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TÍTULO: A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS, ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS NA ESCOLA SUBTÍTULO: A ÉTICA PROFISSIONAL E SUAS RELAÇÕES COM O DESEMPENHO DE ALUNOS DA 5ª SÉRIE NA REDE PÚBLICA DE ENSINO Rita de Cássia Cartelli de Oliveira 1 Leonor Dias Paini 2 Resumo: Este artigo objetiva apresentar algumas reflexões sobre a Ética Profissional em relação ao desempenho escolar de alunos de 5ª Série na Rede Escolar Pública de Ensino, à luz teórica das obras de autores, tais como: Bachert e oliveira (2007); Vasquez (1995); Motta (1984) entre outros. Utilizamo-nos da metodologia de pesquisa de caráter qualitativo, com os seguintes procedimentos: encontros mensais com 50 professores e 3 encontros trimestrais com 80 alunos de 5ª série, do Colégio Estadual Marechal Rondon, Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante de Campo Mourão, Estado do Paraná. Foram discutidas, debatidas e questionadas as seguintes temáticas: a) a questão da ética nas relações interpessoais e o desenvolvimento do trabalho pedagógico; b) O papel dos conselhos de classe em relação a recuperação de alunos; c) os índices de repetência das 5ªs séries e o processo de culpabilização aluno/professor; d) compromisso do aluno frente as responsabilidades escolares; d) O professor e as dificuldades de recuperação de alunos no processo ensino e aprendizagem. Como resultado observou-se uma melhora sensível no desempenho dos alunos e dos professores que repensaram seu fazer pedagógico, diante dos índices de reprovação; Inclusive sofreu uma mudança importante no comportamento dos alunos diante do espaço físico escolar, uma vez que, houve mais cuidado para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se que a intervenção pedagógica contribuiu para que houvesse uma maior integração entre professores/alunos e a equipe escolar regada a ética escolar e profissional. Palavras-chave: Ética, relações interpessoais, reprovação escolar 1 Aluna do Programa PDE do Estado do Paraná, Diretora de Escola, Colégio Estadual Marechal Rondon – Campo Mourão – PR, Graduada em Letras e Direito e Mestre em Direto e Educação pela CESUMAR. Professora do Curso de Direito na CIES em Campo Mourão – PR, <e-mail: [email protected] >. 2 Orientadora do PDE – pela Universidade Estadual de Maringá. Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela USP/SP. Mestre em Educação pela PUC-SP. Docente do Departamento de Educação da UEM <e-mail: [email protected] > 1

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Page 1: TÍTULO: A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ... · para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se

TÍTULO:

A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS,

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS NA ESCOLA

SUBTÍTULO:

A ÉTICA PROFISSIONAL E SUAS RELAÇÕES COM O DESEMPENHO DE

ALUNOS DA 5ª SÉRIE NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

Rita de Cássia Cartelli de Oliveira1

Leonor Dias Paini2

Resumo: Este artigo objetiva apresentar algumas reflexões sobre a Ética Profissional em relação ao desempenho escolar de alunos de 5ª Série na Rede Escolar Pública de Ensino, à luz teórica das obras de autores, tais como: Bachert e oliveira (2007); Vasquez (1995); Motta (1984) entre outros. Utilizamo-nos da metodologia de pesquisa de caráter qualitativo, com os seguintes procedimentos: encontros mensais com 50 professores e 3 encontros trimestrais com 80 alunos de 5ª série, do Colégio Estadual Marechal Rondon, Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante de Campo Mourão, Estado do Paraná. Foram discutidas, debatidas e questionadas as seguintes temáticas: a) a questão da ética nas relações interpessoais e o desenvolvimento do trabalho pedagógico; b) O papel dos conselhos de classe em relação a recuperação de alunos; c) os índices de repetência das 5ªs séries e o processo de culpabilização aluno/professor; d) compromisso do aluno frente as responsabilidades escolares; d) O professor e as dificuldades de recuperação de alunos no processo ensino e aprendizagem. Como resultado observou-se uma melhora sensível no desempenho dos alunos e dos professores que repensaram seu fazer pedagógico, diante dos índices de reprovação; Inclusive sofreu uma mudança importante no comportamento dos alunos diante do espaço físico escolar, uma vez que, houve mais cuidado para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se que a intervenção pedagógica contribuiu para que houvesse uma maior integração entre professores/alunos e a equipe escolar regada a ética escolar e profissional.

Palavras-chave: Ética, relações interpessoais, reprovação escolar

1 Aluna do Programa PDE do Estado do Paraná, Diretora de Escola, Colégio Estadual Marechal Rondon – Campo Mourão – PR, Graduada em Letras e Direito e Mestre em Direto e Educação pela CESUMAR. Professora do Curso de Direito na CIES em Campo Mourão – PR, <e-mail: [email protected]>.

2 Orientadora do PDE – pela Universidade Estadual de Maringá. Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela USP/SP. Mestre em Educação pela PUC-SP. Docente do Departamento de Educação da UEM <e-mail: [email protected]>

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Page 2: TÍTULO: A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ... · para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se

Abstract: This article aims to present some thoughts on the Professional Ethics regarding the academic performance of students in 5th Series on the Network of Public School Education in the light of the theoretical works of authors such as: Bachert and olive (2007); Vasquez (1995 ), Motta (1984) among others. We make use of the methodology of qualitative research in nature, with the following: monthly meetings with 50 teachers and 3 quarterly meetings with 80 students in 5th grade, of State College Marechal Rondon, Elementary School, Middle and Professionalizing de Campo Mourão, state of Paraná. Were discussed, debated and questioned the following themes: a) the issue of ethics in interpersonal relations and the development of pedagogical work, b) the role of advice from class for the recovery of students c) the rates of repetition of the 5th and s series process of blaming student / teacher d) commitment to the responsibilities school student front d) The teacher and the difficulties of recovering students in teaching and learning process. As a result there was a significant improvement in the performance of students and teachers to rethink their teaching to do, given the rates of disapproval, even underwent a major change in the behavior of students before the school space, because there was more careful to not smudge, scratch walls and walls without damaging the building or the furniture and electronics. In conclusion it was found that the educational intervention had contributed to greater integration between teachers / students and school staff watered the ethics and professional school.

Key words: ethics, interpersonal relations, retention, school

APRESENTAÇÃO

Desde o início de minhas atividades pedagógicas, como

Professora de língua portuguesa e Diretora no Colégio Estadual

Marechal Rondon, minha preocupação esteve focada na questão da

qualidade do ensino que vem sendo oferecida ao aluno. Percebia a

necessidade de um ambiente agradável, com uma estrutura física

adequada, um bom relacionamento entre professores, funcionários e

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alunos, onde pautasse o respeito, a verdade e a atenção de uns para

com os outros. Porém, não foi bem isso que encontrei. Era um

ambiente pesado. Os alunos não respeitavam o prédio público, nem

mesmo os professores e funcionários. Assistiam aulas com bonés e as

alunas com celulares e MPs atrapalhando as aulas. Os professores

sempre estressados, com vontade de largar tudo. E o mais grave, os

conteúdos eram repassados, na maioria dos casos, com muitas

deficiências e sem o devido interesse e entusiasmo pelos professores.

No final do ano uma grande quantidade de alunos era,

literalmente, empurrada para os conselhos de classe, sem oportunidade

de recuperar os estudos. Nesses conselhos analisava-se o

comportamento e as notas dos alunos "fracos" e os mesmos eram

retidos na mesma série ou direcionados para a série seguinte, sem a

devida aprendizagem mínima dos conteúdos e sem o domínio do

raciocínio e interpretação, necessários para a aquisição do saber. Não

havia ética nos procedimentos, tanto do corpo docente e

administrativo, quanto do corpo discente. Não havia cooperação e

poucos se ajudavam entre si. Não havia nenhum vínculo.

Foi necessária uma intervenção mais direta, com reuniões,

palestras, debates e muito diálogo, para que paulatinamente fosse

implantado um novo procedimento e comportamento à luz da ética e da

exigência da disciplina, sem desrespeitar o aluno.

