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TÍTULO DE LA COMUNICACIÓN: A PROBLEMÁTICA DO LIXO E AS ASSOCIAÇÕES DE RECICLAGEM EM CANOAS/RS - BRASIL AUTOR 1: Judite Sanson de Bem Email: [email protected] DEPARTAMENTO: Ciências Econômicas UNIVERSIDAD: Centro Universitário La Salle – UNILASALLE – Rio Grande do Sul/Brasil AUTOR 2: Gislaine Cristina Rech Email: [email protected] UNIVERSIDAD: Universidade Politécnica de Valência ÁREA TEMÁTICA: 5. Energía, sostenibilidad, recursos naturales y medio ambiente RESUMEN: O Brasil vem sofrendo transformações ambientais decorrentes do crescimento populacional, industrial e aumento da oferta de bens de consumo descartáveis. Isso leva a geração lixo e resíduos industriais que demandam, crescentemente, maiores áreas destinada à sua disposição final. A produção de resíduos sólidos urbanos é antiga, pois desde a criação do homem este produz sobras, que com o passar de sua existência foram

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TÍTULO DE LA COMUNICACIÓN: A PROBLEMÁTICA DO LIXO E AS

ASSOCIAÇÕES DE RECICLAGEM EM CANOAS/RS - BRASIL

AUTOR 1: Judite Sanson de Bem Email: [email protected]

DEPARTAMENTO: Ciências Econômicas

UNIVERSIDAD: Centro Universitário La Salle – UNILASALLE – Rio Grande

do Sul/Brasil

AUTOR 2: Gislaine Cristina Rech Email: [email protected]

UNIVERSIDAD: Universidade Politécnica de Valência

ÁREA TEMÁTICA: 5. Energía, sostenibilidad, recursos naturales y medio ambiente

RESUMEN:

O Brasil vem sofrendo transformações ambientais decorrentes do crescimento

populacional, industrial e aumento da oferta de bens de consumo descartáveis. Isso leva

a geração lixo e resíduos industriais que demandam, crescentemente, maiores áreas

destinada à sua disposição final. A produção de resíduos sólidos urbanos é antiga, pois

desde a criação do homem este produz sobras, que com o passar de sua existência foram

2

aumentando até se tornar um problema, em decorrência da variedade de impactos

negativos que seu trato registra, como ambientais, sócio-culturais, econômicos, legais e

de saúde pública. Esses impactos, associados a um aumento significativo na taxa de

geração de resíduos e sua concentração espacial, realçam as dificuldades envolvidas e a

necessidade de controle da produção e destinação de resíduos, para garantir a qualidade

ambiental e ainda oferecer a oportunidade de indivíduos retirarem de sua coleta fonte de

renda que de outra forma não o obteriam. Canoas, na Região Metropolitana de Porto

Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, representa um caso típico desta situação, pois sendo

uma cidade de porte médio, industrializada, gera anualmente uma quantidade de

resíduos maior do que a capacidade de demanda do aterro sanitário local o que tem

preocupado sua administração, ao mesmo tempo em que uma parte destes resíduos tem

sido destinada à coleta seletiva. Dependendo do porte populacional há uma maior ou

menor abrangência da coleta, pois menor é a produção de lixo/kg/hab/dia, sendo o

município responsável pela coleta No entanto, tem crescido a presença de coletores

porta-a porta, sendo a reciclagem de papel, papelão e latas a mais importante

O objetivo geral deste trabalho é descrever a problemática do lixo no município

de Canoas, RS e a importância das Associações de Reciclagem. Observa-se que houve

um crescimento da geração de resíduos sólidos superior ao crescimento demográfico do

município o que demanda uma maior participação do poder público e das Associações

de Reciclagem, proporcionando emprego e renda a pessoas com baixo grau de

instrução.

PALABRAS CLAVE: Geração de Resíduos Sólidos Urbanos; Canoas; Associações de Reciclagem

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1. Introdução

A produção de resíduos sólidos cresce em todo mundo em função do aumento

populacional, embora sua composição seja influenciada por diversos fatores, tais como:

condições socioeconômicas, políticas e climáticas, hábitos e costumes da população,

acesso a tecnologias diferenciadas, variações sazonais, entre outras.

No Brasil as formas adotadas para sua destinação variam de acordo com critérios

sanitários e ambientais, sendo que na maioria das vezes estes se subdividem em:

incineração, reciclagem, incorporação, coprosessamento, compostagem e aterros

sanitários.

