tipos de urÉia e fontes de carboidratos na ... - uesb.br · derivados de purina, as purinas...
TRANSCRIPT
JOÃO GONSALVES NETO
TIPOS DE URÉIA E FONTES DE CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO DE
CORDEIROS
Tese apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes, para obtenção do título de “Doutor”.
Orientador: Marcio dos Santos Pedreira
Co-orientador: Fabiano Ferreira da Silva
Co-orientador: Mara Lucia Albuquerque Pereira
ITAPETINGA BAHIA – BRASIL
2011
636.085
G646t
Gonsalves Neto, João.
Tipos de uréia e fontes de carboidratos na alimentação de cordeiros. / João Gonsalves Neto – Itapetinga-BA: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2011. 89 fl..
Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - Campus de Itapetinga. Sob a orientação do Prof. D.Sc. Márcio dos Santos Pedreira e co-orientador Prof. D.Sc. Fabiano Ferreira da Silva; Prof. D. Sc. Mara Lúcia Albuquerque Pereira.
1. Nutrição animal – Uréia – Ovinos Santa Inês. 2. Uréia de liberação lenta – Alimentação alternativa – Ovinos. 3. Uréia de liberação lenta – Digestibilidade – Ovinos. I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Campus de Itapetinga. II. Pedreira, Márcio dos Santos. III. Silva, Fabiano Ferreira da. IV. Pereira, Mara Lúcia Albuquerque. V. Título
CDD(21): 636.085
Catalogação na Fonte:
Cláudia Aparecida de Souza– CRB 1014-5ª Região
Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA
Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:
1. Nutrição animal : Uréia : Ovinos Santa Inês 2. Uréia de liberação lenta : Alimentação alternativa : Digestibilidade : Ovinos 3. Ovinos : Alimentação : Uréia
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Área de Concentração: Produção de Ruminantes
Campus de Itapetinga – BA
DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO
Titulo: “Tipos de Uréia e Fontes de Carboidratos na Alimentação de Cordeiros” Autor: João Gonsalves Neto Orientador: Prof. Dr. Marcio dos Santos Pedreira Co-orientador: Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva Prof. Dra. Mara Lucia Albuquerque Pereira Aprovada como parte das exigências para obtenção do Titulo de DOUTOR EM
ZOOTECNIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PRODUÇÃO DE RUMINANTES,
pela Banca Examinadora:
Prof. Dr. Marcio dos Santos Pedreira – UESB
Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva – UESB
Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto – UFPB
Prof. Dr. Sergio Augusto de Alquerque Fernandes – UESB
Prof. Dr. Herymá Giovane de Oliveira Silva – UESB
Data da realização: 13 de dezembro de 2011.
A Tia Vera “in memória” pessoa sempre presente e que sempre alegrou nossas vidas, e que teve
como sua maior característica sua grande fé em Deus.
Dedico
Ao Deus criador e Senhor de todas as coisas.
“Quando, pois, tiveres comido e fores farto, louvareis ao SENHOR teu Deus, pela boa terra que te deu.”
Dt 8:10
“ e não digas no teu coração: A minha força e a fortaleza do meu braço me adquiriram este poder. Antes
te lembrarás do SENHOR, teu Deus,que ele é o que te dá força para adiquirires poder; para confirmar o
seu concerto, que jurou a teus pais, como se vê neste dia”. Dt 8:17-18
Ofereço
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo que tem feito e que ainda fará na minha vida. Sem Ele seria impossível concluir
esse trabalho. A Deus toda honra, gloria, louvor e exaltação. Obrigado meu Deus.
Aos meus pais, pela vida, criação e apoio.
A minha esposa e minhas filhas, por todo apoio e compreensão.
A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, minha segunda casa desde 1999, pela oportunidade
concedida de concluir o curso de Doutorado.
Ao Professor D.Sc. Marcio dos Santos Pedreira, pela orientação e amizade e ensinamentos passados.
Ao D.Sc. Professor Fabiano Ferreira da Silva, pela amizade, apoio, pelos ensinamentos passados
desde a graduação e pela co-orientação.
A Professora D.Sc. Mara Lucia Albuquerque, por todo apoio nas analises laboratoriais realizadas no
laboratório de fisiologia animal, e pela co-orientação.
A todos os professores do Curso de pós-graduação em Zootecnia.
A colega Edileusa, por todo auxilio nas analises laboratoriais, coleta e armazenamento das amostras,
apoio e amizade.
Ao colega Adler, por todo apoio, na tabulação dos dados.
Ao estagiário Charles pela ajuda durante o experimento e ao estagiário Jadir, pelo apoio e ajuda
durante todo o experimento.
A todos os bolsistas, colegas e estagiários que participaram desta pesquisa.
Ao Zé (do laboratório), pelo apóio nas analises laboratoriais.
Ao Prof. D.Sc. Fabio Teixeira, pelo apoio e auxilio.
Ao Prof. D.Sc. Herymá Giovane, por todo apoio e auxilio.
A todos aqueles que de alguma forma participaram direta ou indiretamente desta pesquisa.
BIOGRAFIA
João Gonsalves Neto, filho de Antonio Odilair de Carvalho e Joana Gonsalves Carvalho, nasceu
em 04 de novembro de 1976, em São João Del Rei – MG.
Formou-se em Técnico em Agropecuária, pela Escola Media de Agropecuária Regional da
Ceplac – EMARC, na cidade de Teixeira de Freitas – BA.
Em 1999 ingressou no curso de graduação em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia – UESB, na cidade de Itapetinga – BA.
Em 2000 fez estagio extra curricular na EMBRAPA GADO DE LEITE no Centro Nacional de
Pesquisa em Gado de leite – CNPGL, Coronel Pacheco – MG.
Em 2003 se tornou Bacharel em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –
UESB, na cidade de Itapetinga – BA.
Em 2004 foi aprovado em 1° lugar na seleção publica para professor do curso de graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, na cidade de Itapetinga –
BA.
Em 2005 concluiu o Mestrado em Zootecnia “Produção de Ruminantes” na Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, na cidade de Itapetinga – BA.
Em 2010 se tornou Juiz Auxiliar da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu – ABCZ, em
Uberaba – MG.
Em 2011, se tornou Doutor em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –
UESB, na cidade de Itapetinga – BA.
RESUMO
GONSALVES NETO, J. Utilização de uréia de liberação lenta na alimentação de cordeiros. Itapetinga-BA: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, 2011. 89p (Tese – Doutorado em Zootecnia – Área de concentração em Produção de Ruminantes).*
O objetivo neste experimento foi avaliar o efeito da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o desempenho, digestibilidade aparente dos nutrientes, medidas biométricas, comportamento ingestivo, balanço de nitrogênio e síntese de proteína microbiana de ovinos da raça Santa Inês. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg ( 1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) Optigem ®, associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). O experimento foi dividido em duas etapas a primeira etapa para avaliar o desempenho, crescimento e o comportamento ingestivo dos animais, teve uma duração de 63 dias, divididos em três subperíodos de 21 dias. Sendo precedida por um período de adaptação de 15 dias. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no 19° dia de cada subperiodo experimental, sendo registrado o tempo despendido em alimentação, ruminação e ócio. Foram realizadas observações por três períodos, das 10 às 12h, 14 às 16h e 18 às 20h, determinando-se o número de mastigações merícicas por bolo ruminal e o tempo gasto para ruminação de cada bolo. A segunda etapa teve objetivo de avaliar a digestibilidade dos nutrientes, o balanço de nitrogênio e a síntese de proteína microbiana e teve duração de oito dias, sendo três dias de adaptação e cinco dias de coleta de dados. No 5° dia de coleta, foi coletada, 4 horas após o fornecimento do alimento, uma amostra spot de urina de cada animal, através de micção espontânea. No mesmo dia e horário aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da manha, foi coletado amostras individuais de sangue, por punção da veia jugular, utilizando-se tubos (Vacutainer TM) com ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA). As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. Não foram observados efeitos da substituição da UC pela ULL e do milho pela CS sobre o consumo de nutrientes, exceto do FDN e do FDA, que aumentaram nos tratamentos com casca de soja. A substituição da UC pela ULL e do milho pela CS não influenciaram a digestibilidade dos nutrientes, o ganho médio de peso corporal, a conversão alimentar dos animais e as medidas biométricas. Os tempos de alimentação (338,88 min.) e ruminação (575,72 min.), tempo de mastigação total (15,12 h dia), tempo gasto com mastigações por bolo (45,23 s), número de mastigações por bolo (60,65) e por dia (43.230) bem como as eficiências de alimentação e ruminação não foram influenciados pelos tratamentos. O comportamento ingestivo de ovinos não foi afetado pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja. As concentrações de uréia na urina e no plasma e as excreções de uréia na urina não foram influenciadas pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja. As excreções urinarias de alantoina, acido úrico, xantina e hipoxantina e derivados de purina, as purinas absorvidas e a produção de N microbiano não foram influenciados pela dieta. O nitrogênio retido não foi influenciado quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia convencional, porem foi maior nos tratamentos onde a casca de soja substituiu 50% do milho. Palavras-chave: casca de soja, desempenho, digestibilidade, medidas biométricas, milho, síntese de
proteína microbiana, uréia de liberação lenta
* Orientador: Márcio dos Santos Pedreira, D.Sc., UESB e Co-orientadores: Mara Lúcia de Albuquerque Pereira e Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB
ABSTRACT
Gonsalves NETO, J. Use slow-release urea fed to sheep. Itapetinga-BA: State University of Southwest Bahia-UESB, 2011. 89p (Thesis - PhD in Animal Science - Area of concentration in Ruminant Production) .*
The objective of this trial was to evaluate the effect of partial replacement of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on performance, digestibility of nutrients, biometric measures, ingestive behavior, nitrogen balance and synthesis microbial protein in sheep Santa Ines. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL) Optigem ®, combined with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets: UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80% ) + M (50%) + CS (50%). The experiment was divided into two stages the first step in evaluating the performance, growth and ingestive behavior of animals, lasted 63 days, divided into three sub-periods of 21 days. Being preceded by an adaptation period of 15 days. Assessment of ingestive behavior occurred on the 19th day of each experimental subperiod, and recorded the time spent eating, ruminating and resting. Observations were made for three periods, from 10 to 12h, at 16h 14 to 20h and 18, determining the number of chews per cake rumen and time spent ruminating each cake. The second stage was to evaluate the digestibility of nutrients, nitrogen balance and microbial protein synthesis and lasted 8 days and 3 days for adaptation and 5 days of data collection. On the 5th day of collection, was collected 4 hours after the provision of food, a spot urine sample from each animal by spontaneous voiding. On the same day and time about four hours after the delivery of food in the morning was collected individual samples of blood, by puncturing the jugular vein using tubes (Vacutainer TM) ethylenediaminetetraacetic acid (EDTA). The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. There were no effects of the replacement of the UC ULL by CS and corn on the consumption of nutrients, except for NDF and ADF, which increased in treatments with soybean hulls. The replacement of the UC ULL and corn by CS did not influence the digestibility of nutrients, the mean body weight gain, feed animals and biometric measurements. The feeding times (338.88 min.) And rumination (575.72 min.), Total chewing time (15.12 h day), time spent chewing per cake (45.23 s), number of chews per cake (60.65) per day (43,230) as well as the efficiencies of feeding and rumination were not affected by treatments. The ingestive behavior of sheep was not affected by partial replacement of conventional urea release by 80% controlled-release urea (Optigen ®), and the partial replacement of corn by soybean hulls. The concentrations of urea in urine and plasma and the excretion of urea in the urine were not affected by partial replacement of conventional urea release by 80% controlled-release urea (Optigen ®), and the partial replacement of corn by soybean hulls . The urinary excretion of allantoin, uric acid, xanthine and hypoxanthine and purine derivatives, the absorbed purines and microbial N production were not influenced by diet. The nitrogen retention was not influenced when urea replaced the slow-release urea conventional, but was higher in treatments where soybean hulls replaced 50% corn. Keywords: slow-release urea, soybean hulls, corn, performance, biometric measurements, digestibility, microbial protein synthesis *Advisor: Marcio dos Santos Pedreira, D.Sc., UESB and Co-advisors: Mara Lucia de Albuquerque Pereira, Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB
SUMÁRIO
RESUMO Pagina
ABSTRACT
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 15
REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................................... 18
2.1 - Terminação de ovinos em confinamento............................................................................... 18
2.2 - Utilização de uréia na alimentação de ovinos.........................................................................19
2.3 - Uréia de liberação lenta na alimentação de ruminantes ...................................................... 21
2.4 - Sincronização entre proteína e energia................................................................................. 24
2.5 – Utilização do milho como fonte de carboidrato ....................................................................26
2.6 - Utilização da casca de soja como fonte de carboidrato .........................................................27
3. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 32
CAPÍTULO 1
Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Desempenho, digestibilidade e
medidas biométricas .......................................................................................................................39
RESUMO...........................................................................................................................................39
ABSTRACT.......................................................................................................................................40
4.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... ................. 41
4.2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 43
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 48
4.4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... ................... 55
4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 56
CAPÍTULO 2
Tipos de uréia e fontes de carboidratos na dieta de cordeiros: Comportamento ingestivo........61
RESUMO............................................................................................................................................61
ABSTRACT.......................................................................................................................................62
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 63
5.2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 64
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 67
5.4 CONCLUSÃO............................................................................................................................ 70
5.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 71
CAPÍTULO 3
Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Síntese de proteína microbiana e balanço de nitrogênio ....................................................................................................................73 RESUMO...........................................................................................................................................73ABSTRACT.......................................................................................................................................746.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 75 6.2 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 76 6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................... 81 6.4 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 85 6.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 86
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).......................................46
Tabela 2 - Composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)..........................................................................................46 Tabela 3 - Consumo de matéria seca (CMS g/dia, % do peso corporal e em relação ao peso metabólico PV0,75), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de FDN (CFDN), consumo de FDA (CFDA), consumo de extrato etéreo (CEE), consumo de carboidratos totais (CCHOT), consumo de carboidrato não fibroso (CCNF), consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) e seus coeficientes de variação................................................................................................................................................48 Tabela 4 – Ganho médio diário (GMD), conversão alimentar (CA), peso vivo inicial (PFi) e peso vivo final (PFf) e seus respectivos coeficientes de variação................................................................50 Tabela 5 – Digestibilidade aparente da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFDN), extrato etéreo (DEE), carboidrato total (DCT), carboidrato não fibroso (DCNF), carboidrato não fibroso (DCNFcp) e seus coeficientes de variação.....................................53 Tabela 6 - Medias, Coeficiente de variação (CV) do Comprimento corporal inicial e final (CCi, CCf), Altura do anterior inicial e final (AAi, AAf), Altura do posterior inicial e final (APi, APf), Largura do peito inicial e final (LPi, LPf), Largura da garupa inicial e final (LGi, LGf), Comprimento da perna inicial e final (CPi, CPf), Perímetro torácico inicial e final (PTi, PTf), Escore condição corporal inicial e final (ECCi, ECCf)...................................................................................55 Tabela 7 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).......................................66 Tabela 8 – Médias do tempo despendido em alimentação, ruminação, ócio em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)...............................................................................67 Tabela 9 – Médias dos consumos de MS (CMS e CMSpv) e FDN (CFDN), eficiência de alimentação de MS (EAL) e de FDN (EALFDN), eficiência de ruminação (ERU), eficiência de ruminação de FDN (ERUFDN) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)............69 Tabela 10 – Médias do tempo de mastigação total (TMT), do número de bolos ruminais (NBR), do número de mastigações mereceras (MMnd), das mastigações mereceras por bolo (MMnb) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).................................................70
Tabela 11 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).......................................78 Tabela 12 - Composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)..........................................................................................79
Tabela 13 – Médias e coeficientes de variação (CV) de uréia plasmática (UP), N-uréia plasmática (NUP), e as excreções urinarias de N-ureico (NU) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)..........................................................................................82 Tabela 14 – Valores do balanço de nitrogênio com os respectivos coeficientes de variação (CV) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)......................................................................................................................................................83 Tabela 15 – Médias e coeficientes de variação (CV) para as excreções urinarias de xantina e hipoxantina (XAN e HIPO) alantoína (ALA), acido úrico (AcU), purinas totais (PT), purinas microbianas absorvidas (PA), compostos nitrogênados microbianos (Nmic), proteina bruta microbiana (PB mic) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)......................................................................................................................................................84
LISTA DE ABREVIATURAS
CDA: Coeficiente de digestibilidade aparente CEE: Consumo de extrato etéreo CCHOT: Consumo de carboidratos totais CCNF: Consumo de carboidratos não fibrosos CFDA: Consumo de fibra em detergente ácido CFDN: Consumo de fibra em detergente neutro CMO: Consumo de matéria orgânica CMS: Consumo de matéria seca CNDT: Consumo de nutrientes digestíveis totais CPB: Consumo de proteína bruta CHOT: Carboidratos totais CNF: Carboidratos não fibrosos CV: Coeficiente de variação EE: Extrato etéreo FDA: Fibra em detergente ácido FDN: Fibra em detergente neutro FDNcp: Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína g/kg 0,75: Gramas por quilo de peso metabólico MM: Matéria mineral MMtb: Tempo gasto em mastigações merícicas por bolo MMnb: Número de mastigações merícicas por bolo MMnd: Número de mastigações merícicas por dia MO: Matéria orgânica MS: Matéria seca N: Nitrogênio N-fecal: Nitrogênio excretado nas fezes N-urinário: Nitrogênio excretado na urina NIDN: Nitrogênio insolúvel em detergente neutro NDT: Nutrientes digestíveis totais NBR: Número de bolos ruminais PB: Proteína bruta PDR: Proteína degradada no rúmen PC: Peso corporal %PC: Porcentagem do peso corporal TAL: Tempo de alimentação TMT: Tempo de mastigação total TRU: Tempo de ruminação
15
1. INTRODUÇÃO
O Brasil possui um rebanho ovino de aproximadamente 17,5 milhões de cabeças, sendo a
grande maioria produzida em pastagens. Entretanto, a produção de carne ovina nestas condições não
atende a demanda do mercado consumidor nacional. Tradicionalmente, nos trópicos, a produção de
ruminantes em pastagens sofre os efeitos da sazonalidade de produção forrageira, limitando a produção
e produtividade dos rebanhos brasileiros. Desta forma, estratégias de alimentação devem ser
implementadas para contornar os problemas decorrentes da distribuição irregular na oferta de forragem
(Santos et al., 2008).
