tireoide

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Tireóide A tireóide secreta os hormônios tireoidianos, os quais controlam a velocidade com que as funções químicas do organismo ocorrem (taxa metabólica). Os hormônios tireoidianos influenciam a taxa metabólica de duas maneiras: através da estimulação de quase todos os tecidos do corpo para que eles produzam proteínas e através do aumento da quantidade de oxigênio utilizado pelas células. Quando as células trabalham mais intensamente, os órgãos do corpo trabalham mais rapidamente. Para produzir os hormônios tireoidianos, a tireóide necessita de iodo, um elemento existente nos alimentos e na água. A tireóide capta o iodo e o processa para produzir os hormônios tireoidianos. À medida que os hormônios tireoidianos são utilizados, parte do iodo neles contido retorna à tireóide e é reciclado para produzir mais hormônios tireoidianos. O corpo possui um mecanismo complexo de ajuste da concentração dos hormônios tireoidianos. Em primeiro lugar, o hipotálamo (localizado no cérebro, logo acima da hipófise), secreta o hormônio liberador de tireotropina, que faz com que a hipófise produza o hormônio estimulante da tireóide. Como o nome sugere, o hormônio estimulante da tireóide estimula a tireóide a produzir hormônios tireoidianos. Quando a quantidade de hormônios tireoidianos circulantes no sangue atinge uma determinada concentração, a hipófise reduz a produção do hormônio estimulante da tireóide e vice-versa. Trata-se de um mecanismo de controle por retroalimentação (feedback) negativa. Os hormônios tireoidianos são encontrados sob duas formas. A tiroxina (T4), a qual é a forma produzida na glândula tireóide, tem apenas um efeito discreto (quando o tem) sobre o aumento da taxa metabólica do organismo. No fígado e em outros órgãos, ela é convertida na forma metabolicamente ativa, a triiodotironina (T3). Esta conversão produz aproximadamente 80% da forma ativa do hormônio. Os 20% restantes são produzidos e secretados pela própria tireóide. Muitos fatores controlam a conversão de T4 em T3 no fígado e em outros órgãos, inclusive as necessidades do organismo a cada momento. A maior parte de T4 e T3 encontra-se firmemente ligada a determinadas proteínas do sangue e os hormônios somente são ativos quando não se encontram ligados a essas proteínas. Desse modo notável, o corpo mantém a quantidade correta de hormônios tireoidianos necessária para a manutenção de uma taxa metabólica estável. Para que a tireóide funcione normalmente, muitos fatores devem atuar em conjunto e adequadamente: o hipotálamo, a hipófise, as proteínas ligadoras dos hormônios tireoidianos do sangue e a conversão de T4 para T3 (no fígado e em outros tecidos). 1

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Tireóide

A tireóide secreta os hormônios tireoidianos, os quais controlam a velocidade com que as

funções químicas do organismo ocorrem (taxa metabólica). Os hormônios tireoidianos

influenciam a taxa metabólica de duas maneiras: através da estimulação de quase todos os

tecidos do corpo para que eles produzam proteínas e através do aumento da quantidade de

oxigênio utilizado pelas células. Quando as células trabalham mais intensamente, os órgãos

do corpo trabalham mais rapidamente. Para produzir os hormônios tireoidianos, a tireóide

necessita de iodo, um elemento existente nos alimentos e na água. A tireóide capta o iodo e o

processa para produzir os hormônios tireoidianos.

À medida que os hormônios tireoidianos são utilizados, parte do iodo neles contido retorna à

tireóide e é reciclado para produzir mais hormônios tireoidianos. O corpo possui um

mecanismo complexo de ajuste da concentração dos hormônios tireoidianos. Em primeiro

lugar, o hipotálamo (localizado no cérebro, logo acima da hipófise), secreta o hormônio

liberador de tireotropina, que faz com que a hipófise produza o hormônio estimulante da

tireóide. Como o nome sugere, o hormônio estimulante da tireóide estimula a tireóide a

produzir hormônios tireoidianos. Quando a quantidade de hormônios tireoidianos circulantes

no sangue atinge uma determinada concentração, a hipófise reduz a produção do hormônio

estimulante da tireóide e vice-versa. Trata-se de um mecanismo de controle por

retroalimentação (feedback) negativa. Os hormônios tireoidianos são encontrados sob duas

formas. A tiroxina (T4), a qual é a forma produzida na glândula tireóide, tem apenas um

efeito discreto (quando o tem) sobre o aumento da taxa metabólica do organismo. No fígado

e em outros órgãos, ela é convertida na forma metabolicamente ativa, a triiodotironina (T3).

Esta conversão produz aproximadamente 80% da forma ativa do hormônio.

