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Paulo Stuck Moraes Tópicos de genealogia capixaba 2012

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Paulo Stuck Moraes

Tópicos de

genealogia capixaba

2012

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Paulo Stuck Moraes

Tópicos de

genealogia capixaba

Vitória Edição do autor

2012

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Tópicos de genealogia capixaba Copyright © by Paulo Stuck Moraes Revisão: Eliana Barbosa de Sousa Capa: José Roberto Vasconcelos (arranjo e arte)

Catalogação na fonte Biblioteca Pública Estadual

M827t Moraes, Paulo Stuck.

Tópicos da genealogia capixaba / Paulo Stuck Moraes.

- Vitória: Do Autor; 2012.

132 p.

ISBN: 978-85-914691-0-9

1. Genealogia – Espírito Santo (Estado). I. Título.

CDD. 929.52

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Sumário

Apresentação 007

Prefácio 011

A Genealogia através do tempo 013 Alguns aspectos da descendência de Vasco Fernandes Coutinho 021 Sucessão dos Donatários do Espírito Santo, à luz da gene-alogia 027 - Genealogia de Vasco Fernandes Coutinho - Genealogia de Francisco Gil de Araújo As Famílias Portuguesas Radicadas no Espírito Santo - Notas genealógicas 043 Notas genealógicas da família Antunes de Siqueira 063 Nobreza Capixaba 113

Posfácio 121 Biblioteca Genealógica Capixaba 123

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Apresentação

A Genealogia é a ciência que se ocupa do estudo da origem e evolução das famílias. Tem importância incontes-tável como auxiliar da História, na medida em que des-venda a evolução e o entroncamento dos diversos ramos familiares, sendo responsável pelo levantamento e a sis-tematização de dados que de outra forma poderia não es-

tar disponível.

Ao genealogista, à sua dedicação e rigor metodológi-co, se deve a possibilidade de respostas a indagações que, muitas vezes não constituindo o objeto principal de estudo do historiador, no entanto podem fazer muita diferença quando da contextualização de um determinado fato ou de um determinado processo histórico.

Assim é que a ideia de que aos estudos genealógicos se dedicam os que têm alguma pretensão de descobrir an-tepassados “importantes” foi ultrapassada de há muito. Entre nós, também pela constatação da utilidade prática de tal gênero de estudos no estabelecimento de laços fami-liares com ascendentes europeus, visando à obtenção de cidadania estrangeira e/ou a documentação respectiva.

Dentre os estudiosos que nos últimos anos vêm se dedicando a este campo, Paulo Stuck Moraes é dos que mais tem produzido. Vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, diretor do Colégio Espírito-santense de Genealogia criado no âmbito do IHGES, Mo-raes firmou-se como referência e fonte de consulta para estudiosos e simples curiosos, sendo detentor de um ban-co de dados que reúne uma vasta quantidade de informa-ções. Sua importância, como pesquisador foi, alias reco-nhecida pelo Colégio Brasileiro de Genealogia, que em 2011 concedeu menção honrosa a seu estudo genealógico

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sobre o professor Renato José Costa Pacheco, publicado em 2007 pelo Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.

Há longos anos dedicando-se ao tema, Paulo Stuck Moraes tem textos publicados sobre Genealogia em diver-sos veículos, com destaque para a Revista do Instituto His-tórico e Geográfico do Espírito Santo. Em boa hora resolveu o autor reunir esses textos (até hoje dispersos) num único volume, agregando-lhes valor, até mesmo pelo fato da maior facilidade na consulta.

Trata-se, portanto, o presente volume, de seis textos de autoria de Paulo Stuck Moraes, sobre assuntos de Ge-nealogia capixaba. Isso porque seu objeto de estudo, não fora ele vinculado à Casa do Espírito Santo, são as famí-lias do Espírito Santo, estado que escolheu para viver e cujas peculiaridades históricas conhece a fundo, como um dos pesquisadores que mais ajuda a trazer à luz as tradi-ções locais.