Aos poucos, com muito sacrifício e dedicação iniciou-se um

trabalho de recuperação da escola como um todo. Com as atividades

iniciadas desde 2002 e prosseguindo o programa do PDE (Programa de

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desenvolvimento Escolar), foram desenvolvidas diversas atividades,

entre elas o plano de estatísticas, reuniões e diálogos sobre a

importância da ética profissional para o resultado no desempenho dos

alunos de 5ª série na rede escolar pública de ensino, levando em

consideração principalmente a questão do acompanhamento mais

direto ao aluno e pai para evitar que fossem direcionados aos conselhos

de classe sem esgotarem-se todas as possibilidades de recuperação.

Percebeu-se a acentuada mudança. Isso proporcionou uma nova vida

ao colégio e o início de melhores resultados, formando um clima de

satisfação entre alunos e professores, o que atraiu a atenção de toda a

comunidade mourãoense sobre a escola, triplicando a procura por

vagas, existindo inclusive lista de espera.

Os pais que procuram o colégio afirmam que o fazem por ser o

melhor da cidade. Sinto que a partir dessa intervenção todos

trabalham mais satisfeitos. Agora a cultura escolar está bem diferente

até os alunos cuidam e defendem categoricamente a escola. Sabemos

que ainda há muito para avançar na qualidade de ensino, mas grande

parte das dificuldades foi sanada e agora vivemos outra cultura

escolar.

INTRODUÇÃO

O trabalho efetivamente realizado no Colégio Estadual Marechal

Rondon do Núcleo Regional de Ensino de Campo Mourão, teve como

objetivo conhecer e levantar a real situação dos procedimentos

docentes quanto ao relacionamento interpessoal de alunos e

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professores na cultura escolar. Nossa questão enfatizava os problemas

advindos da convivência diária entre alunos e professores. E isto

implicava vários fatores, tais como: conhecimento epistemológico,

aprendizado, desenvoltura sociológica, cidadania à luz da ética, da

disciplina e da coerência quanto ao Regimento Interno da Escola e o

envolvimento com Projeto Político Pedagógico da escola.

Como vimos anteriormente, a proposta de desenvolvimento

destas atividades neste colégio deveu-se a constatação de que havia

problemas no relacionamento interno nas diferentes instâncias tanto

administrativas, quanto pedagógicas e pela necessidade de sanar tais

falhas e obstáculos. Essas falhas acarretavam conseqüências diretas e

indiretas no resultado final da aprendizagem e do comportamento dos

alunos, portanto tornando deficitária sua formação, provocando

inúmeras conseqüências, desde a repetência até a evasão escolar.

Neste momento, percebeu-se a necessidade de trabalhar com alunos e

professores das séries iniciais do curso fundamental existentes na

escola, priorizando as quintas séries, em função do alto índice de

reprovação escolar.

A relação fundamental da ética no desenvolvimento educacional

na referida faixa educacional está diretamente relacionada ao fim

básico do serviço da escola que deve ser a formação integral do aluno,

já que a escola muitas vezes, assume a responsabilidade dos pais e,

portanto tem como dever, continuar a educação iniciada nos primeiros

momentos de vida do educando pela família. Tal conjuntura pode ter

dois focos: o aluno poderá ser promovido, sem a devida competência ou

retido, sem uma acurada e mais profunda análise ou reprovado, sem

que lhe seja concedida outras oportunidades.

Como sabemos a ética é indispensável em todos os aspectos da

vida profissional do aluno e, no tempo presente e no futuro, visando

tanto a realização pessoal nos estudos, quanto nas convivências

escolares, familiares e sociais como estudante. Nesse sentido, a ética,

quando compreendida, vivenciada e exercida na prática pelo corpo

docente, pedagógico, orientador, administrativo, funcional e pelo corpo

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discente, tem uma grande e determinante influência na vida pessoal

dos alunos, refletindo em sua desenvoltura e responsabilidade no

contexto cultural onde convivem.

O próprio sistema afirma a necessidade de adequação dos

ambientes para que o ser humano na faixa etária que compreende o

período em que se encontra na efetiva realização dessa fase do ensino

básico fundamental.

O sistema educacional brasileiro enfrenta, atualmente, o desafio de ampliar sua estrutura física para conseguir oferecer a educação básica a todos os brasileiros, principalmente aqueles que se encontram na faixa etária correspondente ao Ensino Fundamental, entre 6 e 14 anos. Esta reestruturação ocorre para atender às necessidades básicas definidas, de forma global, pela nova estrutura da sociedade neste início de século. Também conhecida como Era do Conhecimento, este novo modelo social tem como uma de suas características marcantes a velocidade cada vez maior com que ocorrem os processos de geração e transmissão de dados que, para serem transformados em informação, exige das pessoas um nível cada vez mais alto de conhecimento técnico aliado à capacidade de raciocínio sistêmico. Na complexidade dessa nova estrutura, para compor e avaliar o desempenho de cada um, é considerada uma resposta correta aquela que vai além do domínio conceitual, abrangendo também as habilidades pessoais de relacionamento e adaptação às situações e ambientes diversificados que integram a situação problema (Bachert e Oliveira, 2007, p. 01).

Permeia uma imagem negativa do ensino público no Brasil e essa

questão começa tomar vulto quando estatísticas reais são divulgadas e

a situação concreta é evidenciada, principalmente em relação à

qualidade do ensino comprovada nos resultados oficiais com números

elevados de repetência e evasões, então se pergunta: em que situação e

condições os alunos são retidos por não apresentarem resultados

físicos numéricos suficientes, conforme a média mínima exigida ou são

aprovados por conselho de classe sem terem sido esgotadas todas as

possibilidades de recuperação do conteúdo não aprendido e da

capacidade de raciocínio e análise crítica não dominada? Por que

ocorre índice alto de reprovação escolar? Os alunos que são aprovados

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por conselho apresentam o resultado dos requisitos básicos da

aprendizagem? O Sistema tem oferecido condições, estrutura,

subsídios e recursos para que se aplique adequadamente a

recuperação paralela?

Pensamos que ainda é possível a implementação de uma nova

postura por parte dos gestores, professores e equipes administrativa,

postura essa que leve em conta a moral e ética que muito corrobora

para a mudança nos resultados educacionais dos pais. E poderá

possibilitar índices de aprovação e de desenvoltura da escola pública

brasileira, gerando como conseqüência natural maior autoridade, mais

confiabilidade e credibilidade.

2. UMA QUESTÃO DE ÉTICA

2.1.DA NECESSIDADE DA ÉTICA

Todo o trabalho humano visa à transformação da natureza em

benefício da humanidade ou trata-se da atividade de uns a serviço dos

outros, sendo que para isso é necessária a utilização da matéria prima

extraída e produzida na natureza. A atuação do homem pode ser

apenas uma ação mecânica, automática movida pelo instinto, com

finalidades exclusivamente materiais e imediatas ou uma ação

humanitária, planejada, movida pela vontade, pelo coração e pela

consciência. É necessário que o homem seja educado e receba uma

iniciação, uma formação e um aperfeiçoamento profissional para ter

condições de trabalho e poder utilizar-se dos recursos necessários

dentro de uma técnica segura e que possa agir segundo a orientação da

ética para ter respeito e consideração tanto para com a natureza que

vai transformar quanto para o homem a quem vai beneficiar.

O homem chega a um nível aceitável depois de passar pelo

processo educativo de formação intelectual e profissionalizante. Esses

dois aspectos do desenvolvimento humano são de responsabilidade da

família e da escola. Sabe-se que a família delega, salvo raríssimas

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exceções, toda a responsabilidade para a escola. Disso decorre o

questionamento que se propõe nesta pesquisa: O sistema educacional,

tanto público como privado, está desempenhando com qualidade e com

ética sua missão de formar integralmente o homem ou está somente

executando o mínimo necessário para cumprir a obrigação?

