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Título: A ética contemporânea e o ambiente corporativo:
comparando discurso e prática
Resumo
Este trabalho busca compreender o modo como a lógica de mercado exerce influência sobre o
comportamento dos executivos no ambiente corporativo. São centrais os conceitos de
governança corporativa, Teoria da Agência e estudos sobre a ética nos negócios. Neste ensaio
teórico procura-se identificar, pela análise de conteúdo em dados secundários o padrão ético
seguido por empresários em suas práticas em relação ao discurso ético anunciado nas
empresas em que atuam. Ao que parece, a ética praticada pelos grupos sociais se sujeita ao
modo como estes grupos, em dada época, e em dada posição, pactua crenças, valores,
ideologias, utopias e aspectos morais.
Palavras-chave: Ética – responsabilidade social (CSR)– governança corporativa.
Abstract
This work seeks to understand how the logic of the market influences the behavior of
executives in the corporate environment. Are central concepts of corporate governance,
Agency Theory and research on business ethics. This study aims to identify, through content
analysis of secondary data followed by the ethical standards in their business practices in
relation to ethical discourse announced the companies in which they operate. Apparently,
ethics practiced by social groups is subject to how these groups in a given time and given
position, covenants beliefs, values, ideologies, utopias and moral aspects.
Keywords: Ethics - CSR - corporate governance
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Introdução
Nas últimas décadas, os mercados passaram a desempenhar um papel de tal monta na
vida social que a sua propagação têm carregado valores, oriundos da esfera econômica, para o
seio da sociedade (Sandel, 2012). Acredita-se que quanto mais o dinheiro possa comprar,
mais importante é a sua afluência. Quando se decide que determinados bens podem ser
comprados e vendidos, decide - se pelo menos implicitamente, que estes bens podem ser
tratados como mercadorias, como instrumentos de lucro e uso. Mas nem todos os bens podem
ser avaliados dessa maneira como, por exemplo, a questão dos direitos e das obrigações de
cidadania, que envolvem a convocação para participar de um júri e os direitos dos cidadãos de
não venderem seus votos. Assim, para se decidir em que circunstâncias o mercado faz sentido
e quais aquelas em que este deveria ser mantido à distância urge decidir que valor atribuir aos
bens como saúde, educação, vida familiar, natureza, etc. por meio do debate do significado
moral desses bens.
Em meio a esta situação, algumas questões parecem apropriadas, como: O que se quer
é uma economia de mercado ou uma sociedade de mercado? Que papel os mercados devem
desempenhar na vida pública e nas relações sociais? Como decidir que bens podem ser postos
à venda e quais deles devem ser governados por outros valores que não os de mercado? Onde
não deve prevalecer a lei do dinheiro? Ao que parece, no contexto do ritmo em que segue a
sociedade, será cada vez maior o abismo entre as pessoas na classificação econômica. Em
uma sociedade movida apenas pelo mercado há tendência de perder virtudes como altruísmo,
generosidade, solidariedade e espírito cívico e etc. (Sandel, 2012).
Assim, diante da possibilidade de compreender o modo pelo qual a lógica de mercado
exerce influência sobre o comportamento dos executivos no ambiente corporativo
contemporâneo e ainda, compreender de que forma tal comportamento tem relação com o
discurso ético e moral anunciado pelas empresas na forma de missões, visões, valores e
códigos de ética ou de conduta, este ensaio teórico apresenta-se como resultado de pesquisa
documental, em análise realizada a partir de dados secundários publicados no website da
revista Exame em abril de 2013. O presente estudo está estruturado em quatro partes, sendo a
primeira uma apresentação do seu propósito central seguido do marco teórico utilizado para
observação do fenômeno. Posteriormente, é descrito o método de investigação e, finalmente
apresenta-se os resultados, conclusões e implicações do estudo objetivando uma discussão
teórica a respeito dos valores morais e éticos na contemporaneidade com vista à reflexão
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sobre como estes valores têm permeado a sociedade e como são tratados nas práticas do
ambiente corporativo.
1. Propósito central do trabalho
O propósito deste trabalho está centrado na necessidade de compreender o modo pelo
qual a lógica de mercado exerce influência sobre o comportamento dos executivos no
ambiente corporativo contemporâneo e ainda, compreender de que forma tal comportamento
tem relação com o discurso ético e moral anunciado pelas empresas na forma de missões,
visões, valores e códigos de ética ou de conduta. Para tanto, a análise da lógica de mercado
está situada no conceito de governança corporativa (CVM, 2002; IBGC, 2009; Jensen, 2000;
Sleifer & Vishny, 1997, Berle, A. & Means, G., 1988) e na Teoria da Agência (Daily et al.,
2003; Shleifer & Vishny, 1997). O comportamento do executivo está baseado,
principalmente nos estudos realizados na universidade de Harvard, EUA, e publicados por
Andrews em 1989 sobre a ética nos negócios e sobre o modo como os managers constroem
individualmente e socialmente suas crenças e valores. A ideia de ética é considerada
enquanto ações ou costumes historicizados e integrantes da ação empresarial (Valls, 2004,
Srour, 2000, Zoboli, 2001).
Neste ensaio teórico é ilustrado tal comportamento por uma análise realizada a partir
de dados secundários publicados no website da revista Exame em abril de 2013. A
reportagem intitulada “12 dos maiores imbróglios de empresários de todos os tempos” da
Revista Exame descreve circunstâncias confusas sobre o comportamento de tais empresários
na posição de sócios, herdeiros e proprietários que desperta curiosidade, tanto no que se
refere ao padrão ético seguido por estes nas suas práticas, quanto se este padrão pode ser
identificado no conjunto de valores, missão, visão e códigos de ética anunciados nas
empresas em que atuam.
2. Marco teórico
Como dito, a análise da lógica de mercado a está situada no conceito de governança
corporativa (CVM, 2002; IBGC, 2009; Jensen, 2000; Sleifer & Vishny, 1997, Berle, A. &
Means, G., 1988) e na Teoria da Agência (Daily et al., 2003; Shleifer & Vishny, 1997).A
governança corporativa é um termo para o qual não existe uma abordagem universal. Fruto do
aprimoramento dos processos resultantes da divisão do trabalho que se deram até os anos de
1950, da separação entre o controle da propriedade e a sua gestão e da diferença entre
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interesses dos administradores profissionais e interesses de lucratividade dos acionistas que
tiveram seu ponto máximo nos anos de 1960 e 1970, a partir da década de 1980, em razão de
situações de conflito no ambiente empresarial entre proprietários/acionistas e
agentes/gerentes, e, por conseguinte, devido às assimetrias resultantes dos chamados
problemas de Agência.
