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TÍTULO DE LA COMUNICACIÓN: A PROBLEMÁTICA DO LIXO E AS
ASSOCIAÇÕES DE RECICLAGEM EM CANOAS/RS - BRASIL
AUTOR 1: Judite Sanson de Bem Email: [email protected]
DEPARTAMENTO: Ciências Econômicas
UNIVERSIDAD: Centro Universitário La Salle – UNILASALLE – Rio Grande
do Sul/Brasil
AUTOR 2: Gislaine Cristina Rech Email: [email protected]
UNIVERSIDAD: Universidade Politécnica de Valência
ÁREA TEMÁTICA: 5. Energía, sostenibilidad, recursos naturales y medio ambiente
RESUMEN:
O Brasil vem sofrendo transformações ambientais decorrentes do crescimento
populacional, industrial e aumento da oferta de bens de consumo descartáveis. Isso leva
a geração lixo e resíduos industriais que demandam, crescentemente, maiores áreas
destinada à sua disposição final. A produção de resíduos sólidos urbanos é antiga, pois
desde a criação do homem este produz sobras, que com o passar de sua existência foram
2
aumentando até se tornar um problema, em decorrência da variedade de impactos
negativos que seu trato registra, como ambientais, sócio-culturais, econômicos, legais e
de saúde pública. Esses impactos, associados a um aumento significativo na taxa de
geração de resíduos e sua concentração espacial, realçam as dificuldades envolvidas e a
necessidade de controle da produção e destinação de resíduos, para garantir a qualidade
ambiental e ainda oferecer a oportunidade de indivíduos retirarem de sua coleta fonte de
renda que de outra forma não o obteriam. Canoas, na Região Metropolitana de Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, representa um caso típico desta situação, pois sendo
uma cidade de porte médio, industrializada, gera anualmente uma quantidade de
resíduos maior do que a capacidade de demanda do aterro sanitário local o que tem
preocupado sua administração, ao mesmo tempo em que uma parte destes resíduos tem
sido destinada à coleta seletiva. Dependendo do porte populacional há uma maior ou
menor abrangência da coleta, pois menor é a produção de lixo/kg/hab/dia, sendo o
município responsável pela coleta No entanto, tem crescido a presença de coletores
porta-a porta, sendo a reciclagem de papel, papelão e latas a mais importante
O objetivo geral deste trabalho é descrever a problemática do lixo no município
de Canoas, RS e a importância das Associações de Reciclagem. Observa-se que houve
um crescimento da geração de resíduos sólidos superior ao crescimento demográfico do
município o que demanda uma maior participação do poder público e das Associações
de Reciclagem, proporcionando emprego e renda a pessoas com baixo grau de
instrução.
PALABRAS CLAVE: Geração de Resíduos Sólidos Urbanos; Canoas; Associações de Reciclagem
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1. Introdução
A produção de resíduos sólidos cresce em todo mundo em função do aumento
populacional, embora sua composição seja influenciada por diversos fatores, tais como:
condições socioeconômicas, políticas e climáticas, hábitos e costumes da população,
acesso a tecnologias diferenciadas, variações sazonais, entre outras.
No Brasil as formas adotadas para sua destinação variam de acordo com critérios
sanitários e ambientais, sendo que na maioria das vezes estes se subdividem em:
incineração, reciclagem, incorporação, coprosessamento, compostagem e aterros
sanitários.
Comparando-se a composição do lixo em diferentes cidades brasileiras de portes
variados tem-se que a porção orgânica do lixo está na faixa de 60% e as demais frações
de recicláveis estão acima de 20%.
Aproximadamente 55% dos resíduos gerados no país são destinados aos
vazadouros a céu aberto (lixões) e 22% aos aterros controlados. Essas formas de
disposição dos detritos contribuem de alguma maneira, para o agravamento das
condições de vida da população. Do total do lixo, 13% são encaminhados aos aterros
sanitários.