2.2. SIGNIFICANDO A ÉTICA

Na apresentação teórica das atividades realizadas na Unidade

Escolar do Colégio Estadual Marechal Rondon, como exigência do PDE,

abrangendo a ética, como principal elemento motivador do trabalho

fazem-se necessárias algumas considerações a respeito de princípios

éticos na educação.

É de extrema importância que se oportunize um

conhecimento epistemológico, filosófico e científico sobre ética, e que

seja viabilizada a eleição dos seus princípios já no início do uso da

razão para que toda pessoa tenha dentro de si a garantia de encontrar

a verdade e dela se beneficiar. É necessário que a ética seja uma

prioridade na vida pessoal do indivíduo para que suas escolhas sejam

corretas em todos os aspectos de sua trajetória e no processo de seus

relacionamentos, transformando-o num cidadão.

A ética é classificada como um atributo intrínseco e essencial

a qualquer atividade ou ação empreendida pela pessoa humana em

relação a si mesma, aos outros, à natureza, aos animais e ao universo

inteiro. Ela se apresenta, especificamente, como um artifício

constitucional nas diversificadas formas de relacionamento

interpessoal, promovendo uma arbitragem, geralmente saudável, nas

convivências, no desdobramento das vivências sócio interativas e na

construção da sociedade. A salutar convivência entre os indivíduos é

decorrência de sua consciência regulada pelo senso ético que lhe é

peculiar.

Como ciência do dever e reguladora da conduta humana atua

como delineadora de caminhos que poderão conduzir a pessoa tanto

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para um fim promissor honroso, como para um fracasso desabonado.

Ela está presente na vida de todo o ser humano. Não há existência sem

ética. Os princípios éticos estão latentes na realidade pessoal e social

do homem. Cada um direciona seu estado de conduta ou suas

atividades conforme o discernimento ético bom ou mau que possua

enraizado em seu temperamento, seu caráter ou sua personalidade. O

comportamento humano é classificado e rotulado, como certo ou

errado, sob a visão ética.

Desde o relacionamento com a mãe, no útero, depois com o

pai, com os irmãos, com a família, no trabalho e com a sociedade, a

pessoa está condicionada aos ditames da ética, que influencia, também,

outros aspectos de sua vida pessoal e dos relacionamentos extra

pessoal que mantenha, com a natureza, os animais e outras realidades

do espaço. Dessa forma o estado de ânimo, o comportamento e as

ações humanas dependem do direcionamento ético.

O homem possui dentro de si um juízo de tino ético, que lhe

habilita a capacidade da consciência para auto avaliar-se. Sob os

auspícios dessa consciência ele poderá classificar suas atitudes e

ações, distinguindo-as em certas ou erradas, boas ou más, justas ou

injustas, verdadeiras ou falsas, tendo a possibilidade de escolha em que

pode decidir pelo certo ou pelo errado. Nesse sentido não existe um ato

ético ou não ético, todo ato humano pode ser eticamente certo ou

eticamente errado. Assim como não existe um uma ação não moral, ela

é moral ou imoral. Para aplicar os princípios éticos em qualquer

empreendimento de ordem pessoal ou profissional é imprescindível que

se tenha um entendimento claro e definido sobre essa ciência ou

disciplina, que tanta diferença faz na história e nos relacionamentos

sociais do homem.

Conceituar a ética é importante para estabelecer seu campo de

ação e sua aplicabilidade. Para isso é necessário dar um salto histórico

e retroceder ao tempo dos grandes filósofos para fundamentar uma

abordagem mínima à luz das diferentes doutrinas que, a partir deles

foram construídas e implantadas.

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A palavra ética se origina diretamente do latim ethica, e,

indiretamente, do grego , (ηθική ethiké), que apresentam vários

significados como: costume ou hábito; morada, estância, residência, o

abrigo permanente, casa; caráter, índole natural, temperamento,

conjunto de disposições físicas e psíquicas de uma pessoa. Numa

adaptação de seu conceito para a língua portuguesa, (Aurélio – Séc.

XXI), tem o sentido estudo dos juízos de apreciação referentes à

conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e

do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo

absoluto.

Como um ramo da Filosofia, a Ética faz parte de um sub-ramo

da Axiologia e tem por fim o estudo da índole daquilo que é avaliado

benefício, apropriado, certo, válido e verdadeiro. É uma Doutrina

Filosófica cujo objeto é a moralidade no tempo e no espaço.

Diferenciada da Moral que é a conduta, o procedimento, a Ética trata

dos conceitos de exame e análise alusivos à conduta e procedimento

humano.

No decorrer da História surgiu uma grande quantidade de

doutrinas sobre o comportamento humano, que são consideradas como

teorias da moral ou princípios éticos. Esse estudo pode ser dividido em

momentos históricos relacionados entre si, conforme foram sendo

construídos, a saber, os períodos da ética grega, cristã, medieval,

moderna e contemporânea.

Uma reflexão ética mais consistente no mundo ocidental teve

início no século 5 a.C. na Grécia antiga, momento em que se

estabeleceu nova forma de interpretar as questões da mitologia, que

explicavam de forma misteriosa e fenomênica a origem do mundo, da

vida e os fatores climáticos da natureza, bem como a própria natureza,

atribuindo aos deuses mitológicos ás forças e os movimentos naturais.

Essa nova forma utilizou-se da razão, do raciocínio, da lógica e da

dialética. Assim nasce a ética, para regular os relacionamentos.

Em Aristóteles, no Livro II da Ética a Nicômacos, há uma

importante explicação do que era pensado sobre ética naquela época:

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“Estou falando da excelência moral, pois é esta que se relaciona com as emoções e ações, e nestas há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo, confiança, desejos, cólera, piedade, e, de um modo geral, prazer e sofrimento, demais ou muito pouco, e, em ambos os casos, isto não é bom: mas experimentar estes sentimentos no momento certo, em relação aos objetos certos e às pessoas certas, e de maneira certa, é o meio termo e o melhor, e isto é característico da excelência. Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. Ora, a excelência moral se relaciona com as emoções e as ações, nas quais o excesso é uma forma de erro, tanto quanto a falta, enquanto o meio termo é louvado como um acerto; ser louvado e estar certo são características da excelência moral. A excelência moral, portanto, é algo como eqüidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio termo. Ademais é possível errar de várias maneiras, ao passo que só é possível acertar de uma maneira (também por esta razão é fácil errar e difícil acertar – fácil errar o alvo, e difícil acertar nele); também é por isto que o excesso e a falta são características da deficiência moral, e o meio termo é uma característica da excelência moral, pois a bondade é uma só, mas a maldade é múltipla” (Aristóteles, 2001 p.42).

Desde tempos aristotélicos, a Ética refere-se ao ser humano

como protagonista de relacionamentos efetivos, seja com a natureza,

com os animais ou com os próprios semelhantes. Nesse relacionamento

os ditames éticos determinam que a prudência, de não exagerar para

nenhum lado, é o que garante o resultado positivo da satisfação

pessoal. Talvez esse seja o sentido de se conquistar a felicidade na

vivência ética, como preconizam os filósofos antigos.

Com essa introdução sobre o significado da ética, poder-se-á

aplicá-la à educação, especificamente nas relações interpessoais na

escola, como é nosso objetivo neste texto.

Ética nos âmbitos educacionais, tem como escopo a

prerrogativa de definir a formação dos alunos como pessoas cientes

dos compromissos, deveres e direitos ao estarem inseridos na

sociedade. Esta, por sua vez, padroniza o comportamento de seus

componentes, através de costumes e leis, que foram implantados ao

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longo do tempo histórico, a partir da polis grega até a

contemporaneidade.

As exigências da sociedade, quanto à conduta de seus

cidadãos, são, em geral, repassadas à escola, que, concomitantemente

ao ensinamento do conteúdo, deverá cuidar para que seus alunos sejam

educados a uma conduta ética irrepreensível.

Na mesma dimensionalidade, os profissionais gestores,

deverão estar atentos para que a estratégia de ação, administrativa ou

pedagógica, seja norteada dentro dos princípios éticos, em todos os

grupos humanos que compõem o universo da instituição escolar.