No conjunto das teorias que sustentam os estudos e avanços da governança
corporativa, destaca-se o estudo realizado por Berle & Means, que culminou na Teoria da
Agência, ou Teoria do Agente Principal. Durante os anos de 1930 estes autores pesquisaram
empresas norte-americanas de grande porte constatando que as empresas típicas do século
XIX pertenciam a um proprietário ou pequenos grupos e que sua gestão estava restrita
basicamente a estes indivíduos ou seus prepostos, o que significa dizer que a sua abrangência
estava limitada pelo patrimônio pessoal dos seus proprietários. No entanto, a partir da
revolução do sistema fabril no século XX, na qual se deu a separação entre propriedade e
controle, este cenário sofreu uma mudança significativa (Serafin, E. et al, 2010).
A moderna sociedade por ações [...] revolucionária em seus efeitos, colocou
o patrimônio de numerosos indivíduos sob o mesmo controle único. Devido
a essas transformações, o poder dos que se encontram no comando se
ampliou bastante, e a situação dos interessados – trabalhador ou
proprietários – se modificou radicalmente. [Desse modo] o proprietário que
investe em uma companhia moderna, de tal forma entrega seu patrimônio
aos que se encontram no comando da sociedade e a sua posição de
proprietário independente se altera para a de simples recebedor de
dividendos (Berle, A. & Means, G., 1932, p.22).
Desde então, esta separação entre patrimônio e gestão, ou mais especificamente entre
o acesso aos ganhos residuais e as funções de controle, ambos decorrentes do crescimento e
da especialização do trabalho, caracterizou um novo modelo de organização, principalmente
no qual o proprietário-fundador passou a assumir um papel mais amplo, delegando atribuições
específicas da gestão a um administrador profissional que posteriormente foi classificado
como Agente. A partir da segunda metade dos anos de 1950 a gestão das grandes empresas
norte-americanas caracterizou-se pela prevalência do chamado “ponto de vista financeiro”
(Fligstein, N., 1990).
Nos anos de 1960 e 1970 o amadurecimento destas organizações constituiu uma
espécie de “comunidade intelectual entre os especialistas financeiros das grandes corporações
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e os Agentes do mercado financeiro, esses últimos, obviamente, já nascidos sob o signo da
prevalência dos critérios financeiros de medição da performance empresarial” (Grüm, R.
1998, p.4). Nesse contexto, a visão financeira assume um status científico e adquire respaldo
acadêmico por meio da Teoria da Agência.
A Teoria da Agência parte da existência de conflitos entre os interesses de
agentes/gerentes com os dos proprietários/acionistas. “Jensen & Meckling (1976) propuseram
a Teoria da Agência enquanto explicação sobre como a corporação aberta pode existir, dado o
pressuposto que os gestores têm interesses próprios e o contexto no qual estes gestores não
ficam satisfeitos com os efeitos de grandes interferências sobre suas decisões.” (Daily, et. al.,
2003, p.371-372).
A governança efetiva, por outro lado, deve reforçar ações de auditoria e transparência
que se de um lado resultam em maior divulgação de informações relevantes, tanto
voluntariamente quanto de modo obrigatório, temos também, em última análise, que a boa
governança pode representar fator de sucesso para a organização e que a governança ruim
depõe contra a imagem da empresa no mercado (Jensen, 2000, Sleifer & Vishny, 1997). Daily
et. al., (2003), esclarecem que “o mercado de controle corporativo serve como um mecanismo
de controle externo que é tipicamente ativado quando mecanismos internos de controle de
oportunismo gerencial tiverem falhado” (Daily, et. al., 2003, p.371-372).
Nesta relação ambos os atores perseguem maximizar a sua função-utilidade onde se
por um lado, para o proprietário/acionista a riqueza é variável e, portanto, sujeita à
maximização, por outro, para os agentes/gerentes a função utilidade pode englobar além de
remuneração poder, segurança e distinção profissional. Por isso, cabe ao proprietário/acionista
delimitar o campo de atuação dos agentes/gerentes, determinando incentivos adequados e
arcar com os custos do monitoramento visando impedir atividades anômalas e limitar
extravagâncias do agente/gerente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), “o problema de Agência ocorre quando os gestores tomam decisões com
o intuito de maximizar sua utilidade pessoal e não a riqueza de todos os acionistas, motivo
pelo qual são contratados”.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) são os institutos responsáveis por determinar os termos das ações
de governança a serem adotados pelas organizações, principalmente as de capital aberto.
Enquanto que o IBCG dissemina que governança corporativa é o "sistema pelo qual as
organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre
proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle”, a CVM oferece uma
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conceituação mais ampla. Esta instituição admite que governança corporativa “é o conjunto
de práticas que tem por finalidade potencializar o desempenho de uma companhia ao proteger
todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o
acesso ao capital” (CVM, 2002, p. 1).
Um dos principais problemas caracterizados na Teoria da Agência encontra-se na
assimetria de informações. Considerando que o agente na sua prática cotidiana torna-se um
possuidor de informações a respeito dos requisitos e do desempenho da organização, ambos
necessários ao seu desenvolvimento, este se torna um privilegiado na relação, podendo valer-
se da informação adquirida para manipular ou induzir o principal a conceder-lhe ganhos ou
benefícios adicionais, o que sem dúvida significa um problema de confiança e um problema
de ética.
Na visão de Shapiro (1987), a proliferação do relacionamento de Agência deriva, e
muito, das relações existentes dentro do amplo espectro de produção e troca que, por sua vez,
criam barreiras tanto sobre o acesso à informação quanto sobre sua posse, devido à existência
de um alto grau de especialização e diferenciação inerente à delegação dos agentes (Id. Ibid,
p.627). Em outras palavras, é a própria especialização do trabalho que confere ao agente o
domínio de um leque de informações complexas muitas vezes distante do entendimento ou da
real possibilidade de acompanhamento pelo principal.
Ainda sobre o problema de assimetria, Fontes Filho (2007) analisa que, tendo em vista
a necessidade de alinhamento entre os interesses dos acionistas e a execução dos objetivos dos
gestores, o objetivo principal da governança corporativa – enquanto fenômeno decorrente do
desdobramento do contexto em que se desenvolveu a Teoria da Agência – passou a ser
associado a formas de assegurar que os executivos persigam os objetivos determinados pelos
acionistas, no denominado problema de Agência. Neste sentido, dois pontos que se destacam
nos estudos dos problemas de Agência e da própria teoria decorrem do risco de haver
assimetria de informações, o primeiro está relacionado ao aspecto de ação oculta
(hiddenaction) e o segundo ao da informação oculta (hiddeninformation). Tais aspectos são
definidos na literatura sobre a Teoria da Agência de modo central como risco moral (moral
hazard) e seleção adversa (adverse selection). Segundo Arrow (1985), o risco moral tem
origem nas teorias de seguros de incêndio ou de saúde nos quais a existência da cobertura
pode levar indiretamente ao segurado fazer uso serviço de saúde com mais intensidade ou
ainda não tomar precauções contra incêndios simplesmente porque o bem está segurado. No
contexto da teoria da Agência, o conceito se refere a casos nos quais as ações dos agentes não
são de conhecimento do principal ou possuem um custo elevado de monitoramento. A seleção
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adversa representa o fato dos agentes possuírem informações desconhecidas por parte do
principal ou o fato dos custos de obtenção ser elevados (Sato, 2007).
