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Comunicação Oral PIBID/PEDAGOGIA ATUANDO NO CAMPO DA INTERDISCIPLINARIDADE A PARTIR DO TRABALHO COM PROJETOS Glediane Saldanha Goetzke da Rosa 1 Dalva Rosane Cruz Rodrigues Maria Zilda Nascente Caetano Tavares Patrícia Cabral Duarte Gilceane Caetano Porto 2 Lourdes Maria Bragagnolo Frison 3 PROJETO FINANCIADO PELA CAPES Eixo Temático: Experiências Interdisciplinares Resumo: O presente texto tem por objetivo discutir, refletir e socializar algumas de nossas experiências e vivências educativas como bolsistas do PIBID- Pedagogia que buscou como uma de suas ações promover a interdisciplinaridade entre as várias áreas de conhecimento que compõe os primeiros anos do ensino fundamental. Inicialmente o texto apresenta uma contextualização sobre o trabalho realizado pelo grupo de bolsistas na escola e a justificativa por realizar uma proposta interdisciplinar. Por fim, apresentamos algumas considerações sobre nossa experiência interdisciplinar, tendo por base nossos estudos e nossa atuação na escola. Desse modo, a partir das discussões e reflexões aqui tecidas com os autores e autoras que debatem acerca da interdisciplinaridade, este texto procura trazer comentários e reflexões sobre o fazer interdisciplinar nas séries iniciais do ensino fundamental, destacando os benefícios que este tipo de prática traz para o trabalho do professor e aprendizagem dos alunos. 1 Universidade Federal de Pelotas – CAPES – [email protected] 2 Doutora de Educação – Universidade Federal de Pelotas – [email protected] 3 Doutora de Educação – Universidade Federal de Pelotas – [email protected]

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Comunicação Oral

PIBID/PEDAGOGIA ATUANDO NO CAMPO DA INTERDISCIPLINARIDADE A PARTIR DO TRABALHO COM PROJETOS

Glediane Saldanha Goetzke da Rosa1

Dalva Rosane Cruz RodriguesMaria Zilda Nascente Caetano Tavares

Patrícia Cabral DuarteGilceane Caetano Porto2

Lourdes Maria Bragagnolo Frison3

PROJETO FINANCIADO PELA CAPES

Eixo Temático: Experiências Interdisciplinares

Resumo: O presente texto tem por objetivo discutir, refletir e socializar algumas de nossas experiências e vivências educativas como bolsistas do PIBID- Pedagogia que buscou como uma de suas ações promover a interdisciplinaridade entre as várias áreas de conhecimento que compõe os primeiros anos do ensino fundamental. Inicialmente o texto apresenta uma contextualização sobre o trabalho realizado pelo grupo de bolsistas na escola e a justificativa por realizar uma proposta interdisciplinar. Por fim, apresentamos algumas considerações sobre nossa experiência interdisciplinar, tendo por base nossos estudos e nossa atuação na escola. Desse modo, a partir das discussões e reflexões aqui tecidas com os autores e autoras que debatem acerca da interdisciplinaridade, este texto procura trazer comentários e reflexões sobre o fazer interdisciplinar nas séries iniciais do ensino fundamental, destacando os benefícios que este tipo de prática traz para o trabalho do professor e aprendizagem dos alunos.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Projetos; Aprendizagem significativa.

Introdução – Uma Breve Contextualização Sobre o Trabalho Realizado Pelo PIBID – Pedagogia da Universidade Federal de Pelotas

O curso de Pedagogia da FaE/UFPel teve papel fundamental na discussão da importância da interdisciplinaridade como eixo condutor das práticas pedagógicas, uma vez que nos anos iniciais o(a) professor(a) atua com todas as áreas do conhecimento. Como bolsistas do PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – que tem a finalidade de apoiar estudantes das licenciaturas para que atuem como professores estreitando o vínculo entre universidade e escola, realizamos visitas semanais a uma escola da rede pública de Pelotas tendo como um de nossos objetivos a alfabetização e o letramento das crianças de primeiros e segundos anos através de atividades nas quais fossem articuladas as diversas áreas do conhecimento. As visitas realizadas constituíram parte importante do nosso trabalho, afinal, segundo Graça Paulino (p.65-66, 2008), “a

1 Universidade Federal de Pelotas – CAPES – [email protected] 2 Doutora de Educação – Universidade Federal de Pelotas – [email protected] 3 Doutora de Educação – Universidade Federal de Pelotas – [email protected]

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universidade não pode teorizar sobre letramento, sem conhecer condições específicas da Educação Básica”.