Com o emprego da ética como parâmetro de consciência de

atitudes e comportamento da comunidade escolar, em todos os níveis, o

resultado será imediatamente percebido nas relações interpessoais e

trarão como conseqüências a segurança, o bem estar, a boa qualidade

do trabalho e de vida de seus componentes. Isso provocará a

transformação do ambiente em um local agradável, alegre, onde as

pessoas, tendo mais confiança uma nas outras, passam a respeitarem-

se e a ajudarem-se mutuamente.

O posicionamento ético de um grupo de trabalho faz a

diferença quanto ao renome da escola, dando-lhe credibilidade e

respeito, aumentando o circulo de amigos que a ajudarão a desenvolver

suas atividades. A consciência de procedimentos éticos, começando

pela equipe de gestores, impregnará todos os, que direta ou

indiretamente, passam a se envolver com a escola no presente e no

futuro. Mais que isso, as ações éticas afetarão positivamente a todos.

A prática da ética evitará que atitudes e ações

individualizadas e individualistas possam derrubar por terra o sonho de

uma educação total, comprometida com a pessoa e as garantias de sua

personalidade, quanto ao desenvolvimento de sua personalidade,

inteligência, cidadania e realização pessoal. O aluno, além de sábio e

cidadão precisa ser feliz. A garantia dessa felicidade está na forma

equilibra de seu comportamento. A isso é que se presta a ética, como

apregoa, Vasquez (1995, p. 12): “a ética é a teoria ou ciência do

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comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência

de uma forma específica de comportamento humano”.

Pode-se assegurar que o ambiente escolar onde a ética esteja

presente naturalmente, não por imposição disciplinar, mas por

conscientização e capacitação, o processo de crescimento será

vertiginoso. Alunos, professores e administração descobrirão valores,

até então não conhecidos e saberão distinguir o que seja mais

importante na vida e na sociedade, elegendo prioridades e adquirindo

reconhecimento pelo resultado positivo conquistado. O convívio dos

indivíduos, num relacionamento cooperativo, possibilitará que saiba

distinguir e reconhecer a pessoa humana como a essencialidade de

todo o processo, passando a cumprir todos os compromissos para não

prejudicar a si mesmo nem a outrem.

A ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim de todo ser humano, por isso, “o agir” da pessoa humana está condicionado a duas premissas consideradas básicas pela Ética: “o que é” o homem e “para que vive”, logo toda capacitação científica ou técnica precisa estar em conexão com os princípios essenciais da Ética. (Mota, 1984, p. 69)

Por fim, ao perceber a ligação que, efetivamente, deverá

existir entre a Ética e a Educação, concebe-se como extremamente

importante e necessária a reflexão e uma proposta de reformulação dos

procedimentos e vivências na organização institucional, nas estratégias

de ação, na qualificação, aperfeiçoamento e motivação do capital

humano. Para uma gestão profícua fundamental que as escolas adotem

métodos dialéticos de aplicação, desenvolvimento e vivência ética. A

escola precisa se abrir para uma florescente cultura organizacional e

esteja apta, em todos os aspectos, para a uma nova forma de gerenciar

processo de desenvolvimento e valorização da vida, sabendo conquistar

novos valores e transcender os propósitos de uma educação que seja

avaliada em níveis mínimos.

A ética escolar deverá caracterizar o ambiente da escola como

de excelente qualidade, reconhecido respeito, solidariedade,

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acolhimento e companheirismo da clientela entre si e dela com os

agentes e gestores.

2.2. A FUNCAO DA ÉTICA ESCOLAR

Para entender o processo do ensino brasileiro e compreender sua

situação atual é preciso rever sua história, sua estruturação

organizacional e filosófica. A escola não nasceu pronta, nem surgiu do

nada, como um grande milagre. Ela foi sendo erigida ao longo dos

séculos. Em cada período cronológico, uma nova corrente se formara e

se sustentara, dando-lhe uma conotação diferenciada e definindo seu

matiz ideológico. Isso ocorria conforme os agentes criadores e

mantenedores da escola pensavam ou conforme a política sistemática

que mais lhes parecia conveniente e adequada para a época.

A estruturação da escola como tal se confunde com a criação e

implantação dos métodos pedagógicos, os quais se traduziram em

procedimentos em salas de aula ou em correntes de orientação no

correr do tempo, desde a Escola Tradicional, passando pela Escola

Nova, Construtivista até encontrar a Pedagogia Histórico-Crítica, cujo

maior expoente é o professor Dermeval Savianni. A educação tem a

função de, à luz da dialética, discernir a realidade social e promover

sua transformação. Sem esconder a verdade, nem se eximir da

realidade em seus diferentes níveis de abrangências, seja

socioeconômico, histórico, político e cultural, seja ideológico, deve

inserir o indivíduo, de forma definitivamente ativa, em seu meio.

Dizer, pois, que a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos significa afirmar que ela é, ao mesmo tempo, uma exigência do e para o processo de trabalho, bem como é, ela própria, um processo de trabalho [...] Aquilo que não é proporcionado pela natureza deve ser produzido historicamente pelos homens [...] o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente em cada indivíduo a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. (Saviani, 1991, p. 19 e 21)

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Cabe à escola reintegrar o aluno ao grupo, transformá-lo em foco

do processo de ensino-aprendizagem, propondo e executando uma

metodologia que contemple atividades de cunho vital e psicológico, que

exerça motivação e estimulo para sua participação, num ambiente

saudável, alegre, criativo e responsável. Nesse sentido, pode-se

afirmar, também, que existe uma ética educacional, que envolve toda a

atividade da escola, desde as ações da equipe gestora até a

comunidade que, em suas abrangências, direta ou indiretamente, faz

parte do processo. A Ética faz parte, necessariamente, do projeto

político pedagógico e da função administrativa das escolas brasileiras.

A aplicação da ética na gestão escolar implica mudança do

comportamento relacional dos diferentes grupos e aprimoramento do

processo de comunicação humana entre as partes envolvidas. O

elemento mais importante nessa realidade será o diálogo. As

conversações exigirão maturidade, respeito mútuo e deverão ocorrer

em clima de construção das relações humanas.

As atitudes e ações relacionais desencadeadas pela dialética na

gestão, na vivência e convivência do dia a dia da escola, provocam a

transformação, não somente do desempenho intelectivo dos envolvidos,

mas também dos comportamentos social, político, cultural e

profissional. Em sua obra Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras

Aproximações, Dermeval Saviani afirma que a tarefa dessa pedagogia

em relação à educação escolar implica:

a) Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo as suas principais manifestações, bem como as tendências atuais de transformação; b) Conversão do saber objetivo em saber escolar de modo a torná-lo assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares; c) Provimento dos meios necessários para

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que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas apreendam o processo de sua produção bem como as tendências de sua transformação. 3

A prática da dialética provoca mudança de pensamento. A

transformação ocorre como conseqüência direta da relação ética

interpessoal, num ambiente de reconhecimento mútuo e de respeito a

valores pessoais, culturais, crenças e concepção ideológica, os quais,

em razão da origem, habitat e convívio do ser humano com seus

semelhantes, lhes são inerentes. Além disso, a relação poderá ser

aperfeiçoada com elementos específicos do convívio solidificado no

compromisso afetuoso, porém determinado e estável. A partir do

momento em que o processo de oferta e realimentação das

informações, dos saberes, dos conhecimentos e das atitudes

comportamentais, sócio/interativas e de gerenciamento é estabelecido,

o administrador sente-se responsável pelos agentes e pelos alunos.

Para alcançar um resultado de qualidade, é imprescindível que o

processo de gestão escolar não apenas se utilize da ética, mas,

extrapolando sua normalidade legal, atue numa dimensão dialógica de

caráter solidário e altruísta.

Esse enfoque de relacionamento ético e dialético no processo

educacional escolar será evidente e significativo, implicando uma

forma inovadora de gerenciamento, no qual a equipe gestora, liderada

por uma direção geral bem preparada e imbuída de vontade política,

competência administrativa, idônea e autônoma, deverá ter um caráter

maduro, dinâmico, forte e humanitário. Assim, para compreender

melhor o processo da gestão ética e aplicá-la, é imprescindível

entender bem sua dinâmica operacional, a dialética de sua

funcionalidade e sua práxis.