O artigo que abre o volume, inédito até então, faz uma introdução de cunho geral à Genealogia, referindo-se a repositórios de dados em Portugal e no Brasil, situando a seguir o leitor no estado atual dos estudos a respeito no Espírito Santo. Em outro texto o autor se ocupa da des-cendência de Vasco Fernandes Coutinho, para adiante agregar importantes informações ao tema da sucessão dos donatários da Capitania do Espírito Santo à luz da ciência genealógica. Da nobiliarquia capixaba se ocupa especifi-camente em um dos textos, inclusive desfazendo alguns

equívocos sobre a nobreza da terra, e dedica-se, em outro, à descendência de Francisco Antunes de Siqueira, intelec-tual de grande importância no meio cultural capixaba do século XIX. Já o levantamento de dados genealógicos de famílias portuguesas radicadas no Espírito Santo, de tra-balho que apresentou em 2011 na Biblioteca Pública esta-dual, faz justiça a algumas das estirpes que ao longo dos

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tempos vem contribuindo para a formação e o desenvolvi-mento deste estado.

São, sem dúvida, estudos de grande valor, não só, especificamente, para a área da Genealogia, mas também para a História do Espírito Santo, pelo valioso trabalho de sistematização de informações disponíveis, mas até então esparsas, e o levantamento de outras, até então inéditas.

O rigor científico na elaboração dos trabalhos não impede que mesmo o público leigo se beneficie da gama de

informações passadas nos textos, cuja utilidade se soma à reconhecida capacidade investigativa do autor na garantia do interesse geral com que certamente será recebido este Tópicos de Genealogia Capixaba.

Getúlio Marcos Pereira Neves

Do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

Presidente do

Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo

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Prefácio

O presente volume compõe-se de alguns artigos es-critos e publicados na revista do Instituto Histórico e Geo-

gráfico do Espírito Santo, no período de 2002 a 2011. To-dos eles tratam de aspectos genealógicos do estado, apesar de não haver um aprofundamento, na maioria deles.

A opção de reuni-los, em um único volume, é a de facilitar o acesso dos pesquisadores de genealogia às in-formações, que, a partir dos dados aqui coligidos, poderão incrementar novas pesquisas, expandindo o conhecimento genealógico do estado.

Alguns artigos tiveram suas informações, ou corri-gidas, ou complementadas, em face às novas descobertas que propiciaram a correção de dados inconsistentes e a inclusão de novas descobertas, ocorridas em função do tempo decorrido da primeira publicação desses mesmos artigos.

Que este pequeno volume possa despertar a curio-sidade de novos pesquisadores, dispostos a ampliar os horizontes genealógicos capixabas.

Paulo Stuck Moraes

2012

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A Genealogia através do tempo

A Genealogia nasceu com o Homem. Nada mais ex-plícito. O indivíduo casa e tem seus filhos, que também se casam, tem seus netos, que também...

Está iniciada a árvore genealógica1 familiar.

Já no livro do Gênesis iniciam os Hebreus os regis-tros genealógicos. Claro que não são como os de hoje, pois seguem apenas a linha masculina, raramente citando a mãe das personagens elencadas na árvore. A Bíblia está cheia de árvores genealógicas, desde o Pentateuco2 até os Evangelhos, apresentando, inclusive, duas versões3 para a árvore de costados4 de Cristo. Mesopotâmios, egípcios, gregos e romanos também prezavam seus ancestrais, mantendo registros das descendências e entrelaçamentos familiares.

Os europeus herdam a prática, havendo desde lon-gos séculos, primeiro entre os cronistas e depois entre ge-nealogistas, mesmo, o interesse nas descendências e inter-ligações familiares.

1 Árvore genealógica é o resultado da descendência de um indivíduo, partindo-se do mais distante no tempo para os mais recentes. Em geral, deveria conter TODOS os descendentes do indivíduo iniciador, quando possível localizá-los. 2 Conjunto dos primeiros cinco livros da Bíblia, cuja autoria é atribuída a Moisés. 3 Mateus (1:1-17) nos dá uma genealogia sucinta, atingindo até Abraão em 3 grandes grupos de 14 ancestrais. Lucas (3:23-38), no entanto, se-gue uma linha mais longa, chegando até Adão. 4 Árvore de costados é o resultado da ascendência de um indivíduo, par-tindo-se do mais recente para os mais antigos. Trata, apenas, dos ances-trais diretos, não contemplando sequer os irmãos do indivíduo iniciador.