A utilização de fontes de nitrogênio não-protéico, entre elas a uréia, é uma das alternativas
viáveis para redução dos custos com alimentação. A uréia é um composto orgânico rico em NNP, com
45% de N e potencial equivalente a 281% de PB, totalmente degradável no rúmen (NRC, 2001).
De acordo com Santos et al. (2011) a substituição de alimentos que contenham proteína
verdadeira por alimentos com maior teor de nitrogênio na forma de nitrogênio não protéico (NNP),
como a uréia, pode melhorar a eficiência financeira da alimentação e reduzir a necessidade de compra e
estocagem de concentrados protéicos; além disso, possibilita a formulação de dietas com maior inclusão
ou de alimentos energéticos, ou de subprodutos fibrosos, ou de forragens. Esta estratégia explora a
capacidade de ruminantes em sintetizar proteína microbiana de alto valor biológico a partir de NNP.
Entretanto, a rápida hidrolise da uréia por uréases microbianas pode resultar em disponibilidade
ruminal de N amoniacal em taxa superior à capacidade de síntese de proteína microbiana, resultando em
perda excessiva de N do rúmen para o sangue (Lapierre & Lobley, 2001). Acima de 70% do N ingerido
podem ser perdidos nas fezes e na urina (Tamminga, 1992).
Segundo Azevedo et al. (2008) a uréia é amplamente utilizada pelo seu baixo custo por unidade
de nutriente, sendo utilizada na substituição parcial de fontes de proteína verdadeira. Porém, sua alta
taxa de hidrolise se torna um problema pela rápida liberação amônia pelo acumulo de N-NH3 no rúmen,
que precisa ser absorvida e levada ao fígado para metabolização e conversão em uréia, forma pela qual é
excretada pela urina ou reciclada pela parede ruminal e saliva. Entretanto esse processo gasta energia,
diminuindo a disponibilidade de energia para o animal. Quando absorvida em grande quantidade, a
amônia pode exceder a capacidade hepática de detoxificação, acumular-se no sangue e causar
intoxicação, podendo levar à morte do animal. Por tudo isso se torna necessário um período de
adaptação dos animais por ocasião da inclusão de uréia na dieta (Emerick, 1988).
A alta hidrolise ruminal, associada à necessidade de adaptação dos animais à alimentação com
uréia, tem impulsionado o desenvolvimento de produtos que liberem esta uréia mais lentamente no
rúmen, mas estas alternativas são geralmente mais caras do que a uréia (Azevedo et al., 2008).
De acordo com Santos. (2006) a sincronização da degradação da proteína com a de carboidratos
no rúmen, permite maximizar o uso da proteína degradável no rúmen e minimizar as perdas de amônia
através da parede ruminal.
Conforme Carareto. (2007) com o objetivo de sincronizar a produção ruminal de amônia com a
16
energia no rúmen, nas ultimas quatro décadas esforços foram direcionados na tentativa de desenvolver
compostos de liberação controlada de N. Porem as inúmeras fontes de NNP desenvolvidos não tem se
mostrado superiores à uréia convencional em termos de desempenho animal. O Optigem ® é uréia
peletizada, recoberta por um polímero biodegradável capaz de liberação controlada. Trata-se de uma
fonte altamente concentrada de nitrogênio (42% de N), que pode alterar a função ruminal, fornecendo
nitrogênio às bactérias ruminais numa velocidade que otimiza sua conversão em proteína microbiana
(Akay et al., 2004).
Os resultados, no entanto, são bastante variáveis. Os ensaios de liberação de amônia in situ são
favoráveis ao uso do produto, pois comprovam uma liberação mais gradual (Ferreira et al., 2005), assim
como trabalhos de avaliação metabólica (Huntington et al., 2006). No entanto, em experimento de
consumo, digestibilidade e desempenho não tem sido verificadas vantagens no uso da uréia de liberação
lenta se comparada à uréia comum (Galo et al., 2003).
O fubá de milho é o concentrado energético mais utilizado na formulação de dietas para os
animais. Contudo, como é utilizado na alimentação humana e apresenta grande variação de preço ao
longo do ano, que aumentou recentemente pelo uso crescente na produção de etanol americano, torna-se
necessária a realização de pesquisas que avaliem alimentos alternativos. A utilização de resíduos de
agricultura na alimentação animal pode ser uma alternativa nutricional e economicamente viável
(Santos et al., 2008).
De acordo com Pedroso et al. (2007) a crescente demanda pela utilização mais racional e
sustentável dos recursos alimentícios em todo o mundo tem aumentado o numero de pesquisas sobre a
utilização de ingredientes alternativos na nutrição animal como forma de evitar a utilização de alimentos
usados em larga escala na alimentação humana. Neste contexto, a substituição de grãos de cereais, em
especial o milho, por outras fontes de energia na alimentação de ruminantes torna-se de grande
importância. Entre as possibilidades, a casca de soja constitui alternativa para substituir, em parte o
milho em grão em dietas em ovinos em confinamento.
O conteúdo em nutrientes da casca de soja pode variar conforme o processo de industrialização
dos grãos de soja para produção de óleo. A casca de soja, de acordo com Zambom et al. (2001),
constitui 2% do total do grão, no entanto, esse percentual pode variar de 0 a 3%. Do ponto de vista
nutricional a casca de soja é classificada como um concentrado energético, apresentando cerca de 76%
do valor energético do milho, porem com maior teor de fibra em detergente neutro - FDN (NRC, 2001).
O milho rico em amido (65 a 67% da MS) é o alimento energético mais usado na alimentação
animal. A casca de soja apresenta um alto teor de fibra 60,3% FDN na MS porem apresenta uma fração
fibrosa pouco lignificada (1,4 a 3,9%), com o teor de amido variando entre zero a 9,4% e com teores
médios de pectina de 12,8% na MS (NRC, 2001). Nutricionalmente, Restle et al. (2004) relataram que a
casca de soja, por apresentar elevado teor de FDN, foi inicialmente estudada como uma opção para
substituição da fração volumoso da dieta de ruminantes. Entretanto, por apresentar elevada
digestibilidade da FDN, proporcionar elevada produção de ácidos graxos voláteis no rúmen, em razão
da excelente fermentabilidade da fibra no rúmen (Bach et al., 1999) e dos benefícios decorrentes da
17
digestão da fibra da dieta total sobre o pH ruminal (Ludden et al., 1995; Gomes., 1998), a casca de soja
se destaca quanto ao seu potencial de uso na alimentação de ruminantes em substituição aos grãos de
cereais. Devido ao padrão de fermentação ruminal, a casca de soja pode ser classificada como fibra
rapidamente fermentável, podendo ser utilizada tanto como fonte de energia, quanto para manter ideal o
teor de fibra da dieta.
A sincronização entre os ritmos de degradação dos carboidratos e do nitrogênio, mais favorável
ao desenvolvimento dos microorganismos do rúmen e da utilização dos alimentos pelos animais para
produção, foi considerada por Herrera-Saldana & Huber (1989).
Pesquisas sobre uso de diferentes fontes de NNP (uréia convencional ou de liberação lenta)
associados a diferentes tipos de alimentos energéticos como milho e casca de soja são necessárias para
gerar informações que contribuam para um correto balanceamento de dietas para ovinos confinados,
contribuindo então para o aumento da produção e com a redução dos custos de produção. Assim, este
trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia convencional
por 80% de uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por 50% de casca de soja,
sobre o desempenho, digestibilidade aparente de nutrientes, medidas biométricas, comportamento
ingestivo, síntese de proteína microbiana, parâmetros sanguíneos e balanço de nitrogênio, em dietas
para ovinos em terminação em confinamento.
18
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 - Terminação de ovinos em confinamento
Os sistemas de exploração ovina no Nordeste são basicamente extensivos. Nos períodos de
estiagem, a produtividade é comprometida. Quando a vegetação nativa deixa de atender às exigências
nutricionais dos animais, ocorre paralisação do crescimento e redução do peso. O confinamento pode
modificar o panorama atual, pois, embora aumente os custos, garante ao produtor um rápido retorno do
capital investido (Vasconcelos et al., 2000).
Segundo Barros et al. (2003) o confinamento representa importante estratégia para o sistema de
produção de carne ovina no Nordeste brasileiro, pois permite a produção de carne de qualidade durante
a época de carência alimentar, disponibiliza forragem das pastagens para as diversas categorias animais
do rebanho, promove rápido retorno do capital aplicado e contribui para a produção de peles de primeira
qualidade.
De acordo com Yamamoto et al. (2005) o sistema intensivo adotado na terminação de cordeiros
com dietas contendo elevada concentração energética pode diminuir o tempo necessário para os animais
atingirem o peso de abate, minimizando os problemas sanitários.
Conforme Barreto et al. (2004) a terminação de cordeiros em confinamento para abate pode ser
uma alternativa zootecnicamente viável e eficiente para a produção de carne ovina de qualidade, pois
resulta em regularidade na oferta, além de padronização das carcaças. Segundo os mesmos autores outra
vantagem do confinamento de cordeiros é a baixa mortalidade dos animais, em razão do maior controle
sanitário e nutricional, que resulta em abate precoce e carcaças de qualidade.
Siqueira et al. (1993) ao estudarem a terminação de cordeiros em pastagens e confinamento,
observaram ganho de peso médio diário no confinamento (153 g) superior aos dos animais mantidos em
pastagens de coastcross (88g), além da mortalidade, de 16,23% no sistema de cordeiros mantidos em
pastagens, e zero no confinamento. Com base nesses resultados, os autores recomendaram o uso do
confinamento para terminação de cordeiros, pelo fato de que nesse sistema, evitaram-se os problemas de
baixo desempenho e alta mortalidade, resultante da verminose. Além disso, os autores ressaltaram que
se dispensou o uso de anti-helmínticos e produziu-se carne sem resíduos químicos.
Otto et al. (1997) estudaram a terminação dos cordeiros em pastagem e confinamento, e
segundo os autores, o lucro foi de R$ 236,10 para cordeiros terminados e um hectare de pastagem, e de
R$ 1.435,50 para cordeiros confinados com dieta a base de silagem de milho, também proveniente de
um hectare.
Pires et al. (2000) avaliaram a terminação de cordeiros desmamados aos 45 dias, com peso em
torno de 20 kg, e confinados até o abate. Os autores obtiveram ganho médio diário de 254 gramas com
abate aos 28 kg de peso corporal dos cordeiros, e ganho médio diário de 237 gramas com abate aos 33
kg. O tempo de confinamento foi de 93 dias para abate aos 28 kg e 118 dias para a bate aos 33 kg. Os
referidos pesquisadores concluíram que o confinamento foi um método eficiente na produção de carne
ovina.
19
Siqueira et al. (2001) avaliaram o efeito do sexo dos cordeiros e de quatro distintos pesos de
abate (28; 32; 36 e 40 kg), concluindo que o peso de 28 kg apresentou melhor resultado econômico.
Os sistemas que promovem rápido crescimento dos cordeiros, usualmente alcançam maior
eficiência alimentar, e requerem poucos dias para os cordeiros atingirem peso de abate, mas também
exigem alimentação mais cara, como é o caso do confinamento.
2.2 - Utilização de uréia na alimentação de ovinos
As despesas com a alimentação contribuem de forma significativa nos custos de produção.
Entre os itens que compõem a dieta de ruminantes, os suplementos protéicos são, geralmente, os
componentes mais caros. Dessa forma, a utilização de alimentos alternativos que substituam as fontes
de proteína comumente utilizada na alimentação de ruminantes é de grande interesse para a atividade
pecuária. A uréia é um composto nitrogenado não-protéico (NNP) que pode ser utilizado para essa
finalidade, uma vez que, comparada com outras fontes de nitrogênio, é economicamente mais barata e,
se utilizada de forma adequada, tem condições de manter bons níveis de produção (Guimarães Junior et
al., 2007).
A uréia tem sido utilizada na dieta de ruminantes por dois motivos básicos. Do ponto de vista
nutricional, ela é usada para adequar a proteína degradável no rúmen (PDR). Do ponto de vista
econômico, é usada com intuito de baixar o custo com a suplementação protéica (Santos, 2006).
A uréia sintética é um produto químico obtido a partir da síntese da amônia com o dióxido de
carbono, sob condições elevadas de temperatura e pressão. O produto apresenta na sua composição
46,4% de nitrogênio; 0,55% de biureto; 0,25% de água; e 0,08% de amônia livre e cinzas. É encontrado
na maioria das vezes no estado sólido, higroscópico e possui elevada solubilidade em água, álcool e
benzina (Coelho da Silva & Leão, 1979).
De acordo com o NRC (1989), o uso de uréia nas dietas de ruminantes é semelhante ao da
proteína degradável no rúmen (PDR), embora a uréia não seja fonte de esqueletos de carbono de cadeia
ramificada e nem de enxofre, os quais devem ser supridos pela PDR, uma vez que ambos são requeridos
para a síntese microbiana de aminoácidos. Esta deve estar em sincronia com a disponibilidade de
nitrogênio e carboidratos prontamente fermentescíveis no ambiente ruminal.
Os microrganismos ruminais são capazes de sintetizar proteína microbiana a partir de amônia e
esqueleto carbônico, sendo o nitrogênio não protéico (NNP) uma das fontes de amônia para os
microorganismos. Dentre as fontes de NNP disponíveis, encontra-se a uréia, a qual merece certa atenção
em função do seu baixo custo (Titto et al. 1999).
Segundo Rodrigues (2003) a uréia é a fonte de nitrogênio não-protéica (NNP) mais utilizada na
substituição de fontes de proteína verdadeira. Uma vez no rúmen, ela é solubilizada e degradada pela
uréase microbiana à nitrogênio amoniacal. Na presença de energia disponível, ela será utilizada pelos
microorganismos do rúmen para produção de proteína e multiplicação microbiana. Entretanto, a uréia
apresenta rápida solubilização, sendo que 30 a 40% são perdidos, não acontecendo ótima sincronização.
20
Quando a uréia alcança o rúmen, ela é rapidamente desdobrada em amônia e CO2 pela enzima
uréase, produzida pelos microrganismos ruminais. A amônia presente no rúmen, resultante da uréia ou
de outra fonte protéica, é utilizada pelos microrganismos para a síntese de sua própria proteína até
satisfazer seus requerimentos, determinados pela disponibilidade de carboidratos fermentáveis. A
amônia em excesso é absorvida pela parede do rúmen e, no fígado, é convertida a uréia. Esta conversão
custa ao animal 12 kcal/g de nitrogênio (Van Soest, 1994). A excreção de uréia representa elevado custo
biológico e desvio de energia para a manutenção das concentrações corporais de nitrogênio em níveis
não tóxicos (Paixão et al., 2006).
Os microrganismos utilizarão corretamente NH3 quando houver aporte adequado de energia.
Portanto, devem-se fornecer fontes (protéicas e energéticas) que tenham sincronia na degradação, pois,
caso contrario, além de ocorrerem perdas de nitrogênio amoniacal pelo excesso de sua liberação, a
produção microbiana será reduzida e a degradação do alimento diminuirá (Russell et al., 1992 b). Isto
irá acarretar sobrecarga de N-amoniacal no fígado e gasto maior de energia para a excreção da uréia,
além de risco de intoxicação. Este processo metabólico é indesejável, pois exige o uso de energia que
poderia ser utilizada para a produção microbiana, uma vez que a síntese de uma molécula de uréia
apresenta balanço negativo de 1 ATP (Brody, 1993). Esta uréia permanece na circulação podendo até
ser excretada via urina e voltar ao rúmen via saliva.
Souza et al. (2004) avaliaram o desempenho e características da carcaça de cordeiros
confinados, submetidos a uma dieta convencional, com outras três, que tiveram a fonte de proteína
verdadeira substituída por níveis crescentes de uréia nos níveis (0,4; 0,8 e 1,2% da matéria seca total).
A elevação dos teores de uréia, em substituição à proteína verdadeira, não afetou o desempenho dos
cordeiros, nem os caracteres da carcaça e os demais componentes da carcaça.
Vidal et al. (2004) estudaram a viabilidade técnico-econômica da utilização da uréia
comparando-se a ração-padrão (milho e farelo de soja) e aquela contendo cama de frango, para
alimentação de ovinos da raça Santa Inês em confinamento. Os autores concluírem que o uso de 60% de
concentrado com uréia pode substituir com vantagem técnica e econômica o uso de ração-padrão e
ração com cama de frango no confinamento de ovinos da raça Santa Inês.