A responsabilidade da gestão é movimentar o sistema do ensino

de ponta e, portanto, sua atuação deverá ser revestida de

3 SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras aproximações. 2ª ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1991.

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características peculiares. É um serviço que, por ser meticuloso e

especial, não pode mais ser comparado a qualquer atividade comum. O

gestor ético tem sempre em mente a vontade de orientar todos os

segmentos para uma trajetória segura, estratégica e que conduza a

resultados de excelência, conforme os objetivos previamente traçados

no plano de ação da unidade escolar de sua gestão. Nesse sentido, a

maior parte do tempo ativo será dedicada a garantir que todos atinjam

o sucesso almejado. Há uma espécie de vínculo essencial do gestor com

as pessoas que integram, interna e externamente, sua abrangência

gerencial.

Esse vínculo de gestão, somado à predisposição de gerir tanto a

organização administrativa quanto a pedagógica e de utilizar

estratégias metodológicas, estabelecerá atitudes de intercessão,

interação, edificando um relacionamento interdependente, seguro e

produtivo. Disso decorre outra característica do gestor ético, cuja

atuação terá como base a estratégia dialética da direção democrática e

participativa. Isto é, ele deverá liderar o gerenciamento altruísta e

solidário, transformando positivamente o ambiente escolar.

Essa característica, por sua vez, encontra algumas barreiras na

truncada relação entre a direção e os outros participantes. A missão do

gestor ético é solucioná-las com base em um relacionamento profícuo,

em uma autêntica comunicação, em um necessário tratamento

amistoso, fraternal e solidário, reservando-se o cuidado de não cair na

familiaridade ou desregrada amizade entre as partes. É necessário um

bom relacionamento humano, resguardando sempre um prudente

distanciamento estabelecido pela ética profissional e por outros

instrumentos de regulamentação, como o regimento interno.

Todavia, a característica marcante da equipe de gestão é a de ser

construtora da personalidade jurídica da escola que lhe é confiada. É

da essência da gestão a prerrogativa de administrar. Todavia, o

gerenciamento educacional vai além de uma administração comum,

uma vez que seu escopo é dirigir o ensino pedagógico, atuar com

pessoas que deverão ser direcionadas ao processo de aquisição do

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conhecimento, de formação da própria personalidade, de construção do

caráter e, ao mesmo tempo, ser orientadas ao seu fim último, ou seja, à

plena realização pessoal, profissional e social.

A educação em um país, para ser considerada como plenamente

eficiente, deve instaurar o processo educacional em toda sua

abrangência, desde o subsídio para sua instalação física, mobiliária,

materiais de consumo, equipamento de apoio didático, recursos

humanos em todos os quadros de atuação, financiamento de projetos,

capacitação do magistério, planos políticos pedagógicos, planejamento

de ações, projetos de manutenção preventiva, entre outros. Além de

tudo isso, deve primar pela oferta da educação intelectual, centrada na

educação formal, sistemática e normativa, respeitando os aspectos

culturais do individuo para a sustentabilidade de sua formação integral

e desenvolvimento da cidadania. Todo homem e mulher, enquanto

objetos do sistema educacional deverão ser tratados como principais

protagonistas de sua própria educação tanto para a cultura como para

a cidadania, tanto para a pesquisa quanto para a ética. Todos os outros

elementos externos, como o Estado, a família e a sociedade organizada,

são responsáveis apenas pela sustentação do processo educativo. No

desenvolvimento da educação é o próprio educando que se

autodesperta para a curiosidade ou necessidade de obter o

conhecimento e aprendizado. Isso, porém somente acontece, de fato, se

o Estado estiver bem aparelhado e sistematizar o processo.

Os serviços públicos, por serem a expressão do atendimento das

necessidades básicas e essências do ser humano e, pelo fato de serem

exercidos por servidores, a princípios especializados para tal, devem

ser realizados em conformidade com os anseios da sociedade, pois ela

paga antecipadamente por isso, por meio de impostos.

A qualidade dos e serviços executados pelo poder público, não é

considerada das melhores. E isso tem atingido os serviços básicos

como saúde educação e transporte. A bem da verdade, o que, de fato

está faltando é a eficiência no serviço público. Quando o serviço é bem

feito, são inúmeros os resultados positivos, que vão desde a economia,

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até a elevação da auto-estima das pessoas. A melhoria da saúde resulta

em menos gastos e na sobra de dinheiro para investir em outras coisas

necessárias, como por exemplo, na melhoria da qualidade de ensino e,

assim por diante. Todo administrador tem por obrigação buscar as

melhores soluções para responder satisfatoriamente ao público do qual

do qual é servidor.

Quando a educação pública é relegada pela sociedade e cai no

descrédito, somente se pode atribuir isso à falta de eficiência do

serviço publico ofertado em todas as estâncias. É uma conseqüência da

falta de qualidade provocada por diversos fatores e, como

conseqüência, a escola perde sua função essencial de socializar o saber

e promover a educação integral dos alunos. Uma educação eficiente

insere o homem ao seu meio possibilitando-lhe que usufrua e se

beneficie de todas as suas riquezas em seu tempo. Miguel Reale

leciona:

O homem jamais se desprende do meio social e histórico, das circunstâncias que o envolvem no momento de agir. Delas participa e sobre elas reage: são forças do passado que atuam como processos e hábitos lentamente constituídos, como laços tradicionais e lingüísticos, que a educação preserva e transmite: são forças do presente com seu peso histórico imediato; são forças do futuro que se projetam como idéias-força, antecipações e 'programas de existência' envolvendo dominadoramente a psique individual e coletiva (Reale, 1980, p. 42).

O que garante ao Estado executor a eficiência do serviço

educacional é a sua sintonia com a Constituição Federal, Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Código Civil Brasileiro,

dessa forma poderá responder objetivamente pelas necessidades,

carências e exigências da pessoa humana com relação ao seu direito

social de ser educado e instruído. O não cumprimento das leis referidas

e de outras regulamentações causará danos irreparáveis tanto aos

agentes quanto aos usuários, que sofrerão as conseqüências,

decorrentes da não sistematização completa da educação, causando,

também, enormes prejuízos à sociedade brasileira como um todo.

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Ao tomar consciência da necessidade de sistematizar o processo

educacional, entendendo que um sistema deve funcionar

perfeitamente, para produzir resultados, então o Estado brasileiro

estará assumindo a responsabilidade que tem sobre a educação e,

consequentemente promovendo sua eficácia em todas as dimensões da

formação e educação humana.

É preciso perguntar, juntamente com Demerval Saviani, em sua

obra Educação Brasileira: Estrutura e Sistema, em que observa como

ponto de partida, o pressuposto: a inexistência de sistema educacional

no Brasil e mais adiante questiona: ora, se a educação brasileira se

baseia em “teorias”, métodos e técnicas importados ou improvisados,

isto significa que o Brasil não tem sistema educacional, para então

afirmar em seguida:

[...] Além disso, a questão da existência ou não de um sistema educacional no Brasil não só ainda não está resolvida como também existem bastantes controvérsias entre os educadores brasileiros de hoje a esse respeito. Não se poderia, pois, aceitar a inexistência de um sistema brasileiro de educação como algo inconteste e unânime. Era preciso examinar esse problema. (Saviani, 2005, p. 2-3).

Considerando que uma das características de um sistema é a sua

dinâmica na metodologia, tecnologia e procedimentos ao longo da

caminhada, é preciso preestabelecer propostas e metas, visando

sempre um progresso de desenvolvimento seguro, razoável e

determinante. Na concepção de Saviani, (2005, p. 6), é necessário

construir o sistema, tendo isso como tarefa urgente e de

responsabilidade dos educadores. Entende que um sistema organizado

somente pode ser decorrência de algumas ações sistematizadas. A

educação pode existir sem que, necessariamente exista um sistema,

mas um sistema inexiste sem a prática da educação. Deve haver,

concomitantemente a intenção na pratica, o que implicará no resultado

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com um produto intencional pelos agentes. Esse resultado é a

concretização do sistema educacional.