Do mesmo modo que o problema de assimetria de informações, outra causa de
possível conflito no relacionamento de Agência repousa no planejamento das ações da
organização. Segundo Parrino (2002), este problema é determinado como problema de
horizonte. Enquanto que os proprietários/acionistas têm uma visão de longo prazo e, portanto,
são capazes de suportar por um período maior possíveis oscilações do mercado, os
agentes/gerentes agem sob o enfoque de situações de curto e médio prazo sendo muitas vezes
motivados por avaliações de desempenho periódicas e, pela própria condição de empregado,
por um relacionamento mais transitório com a organização.
Da mesma forma, agentes e principais têm preferencias de riscos diferentes. Nesta
visão, enquanto o principal tem um comportamento mais agressivo, o agente adota uma
postura mais conservadora e avessa ao risco, não apenas para manter a saúde financeira da
empresa, mas também para manter sua imagem profissional decorrente de certo padrão de
conduta no mercado – o que lhe dará credibilidade para conquistar uma nova posição caso
seja demitido.
Além destas questões envolvidas na diferença de timing entre planejamento, execução
e risco das ações por parte dos proprietários/acionistas e agentes/gerentes, outro ponto de
conflito reside no problema de uso dos ativos. Este se refere ao uso dos ativos da empresa
pelo agente na forma de benefícios indiretos (fringebenefits) e vantagens pessoais, tais como o
uso de carro da companhia, cartão de crédito empresarial, grandes e luxuosos escritórios,
aviões particulares, entre outros. Além de certos limites, essas vantagens podem significar um
uso ineficiente dos ativos da organização que irão imputar prejuízos aos acionistas e que
podem suscitar comportamentos desviantes, e por vezes não éticos, dos demais colaboradores
da empresa.
Sobre o comportamento do executivo e, portanto, sobre os modos pelos quais pode ser
explicado o oportunismo gerencial sobrea ética nos negócios, Gellerman (1989), explica que
indivíduos com excelente formação e experiência realizam ações em benefício próprio e que,
em muitos dos casos, prejudicam outros indivíduos. Isto ocorre porque os managers creem
que suas ações não são “realmente” ilegais ou imorais, justificando seus atos pelo bem da
corporação ou próprio, ou ainda que se não houver divulgação da má conduta ela permanecerá
impune. Ainda segundo o autor, a ação destes gestores muitas das vezes tem a complacência
da organização e que, por mais que se façam esforços no sentido de controlar a má conduta,
esta se revela como uma praga que pode ser controlada, mas nunca extinta. Esta visão
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corrobora com o pensamento de Marinho (1999), o qual considera a ética nas organizações
enquanto uma tentativa de realização de valores que por sua vez fazem parte da crença dos
gestores e que geram responsabilidade e compromisso com seus agentes internos e externos.
A ideia de ética enquanto ações ou costumes historicizados e integrantes da ação
empresarial (Valls, 2004, Srour, 2000, Zoboli, 2001) considera que o comportamento ético
está baseado em certa tradição coletiva, inserida num contexto delimitado, temporal
culturalmente, que coloca o executivo em xeque diante de decisões que envolvem seus
próprios conceitos e valores morais e das normas de conduta compartilhadas e impostas pela
sociedade.
Abordagens mais recentes consideram mudanças no ambiente corporativo nas quais
ideias como a que “o único lucro moralmente aceitável é aquele obtido com ética” (Silva &
Gomes, 2008, p. 113) acabam por transferir a responsabilidade, que antes estava difusa no
contexto da organização, ao tomador de decisão que passa a se reposicionar, não apenas no
sentido de conhecer os riscos práticos da sua decisão, mas também de identificar nas
consequências desta os aspectos éticos e morais.
No que diz respeito às mudanças dos aspectos éticos e morais o que se percebe é que
estas estão associadas a uma temporalidade na qual as noções éticas e morais praticadas pelos
executivos são relativas ao tempo em que se vive. Se tomarmos como exemplo o uso trabalho
infantil enquanto mão-de-obra complementar no processo de produção industrial norte-
americano, vê-se que até a primeira metade do século XX esta prática era considerada
legítima, e até mesmo, era uma forma de garantir que as crianças, ao trabalharem, não fossem
postas em orfanatos. Posteriormente, a partir de 1941, esta pratica foi suspensa e considerada
ilegal pela suprema corte dos EUA (Carr, 1989).
A partir deste exemplo é possível perceber que mudanças nos contextos sócio-
históricos ora legitimam certo comportamento e, portanto, o consideram éticos, ora repudiam
o mesmo tipo de comportamento. Seguindo esta linha de pensamento em relação ao ambiente
corporativo percebe-se que o posicionamento do executivo está fortemente ligado à sua
consciência que por sua vez recebe influência da sociedade e que esta última está inserida em
uma temporalidade onde imperam crenças, valores e modos de produção. Assim seu
comportamento ético pode acabar sendo fruto de uma mediação entre crenças e valores
pessoais e condutas socialmente construídas e compartilhadas entre os indivíduos em um
determinado tempo.
De acordo com tal fundamentação, tem-se que no contexto contemporâneo a prática
ética no ambiente da corporação se revela atributo pessoal e profissional, capaz de conferir,
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para o bem, ou, para o mal, distinção ao executivo, contribuindo para sua ascensão ou queda,
na organização.
Um homem respeitado pela competência em seu trabalho, que conhece as
justificativas eticamente baseadas em programas em termos econômicos e
que supera os elementos de resistência presentes no topo do management,
poderá bem demonstrar suas próprias qualidades para alcançar o topo do
management (Carr, 1989, p.34).
Neste sentido, o que se percebe é que o contexto histórico atual coloca o indivíduo
diante de dilemas de natureza ética diferente de tempos atrás. Se antes o manager era
valorizado exclusivamente pelos resultados conquistados para a organização,
independentemente do modo como se posicionava eticamente, agora este posicionamento
ético deve ser considerado como uma das prioridades no checklist do comportamento do
executivo. Desse modo, percebe-se que diante da necessidade de atingir o efeito desejado, ou
seja, de ser efetivo em cada tempo no curso da história prevaleceram, prevalecem e
prevalecerão éticas diferentes – o que significa dizer que a ética praticada em determinado
grupo social parece estar associada ao modo como este grupo, em dada época, pactua crenças,
valores, ideologias, utopias e aspectos morais.
