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Tocando o trombone com fluência e liberdadeTÉCNICA INSTRUMENTAL — 4 DE JULHO DE 2012 3:27 PM
por: Renato Farias
Em geral, o anseio e os questionamentos da maioria dos trombonistas, sejam estudantes ou profissionais,
são os mesmos:
Como conseguir uma sonoridade agradável?
O timbre do trombone é assim mesmo!? Agressivo?
É um instrumento típico e ideal para bandas?
Porque estudamos tanto, e os trompetistas e saxofonistas conseguem tocar estudos mais velozes do que
nós?
É difícil afinar as notas em um instrumento sem válvulas (pistos)!!
Que bocal é melhor para emitir as notas agudas?
Este bocal não é pequeno para as notas médias e graves?
Cria-se mentalmente uma série de pretextos e barreiras, e até dúvidas se o trombone não é um
instrumento tecnicamente limitado.
O grande mestre Gilberto Gagliardi citava duas célebres frases: “O problema está na pecinha atrás do
bocal” e“O seu talento está lento”.
Hoje, dispomos de muitos recursos; instrumentos excelentes, todos os métodos necessários, escolas
públicas de música, informações via internet, a Revista Weril, etc… O que necessitamos agora é de
organizarmos nossas atividades e nos dedicar à pesquisa e ao estudo disciplinado do instrumento que
elegemos. E mais: procurarmos nos inteirar das artes e cultura geral, freqüentando shows, concertos,
festivais, cursos, participarmos de debates em workshops, master-classes, e muito mais.
Temos medo de nos aprofundar em nossos estudos, no receio de nos complicarmos. Como músico
profissional, procuro estar atento a tudo que acontece musicalmente no mundo. Muita coisa mudou, mas
nada conseguiu substituir a necessidade e eficiência do estudo sistemático dos instrumentos musicais. Se
não tivermos consciência de que a dedicação à música e ao instrumento nos trará benefícios, seremos
músicos frustrados vencidos pelo tempo.
É muito importante que em nossa jornada tenhamos a orientação periódica de um professor reconhecido,
e que possua uma didática clara e compreensível.
Nossos questionamentos:
A sonoridade agradável adquire-se procurando tocar da forma mais natural possível, sem grandes
esforços, dando ênfase aos estudos de notas longas sem ataque, variando gradativamente a
dinâmica: pp, p, mp, mf, f e ff. Partindo deste princípio, estudar em andamento lento, e sem articulação
(ligadura natural = sem utilização da língua), os exercícios 1 e 2, repetindo cada frase 6 vezes utilizando
as dinâmicas acima, emitindo as notas com brilho quando pp, p, mp e não deixando que nas
dinâmicas mf, f, ff a sonoridade seja agressiva e com timbre muito metálico. Para tanto, procure executá-
las com a boca mais aberta que o habitual. (Ver exercícios abaixo) O trombone é compatível com
qualquer formação, portanto, procure integrar grupos variados como: trompete, sax e trombone, trios e
quartetos de trombones, quinteto de metais, trombone e piano. A prática em grupos pequenos possibilita
o desenvolvimento musical e a consciência de grupo, permitindo uma boa performance ao atuar em
grupos maiores como bandas, orquestras, etc…
A velocidade nas execuções de trechos musicais com o trombone, quando comparada a outros
instrumentos, inicialmente aparenta ser difícil.
É preciso ter consciência de que o trombone de vara tem digitação diferenciada dos demais. Temos que
mover as diferentes posições para construirmos as notas. Tendo um estudo disciplinado e com muita
cautela, poderemos adquirir domínio e fluência na execução do mesmo. O estudo das escalas nos tons
maiores e menores nos permitem, ao longo do tempo, não só a localização das notas, como um bom
reflexo e sincronismo no movimento da vara. Procure executar os exercícios abaixo, inicialmente sem
interromper a coluna de ar (soprando continuamente).
A afinação das notas no trombone, além de procurar centrar a sonoridade das mesmas, dependem de
algumas correções da série harmônica (seqüência de notas na mesma posição) Alguns instrumentos de
pistos dispõem de recursos para as correções de afinação, como gatilhos e anéis que possibilitam abrir e
fechar algumas pompas (voltas).
O bocal é um acessório indispensável e muito importante e a escolha da medida, devido as
características pessoais.
Os bocais mais usuais para o trombone tenor são:
VTBT 6 ½ A;
VTBT 6 ½ AL;
VTBT 6 ½ AM;
VTBT 5G;
VTBT 5 GS;
VTBT 4G.
E para o trombone baixo:
VTBT 3G;
VTBB 1 ¼ GM;
VTBB 1 ½ G;
VTBB 1 ¼ G;
VTBB 1 G.
(Verifique no catálogo da Weril).
Porém não é aconselhável experimentar vários bocais em um curto espaço de tempo, devido a adaptação
exigida à musculatura facial. Obtenha todas as informações sobre os músculos faciais no caderno
“Princípios Básicos da Execução dos Instrumentos de Metal” editado e distribuído pela Weril.
É de suma importância a freqüência do músico em eventos musicais, não só na fase de sua formação.
Através das informações obtidas através dos sons, naturalmente a memória tornase um rico banco de
dados e, por meio do estudo musical qualitativo, haverá uma seleção de detalhes que estarão
influenciando a sua carreira musical. Procure também ouvir gravações, não só de artistas relacionados ao
seu instrumento.
Para que possamos despertar em nosso instrumento a propagação de nosso som pessoal, como a voz,
necessitamos ter contato com diferentes
timbres: instrumentos de cordas, madeira, percussão, etc….
É também importante, selecionar e ouvir vários gêneros para que se desenvolva a comparação entre
compositores, interpretes, épocas e regiões.
A ciência do estudo do Trombone, exige que tenhamos em nosso material didático, diferentes métodos,
para que possamos deles extrair os exercícios adequados ao desenvolvimento de todos os importantes
itens, resultando uma boa performance.
Renato Farias trombonista, professor e artista Weril.
Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 145