Tomada de Contas Especial na Prtica

bastante comum que servidores pblicos se vejam arrolados em processo de Tomada de Contas e que recorram a contratao de advogados para patrocinar interesses nesses tipos de processos.O processo de Tomada de Contas possui natureza jurdica diferenciada dos processos judiciais e dos administrativos referidos nos arts. 153 a 166 da Lei n 8.112/1990 Regime Jurdico nico contendo regramento prprio definido na Constituio, Leis Orgnicas dos Tribunais de Contas e respectivos regimentos internos.Tal processo inicia-se quando o administrador pblico, dirigente da unidade oramentria, toma conhecimento de que houve prejuzo ao errio, no mbito de sua competncia. As causas distinguem-se em perda, extravio ou irregularidade. Sob pena de co-responsabilidade, h prazo instaurar, mediante portaria, Comisso de Tomada de Contas Especial, que deve ser integrada por servidores estranhos ao setor e, de preferncia, por algum profissional versado nas letras jurdicas.No Distrito Federal esse prazo de 10 dias; na esfera federal o praz de 180 (isso mesmo: cento e oitenta) dias. Mas esse prazo mais longo melhor, porque evita a proliferao de TCEs e permite ao gestor regularizar internamente o assunto.A comisso buscar coletar dados para definir o valor do prejuzo e, a partir de depoimentos obrigatoriamente reduzidos a termo e documentos analisar a conduta dos agentes envolvidos no dano. Dever servir-se, na ausncia das normas da Lei Orgnica do respectivo Tribunal de Contas, das regras insculpidas no Cdigo de Processo Civil, conforme Smula n 103, de 25 de novembro de 1976 do TCU. Estabelecido o valor do dano, a causa e o nexo causal entre esse e a conduta dos agentes, a Comisso elaborar relatrio final. O prazo recomendvel, por analogia com o processo administrativo disciplinar, de 60 dias, podendo ser prorrogado por deciso fundamentada a partir de pleito formulado, com a antecedncia devida, pela autoridade que institui a Comisso de TCE. de bom alvitre que os membros da Comisso de TCE tenham dedicao exclusiva a essa funo como tambm que cada rgo procure especializar servidores para esse mister, porque a funo, como qualquer atividade, gera especializao e acarreta responsabilidade, inclusive penal.O relatrio final da Comisso da TCE submetido autoridade que instituir a Comisso, a qual se manifestar. No entanto, no poder pretender que a Comisso o altere, pois essa detm autoridade tcnica sobre o assunto, mas poder divergir fundamentando sua posio. Da, o relatrio seguir para o titular da respectiva secretaria e, aps, para o contedo interno, que o encaminhar ao Tribunal.Chegando ao Tribunal de Contas, este promover os exames tcnico, jurdico, econmico e operacional do processo pela respectiva Inspetoria de Controle Externo ou a Secretaria de Controle Externo, que elaborar informaes sobre os autos. A seguir, distribudo a um Conselheiro, nos Tribunais e Conselhos estaduais ou municipais, ou a um Ministro, no TCU, e, aps breve relato, ser submetido ao Ministrio Pblico que funciona junto s Cortes de Contas. Esse rgo emitir parecer requerendo as providncias que couberem no feito, a exemplo do que ocorre processos judiciais. Atuar como custos legis. Nessa fase, o processo, caso necessrio, poder voltar origem para complementao.Aps a resposta dos envolvidos, o processo volta sucessivamente Inspetoria/SECEX e ao Ministrio Pblico para os respectivos exames. E, em seguida, por intermdio do Conselheiro ou Ministro Relator, para julgamento. As contas, sero julgadas regulares, regulares com ressalvas ou irregulares.A deciso, nos termos do art. 71 3, da Constituio Federal tem eficcia de ttulo executivo.Como os processos de TCE podero em alguns casos ser revistos pelo Poder Judicirio, na forma prevista em lei, o procedimento segue o direito romano- cannico, segundo o princpio quod non est in actis, non est in mundo, isto , o procedimento formal escrito. Tamanhas peculiaridades acima expostas, alm de outras, devero sempre ser levadas em considerao pelos advogados no patrocnio de causas que atuarem em processos de TCE, sob pena de comprometerem a eficcia da defesa. Para saber mais sobre o tema, leia: Tomada de Contas Especiais. 4. ed. amp., rev. e atual. Belo Horizonte: Frum, 2009.