Comparando-se a composição do lixo em diferentes cidades brasileiras de portes

variados tem-se que a porção orgânica do lixo está na faixa de 60% e as demais frações

de recicláveis estão acima de 20%.

Aproximadamente 55% dos resíduos gerados no país são destinados aos

vazadouros a céu aberto (lixões) e 22% aos aterros controlados. Essas formas de

disposição dos detritos contribuem de alguma maneira, para o agravamento das

condições de vida da população. Do total do lixo, 13% são encaminhados aos aterros

sanitários.

No Brasil e em Canoas, município da Região Metropolitana de Porto Alegre,

tem crescido a participação de resíduos que são destinados ao processamento seletivo,

seja na forma porta-a-porta ou através da coleta, por caminhões e a entrega em locais

para a separação, geralmente galpões de cooperativas, e sua posterior transformação em

produtos, como por exemplo, papel-reciclado ou derivados de pet, na forma de

vassouras, esponjas, entre outros.

O objetivo deste trabalho é apresentar a geração de resíduos sólidos em Canoas,

RS e a importância das Cooperativas de recicladores quanto à geração de renda e

emprego, e a redução de resíduos sólidos urbanos que de outro modo teriam destinos

menos nobres.

2. A importância econômica do lixo

Lixo é tudo aquilo que sobra de uma atividade. Pode ser resultado de atividades

realizadas nas residências (varrição, restos de comida, de embalagens), nas

comunidades, nas empresas (papeis, copos descartáveis, guimbas de cigarro, folhas e

galhos) ou em processos industriais (borrachas, papel, papelão, madeiras, sucatas, cabos

elétricos, finos industriais, restos de construções civis, refratários, entre outros).

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De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 10004:2004,

o resíduo sólido é definido nos estados sólido, semi-sólidos, que resultam de atividades

de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição.

Alguns resíduos sólidos que muitas vezes são considerados como inúteis, indesejáveis

ou descartáveis, quando manejados podem ser reutilizados no processo de reciclagem,

retornando ao estado de matéria-prima ou utilizado em co-processamento, sendo

utilizados na queima para obtenção de energia ou na obtenção de outros subprodutos.

Existe uma diferença entre os termos lixo e resíduo sólido; enquanto que o

primeiro não possui qualquer tipo de valor, sendo necessário o seu descarte, o segundo

pode possuir valor econômico agregado, havendo possibilidade de se estimular o seu

aproveitamento dentro de um processo produtivo apropriado. Mas esta comparação só

pode ser levada em consideração se o lixo for encarado como um material sem nenhuma

utilidade, o que já ocorreu antes da década de 1970 (Demajorovic apud Baptista, 2001).

Para Pontes e Cardoso (2010) de acordo com a fonte geradora os resíduos sólidos

se diferenciam como:

- Domiciliar: resíduos gerados em domicílios residenciais;

- Comercial: resíduos gerados em estabelecimentos comerciais e de prestação de

serviços. Possuem composição variável de acordo com o tipo de atividade desenvolvida

pela unidade geradora. Os resíduos oriundos de bares, restaurantes e similares são mais

ricos em matéria orgânica (proveniente das sobras de alimentos), enquanto aqueles

oriundos de estabelecimentos de prestação de serviços são mais ricos em material

reciclável;

- Industrial: Resíduos cuja composição básica depende da atividade desenvolvida

pela indústria.

O gerenciamento de resíduos envolve um conjunto de ações normativas,

operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração (gestor) desenvolve

(com base em critérios sanitários, ambientais, e econômicos), para coletar, segregar,

tratar e dispor ou destinar os resíduos em locais preparados e ambientalmente corretos.

Entre as formas de gerenciamento de resíduos, tem-se a coleta seletiva de materiais

recicláveis.

Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutilizá-los. É o resultado de uma série de atividades, pela quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos (COMPAM, 2010).

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O termo foi originalmente utilizado, para indicar o reaproveitamento (ou a

reutilização) de um polímero no mesmo processo em que, por alguma razão, foi

rejeitado. Reciclar, por seu turno significa fazer a reciclagem.

O conceito de reciclagem difere de reutilização. O reaproveitamento ou

reutilização consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro,

não havendo possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado original,

resultando em um material com novas características.

A reciclagem é um processo cuja função prioritária é promover a recuperação de

materiais tidos como resíduos sólidos, transformando-os em matérias primas a serem

utilizados em processos de reprocessamento.