De acordo com Norris (1989, p.35), “todas as crises para um chefe executivo são de
origem moral. Ainda que sejam raramente impessoais seu principal problema é o que ele sabe
sobre as pessoas”. Nesta linha de pensamento, se saber sobre as pessoas torna-se
preponderante na resolução dos problemas corporativos, é possível avaliar o comportamento
do executivo a partir de sua capacidade de encarar os perigos e os problemas morais
relacionados ao trato com subordinados e pares em seis categorias. Para o autor estas
categorias se dividem na necessidade do executivo possuir um compromisso limitado, e, em
certo sentido, médio, onde ao mesmo tempo em que é comprometido, não se compromete
muito.
O mesmo é considerado em relação à verdade, ou seja, o executivo deve ter liberdade
para enxergar toda a verdade, embora revele apenas algumas partes em muitas ocasiões, sem
que deixe de enxergar toda a verdade. Sob este aspecto, paira um ponto de dúvida, uma vez
que a maior parte das decisões do executivo baseia-se em informações incompletas e em
dados parciais. Por isso, entende-se que o que o autor toma como “enxergar toda a verdade”
diz respeito à experiência adquirida pelo executivo no âmbito do talento gerencial e da ciência
do gerenciamento (Dreyfus & Dreyfus, 2012). O que reforça esta suposição é a categoria
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seguinte apontada por Norris (1989), na qual o comportamento do executivo pode ser
avaliado por meio da sua capacidade de ter que tomar decisões finais baseadas em dados e
fatos incompletos.
Além disso, o autor acrescenta como pontos de avaliação neste conjunto de categorias,
a capacidade do manager em aceitar “a responsabilidade pelos erros dos subordinados
enquanto não permitir que eles cometam muitos erros; em viver e representar a imagem de
um homem público de um alto escritório, mas sem torna-se vítima deste; e, finalmente, em
proceder como um homem de pensamento assim como um homem de ação”. (Norris, 1989,
p.35).
Na análise destas questões encontram-se objetos de reflexão. Percebe-se, portanto, que
o executivo no nosso tempo está inserido numa espécie de complexidade onde parece ser
necessário conciliar éticas diferentes, se é que isto é possível. A este profissional cabe
enfrentar o desafio de se posicionar no contexto gerencial socialmente imposto pela
organização, mas, ao mesmo tempo, é necessário que ele mantenha um comportamento
pessoal comprometido com valores éticos e ainda que seja capaz de resistir às tentações do
pensar e do agir nos termos da “melhor alternativa para a organização” – enquanto
justificativa para decisões com posicionamentos éticos conflitantes.
Nestas questões, percebe-se que o desafio moral a ser enfrentado está na capacidade
do manager, em condições de incerteza, mediar o que, de um lado o pode ser o “melhor” para
organização, com o que de outro, pode ser o “melhor” para a sociedade, sem deixar de lado
sua capacidade de reflexão.
A este respeito dois questionamentos são apresentados por Norris (1989): “Será que o
público merece ter os serviços de um executivo torna disponível para ele? Ou é suposto o
serviço como realmente um luxo que se tornou uma necessidade, ou até mesmo uma ameaça
para a sua saúde e bem-estar emocional?” Diante destas questões prossegue-se na reflexão
sobre se o posicionamento moral que se impõe diante do manager atualmente não corrobora
para a construção de uma ideal de “super-executivo” e se a ética demandada para este pelo
contexto corporativo não está se tornando uma nova forma de prestação de serviços.
Mas de onde vêm estas questões? Segundo os autores Learned et al. (1989) a
movimentação em torno da revisão dos valores éticos nas práticas de negócios decorre da
consciência adquirida pelos gestores a respeito dos erros e sistemas opressores do passado.
Neste sentido, a mudança que parece ocorrer, ainda que de modo não uniforme nas
organizações, pode estar relacionada muito mais pelo medo do retrocesso do que pela
perspectiva do progresso. Diante deste medo, na visão dos autores, em toda visão de negócios
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assim como em qualquer outro comportamento humano estão envolvidos conflitos de valores.
Por isso os autores defendem que a fé em Deus é um processo incorporado nos atos dos
indivíduos e que os coloca em xeque diante dos seus próprios conflitos. De acordo com
Ohmann (1989) o desencantamento da ciência, a produção de abundância sem satisfação e a
ambição desenfreada de atingir o topo são fatores que contribuem para perda da
individualidade do ser humano em sociedade. Para combater estes fatores o autor justifica que
o retorno aos valores éticos está associado aos valores espirituais dos homens e que assim
como a escola, a igreja tem um importante papel enquanto elemento estruturante da
sociedade.
3. Metodologia
Para compreender o modo pelo qual a lógica de mercado exerce influência sobre o
comportamento dos executivos no ambiente corporativo e compreender de que modo tal
comportamento tem relação com o discurso ético e moral anunciado pelas empresas
procedeu-se uma análise de conteúdo a partir de dados secundários publicados no website da
revista Exame em abril de 2013. A reportagem intitulada “12 dos maiores imbróglios de
empresários de todos os tempos” descreve circunstâncias confusas sobre o comportamento de
tais executivos na posição de sócios, herdeiros e proprietários no qual se buscou relacionar o
padrão ético anunciado pelas organizações com as práticas dos executivos principais. O
estudo, portanto, se caracteriza enquanto uma abordagem qualitativa, apropriada para
investigar e entender a natureza de um fenômeno (Richardson, 1999). Além disso, também se
qualifica enquanto exploratório porque busca proporcionar uma visão geral a respeito de
determinado fato (Gil, 1999).
A unidade de análise deste estudo é o comportamento ético dos executivos no
ambiente corporativo e o objeto de estudo são as organizações descritas pela reportagem da
revista Exame nas quais seus executivos principais estão envolvidos em “imbróglios”. Trata-
se desta forma, de uma amostra não probabilística, pois os casos analisados estão restritos ao
conteúdo publicado pela revista. A técnica utilizada para proceder ao mapeamento das
informações foi análise de conteúdo. Na tabela construída buscou-se identificar um modelo de
comportamento por meio dos problemas enfrentados por executivos brasileiros e estrangeiros
a partir dos dados apresentados pela revista para, posteriormente, comparar com o discurso
institucional anunciado pelas respectivas empresas nos seus códigos de ética e declarações de
missão e valores. Neste sentido, se buscou verificar a existência de contradições entre o
discurso institucional das empresas os comportamentos dos executivos a partir dos casos
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narrados pela revista. Tanto no destaque dos aspectos centrais do conteúdo publicado pela
revista Exame, quanto nas informações extraídas dos websites das empresas procurou-se fazer
uma síntese de informações para, posteriormente relacionar a análise obtida com a
fundamentação descrita no marco teórico deste trabalho.
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Casos apresentados
pela revista Exame Reportagem: "12 dos maiores imbróglios de empresários de todos os tempos"
Problemas enfrentados
pelos executivos
Aspectos destacados
no discurso
institucional (1)
Tem programa de
Responsabilidade Social?
Possui código
de Ética?