Oliveira et al. (2008) avaliaram o desempenho produtivo de ovinos mantidos em pastagens
diferidas de capim Bufel recebendo suplementos múltiplos com teores crescentes de uréia (5; 8; 11 e
14% de uréia, na matéria seca). Os teores de uréia no concentrado não influenciaram (P>0,05) o peso
corporal final, o ganho de peso total e o ganho médio diário dos ovinos mantidos em pastagens diferidas
de capim Bufel. Entretanto, os suplementos com maiores concentrações de uréia apresentaram menores
consumos de matéria seca, sem comprometer o desempenho animal.
Menezes et al. (2009), estudaram o efeito da inclusão de níveis crescentes de uréia (0, 1, 2 e
3%, na matéria seca) sobre o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes de dietas de ovinos da
raça Santa Inês, e concluíram que inclusão de uréia até 2% nas dietas contendo co-produto de
vitivinícolas desidratado e palma forrageira in natura possibilitou incrementos no consumo e no
coeficiente de digestibilidade dos nutrientes.
21
Acorsi Neto (1980) em ensaio de digestibilidade com carneiros, utilizando 3 fenos de
gramíneas tropicais, obteve como resultados, que a suplementação com uréia aumentou a digestibilidade
aparente da PB, e também a retenção de N, observou ainda uma tendência favorável ao aumento da
ingestão de MS, embora a suplementação não tenha alterado a digestibilidade da mesma.
Segundo Owens et al. (1980) um dos agravantes da suplementação com uréia é o aumento
excessivo da concentração de amônia, logo após a ingestão da uréia, devido à alta taxa de hidrolise no
rúmen. A rápida hidrolise de uréia no rúmen, pode levar a um quadro de intoxicação, o que pode ser um
fator limitante da utilização da uréia.
2.3 - Uréia de liberação lenta na alimentação de ruminantes
A principal fonte de nitrogênio não protéico (NNP) fornecida a ruminantes como
suplementação alimentar é a uréia devido ao custo reduzido e à fácil manipulação. No rúmen, esta fonte
de NNP é hidrolisada em nitrogênio amoniacal que posteriormente é incorporado pelos
microorganismos ruminais e transformado em aminoácidos e proteínas de grande importancia para os
ruminantes (Berchielli, 2006).
A amônia é o principal composto para a síntese de proteína no rúmen, em que esta é
incorporada principalmente em bactérias e, de modo reduzido, em protozoários e fungos. A velocidade
de liberação de amônia no rúmen é o fator determinante na transformação do nitrogênio alimentar em
proteína microbiana (Santos et al., 2001).
Nos últimos 30 anos, inúmeras tecnologias foram desenvolvidas para sincronizar a liberação de
NNP com a degradação de carboidratos no rúmen, para maximizar a eficiência microbiana. Muitas
destas tecnologias visaram o controle da liberação de NNP a partir da uréia, que incluem amireia
(Bartley & Deyoe, 1975), uréias tratadas com formaldeido (Prokop & Klopfenstein, 1977), proteção
com gordura (Forero et al., 1980), proteção com biureto (Loest et al., 2001), uréia liquida e cloreto de
Ca (Cass & Richardson, 1994) e uréia encapsulada com polímero (Galo et al., 2003).
Owens et al. (1980) obtiveram bons resultados na proteção da uréia, através do revestimento
com óleo de linhaça. A digestibilidade aparente de MS, em novilhos, foi superior à uréia não tratada, e
inferior à do farelo de soja; o consumo de MS no tratamento com uréia revestida foi superior ao
observado com farelo de soja.
Prokop & Klopfenstein (1977) encapsularam a uréia com formaldeido Forero et al. (1980) com
óleos vegetais como linhaça, porem esse encapsulamento resultou em menor conversão do NNP em
amônia no rúmen e consequentemente menor síntese de proteína microbiana.
Trabalhos conduzidos na década de 70 (Helmer et al., 1970) testaram um produto resultante da
extrusão da uréia com amido a “Starea”, e observou uma liberação ruminal mais lenta. Entretanto,
Owens & Zinn (1988) relataram que compostos com liberação controlada de nitrogênio, tais como
Starea, biureto, certos materiais de cobertura e a maioria dos complexos de uréia com formaldeído ou
melaço, auxiliaram a evitar a toxicidade da amônia, mas não afetaram a utilização de nutrientes.
22
A efetividade de liberação destes produtos varia de baixa liberação de NNP, limitando a
incorporação na proteína microbiana, ou liberação muito elevada de NNP, resultando em altos níveis de
NNP (Akay et al., 2004).
A utilização do nitrogênio não protéico de liberação gradativa no rúmen pode ser uma
estratégia para diminuir a utilização das fontes de proteína verdadeira e da uréia pecuária em dietas para
ruminantes, com vantagens de diminuir os riscos com intoxicação por uréia, aumentar o espaço para
inclusão de ingredientes na dieta, substituir fontes de proteína verdadeira de alto custo e/ou
disponibilidade limitada, podendo ainda melhorar o sincronismo de nutrientes no rúmen, sem
comprometer o desempenho produtivo de ruminantes (Souza et al., 2010).
O Optigem ® é uréia peletizada, recoberta por um polímero biodegradável capaz de liberação
controlada. Trata-se de uma fonte altamente concentrada de nitrogênio (42% de N), que pode alterar a
função ruminal, fornecendo nitrogênio às bactérias ruminais numa velocidade que otimiza sua
conversão em proteína microbiana (Akay et al., 2004).
Conforme Carrareto (2007) experimentos recentes com a uréia polimerizada mostram que a
hidrolise ruminal deste produto é cadenciada, permitindo uma sincronização entre degradação da fibra e
a liberação de N. Uma outra vantagem da utilização deste produto seria o maior nível de inclusão de
NNP na dieta animal, uma vez que não há pico de liberação de amônia, reduzindo os riscos com
intoxicações.
Campos Neto & Teixeira (2008) realizaram a analise química, biológica e toxicológica da uréia
de liberação lenta e concluíram que tanto na solubilização da uréia in vitro, quanto no tempo de
liberação da amônia do liquido do rúmen, aliado ao teste clinico de intoxicação, mostram que a uréia
revestida com polímeros, proporcionou a liberação lenta e continua da amônia e evitou o aparecimento
dos sinais clínicos de intoxicação. De acordo com Akay et al. (2004), a uréia encapsulada com polímero
confere tempo de degradação da uréia de até 16 h, sendo a sua solubilização lenta e constante. Os
autores avaliaram a utilização in situ do nitrogênio da uréia encapsulada (Optigem®), comparando com
a uréia comum e com soja em grão. A degradação in situ da uréia de liberação lenta seguiu padrão mais
semelhante ao da soja do que ao da uréia. A uréia de liberação lenta teve velocidade intermediaria de
utilização durante as primeiras 16 h de fermentação ruminal, seguida de velocidade mais lenta de
utilização de 16 a 30 h. Esse padrão de utilização em duas fases assemelhou-se ao observado para a
soja. Gonçalves (2006) demonstrou que a degradabilidade da PB da uréia de liberação controlada
(Optigen), apresenta uma curva de liberação semelhante ao do farelo de soja. A degradação do
Optigen no rúmen leva de 16 a 24 h, sendo a sua solubilização lenta e constante, seguindo um padrão
mais semelhante ao da soja e do refinasil, enquanto a uréia é imediatamente solúvel.
Em avaliações com fermentadores in vitro, o uso de uréia encapsulada permitiu maior síntese
de proteína bacteriana e utilização mais rápida de nutrientes em relação à dieta controle, aumentando a
utilização de FDA, FDN, e MO, em 16,6; 6,8; 4,0 e 8,0%, respectivamente (Akay et al., 2004).
Entretanto, Owens e Zinn (1988) relataram que compostos com liberação controlada de
nitrogênio, tais como amireia, biureto, certos materiais de cobertura e a maioria dos complexos de uréia
23
com formaldeido e melaço, auxiliaram a evitar a toxicidade do nitrogênio amoniacal, mas não afetaram
a utilização de nutrientes.
Carrareto (2007) estudou o uso de uréia de liberação lenta para vacas em lactação, e concluiu
que para vacas com produções em torno de 20 kg de leite dia, no terço médio da lactação alimentadas
com silagem de milho a uréia pode substituir 30% da proteína do farelo de algodão sem efeito negativo
no desempenho dos animais e que quando 30% da proteína do farelo de algodão é substituída por fonte
de NNP, não há vantagem em utilizar fonte de uréia de liberação lenta em relação a convencional.
Segundo Santos (2009) a utilização de uréia encapsulada para vacas lactantes, em substituição
parcial ao farelo de soja, tem o potencial de diminuir o consumo de matéria seca, sem influenciar a
produção de leite. Outro potencial beneficio é que a uréia protegida pode ser mais eficiente na redução
do nitrogênio uréico no leite comparativamente a uréia convencional.
Souza et al. (2010), avaliaram os efeitos da uréia protegida na produção e composição do leite,
utilizando-se 34 vacas da raça holandesa. Os tratamentos (T) foram compostos por dietas isoenergéticas
e isonitrogenadas com 1,66 ELL e 18,35% de PB, definidas como: T1 = 11,4% farelo de soja e T2 =
0,4% de uréia encapsulada + 9,0% de farelo de soja. Não foram observadas diferenças (P>0,05) nas
produções diárias de leite e de sólidos, de nitrogênio uréico no leite e da contagem de células somáticas.
A substituição parcial do farelo de soja por uréia protegida não reduziu o desempenho produtivo das
vacas em lactação.
Santos et al. (2011), estudaram a substituição parcial de farelo de soja na dieta-controle por
uréia encapsulada ou por uréia, ambos acrescidos de poupa cítrica, na dieta de vacas em lactação. O teor
de proteína bruta nas dietas foi 15,5% cerca de 1,5% oriundo de nitrogênio não protéico (NNP). Os
tratamentos foram: dietas com farelo de soja como concentrado protéico (controle) e dietas em que a
polpa cítrica e a fonte de NNP de liberação lenta - Optigen® - ou a uréia substituíram o mesmo teor
dietético de farelo de soja. O uso de NNP reduziu o consumo diário de matéria seca em 0,8 kg, sem
influenciar a produção de leite. A conversão do alimento em leite foi menor na dieta-controle. A
substituição de farelo de soja por NNP e polpa cítrica melhorou a eficiência alimentar, sem afetar o
balanço de nitrogênio.
Akay et al. (2004) descreveram a avaliação de desempenho com 220 vacas leiteiras recebendo
dieta controle e outra com uréia de liberação lenta. A dieta com uréia de liberação controlada foi
reformulada, retirando-se parte da proteína verdadeira, porém mantendo-se as dietas isoprotéicas e
isoenergéticas. As vacas recebendo a dieta reformulada apresentaram incremento de 9%,
aproximadamente, na produção de leite, e segundo os autores, esse incremento ocorreu devido à melhor
utilização da uréia encapsulada como fonte de nitrogênio, e isso aumentou a eficiência do rúmen em
relação à uréia e a soja.
Em um segundo experimento com 240 vacas, Akay et al. (2004) observaram que as vacas
recebendo dietas formuladas com uréia de liberação controlada apresentaram redução de 0,89 kg no
consumo de MS. Houve aumento no teor de gordura do leite, sem alterar sua produção, o que conferiu
maior eficiência de conversão para as vacas recebendo uréia encapsulada. Em contrapartida, Gallo et al.
24
(2003) compararam a produção de leite e excreção de N por vacas recebendo dietas com diferentes
níveis de PB com ou sem uréia protegida. Não foi verificada diferença na excreção de N na urina e na
produção de leite.
De Paula et al. (2009) avaliaram os parâmetros ruminais (pH e N-NH3) e plasmático (uréia) de
vacas mestiças (holandês x zebu) não-lactantes canuladas no rúmen, inoculadas ou não com 28
g/animal/dia de nitrogênio não protéico. Os tratamentos foram: controle (sem inoculação de fonte de
nitrogênio), inoculação de uréia pecuária e inoculação de uréia polímero. A uréia polímero
proporcionou, além de estabilidade no pH, uma maior e constante concentração de N-NH3 no meio
ruminal, durante os tempos de observação.
Titto et al. (1999) avaliaram a substituição parcial da proteína do farelo de soja pela uréia
protegida, em rações completas para crescimento de cordeiros. As quatro rações foram compostas de
feno moído de capim andropogon (Andropogon gayanus Kunth), rolão de milho e farelo de soja,
atendendo 100% (trat. A e B) e 70% (Trat. C e D) das exigências protéicas dos animais, com ou sem a
substituição parcial da proteína pela uréia nos níveis de 20,54% (Trat. B) e 26,10% (Trat. C). A inclusão
da uréia não alterou a digestibilidade da proteína bruta e a retenção de nitrogênio. A digestibilidade da
matéria seca mostrou-se semelhante nas dietas que atenderam 100% dos requerimentos protéicos dos
cordeiros, com ou sem a inclusão da uréia. Porém, quando a uréia contribuiu com 26,10% do N total da
dieta (Trat. C) houve significativa diminuição na digestibilidade da matéria seca (p< 0.01).
Azevedo et al. (2008) verificaram o efeito da suplementação com uréia encapsulada ou normal
sobre a utilização de volumoso de baixa qualidade em novilhos. Os tratamentos foram: Feno + sal
mineralizado; Feno + suplemento protéico com uréia comum; Feno + suplemento protéico com uréia
encapsulada formula 1; Feno + suplemento com uréia encapsulada formula 2. A suplementação de
proteína degradável não foi eficiente em aumentar a utilização de volumoso de baixa qualidade. A uréia
encapsulada não demonstrou superioridade em relação à uréia comum, não afetando os parâmetros
avaliados.
Diniz et al. (2010) avaliaram os efeitos da utilização de probiótico e de uréia protegida na
alimentação de novilhos confinados. Os animais do tratamento que receberam ração com probiótico e
uréia protegida apresentaram maior ganho de peso e maior rentabilidade que os animais dos demais
tratamentos.
2.4 - Sincronização entre proteína e energia
O objetivo da nutrição protéica dos ruminantes é fornecer quantidades adequadas de proteína
degradável no rúmen para obter a máxima eficiência ruminal (NRC, 2001).
A eficiência do uso da proteína bruta dietética requer a seleção de proteínas complementares da
alimentação e de suplementação de nitrogênio não protéico (NNP) capazes de fornecer as quantidades
de proteína degradável no rúmen (PDR) para suprir as necessidades de nitrogênio (N) dos
microorganismos ruminais (Mendes, 2009).
O ambiente ruminal é rico em microorganismos de diferentes espécies e a fermentação dos
alimentos depende da atividade que estes exercem no rúmen. O principal substrato utilizado na síntese
25
de proteína microbiana é a amônia, a qual provém de varias fontes de nitrogênio: dieta, saliva e uma
pequena porção de uréia que entra no rúmen via parede ruminal. A relação positiva entre a utilização de
fontes de nitrogênio e a magnitude da digestão de celulose e amido indicam a importancia da amônia
como um componente essencial para a digestão bacteriana destes componentes da ração (Helmer et al.,
1970).
A extensão da síntese microbiana depende da quantidade de energia disponível no substrato, e
não somente da quantidade e da natureza do material presente no rúmen (Hungate, 1966). Segundo
Taniguchi et al. (1995) a sincronia na suplementação de amido e proteína para o rúmen reduz a absorção
de amônia e aumenta a retenção de nitrogênio. A quantidade de amônia que poderá ser utilizada pelas
bactérias depende da quantidade de energia disponível, ou seja, do alimento fermentescível ingerido.
Desta forma, pode-se afirmar que a sincronização da degradação da proteína com a degradação dos
carboidratos no rúmen permite maximizar o uso da PDR e minimizar as perdas de amônia através da
parede ruminal.
Matras et al., (1991) avaliaram os efeitos da sincronização entre a fermentabilidade ruminal do
amido e da proteína sobre o crescimento de cordeiros e observaram aumento na retenção de nitrogênio.
O que esta de acordo com Kraft et al. (2009) que verificaram redução na perda de compostos
nitrogenados via urina ao fornecer ração com baixo teor de N para ovinos. Os mesmos autores
constataram perda de N para rações desbalanceadas em energia. Segundo Kraft et al. (2007) quando
cordeiros receberam rações desbalanceadas em N ou em energia, a captura liquida de aminoácidos
essenciais (AAE) reduziu para rações com baixo teor de N ou energia em relação à rações balanceadas.
O crescimento microbiano é função da quantidade de energia proveniente da fermentação
ruminal e é maximizado quando as taxas de fermentação do amido e da proteína estão sincronizadas
(Russell et al., 1992). Segundo Teixeira (1997) a fonte de energia utilizada na alimentação dos
ruminantes pode afetar a utilização da uréia, sendo que o amido é superior aos açucares e a celulose,
pois apresenta uma velocidade de liberação de energia compatível a uma melhor utilização da uréia
(açucares apresentam hidrolise muito rápida e a celulose muito lenta). Segundo Helmer et al. (1970) o
amido parece ser a melhor fonte de energia para a conversão de amônia em proteína pelos
microorganismos ruminais. A utilização sincronizada entre proteína e carboidrato provenientes da dieta
é necessária para ótimo crescimento microbiano, beneficiando a digestibilidade ruminal e a eficiência na
utilização de energia e proteína (Herrera & Huber, 1989). De acordo com Hoover & Stokes (1991) o
aumento da síntese microbiana é responsável pelo maior fluxo de aminoácidos para o intestino delgado
e também pela melhor eficiência da fermentação ruminal. Com a sincronização da degradação ruminal
de proteína e amido, pode-se esperar um aumento na produção de proteína microbiana no rúmen e
melhora na utilização de energia e fontes de N, uma vez que as bactérias ruminais necessitam desses
dois nutrientes simultaneamente (Herrera – Saldana & Huber,1989).