As atividades do PIBID/Pedagogia foram realizadas em parceria com as professoras titulares da escola, e todas as suas ações foram estruturadas a partir de três eixos norteadores: o planejamento compartilhado, a sala de aula e a escola como ambiente alfabetizador. Através de cada eixo buscamos propor atividades que viessem a promover a articulação entre os estudantes universitários do curso de Pedagogia com a escola onde realizamos este trabalho, articulando e implementando em sala de aula estratégias interdisciplinares que incentivassem a alfabetização e o letramento dos alunos. Para esclarecer um pouco mais o que eram cada um dos eixos norteadores e o que os permeavam, segue abaixo uma breve explicação sobre eles e algumas das atividades realizadas no âmbito de cada um.

O eixo planejamento compartilhado era uma ação que tinha em vista a importância do planejamento para a realização de práticas qualificadas nos primeiros e segundos anos iniciais, e como toda atividade desenvolvida através das intervenções foi planejada em reuniões semanais nas escolas. Estas reuniões contavam sempre com a participação dos bolsistas dos cursos de pedagogia da UFPel, supervisoras da escola, coordenadoras do programa e professoras titulares. Estes encontros sistemáticos fizeram parte do Projeto de extensão Reflexões sobre alfabetização: uma proposta de integração entre a formação inicial e a continuada, que objetivou favorecer a troca de saberes entre as professoras atuantes nas turmas e os bolsistas, na busca de estratégias para solucionar problemas reais encontrados no âmbito da sala de aula.

O eixo sala de aula compreendeu todas as atividades realizadas neste ambiente. Dentro deste eixo vários projetos foram colocados em prática, como o projeto Identidade, e a Sequência didática a partir do livro Batalhão das Letras- Mário Quintana. Ambos tinham como objetivo proporcionar experiências e atividades nas quais os alunos de primeiro ano conseguissem reconhecer e escrever todo o alfabeto, promovendo o contato com diferentes portadores de textos, principalmente com a escrita e o reconhecimento de seus nomes completos. Outra atividade contemplada por este eixo foi o projeto “Uma história Puxa a Outra” implementado no segundo semestre do ano letivo de 2011, que partiu do livro O carteiro Chegou dos autores Janet & Allan Ahlberg, e teve como objetivo levar os alunos de primeiros e segundos anos a conhecer os diferentes gêneros textuais, trabalhando a linguagem oral e escrita de forma interdisciplinar.

No último eixo, a Escola como ambiente alfabetizador, buscamos utilizar todos os espaços com fins de promover diferentes aprendizagens para os alunos, um destes espaços foi o pátio da escola, mais especificamente no momento do recreio dos alunos. Tendo em vista a necessidade de explorar o ambiente do pátio da escola durante o recreio, foi decidido pelo grupo de bolsistas que este espaço e tempo deviam ser aproveitados através de brincadeiras dirigidas nas quais as crianças tivessem a possibilidade de expressar seus sentimentos, expectativas, valores, cultura, e modo de ver o mundo. Ao brincarem em grupos a troca de experiências resulta em uma construção de diferentes culturas e possibilidades de interpretar, agir, e relacionar-se. De acordo com RONCA (1989, p. 27) “O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora seqüências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência”. Outro espaço utilizado por este eixo foi a biblioteca escolar através do projeto “Ler Brincando? Estou Bibliotecando!”, que visou favorecer o contato das crianças com diferentes obras literárias. Este local foi escolhido por se constituir como espaço voltado para a promoção da leitura (PAULINO, 2008), um local de aprendizagem no qual é possível observar a existência de

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diversos gêneros textuais. Buscamos durante o desenvolvimento deste trabalho aproximar o aluno ao espaço físico da biblioteca e aos materiais escritos que nela se encontram - o que durante o processo de observação nos pareceu quase inexistente - apresentando as vantagens e os benefícios que este tipo de prática pode apresentar tanto no presente quanto no futuro de cada um destes alunos.

Na sequência deste texto falaremos de forma mais específica e sucinta quanto às práticas interdisciplinares relacionadas ao projeto “Uma História Puxa a Outra” que se encontra no eixo norteador sala de aula.

Desenvolvimento – Práticas Interdisciplinares a Partir do Projeto Uma História Puxa a Outra