1) BRF - Abilio x Casino:
poder em xeque
"No fim da tarde de ontem, o empresário Abilio Diniz foi eleito presidente do conselho de administração da BRF – um passo que deve abrir um novo capítulo no imbróglio
que o empresário mantém com o sócio Casino. O grupo francês controlador da varejista Pão de Açúcar já havia deixado clara sua posição sobre o assunto. Para ele, Abilio
deveria renunciar à cadeira que ainda possui no conselho de administração da companhia, caso assumisse o mesmo cargo na BRF. Ficar nas duas posições geraria conflito
de interesse, segundo o Casino, já que a BRF é uma importante fornecedora da varejista e vice-versa. Por outro lado, o empresário argumenta que o próprio Casino está na
posição de fornecedor e acionista do Pão de Açúcar e que ele teria direito vitalício ao cargo, conforme acordo de acionistas. Com Abilio na BRF, duas alternativas do
Casino são aguardadas pelo mercado: a abertura de um novo processo de arbitragem contra Abilio ou a pressão para a sua destituição do conselho do grupo".
Conflito de interesses Sustentabilidade,
honestidade e lealdade.SIM SIM
2) Pão de Açúcar - Abílio
x Família: bancos
separados
"O maior grupo de varejo do país, o Pão de Açúcar foi fundado em 1948 com uma pequena doceria aberta no centro de São Paulo pelo pai de Abílio. Cresceu muito até
que, na década de 80, possuía mais de 45 mil funcionários, 22 tipos de negócios diferentes e uma dívida milionária. Foi quando o patriarca distribuiu aos filhos ações de
acordo com o desempenho de cada um. Seu braço direito, Abílio, recebeu 16% dos papéis. Alcides e Arnaldo receberam 8% cada e as três filhas, que não atuavam na
empresa, ficaram com 2% cada uma. Foi o estopim para uma briga familiar – e uma reforma na empresa, que estava entupida de negócios que nada tinham a ver com seu
principal. A disputa, que incluiu inúmeros processos, declarações na imprensa e o envolvimento da mãe da família contra o filho mais velho, terminou anos e anos depois
quando os irmãos resolveram vender suas ações ao empresário. Coube a Abilio, já no controle, fazer a “faxina” da empresa. Nela, onze membros da diretoria foram
substituídos, inclusive amigos da família, negócios foram vendidos, lojas improdutivas fechadas e mais de 20.000 funcionários demitidos. A família, segundo boatos, ainda
guarda rusgas do imbróglio – ainda senta em bancos separados nas missas de domingo no Morumbi".
Disputa familiar pelo controle
da propriedade e gestão
Clareza, honestidade e
equidade. SIM SIM
3) Aché: desavenças sem
remédio
"As três famílias donas do Laboratório Aché, Syaulis, Baptista e Depieri, estão hoje em um imbróglio em relação à proposta que receberam pela venda da companhia,
avaliada em 11 bilhões de reais. Trata-se da maior oferta já feita a uma empresa do ramo, mas não o remédio para apaziguar o ânimo das partes que, por anos, seguem em
desalinho. Enquanto um sócio acha a quantia suficiente, outro discorda e um terceiro faz as contas para cobrir a oferta pelas ações dos demais. Descordos não são
novidades na empresa, que já foi alvo de uma disputa que extrapolou as salas de reunião e foi parar nos tribunais. As desavenças entre os sócios começaram em 1997,
quando ficou decidido reunir os acionistas em holdings de controle, em desacordo a opinião dos Baptistas. Em 2001, uma das famílias acusou a outra de falsificar a ata de
uma reunião do conselho e foi aberto um inquérito policial. Naquele ano, 22 processos foram abertos entre os sócios no espaço de 90 dias. As acusações incluiam subtração
de livros e arrombamento. Depois de muita discussão, os acionistas optaram por uma gestão profissionalizada, onde cada família tem um representante".
Disputa entre sócios,
desacordo, falsificação de ata
de reunião, inquérito policial
Integridade, respeito às
pessoas, respeito ao
meio ambiente, espírito
empreendedor, inovação
e crescimento
sustentável.
SIM SIM
4) Safra: um para cada
lado
"Na década de 20, Jacob Safra fundou o primeiro banco da família Safra, em Beirute, e seus filhos - filhos Edmond, Joseph e Moise - seguiram a profissão e, naturalizados
brasileiros, tornaram-se banqueiros de renome internacional, conhecidos pela forma extremamente conservadora de administrar os negócios. Primogênito, Edmond trabalhou
no banco do pai desde os 16 anos e vendeu sua parte aos irmãos para abrir outros bancos sozinhos. Virou um dos homens mais ricos do mundo até ter uma morte trágica,
em Mônaco, em 1999, onde vivia com a esposa Lily Safra. Desde então, a briga dos irmãos por sua fortuna fez com que a harmonia das famílias virasse cinzas. Donos do
banco Safra no Brasil, Joseph queria comprar a parte de Moise, mas eles não chegavam a um consenso sobre o valor do negócio. Na época do impasse, em 2004, eles
criaram o J. Safra, comandado por Alberto, filho de Joseph, um banco com sediado no lado oposto ao Banco Safra na Avenida Paulista e com filiais pelo mundo afora.
José, como gosta de ser chamado, tem uma fortuna maior que a de todos os outros banqueiros do país".
Disputa familiar pelo controle
da propriedade e gestão
Honestidade, integridade,
tratamento ético,
confiança mútua.
NÃO CONSTA NO SITE SIM
5) Odebrecht - Marcelo
Odebrecht
"O impasse no gigante de negócios brasileiro Odebrecht é, teoricamente, simples. Um sócio quer comprar a parte do outro, que não quer vender. Mas não é bem assim,
dado o tamanho da empresa e os anos e anos de convivência entre as duas partes. A família Gradin, o patriarca Victor e seus três filhos, Ana Maria, Bernardo e Miguel, é
sócia do grupo há quarenta anos, com cerca de 20% das ações. E, pelo acordo de acionistas, Victor teria de vender suas ações ao completar 70 anos (e ele está com quase
80). Só que, além do patriarca e família quererem continuar no grupo, eles não concordam com o quanto o sócio, representado por Marcelo Odebrecht, quer pagar pela
participação - na verdade, a família pensa que merecia pelo menos o dobro dos 1,5 bilhão de dólares que Marcelo estaria disposto a pagar. A história segue sem desfecho".
Desacordo familiar quanto a
valores para compra e venda
de ações, afetando o controle
da propriedade e gestão
Confiança, espírito de
servir, humildade,
simplicidade, parceria,
transparência.