Assim como o sistema é um produto da atividade sistematizadora, o sistema educacional é resultado da educação sistematizada. Isso implica, então, que não pode haver sistema educacional sem educação sistematizada, embora seja possível esta sem aquele. [...] Ora, o sistema – já que implica em intencionalidade – deverá ser um resultado intencional de uma práxis intencional. E como as práxis intencionais individuais conduzem a um produto comum intencional, o sistema educacional deverá ser resultado de uma atividade intencional comum. [...] Assim, para se ter um sistema educacional – que evidentemente deverá preencher os três requisitos apontados, a saber: intencionalidade (sujeito-objeto), conjunto (unidade-variedade), coerência (interna – externa) – é preciso acrescentar às condições impostas à atividade sistematizadora (educação sistematizada), esta outra: a formulação de uma teoria educacional. Reduzindo-se os requisitos da educação sistematizada a dois pontos fundamentais, pode-se, enfim, determinar as condições básicas para a construção de um sistema educacional numa situação histórico-geográfica determinada; são elas a) consciência dos problemas da situação; b) conhecimento da realidade (as estruturas); c) formulação de uma pedagogia (Saviani, 2005, p.84-87).

Além da concepção supra em relação à formação de um sistema

educacional, que contemple a essência da sustentabilidade intrínseca

do próprio sistema, também se deve refletir sobre a construção e

influência externa em sua elaboração, como as correntes filosófico

ideológicas, as organizações políticas e as leis que regulamentam o

relacionamento sócio interativo da população.

Partindo-se desse princípio, pode-se afirmar que é real a

existência do sistema educacional brasileiro, estruturado enquanto

questão legal, determinado e amparado pela legislação em vigor. Em

cada uma das leis promulgadas no Brasil houve sempre uma

referência, em alguns casos, mais significativas, em outros menos,

porém nunca faltou o devido posicionamento da autoridade

competente. Nesse sentido, a sistematização do processo educacional

fundamenta-se nas leis maiores do País, portanto, é de fácil

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compreensão e de positivo efeito o enunciado do artigo 227 da

Constituição Federal de 1988, considerando que deva ser a base dos

princípios iniciais para qualquer ação pública ou privada servindo de

porta para a saída e luz para outras leis, como se vê especificamente na

questão da educação, como direito social, conforme se enuncia o

artigo:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (Constituição Federal de 1988).

Esse artigo se desdobra em sete parágrafos e nove itens, com a

finalidade de ampliar e aperfeiçoar o enunciado da lei referente à

educação, tal foi a importância do assunto pelos legisladores. Além

disso, o último parágrafo reponta ao Artigo 204, da mesma

Constituição, indicando que deverá ser assegurada a garantia da

ampliação do direito e cobertura ao programa de inserção, estendido a

todas as pessoas sem nenhuma discriminação. Para a questão da

aplicabilidade da Lei aqui referida, deverão ser consideradas as

emendas constitucionais levadas a efeito posteriormente, para

regulamentar e facilitar a sua prática.

Na mesma linha e sob forte inspiração da Carta Magna, a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional traduziu-se em eficiente

ferramenta para estruturar e funcionar a educação no Brasil,

principalmente na questão de sua sistematização e funcionalidade,

quando apresenta claramente seu artigo 8º, parágrafos 1º e 2º a sua

forma de organização:

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas

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e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais.§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei (LDB 9.394/96).

Todavia, como ferramenta, se a LDBEN não fosse regulamentada,

utilizada e aplicada, não teria utilidade alguma e, também, não

causaria os efeitos que até agora vem promovendo. Houve sensíveis e

significativas mudanças nos procedimentos depois da promulgação da

referida Lei. Estabeleceram-se novas dinâmicas no processo e surgiram

outras reflexões, todavia, é mister considerar que, também se

encontrou algumas deficiências, ou lacunas, que necessitam ser

sanadas com maior brevidade possível, considerando que se trata de

uma lei a definir procedimentos relacionados com a questão humana e

o ser humano, na condição de aluno, não pode ser lesado em sua

dignidade.

Por outro lado deve ser considerado que a história da LDBEN é

longa, repleta de percalços, até chegar ao que se tem hoje. Foram mais

de meio século de estudos, acertos conchavos, adaptações e

acomodações. Precederam-lhe, imediatamente, as leis orgânicas do

ensino preparadas pelo então Ministro da Educação, chegando-se mais

tarde à elaboração do primeiro texto da LDB, esquadrinhada a partir

da Constituição de 1946, onde se encontram as expressões diretrizes e

bases, sendo associadas à educação, como afirma Irineu Colombo,

apud, Demerval Saviani:

O ministro da Educação Gustavo Capanema, em 1942, elaborou as Leis Orgânicas do Ensino, a primeira lei a sistematizar o ensino nacional e imposta a todo território nacional pelo governo do Estado Novo com poderes excepcionais. Na nova Constituição de 1946, encontraremos a expressão diretrizes e bases associada à questão da educação nacional, referente ao ensino primário, que deu origem mais tarde a nossa primeira LDB (Lei 4.024 de 1961). Essa Lei fora encaminhada à Câmara Federal em 1948 e foi conciliatória entre Anísio Teixeira, defensor da escola pública – "Meia vitória, mas

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vitória" - e Carlos Lacerda - "Foi a lei a que pudemos chegar" – (Saviani, 1997, p. 20). 4

A história da trajetória do ensino brasileiro apresenta sempre, no

decorrer do tempo, alguns significativos avanços a tentativa de efetivar

a sistemática educacional da melhor forma possível e, nessa

caminhada, chegou-se, enfim, ao Estatuto da Criança e do Adolescente,

que se traduz em mais uma eficiente ferramenta de implantação da

educação visando o resgate dos direitos inalienáveis da personalidade

humana, principalmente na faixa etária de abrangência do E.C.A.,

tendo como uma das principais garantias o direito à educação. Essa Lei

especial define com clareza os direitos da pessoa na faixa etária de

zero a dezoito anos. Em seu artigo 53 afirma a existência do direito à

educação para a criança e ao adolescente, responsabilizando o Estado,

a família e a sociedade para a garantia desse direito:

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I — igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II — direito de ser respeitado por seus educadores; III — direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV — direito de organização e participação em entidades estudantis; V — Acesso à escola, pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo Único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais (ECA - Lei nº. 8.069/90).

Depois de construídas e promulgadas as principais leis que

serviram de bases para a organização da educação brasileira, a

sociedade pôde experimentar um acentuado desenvolvimento e

progresso, com propostas reais de melhoria de qualidade,

principalmente em alguns estados que se sobressaíram com

investimentos. Isso ocorreu não só na estrutura física, mas na questão

4COLOMBO, Irineu. Brasil Profissionalizado: Um Programa que Sistematiza na Prática a Educação Profissional e Tecnológica. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/artigos_brasil_profissionalizado.pdf (acesso em outubro de 2008)

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pedagógica e de aprimoramento do corpo docente, valorizando o

magistério, como é o caso do Estado do Paraná, com a criação de

diferentes programas implantados nos últimos anos, dos quais se pode

citar como exemplo, o PDE – Plano de Desenvolvimento Educacional do

Paraná para professores, tido como um extraordinário avanço para a

educação paranaense.

Tantas outras melhorias, também ocorrem oriundas das

diferentes leis que, constantemente são criadas em benefício do

sistema educacional e, especialmente, para a garantia da efetiva

qualidade do ensino destinado ao aluno. A participação democrática de

profissionais da área para a elaboração das políticas pedagógicas e

detecção das prioridades essenciais provoca o surgimento de novos

mecanismos capazes de produzir a eficiência necessária para a

melhoria do serviço educacional em todos os seus níveis. Nessa

consecução de fatos encontram-se: O Plano Nacional de Educação, Lei

nº. 2/2001; A Lei 11.274/2006 de 06/02/2006, (que garante o acesso ao

ensino fundamental obrigatório, divididos em séries até a oitava, para

todas as crianças de 6 a 14), entre outras.