Conforme Huntington & Archibeque (1999), quando o aumento no suprimento de N não é
acompanhado por um suprimento adicional de energia, a proporção de N-uréico na urina aumenta.
26
Conforme Cass et al. (1994) e Parré (1995) qualquer metodologia que efetivamente torne a
uréia solúvel a taxas mais lentas do que quando fornecida in natura poderia conduzir a sua otimização
em dietas para ruminantes, desde que adequadamente balanceadas para este fim. A liberação gradual de
NH3 permitiria aos microorganismos do rúmen realizar síntese mais constante de proteína celular.
A amônia produzida pelas enzimas bacterianas do rúmen é utilizada para a síntese protéica e
como o desenvolvimento da flora e fauna está diretamente relacionado com a digestão dos carboidratos,
esta sincronia foi motivo principal para que o tratamento da uréia fosse orientado para o uso de
polímeros (Henning et al., 1993, Gallo et al., 2003, Akay et al., 2004).
2.5 – Utilização do milho como fonte de carboidrato
Nutricionalmente, os carboidratos são agrupados em função da taxa de degradabilidade
ruminal. No entanto, os carboidratos solúveis, pela sua heterogeneidade, podem ser agrupados de
diversas formas: em função da digestão pelo animal ou pelos microrganismos do rúmen, da sua
habilidade em dar suporte ao crescimento microbiano, de seu potencial de fermentação a acido lático no
rúmen e da depressão da sua fermentação em pH baixo no rúmen (Hall, 2000).
Dentre os carboidratos solúveis, a fibra solúvel representa a fração de carboidratos solúveis em
detergente que não são digeridos pelas enzimas dos mamíferos, compreendendo as frutanas, -glucanas
e a pectina. Tais carboidratos têm como características não serem fermentados a lactato no rúmen e
garantem maior produção de acetato, enquanto o amido pode ser fermentado a lactato e gera maior
produção de propionato (Hall, 2000).
A pectina apesar de ser um carboidrato estrutural, consegue ser quebrada por enzimas
secretadas pelo ruminante, pois suas moléculas são mais simples, e sua taxa de degradação é bem maior
que a celulose e hemicelulose. Ela é solubilizada pela solução detergente neutro, não entrando na
composição da fibra em detergente neutro – FDN. A pectina se assemelha mais aos carboidratos não
estruturais, fazendo parte de uma classe denominada carboidratos não fibrosos (CNF), que alem de
pectina, inclui os carboidratos não estruturais (Hall, 2000).
Na formulação de concentrado para ruminantes, o grão de milho (Zea mays spp.) é o principal
componente, representando cerca de 30 a 40% da MS consumida ou 50 a 60% dos concentrados
(Coimbra, 2002). Apresenta em sua composição básica cerca de: 60% de amido, 6,5% de casca, 10%
de glúten, 5% de germe e 12 a 15% de água.
A quantidade de amido é muito variável, sendo dependente da variedade, localização,
condições climáticas e praticas agronômicas (Huntington, 1997).
O grânulo de amido é um carboidrato não estrutural, composto basicamente por dois
polissacarídeos: amilose e amilopectina, sendo a última mais digestível. A proporção dos dois
polissacarídeos varia de acordo com a espécie e variedade, sendo que a amilose contribui com 0 a 20%
do total. Também estão presentes, em pequena quantidade, as pectinas e açúcares (Huntington, 1997).
27
A degradabilidade ruminal do amido varia de acordo com o processamento do grão. O grão
inteiro apresenta valor médio de 62,6% (58,9 a 75%), o moído 76,4% (51,4 a 93%) e o quebrado 65%.
A exposição do substrato ao ataque dos microrganismos é um dos principais fatores para melhorar a
degradabilidade. Isto influencia a produção de AGVs, o pH ruminal e o tipo de população microbiana,
alterando, consequentemente, a síntese de proteína microbiana (Emeterio, 1998).
De acordo com Wattiaux (1998), de 60 a 100% do amido ingerido é fermentado no rúmen,
variando de acordo com a quantidade ingerida e taxa de passagem. A fermentação bacteriana do amido
gera alta produção de ácido propiônico, de 35 a 45% dos produtos da fermentação, comparados aos 15 a
20% da fermentação da celulose ou hemicelulose (Orskov, 1986).
2.6 - Utilização da casca de soja como fonte de carboidrato
Em função do alto custo de alimentação em sistemas de produção de ruminantes, os
subprodutos de indústrias de transformação de alimentos, como a casca de soja, vêm se tornando uma
alternativa economicamente viável, uma vez que podem substituir parcial ou totalmente um alimento
volumoso ou concentrado sem prejudicar o desempenho animal (Morais, 2003).
A casca de soja (CS) consiste da película do grão de soja, obtida em sua industrialização para a
extração do óleo. É um alimento que se destaca pela elevada oferta, preços competitivos e composição
bromatologica. E que pode ser utilizada na alimentação de ruminantes como substituto de concentrados
energéticos. O Brasil, maior exportador e segundo maior produtor mundial de soja, produziu na safra
2007/2008 51,42 milhões de toneladas de grãos (Conab, 2008). A produção de soja na Bahia na safra de
2007 foi de 2,297 milhões de toneladas de grãos (IBGE, 2008).
Segundo Zambom et al. (2001) a cada tonelada de soja que é processada, cerca de 2% é
transformada no resíduo, casca de soja. No entanto, esta porcentagem pode variar de 0 a 3%, de acordo
com a proteína da soja que foi esmagada. Quando o teor de proteína é elevado, não há necessidade de
retirar a casca de soja do farelo. Entretanto, se o teor de proteína do grão for baixo, esta necessidade se
caracteriza para elevar o teor de proteína deste.
De acordo com o NRC (2007), a CS apresenta com base na matéria seca (MS), 13,0% de
proteína bruta (PB); 77,0% de nutrientes digestíveis totais (NDT); 2,6% de extrato etéreo (EE); 62,0%
de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e 46% de fibra insolúvel em detergente acido (FDA).
Segundo Mulligan et al. (1999) a composição química da CS depois de retirado os resíduos de
farelos, grãos e impurezas da industrialização apresenta valor médio de 9,0% de PB; 69,9% de FDN e
42,3% de FDA. A fração fibrosa da CS contém relativamente grande quantidade de celulose (43% da
MS) e hemicelulose (18% da MS) e baixas quantidades de lignina, variando de 1,4% da MS a 3,9% da
MS (Anderson et al., 1988) e de amido (2,9%) (Ipharranguerre & Clark, 2003).
Alguns autores definem a casca de soja como um volumoso – concentrado, pois tem função
fisiológica de fibra vegetal e funciona como um grão de cereal em termos de disponibilidade de energia.
Além de possuir uma boa aceitabilidade, a sua inclusão em dietas a base de forragens (como
suplemento) proporciona efeitos associativos positivos, pois promove a manutenção do pH ruminal e
28
assim, não prejudica a digestibilidade da fibra. Isso não acontece quando o milho (processado ou não) é
fornecido em altas quantidades na dieta, pois, em, função do seu alto teor de amido (em torno de 73%),
o pH ruminal pode reduzir, prejudicando as bactérias fibroliticas e possibilitando o aparecimento de
problemas metabólicos, como acidose e a laminite, comum em vacas leiteiras de alta produção (Morais,
2003).
A forma mais usual de se elevar o consumo de energia, visando a maximização do desempenho,
é através do aumento dos teores de concentrado na ração, sendo o milho o ingrediente mais utilizado
(Ferreira, 2008).
O uso de grãos de cereais pode reduzir a digestão da fração fibrosa da ração (Mertens & Loften,
1980; Van Soest, 1994) e diminuir o consumo de matéria seca (CMS) (Pordomingo et al., 1991).
Mertens & Loften (1980) sugeriram que o mecanismo primário causador da diminuição da digestão in
vivo da fibra é a menor atividade das bactérias celulolíticas, sendo isto, devido à condição ácida do
rúmen promovida pela rápida fermentação do amido.
A CS é um alimento praticamente livre de amido, sendo extensivamente digerida no rúmen
(HSU et al., 1987). Assim, sua utilização como tentativa de aumentar o teor energético de uma ração
tem sido amplamente estudada. Porem a energia (ED) da CS é inferior à do milho, sendo 3,4 e 3,9
Mcal/kg, respectivamente. Quando comparada ao sorgo, a energia digestível da CS é de 3,4 e 3,6 Mcal
/kg, respectivamente (NRC, 2007).
Estudos sobre a utilização da CS como substituto dos grãos de cereais são promissores devido à
elevada digestibilidade da sua fração FDN, à elevada produção de ácidos graxos de cadeia curta
(AGCC) fruto da fermentação ruminal e aos benefícios que a CS pode vir a promover sobre a digestão
da fibra e sobre o controle do pH ruminal (Ludden et al., 1995).
A CS, em rações com alto teor de concentrado para vacas leiteiras, pode substituir o milho em
valores ao redor de 30% da MS, sem que haja efeitos negativos, sobre a fermentação ruminal, sobre a
digestão dos nutrientes no trato digestório total, bem como sobre a produção de leite (Ipharraguerre &
Clark, 2003).
A CS tem sido considerada um suplemento energético, pois o seu fornecimento aos ruminantes
permite desempenhos muitas vezes comparáveis aos do milho, devido à boa digestibilidade da parede
celular, basicamente composta por celulose (HSU et al., 1987).
Devido ao padrão de fermentação ruminal, com grande produção de acetato, a CS pode ser
classificada com fibra altamente fermentável. Trata-se de um resíduo de alto valor nutricional, com
cerca de 12% de PB, 80% de NDT e, apesar apresentar em média 66% de FDN, é de alta
digestibilidade, podendo chegar a 90% (Zambom et al., 2001). Em relação à fração de carboidrato não
fibroso - CNF, a pectina apresenta a maior (62%), enquanto amido (19%) e açucares simples (19%)
estão presentes em menor proporção (NRC, 2001).
Segundo Ipharraguerre & Clark (2003) a inclusão de CS na ração de vacas leiteiras resulta em
padrão de fermentação ruminal que mantém ou aumenta a concentração ruminal total dos AGCC. A
grande quantidade de FDN facilmente fermentada no rúmen contida na CS permite uma maior extensão
29
de fermentação ruminal, o que possivelmente resulta em maior concentração de AGCC quando
comparada com rações ricas em forragens (Sarwar et al., 1992).
Conforme Hsu et al. (1987), a fibra da CS altamente fermentescível no rúmen apresenta padrão
de fermentação semelhante ao de alimentos concentrados. Utilizando uma ração com 80% de CS, esses
autores verificaram pH de 5,4, concentração total dos AGCC, acido acético, acido propionico e acido
butirico de 134,8; 59,6; 23,8; e 11,3 mm, respectivamente. A produção acetato:butirato verificada foi de
2,6. Consistente com esta informação, a substituição do milho pela CS em rações contendo 40% de
volumoso, não afetou a produção dos AGCC e o pH ruminal (Zervas et al., 1998).
Hsu et al. (1987), em experimento in vivo utilizando ovinos de corte canulados alimentados
com ração contendo 80% de CS na MS, quantificaram uma digestibilidade aparente no trato digestório
total de 74,2% para a MS, 61% para a fração PB e 71,6% para a fração FDN.
Tambara et al. (1995) utilizando CS moída como alimento exclusivo para ovinos, obtiveram
valores de 69,3% para a digestibilidade in vitro da MS. Sendo que a digestibilidade aparente no trato
digestório total da MS foi de 65,4%.
Silva et al. (2004) verificaram que a digestibilidade in vitro da MS e da FDN foi de 76,9% e
85,7%, respectivamente, a digestibilidade in situ das mesmas frações foi de 64,8% e 57,4%,
respectivamente.
Devido ao reduzido tamanho de partícula, a rápida fermentação ruminal e a alta gravidade
especifica quando hidratada, uma elevada inclusão de fibras oriundas de fontes não forragem (FFNF) na
ração pode promover aumento na taxa de passagem, e reduzir a digestibilidade ruminal da fração FDN
(Grant, 1997).
Além do reduzido tamanho de partícula e da gravidade específica a menor densidade energética
da CS em relação ao milho (NRC, 2007) também pode contribuir para o aumento no CMS. Ludden et
al., (1995) verificaram redução linear na % de energia digestível da ração quando incluíram CS em até
60% da MS, entretanto, não observaram efeito da inclusão de CS sobre o consumo de energia digestível
em Mcal/dia, visto que o animal compensou a menor densidade energética da ração aumentando o
CMS.
Outro fator a ser considerado quanto ao efeito da inclusão de CS em substituição ao milho na
ração sobre o CMS seria a ocorrência de limitação física do CMS, visto que o teor de FDN da CS é
superior ao do milho (NRC, 2007).
Segundo Mertens (1992) o CMS está negativamente correlacionado com a concentração de
FDN quando o enchimento ruminal limita à ingestão e positivamente correlacionado quando a energia é
o fator limitante. Com base nessa informação pode-se concluir que, em rações em que a CS substituiu o
milho, à redução da densidade energética é mais importante do que o enchimento físico em determinar o
CMS.
Segundo Anderson et al. (1988) os valores de energia liquida do milho e da CS são equivalentes
numa situação de rações com alta proporção de forragem, devido à redução dos efeitos associativos que
o milho causa sobre a digestão da fibra. Entretanto, é importante salientar que a maneira como a CS é
30
utilizada na formulação de rações, juntamente com o tipo de ração (quantidade de volumosos e
concentrados), influencia o seu valor energético e o desempenho dos animais (Ferreira, 2008).
Com rações contendo 55% de volumoso a substituição de 55% do milho pela CS não afetou o
CMS ou o GMD de bovinos de corte (Mendes et al., 2005). Ezequiel et al. (2006) e Restle et al. (2006)
também não verificaram efeito da substituição parcial do milho pela CS sobre o GMD e o CMS de
bovinos de corte alimentados com rações contendo 50% de volumoso.
Hejazi et al. (1999) avaliaram os efeitos do processamento do milho e da CS no desempenho de
cordeiros confinados numa situação em que as rações continham alta proporção de concentrado e
verificaram que o CMS e o GMD foram maiores para os animais alimentados com as rações que
continham CS (10% da MS) comparados à ração com 100% de concentrado. Os mesmos autores
sugeriram que a adição de uma fonte de fibra pode aumentar o CMS e o GMD quando comparados com
rações de alta proporção de concentrado, seja a fonte de fibra moída ou peletizada.
Hsu et al. (1987), compararam rações contendo 70% de milho ou 70% de CS na dieta de ovinos
de corte e obtiveram valores semelhantes de GMD (0,20 kg/dia para o milho x 0,22 kg/dia para CS) e
conversão alimentar para as duas rações. Entretanto, os ovinos alimentados com CS tiveram maior CMS
(1,36 kg/dia para milho x 1,80 kg/dia para CS).
Com baixas taxas de substituição em rações com alta proporção de concentrado, a CS não
compromete o desempenho quando comparada ao milho, por reduzir transtornos metabólicos, de tal
modo que aumenta a disponibilidade energética de outros nutrientes da ração. Porém, com altas taxas de
substituição (acima de 20% MS da ração) o desempenho pode ser comprometido (Ludden et al., 1995).
Os autores concluíram que, quando incluída em rações com alta proporção de ingredientes concentrados
em moderada ou altas quantidades de milho, a CS tem valor alimentar estimado de 74 a 80% do valor
do milho.
Nutricionalmente, Restle et al. (2004) relataram que a casca de soja, por apresentar elevado teor
de FDN, foi inicialmente estudada como uma opção para substituição da fração volumoso da dieta de
ruminantes. Entretanto, por apresentar elevada digestibilidade da FDN, proporcionar elevada produção
de ácidos graxos voláteis no rúmen, em razão da excelente fermentabilidade da fibra no rúmen (Bach et
al., 1999) e dos benefícios decorrentes da digestão da fibra da dieta total sobre o pH ruminal (Ludden et
al., 1995; Gomes, 1998), a casca de soja se destaca quanto ao seu potencial de uso na alimentação de
ruminantes em substituição aos grãos de cereais.
Turino et al. (2007) avaliaram a substituição da fibra em detergente neutro (FDN) do bagaço de
cana-de-açúcar in natura pela FDN da casca de soja (CS) sobre desempenho e as características de
carcaça. Os autores concluíram que a casca de soja promove melhor desempenho quando comparada ao
bagaço de cana-de-açúcar in natura e pode ser utilizada como fonte de fibra para cordeiros terminados
com dietas contendo alta proporção de concentrado.
Santos et al. (2008) avaliaram a utilização de quatro níveis de casca de soja (0,8,0; 16,0 ou
24,0%) em substituição ao fubá de milho (0, 25, 50 e 75%) em dietas para ovinos em confinamento.