Os 20% restantes são produzidos e secretados pela própria tireóide. Muitos fatores controlam

a conversão de T4 em T3 no fígado e em outros órgãos, inclusive as necessidades do

organismo a cada momento. A maior parte de T4 e T3 encontra-se firmemente ligada a

determinadas proteínas do sangue e os hormônios somente são ativos quando não se

encontram ligados a essas proteínas. Desse modo notável, o corpo mantém a quantidade

correta de hormônios tireoidianos necessária para a manutenção de uma taxa metabólica

estável. Para que a tireóide funcione normalmente, muitos fatores devem atuar em conjunto e

adequadamente: o hipotálamo, a hipófise, as proteínas ligadoras dos hormônios tireoidianos

do sangue e a conversão de T4 para T3 (no fígado e em outros tecidos).

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Hipertireoidismo Secundário

Raramente, o hipertireoidismo pode ser causado por um tumor hipofisário que secreta uma

quantidade excessiva de hormônio estimulante da tireóide, o qual, por sua vez, estimula a

tireóide a produzir uma quantidade excessiva de hormônios tireoidianos. Outra causa

incomum de hipertireoidismo é a resistência da hipófise aos hormônios tireoidianos, a qual

acarreta a secreção de quantidades excessivas de hormônio estimulante da tireóide pela

hipófise. As mulheres com mola hidatiforme também podem apresentar hipertireoidismo,

pois a tireóide é estimulada demasiadamente pela concentração sérica de gonadotropina

coriônica. Após a interrupção deste tipo anormal de gravidez e do desaparecimento da

gonadotropina coriônica do sangue, o hipertireoidismo desaparece.

Complicações

A tempestade tireoidiana, uma hiperatividade extrema e súbita da tireóide, pode produzir

febre, fraqueza extrema e perda da força muscular, agitação, oscilações do humor, confusão

mental, alteração do nível de consciência (inclusive o coma) e aumento do fígado com uma

icterícia discreta. A tempestade tireoidiana é uma emergência potencialmente letal que exige

tratamento imediato. Uma grave sobrecarga cardíaca pode provocar arritmias cardíacas

potencialmente letais e choque. Geralmente, a tempestade tireoidiana é causada por um

hipertireoidismo não tratado ou inadequadamente tratado e pode ser desencadeada por uma

infecção, um traumatismo, uma cirurgia, um diabetes mal controlado, medo, gravidez ou

trabalho de parto, interrupção do uso de medicações para a tireóide ou outras formas de

estresse. Ela é rara em crianças.

Tratamento

Geralmente, o tratamento do hipertireoidismo pode ser medicamentoso, mas as outras opções

incluem a remoção cirúrgica da tireóide ou o tratamento com iodo radioativo. Cada tipo de

tratamento apresenta vantagens e desvantagens. A tireóide necessita de uma pequena

quantidade de iodo para funcionar adequadamente. No entanto, uma grande quantidade de

iodo reduz a quantidade de hormônio produzido pela glândula e impede que ela libere o

excesso de hormônio tireoidiano. Por essa razão, o médico pode utilizar doses altas de iodo

para interromper a secreção excessiva de hormônio tireoidiano.

Os indivíduos que necessitam deste tipo de terapia tomam diariamente um comprimido de

hormônio tireoidiano durante o resto da vida para repor o hormônio natural que não é mais

produzido em quantidade suficiente. Aproximadamente 25% dos indivíduos apresentam

hipotireoidismo um ano após o tratamento com iodo radioativo, mas a porcentagem aumenta

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de modo constante nos 20 anos seguintes ou mais. O possível efeito cancerígeno do iodo

radioativo não foi confirmado.

Tireoidite Linfocítica Silenciosa

A tireoidite linfocítica silenciosa ocorre mais freqüentemente em mulheres, tipicamente logo

após o parto, e faz com que a tireóide aumente de tamanho sem provocar dor. Em um período

que varia de várias semanas a vários meses, o indivíduo afetado apresenta hipertireoidismo

seguido por hipotireoidismo, antes da função da tireóide finalmente normalizar. Essa

condição não requer tratamento específico, embora o hipertireoidismo e o hipotireoidismo

possam exigir tratamento por algumas semanas. Freqüentemente, um betabloqueador (p.ex.,

propranolol) é o único medicamento necessário para controlar os sintomas do

hipertireoidismo. Durante o período de hipotireoidismo, pode ser necessária a administração

de hormônio tireoidiano, normalmente por apenas alguns meses. O hipotireoidismo torna-se

permanente em aproximadamente 10% dos indivíduos com tireoidite linfocítica silenciosa.