No Brasil e em Canoas, município da Região Metropolitana de Porto Alegre,
tem crescido a participação de resíduos que são destinados ao processamento seletivo,
seja na forma porta-a-porta ou através da coleta, por caminhões e a entrega em locais
para a separação, geralmente galpões de cooperativas, e sua posterior transformação em
produtos, como por exemplo, papel-reciclado ou derivados de pet, na forma de
vassouras, esponjas, entre outros.
O objetivo deste trabalho é apresentar a geração de resíduos sólidos em Canoas,
RS e a importância das Cooperativas de recicladores quanto à geração de renda e
emprego, e a redução de resíduos sólidos urbanos que de outro modo teriam destinos
menos nobres.
2. A importância econômica do lixo
Lixo é tudo aquilo que sobra de uma atividade. Pode ser resultado de atividades
realizadas nas residências (varrição, restos de comida, de embalagens), nas
comunidades, nas empresas (papeis, copos descartáveis, guimbas de cigarro, folhas e
galhos) ou em processos industriais (borrachas, papel, papelão, madeiras, sucatas, cabos
elétricos, finos industriais, restos de construções civis, refratários, entre outros).
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De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 10004:2004,
o resíduo sólido é definido nos estados sólido, semi-sólidos, que resultam de atividades
de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição.
Alguns resíduos sólidos que muitas vezes são considerados como inúteis, indesejáveis
ou descartáveis, quando manejados podem ser reutilizados no processo de reciclagem,
retornando ao estado de matéria-prima ou utilizado em co-processamento, sendo
utilizados na queima para obtenção de energia ou na obtenção de outros subprodutos.
Existe uma diferença entre os termos lixo e resíduo sólido; enquanto que o
primeiro não possui qualquer tipo de valor, sendo necessário o seu descarte, o segundo
pode possuir valor econômico agregado, havendo possibilidade de se estimular o seu
aproveitamento dentro de um processo produtivo apropriado. Mas esta comparação só
pode ser levada em consideração se o lixo for encarado como um material sem nenhuma
utilidade, o que já ocorreu antes da década de 1970 (Demajorovic apud Baptista, 2001).
Para Pontes e Cardoso (2010) de acordo com a fonte geradora os resíduos sólidos
se diferenciam como:
- Domiciliar: resíduos gerados em domicílios residenciais;
- Comercial: resíduos gerados em estabelecimentos comerciais e de prestação de
serviços. Possuem composição variável de acordo com o tipo de atividade desenvolvida
pela unidade geradora. Os resíduos oriundos de bares, restaurantes e similares são mais
ricos em matéria orgânica (proveniente das sobras de alimentos), enquanto aqueles
oriundos de estabelecimentos de prestação de serviços são mais ricos em material
reciclável;
- Industrial: Resíduos cuja composição básica depende da atividade desenvolvida
pela indústria.
O gerenciamento de resíduos envolve um conjunto de ações normativas,
operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração (gestor) desenvolve
(com base em critérios sanitários, ambientais, e econômicos), para coletar, segregar,
tratar e dispor ou destinar os resíduos em locais preparados e ambientalmente corretos.
Entre as formas de gerenciamento de resíduos, tem-se a coleta seletiva de materiais
recicláveis.
Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutilizá-los. É o resultado de uma série de atividades, pela quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos (COMPAM, 2010).
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O termo foi originalmente utilizado, para indicar o reaproveitamento (ou a
reutilização) de um polímero no mesmo processo em que, por alguma razão, foi
rejeitado. Reciclar, por seu turno significa fazer a reciclagem.
O conceito de reciclagem difere de reutilização. O reaproveitamento ou
reutilização consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro,
não havendo possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado original,
resultando em um material com novas características.
A reciclagem é um processo cuja função prioritária é promover a recuperação de
materiais tidos como resíduos sólidos, transformando-os em matérias primas a serem
utilizados em processos de reprocessamento.