Uma questão que a escola deve tomar para si é a interdisciplinaridade, a qual não podemos negar sua importância dentro do contexto escolar. A partir dos estudos feitos no Programa Institucional de Bolsistas de Iniciação à Docência, PIBID, e das constantes visitas à escola, foi constatada a importância de instituir um ambiente propício à alfabetização que proporcionasse aos alunos o contato com diferentes tipos de leitura e escrita e atividades de outras disciplinas ao mesmo tempo. Partindo de estudos relacionados à alfabetização iniciamos um projeto interdisciplinar cujo objetivo era estabelecer o contato dos alunos com diferentes gêneros textuais, através da utilização do livro de Janet & Allan Ahlberg, “O carteiro chegou”, que possibilita a visualização dos diferentes tipos de textos com os quais os alunos deviam ter contato durante sua alfabetização. Projetos estimulam a curiosidade ativa e um nível mais elevado de raciocínio (Thomas, 1998). O projeto “Uma História Puxa a Outra” visou proporcionar um maior contato das crianças com materiais portadores de leitura e escrita, principalmente com a variedade de textos que circulam na sociedade. O trabalho a partir do livro “O carteiro chegou” tinha como objetivo construir possibilidades cotidianas de uso dos diversos tipos de gêneros textuais que são abordados no livro de forma diferenciada e atrativa. A forma de trabalhar a partir de projetos nos deu uma ideia de liberdade e criatividade, ao mesmo tempo em que trabalhamos questões escolares articuladas com as questões familiares e comunitárias. É inegável a responsabilidade da escola no tratamento destas questões, e por este motivo ela pode e deve ser vista como uma instituição aberta e comprometida com questões comunitárias e familiares que pode não contar com a resposta a todos os problemas, mas que tem capacidade para participar da vida comunidade da qual faz parte.

Durante todo o 2º semestre desenvolvemos o projeto citado anteriormente que era planejado semanalmente pelas professoras e pibidianas. Para Paulo Freire (1996, p.47), ao trabalhar com projetos interdisciplinares,

“tanto educadores quanto educandos envoltos numa pesquisa, não serão mais os mesmos. Os resultados devem implicar em mais qualidade de vida, devem ser indicativos de mais cidadania, de mais participação nas decisões da vida cotidiana e da vida social. Devem, enfim, alimentar o sonho possível e a utopia necessária para uma nova lógica de vida”.

Para auxiliar na formulação das atividades a serem desenvolvidas no decorrer deste trabalho, elaboramos a partir de cada conto de fadas um caderno de atividades. A elaboração destes cadernos foi muito importante e favoreceu o planejamento e execução do projeto, dentro do qual foram realizadas inúmeras atividades. Gostaríamos de citar aqui

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algumas das mais importantes, a produção de textos coletivos e individuais, reconstrução oral dos clássicos, produção de cartas, comparação e construção de encartes, atividades relacionadas ao sistema monetário, aula passeio pelo bairro e reconhecimento de questões relativas ao meio ambiente, construção de cartões postais com imagens do bairro, trabalho com receitas, entre outras. Todas estas atividades favoreceram a relação entre as várias áreas do conhecimento que compõem a grade curricular dos primeiros e segundos anos do ensino fundamental, o que tornou o trabalho e as aprendizagens mais significativas, tanto para os alunos quanto para os professores e pibidianos.

Avaliação/discussão dos resultados:

É necessário trabalhar em conjunto, juntar esforços e investir na troca de experiências dos professores abrindo desta forma a possibilidade de articular a teoria e a prática, uma vez que o processo ensino-aprendizagem não pode ser algo fragmentado, tratado como se cada disciplina fosse algo isolado. Os projetos servem a metas educacionais específicas e essenciais; eles não são desvios ou complementos do currículo "real". O trabalho com projeto é uma metodologia de ensino que envolve os alunos em investigações de problemas atrativos, que geram resultados originais.

A principal vantagem deste trabalho é que a aprendizagem passou a ser significativa, centrada nas relações e nos procedimentos. É importante citar ao final deste texto que o projeto colocou os alunos em uma posição ativa, e que eles participaram com muito interesse e de forma criativa de todo o seu desenvolvimento, e que este trabalho deu margem a perguntas desafiadoras que não podiam ser respondidas pelo método de ensino tradicional e rotineiro. Percebemos então que o trabalho a partir deste projeto ofereceu inúmeros benefícios tanto para os alunos quanto para os professores.

Referências bibliográficas:

AHLBERG, Janet e Allan. O Carteiro Chegou; trad. Eduardo Brandão. – São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

PAULINO, Graça. Letramento literário no contexto da biblioteca escolar. In.:SANTOS, Maria Aparecida Paiva Soares dos.; MARTINS, Aracy.;VERSIANI, Zélia.;(Orgs.). Democratizando a leitura: pesquisas e práticas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2008.

QUINTANA, Mario. O Batalhão das letras. Porto Alegre: Editora Globo, 2009.

RONCA, P.A.C. A aula operatória e a construção do conhecimento. São Paulo : Edisplan, 1989.

THOMAS, J. W. & MERGENDOLLER, J. R. Gerenciando a aprendizagem baseada em projetos: princípios do campo. Trabalho apresentado na reunião anual da Americana educacional Pesquisa Associação, Nova Orleans. (1998)