3. Coleta seletiva de resíduos sólidos e triagem de materiais recicláveis

Entende-se por coleta regular de resíduos sólidos domiciliares e públicos – RDO

e RPU o conjunto de procedimentos referentes ao recolhimento de resíduos de origem

domiciliar ou comercial com características domiciliares, que são previamente

acondicionados e oferecidos à coleta pública pelo usuário, e resíduos de origem publica,

ou seja, provenientes da limpeza de logradouros.

No Brasil, para o ano de 2007 ( os municípios que conseguiam separar as massas

de RDO e RPU) o indicador Massa Coletada (RDO) per capita em relação à população

atendida com o serviço de coleta, apresentou valores médios entre 0,53 Kg/hab./dia, na

faixa 1, a 0,83 Kg/hab./dia, na faixa 6, com tendência de crescimento gradual segundo

cresce o tamanho do município (Tabela 1).

Tabela 1 - Massa coletada (RDO) per capita em relação à população atendida com o serviço de coleta, segundo porte dos municípios Brasil, 2007

Faixa Populacional Massa de RDO coletada per capita

Quantidade de

Municípios Mínimo (kg/hab./dia)

Máximo (kg/hab./dia)

Médio (kg/hab./dia)

1 46 0,14 1,09 0,53

2 35 0,23 1,03 0,57

3 29 0,23 0,97 0,62

4 35 0,38 0,98 0,69

5 11 0,61 0,89 0,74

6 2 0,8 0,85 0,83

Total 158 0,14 1,09 0,73 Fonte: SNIS, 2010

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Coleta seletiva é o conjunto de procedimentos referente ao recolhimento

diferenciado de resíduos recicláveis (papéis, plásticos, metais, vidros, etc.) e até de

resíduos orgânicos compostáveis, desde que tenham sido previamente separados dos

demais resíduos considerados não reaproveitáveis, nos próprios locais em que tenha

ocorrido sua geração. Ocorrência do serviço de coleta seletiva de resíduos sólidos

domiciliares executado por agente público ou empresa contratada, por empresa do ramo

ou sucateiro, por associações ou cooperativas de catadores, ou por outros agentes.

(SNIS, 2010)

A coleta seletiva no Brasil era praticada em 56,9% dos municípios da pesquisa

do SNIS, no ano de 2007, sendo observado o crescimento da proporção segundo cresce

o porte do município.

A forma predominante de realização da coleta seletiva é porta-a-porta, com

90,6%, salientando-se que desde a primeira faixa já se mostra alta a taxa de uso da

coleta porta-a-porta com mais de 90%. De outro lado tem-se a coleta em postos de

entrega voluntária que apresenta-se mais tímida nas primeiras faixas, mas cresce

rapidamente com o porte.

No que se refere ao agente executor da atividade de coleta seletiva constata-se a

importância das associações ou cooperativas de catadores, na maioria das vezes com

apoio das prefeituras, com participação quase tão intensa quanto à da própria prefeitura.

Também há a presença das associações sem parceria da prefeitura, com uma

participação de 10% na atuação porta-a-porta. (Tabela 2)

Tabela 2 - Forma de realização da coleta seletiva, segundo agente executor Brasil, 2007

Forma de Coleta Agente Executor

Porta a porta, em dias específicos (%)

Postos de entrega voluntária (%)

Prefeitura Municipal ou empresa contratada 50,3 27,5

Cooperativas / assoc. de catadores com parceria da Prefeitura

46,3 27,5

Cooperativas / assoc. de catadores sem parceria da Prefeitura

10,1 5,4

Empresas Privadas do ramo, sucateiros, aparistas

0,0 0,0

Fonte: SNIS, 2010

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Destacam-se, em quantidades os seguintes tipos de produtos coletados e

reciclados: os papéis e os plásticos com 77,1% do total de materiais recuperados.

Individualmente, há uma predominância do conjunto papéis e papelões (50, 7%) o

dobro do percentual de plásticos (26,4%). Os metais e vidros somam 18,5%, e os

demais (4,4%) relativos aos outros materiais não especificados.

4. Estudo de caso do Município de Canoas - Rio Grande do Sul

O município de Canoas está situado na Região Metropolitana de Porto Alegre,

constituída por 31 Municípios, a 13,5 km de distância da capital do Estado, e com uma

área de 131 km². A população estimada para 2010 é de 353 mil habitantes, com uma

densidade demográfica de 2.703 hab/km².