3. Coleta seletiva de resíduos sólidos e triagem de materiais recicláveis
Entende-se por coleta regular de resíduos sólidos domiciliares e públicos – RDO
e RPU o conjunto de procedimentos referentes ao recolhimento de resíduos de origem
domiciliar ou comercial com características domiciliares, que são previamente
acondicionados e oferecidos à coleta pública pelo usuário, e resíduos de origem publica,
ou seja, provenientes da limpeza de logradouros.
No Brasil, para o ano de 2007 ( os municípios que conseguiam separar as massas
de RDO e RPU) o indicador Massa Coletada (RDO) per capita em relação à população
atendida com o serviço de coleta, apresentou valores médios entre 0,53 Kg/hab./dia, na
faixa 1, a 0,83 Kg/hab./dia, na faixa 6, com tendência de crescimento gradual segundo
cresce o tamanho do município (Tabela 1).
Tabela 1 - Massa coletada (RDO) per capita em relação à população atendida com o serviço de coleta, segundo porte dos municípios Brasil, 2007
Faixa Populacional Massa de RDO coletada per capita
Quantidade de
Municípios Mínimo (kg/hab./dia)
Máximo (kg/hab./dia)
Médio (kg/hab./dia)
1 46 0,14 1,09 0,53
2 35 0,23 1,03 0,57
3 29 0,23 0,97 0,62
4 35 0,38 0,98 0,69
5 11 0,61 0,89 0,74
6 2 0,8 0,85 0,83
Total 158 0,14 1,09 0,73 Fonte: SNIS, 2010
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Coleta seletiva é o conjunto de procedimentos referente ao recolhimento
diferenciado de resíduos recicláveis (papéis, plásticos, metais, vidros, etc.) e até de
resíduos orgânicos compostáveis, desde que tenham sido previamente separados dos
demais resíduos considerados não reaproveitáveis, nos próprios locais em que tenha
ocorrido sua geração. Ocorrência do serviço de coleta seletiva de resíduos sólidos
domiciliares executado por agente público ou empresa contratada, por empresa do ramo
ou sucateiro, por associações ou cooperativas de catadores, ou por outros agentes.
(SNIS, 2010)
A coleta seletiva no Brasil era praticada em 56,9% dos municípios da pesquisa
do SNIS, no ano de 2007, sendo observado o crescimento da proporção segundo cresce
o porte do município.
A forma predominante de realização da coleta seletiva é porta-a-porta, com
90,6%, salientando-se que desde a primeira faixa já se mostra alta a taxa de uso da
coleta porta-a-porta com mais de 90%. De outro lado tem-se a coleta em postos de
entrega voluntária que apresenta-se mais tímida nas primeiras faixas, mas cresce
rapidamente com o porte.
No que se refere ao agente executor da atividade de coleta seletiva constata-se a
importância das associações ou cooperativas de catadores, na maioria das vezes com
apoio das prefeituras, com participação quase tão intensa quanto à da própria prefeitura.
Também há a presença das associações sem parceria da prefeitura, com uma
participação de 10% na atuação porta-a-porta. (Tabela 2)
Tabela 2 - Forma de realização da coleta seletiva, segundo agente executor Brasil, 2007
Forma de Coleta Agente Executor
Porta a porta, em dias específicos (%)
Postos de entrega voluntária (%)
Prefeitura Municipal ou empresa contratada 50,3 27,5
Cooperativas / assoc. de catadores com parceria da Prefeitura
46,3 27,5
Cooperativas / assoc. de catadores sem parceria da Prefeitura
10,1 5,4
Empresas Privadas do ramo, sucateiros, aparistas
0,0 0,0
Fonte: SNIS, 2010
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Destacam-se, em quantidades os seguintes tipos de produtos coletados e
reciclados: os papéis e os plásticos com 77,1% do total de materiais recuperados.