Hipotireoidismo

O hipotireoidismo é uma condição na qual a tireóide encontra-se hipoativa e a produção de

hormônio tireoidiano é baixa. O hipotireoidismo muito grave é denominado mixedema. Na

tireoidite de Hashimoto, a causa mais comum de hipotireoidismo, a tireóide freqüentemente

encontra-se aumentada e o hipotireoidismo comumente manifesta-se anos mais tarde, pois as

áreas funcionais da glândula são destruídas gradualmente. A segunda causa mais comum de

hipotireoidismo é o tratamento do hipertireoidismo. Tanto o tratamento com iodo radioativo

quanto a cirurgia tendem a produzir hipotireoidismo. A causa mais freqüente de

hipotireoidismo em muitos dos países subdesenvolvidos é a carência crônica de iodo na dieta,

a qual acarreta aumento de tamanho da tireóide e redução de sua atividade (hipotireoidismo

bociogênico). No entanto, esta forma de hipotireoidismo desapareceu nos Estados Unidos

desde que os fabricantes começaram a adicionar iodo ao sal de cozinha e desde que

começaram a ser utilizados desinfetanes contendo iodo para esterilizar os ubres das vacas.

Outras causa mais raras de hipotireoidismo incluem alguns distúrbios herdados, nos quais

uma anomalia enzimática das células da tireóide impede que ela sintetize ou secrete uma

quantidade suficiente de hormônio tireoidiano. Em outros distúrbios raros, o hipotálamo ou a

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hipófise não conseguem secretar uma quantidade suficiente do hormônio necessário para

estimular a função tireoidiana.

Sintomas

A insuficiência de hormônio tireoidiano faz com que as funções orgânicas tornem-se mais

lentas. Contrastando acentuadamente com o hipertireoidismo, os sintomas do hipotireoidismo

são sutis e graduais e podem ser confundidos com os de um quadro de depressão. As

expressões faciais são grosseiras, a voz é rouca e a fala é lenta, as pálpebras caem e os olhos

e a face tornam-se inchados. Muitos indivíduos com hipotireoidismo ganham peso, tornam-se

constipados e apresentam intolerância ao frio. Os cabelos tornam-se escassos, grossos e

ressecados e a pele torna-se áspera, ressecada, descamativa e espessa. Muitos indivíduos

apresentam a síndrome do túnel do carpo, a qual produz formigamento ou dor nas mãos. A

freqüência de pulso pode diminuir, as palmas das mãos e as plantas dos pés podem apresentar

uma discreta coloração laranja (carotenemia) e a parte lateral das sobrancelhas caem

lentamente. Alguns indivíduos, sobretudo os idosos, podem apresentar confusão mental,

esquecimento ou demência, sinais que podem ser facilmente confundidos como os da doença

de Alzheimer ou de outras formas de demência. Quando não tratado, o hipotireoidismo

poderá acabar acaretando anemia, temperatura corpórea baixa e insuficiência cardíaca. Essa

condição pode evoluir para a confusão mental, estupor e coma (coma mixedematoso), uma

complicação potencialmente letal na qual a respiração torna-se lenta, o indivíduo apresenta

convulsões e o fluxo sangüíneo cerebral diminui. O coma mixedematoso pode ser

desencadeado pela exposição ao frio e também por uma infecção, um traumatismo e drogas

que deprimem a função cerebral (p.ex., sedativos e tranqüilizantes).

Tratamento

O hipotireoidismo é tratado pela reposição do hormônio tireoidiano deficiente, usando-se

uma das várias preparações orais disponíveis. A forma preferida é o hormônio tireoidiano

sintético, T4. Outra forma, a tireóide seca, é obtida de tireóides de animais. Geralmente, os

médicos consideram a tireóide seca menos satisfatória devido à dificuldade para se ajustar a

dose e porque os comprimidos possuem quantidades variáveis de T3. O tratamento de um

indivíduo idoso é iniciado com pequenas doses de hormônio tireoidiano, pois uma dose

muito alta pode produzir efeitos colaterais graves. A dose é aumentada gradualmente até a

concentração sérica de hormônio estimulante da tireóide retornar ao normal. Normalmente, o

indivíduo deverá utilizar o medicamento durante o resto da vida. Em emergências (p.ex.,

coma mixedematoso), o médico pode administra o hormônio tireoidiano através da via

intravenosa.