4.1 Tratamentos dado ao lixo em Canoas

Considerando a informação do Censo de 1996, Canoas tinha 284 mil e cinqüenta

e nove habitantes, sua produção de resíduos sólidos domiciliares foi de 51.733 toneladas

no mesmo ano, representando uma massa coletada (RDO – resíduos domiciliares) per

capita em relação à população total de 500 gramas diárias ou 182 quilogramas anuais.

Estimou-se para Canoas uma população de 326 mil habitantes para o ano de

2007, e segundo informações da SNIS (2010) a massa total de resíduos sólidos foi de

75.900 toneladas. Nestas medidas, a massa coletada (RDO – resíduos domiciliares) per

capita em relação à população estimada total é de 680 gramas diárias ou 248

quilogramas anuais. Tomando a relação de crescimento populacional e de massa

coletada, percebe-se um aumento de +47% na massa de RDO coletada enquanto o

aumento populacional foi de +15% nestes dez anos (1996 a 2007).

A taxa de cobertura dos serviços de coleta dos resíduos domiciliares foi de

99,86% em 2007. Esse atendimento realizou-se em 70% dos domicílios do município,

sendo realizado numa freqüência de duas a três vezes na semana. Os 30% restantes dos

domicílios foram atendidos pelo menos uma vez na semana.

A tabela 3 apresenta a massa domiciliar coletada entre o ano de 1994 e 2009.

Embora a massa domiciliar coletada mostre um decréscimo médio -1,1% nos anos de

2000 a 2001 a trajetória de aumento de RDO manteve uma média de +7,7% anuais.

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Tabela 3 – Massa Coletada (RDO) no município de Canoas/RS e variação %,

1994 a 2009, em toneladas e %

Ano Resíduos solidos

coletados em Canoas/RS (em

toneladas)

% Variação em relação ao ano

interior

1994 34.001 1995 41.031 20,7 1996 48.896 19,2 1997 51.733 5,8 1998 57.913 11,9 1999 60.146 3,9 2000 59.249 -1,5 2001 59.138 -0,2 2002 58.123 -1,7 2003 63.918 10 2004 69.493 8,7 2005 79.158 13,9 2006 71.719 -9,4 2007 75.707 5,56 2008 79.603 5,15 2009 77.762 -2,31 Total 987.590

Fonte: CARDOSO, 2010 F.D.B: SMTSP - Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos

A Tabela 4 expõe a evolução do crescimento demográfico, do crescimento

econômico e a geração dos resíduos sólidos no município de Canoas no período de 2000

a 2008. Nota-se que, paralelamente ao aumento da população e do PIB do município, no

decorrer dos anos, houve um aumento na geração de resíduos.

A população no município de Canoas, entre os anos de 2000 e 2007, teve um

aumento de 6,65%, enquanto a produção total de resíduos sólidos (domiciliares e

terceiros mais coleta seletiva) apresentou uma elevação de 43,35%, ou seja, uma

variação de 36,69% a mais que o crescimento demográfico.

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Tabela 4 - Crescimento Demográfico, Crescimento Econômico e a Geração de

Resíduos Sólidos no município de Canoas no período de 2000 a 2008.

Resíduos Sólidos (ton)

Ano População

(habitantes)

PIB a preços

correntes (R$ mil) 1

Renda per

capita (R$) Domiciliares

e Terceiros

Coleta

Seletiva2

2000 306.093 5.345.541 17.463,78 58.231,67 -

2001 309.159 5.895.377 19.069,08 59.913,36 640,20

2002 312.159 5.952.951 19.070,25 60.856,40 491,01

2003 315.128 7.342.940 23.301,45 69.712,53 1328,86

2004 318.032 8.674.003 27.273,99 68.230,43 1770,27

2005 320.898 8.868.100 27.635,26 79.158,05 2237,50

2006 323.705 9.607.235 29.678,98 61.262,50 1940,39

2007 326.458 10.770.196 32.991,06 81.300,00 2172,88

2008 330.258 - - - 1586,14

Fonte: CARDOSO, 2010 F.D.B. Fundação de Economia e Estatística, SMTSP/VEGA apud DIEPE Instituto Canoas XXI, 2010.