Não foram observados efeitos dos níveis de casca de soja da dieta sobre o consumo de nutrientes, exceto
31
o de FDN, que aumentou linearmente de acordo com o nível de casca de soja na dieta. Os níveis de
casca de soja não influenciaram a digestibilidade dos nutrientes, o ganho de peso e a conversão
alimentar dos animais. O aumento do nível de casca de soja de 0 e 75% na dieta reduziu os gastos com
alimentação e aumentou a margem bruta de R$ 10,89 para R$ 18,63 por animal. A substituição de até
75% do fubá de milho por casca de soja na dieta não afeta o desempenho de ovinos em terminação em
confinamento.
Morais et al. (2007) estudaram os efeitos da substituição do feno de “Coastcross” por casca de
soja no desempenho de borregas da raça Santa Inês em confinamento. A casca de soja foi incluída nas
proporções de 0; 12,5; 25 e 37,5% da matéria seca das dietas. Os autores observaram que a casca de soja
adicionada em dietas para borregas em até 37,5% da MS melhora o desempenho, fazendo com que os
animais alcancem o peso de cobrição mais rápido.
32
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACORSI NETO, A. Efeito da uréia sobre o consumo e digestibilidade de três fenos de gramíneas
tropicais. Viçosa, 47 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Federal de Viçosa,1980. ALMEIDA JR., G.A.; COSTA, C.; MONTEIRO, A.L.G. et al. Desempenho, características de carcaça e
resultado econômico de cordeiros criados em creep feeding com silagem de grãos úmidos de milho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.4, p.1048-1059, 2004.
AKAI, V., TIKOFSKY, J.,HOLTZ, C,Y; DAWSON, K.A. Controlled release on non-protein nitrogen in the
rumen. In: NUTRITIONAL BIOTECHNOLOGY IN THE FEED NA FOOD INDUSTRIES ANNUAL SYMPOSIUM, 20.,2004, Proceedings…:Nottingham University Press, 2004.p.179-185.
ANDERSON, S.J.; MERRIL, J.K.; MCDONNELL, M.L.; KLOPFENSTEIN, T.J. Digestibility and
utilization of mechanically processed soybean hulls by lambs and steers. Journal of Animal Science, v.66, n.11, p.2965-2976, 1988.
ANUALPEC. Anuário da pecuária Brasileira. São Paulo: FNP consultoria e Comercio, p.249-251, 2005. AZEVEDO, E.B; PATIÑO, H.O; SILVEIRA, A.L.F; LOPEZ J.;BRUNING, G.; KOZLOSKI, V.
Incorporação de uréia encapsulada em suplementos protéicos fornecidos para novilhos alimentados com feno de baixa qualidade. Ciência Rural, v.38, n.5, p.1381-1387, 2008.
BACH, A.; et al. Effects of type of carbohydrate supplementation to lush pasture on microbial fermentation
in continuos culture. Journal of Dairy Science, v.82, p.153-160, 1999. BARRETO, C.M.; AZEVEDO, A.R.; SALES, R.O. et al. Desempenho de ovinos em terminação
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de dejetos de suínos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1858-1865, 2004. (supl.1).
BARROS, N.N.; VASCONCELOS, V.R.; ARAUJO, M.R.A; MARTINS, E.C. Influencia do grupo
genético e da alimentação sobre o desempenho de cordeiros em confinamento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, n.9, p.1111-1116, 2003
BARTLEY, E.E., C.W. DEYOE. Starea as a protein replacer for ruminants. A review of 10 years of
research. Feedstuffs, v. 47, p. 42-44, 1975. BERCHIELLI, T., PIRES, A.V, OLIVEIRA, S.G. Nutrição de ruminantes. Jaboticabal: Funep, 583p.
2006. BLOOMFIELD, R.A., CARNER, G.B., MUHRER, M.E. Kinetcs of urea metabolism in sheep. Journal
Animal Science, v.19, p.1248, 1960. BRODY, T. Nutritional biochemistry. San Diego: Academic Press, 1993. 658p.
CARARETO, R. Uso de uréia de liberação lenta para vacas alimentadas com silagem de milho ou pastagem de capim Elefante manejadas com intervalos fixos ou variáveis de desfolhas. 2007.113 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz – ESALQ/USP, Piracicaba, 2007.
CASS, J.L.; RICHARDSON, C.R.; SMITH, K.J. Evaluation of slow ammonia release from urea/calcium
compounds. Journal of Animal Science, v. 27, 1994. CASTRO, J.M.C.; SILVA, D.S.; MEDEIROS, A.N.; PIMENTA FILHO, E.C. Desempenho de cordeiros
Santa Inês alimentados com dietas completas contendo feno de maniçoba. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3, p.674-680, 2007.
33
COELHO da SILVA, J.F., LEÃO, M. Fundamentos da Nutrição dos Ruminantes. Piracicaba, ed. Livroceres, 1979, 384p.
COIMBRA, L.E.P. Avaliação dasubstituição do milho pela polpa cítrica em concentrados para
bezerros: desempenho e parâmetros da fermentação ruminais. 2002. 65f. Dissertação (Mestrado Zootecnia).
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Disponível em: www.conab.org.br. Acesso em: 22
de novembro de 2008. DINIZ, T.C.S; ALVES, J.B; ALVES, J.P.M; DINIZ, A.A; FERRAZ, M.L.P. Utilização de probiótico e
uréia protegida na alimentação de bovinos terminados em confinamento. 47° Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Salvador, BA – UFBA, 27 a 30 de julho de 2010.
EMERICK, R.J. Urea and nitrate intoxication. In: CHURCH, D.C. The ruminant animal – digestive
physiology and nutrition. New Jersey: Prentice Hall, 1988. p.551-556. EMETERIO, F.S. Effect of grinding and moisture level of corn grain on performance of lactating
dairy cows. 1998. Thesis (Doctor of Philosophy) – University of Winsconsin, Wisconsin.
EZEQUIEL, J.M.B.; CRUZ e SILVA, O.G.; GALATI, R.L.; WATANABE, P.W.; BIAGIOLI, B.; FATURI, C. Desempenho de novilhos Nelore alimentados com casca de soja ou farelo de gérmen de milho em substituição parcial ao milho moído. Revista Brasileira de Zootecnia., v.35, n.2, p.569-575, 2006.
FERREIRA, E.M. Substituição parcial do milho pela casca de soja na alimentação de cordeiros da raça Santa Inês em confinamento. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2008.
FERREIRA, R.N. et al. Liberação de nitrogênio amoniacal no rúmen com o uso de uréia encapsulada com
polímero (Optigen 1200 Alltec). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. 42., 2005, Goiânia. Anais...Goiânia: SBZ, 2005. CD-ROOM.
FORERO, O., OWENS, F.N., LUSBY, K.S.. Evaluation of slow-release urea for winter supplementation of
lactating range cows. Journal of Animal Science., v. 50, p. 532-538, 1980.
GABARRA, P.R. Digestibilidade de nutrientes e parâmetros ruminais e sanguíneos de novilhos Nelore alimentados com fontes protéicas e energéticas com diferentes degradabilidade ruminais. 2001. 109p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz. Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, 2001.
GALO, E. et al. Effects of a polymer-coated urea product on nitrogen metabolism in lactating holstein dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.86, n.6, p.2154-2162. 2003.
GOMES, I.P.O. Substituição do milho pela casca de soja em dietas com diferentes proporções de volumoso : concentrado para bovinos em confinamento. Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, 1998. 84p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, 1998.
GONÇALVES, A.P. Uso de uréia de liberação lenta em suplementos protéico-energéticos fornecidos a
bovinos recebendo forragens de baixa qualidade. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade de São Paulo – Pirassununga, 2006.
GRANT, R.J. Interactions among forages and nonforage fiber sources. Jornal of Dairy Science, Saroy,
v.80, n.7, p.1438-1446, 1997. GUIMARÃES Jr, R. et al. Uréia na alimentação de vacas leiteiras.Embrapa Cerrados, 2007. HALL, M.B. Neutral detergent-soluble carbohydrates, nutritional relevance and analysis. A
laboratory manual. Florida: University of Florida, 2000. 42p. (Bulletin 339).
34
HEJAZI, S.; FLUHARTY, F.L.; PERLEY, J.E.; LOERCH, S.C.; LOWE, G.D. Effects of processing and
dietary fiber source on feedlot performance, visceral organ weight, diet digestibility and nitrogen metabolism in lambs. Journal of Animal Science, Savoy, v.77, n.3, p.507-515, 1999.
HELMER, L. G.; BARTLEY, E. E.; DEYOE, C. W.; MEYER, R. M.; PFOST, H. B. Feed processing.
Effect of an expansion-processed mixture of grain and urea (Starea) on nitrogen utilization in vitro. Journal of Animal Science, v. 53, p. 330, 1970.
HENNING, P.H.; STEYN, D.G.; MEISSNER, H.H. Effect of synchronization of energy and nitrogen
supply on ruminal characteristics and microbial growth. Journal of Animal Science, Albany, v.71, p. 2516-2528, 1993.
HERREA-SALDANA, R.; HUBER,J.T.Influence of varying protein and starch degradabilities on
performance of lactating cows. Jornal of Dairy Science, Albany, v. 72,p 1477, 1989.
HOOVER, W. M., STOKES, S. R. Balancing Carbohydrates and proteins for optimum rumen microbial yield. Journal of Dariry Science, v.74, p.360-372, 1991.
HSU, J.T.; FALKNER, D.B.; GARLEB, K.A.; BARCLAY, R.A.; FAHEY, G.C.; BERGER, L.L.
Evaluation of corn fiber, cottonseed hulls, oat hulls and soybean hulls as roughage sources for ruminants. Journal of Animal Science, v.65, n.1, p.244-255, 1987.
HUNGATE, R.E. The rumen and Its microbes. New York: Academic Press, 1966, 533p. HUNTINGTON, G.B.; ARCHIBEQUE, S.L. Pratical aspects of urea and ammonia metabolism in
ruminants. In: AMERICAN SOCIETY OF ANIMAL SCIENCE, 1999, Raleigh. Procceedings…Raleigh: AMERICAN Society of Animal Science, 1999.p.1-11.
HUNTINGTON, G.B. Starch utilization by ruminants: from basics to the bunk. Journal of Animal
Science,v.75, n.4, p.852-867, 1997. HUNTINGTON, G.B. et al. Effects of a slow-release urea source on absorption of ammonia and
endogenous production of urea by cattle. Animal feed Science and Technology, v.130, n.3, p.225-241, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Censo Agropecuário. Disponível em:
www.ibge.org.br. Acesso em: 22 de novembro de 2008. IPHARREGUERRE, I.R.; CLARK, J.H. Review: Soyhulls as an alternative feed for lactating dairy cows: A
review. Journal of Dairy Science, v.86, n.4, p.1052-2073, 2003. KRAFT, G.; ORTIGUES-MARTY, I.; SAVARY-AUZELOUX, I. Splanchnic net release and body
retention of nitrogen in growing lambs fed diets unbalanced for energy and protein. In Energy and Protein Metabolism and Nutrition, Vichy, France. ORTIGUES-MARTY, I. (Ed.). Wageningen: Wageningen Academic Publishers, Netherkands, 2007. p.351-352.
KRAFT, G.; GRUFFAT, D.; DARDEVET, D.; REMOND, D.; ORTIGUES-MARTY, I.; SAVARY-
AUZELOUX, I. Nitrogen and energy imbalanced diets affect hepatic protein synthesis and gluconeogenesis differently in growing lambs. Journal of Animal Science, Albany, v.87, p.1747-1758, 2009.
LAPIERRE, H.; LOBLEY, G.E. Nitrogen recycling in the ruminant: a review. Journal of Animal Science,
v.84, suppl., p.E223-E236, 2001.
35
LÖEST, C. A.; TITGEMEYER, C. E.; LAMBERT, B. D.; TRATER, A. M. Urea and biuret as nonprotein nitrogen sources in cooked molasses blocks for steers fed prairie hay. Animal feed Science and technology, Amesterdan, v.94, p.115-126, 2001.
LUDDEN, P.A.; CECAVA, M.J.; HENDRIX, K.S. The value of soybean hulls as a replacement for corn in
beef cattle diets formulated with or without added fat. Journal of Animal Science, v.73, p.2706-2711, 1995.
MADRUGA, M.S; SOUSA, W.H.; ROSALES, M.D; et al. Qualidade da carne de cordeiros Santa Inês Terminados com diferentes Dietas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.1, p.309-315, 2005.
MATRAS, J.; BARTLE, S.J.; PRESTON, R.L. Nitrogen utilisation in growing lambs: effects of grain (starch) and protein sources with various rates of ruminal degradation. Journal of Animal Science, Albany, v.69, p. 339-347, 1991.
MENDES, C.Q. Fontes nitrogenadas com diferentes taxas de degradação ruminal na alimentação de ovinos. Tese (Doutorado) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2009.
MENDES, A.R.; EZEQUIEL, J.M.B.; GALATI, R.L. et al. Consumo e digestibilidade total e parcial de
dietas utilizando farelo de girassol e três fontes de energia em novilhos confinados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.679-691, 2005.
MERTENS, D.R.; LOFTEN, J.R. The effect of starch on forage fiber digestion kinetcs in vitro. Journal of
Dairy Science, Saroy, v.63, n.9, p.1437-1446, 1980. MERTENS, D.R. Analise da fibra e sua utilização na avaliação de alimentos e formulação de rações. In:
SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE RUMINANTES; REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 29., 1992, Lavras. Anais...Lavras: SBZ, 1992. P. 188-219.
MENEZES, D.R; ARAÚJO, G.G.L; SOCORRO E.P; OLIVEIRA R.L; BAGALDO A.R; SILVA, T.M;
L.G.R. PEREIRA. Níveis de uréia em dietas contendo co-produto de vitivinícolas e palma forrageira para ovinos Santa Inês. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.3, p.662-667, 2009.
MORAIS, J.B. Substituição do feno de “coastcross” por casca de soja na alimentação de borregas
confinadas. (Dissertação de Mestrado), Piracicaba, 2003. 63p. MORAIS, J.B.; SUSIN, I.; PIRES, A.V.; MENDES, C.Q.; OLIVEIRA, R.C. Substituição do feno de
“coastcross” por casca de soja na alimentação de borregas confinadas. Ciência Rural, v.37, n.4, p. 1073-1078. 2007.
MULLIGAN, F.P.; O’MARA, F.P.; CAFFREY, P.J.; RATH, M.; CALLAN, J.; FLYNN, B. The effect of
feeding level on the retention time and degradability of soya hulls. In: O’KILEY, O P.; STOREY, T, T.; COLLINS, J.F. (ed). Proceedings agricultural research forum Dublin: Faculty of Agriculture, 1999. p. 135-136.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC.Nutrient requirements of ruminants: Sheep, Goats, Cervids, and New World Camelids. Washington, D.C.: National Academy Press, 2007. 384p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL.Urea and other non protein nitrogen compounds in animal nutrition.Washington: National Academy of Sciences, 1989.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL.Nutrient requirements of dairy cattle. 7 ed. Washington, D.C.:
National Academy Press, 2001. 381p. NEWBOLD, J.R; RUST, S.R. Effects of synchronous nitrogen and enery supply on growth of ruminal
bacteria in batch culture. Journal of Animal Science, Albany, v.70, p.538-546, 1992.
36
OJIMA, A.L.R.O. et. al. Caprinos e ovinos em São Paulo atraem argentinos. Instituto de Economia
Agrícola. São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.capritec.com.br/pdf/Caprinos%20e%20ovinos%20em%20S%E3o%20Paulo%20atraem%20argentinos.pdf . Acesso em: 03 fev. 2011.
OLIVEIRA, P. T. L; ARAÚJO, G. G. L; VOLTOLINI, T. V; TURCO, S.H. N; MORAES, S. A;
OLIVEIRA, G. F. Desempenho produtivo de ovinos em pastejo suplementados com misturas múltiplas contendo diferentes teores de uréia. V Congresso Nordestino de Produção Animal. Aracaju – Se, 2008.
OLIVEIRA, J.A.de. Programa para desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura na região
Nordeste do Brasil. Fortaleza: Banco do Nordeste, 1999. 61.p. ØRSKOV, E.R. Starch digestion and utilization in ruminants. Journal of Animal Science,v.63, n.5, p.1624-
1633,1986. OWENS, F.N., LUSBY, K.S., MIZWICKI, K., FORERO, O. Slow ammonia release from urea rumen and
metabolism studies. Journal Animal Science, v.50: p. 527-31, 1980. OWENS, F.N.; ZINN, R. A. Protein metabolism of ruminant animals. In: The Ruminant Animal, Digestive
Physiology and Nutrition (D.C. Church, ed). Prentice Hall, Englewood Cliffs, NJ, USA, p. 227-249, 1988.
OTTO, C.; SÁ, J.L.; WOEEHL, A.H.; CASTRO,J.A. Estudo econômico da terminação de cordeiros a pasto
e em confinamento. Revista Setor de Ciências Agrárias, v.16, n1-2, p.223-227, 1997. PAIXÃO, M.L.; VALADARES FILHO, S.C.; LEÃO, M.I. et al. Uréia em dietas para bovinos: consumo,
digestibilidade dos nutrientes, ganho de peso, características de carcaça e produção microbiana. Revista Brasileira de Zootecnia.v.35, n.6, p.2451-2460, 2006.