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A partir do século XIX, a História passou a ser mais normatizada e sempre se socorreu em ciências ditas auxi-liares, e a Genealogia adquiriu esse status pelos diversos “serviços” prestados aos historiadores, desde aquele tem-po.

O mesmo século XIX vê surgir, nos Estados Unidos, uma nova religião, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias5, conhecida como Mórmom. Um de seus dogmas é a possibilidade de salvação e batismo, mesmo depois da morte, dos parentes do seguidor da religião. Pa-

ra facilitar esse trabalho de conversão, membros da Igreja percorrem o mundo, microfilmando livros de batizados, casamentos e óbitos, onde quer que os encontrem e obte-nham permissão para o fazerem. Assim, o dogma de uma religião tornou-se a maior fonte de pesquisa em fonte pri-mária existente no mundo, pois os arquivos da Igreja, lo-calizados em Salt Lake City, vinculados à Sociedade Gene-alógica de Utah6, comportam milhões de microfilmes (só em língua portuguesa estima-se que existam cerca de dois milhões de microfilmes). Esse imenso arquivo vem sendo disponibilizado aos poucos, on-line, pela Internet, no en-dereço eletrônico https://www.familysearch.org/, que abre várias opções de pesquisas.

Em terras portuguesas, nos primeiros séculos após a fundação do reino português, em 1139, já haviam abne-gados descrevendo as origens das principais famílias do novo reino. Na época medieval, ainda durante a dinastia de Borgonha7, surgem os três primeiros e principais livros de linhagens, também chamados de nobiliários, que, além

de servir para identificar consanguinidade nos casamen-tos, podia resguardar direitos hereditários e manter viva a

5 Atualmente sediada em Salt Lake City, no estado de Utah, foi fundada em 1830. 6 Fundada a 13 de novembro de 1894. 7 Reinou em Portugal entre 1139 e 1383.

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memória de feitos da nobreza que se iniciava. Também podiam justificar a concessão de títulos e terras, pois comprovavam a origem nobre do cidadão. São eles: O Li-vro Velho de Linhagens (entre 1270 e 1285), o Livro de

Linhagens do Deão (c. de 1337) e o Livro de Linhagens8 do Conde D. Pedro (compilado entre 1340 e 1344). Os dois primeiros, ainda sem autor seguramente identificado, mas o terceiro foi compilado por D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos9.

O renascimento português não impede a continui-

dade de trabalhos genealógicos de vulto, surgindo, em me-ados do século XVI, o Livro das Linhagens Novas, de Damião de Góis10, em continuação ao livro do Conde D. Pedro, e, na segunda metade do século XVII, a monumen-tal Pedatura Lusitana, escrita por Cristóvão Alão de Mo-raes (1632-1693), em 12 volumes e obra de referência para a genealogia portuguesa.

No reinado de D. João V (1706-1750), temos a mo-numental obra de D. Antonio Caetano de Souza11, na qual se destacam, entre outras, Memórias históricas e genea-

lógicas dos Grandes de Portugal (1739), que teve duas reedições ainda em vida do autor, e, 1742 e 1757, Série

dos reis de Portugal, reduzida a taboas genealógicas, com uma breve notícia histórica (1743), História Ge-

nealógica da Casa Real, obra monumental em 13 volu-mes. Essas são as principais, mas o legado de D. Antonio é bem mais extenso.

8 Considerado o mais importante nobiliário medieval e um marco na lite-ratura portuguesa 9 Filho bastardo do rei D. Dinis (1261-1325), viveu entre 1287 e 1354. 10

Historiador e humanista português, de origem flamenga (1502-1574) 11 Um dos fundadores da Academia Real de História Portuguesa (1720), o padre Antonio (1674-1759), era conceituado escritor, bibliógrafo e ge-nealogista português.