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Sintomas das Doenças da Tireóide

Hipertireoidismo

(excesso de

hormônios

tireoidianos)

Hipotireoidismo

(falta de

hormônios

tireoidianos)

Aumento da

freqüência

cardíaca,

Hipertensão

arterial, Pele

úmida e aumento

da sudorese,

Agitação e

tremores,

Nervosismo,

Aumento do

apetite e perda de

peso, Insônia,

Evacuações

freqüentes e

diarréia,

Fraqueza,

Espessamento e

elevação da pele

sobre a face

anterior das

pernas, Olhos

protuberantes,

avermelhados,

edemaciados

,Sensibilidade dos

olhos à luz Olhar

Pulso lento, Voz

rouca Fala

lenta ,Face

edemaciada

Queda das

sobrancelhas,

Pálpebras caídas,

Intolerância ao

frio,

Constipação,

Ganho de peso

Cabelos

ressecados,

grossos, escassos

Pele áspera,

espessa,

escamosa, seca;

pele espessada e

elevada sobre a

face anterior das

pernas, Síndrome

do túnel do

carpo, Confusão

mental,

Depressão,

Demência

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fixo constante

Confusão mental

Tireoidite de Hashimoto

A tireoidite de Hashimoto (tireoidite auto-imune) é o tipo mais comum de tireoidite e é a

causa mais comum de hipotireoidismo. Por razões desconhecidas, o corpo volta-se contra si

próprio em uma reação auto-imune, produzindo anticorpos que atacam a tireóide. Este tipo

de tireoidite é mais comum em mulheres idosas e tende a ocorrer em famílias. O distúrbio

ocorre oito vezes mais freqüentemente em mulheres que em homens e pode ocorrer em

indivíduos com determinadas anormalidades cromossômicas, como as síndromes de Turner,

de Down e de Klinefelter. Freqüentemente, a tireoidite de Hashimoto começa com um

aumento indolor da tireóide ou com uma sensação de plenitude no pescoço. Quando o

médico palpa a glândula, ele comumente percebe um aumento de volume da mesma, com

uma textura de borracha, mas não dolorosa à palpação.

Algumas vezes, ele palpa nódulos. A tireóide encontra- se hipoativa em aproximadamente

20% dos indivíduos no momento do diagnóstico da tireoidite de Hashimoto. O restante

apresenta uma função tireoidiana normal. Muitos indivíduos com tireoidite de Hashimoto

apresentam outros distúrbios endócrinos como, por exemplo, o diabetes, a hipoatividade

adrenal, a hipoatividade das paratireóides e outras doenças auto-imunes (p.ex., anemia

perniciosa, artrite reumatóide, síndrome de Sjögren ou lúpus eritematoso sistêmico). O

médico solicita provas da função tireoidiana em amostras de sangue para determinar se a

glândula está funcionando normalmente, mas o diagnóstico da tireoidite de Hashimoto é

baseado nos sintomas, no exame físico e na presença de anticorpos que atacam a glândula

(anticorpos antitireóide), os quais podem ser facilmente dosados em um exame de sangue.

Não existe um tratamento específico disponível para a tireoidite de Hashimoto. A maioria

dos indivíduos acaba apresentando hipotireoidismo e devem manter a terapia de reposição

hormonal pelo resto da vida. O hormônio tireoidiano também é útil para reduzir o aumento

de volume da tireóide.

Tireoidite Granulomatosa Subaguda

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A tireoidite granulomatosa subaguda (de células gigantes), a qual é provavelmente causada

por um vírus, inicia muito mais abruptamente que a tireoidite de Hashimoto.

Freqüentemente, a tireoidite granulomatosa subaguda ocorre após uma doença viral e começa

com o que muitas pessoas chamam de inflamação da garganta, mas que, na realidade, é uma

dor no pescoço, localizada na tireóide. A tireóide torna-se cada vez mais dolorosa e,

normalmente, o indivíduo apresenta uma febre baixa (37,2 a 38,3 oC). A dor pode deslocar-

se de um lado a outro do pescoço, irradiar para a mandíbula e para os ouvidos e pode

aumentar de intensidade quando a cabeça é rodada ou com a deglutição. No início, a

tireoidite granulomatosa subaguda é freqüentemente confundida com um problema dentário

ou com uma uma infecção da garganta ou do ouvido.

Comumente, a inflamação faz com que a tireóide libere uma quantidade excessiva de

hormônio tireoidiano, acarretando hipertireoidismo, o qual é quase sempre seguido por um

hipotireoidismo temporário. Muitos indivíduos com tireoidite granulomatosa subaguda

apresentam uma fadiga extrema. A maioria dos indivíduos recupera-se completamente desse

tipo de tireoidite. Geralmente, o problema desaparece espontaneamente em alguns meses.

Algumas vezes, no entanto, ele recorre ou, mais raramente, ele produz uma lesão da tireóide

suficiente para causar um hipotireoidismo permanente. A aspirina ou outros antiinflamatórios

não esteróides (p.ex., ibuprofeno) podem aliviar a dor e inflamação. Nos casos muito graves,

o médico pode prescrever corticosteróides (p.ex., prednisona), cuja dose deve ser reduzida

progressivamente ao longo de 6 a 8 semanas. Quando o uso de corticosteróides é

interrompido abruptamente, os sintomas freqüentemente retornam com força total.

Luciano Ribeiro de Souza

[email protected]

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Estudande de Psicologia.

12/05/2013

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