SIM
TEM CÓDIGO
DE ÉTICA
MAS NÃO
ESTÁ
DISPONÍVEL
NO SITE
6) Companhia Müller de
Bebida - Cachaça 51:
dose amarga
"Quando fundou a então pequena Companhia Müller de Bebida, em 1959, o brasileiro de origem alemã Guilherme Müller Filho não tinha ideia de que inventaria a Cachaça
51, um produto que seria um marco nacional na indústria de bebidas do Brasil. A empresa mudou e cresceu muito até a morte do empresário, em 2005, fato que acabou
desencadeando uma disputa entre os filhos do fundador, Luiz e Benedito, pela herança. Os dois passaram, desde então, a se enfrentar na Justiça em processos que
determinaram que eles se afastassem da direção e do conselho de administração da companhia. O imbróglio já rendeu o despejo do caçula Luiz Augusto de seu apartamento
luxuoso no bairro paulistano de Higienópolis e uma dívida milionária de Benedito com advogados em processos contra o irmão (os dois ficaram sem salário e sem receber
dividendos por conta do impasse)".
Disputa familiar pelo controle
da propriedade e gestão
tendo como consequência o
endividamento da própria
família
Ética, integridade,
criatividade e inovação.SIM
NÃO CONSTA
NO SITE
(1) Aspectos pesquisados nos códigos de ética, declarações institucionais de missão e valores valores disponíveis nos websites das empresas relacionadas acima
Tabela 1 : Casos – Problemas enfrentados X discurso institucional
14
Casos apresentados
pela revista Exame Reportagem: "12 dos maiores imbróglios de empresários de todos os tempos"
Problemas enfrentados
pelos executivos
Aspectos destacados
no discurso
institucional (1)
Tem programa de
Responsabilidade Social?
Possui código
de Ética?
7) Biolab: irmãos em
desalinho
"O empresário João de Castro Marques já era dono da União Química quando perguntou aos seis filhos quem gostaria de tocar seus negócios na área farmacêutica.
Fernando, o mais velho, demonstrou interesse e assumiu a companhia aos 19 anos. Seu irmão Cleiton ficou com a área administrativa e finanças e, Paulo, assumiu a área
industrial. Em 1997, a família criou a Biolab, empresa independente de estrutura parecida a da União Química. Até ai tudo bem, uma bela divisão entre irmãos de duas
empresas bem sucedidas do pai. Os problemas apareceram apenas quando o patriarca morreu, em 2008, e veio à tona a ideia de unificar as companhias. Além de não
chegarem a um acordo sobre os cargos e poder de decisão de cada irmão em cada empresa, os três também discordavam sobre o quanto cada um deveria ter de
participação nas companhias. O último episódio do imbróglio culminou com a saída de Fernando da Biolab, pedido por meio do acordo de acionistas da empresa e validado
pela Justiça de São Paulo, em setembro do ano passado. Mas nada que tenha chegado ao fim – Fernando deve recorrer".
Disputa familiar pelo controle
da propriedade e gestão
Planejamento, inovação,
saúde e qualidade de
vida.
SIM NÃO CONSTA
NO SITE
8) Cosan - Ometto: a
briga de dez anos
"Para ficar no controle da Cosan, maior exportadora de açúcar e de álcool do mundo, o empresário Rubens Ometto Silveira Mello enfrentou sozinho, por uma década, um
duelo com a própria família. Os negócios com a cana-de-açúcar estão com os Ometto há quatro gerações. Começaram com os bisavós de Rubens, um casal de italianos
que desembarcou no Brasil em 1887. O empresário só assumiu a empresa da família em 1986, aos 36 anos. Logo se mostrou apto ao cargo e à responsabilidade de
perpetuar o patrimônio construído por seus ancestrais. Os problemas começaram quando ele quis mudar a maneira como a gestão era feita. Ele acreditava, ao contrário da
família, que era preciso reunir os vários negócios em um grande grupo – uma holding que não teria parentes, gestão profissional e Ometto no comando. Descontentes, seus
irmãos Celso, Mara e Celina, junto com a mãe, Isaldina, moveram um processo contra o empresário, uma pendenga que durou dez anos até Ometto sair vitorioso, em
1996".
Disputa familiar pelo controle
da propriedade e gestão
Aversão a conflito de
interesses.SIM SIM
9) Porto Seguro: briga de
cunhados
"O engenheiro Jayme Garfinkel começou a trabalhar, aos 26 anos, na Porto Seguro como assistente do pai, Abrahão Garfinkel, então dono da empresa. Assumiu o
comando anos depois e fez da seguradora uma das líderes no segmento. Em 1999, quando decidiu que a empresa havia crescido o suficiente para fazer um IPO (do
inglês Initial public offering) é o evento que marca a primeira venda de ações de uma empresa no mercado de ações. Seu principal propósito para empresas novas/pequenas
é levantar capital pela sociedade para utilizar como investimento para expansão da empresa, porém também ocorre em empresas/corporações maiores por motivos de
alavancagem) e crescer ainda mais, Jayme propôs a ideia ao cunhado, Jaime Blay, dono de 20% das ações, que não concordou com a ideia. O impasse de anos levou os
dois à Justiça e foi resolvido em um acordo em 2008, quando a empresa finalmente abriu seu capital e Blay foi destituído do conselho. Nas mãos de Jayme, a seguradora
deu ainda mais lucro e se associou, em 2009, ao Itaú Unibanco".
Disputa familiar pelo controle
da propriedade e gestão
Cooperação,
transparência e justiça.SIM
NÃO CONSTA
NO SITE
12) L´Oréal: escândalo à
francesa
"Herdeira direta do fundador da L´Oréal, Liliane Bettencourt é hoje a mulher mais rica da França e uma das mais polêmicas. Beirando os 90 anos, ela fez uma doação de
2,2 bilhões de reais ao fotógrafo François-Marie, seu amante, em 2010 – e deu a início de uma das maiores encrencas corporativas de todos os tempos. Isso porque
segundo sua filha, Françoise Bettencourt-Meyers, Liliane fez a doação depois de ter perdido suas faculdades mentais. Para os advogados de Liliane, a história é outra. A
filha de Bettencourt estaria na verdade de olho no patrimônio da mãe para que, com o controle da empresa em seu poder, pudesse vender as ações para uma concorrente.
A versão é, claro, negada por Françoise e a história ainda não teve fim".
Segurança, saúde,
diversidade, privacidade e
equilíbrio.
Segurança, saúde,
diversidade, privacidade
e equilíbrio.
SIM
SIM, MAS
NÃO
DISPONÍVEL
PARA
DONWLOAD
NO SITE
(1) Aspectos pesquisados nos códigos de ética, declarações institucionais de missão e valores valores disponíveis nos websites das empresas relacionadas acima
NÃO CONSTA
NO SITENÃO CONSTA NO SITE
SIM SIM
"Os engenheiros Hugo Marques da Rosa e Victor Foroni eram estudantes quando começaram a traçar os primeiros projetos da Método Engenharia, nos anos 70. A
empresa viria a ser uma das mais inovadoras do setor, com canteiros de obras sempre limpos, trabalhadores alfabetizados e marmitas controladas por nutricionistas, além de
trazer ao país tecnologias internas. Mas com o tempo e sucesso a crescente divergência entre os sócios, de personalidades distintas, começou a abalar suas relações. O mais
extrovertido, Rosa, atraia os holofotes, enquanto que o discreto Foroni preferia os bastidores – diferença que acabava por dividir a equipe entre partidários de um e outro
sócio. Em 2005, Rosa comprou a parte de Foroni na Método e, desde então, a comanda sozinho".
