa fase posterior. Luxação da cabeça do fémur, geralmente nas primeiras oito semanas após a

    cirurgia devido à atrofia muscular e tipo de aproximação cirúrgica que implica aincisão de estruturas de suporte, ou por erro técnico no posicionamento doacetábulo e má escolha do tamanho das próteses.

    Fracturas, geralmente na região distal à prótese do fémur, por stress mecânico.

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    Desencaixe asséptico das próteses, por deterioração da interface osso-cimento oucimento-prótese devido a erro técnico na preparação quer do cimento ósseo quer daestrutura óssea, ou pela produção inevitável de substâncias de desgaste resultantesdo contacto entre metal e plástico (cabeça do fémur e acetábulo ou cabeça e colo do

    fémur).Embora a sua ocorrência seja rara devido à sua gravidade geralmente implicam aremoção total dos implantes.

    Figura 18 - Prótese Total de Anca. A) Esquema ilustrativo da localização das próteses (inhttp://www.artreality.com/portfolio/wdwork/vet/totalhipreplacement.htm) e B) Prótese

    Cimentada (in http://www.biomedtrix.com)

    Figura 19 - Prótese Não Cimentada (in http://www.kyon.ch)

    B A

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    8 - Casuística Avaliada

    Durante o período de estágio compreendido entre Junho e Novembro de 2007,foram avaliados 32 casos de Displasia de Anca (Tabela 9). Embora não seja do

    âmbito deste trabalho, será interessante referir que foi igualmente observado umfelídeo de raça Persa afectado por esta doença, tendo este sido classificado com oGrau E.

    Tabela 9 - Número Absoluto e Frequência (%) de casos de Displasia de Anca por Grau deDoença

    GRAU NºABSOLUTO FR (%)

    C 3 9,4D 8 25,0E 21 65,6

    Total 32 100,0

    Destes, 71,9% pertenceram a animais do sexo masculino e 28,1 a animais do sexofeminino.A média da Idade situou-se nos 39,3 Meses e a média do Peso nos 37,2 Kg.A raça com maior representatividade foi o Labrador Retriever, seguida peloRottweiler (Gráfico 4).

    Gráfico 4 - Frequência (%) de casos de Displasia de Anca por Raça

    9,4

    12,5

    37,5

    12,5

    21,9

    6,2

    0 20 40

    Boxer

    Golden Retriever

    Labrador Retriever

    Pastor Alemão

    Rottweiler

    Indeterminada

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    Gráfico 6 - Distribuição do Peso por Grau de Displasia de Anca

    Gráfico 7 - Distribuição da Idade por Grau de Displasia de Anca

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    A incidência dos casos por tipo de raça está de acordo com os vários estudoscientíficos, com excepção do Boxer (3 casos) e de 2 animais de raça Indeterminada.Relativamente à área da Terapêutica, a maioria dos proprietários (93,7%) optou pelarealização de um protocolo cirúrgico. A técnica escolhida em 100% dos casos foi a

    Artroplastia com Ressecção da Cabeça do Fémur.Em apenas 2 casos (dos quais 50% corresponderam ao Grau C e 50% ao Grau D)se recorreu unicamente à terapêutica médica, tendo sido aconselhada fisioterapia ea utilização de condroprotectores (Cosequin ® ) e anti-inflamatórios não esteróides(sempre que necessário). Estes dados vêm reforçar a ideia de não existirobrigatoriamente uma correlação entre sinais e sintomas clínicos e sinaisradiográficos da doença.

    8.2 - Caso Clínico

    Foi apresentado à consulta de Ortopedia e Traumatologia no Hospital Escolar daFMV um canídeo, de nome “Enzo”, sexo masculino, 6 meses de idade, raça

    Labrador Retriever e 23,7 Kg de peso vivo, com história de claudicação e dor nosmembros posteriores.A anamnese revelou que o doente apresentava relutância ao andamento,claudicação, sinais de dor, movimentação limitada dos membros pélvicos eintolerância ao exercício. O membro pélvico direito parecia mais afectado, segundoos proprietários. Comia, bebia, defecava e urinava normalmente e tinha a vacinaçãoe desparasitação em dia.Ao exame de estado geral apresentava uma temperatura de 38,4ºC, pulso com 180batimentos/minuto, frequência respiratória de 26 movimentos/minuto e condiçãocorporal normal, excepto para a atrofia muscular da região das coxas.Foram considerados os seguintes diagnósticos diferenciais: Traumatismo, Rupturado Ligamento Cruzado Cranial do Joelho e Panosteíte.O exame neurológico revelou-se normal. O exame ortopédico evidenciou marchaanormal com diminuição do suporte de peso na cintura pélvica, claudicaçãoacentuada dos membros pélvicos, relutância ao andamento, crepitação dasarticulações coxofemorais, sinal de Ortolani positivo, evidência de dor durante a

