toponímia: desvendando as origens de Água azul · de acordo com josé clemente pozenato (1986, p....
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Toponímia: desvendando as origens de Água Azul Projeto Toponímia da Antiga Colônia 1 – TOPAC - I
Bolsista: Kelli Alves (BIC/UCS)
Carmen Maria Faggion, Suzana Damiani, Vitalina Maria Frosi (orientadora)
Introdução
O projeto Toponímia da Antiga Colônia I ( TOPACI- I) concentra-se no estudo dos nomes
próprios de lugares. A pesquisa está pautada nas investigações de Dick (1990), Andrade (2010)
e Frosi (2012). Com base nesses referenciais, percebe-se que o nome do lugar está
diretamente relacionado com sua identidade e o estudo revela os estratos linguístico-culturais
que se sobrepuseram ao longo do processo peculiar de denominações das localidades..
Objetivo
A pesquisa visa ao estudo etimológico do topônimo “Água Azul”, para que seja possível
desvendar a história do designativo , bem como os processos multidisciplinares envolvidos.
Metodologia
Para realizar o estudo, foram utilizadas informações encicloplédicas, coleta de dados e
entrevistas com moradores da região.
Discussão
Água Azul foi uma região coberta de matos e campos. Habitada somente pela tribo de índios Ibianguaras. Em 1635, a comitiva do Padre Cristóvão de Mendonza foi atacada pelos índios
Ibianguaras e o padre, responsável pela introdução da pecuária no Rio Grande do Sul, foi morto. O corpo do jesuíta foi encontrado nas águas de um córrego, atualmente é a fonte “Água
Azul”. Passaram-se alguns anos até que novos moradores surgissem no local. Uma senhora conhecida como Tia Chica estava muito doente, com dores reumáticas, quase não conseguia
caminhar. Ela banhou-se na fonte e curou-se da enfermidade. O ocorrido espalhou-se pela região , logo a fonte foi considerada milagrosa.
Referências
BUENO, Francisco da Silveira. Grande dicionário etimológico-prosódico da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva,
1963. 8v.
DICK, Matia Vicentina de Paula do Amaral. A Motivação Toponímica e a Realidade Brasileira. São Paulo: Arquivo
do Estado, 1990.
FROSI, Vitalina Maria (Coord.); FAGGION, Carmen Maria; ROVEDA, Suzana Damiani. Projeto Toponímia da Antiga
Colônia 1 – TOPac-i. Mestrado em Letras, Cultura e Regionalidade da Universidade de Caxias do Sul – RS. 2012.
GARDELIN, Mário; COSTA, Rovílio. Colônia Caxias: origens. Caxias do Sul: Edições EST, 1993. 304 p.
GARDELIN, Mário; COSTA, Rovílio. Povoadores da colônia Caxias. 2.ed. Porto Alegre: EST, 2002.
NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico resumido. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1966. 791 p.
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL; POZENATO, José Clemente PROJETO EDUCAÇÃO NO MEIO
RURAL. História e cultura de um povo: Santa Lúcia do Piaí. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 1986.
Resultados
Distrito: Santa Lúcia do Piaí
Localização geográfica Nordeste do distrito de Santa Lúcia do Piaí
Topônimo Água Azul
Acidente geográfico (AG) Região administrativa
Taxionomia Cromotopônimo
Etimologia
Água. Do lat. aqua. ( NASCENTES, 1966, p. 21) Azul. Do persa läzwärd, através do ár. vulg. * lāzurd e do arc. azur. (NASCENTES, 1966, P. 80).
Água – s. f. Linfa, líquido potável. Lat. aquam. ( BUENO, 1963, p. 130). Azul – s. m. Côr de anil. Ár vulg. *lazurd, ár. cl. Lazawárd, empréstimo
do persa e do árabe. No ital. deu-se a aférese de l, ficando azurro por se pensar que fôsse o artigo lo. Aparece no provençal sob a forma
azur que é corrente nos textos arcaicos do português. Deu-se depois a alternância r/l: azul. Esta côr é tomada como Símbolo da satisfação
quando tudo corre bem. Diz-se então: tudo é azul! Os reformadores do “ Dicionário de Morais” não compreenderam isto e erraram,
afirmando que, no Brasil, andar tudo azul é “andar tôda gente numa faina desordenada.” ( BUENO, 1963, p. 461).
Entrada lexical Água Azul
Estrutura morfológica Elemento específico composto. Lexema 1 - Água (substantivo comum) + lexema 2- Azul (adjetivo).
Informações enciclopédicas
De acordo com José Clemente Pozenato (1986, p. 113) Água Azul era uma região coberta de matos e campos e habitada pela tribo de
índios Ibianguaras. Em 1635 a comitiva do Padre Cristóvão de Mendonza foi atacada pelos índios Ibianguaras, assim o padre Cristóvão, o
qual introduziu a pecuária no Rio Grande do Sul, foi morto. O corpo do jesuíta foi encontrado nas águas de um córrego, que atualmente é a
fonte “Água Azul”. Passaram-se alguns anos até que novos moradores surgissem no local. Uma senhora conhecida como Tia Chica estava
muito doente, com dores reumáticas e quase não conseguia caminhar. Ela banhou-se na fonte e curou-se da enfermidade. O ocorrido
espalhou-se pela região e a fonte foi considerada milagrosa. O interessante é que a água da fonte é azulada o que pode ser um fator
importante para o local ter o nome Água Azul.
Considerações finais
A pesquisa, ainda em processo, permite afirmar que a história virou uma lenda na região. A fonte, até dias atuais, é vista como milagrosa e a maioria dos moradores afirma que a região
carrega o nome “Água Azul” pelo fato da água ter assumido a tonalidade azul quando o corpo do padre, Cristóvão de Mendonza, foi jogado pelos índios na fonte. Os estudos na área da
Toponímia ganham relevância na medida que, a partir dos elementos linguísticos, outros saberes e muitas histórias emergem, quando, como garimpeiros ou mergulhadores, buscamos
conhecer as origens dos nomes dos lugares.
Fonte Água Azul
Autoria: Kelli Alves
Estátua do padre Cristóvão
de Mendonza
Autoria: Kelli Alves
Fonte Água Azul
Autoria: Kelli Alves