"Rogério Fasano viajou à Itália, em abril de 2006, com um grupo de 20 funcionários para conhecer vinícolas e restaurantes por conta de suas onze casas paulistanas
(Fasano, Gero, Parigi, Gero Caffè, Armani Caffè, Forneria San Paolo, Nonno Ruggero, Baretto, Enoteca Fasano, Casa Fasano e Buffet Fasano). Até ai, tudo bem. A
questão foi que todos os restaurantes ficaram sem chef e sem maître no período, o que teria irritado o sócio João Paulo Diniz. Os dois passaram a conversar, a partir de
então, apenas por emissários e, depois de se desfazer de sua parte o negócio para a JHSF, Diniz continuou sócio de Fasano apenas no hotel do grupo".
Qualidade, modernidade
e tradição.
Tabela 1.1 : Casos – Problemas enfrentados X discurso institucional
11) Comida italiana do
Fasano é premiada
Qualidade, modernidade e
tradição.
10) Método:
incompatibilidade de
gênios
Disputa familiar pelo controle
da propriedade e gestão
Agir de forma ética e
sustentável, credibilidade,
respeito e compromisso.
15
3. Resultados, Conclusões e suas Implicações
Conforme a Tabela 1 (Prática dos Gestores X Discurso Institucional), nos casos
descritos pela revista Exame, nove dos 12 “imbróglios” envolvem disputa familiar pelo
controle da propriedade e gestão (http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/12-dos-maiores-
imbroglios-de-empresarios-de-todos-os-tempos#1, recuperado em abril/2013). Apenas em
dois casos foram encontrados, respectivamente, desalinhamento entre propriedade e gestão e,
conflitos de interesses. Entende-se o desalinhamento entre propriedade e gestão como a ação
executiva em desacordo com o interesse do(s) proprietário(s), e a existência de conflitos de
interesses, como questões que podem ser caracterizadas enquanto problemas de Agência.
Em relação aos aspectos centrais identificados no discurso institucional das empresas, há
presença recorrente de palavras como honestidade, integridade, transparência, qualidade,
sustentabilidade e segurança que remetem a aspectos positivos
(http://www.paodeacucar.com.br;http://www.brf-br.com; http://www.ache.com.br;
http://www.safra.com.br; http://www.odebrecht.com; http://www.ciamuller.com.br/;
http://www.biolabfarma.com.br/http://www.cosan.com.br/; http://www.portoseguro.com.br/;
http://www.metodo.com.br/; http://www.fasano.com.br/; http://www.loreal.com/, recuperado
em abril/2013).
. Neste sentido, o discurso preconizado pelas organizações em questão situa a ética em
uma “zona que a distanciaria da possibilidade de cometer erros, equívocos e ou mesmo, ações
injustas, de acordo com as regras sociais vigentes” (Fossá & Sgorla, 2011, p.286).
Ao que parece, o discurso ético empregado pelas organizações contribui para um
conceito de organização idealizada, relacionada a valores positivos que se por um lado pode
contribuir para motivação do comportamento ético dos executivos, por outro, acaba por se
constituir por meio de códigos de conduta, de valores, declarações de missão e visão, mais um
dos instrumentos de controle de gestão (Marinho, 1999), e que, portanto, faz parte das ações
de governança corporativa.
Entende-se, portanto, que no processo de representação social da ética nas
organizações contemporâneas está contido um arquétipo de executivo pretensamente
constituído no seio das organizações produtivas, ou seja, um sujeito pretensamente livre,
autônomo e feliz, integrante de uma sociedade equilibrada e justa, um sujeito histórico que
supostamente vem sendo constituído desde a antiguidade pela civilização ocidental (Vizeu &
Cicmanec, 2013). Por isso, ao observar os problemas enfrentados nas práticas dos
empresários elencadas pela Exame (2013), reforça-se a suposição de Fossá & Sgorla (2011),
16
em haver um distanciamento entre tal perspectiva idealizada e a capacidade do executivo
corresponder aos anseios da própria organização.
Tomando por base que a governança corporativa tenha sido cunhada na perspectiva de
minorar os conflitos entre o principal e o agente a partir de rigorosos mecanismos de controle,
o que se observa na prática dos executivos principais é a existência residual de conflitos
próprios do modelo de empresa familiar. Considerando a governança enquanto um sistema de
monitoramento que é capaz de espelhar o comportamento das organizações privadas,
principalmente aquelas de capital aberto sujeitas a uma maior fiscalização e controle.
Acredita-se que o simples fato de haver um sistema de governança no contexto da corporação
já denuncia a inadequação do comportamento dos executivos principais entre discurso e
prática.
De fato, o próprio conceito de governança corporativa que tem origem nos EUA está
intimamente relacionado ao mercado de grandes corporações privadas, principalmente
empresas de capital aberto e propriedade fragmentada, o que justificam os problemas de
Agência. Estas organizações estão inseridas em um contexto de rigoroso controle externo,
constituído de comissões e Agências oficiais que visam garantir segurança e transparência por
meio de normatização e de ações de inspeção e fiscalização (CVM, 2002; IBGC, 2009;
Jensen, 2000; Sleifer & Vishny, 1997). No caso brasileiro, Bertero (2008) nos trás que a
manutenção do controle das sociedades anônimas ainda está restrita a um reduzido e
reincidente grupo de pessoas.
Em uma pesquisa que seja feita entre as sociedades anônimas brasileiras de
capital aberto, é provável a revelação de que 80% delas não tenham como
controladores mais do que três acionistas, sejam pessoas físicas, sejam
pessoas jurídicas. Isso é muito importante para a compreensão da
peculiaridade da governança corporativa no Brasil, que é muito diferente da
governança corporativa norte-americana (Bertero, 2008, p.2).
Ao analisarem a governança corporativa no Brasil, Black et al (2010) nos acrescentam
que uma das principais áreas de fraqueza nas estruturas envolvidas na governança corporativa
brasileira reside no conselho de administração. Enquanto em algumas empresas este conselho
é formado por um reduzido número de membros para garantir efetividade, em outras, não
existe a figura de um administrador independente que se relacione diretamente com o
conselho. Além disso, segundo os autores, os processos formais são limitados e os comitês de
auditoria não seguem um padrão específico. Neste sentido, muito embora a Teoria da Agência
17
que deu origem ao conceito de governança corporativa tenha sido cunhada na perspectiva de
minorar os conflitos entre o principal e o agente, no Brasil este conflito não assume um
destaque nos mesmos termos, porque até praticamente o início dos anos de 1970 o ambiente
empresarial do país tem como centro as empresas de caráter familiar. Por isso, “o estado da
Governança Corporativa no Brasil pode ser mais bem compreendido à luz do modelo de
desenvolvimento do mercado acionário, que data do início dos anos 1970. Até então o
mercado acionário era bastante desregulado” (Carvalho, 2002, p.25).