Individualmente, há uma predominância do conjunto papéis e papelões (50, 7%) o
dobro do percentual de plásticos (26,4%). Os metais e vidros somam 18,5%, e os
demais (4,4%) relativos aos outros materiais não especificados.
4. Estudo de caso do Município de Canoas - Rio Grande do Sul
O município de Canoas está situado na Região Metropolitana de Porto Alegre,
constituída por 31 Municípios, a 13,5 km de distância da capital do Estado, e com uma
área de 131 km². A população estimada para 2010 é de 353 mil habitantes, com uma
densidade demográfica de 2.703 hab/km².
4.1 Tratamentos dado ao lixo em Canoas
Considerando a informação do Censo de 1996, Canoas tinha 284 mil e cinqüenta
e nove habitantes, sua produção de resíduos sólidos domiciliares foi de 51.733 toneladas
no mesmo ano, representando uma massa coletada (RDO – resíduos domiciliares) per
capita em relação à população total de 500 gramas diárias ou 182 quilogramas anuais.
Estimou-se para Canoas uma população de 326 mil habitantes para o ano de
2007, e segundo informações da SNIS (2010) a massa total de resíduos sólidos foi de
75.900 toneladas. Nestas medidas, a massa coletada (RDO – resíduos domiciliares) per
capita em relação à população estimada total é de 680 gramas diárias ou 248
quilogramas anuais. Tomando a relação de crescimento populacional e de massa
coletada, percebe-se um aumento de +47% na massa de RDO coletada enquanto o
aumento populacional foi de +15% nestes dez anos (1996 a 2007).
A taxa de cobertura dos serviços de coleta dos resíduos domiciliares foi de
99,86% em 2007. Esse atendimento realizou-se em 70% dos domicílios do município,
sendo realizado numa freqüência de duas a três vezes na semana. Os 30% restantes dos
domicílios foram atendidos pelo menos uma vez na semana.
A tabela 3 apresenta a massa domiciliar coletada entre o ano de 1994 e 2009.
Embora a massa domiciliar coletada mostre um decréscimo médio -1,1% nos anos de
2000 a 2001 a trajetória de aumento de RDO manteve uma média de +7,7% anuais.
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Tabela 3 – Massa Coletada (RDO) no município de Canoas/RS e variação %,
1994 a 2009, em toneladas e %
Ano Resíduos solidos
coletados em Canoas/RS (em
toneladas)
% Variação em relação ao ano
interior
1994 34.001 1995 41.031 20,7 1996 48.896 19,2 1997 51.733 5,8 1998 57.913 11,9 1999 60.146 3,9 2000 59.249 -1,5 2001 59.138 -0,2 2002 58.123 -1,7 2003 63.918 10 2004 69.493 8,7 2005 79.158 13,9 2006 71.719 -9,4 2007 75.707 5,56 2008 79.603 5,15 2009 77.762 -2,31 Total 987.590
Fonte: CARDOSO, 2010 F.D.B: SMTSP - Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos
A Tabela 4 expõe a evolução do crescimento demográfico, do crescimento
econômico e a geração dos resíduos sólidos no município de Canoas no período de 2000
a 2008. Nota-se que, paralelamente ao aumento da população e do PIB do município, no
decorrer dos anos, houve um aumento na geração de resíduos.
A população no município de Canoas, entre os anos de 2000 e 2007, teve um
aumento de 6,65%, enquanto a produção total de resíduos sólidos (domiciliares e
terceiros mais coleta seletiva) apresentou uma elevação de 43,35%, ou seja, uma
variação de 36,69% a mais que o crescimento demográfico.
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Tabela 4 - Crescimento Demográfico, Crescimento Econômico e a Geração de
Resíduos Sólidos no município de Canoas no período de 2000 a 2008.
