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Todos os direitos reservados. Esta publicação não poderá ser reproduzida ou transmitida, por nenhuma forma, até mesmo por e-mail sem que haja uma autorização do autor. Quando alguém interessar-se por citar este trabalho que o seja mencionando a fonte e o autor.

Este livro tem finalidade de educativa e as opiniões aqui expressadas pelo autor são de sua responsabilidade.

Esta obra intelectual está sob a proteção das leis brasileiras de direitos autorais.

Autor: Peter Wolffenbüttel

Diagramação: Franciele Ramalho

Copyright 2015 todos os direitos reservados

Publicado em Julho de 2015

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ÍNDICE

1- INTRODUÇÃO.............................................................................4

2- CLIMAS MEDITERRÂNEO, CONTINENTAL E MARÍTIMO..................5

3- MICROCLIMA..............................................................................6

4- VINHOS DE ALTURA....................................................................7

5- VIDEIRAS ANTIGAS.....................................................................9

6- VINHOS DE CORTE ...................................................................11

7- VINHOS VARIETAIS...................................................................12

8- VINHOS DO NOVO MUNDO E VELHO MUNDO..............................13

9- FINAL.......................................................................................17

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INTRODUÇÃO

Este livro procura desenvolver alguns conceitos básicos no mundo do vinho que estão em rótulos e contrarrótulos, mas que, inadvertidamente, não estão bem explicados e/ou entendidos.

Porém, eles devem ser do conhecimento dos enófilos porque influenciam radicalmente no vinho a ser apreciado, inclusive no quesito preço.

Além de constituírem aqueles conceitos básicos para que se possa entender e compreender o vinho que está a nossa frente.

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CLIMAS CONTINENTAL, MEDITERRÂNEO E MARÍTIMO

Agora o clima. Junto com o tipo de solo, o elemento que mais influencia

no vinho.

Há, no mundo do vinho basicamente três tipos de clima. O continental, o mediterrâneo e o marítimo.

A quase totalidade dos vinhedos estão plantados, ao sul da linha do

equador nos paralelos 30 a 50. Ao norte entre os paralelos espelhados

30 e 50, idem. Exceções existem.

Assim, climas desérticos e polares não interessam para a uva.

CLIMA CONTINENTAL

O clima continental apresenta temperatura média acima de 10 °C nos

meses de maior calor e a média do mês mais frio é abaixo de -3 °C.

Normalmente ocorrem no interior dos continentes.

Invernos rigorosos, verões secos, chuvas bem distribuídas no outono e

primavera.

CLIMA MEDITERRÂNEO

O outro clima que interessa é o mediterrâneo. O clima mediterrâneo

tem verões secos e invernos úmidos. Ocorre na Europa meridional,

sudoeste da Austrália, na Califórnia e Chile.

CLIMA MARÍTIMO

Localidades perto de mares e oceanos possuem invernos e verões não

muito rigorosos, mas chuvosos a qualquer momento. Clima de região

vinhateira como Bordeaux (França).

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MICROCLIMA

Regiões vinhateiras que estão nas encostas dos morros como estes no

Vale de Paarl na África do Sul estão recheados de microclimas.

São pequenas sub-regiões que se diferem do clima habitual da grande

região. Isto é, pela altura, insolação, ventos, proximidade de massas de

águas, como estuários, mares ou oceanos, possuem características

próprias e às vezes opostas a região como um todo.

Um exemplo interessante é a Serra de São Mamede no Alentejo em

Portugal. O Alentejo é a maior região do país. Extensa terra plana,

quente e seca. Com clima continental e nas bordas do Atlântico,

marítimo. Porém há o microclima de São Mamede com seus vinhedos

plantados na subida da serra onde se ganha altura, noites e dias mais

amenos no verão e condições climáticas bem diferentes do resto do

Alentejo.

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VINHOS DE ALTURA

Vinhedos como estes em Luján de Cuyo, Mendoza Argentina os lugares

nos patamares que sobem os Andes são os mais disputados. É o famoso

Cordón del Plata, o anfiteatro que sobe a cordilheira.

Mas no que a altura influencia, drasticamente, na qualidade da uva, nas

suas características como aromas e sabores.

Muito se lê nos rótulos e contrarrótulos que tal ou qual vinho foi

produzido em tantos metros de altura. Que tal ou qual região está

localizada em tal altura.

Aqui no Brasil, os vinhos do planalto catarinense vêm sendo chamado de

vinhos de altura, e assim vai.

Realmente a altura tem efeito determinante no vinho. Já dito que a uva

como todo vegetal gosta deste ou daquele lugar em detrimento de

outros. E a altura é fator determinante para algumas castas.