PARRÉ, C. Utilização da uréia e da zeolita na alimentação de ovinos. 1995. 96 p. Tese (Doutorado em
Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista”Julio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, 1995.
PEDROSO, A,M.; SANTOS, F.A.P; BITTAR,C.M.M; PIRES, A.V; MARTINEZ, J.C. Substituição do
milho moído por casca de soja na ração de vacas leiteiras em confinamento. Revista brasileira de zootecnia, Viçosa, v. 36, n. 5,p. 1651-1657, 2007.
PIRES, C.C.; ARAÚJO, J.R.; BERNARDES, R.A.C. et al. Desempenho e características da carcaça de
cordeiros de três grupos genéticos abatidos ao mesmo estágio de maturidade. Ciência Rural, v.29, n.1, p.155-158, 1999.
PIRES, C.C.; SILVA, L.F.; SCHLICK, F.E. et al. Terminação de cordeiros em confinamento. Ciência
Rural, v.30, n.5,p.875-880, 2000.
PORDOMINGO, A.J.; WALLACE, J.D.; FREEMAN, A.S. Supplement corn grain for steers grazing native rangeland diring summer. Journal of Animal Science, Savoy, v.69, n.4, p.1678-1687, 1991.
PROKOP, M.J.; T.J. KLOPFENSTEIN. Slow ammonia release urea. Nebraska Beef Cattle Report, p.77-218, 1977.
RESTLE, J.; FATURI, C.; FILHO, D.C.A. et al. Substituição do grão de sorgo por casca de soja na dieta de
novilhos terminados em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.4, p.1009-1015, 2004.
37
RESTLE, J.; PASCOAL, L.L.; ROSA, J.R.P.; FREITAS, A.K. de FILHO, D.C.A.; BRONDANI, I.L.; PACHECO, P.S.; MENEZES, F.G. de. Fontes energéticas para bezerros de corte desmamados aos 80 dias de idade. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.35, n. 3, p.1136-1145, 2006.
RODRIGUES, A.A. Utilização de nitrogênio não protéico em dietas de ruminantes. In: V SIMPOSIO
GOIANO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E LEITE, Goiânia [Anais...] Goiânia: CNBA, 2003.
RUSSELL, J.B. et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: I. Ruminal
fermentation. Journal of Animal Science, v. 70, n. 11, p. 3551-3561, 1992a. RUSSEL, J. B.; O’CONNOR, J. D.; FOX, D. G.; VAN SOEST, P. J.; SNIFFEN, C. J. A net carbohydrate
and protein system for evaluating cattle diets: I. Ruminal fermentation. Journal of Animal Science, v.70, p.3551-3561, 1992b.
SÁ, C.O; SÁ, J.L; MUNIZ, E.N; COSTA, C.X. Aspectos técnicos e econômicos da terminação de cordeiros
a pasto e em confinamento. Tecnologia & Ciência Agropecuária., João Pessoa, v.2, n.3, p.47-55, 2008.
SANTOS, J.F. Respostas de vacas leiteiras a substituição parcial de farelo de soja por uréia
encapsulada. 2009. 66f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. SANTOS, F.A.P. Metabolismo de Proteínas. In. Nutrição de Ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2006.p.538-
601. SANTOS, G.T, CAVALIERI, F.L.B; MODESTO, L.C. Recentes avanços em nitrogênio não protéico na
nutrição de vacas leiteiras. In:SIMPÓSIO INTERNACIONAL EM BOVINOCULTURA DE LEITE: NOVOS CONCEITOS EM NUTRIÇÃO, 2; 2001, Lavras. Anais...Lavras: UFLA, 2001. P.199-228.
SANTOS, J.W.; CABRAL, L.S.; ZERVOUDAKIS, J.T; SOUSA, A.L; ABREU, J.G; BAUER, M.O. Casca de soja em dietas para ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia., v.37, n.11, p.2049-2055, 2008.
SANTOS, J.F; DIAS JUNIOR, G.S; BITENCOURT, L.L; LOPES, N.M. Resposta de vacas leiteiras à substituição parcial de farelo de soja por uréia encapsulada. Arq. Brás. Med. Zootec., v.63, n.2, p.423-432, 2011.
SARWAR, M.; FIRKINS, J.L.; EASTRIDGE, M.L. Effects of varying forage and concentrate
carbohydrates on nutrient digestibilities and milk production by dairy cows. Journal of Dairy Science, v.75, p. 1533-1542, 1992.
SILVA SOBRINHO, A.G. Produção de Cordeiros em Pastagens. In: Simpósio Mineiro de Ovinocultura:
Produção de Carne no Contexto Atual (1:2001:lavras, mg). Anais... Lavras: ufla, 2001. SILVA, D.C. da.; KAZAMA, R.; FAUSTINO, J.O.; ZAMBOM, M.A.; SANTOS, G.T. dos.; BRANCO,
A.F. Digestibilidade in vitro e degradabilidade in situ da casca do grão de soja, resíduo de soja e casca de algodão. Acta Scientiarum, Maringá, v.26, p.501-506, 2004.
SIMPLÍCIO, A.A. A caprino-ovinocultura na visão do agronegocio. Revista do Conselho Federal de
Medicina Veterinária, n.24, p.15-18, 2001. SIQUEIRA, E.R.; AMARANTE, A.F.T.; FERNANDES, S. Estudo comparativo da recria de cordeiros em
confinamento e pastagem. Veterinária e Zootecnia, v.5, p.17-28, 1993. SIQUEIRA, E.R.; SIMÕES, C.D.; FERNANDES, S. Efeito do sexo e do peso ao abate sobre a produção de
carne de cordeiros. Morfometria da carcaça, peso dos cortes, composição tecidual e componentes não constituintes da carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.4, p.1299-1307, 2001
38
SMITH, K.A.; FROST, J.P. Nitrogen excretion by farm livestock with respect to land spreading requirements and controlling nitrogen losses to ground and surface waters: part 1: cattle and sheep. Liv. Prod. Sci., v.71, p.173-181, 2000.
SOUZA, P.P.S; SIQUEIR, E.R; MAESTÁ, S.A. Ganho de peso, características de carcaça e dos demais
componentes corporais de cordeiros confinados, alimentados com distintos teores de uréia. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, p.1185-1190, 2004.
SOUSA, V.L.S; ALMEIDA, R; SILVA, D.F.F.S; PIEKARKI, P.R.B; JESUS, C.P. Substituição parcial de
farelo de soja por uréia protegida na produção e composição de leite. Arquivo Brasileiro Med. Zootec., v.62, n.6, p.1415-1422, 2010.
TAMBARA, A.A.C.; OLIVO, C.C.J.; PIRES, M.B.G.; SANCHEZ, LM.B. Avalicao in vivo da
digestibilidade da casca do grão de soja moída com ovinos. Ciência Rural, Santa Maria, v.25, n.2, p.283-287, 1995.
TAMMINGA, S. Nutrition management of dairy cows as a contribution to pollution control. Journal of
Dairy Science., v.75, p.345-357, 1992. TEIXEIRA, J.C.Nutrição de Ruminantes. Lavras: UFLA/FAEP, 1997, 239 P. TITO, E.A.L, NOGUEIRA FILHO, J.C., BIZUTTI, O., FUKUSHIMA, R.S. Substituição parcial do farelo
de soja (Glycine max Merril) pela uréia em rações para cordeiros (Ovis áries L.) em crescimento: digestibilidade aparente e balanço nitrogenado. ARS VETERINARIA, 15(1): 61-66, 1999.
TURINO, V.F.; SUSIN, I.; PIRES, A.V.; MENDES, C.Q.; MORAIS, J.B. de; OLIVEIRA JUNIOR, R.C.
de. Casca de soja na alimentação de cordeiros confinados: desempenho e características da carcaça. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v.8, p.495-503, 2007.
VASCONCELOS, S.H.L.; BRAGA, P.A. RIBEIRO, H.U. et al. Desenvolvimento corporal de ovinos Santa
Inês, arraçoados durante o período seco no semi-árido do RN. IIn: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37., 2000, Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2000. (CD-ROM).
Van SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell University Press, 1994. 476p. VIDAL, M. F.; DA SILVA, L. A. C.; SOUSA NETO, J. ; et al. Análise econômica de confinamento de
ovinos: o uso da uréia em substituição à cama de frango e a dietas a base de milho e soja. Ciência Rural, v.34, n.2, p.493-498, 2004
YAMAMOTO, S. M.; MACEDO, F. A. F. DE, ZUNDT, M, et al. Fontes de Óleo Vegetal na Dieta de
Cordeiros em Confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.703-710, 2005.
WATTIAUX, M.A. Guia técnico de pecuária leiteira: Nutrição e alimentação. Madison: Instituto Babcock, 1998, 128p
ZAMBOM, M.A.; SANTOS, G.T.; MODESTO, E.C. Valor nutricional da casca do grão de soja, farelo de
soja e milho moído e farelo de trigo para bovinos. Acta Scientiarum, v.23, n.4, p.937-943, 2001.
ZERVAS, G.; FEGEROS, K.; KOYSTSOTOLIS, C.;GOULAS, C.; MANTZIOS, A. Soy hulls as a replacement for maize in lacteting dairy ewe diets with or without dietary fat supplements. Animal Feed Science and Technology, v.76, p.65-75, 1998.
39
Capitulo 1
Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Desempenho,
digestibilidade e medidas biométricas
RESUMO
O objetivo neste experimento foi avaliar o efeito da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o desempenho, digestibilidade, e medidas biométricas de ovinos da raça Santa Inês. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg ( 1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL Optigem ®), associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). O experimento foi dividido em duas etapas a primeira para avaliar o desempenho e o crescimento dos animais, teve uma duração de 63 dias, divididos em três subperíodos de 21 dias. A segunda etapa teve objetivo de avaliar a digestibilidade aparente dos nutrientes, teve duração de 8 dias sendo 3 dias de adaptação e 5 dias de coleta total de fezes. As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. Não foram observados efeitos da substituição da UC pela ULL e do milho pela CS sobre o consumo de nutrientes, exceto do FDN e do FDA, que aumentaram nos tratamentos com casca de soja. A substituição da UC pela ULL e do milho pela CS não influenciaram a digestibilidade dos nutrientes, ganho médio de peso corporal, conversão alimentar dos animais e medidas biométricas. A substituição parcial da uréia convencional pela de liberação lenta bem como a substituição parcial do milho pela casca de soja em dietas para ovinos em confinamento não afeta o desempenho dos animais e a digestibilidade aparente dos nutrientes.
Palavras-chave: casca de soja, desempenho, digestibilidade, medidas biométricas, uréia de liberação
lenta.
40
ABSTRACT
The objective of this trial was to evaluate the effect of partial replacement of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on performance, digestibility, and biometric measurements of Santa Ines sheep. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL Optigem ®), associated with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets: UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80% ) + M (50%) + CS (50%). The experiment was divided into two stages the first to evaluate the performance and growth of animals, lasted 63 days, divided into three sub-periods of 21 days. The second stage was to evaluate the apparent digestibility of nutrients, lasted 8 days and 3 days for adaptation and 5 days of total collection of feces. The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. There were no effects of the replacement of the UC ULL by CS and corn on the consumption of nutrients, except for NDF and ADF, which increased in treatments with soybean hulls. The replacement of the UC ULL and corn by CS did not influence the digestibility of nutrients, the mean body weight gain, feed conversion of animals and biometric measurements. The partial substitution of urea by conventional slow-release and the partial replacement of corn by soybean hulls in diets in confinement does not affect animal performance and apparent digestibility of nutrients. Keywords: soybean hulls, performance, digestibility, biometric measurements, slow-release urea.
41
1.1 - INTRODUÇÃO
A uréia é amplamente utilizada pelo seu baixo custo por unidade de nutriente, sendo utilizada
na substituição parcial de fontes de proteína verdadeira. Porém, sua alta taxa de hidrolise se torna um
problema pela rápida liberação de amônia pelo acumulo de N-NH3 no rúmen, que precisa ser absorvida
e levada ao fígado para metabolização e conversão em uréia, forma pela qual é excretada pela urina ou
reciclada pela parede ruminal e saliva. Entretanto, este processo gasta energia, diminuindo a
disponibilidade de energia para o animal. Quando absorvida em grande quantidade, a amônia pode
exceder a capacidade hepática de detoxificação, acumular-se no sangue e causar intoxicação, podendo
levar a morte do animal. Por tudo isso se torna necessário um período de adaptação dos animais por
ocasião da inclusão de uréia na dieta (Emerick, 1988).
Segundo Azevedo et al. (2008) a alta taxa de hidrolise ruminal, associada à necessidade de
adaptação dos animais à alimentação com uréia, tem impulsionado o desenvolvimento de produtos que
liberem essa uréia mais lentamente no rúmen, mas estas alternativas são geralmente mais caras do que a
uréia.
Conforme Rodrigues (2003) a uréia é a fonte de nitrogênio-não-protéico (NNP) mais utilizada
na substituição de fontes de proteína verdadeira. Uma vez no rúmen, ela é solubilizada e degradada pela
uréase microbiana a nitrogênio amoniacal. Na presença de energia disponível, ela será utilizada pelos
microorganismos do rúmen para a produção de proteína e multiplicação microbiana. Entretanto a uréia
apresenta rápida solubilização, sendo que 30 a 40% do N são perdidos, não acontecendo ótima
sincronização.
De acordo com Carareto (2007) com o objetivo de sincronizar a produção ruminal de amônia
com a energia no rúmen, nas ultimas 4 décadas esforços foram direcionados na tentativa de desenvolver
compostos de liberação controlada de N. A Optigem ® é uréia peletizada, recoberta por um polímero
biodegradável capaz de liberação controlada. Trata-se de uma fonte altamente concentrada de nitrogênio
(42% de N), que pode alterar a função ruminal, fornecendo nitrogênio às bactérias dos ruminantes numa
velocidade que otimiza sua conversão em proteína microbiana (Akay et al., 2004).
Conforme Gonçalves (2006) a degradabilidade da proteína bruta da uréia de liberação lenta
(Optigen®), apresenta uma curva de liberação semelhante ao do farelo de soja. A degradação do
Optigen no rúmen leva de 16 a 24 h, sendo a sua solubilização lenta e constante, seguindo um padrão
mais semelhante ao da soja e do refinazil, enquanto a uréia é imediatamente solúvel.
Akay et al. (2004), avaliaram a utilização in situ do nitrogênio da uréia encapsulada
(Optigen®) com a uréia e soja em grãos. A degradação in situ do Optigen® teve uma velocidade
intermediaria de utilização durante as primeiras 16 hs de fermentação ruminal, seguindo-se uma
velocidade mais lenta de utilização, de 16 a 30 hs. Esse padrão de utilização em duas fases assemelhou-
se ao observado para a soja.
No entanto, os resultados do uso da uréia de liberação lenta são bastante variáveis. Os ensaios
de liberação de amônia in situ são favoráveis ao uso do produto, pois comprovam uma liberação mais
42
gradual (Ferreira et al., 2005), assim como trabalhos de avaliação metabólica (Huntington et al., 2006).
No entanto, em experimentos de consumo, digestibilidade e desempenho não têm sido verificadas
vantagens no uso de uréia de liberação lenta se comparado à uréia comum (Galo et al., 2003).
Porem Akay et al. (2004) avaliaram o desempenho com 220 vacas leiteiras recebendo uma
dieta controle, e outra com Optigen®. A dieta com uréia de liberação controlada foi reformulada,
retirando parte da proteína verdadeira, porém mantendo as dietas iso-protéicas e iso-energética. As
vacas recebendo a dieta reformulada propiciou um incremento na ordem de 9% na produção.
Em um segundo experimento com 240 vacas, Akay et al. (2004) observaram que as vacas
recebendo dietas formuladas com uréia de liberação controlada apresentaram uma redução no consumo
de MS de 0,89 kg de MS. Entretanto houve um aumento no teor de gordura, sem alterar a produção de
leite, o que conferiu maior eficiência de conversão para as vacas recebendo a uréia encapsulada.
Diniz et al. (2010) avaliaram os efeitos da utilização de probiótico e de uréia protegida na
alimentação de novilhos confinados. Os animais do tratamento que recebeu ração com probiotico e
uréia protegida apresentaram maior ganho de peso (P<0,01) e maior rentabilidade que os animais dos
demais tratamentos.
De acordo com Pedroso et al. (2007) a crescente demanda pela utilização mais racional e
sustentável dos recursos alimentícios em todo o mundo tem aumentado o numero de pesquisas sobre a
utilização de ingredientes alternativos na nutrição animal como forma de evitar a utilização de alimentos
usados em larga escala na alimentação humana. Neste contexto, a substituição de grãos de cereais, em
especial o milho, por outras fontes de energia na alimentação de ruminantes torna-se de grande
importância. Entre as possibilidades, a casca de soja constitui alternativa para substituir, em parte o
milho em grão em dietas em ovinos em confinamento.
Do ponto de vista nutricional a casca de soja é classificada como um concentrado energético,
apresentando cerca de 76% do valor energético do milho, porem com maior teor de fibra em detergente
neutro (FDN).O milho rico em amido (65 a 67% da MS) é o alimento energético mais usado na
alimentação animal. A casca de soja apresenta um alto teor de fibra 60,3% FDN na MS porem apresenta
uma fração fibrosa pouco lignificada (1,4 a 3,9%), com o teor de amido variando entre 0 a 9,4% e com
teores médios de pectina 12,8% na MS (NRC, 2001).