Resíduos Sólidos (ton)
Ano População
(habitantes)
PIB a preços
correntes (R$ mil) 1
Renda per
capita (R$) Domiciliares
e Terceiros
Coleta
Seletiva2
2000 306.093 5.345.541 17.463,78 58.231,67 -
2001 309.159 5.895.377 19.069,08 59.913,36 640,20
2002 312.159 5.952.951 19.070,25 60.856,40 491,01
2003 315.128 7.342.940 23.301,45 69.712,53 1328,86
2004 318.032 8.674.003 27.273,99 68.230,43 1770,27
2005 320.898 8.868.100 27.635,26 79.158,05 2237,50
2006 323.705 9.607.235 29.678,98 61.262,50 1940,39
2007 326.458 10.770.196 32.991,06 81.300,00 2172,88
2008 330.258 - - - 1586,14
Fonte: CARDOSO, 2010 F.D.B. Fundação de Economia e Estatística, SMTSP/VEGA apud DIEPE Instituto Canoas XXI, 2010.
Partindo-se destes dados e da preocupação que o poder público passou a ter com
o crescimento da geração de resíduos no município, face seu desempenho econômico e
populacional, uma das alternativas para a redução dos lixões clandestinos e do
esgotamento do aterro sanitário municipal foi o incentivo para com as associações de
recicladores. Além da minimização da problemática do destino dos resíduos gerados,
outra face do problema se coloca: a grande quantidade de pessoas que sobrevivem da
catação de lixo, pessoas estas com pouca capacidade de inserção no mercado de
trabalho em face de baixa escolaridade/capacitação desta mão de obra.
4.2 As associações de reciclagem como geração de emprego e renda em Canoas-RS
A quantidade de resíduos sólidos obtidos por meio da coleta seletiva em Canoas,
no ano de 2007, totalizou 2172 toneladas. Segundo os dados da SNIS a quantidade
anual de materiais recicláveis recuperados (exceto matéria orgânica e rejeitos) coletados
ou não de forma seletiva foi de 1082 toneladas neste mesmo ano.
1 Valores nominais, não descontados a inflação do período. 2 Devido a problemas técnicos nos equipamentos de pesagem, deve-se considerar que há distorções nos valores apresentados referentes à coleta seletiva em alguns períodos (DIEPE INSTITUTO CANOAS XXI, 2010).
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Além do poder público efetivar a coleta seletiva de resíduos sólidos, as
associações executam este trabalho na forma de coleta porta-a-porta.
O município conta, atualmente, com 04 associações de recicladores, conforme
quadro 1.
Quadro 1 – Associações de Reciclagem do Município de Canoas, RS, que fazem parte da estrutura da Coleta Seletiva de Canoas
ASSOCIAÇÃO BAIRRO
ARLAS - Associação de Reciclagem Amigas Solidárias do Guajuviras
ARMC - Associação de Recicladores de Materiais de Canoas Mathias Velho
ATREMAG - Associação de Triagem e Reciclagem Mato Grande Mato Grande
RENASCER - Associação de Reciclagem Renascer Guajuviras (próximo ao Aterro Sanitário)
Fonte: Prefeitura Municipal de Canoas, 2010
A Associação Renascer tem 14 anos. Iniciou suas atividades para organizar
trabalhadores que catavam lixo em um lixão, que posteriormente se transformou em um
aterro sanitário. Funcionam em instalações muito precárias. Contam com 22 associados,
moradores de áreas irregulares do Bairro Guajuvira. Os mesmos são pessoas com baixa
escolaridade e com perfil de exclusão social, pois apresentam dificuldades de inserção
no mercado em função destas características.
A ATREMAG iniciou suas atividades em 2000 e integra 25 associados. São
moradores do bairro Mato Grande e seu perfil socioeconômico é semelhante aos
demais.
A ARMC iniciou suas atividades em 1989. Tem 16 associados, provenientes do
bairro Mathias Velho. A maioria destes tem ensino fundamental incompleto ( menos
que 09 anos de estudo).
A ARLAS iniciou suas atividades em 2000. Tem 49 trabalhadores cuja grande
maioria é mulheres, com baixa escolaridade.