Partindo-se destes dados e da preocupação que o poder público passou a ter com

o crescimento da geração de resíduos no município, face seu desempenho econômico e

populacional, uma das alternativas para a redução dos lixões clandestinos e do

esgotamento do aterro sanitário municipal foi o incentivo para com as associações de

recicladores. Além da minimização da problemática do destino dos resíduos gerados,

outra face do problema se coloca: a grande quantidade de pessoas que sobrevivem da

catação de lixo, pessoas estas com pouca capacidade de inserção no mercado de

trabalho em face de baixa escolaridade/capacitação desta mão de obra.

4.2 As associações de reciclagem como geração de emprego e renda em Canoas-RS

A quantidade de resíduos sólidos obtidos por meio da coleta seletiva em Canoas,

no ano de 2007, totalizou 2172 toneladas. Segundo os dados da SNIS a quantidade

anual de materiais recicláveis recuperados (exceto matéria orgânica e rejeitos) coletados

ou não de forma seletiva foi de 1082 toneladas neste mesmo ano.

1 Valores nominais, não descontados a inflação do período. 2 Devido a problemas técnicos nos equipamentos de pesagem, deve-se considerar que há distorções nos valores apresentados referentes à coleta seletiva em alguns períodos (DIEPE INSTITUTO CANOAS XXI, 2010).

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Além do poder público efetivar a coleta seletiva de resíduos sólidos, as

associações executam este trabalho na forma de coleta porta-a-porta.

O município conta, atualmente, com 04 associações de recicladores, conforme

quadro 1.

Quadro 1 – Associações de Reciclagem do Município de Canoas, RS, que fazem parte da estrutura da Coleta Seletiva de Canoas

ASSOCIAÇÃO BAIRRO

ARLAS - Associação de Reciclagem Amigas Solidárias do Guajuviras

ARMC - Associação de Recicladores de Materiais de Canoas Mathias Velho

ATREMAG - Associação de Triagem e Reciclagem Mato Grande Mato Grande

RENASCER - Associação de Reciclagem Renascer Guajuviras (próximo ao Aterro Sanitário)

Fonte: Prefeitura Municipal de Canoas, 2010

A Associação Renascer tem 14 anos. Iniciou suas atividades para organizar

trabalhadores que catavam lixo em um lixão, que posteriormente se transformou em um

aterro sanitário. Funcionam em instalações muito precárias. Contam com 22 associados,

moradores de áreas irregulares do Bairro Guajuvira. Os mesmos são pessoas com baixa

escolaridade e com perfil de exclusão social, pois apresentam dificuldades de inserção

no mercado em função destas características.

A ATREMAG iniciou suas atividades em 2000 e integra 25 associados. São

moradores do bairro Mato Grande e seu perfil socioeconômico é semelhante aos

demais.

A ARMC iniciou suas atividades em 1989. Tem 16 associados, provenientes do

bairro Mathias Velho. A maioria destes tem ensino fundamental incompleto ( menos

que 09 anos de estudo).

A ARLAS iniciou suas atividades em 2000. Tem 49 trabalhadores cuja grande

maioria é mulheres, com baixa escolaridade.

No geral estes trabalhadores recebem ao redor de R$ 700,00/MÊS ao redor de

U$ 389,00. São solteiros - com filhos -, geralmente as mulheres são responsáveis pelo

sustento do lar. Neste sentido as associações são relevantes tanto social, pois resgatam a

dignidade dos trabalhadores frente às dificuldades de inserção no mercado de trabalho,

quanto econômica pois são fonte de renda direta e indireta No entanto o fator ambiental

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não pode ser desconsiderado dado estes trabalhadores serem responsáveis pela coleta,

separação e reciclagem de uma grande quantidade de resíduos que seriam depositados

nos aterros ou lixões que devido não terem as condições adequadas de conservação

geram incontáveis danos ao meio ambiente.

As figuras 1 e 2 mostram o ambiente de trabalho da Associação ARLAS.

Os diferentes tipos de materiais recebidos pelas associações de reciclagem de

Canoas estão dispostos no quadro 2.

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Quadro 2 – Tipos de Materiais Recebidos pelas Associações de Reciclagem de Canoas

ASSOCIAÇÃO BAIRRO

ARLAS - Associação de Reciclagem Amigas Solidárias do Guajuviras

ARMC - Associação de Recicladores de Materiais de Canoas Mathias Velho

ATREMAG - Associação de Triagem e Reciclagem Mato Grande Mato Grande

RENASCER - Associação de Reciclagem Renascer Guajuviras (próximo ao Aterro Sanitário)

Fonte: Instituto Canoas XXI – Diretoria de Estudos e Pesquisas Departamento de Preservação e Controle Ambiental 2009 Fonte dos Dados Brutos: Relatório Pró-Sinos 2010

O Quadro 2 mostra a variedade de materiais que podem ser reciclados

produzindo um valor econômico como novas matérias primas para outros processos de

produção3.