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O final do período de maturação da uva deve ser o mais lento e

prolongado possível. Neste momento as uvas amaciam os taninos, fixam

os aromas, o álcool e o açúcar, essenciais na hora da vinificação.

Assim em locais cujo verão é demasiado quente, inclusive à noite,

sempre que possível os vinhedos estão perto de rios, mares ou

plantados em altura, tudo para que as noites de verão sejam mais frias e

agradáveis e permitindo o descanso noturno dos vinhedos e o

amadurecimento lento e gradual como dito acima.

Nestes casos, 10 ou 15 dias a mais de maturação determinam o sucesso

ou o fracasso de uma vindima.

Assim em locais mais quentes, certamente os produtores disputam os

locais mais altos, para, justamente buscar este diferencial de

temperatura.

Temos então os vinhedos de Luján de Cuyo, os vinhedos de Salta,

ambos na Argentina a mais de 2.000 metros de altura, os vinhos de

Ribeira del Duero e Priorato, Espanha. Côte Ventoux, França e por aí vai.

Sempre visando o descanso noturno da videira. Videira que descansa são

as que nos dá uvas equilibradas. Uva equilibrada é igual a vinho

equilibrado que não precisa de correção química. Quanto menos

intervenção humana na vinificação, melhor.

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VIDEIRAS ANTIGAS

Têm-se diferenças entre as uvas das vinhas antigas e novas?

Há muitas diferenças. Videiras antigas como a desta foto carregada de

Garnacha, em Calatayud, na Espanha são videiras com mais de 80 anos.

Videiras antigas produzem muito pouco, uma garrafa de vinho por pé,

mas com qualidade muito superior.

Quanto menos cachos por braço melhor a qualidade do fruto. Quanto

menos filhos, mais a mãe os cuida.

Por este motivo os produtores sustentam com orgulho em seus rótulos

que o vinho provém de videiras velhas.

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Repare nestes troncos retorcidos, a seiva demora a chegar às pontas

alimentando melhor a videira, as uvas são mais concentradas em taninos

e aromas, seus vinhos são mais estruturados e elegantes e com vocação

para envelhecimento com saúde.

Como produz pouco, o produtor não irá usar estas uvas em vinhos fracos

e ruins, deste modo são vinhos mais caros, mas bem melhores.

Mas, onde encontrá-las? O Chile possui vários produtores que ostentam

nos rótulos que eles provêm de vinhas antigas. Mas enfim, Chile e

Argentina possuem vinhedos antigos.

No velho mundo os exemplos são mais ricos. Portugal, por exemplo, tem

vários vinhedos antigos plantados desde sempre e produzindo até hoje.

Na França e Itália também, enfim os países tradicionais possuem videiras

antigas e hoje as exploram como um plus na hora de comercializar seus

vinhos.

Portanto, esta informação contida nos rótulos vinda de um produtor

honesto é válida e seus vinhos são bem diferentes, inclusive no preço.

Mais uma vez fala alto o binômio quantidade-qualidade.

No Brasil há os vinhedos da antiga Vinícola Riograndense que produzia

os saudosos Granja União.

Estes vinhedos estão na propriedade da Vinícola Argenta. São vinhedos

de Cabernet Franc, Cabernet Sauvigon, Merlot e Riesling Itálica que

foram plantados na década de 40/50, portanto há cerca de 70 anos que

vêm produzindo uvas para a vinificação.

Pena muitos consumidores ainda não se atentarem a este detalhe na

hora da compra de seus vinhos. Preste bem atenção, esta dica é muito

importante. Se somado aos vinhos de altura, aí é a glória.

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VINHOS DE CORTE

Este aí da foto é um gigante. Um clássico do mundo do vinho. Um Châteauneuf du Pape, produzido no Rhône, França. Leva em sua composição em média 13 a 15 uvas dependendo da safra. Um mosaico.

São vinhos, que de modo geral, são elaborados em climas instáveis como o marítimo. Verões chuvosos ou não determinam quais uvas melhor se saíram e que darão condições de percentuais no corte.

Mas, não são vinhos melhores nem piores, mas sim necessidade imperial de assim o serem. São como as tintas da natureza para que o pintor, o enólogo, possa desenhar nosso vinho.

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VINHO VARIETAL

Os vinhos varietais são aqueles elaborados de uma só uva ou mesmo da quase totalidade de uma só uva.

São os vinhos de regiões com climas continentais que pouco mudam ao longo do ano.