No geral estes trabalhadores recebem ao redor de R$ 700,00/MÊS ao redor de
U$ 389,00. São solteiros - com filhos -, geralmente as mulheres são responsáveis pelo
sustento do lar. Neste sentido as associações são relevantes tanto social, pois resgatam a
dignidade dos trabalhadores frente às dificuldades de inserção no mercado de trabalho,
quanto econômica pois são fonte de renda direta e indireta No entanto o fator ambiental
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não pode ser desconsiderado dado estes trabalhadores serem responsáveis pela coleta,
separação e reciclagem de uma grande quantidade de resíduos que seriam depositados
nos aterros ou lixões que devido não terem as condições adequadas de conservação
geram incontáveis danos ao meio ambiente.
As figuras 1 e 2 mostram o ambiente de trabalho da Associação ARLAS.
Os diferentes tipos de materiais recebidos pelas associações de reciclagem de
Canoas estão dispostos no quadro 2.
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Quadro 2 – Tipos de Materiais Recebidos pelas Associações de Reciclagem de Canoas
ASSOCIAÇÃO BAIRRO
ARLAS - Associação de Reciclagem Amigas Solidárias do Guajuviras
ARMC - Associação de Recicladores de Materiais de Canoas Mathias Velho
ATREMAG - Associação de Triagem e Reciclagem Mato Grande Mato Grande
RENASCER - Associação de Reciclagem Renascer Guajuviras (próximo ao Aterro Sanitário)
Fonte: Instituto Canoas XXI – Diretoria de Estudos e Pesquisas Departamento de Preservação e Controle Ambiental 2009 Fonte dos Dados Brutos: Relatório Pró-Sinos 2010
O Quadro 2 mostra a variedade de materiais que podem ser reciclados
produzindo um valor econômico como novas matérias primas para outros processos de
produção3.
Apesar de não atender o total necessário do que deve ser reciclado o aporte
público junto com a existência das Associações significa uma popança de custos
futuros. Isso se pode afirmar porque, mesmo que não ocorresse crescimento
populacional, apenas incrementos de renda, a quantidade de lixo seguirá crescendo em
maior proporção que a renda (maior renda, maior consumo = mais lixo). O crescimento
da participação pública e do número de Associações gerará um volume cada vez maior
de externalidades sociais, econômicas e ambientais positivas.
Conclusões
Canoas, o segundo município na geração de renda do Estado do Rio Grande do
Sul, enfrenta problemas derivados da geração dos resíduos, sejam de natureza
domiciliar, industrial, hospitalar, construção civil, entre outros.
Seu crescimento populacional é uma conseqüência do dinamismo de seu parque
industrial, tendo se tornado um pólo de atração. Esta conjunção de fatores (sociais e
econômicos) gera, anualmente, uma grande oferta de resíduos que devem ser dispostos
ou reciclados. Entre os principais resíduos gerados pelo município estão o alumínio
3 Um exemplo disso é a marca espanhola Ecoalf. Esta empresa elabora roupas 100% recicladas utilizando garrafas de água (pet transparente) e redes de pesca. As patentes desenvolvidas por esta empresa tem recebido prêmios de pesquisa e seus modelos estão expostos nas “boutiques” mais exclusivas do mundo (El País Semanal, 29/09/2010).
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derivados das latas de refrigerante, além dos diversos tipos de plásticos e papeis
provindos das empresas e dos domicílios.
O atual aterro sanitário do município em final de vida útil, resultará em
transbordo do lixo gerado em Canoas para outros municípios, incorrendo em gastos com
a logística de transporte e outros investimentos que encarecerão as taxas de coleta da
população.
Neste sentido, nos últimos anos, o município tem incentivado a coleta e
reciclagem coletiva, mediante as associações/cooperativas de recicladores.
