EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA__ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO – RIO DE JANEIRO

CONSIGNANTE: BOM CAMINHÃO S.A.

CONSIGNADO: FELISBERTO MAGNÂNIMO DOS SANTOS

BOM CAMINHÃO S.A., personalidade jurídica de direito privado, portadora do CNPJ/MF sob o nº 33.000.556/0001-00, com sede na Rua dos Montadores de Veículos, sem número, Porto Real, Rio de Janeiro – RJ, CEP nº 22.000-111 vem mediante seu advogado devidamente representado nos autos à Vossa Excelência e com fins dos artigos 890 do Código de Processo Civil (CPC), 335, inciso I, do Código Civil (CC/02) e 769 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), propor a presente AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO em face de FELISBERTO MAGNÂNIMO DOS SANTOS, atualmente falecido, brasileiro, casado, Auxiliar Administrativo, filho de FELISBERTO DOS SANTOS e ALBERTINA MAGNÂNIMO, portador da cédula de identidade (RG) nº 123456-9, expedida pelo DETRAN/SP, do CPF/MF sob o nº 123.456.789-11, e CTPS nº 123456, série 125-RJ, até então representado pela figura de sua esposa, MAGDALENA MORTÍCIA DOS SANTOS, brasileira, viúva, portadora da cédula de identidade (RG) nº 121121121, expedida pelo DETRAN/RJ, residente e domiciliada junto a Rua dos Mortos, nº 121, Resende, Rio de Janeiro – RJ, CEP nº 20.000-000, pelos fatos e fundamentos a seguir explanados:

I – DOS FATOS

O titular dos valores ora consignados era o Sr. Felisberto Magnânimo dos Santos, admitido na Consignante na data de __.__._____ para exercer a função de Auxiliar Administrativo I mediante contrato de trabalho formal com assinatura junto a CTPS, cuja jornada laboral era de 44 horas semanas divididas em 8 horas de segunda a sexta e 4 horas aos sábados. Percebia ao final do mês salário de R$ 3.000,00 (três mil reais), incluindo o devido recolhimento de seu FGTS, contribuição previdenciária, e diárias de viagens nunca excedentes a 50% do valor. Entretanto fora afastado no dia __.__.____ em virtude de seus falecimento em __.__.____, conforme aduzem a Certidão de Óbito e o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) anexos aos autos do processo.

Tendo Consignante o conhecimento de que os ascendentes do de cujus também há muito se encontram falecidos, e que este tem apenas como única herdeira ainda viva a sua esposa, agora viúva, a Sra. Magdalena Mortícia dos Santos, e com fulcro nos artigos elencados já supracitados, por boa-fé vem ao juízo de Vossa Excelência pedir pela citação da referida herdeira citada com seu respectivo endereço no início desta ação para, querendo, receber a importância de R$ ______ (_______reais) referentes as seguintes verbas:

[Tabela de Valores]

II – DOS FUNDAMENTOS

Trata-se de Ação de Consignação em pagamento pela qual a parte Consignante pleiteia de boa-fé depositar os valores devidos respectivamente em virtude do falecimento do Consignado, representado até então por sua esposa, recém-viúva, como conceitua o artigo 890 do CPC no que diz respeito a “Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida”, conforme aduz seu Caput, acrescentando em seu Parágrafo 1º que “Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa”.

Cumpre também observar que o artigo 335, inciso I, tem posicionamento semelhante ao afirmar que a consignação tem lugar “se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma”. Ademais, bem aduz o artigo 769 da CLT no que tange a existência de tal ação na seara do direito processual trabalhista, que afirma:

Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

Nesse diapasão, o eminente jurista Sílvio de Salvo Venosa sintetiza que “O pagamento feito pelo devedor não constitui apenas uma manifestação de obrigação, trata-se de um direito seu. Não é do interesse do devedor que a dívida se prolongue além do estipulado. É evidente que isso lhe trará maiores encargos, juros, correção monetária, multa. Assim, o bom pagador desejará pagar na forma contratada. Tanto que a lei lhe confere meios coercitivos para jungir o credor a receber”, posicionamento este que vai ao encontro do que afirma a brilhante civilista Maria Helena Diniz quando se posiciona que “O pagamento em consignação é o meio indireto do devedor exonerar-se do liame obrigacional, consistente no depósito em juízo (consignação judicial) ou em estabelecimento bancário (consignação extrajudicial) da coisa devida, nos casos e formas legais”.

Nesse ínterim, o entendimento dos tribunais coaduna o que foi explanado nos parágrafos anteriores:

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - RESCISÃO CONTRATUAL POR FORÇA DE FALECIMENTO DO EMPREGADO - DEPÓSITO DE VERBAS RESCISÓRIAS EM CONTA VINCULADA DO FGTS - LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO DO FGTS - INVIABILIDADE DE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. Mandado de segurança impetrado em face de determinação judicial de expedição de alvará para levantamento do depósito do FGTS originada nos autos de ação de consignação em pagamento promovida pelo Município-empregador em face da falecida empregada, outrora servidora do Município. Ocorre que o ato questionado emana de dispositivo constante de sentença homologatória de acordo, na qual restou determinada a liberação das verbas rescisórias consignadas em juízo, assim como a expedição de alvará para liberação do FGTS, sentença da qual não cabe mandado de segurança para discutir os seus termos, a teor do art. 5º, III, da Lei nº 12.016/2009 e da Súmula nº 33 do TST, que preconizam o não cabimento de mandado de segurança contra decisão transitada em julgado e, na espécie o acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT e transita em julgado na data da sua homologação judicial. O teor do recurso demonstra que o intuito maior da impetrante, consistente na sua não submissão à eficácia da conciliação judicial, equivale à própria desconstituição de sentença homologatória de acordo, somente suscetível de ocorrer pela via da ação rescisória. Precedente. Recurso ordinário conhecido e não provido.

(TST - RO: 47282520115020000, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 04/08/2015, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 07/08/2015)

III – DO PEDIDO

Ante a tudo que fora explanado, requer a Vossa Excelência que conceda:

a) nos termos dos artigos 890 do Código de Processo Civil (CPC), 335, inciso I, do Código Civil (CC/02) e 769 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a concessão da presente consignação e o recebimento dos valores efetuados conforme comprovantes das Guias de Recolhimento da União (GRU) para a abertura da devida conta judicial em nome da viúva herdeira do Consignado;

b) e sua respectiva citação para que esta venha a tomar conhecimento do fato, aceitar, recusar ou oferecer resposta devida dentro do prazo legal estipulado;

c) Que a presente ação seja julgada procedente em sua totalidade;

IV – DAS PROVAS

Protesta a Consignante desde já por todos os meios de prova em direito admitidos, incluso provas de natureza testemunhal e documental previamente interpostas nos autos posteriormente. Tudo, desde logo, requerido.

V- DO VALOR DA CAUSA

Dá-se por valor de causa para efeitos fiscais R$__________(__________reais), a tramitar pelo Rito ____________.

Rio de Janeiro, __ de __________ de ________

Advogado OAB nº__ - UF__