Climas mais fixos no inverno e verão. Sem variações climáticas importantes, permitem que neste ou naquele terroir (clima+solo+geografia+intervenção humana) plante-se tal ou qual uva.

São os vinhos de regiões clássicas como a Alsácia, França, este da foto, Colchagua, Chile, Alentejo, Portugal, entre outras.

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VINHOS DO NOVO E VELHO MUNDO

Vinhos do velho mundo e vinhos do novo mundo. Não gosto desta

classificação. Além de generalizar, contém inverdades. Primeiro, vinho é

vinho em qualquer lugar deste planeta. Segundo, estilos impostos por

este ou aquele formador de opinião através desta ou daquela mídia

criaram mercadologicamente esta classificação.

Mas, por trás dela está a imposição quase imperial dos varietais nos

chamados vinhos do novo mundo. Como se tivesse sido nestes países

que os varietais foram criados.

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Outra inverdade. Mas qual é o melhor vinho o varietal ou o de corte ou

blend de uvas? Bem, aí depende de uma série de fatores.

Temos que lembrar que na Europa há muitos séculos que os chamados

varietais ou vinhos de uma só uva são elaborados. Como, por exemplo,

na Alsácia, França, nos vinhedos aí da foto acima.

São as variedades brancas as dominantes e sempre ou na quase

totalidade feitos de uma só uva. Riesling, Gewürttzraminer, Pinot Blanc,

entre outras.

De se lembrar que na Borgonha, França, também. Temos o Chablis,

pequena vila com o mesmo nome onde só está autorizado a plantar e

produzir Chardonnay. Ou mesmo na Côte D’Or com vinhedos divididos

entre Chardonnay e Pinot Noir.

Não foi o chamado novo mundo que elaborou primeiro os vinhos

chamados varietais.

Ocorre que a legislação nestes países, mais elástica e branda do que nas

chamadas regiões demarcadas na Europa, permitiam a utilização da uva

que se adaptasse melhor ao terroir.

Desta maneira não estavam amarrados como estão, ainda, muitas

regiões mais antigas na Europa.

Agora, verdade seja dita, uma grande inovação dos países do chamado

novo mundo foi o destaque, no rótulo, de qual uva predomina na

garrafa. Assim facilitam a vida dos consumidores, principalmente os mais

novatos.

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Rótulos como este, por exemplo.

Facilmente dizem qual a uva predominante. Mesmo sendo de uma uva

não usual no Brasil.

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Agora vejam este rótulo do mesmo vinhedo de Chassagne-Montrachet,

um clássico vinho da Côte D’Or, Borgonha, elaborado 100% com a

Chardonnay.

Bem mais complicado, não é? Bem, explicações sobre rótulos da Europa

vamos deixar para outra publicação. Aqui o que nos interessa é se os

vinhos de corte são melhores ou piores que os varietais.

Penso que quem determina se os vinhos de uma determinada região,

independentemente de qual país estejam os vinhedos, será sempre o

terroir.

Toda a experiência cultural dos vinhateiros é que decidirão, nos países

com legislação menos descomplicada qual uva será plantada neste ou

naquele terreno. Já os países mais tradicionais e com legislação mais

rigorosa, já fizeram vários estudos há séculos e determinaram quais uvas

estão autorizadas.

Outro fator determinante é o clima no final da maturação das uvas.

Climas continentais, onde os verões são ensolarados, com pouca

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umidade e noites mais frias são climas mais estáveis, podendo plantar-se

esta ou aquela uva que melhor se adapte.

São safras mais estáveis com vinhos já predeterminados. Aí se utilizam

muito os varietais. Como, por exemplo, o Colchagua, Chile. Tal ou qual

área para tal ou qual uva. Com o determinante mercadológico de se

colocar no rótulo esta ou aquela uva. Conseguindo, assim, experiência

neste ou naquele varietal.

Já climas mediterrâneos onde os verões são uma incógnita, como por

exemplo, os vinhos do mediterrâneo ou os vinhos do Minho em Portugal,

região sabidamente chuvosa o ano todo. Qual uva usar nos vinhos?

Certamente aí um blend de uvas dependendo, claro, de qual se adaptou

melhor naquela safra.

Portanto, vinho é vinho. Seja de varietal ou não. O certo é que o terroir

é que determinará qual será.

FINAL

Depois de lerem os dois primeiros livros dos Primeiros Passos no Mundo

do Vinho e finalizando com este. Penso que os conceitos e vocabulários

básicos estão bem explicados e o leitor está apto a vôos mais altos com

o conhecimento das regiões, uvas e vinhos dos principais países

produtores como veremos na sequência a seguir.