Nutricionalmente, Restle et al. (2004) relataram que a casca de soja, por apresentar elevado teor
de FDN, foi inicialmente estudada como uma opção para substituição da fração do volumoso da dieta de
ruminantes. Entretanto, por apresentar elevada digestibilidade da FDN, proporcionar elevada produção
de ácidos graxos voláteis no rúmen, em razão da excelente fermentabilidade da fibra no rúmen (Bach et
al., 1999) e dos benefícios decorrentes da digestão da fibra da dieta total sobre o pH ruminal (Ludden et
al., 1995; Gomes, 1998), a casca de soja se destaca quanto ao seu potencial de uso na alimentação de
ruminantes em substituição aos grãos de cereais.
Conforme Russell et al. (1992) e Firkins (1996) para a otimização da produção de proteína
microbiana é necessária a sincronização entre a disponibilidade de energia e compostos nitrogenados no
ambiente ruminal.
43
Pesquisas sobre uso de diferentes fontes de NNP (uréia convencional ou de liberação lenta)
associados a diferentes tipos de alimentos energéticos como milho (rico em amido) e casca de soja (rico
em pectina) são necessárias para gerar informações que contribuam para uma correto balanceamento de
dietas para ovinos confinados contribuindo então para o aumento da produção e com a redução dos
custos de produção. O objetivo neste estudo foi avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia
convencional pela uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por 50% de casca
de soja, na dieta de ovinos confinados, sobre o desempenho, digestibilidade aparente de nutrientes e
medidas biométricas.
1.2 - MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nas instalações do setor de Ovino-caprinocultura, da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga - BA, localizada a 15º 09’
07” de latitude sul, 40º 15’ 32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura
media anual de 27ºC e com altitude média de 268 m, durante os meses de junho a setembro de 2010.
Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, machos não castrados, com peso vivo inicial
de 21,54 kg (1,95) e quatro meses de idade. Previamente ao inicio do experimento todos os cordeiros
foram vermifugados, vacinados contra clostridioses, identificados, pesados e distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. O período
experimental foi de 63 dias, composto de três sub-períodos de 21 dias, sendo precedido de 15 dias de
adaptação as dietas e ao ambiente.
Os animais foram confinados em baias individuais, cobertas suspensas, com piso de madeira
ripado providas de comedouros e bebedouros. Foram pesados e tomadas as medidas biométricas no
inicio e no final do experimento, após jejum alimentar de 16 horas, foram feitas também pesagens e
medições intermediarias a cada 21 dias, para determinação do ganho de peso médio diário (GMD) e
avaliação do crescimento.
Os animais foram colocados sobre uma superfície plana para determinação da condição
corporal e das medidas biométricas. A condição corporal foi determinada pela atribuição de escore,
utilizando-se escala de 0 a 5 pontos (0 = animal extremamente magro e 5 = animal gordo), e mediante
visualização e palpação da coluna vertebral logo após o 13° par de costelas.
As medidas biométricas foram obtidas utilizando-se uma fita métrica e uma régua de madeira.
Foram tomadas as seguintes medidas: comprimento corporal – distância entre a articulação
cervicotorácica e a base da cauda; altura anterior - distância entre a região da cernelha e a extremidade
distal do membro anterior; altura posterior - distância entre a tuberosidade sacral, na garupa, e a
extremidade distal do membro posterior; perímetro torácico -perímetro tomando-se como base o esterno
e a cernelha, passando por trás da paleta; largura da garupa - distância entre os trocânteres maiores dos
fêmures; largura do peito - distância entre as faces das articulações escápuloumerais; comprimento de
perna – distancia entre o trocanter maior do fêmur e o bordo da articulação tarsometatarsiana.
44
As rações experimentais foram definidas com a utilização de uréia convencional ou uréia
convencional substituída por 80% de uréia de liberação lenta em rações contendo milho ou milho
substituído por 50% de casca de soja. Os tratamentos foram T1 = Uréia convencional (UC) + Milho
(M); T2 = UC (20%):Uréia de liberação lenta (ULL 80%) + M; T3 = UC + M (50%): Casca de soja
(CS 50%); T4 = UC (20%) + ULL (80%) + M (50%):CS(50%).
As dietas experimentais, isoproteicas e isoenergeticas foram formuladas para atender às
exigências nutricionais de cordeiros de porte médio, com base no NRC (2007), para um ganho de
100g/dia. A ração foi distribuída duas vezes ao dia, pela manhã, às 07h:00, e à tarde, às 16h:00, com
água disponível todo o tempo. A quantidade de alimento fornecido foi reajustada conforme o consumo
do dia anterior, permitindo uma disponibilidade entre 5 e 10% de sobras como margem de segurança.
Diariamente, foi registrada a quantidade de ração oferecida e as sobras foram retiradas individualmente
e pesadas, objetivando avaliar o consumo médio diário. O consumo de nutrientes foi calculado através
da fórmula:
CN = [(MSo x NMSo) – (MSS x NMSS)]/100
Em que:
CN = consumo de nutrientes (g)
MSo = matéria seca oferecida (g)
MSs = matéria seca das sobras (g)
NMSo = nutriente na matéria seca oferecida (%)
NMSs = nutriente na matéria seca das sobras (%)
Os animais receberam dietas contendo 60% de volumoso e 40% de ração concentrada. O
volumoso utilizado foi o feno de coastcross (Cynodon dactilon). Para compor os concentrados foram
utilizados: milho, casca de soja, melaço, uréia convencional, uréia de liberação lenta (Optigen®), e
mistura mineral. A mistura entre volumoso e o concentrado foi realizada no momento do fornecimento
da alimentação. A composição percentual dos ingredientes e a composição bromatologica das dietas
encontram-se na Tabela 1.
O feno foi picado utilizando-se picador moedor provido de peneira com crivos de 3,0cm. Todos
os ingredientes previamente pesados foram homogeneizados em um misturador horizontal com
capacidade de 500kg.
Amostras das dietas e sobras foram coletadas semanalmente e armazenadas em freezer com
temperatura a -10ºC até ocasião das análises laboratoriais. Ao final do ensaio, foram feitas amostras
compostas por período, submetidas a analises bromatológicas no laboratório de Pastagem e Nutrição
Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. As amostras do feno, concentrado,
sobras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC, durante 72 horas. Em seguida, foram
homogeneizadas para confecção das amostras compostas por animal e moídas em moinho tipo Willey,
utilizando-se peneira com crivos de 1 mm.
45
As análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), nitrogênio total, fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), nitrogênio
insolúvel em detergente neutro (NIDN) foram realizadas segundo os procedimentos descritos por Silva
e Queiroz (2002). Os teores de carboidratos totais (CHOT) foram calculados segundo a equação
proposta por Sniffen et al. (1992).
CHOT = 100 - (%PB + %EE + %MM);
em que:
CHOT = carboidratos totais (%MS);
PB = teor de PB (%MS);
EE = teor de EE (%MS);
MM = teor de MM (%MS).
Os teores de CNF em amostras de alimentos, sobras e fezes foram avaliados por meio da equação
proposta por Hall (2000). Como nas dietas foram utilizadas uréia como fonte de nitrogênio, os teores
dietéticos de CNF foram estimados por adaptação à proposição pelo mesmo autor:
CNF= 100 - (PB + EE + MM + FDNcp)
CNF = 100 − [(PB − PBu +U) + EE + MM + FDNcp];
em que:
CNF = teor estimado de CNF (%MS);
PB = teor de PB (%MS);
EE = teor de EE (%MS);
MM = teor de MM (%MS);
FDNcp = teor de FDN corrigido para cinzas e proteína (%MS);
PBu = teor de PB proveniente da uréia (%MS);
U = teor de uréia (%MS).
46
Tabela 1 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos Milho Casca de soja + Milho
Ingredientes UC
UC:ULL (20:80) UC UC:ULL
(20:80)
Feno de coastcross 60,00 60,00 60,00 60,00
Milho moído 32,80 32,64 16,40 16,32
Casca de soja - - 16,32 16,40
Uréia 1,70 0,34 1,70 0,34
ULL - 1,36 - 1,36
Melaço 4,00 4,00 4,00 4,00
Mistura mineral1 1,50 1,50 1,50 1,50
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
¹ Composição: Cálcio (0,48%); Fósforo (0,35%), Sódio (0,59%); Enxofre (0,072%); Cobre (590 ppm);Cobalto (40 ppm); Cromo (20 ppm); Ferro (1800 ppm); Iodo (80 ppm); Manganês (1300 ppm); Selênio ( 15 ppm); Zinco (3800 ppm); Molibdênio (300 ppm).
Tabela 2 - Composição química das dietas experimentais (% MS) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes
UC UC:ULL (20:80) UC UC:ULL (20:80)
PB (%MS) 11,58 11,54 11,29 11,56
EE (%MS) 1,30 1,29 1,14 1,37
FDA (%MS) 41,79 45,73 40,69 44,77
FDN (%MS) 64,40 67,20 64,34 67,15
CHOT (%MS) 79,24 79,66 79,92 79,13
CNF (%MS) 16,43 14,06 17,16 14,73
MM (%MS) 7,74 7,50 7,64 7,94
MO (%MS) 92,26 92,50 92,36 92,06
FDNcp (%MS) 63,64 66,43 63,58 66,40
NDT (%MS)2 64,39 63,77 64,62 60,58
² NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD.
Ao final do ensaio de desempenho, utilizando as mesmas instalações e os mesmos animais, foi
avaliada a digestibilidade aparente dos nutrientes. Para tanto foi realizado um estudo de digestibilidade
com os mesmos animais recebendo as mesmas dietas experimentais, os quais passaram por um período
de três dias de adaptação as sacolas e cinco dias de coleta total de fezes. Durante os cinco dias de
47
coletas, diariamente foram anotadas a quantidade de alimento oferecido e as sobras para cada animal,
além da amostragem dos ingredientes oferecidos. Todos os dias as rações foram pesadas em balança
eletrônica com precisão de 5 g e ofertadas ad libitum as 7 e as 16 horas, a quantidade de ração ofertada
foi ajustada, de forma a permitir sobras de 5 a 10% da quantidade ofertada.
As 7 horas da manha, foram pesadas as sobras de ração, para obtenção do consumo de matéria
seca (CMS) por animal. No mesmo horário, diariamente, as fezes foram quantificadas. Para colheita de
fezes, foram adaptados arreios, que contem uma bolsa colhedora de fezes, com objetivo de evitar
mistura de fezes e urina.
Amostras de 10% da ração ofertada e das sobras foram colhidas, compostas por animal e
armazenadas a – 20 C. As fezes foram coletadas diariamente durante 5 dias; a produção total teve o
peso registrado, com reserva de 20% do total coletado. Ao final, foi preparada uma amostra composta
por animal que foi embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -20°C. As amostras foram
descongeladas e secas em estufa de ventilação forçada (55C) por 72 horas, e moídas em moinho tipo
Wiley com peneiras com crivos de 1 mm e acondicionadas para analises laboratoriais. Todas as
amostras foram analisadas no Laboratório de Pastagem e Nutrição Animal da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia – UESB.
As análises bromatológicas (MS, Cinzas, PB, EE, FDN, FDA, NIDN, NIDA) foram feitas
seguindo os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002).
O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) observado foi obtido a partir da equação somativa:
NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD;
em que:
PBD = proteína bruta digestível;
EED = extrato etéreo digestível
FDNcpD = fibra em detergente neutro (corrigida para cinzas e proteína) digestível
CNFD = carboidratos não-fibrosos digestíveis.
A digestibilidade aparente dos nutrientes no trato digestorio total (DATT) foi calculado pelas
formulas que seguem: DATT (%) = [(nutriente consumido – nutriente excretado) / nutriente consumido]
x 100.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro tratamentos e
seis repetições. Com 24 animais distribuídos em quatro tratamentos: Uréia convencional + Milho (UC +
M); Uréia convencional + Uréia de Liberação lenta + milho (UC(20%) + ULL(80%) + M); Uréia
convencional + milho + casca de soja (UC + M (50%) + CS (50%)) e Uréia convencional + Uréia de
Liberação lenta + Milho + Casca de soja (UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%)).
Os dados foram submetidos à analise de variância pelo procedimento GLM do Statistical
Analysis Systems (1996), aplicando-se o teste Tukey a 5% de probabilidade, para comparação das
médias, após avaliadas as normalidades dos erros.
48
1.3 - RESULTADO E DISCUSSÃO
As médias e os coeficientes de variação para consumo de matéria seca (CMS) em g/dia, %PV,
g/kg PV0,75, proteína bruta (CPB), extrato etéreo (CEE), fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em
detergente acido (CFDA), carboidrato não fibroso (CCNF), carboidrato total (CCHOT), consumo de
nutrientes digestíveis totais (CNDT) estão apresentados na Tabela 3.
A ingestão média de matéria seca de 856,97 g/dia e 3,45 % do PV se encontram dentro do
recomendado pelo NRC (2007), para cordeiros em crescimento.
O consumo médio de PB e de NDT foi de 103,99 e 548,11 g/dia respectivamente. Conforme o
NRC (2007) esse consumo de PB e de NDT seria o suficiente para atender os requisitos nutricionais de
cordeiros com 20 kg de peso corporal com ganho de peso médio diário de 150 g.
Milton et al., (1997) afirmaram que o aumento da concentração de uréia na ração pode reduzir a
quantidade de MS ingerida. Entretanto no presente estudo o CMS não foi alterado pelos altos níveis de
uréia na ração.
Tabela 3 - Consumo de matéria seca (CMS g/dia, % do peso corporal e em relação ao peso metabólico PV0,75), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de FDN (CFDN), consumo de FDA (CFDA), consumo de extrato etéreo (CEE), consumo de carboidratos totais (CCHOT), consumo de carboidrato não fibroso (CCNF), consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) e seus coeficientes de variação.
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
CMS (g/dia) 874,64a 779,47ª 886,92a 922,85ª 13,01
CMSPV (%PV) 3,43ª 3,29ª 3,55a 3,56ª 8,58
CMSPM (g/kg0,75) 77,13a 72,58ª 79,40a 80,30ª 9,02
CPB (g/dia) 108,14a 96,56ª 101,36a 110,07ª 12,68
CEE (g/dia) 11,49a 10,22ª 9,86a 12,97ª 13,59
CFDN (g/dia) 501,93b 449,25b 621,24a 646,92ª 13,31
CFDA (g/dia) 340,40b 293,20b 391,97a 395,59ª 13,36
CCHOT (g/dia) 682,85a 610,64ª 702,80a 723,02ª 13,11
CNDT (g/dia) 563,18a 497,07ª 573,13a 559,06ª 12,94
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Não houve efeito da substituição da uréia convencional por uréia de liberação lenta, sobre o
CMS em g/dia, %PV , g/kg PV0,75 , CPB, CEE, CHOT, NDT. Pode-se inferir que a substituição da uréia
tradicional por uma de liberação lenta, não afetou o consumo de alimentos por ovinos. Dessa forma, nas
condições representadas por este estudo, a uréia de liberação lenta é um produto que pode ser oferecido,
sem que haja prejuízos na ingestão de nutrientes, sendo seu uso condicionado ao custo.
Resultados semelhantes foram observados por Tedeschi et al. (2002) que testaram níveis de
substituição de uréia comum por uréia encapsulada por polímeros e verificaram consumos de matéria
49
seca (CMS) semelhantes (P>0,05). Galo et al. (2003), testando a uréia encapsulada em bovinos leiteiros
observaram que os consumos de matéria seca não apresentaram diferença estatística (P>0,05).
Rennó et al. (2005) avaliaram o efeito de níveis crescentes de inclusão de ULL na dieta sobre o
consumo de nutrientes por novilhos Zebu e cruzados com a raça holandesa, alimentados com ração com
relação volumoso:concentrado de 50:50. Os autores não verificaram efeitos sobre o consumo de matéria
seca e de nenhum dos nutrientes da dieta em quilos por dia ou em porcentagem de peso vivo,
concordando com os resultados aqui apresentados, que embora se trate de outra espécie, a comparação
foi considerada por serem animais ruminantes.
Gonçalves (2006) avaliou os efeitos da substituição da uréia tradicional por uréia de liberação
lenta (ULL) em suplementos oferecidos a novilhos Nelore e não observou diferenças sobre o consumo
de matéria seca e de matéria seca digestível. Azevedo et al. (2008), comparando uréia encapsulada e
comum sobre a utilização de volumosos de baixa qualidade em suplementos para novilhos, também não
encontraram diferença no consumo de nutrientes. No entanto, Gelinski et al. (2000) avaliando os efeitos
do ionóforo monensina (Rumensin ®), uma fonte de uréia de liberação lenta (Anipro®) e sua associação
em bovinos confinado, observaram que os animais recebendo uréia de liberação lenta apresentaram
menor consumo de matéria seca do que os grupos controle e com Rumensin®.
Marchesin et al. (2006) estudaram o desempenho de bovinos Nelore em pastagem de B.
brizantha durante o período da seca recebendo suplemento mineral ou protéico com 30% de uréia, 15%
de farelo de algodão e 45% de mistura mineral, sendo que a uréia foi substituída por 25, 65 ou 100% de
uréia encapsulada. Segundo os autores, o nível ótimo de substituição foi de 25%, apresentando ganhos
de peso cerca de 41% maiores que os obtidos pelos animais que receberam suplemento proteinado. Ao
aumentar os níveis de ULL no suplemento, o desempenho foi reduzido, pois, segundo os autores, pode
ter ocorrido limitação de nitrogênio prontamente solúvel na dieta.