Apesar de não atender o total necessário do que deve ser reciclado o aporte

público junto com a existência das Associações significa uma popança de custos

futuros. Isso se pode afirmar porque, mesmo que não ocorresse crescimento

populacional, apenas incrementos de renda, a quantidade de lixo seguirá crescendo em

maior proporção que a renda (maior renda, maior consumo = mais lixo). O crescimento

da participação pública e do número de Associações gerará um volume cada vez maior

de externalidades sociais, econômicas e ambientais positivas.

Conclusões

Canoas, o segundo município na geração de renda do Estado do Rio Grande do

Sul, enfrenta problemas derivados da geração dos resíduos, sejam de natureza

domiciliar, industrial, hospitalar, construção civil, entre outros.

Seu crescimento populacional é uma conseqüência do dinamismo de seu parque

industrial, tendo se tornado um pólo de atração. Esta conjunção de fatores (sociais e

econômicos) gera, anualmente, uma grande oferta de resíduos que devem ser dispostos

ou reciclados. Entre os principais resíduos gerados pelo município estão o alumínio

3 Um exemplo disso é a marca espanhola Ecoalf. Esta empresa elabora roupas 100% recicladas utilizando garrafas de água (pet transparente) e redes de pesca. As patentes desenvolvidas por esta empresa tem recebido prêmios de pesquisa e seus modelos estão expostos nas “boutiques” mais exclusivas do mundo (El País Semanal, 29/09/2010).

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derivados das latas de refrigerante, além dos diversos tipos de plásticos e papeis

provindos das empresas e dos domicílios.

O atual aterro sanitário do município em final de vida útil, resultará em

transbordo do lixo gerado em Canoas para outros municípios, incorrendo em gastos com

a logística de transporte e outros investimentos que encarecerão as taxas de coleta da

população.

Neste sentido, nos últimos anos, o município tem incentivado a coleta e

reciclagem coletiva, mediante as associações/cooperativas de recicladores.

Logo, em decorrência da dimensão dos problemas internos derivados da geração

dos RDO e RDU, independente do porte dos municípios, o poder público deveria

investir mais em campanhas de educação ambiental, pois estas poderiam resultar: na

redução do desperdício, menor necessidade de locais para a disposição destes resíduos,

melhor taxa de recuperação do que é gerado, por parte da população, e redução das

despesas por parte do setor público para esta rubrica.

Em Canoas a geração de RDO e RDU tornou-se um crescente problema que o

setor público tem dificuldades para gerir frente aos valores que são despendidos e

quantidades darias.

O surgimento de associações reunindo catadores, trabalhadores que catam lixo

diariamente nas ruas ou mesmo são responsáveis pela separação do lixo seletivo

coletado na cidade, tem sido responsáveis pela sua colocação num mercado de trabalho

cada vez mais excludente, proporciona ocupação e renda e, sobretudo melhora as

condições do meio ambiente do município, frente o excesso de resíduos e suas

dificuldades de disposição de forma mais adequada.

A generalização deste modelo de reciclagem a todo o território brasileiro permite

resolver os futuros problemas de tratamento de lixos que possuem algumas economias

desenvolvidas que não afrontaram este problema no momento adequado. Um exemplo é

o caso de Alemanha que envia parte de seu lixo a terceiros países. Segundo o jornal

Zero Hora, do dia 18 de agosto de 2010, a “Receita Federal intercepta 22 t de lixo

europeu no porto de Rio Grande. Em 2009, cerca de 1,4 mil toneladas de lixo já haviam

sido interceptadas em portos brasileiros”. Este fato é um indicador da gravidade do

problema do lixo que não é tratado a escala mundial.

Referências

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, ABNT– NBR – 10.004: Resíduos Sólidos – Classificação (2004): Rio de Janeiro, Brasil, Número de Referência ABNT-NBR 10004, 71p. BARBIERI, J.C. (2004): Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva. BAPTISTA, F.R.M. (2001) Caracterização física do lixo urbano de Vitória - E.S – em função da classe social geradora. Dissertação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

CALDERONI, S. (1997): Os Bilhões Perdidos no Lixo. São Paulo: Editora Humanitas.

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