Somente em meados da década de 1970, mais precisamente em 1976 que o governo
brasileiro, sob a “égide” do regime militar criou a Lei das S/A’s, inspiradas no modelo norte-
americano, visando desenvolver o mercado de capitais no país como uma das alternativas para
alavancar a economia face às consequências do fim do “Milagre Econômico” enfrentadas
desde 1973. Todavia, ainda que a lei tenha permitido a distribuição de ações preferenciais, a
sua utilização deu origem a empresas abertas com alta concentração de ações ordinárias em
posse de acionistas majoritários, o que na prática reafirmava o conflito entre propriedade e
gestão presente na antiga empresa familiar (Leite, 2006). Apesar da característica da empresa
familiar não favorecer o desenvolvimento da governança corporativa, Grün (2003a) nos
esclarece que o contexto político em que se inseriu esta prática favoreceu o seu
desenvolvimento.
(...) uma maneira de avaliar esta peculiaridade pode ser depreendida da
relação que se faz entre a Governança Corporativa e a noção de
transparência. Lembremos que a necessidade de transparência foi um
requisito social desenvolvido na crítica dos aparelhos burocráticos
hipertrofiados durante a ditadura militar. Uma vez alçada ao rol das
preocupações sociais relevantes, essa noção foi sendo modelada para abrigar
as necessidades contábeis das sociedades anônimas que queriam ser
financiadas pelo mercado financeiro e a partir daí houve uma maior
discussão em torno do modelo de Governança Corporativa (Grün, 2003a,
p.147).
Nas décadas que se sucederam o campo político-econômico do Brasil esteve desde os
anos de 1980 e principalmente a partir de 1990, marcado por um redirecionamento do
controle e de propriedade que redefiniu as prioridades das empresas produtivas que
pertenciam ao Estado com atuação em vários setores como siderurgia, química, transporte,
comunicação entre outros (Filho & Silva, 2001). Fruto do processo de democratização
18
política, do avanço tecnológico, do aumento da oferta de bens e serviços e, portanto, da
qualidade da escolha e qualidade do consumo, somado à estabilidade econômica e liberação
dos mercados e das privatizações (Casarotto apud Cruz et al, 2009), o país passou por uma
série de transformações que impactaram não apenas o campo político-econômico, mas
também a vida social dos brasileiros. Em decorrência destas mudanças e das crises
denominadas “sociedade pós-capitalista, Estado pós-fordista, globalização da economia, pós-
modernidade, entre outras”, Cruz et al (2009) contextualizam que
(...) processa-se então uma crise que estabelece o macrocenário em que se
desenvolve o terceiro setor no Brasil, estabelecendo uma crise de identidade
do Estado e, consequentemente, a (re)construção da sociedade civil a partir
do reposicionamento dos atores sociais, observando-se uma maior
participação da sociedade civil na gestão de si própria (Cruz et al, 2009,
p.13).
No cenário de redemocratização brasileira a propagação da capacidade de gestão do
Estado assume uma nova faceta onde a parceria público-privada passa a ser uma espécie de
resposta ao anseio democrático que supõe um fortalecimento a partir da descentralização da
prestação de serviços públicos, principalmente nas áreas da educação e saúde, na medida em
que seriam mais eficientes e elevariam os níveis de bem estar da população (Costa, 2008,
p.3). Talvez, por este motivo se perceba no conjunto dos discursos institucionais das
organizações analisadas uma preocupação, para além das exigências impostas pela
governança, com questões relacionadas à ética e responsabilidade.
Ao considerar, tanto no contexto nacional quanto internacional, que a ética nos
negócios está associada à maneira como os managers constroem individualmente e
socialmente suas crenças e valores e tendo em vista a inexistência de neutralidade nas
tomadas de decisão, lhes cabendo a responsabilidade para com as consequências das suas
decisões, principalmente no que diz respeito ao exemplo diante dos subordinados assim como
administrar expectativas sob suas práticas consideradas éticas e não éticas de acordo com os
códigos de ética ou de conduta adotados pelas organizações em que atuam (Atkinson et. al.,
2000).
Considerando que o que justifica a moral e a ética não pode ser outra coisa se não a
religião, talvez, diante do mito do progresso que se contrapôs ao mundo mágico a partir do
pensamento racional, o qual, uma vez incorporado ao ambiente dos negócios conferiu um
modus operandi ao sistema capitalista vigente.
19
Considerando o imperativo racional não apenas distanciou o sujeito dos aspectos
morais e éticos no ambiente dos negócios durante certo período de tempo, mas também
parece ter produzido uma espécie de fagocitose dentro do próprio sistema. Percebe-se, a partir
das abordagens utilizadas, que o fato das questões éticas e morais adquirirem destaque no
ambiente corporativo, materializados pelos códigos de ética e de conduta, pelas declarações
de missão, visão e de valores, pode, por um lado tratar-se de mera adequação dentro de
padrões de governança estabelecidos, mas, por outro pode significar uma contraposição das
ideias no mundo corporativo, decorrente do desencantamento da ciência, da produção de
abundância sem satisfação e da ambição desenfreada no mundo dos negócios.
Assim, questiona-se se o a preocupação com a ética e a moral no ambiente das
empresas não nos coloca como testemunhas de um novo ethos dentro do espírito do
capitalismo ainda que reconvertido pelas características que marcam o contexto sócio
histórico dos nossos dias. Observamos neste sentido, uma espécie de retorno ao sensível que
fora objeto de desprezo no passado histórico das organizações modernas. A partir desta
abordagem reforça-se a ideia discutida anteriormente na qual em cada tempo no curso da
história prevaleceram, prevalecem e prevalecerão éticas diferentes que vêm e que vão, em
conformidade com as necessidades sociais.
Desse modo, diante da necessidade de atingir o efeito desejado em certo momento, ou
seja, de ser efetivo em cada tempo no curso da história prevalecem éticas diferentes – o que
significa dizer que a ética praticada por um determinado grupo social parece estar relacionada
com o modo como este grupo, em dada época, e em dada posição, pactua crenças, valores,
ideologias, utopias e aspectos morais. Neste sentido, tomando a imagem do prisma como
metáfora, questiona-se se a ética dos executivos não está sujeita, não apenas ao olhar do
expectador, mas também, na capacidade deste prisma refletir, em cada faceta, o modo como
pensam e se expressam os grupos sociais e os seus sujeitos. A partir destes questionamentos
espera-se, portanto ter proporcionado uma contribuição ao debate sobre as éticas vigentes
tanto no contexto do sujeito como também nas práticas deste enquanto profissional, assim
como obter inspirações a partir dos pontos levantados para o desenvolvimento em trabalhos
futuros, de aprofundamentos necessários.
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