Uma analise mais aprofundada sobre a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional levará ao entendimento de que algumas

orientações são de extrema importância para o ordenamento do

magistério e da pedagogia, propondo a melhoria do ensino a partir da

eficácia da própria lei. Ela determina, por exemplo, que, para efeito do

ensino fundamental, deverá ser cumprida a jornada escolar de, pelo

menos, quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, conforme seu

artigo 34, no entanto não prevê carga horária para recuperação:

A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.§1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.§2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (LDB nº. 9.394/1996).

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Contudo há uma lacuna considerável na referida norma que, —

mesmo prevendo ampliação do período de permanência do aluno na

escola, à medida que se efetive a universalização desse nível

educacional, determinando que o ensino seja ministrado

progressivamente, em tempo integral e deliberando que a carga

horária disponibilizada aos alunos de 800 horas e 200 dias letivos —,

não prevê os períodos de recuperação quando necessária.

2.3. A REALIDADE E SITUACAO DA ESCOLA ANTES DA

IMPLEMENTACAO DE ACÕES TRANSFORMADORAS E DO PDE

O Colégio Estadual Marechal Rondon – Ensino Fundamental,

Médio e Profissionalizante sob a jurisdição do Núcleo Regional da

Educação de Campo Mourão é uma escola localizada no centro da

Cidade e, por esse motivo, uma das mais procuradas pela Comunidade

Escolar tendo, todos os anos, uma considerável lista de espera

aguardando vagas, que não surgem, pois dificilmente os alunos que se

matriculam, mudam para outra escola. Os pais, também, preferem

colocar seus filhos pela qualidade do ensino oferecido e pela

segurança que a escola apresenta. Mas, pela quantidade e

heterogeneidade do corpo discente, aumentam, na mesma proporção,

os problemas e dificuldades.

Antes da implementação deste projeto, constatou-se que, em

relação aos outros períodos, havia uma grande diferença entre os

índices de evasão, repetência, pontualidade, aprendizado, disciplina e

motivação nos alunos do período noturno. Da mesma maneira, eram

mais problemáticos o relacionamento de alunos com professores e

funcionários neste do que nos períodos vespertino e matutino,

respectiva e proporcionalmente, pois o número de alunos dos turnos do

diurno é maior e, muitas disciplinas, apresentam os mesmos

professores, o que possibilita passarem mais horas com cada turma,

melhorando sua qualidade. Isso não acontece com o período noturno,

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acarretando a queda no aproveitamento e na qualidade, deixando de

apresentar resultados positivos e elevando os índices de repetência,

evasão e de relacionamento.

Constatou-se que os alunos desse período, na maioria,

trabalhavam em empresas e outros vinham do sítio, chegando sempre

atrasados, cansados e sem alimentação: jantar ou lanche. Muitos

dormiam durante as aulas, outros procuravam extravasar seu cansaço

ficando sempre inquietos e outros, ainda, ausentavam-se das salas,

solicitavam para saírem antes do término da aula, justificando não

estarem passando bem.

Percebia-se que vários alunos eram dependentes químicos,

indisciplinados, depredavam a escola, sem limites e não demonstravam

a prática dos valores essenciais para a vida e construção da cidadania.

Quanto às famílias, raramente compareciam ao Colégio, mesmo

sendo convidadas, os telefones nunca conferem os números para

contatos, entre outras dificuldades.

Os professores e funcionários, também, demonstravam cansaço e

desmotivação em suas atividades, por não verem resultados mais

imediatos e palpáveis.

Diante dos fatores apresentados, verificou-se, com espanto, o alto

índice de evasão, ficando entre 21.6% a 31.3%, o percentual de alunos

evadidos, principalmente nas primeiras séries do Ensino médio do

noturno e a reprovação variando de 11.7% a 13% das 1ªs, 2ªs e 3ªs

séries do período noturno.

Durante o ano de 2003, as aulas iniciavam às 19h15ms, isso

provocou grande mudança, diminuindo o índice de evasão e repetência,

pois os alunos trabalhadores e os que vinham de transporte escolar

coletivo da zona rural, tinham tempo para tomar banho e jantar sem

atrasar-se para o início das aulas.

Em decorrência do Calendário Escolar e carga horária (800h), a

escola obrigou-se a manter o início das aulas às 18h50ms, forçando

muitos alunos a chegarem somente para a segunda aula e quando

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constatavam o número elevado de faltas e o baixo rendimento escolar,

acabavam desistindo de estudar ou reprovando.

Houve um inconformismo da direção e equipe pedagógica, por

tratar-se da mesma escola, mesma filosofia e mesma dedicação de

trabalho com índices e resultados tão diferentes dos demais turnos,

então buscou-se a elaboração e implementação de vários projetos,

iniciando-se em maio de 2002, com o Projeto: Resgatando o Aluno

Evadido da Escola; Em junho de 2002, o Projeto: “Diga ao Professor

que Você Está Presente”; Em Fevereiro de 2002, 2003, 2004 e 2005: O

Projeto “AVOE – Ação Voluntária na Escola”, ao qual acrescentou-se o

tema a Arte na Escola, iniciando com levantamento de dados dos

alunos e familiares, constando no Projeto Político Pedagógico.

A partir destas respostas, a essas e a tantas outras, procurou-se

por meio de dados estatísticos, apresentar uma reflexão à luz da

comparação entre os índices gerais e locais de desempenho escolar.

Assim procedeu-se a partir do levantamento de dados na documentação

escolar e questionários, com a equipe administrativa, pedagógica e

corpo docente auferiu-se que, por trás do problema de baixo

rendimento, reprovações e evasão escolar existem duas outras

questões mais importantes e mais urgentes: Primeiro, o baixo índice de

consciência de auto-estima, um elevado índice de individualismo,

timidez, medo de relacionamento, ausência de conhecimento sobre a

necessidade de comunicação, cooperação, companheirismo e falta de

confiança em colegas, superiores, familiares, grupos e sociedade;

Segundo, a carência de princípios e valores sociais, culturais,

acadêmicos, cidadania, ética, moralidade, família, escola, trabalho,

lazer, entre outros.

Em pesquisa realizada na comunidade escolar interna e de

abrangências do Colégio, onde habitam as famílias dos alunos,

especialmente do período noturno, verificou-se uma grande incidência

de problemas relacionados ao bem estar, como de moradia, sócio-

econômico, empregabilidade, comunicação, relacionamento

interpessoal, dificuldades de relacionamento familiar e entre famílias,

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entre grupos e entre comunidades. Constatou-se uma deficiência na

questão cultural e de conhecimentos a partir do fato de que, muitas

pessoas não sabem ler, escrever e interpretar informações básicas.

Não conseguem expor nem resolver problemas simples do seu dia-a-dia

de forma organizada.

Isso tem refletido e influenciado direta e negativamente na

convivência, na formação e na permanência dos alunos na Escola, o

que levou um grupo de professores, pedagogos e direção, iniciarem um

estudo sobre a necessidade de se efetivar alguma ação que viesse

amenizar ou sanar esse contratempo dentro de nossa Escola. Dessa

forma percebeu-se que somente as aulas em sala de aula não motivam

nem despertam o interesse dos alunos para a necessidade dos estudos

e permanência na escola. Era necessárias a realização de ações, em

classe e extra classe, que viessem corroborar para a solução desses

problemas. Então a criação, implantação e execução de vários projetos,

entre eles o AVOE, provocou grandes e significativas transformações

positivas nos alunos, em diversos pontos como: respeito, disciplina,

comportamentos éticos, cuidados com a escola, apresentam maior

interesse pelo estudo, mais curiosidade em relação a outros temas

transdisciplinares e participação efetiva em cursos extracurriculares

(para inseri-los no mercado de trabalho como estagiários), música,

teatro, recreações modalidades desportivas, que a escola oferece. Há

grande procura por cursos de informática e oratória entre outros.