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    palpação, atrofia dos músculos pélvicos e menor grau de amplitude de movimentosarticulares.Foi realizada uma radiografia à pélvis na posição padronizada para avaliar toda aarticulação coxofemoral (ver Métodos Radiográficos). O exame radiográfico revelou

    luxação bilateral e alterações de osteoartrose significativas, designadamentepresença de osteófitos, esclerose óssea ao nível do colo do fémur e Linha de“Morgan”. O diagnóstico definitivo foi então estabelecido: Displasia de Anca BilateralGrave - Grau E, segundo a FCI (classificação em vigor em Portugal).Os proprietários foram informados acerca da etiopatogenia da doença, maneiomédico e cirúrgico e respectivo prognóstico. Tendo em conta a idade e sinaisradiográficos do paciente, a terapêutica cirúrgica ficou reduzida a 2 possibilidades:

    Prótese Total de Anca e Artroplastia com Ressecção da cabeça do Fémur, que foi atécnica escolhida devido aos recursos do Hospital. A terapêutica médicacompreendeu a utilização de Carprofeno (Rimadyl) para o controlo da dor.O doente foi avaliado em medicina laboratorial antes da cirurgia, com a realizaçãode Hemograma (Tabela 10) e Bioquímicas Sanguíneas (Tabela 11).

    Tabela 10 - Resultados do Hemograma do “Enzo”

    PARÂMETRO UNIDADES RESULTADO VALORES DEREFERÊNCIA

    Leucócitos x 103 / µL 13,8 6 -17Eritrócitos x 106 / µL 5,73 5,5 - 8,5Plaquetas x 103 / µL 326 200 - 500Hemoglobina g/dl 14,1 12 - 18Hematócrito % 41,6 37 - 55VCM fl 72,6 60 - 77

    HCM pg 24,6 19,5 - 24,5CHCM g/dl 33,9 32 - 36

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    Tabela 11 - Resultados das Bioquímicas Sanguíneas do “Enzo”

    PARÂMETRO RESULTADO VALORES DEREFERÊNCIA

    Alanina-Aminotransferase(ALT) 33 10 - 100

    Aspartato-Aminotransferase(AST) 4 0 - 50

    Creatinina 0,9 0,5 - 1,8Fosfatase Alcalina (FAS) 137 23 - 212Glucose 99 74 - 143Ureia 20 7 - 27Sódio 151 144 - 160Potássio 4,6 3,5 - 5,8

    A pré-medicação cirúrgica consistiu na administração de Butorfanol (Turbogesic),Acepromazina (Calmivet), Cefoxitina Sódica (Mefoxim) e Carprofeno (Rimadyl).O Pentotal foi escolhido como agente para indução da anestesia geral que foimantida com Isoflurano. O “Enzo” foi posteriormente conduzido para bloco cirúrgicodo tipo Artroplastia com Ressecção da cabeça do Fémur do membro posterior direito(Figuras 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28).

    A cirurgia decorreu com êxito ao longo de todas as suas etapas e o doente foilevado para recobro, tendo sido prescrito como terapêutica médica pós-cirúrgicaCefalexina (Ceporex 500) BID 10 dias, Carprofeno (Rimadyl) SID 8 dias, complexovitamínico (Becozyme) SID 15 dias, condroprotectores (Cosequin) e repouso.A reavaliação do paciente foi efectuada 4 dias após a cirurgia, e já apoiava omembro. A recuperação decorreu como o esperado tendo retirado os pontos aooitavo dia, altura em que já utilizava a perna próximo da normalidade.

    Foi ainda aconselhada uma reavaliação periódica anual para acompanhamento daevolução clínica do membro contralateral quanto à progressão da doençadegenerativa articular.O “Enzo” foi submetido a bloco de fisioterapia, com predominância de hidroterapia, eapresenta-se hoje com um bom estado geral e sem qualquer tipo de limitação.

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    Figuras 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28 - Etapas cirúrgicas da Artroplastia comRessecção da Cabeça do Fémur

    Figura 20 - Acesso craniolateral com

    incisão cutânea em meia lua

    Figura 21 - Desbridamento do tecido

    subcutâneo e adiposo

    Figura 22 - Colocação de guelpis, paravisualização da cápsula articular

    Figura 23 - Visualização da cápsulaarticular (pormenor)

    Figura 24 - Osteotomia do colo doFémur com serra oscilante cirúrgica

    Figura 25 - Extracção da cabeça doFémur

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    Figura 26 - Sutura da cápsula articularcom pontos em X

    Figura 27 - Encerramento dos tecidosmoles por planos

    Figura 28 - Sutura cutânea com pontossimples (aspecto final)

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    9 - Conclusão

    A Displasia de Anca é uma das doenças ortopédicas mais comuns e estudadas emcanídeos. Contudo, algumas questões permanecem sem resposta e continuam a ser

    objecto de pesquisa, nomeadamente a localização dos genes envolvidos naexpressão da doença, a escolha do melhor método diagnóstico e definição doprotocolo ideal para controlo e selecção reprodutiva da população.Os casos de DA observados durante o estágio são concordantes, na suageneralidade, com os parâmetros descritos na literatura científica consultada (tipo deraça afectada, peso e idade mais elevados para animais com Grau E).

    A realização deste trabalho foi uma importante fonte de aprendizagem, não sóacadémica como pessoal, sendo de destacar a necessidade constante de uma boagestão de tempo e de prioridades, dentro e fora do Hospital Escolar.As relações interpessoais e a comunicação com os proprietários constituíram umgrande desafio, sobretudo ao nível da coordenação dos ideais e condiçõesfinanceiras de cada caso.

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