Logo, em decorrência da dimensão dos problemas internos derivados da geração
dos RDO e RDU, independente do porte dos municípios, o poder público deveria
investir mais em campanhas de educação ambiental, pois estas poderiam resultar: na
redução do desperdício, menor necessidade de locais para a disposição destes resíduos,
melhor taxa de recuperação do que é gerado, por parte da população, e redução das
despesas por parte do setor público para esta rubrica.
Em Canoas a geração de RDO e RDU tornou-se um crescente problema que o
setor público tem dificuldades para gerir frente aos valores que são despendidos e
quantidades darias.
O surgimento de associações reunindo catadores, trabalhadores que catam lixo
diariamente nas ruas ou mesmo são responsáveis pela separação do lixo seletivo
coletado na cidade, tem sido responsáveis pela sua colocação num mercado de trabalho
cada vez mais excludente, proporciona ocupação e renda e, sobretudo melhora as
condições do meio ambiente do município, frente o excesso de resíduos e suas
dificuldades de disposição de forma mais adequada.
A generalização deste modelo de reciclagem a todo o território brasileiro permite
resolver os futuros problemas de tratamento de lixos que possuem algumas economias
desenvolvidas que não afrontaram este problema no momento adequado. Um exemplo é
o caso de Alemanha que envia parte de seu lixo a terceiros países. Segundo o jornal
Zero Hora, do dia 18 de agosto de 2010, a “Receita Federal intercepta 22 t de lixo
europeu no porto de Rio Grande. Em 2009, cerca de 1,4 mil toneladas de lixo já haviam
sido interceptadas em portos brasileiros”. Este fato é um indicador da gravidade do
problema do lixo que não é tratado a escala mundial.
Referências
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, ABNT– NBR – 10.004: Resíduos Sólidos – Classificação (2004): Rio de Janeiro, Brasil, Número de Referência ABNT-NBR 10004, 71p. BARBIERI, J.C. (2004): Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva. BAPTISTA, F.R.M. (2001) Caracterização física do lixo urbano de Vitória - E.S – em função da classe social geradora. Dissertação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.
CALDERONI, S. (1997): Os Bilhões Perdidos no Lixo. São Paulo: Editora Humanitas.
CANOAS. INSTITUTO CANOAS XXI. Dados Resíduos - Canoas (2010): Canoas, Secretaria Municipal De Transportes E Serviços Públicos. CARDOSO, Juliano Paderlinhas. Reflexos da reciclagem de resíduos sólidos na renda e no bem-estar do reciclador: estudo de caso da Associação de reciclagem de Lixo Amigas Solidárias – ARLAS. CAVALCANTI, C. (Org.) (2002): Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. 4.ed. São Paulo: Cortez. COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM - CEMPRE (2002): Programa Bio Consciência, Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. 2.ed. Brasília: CEMPRE. COMÉRCIO DE PAPÉIS E APARAS MOOCA Ltda. - COMPAM - O que é reciclagem (2010): Disponível em: http: www.compam.com.br/oqueerecilagem.htm. Acesso em: 05 fev. 2010. CONCEIÇÃO, M.M. (2005:. Os empresários do lixo: um paradoxo da modernidade. 2.ed. Campinas: Átomo. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE - CONAMA. RESOLUÇÃO Nº 5, DE 5 DE AGOSTO DE 1993 (2010): Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res93/res0593.html Acessado em: 10/02/2010 DEMAJOROVIC, J. (1995): Da Política Tradicional de Tratamento de lixo à Política de Gestão de Resíduos Sólidos. As Novas Prioridades. Revista Administração de Empresas. V.35, n.3, p.88-89, Mai-Jun. EL PAÍS SEMANAL (2010): Viejas botellas, nuevo lujo (29/08/2010). LIMA, L.M.Q . (1991) Tratamento de lixo. 2. ed. São Paulo: Hemus. MONTIBELLER, G.F. (2004): O mito do desenvolvimento sustentável: meio ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. 2.ed. Florianópolis: UFSC.
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