Constatou-se também maior número de alunos aprovados no

vestibular de 2004, 2005, 2006 e 2007 em Faculdades Públicas,

alcançaram as primeiras classificações.

No entanto, apesar de todos os esforços dispensados a todas as

séries, e a implementação das salas de recurso e apoio para as 5 séries,

constatou-se que o índice de alunos para conselho de classe e retidos

era alto, delimitando aqui a 5ª Série, para comprovação dos anos de

2006 e 2007, conforme apresenta a tabela a seguir:

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Page 30: TÍTULO: A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ... · para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se

IDEBs observados em 2005, 2007 e Metas para Escola - RONDON C E MAL E FUND MEDIO PROF

Ensino Fundamental

IDEB Observado

Metas Projetadas

2005 2007 2007

2009

2011

2013

2015

2017

2019

2021

Anos Iniciais - - - - - - - - - -

Anos Finais 4,3 5,0 4,3 4,4 4,7 5,1 5,5 5,7 5,9 6,2

Fonte: Prova Brasil e Censo Escolar. Em: http://ideb.inep.gov.br/Site/ (acesso em12/2008)

RONDON, C E MAL - E FUND MEDIO PROF

NRE CAMPO MOURAO - CAMPO MOURAO

Resultados do IDEB da Escola 2005 - 2007Fonte

: SAEB e Censo Escolar

Indicador

IDEB 2005

IDEB 2007

IDEB do Município

IDEB do Paraná

Resultado do IDEB - Fundamental Anos Finais

4,30 5,00 4.10 4.00

Projeção do IDEB para a Escola 2009 - 2021Fonte

: SAEB e Censo Escolar

Indicador 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021

Projeção de Meta do IDEB - Fundamental Anos Finais

4,40 4,70 5,10 5,50 5,70 5,90 6,20

Para ir além do já exposto, o Plano de Implantação do PDE, ao

apresentar a Ética, sua aplicabilidade ao ensino em escolas públicas e

sua influência nos resultados da aprendizagem dos alunos, para a

comunidade escolar, pautou-se nas 5 séries, constatando que há uma

disparidade de nível de qualidade de ensino entre as escolas

municipais até as 4 séries e como o Colégio Estadual Marechal Rondon

recebe alunos de diversos pontos da cidade e bairros, demonstra-se a

realidade da heterogeneidade, exigindo ações diferenciadas para suprir

as deficiências de aprendizagem.

Com a aplicabilidade do Plano de Implementação, constatou-se a

necessidade de carga horária específica para aulas de recuperação dos

conteúdos aplicados aos alunos com dificuldades, além das salas de

apoio e recurso.

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Page 31: TÍTULO: A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ... · para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se

No entanto, as aulas deverão centrar-se nos conteúdos

oferecendo condições para que o aluno possa contextualizar sua

cultura e seu conhecimento embasado nas séries anteriores e na

própria vivência social cotidiana, porém, com um enfoque especial na

questão da cidadania, no seu desenvolvimento integral como ser social

e sua responsabilidade profissional. Além disso, as aulas devem ser

conduzidas com didática condizentes de forma a assegurar direitos e

deveres, respeito e altruísmo, à luz de uma ética prática, para a efetiva

formação da consciência cidadã do aluno.

Outro aspecto proeminente que se verificou foi o prejuízo na

aprendizagem dos alunos de 5 séries com relação às constantes

substituições de professores, principalmente por motivos de doença,

licenças entre outras, pois há um clima de tensão no corpo discente em

decorrência de inúmeros fatores, como excesso de trabalho, falta de

recursos didáticos e apoio mais eficiente das equipes de sustentação do

processo ensino aprendizagem.

Com a verificação dessa realidade concreta, acredita-se que

haverá melhoria nas estatísticas ao final do ano letivo em questão,

apresentando resultados positivos com a redução do número de alunos

a serem apresentados ao Conselho de Classe, retenção ou reprovação,

em conseqüência do presente estudo e prática.

3. CONCLUSÃO

Ao concluirmos este trabalho, nos sentimos honrados em

fazermos parte do quadro do magistério público. A oportunidade que

tivemos de encaramos nossos problemas escolares de frente, e

pensarmos nas possíveis soluções, nos encoraja e nos valoriza como

educadores e nos permite repensar o processo ensino e aprendizagem

e a cultura escolar.

Ao nos reportarmos sobre a defasagem entre os índices de

reprovação na 5ª série, refletiu-se sobre o não desempenho escolar. De

fato, não se pode negar que o desempenho dos alunos vem

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Page 32: TÍTULO: A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ... · para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se

acompanhado de diversos fatores entre eles podemos citar as

dificuldades de leitura e na escrita. Paini nos lembra que a questão do

desempenho da leitura de alunos nos mostra que muitos lêem e não

interpretam o texto lido. “leitores e não-leitores parece que vem

legitimando as diferenças entre classes sociais, em que tarefas são

divididas entre aqueles que pensam e os que executam. A leitura

aparece também como um instrumento de conquista de poder antes de

ser meio de lazer, conhecimento e cultura. A leitura amplia os

horizontes, fazendo emergir pontos de vista diferenciados sobre uma

dada realidade”. Paini (2005, p. 229).

Por outro lado, os valores éticos entram em confronto com a

realidade cibernética e uma multiplicidade de aspectos interfere no

comportamento das pessoas. Por isso, é preciso (re) construir a ética

nos relacionamentos interpessoais e virtuais. A ética parece estar

cercada por limitações derivadas das capacidades, convenções e

hábitos que caracterizam as pessoas, dependendo inclusive do contexto

cultural e social em que vivem.

Destarte a reflexão levantada em torno da questão da ética como

elemento importante na construção de um ensino com qualidade,

conclui-se que sua aplicação em todas as instâncias no estabelecimento

de ensino, com responsabilidade poderá transformar a conjuntura da

unidade escolar em suas abrangências e assim, garantir, em todas as

etapas, um aprendizado com qualidade, profundidade e extensão à

altura das necessidades do aluno e da comunidade escolar. Além disso,

a Educação terá professores mais saudáveis, produtivos, satisfeitos e

felizes em suas atividades. Em conseqüência disso, o Brasil terá maior

destaque mundial na educação e a comunidade brasileira será

beneficiada em muitos aspectos.

As reflexões sobre a Ética como uma ferramenta, também oferece

reais condições de melhoria do desempenho dos alunos, tanto nas

séries referidas, quanto nas demais séries e cursos oferecidos pelas

escolas, sendo que é essa a proposta do projeto que se realizou, ou

seja, de melhorar a qualidade do ensino da Rede Escolar Pública. A

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Page 33: TÍTULO: A GESTÃO ÉTICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ... · para não sujar, rabiscar paredes e muros, sem danificar o prédio ou os móveis e eletrônicos. Para concluir constatou-se

apresentação dessa breve referência sobre a ética, sua aplicabilidade

ao ensino e sua influência nos resultados da aprendizagem, demonstra

que é possível reverter o quadro negativo que encontramos em nosso

sistema público de ensino.

Por fim, ao recuperarmos a legislação, vale lembrar que “o

professor tem o compromisso de desempenhar bem sua função e

oferecer um trabalho ético, de qualidade e o Estado poderá intervir

para que se assegure tal resultado, responsabilizando aqueles que não

o cumprirem, pois se assim o Estado não o fizer, será o próprio Estado

responsabilizado (Constituição federal/1988, art. 37).

Assim, concluímos lembrando as palavras do poeta Jorge Luís

Borges: "Mas talvez a ética seja uma ciência que desapareceu no

mundo inteiro. Não importa, teremos que inventá-la outra vez". Se,

precisamos reinventá-la, que lutemos para (re) construí-la, pois

acreditamos que a ética legitima as relações intelectuais, afetivas e

morais que se estabelecem entre as pessoas, tanto no campo pessoal

como profissional.

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ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. trad: Mário Gama Kury. 4ªed. Brasília: UNB, 2001.

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