Da mesma forma que a comparação ULL x UC, a substituição de parte do milho pela casca de
soja não afetou o CMS em g/dia, %PV , g/kg PV0,75 , CPB, CEE, CHOT. Porem o consumo de FDN e
FDA foram superiores nos tratamentos com casca de soja. Ezequiel et al. (2006) substituíram 70% do
milho moído por casca de soja e não observaram diferença no consumo de matéria seca de bovinos
confinados. O consumo de FDA apresentou efeito significativo, observando-se maior valor quando a
casca de soja substituiu 70% do milho moído. Thiago et al. (2000), também não observaram diferenças
no consumo de MS quando substituíram milho (0; 33; 67 e 100%) pela casca de soja na dieta de
novilhos confinados.
Santos et al. (2008) estudando os efeitos dos níveis de casca de soja em substituição ao milho
(0, 25, 50 e 70%) em ovinos confinados não observaram diferenças sobre o consumo de nutrientes, com
exceção do FDN, que aumentou com a inclusão de casca de soja na dieta.
Oliveira et al. (2007) trabalhando com vacas em lactação verificou que o aumento dos níveis de
casca de soja não afetou o consumo de matéria seca, mas aumentou o percentual de FDN nas dietas,
semelhante ao verificado por outros autores (Ipharraguerre & Clark, 2003).
50
Pedroso et al. (2007) avaliaram a substituição do milho por casca de soja (0,10 e 20%). A
inclusão da casca de soja nas rações não afetou o consumo de matéria seca para vacas leiteiras. Segundo
o autor a substituição do milho por casca de soja na alimentação de vacas leiteiras pode ser uma
alternativa interessante, desde que o preço do subproduto seja competitivo.
Ipharraguerre et al. (2002) testaram quatro níveis de substituição do milho por casca de soja
(10, 20, 30 e 40%) e não observaram diferenças entre o consumo de MS da ração controle em
comparação aquelas contendo casca de soja em vacas em lactação.
Matos (2006) avaliando a substituição de milho por casca de soja (0; 8; 16,5 e 26% de casca de
soja na MS das dietas, em substituição ao milho) na alimentação de caprinos, não observou influencia
dos níveis de casca de soja sobre o consumo de matéria seca, cuja média foi de 738,7 g/dia.
Ferreira (2008) avaliou o efeito da substituição parcial do milho pela casca de soja, na
alimentação de cordeiros em confinamento. O milho foi substituído em 15%, 30% e 45% pela casca de
soja. O consumo de MS, MO, FDN, FDA e PB em kg/dia e g/kg de PC0,75, bem como o consumo de
NDT em kg/dia aumentaram linearmente com a inclusão de casca de soja.
De acordo com Ipharraguerre & Clark (2003), a manutenção do consumo de matéria seca com a
utilização de casca de soja em dietas para ruminantes pode ser atribuída ao efeito positivo da elevada
taxa de digestão da FDN, do reduzido tamanho das partículas e da elevada capacidade de hidratação da
casca de soja, proporcionando elevação na taxa de passagem da FDN pelo trato gastrointestinal e,
consequentemente, da ingestão de MS.
As medias de ganho médio diário (GMD), conversão alimentar (CA), peso vivo inicial (PVi) e
peso vivo final (PVf) são apresentados na tabela 4. Não houve efeito (P>0,05) da substituição da uréia
convencional pela de liberação lenta, nem do milho pela casca de soja sobre o ganho médio diário e
conversão alimentar.
Tabela 4 – Ganho médio diário (GMD), conversão alimentar (CA), peso vivo inicial (PFi) e peso vivo final (PFf) e seus respectivos coeficientes de variação. Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
GMD (kg/dia) 0,114ª 0,094ª 0,108a 0,119ª 22,31
CA 7,85ª 8,25ª 8,31a 8,02ª 14,23
PVi 21,86ª 20,70ª 21,55a 22,06ª 9,30
PVf 29,06a 26,68ª 28,38a 29,62ª 9,31
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Gelinski et al. (2000) estudaram os efeitos do ionóforo monensina (Rumensin ®) e uma fonte
de uréia de liberação lenta (Anipro®) e sua associação em bovinos confinados. Os animais que
receberam uréia de liberação lenta apresentaram menor ganho médio diário, peso final e peso de
carcaça, porém sem efeito sobre a conversão alimentar em relação aos grupos controle e com
Rumensin® .
51
Porem Diniz et al. (2010) avaliaram os efeitos da utilização de probiotico e de uréia protegida
na alimentação de novilhos confinados. Os animais do tratamento que recebeu ração com probiotico e
uréia protegida apresentaram maior ganho de peso (P<0,01) e maior rentabilidade que os demais
tratamentos.
Almeida et al. (2010), avaliaram os efeitos da uréia protegida no desempenho de vacas leiteiras.
Os tratamentos foram compostos por dietas isoenergéticas e isonitrogenadas com 1,66 ELL e 18,35% de
PB, definidas como T1 = 11,4% farelo de soja e T2 = 0,4% uréia encapsulada + 9,0% farelo de soja.
Segundo os autores a substituição parcial do farelo de soja por uréia protegida não reduziu o
desempenho produtivo das vacas em lactação.
Carareto (2011) estudou o efeito da substituição da uréia pelo farelo de soja ou pela uréia de
liberação lenta (Optigen®) em rações para bovinos em terminação. A ingestão de MS, o ganho de peso
diário e a conversão alimentar não foram afetados pelas fontes de N testados (P>0,05).
O ganho médio diário e conversão alimentar apresentaram valores médios de 0,108 kg/animal
dia e 8,10, respectivamente. Valores abaixo dos encontrados por Santos et al. (2008) 0,215
kg/animal/dia e 6,20. Os autores avaliaram os efeitos dos níveis de casca de soja em substituição ao
milho (0, 25, 50 e 70%) para ovinos confinados e também não observaram efeitos dos níveis de casca de
soja sobre o ganho de peso e a conversão alimentar. O menor ganho de peso obtido nesse experimento
foi causado possivelmente pela alta relação de volumoso em relação ao concentrado (60:40).
Thiago et al. (2000) avaliaram o efeito da substituição de milho por casca de soja em dietas
para bovinos de corte em confinamento e verificaram melhoria no ganho de peso dos animais. Os
autores afirmaram que a substituição do milho pela casca de soja melhora o ambiente ruminal reduzindo
os efeitos negativos decorrentes do consumo excessivo de amido, proporcionando elevada digestão dos
nutrientes, adequado crescimento microbiano e elevada produção de ácidos graxos voláteis. Nesse
sentido, Mendes et al. (2006) observaram que a substituição parcial do milho pela casca de soja
melhorou a produção e eficiência microbiana, aumentando a contribuição da proteína microbiana que
chegou ao duodeno.
Os resultados encontrados por Thiago et al. (2000) corroboram a possibilidade de se substituir o
milho pela casca de soja, sem que ocorra redução no desempenho dos animais, conforme verificado
nesta pesquisa.
Matos (2006) avaliando o efeito da substituição de milho por casca de soja (0; 8; 16,5 e 26% na
MS) em caprinos, não observou influencia dos níveis de casca de soja sobre o ganho de peso dos
animais, cuja média foi de 122g/dia.
Galati et al. (2003) avaliaram o desempenho de novilhos Nelore em confinamento alimentados
com 60% de silagem de milho e concentrado contendo casca de soja em substituição ao milho (70%) e
também não observaram diferença significativa para o ganho médio diário.
Restle et al. (2004) acrescentaram que a utilização da casca de soja na alimentação de bovinos
de corte, alem do aspecto econômico, pode trazer benéficos na eficiência de utilização dos alimentos
pelo animal, visto que os cereais comumente utilizados (milho e sorgo) apresentam elevado teor de
52
amido e podem provocar efeitos associativos negativos, promovendo redução da digestibilidade da
fração fibrosa da dieta (Van Soest, 1994).
Restle et al. (2004), afirmam que o principal fator que afeta a digestão dos carboidratos
estruturais é a adição de carboidratos solúveis, por meio de alimentos concentrados, que provocam
alterações no trato digestivo e na cinética do processo digestivo, como taxa de digestão, taxa de
passagem das partículas, pH ruminal e natureza da população microbiana.
Ezequiel et al. (2006) verificaram que a substituição de 70% do milho por casca de soja não
afetou o consumo de matéria seca, o ganho de peso, a conversão e a eficiência alimentar e o rendimento
de carcaça de novilhos Nelore confinados.
Ferreira (2008) avaliou o efeito da substituição parcial do milho pela casca de soja (15%, 30% e
45%) na alimentação de ovinos, e não observou diferença no ganho médio diário, porem a conversão
alimentar aumentou linearmente com a inclusão da casca de soja.
Morais et al. (2007) estudaram os efeitos da substituição do “feno de Coastcross” por casca de
soja no desempenho de ovinos em confinamento. Os autores observaram que o ganho de peso aumentou
linearmente com a inclusão de casca de soja na dieta, variando do 113 a 187 g/animal/dia. A conversão
alimentar também melhorou linearmente com a inclusão da casca de soja.
Na Tabela 5 são apresentados os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS),
proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFND), extrato etéreo (DEE), carboidrato total
(DCHOT), carboidrato não fibroso (DCNF) e os nutrientes digestíveis totais, alem dos coeficientes de
variação.
Não houve efeito significativo entre os tratamentos sobre nenhum dos coeficientes de
digestibilidade e sobre a percentagem de nutrientes digestíveis totais.
Resultados semelhantes foram observados por Gonçalves (2006) onde não houve efeito
significativo da substituição de uréia pela ULL sobre o coeficiente de digestibilidade da FDA, FDN, EE,
CNF, MO ou sobre a percentagem de nutrientes digestíveis totais.
Valinote et al. (2005) avaliaram o efeito de substituição de 82% da uréia tradicional por ULL
em dietas de bubalinos, e também não encontraram diferenças significantes nas digestibilidades do FDN
e FDA.
Titto et al. (1999) estudaram a substituição parcial do farelo de soja pela uréia protegida, em
rações completas para cordeiros. As rações foram formuladas para atender 100% e 70% das exigências
protéicas dos animais, com ou sem a substituição parcial da proteína pela uréia protegida nos níveis de
20,54% e 26,10%. Os autores concluíram que a inclusão da uréia protegida não alterou a digestibilidade
da proteína bruta. A digestibilidade da matéria seca mostrou-se semelhante nas dietas que atenderam
100% dos requerimentos protéicos dos cordeiros, com ou sem a inclusão da uréia protegida. Porém
quando a uréia contribuiu com 26,10% do N total da dieta houve diminuição na digestibilidade da
matéria seca.
53
Tabela 5 – Digestibilidade aparente da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em detergente
neutro (DFDN), extrato etéreo (DEE), carboidrato total (DCHOT), carboidrato não fibroso (DCNF),
carboidrato não fibroso (DCNFcp) e seus coeficientes de variação.
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
Parâmetros T1 T2 T3 T4 CV
DMS 64,63ª 63,18ª 65,66a 60,08ª 8,03
DPB 67,97ª 80,20ª 71,50a 68,43ª 10,45
DFDN 53,91ª 54,27ª 62,93a 58,11ª 10,51
DEE 69,08ª 61,58ª 63,85a 61,96ª 9,59
DCHOT 65,80ª 59,52ª 63,76a 59,83ª 10,08
DFDNcp 54,02ª 54,79ª 63,28a 58,63ª 10,40
NDT1 64,39 63,77 64,62 60,58
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 1 Valores estimados (NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD).
Gonçalves (2006) utilizando a ULL observou aumento linear da digestibilidade da proteína
bruta com o aumento na substituição da uréia pela ULL. Entretanto nesse estudo a substituição de 80%
da uréia convencional (UC) pela ULL não aumentou a digestibilidade da proteína bruta.
Azevedo et al. (2008), estudando o efeito da suplementação com uréia encapsulada ou normal
sobre a utilização de volumosos de baixa qualidade para novilhos. Não encontraram diferença no
coeficiente de digestibilidade da matéria orgânica e do FDN. Da mesma
forma que a comparação ULL x UC, a substituição de parte do milho pela casca de soja não afetou a
digestibilidade dos nutrientes. Zambrom et al. (2008) trabalhando com cabras em lactação avaliaram a
substituição do milho pela casca de soja e não verificaram diferença para digestibilidade da matéria seca
(DMS), matéria orgânica (DMO) e da proteína bruta (DPB). Contudo, houve diferença para a
digestibilidade da fibra em detergente neutro (DFDN), que foi maior com a substituição do milho por
casca do grão de soja, confirmando que a FDN da casca de soja é de alta digestibilidade, 95,69%
(Zambom et al., 2001).
Matos (2006) estudou o efeito da substituição do milho por casca de soja (0; 8; 16,5 e 26% de
substituição) nas dietas de caprinos confinados e não observou influencia dos níveis de casca de soja
sobre os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e carboidratos
totais. Todavia, a casca de soja melhorou (p<0,05) a digestibilidade da fibra em detergente neutro e
reduziu (p<0,05) a digestibilidade dos carboidratos não fibrosos e do extrato etéreo.
Miranda et al. (2009) avaliando o efeito das combinações de diferentes fontes de carboidrato
(milho e casca de soja) e nitrogênio não protéico (uréia, amireia 150S e uréia encapsulada (Optigen)
em suplementos proteinados sobre a degradabilidade do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Não
observaram diferença entre os tratamentos nos parâmetros de degradabilidade, bem como na
54
degradabilidade efetiva dos nutrientes. Os tratamentos foram T1: casca de soja + Optigen, T2: casca de
soja + uréia, T3: milho + amiréia, T4: milho + Optigen, T5: milho + uréia. Os autores concluíram que as
combinações entre diferentes fontes de carboidratos e nitrogênio não protéico nos suplementos protéicos
não modificaram a digestibilidade da forragem.
Os valores médios de digestibilidade de MS, PB e FDN (63,38, 72,02, 57,30%
respectivamente) obtidos neste experimento foram semelhantes, aos obtidos por Zambrom et al. (2008),
que, em pesquisa com cabras Saanen substituiu o milho por 50% de casca de soja e observaram
digestibilidade de MS, PB e FDN de 71,18, 72,89, 53,83, respectivamente, e Mouro et al. (2002), que
utilizaram 15% de casca de soja na MS e observaram coeficientes de digestibilidade da MS, PB e FDN
de 69,00; 69,73 e 57,25%, respectivamente.
Ensaios de digestibilidade comprovaram que a utilização de casca de soja para cabritos em
crescimento (Hashimoto et al., 2007), cabras em lactação (Zambrom et al., 2007) e vacas em lactação
(Ipharraguerre et al., 2002), não altera a digestibilidade da matéria seca, o que confirma a boa utilização
da parede celular na fermentação ruminal, resultando em efeito associativo positivo que possibilita a
substituição parcial ou total do milho das rações.
Santos et al. (2008) também, não observaram efeitos dos níveis de casca de soja em substituição
ao milho (0, 25, 50 e 70%) sobre a digestibilidade dos nutrientes em ovinos confinados. Assim como
Ferreira (2008) que avaliou o efeito da substituição parcial do milho pela casca de soja (15%,
30% e 45%) na alimentação de ovinos, e não observou diferença nos coeficientes de digestibilidade
aparente da MS, CNF, PB e EE.
As médias obtidas para o Comprimento corporal (CC), Altura do anterior (AA), Altura do
posterior (AP), Largura do peito (LP), Largura da garupa (LG), Comprimento da perna (CP), Perímetro
torácico (PT), Escore condição corporal (ECC) e para crescimento são apresentadas na Tabela 6, não
sendo observado diferença significativa (P<0,05) para nenhum dos parâmetros avaliados.
A caracterização dos grupos genéticos por meio de medidas corporais e índices zootécnicos é
de fundamental importância para que se conheça o potencial produtivo dos biótipos e suas habilidades
para exploração comercial. As informações obtidas permitem a comparação entre rebanhos de
localidades diferentes e contribui para a definição de um padrão racial, servindo como referencial para
programas de melhoramento genético (Valdez et al., 1982).
As medidas corporais, tais como comprimento do corpo, perímetro torácico, altura da cernelha
e da garupa são importantes, uma vez que essas medidas podem indicar, por exemplo, a capacidade
digestiva e respiratória dos animais, bem como, características produtivas como o rendimento de caraça
(Santana et al., 2001)
55
Tabela 6 - Medias, Coeficiente de variação (CV) do comprimento corporal inicial e final (CCi, CCf), altura do anterior inicial e final (AAi, AAf), altura do posterior inicial e final (APi, APf), largura do peito inicial e final (LPi, LPf), largura da garupa inicial e final (LGi, LGf), comprimento da perna inicial e final (CPi, CPf), perímetro torácico inicial e final (PTi, PTf), escore condição corporal inicial e final (ECCi, ECCf).
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
CCi (cm) 57,16ª 56,75a 58,58a 61,33ª 6,01
CCf (cm) 66,00a 64,35a 66,58a 67,75ª 4,61
AAi (cm) 59,33ª 58,00a 60,08a 59,08ª 4,28
AAf (cm) 64,91ª 63,25a 64,83a 64,00a 3,17
APi (cm) 60,33ª 60,10a 61,50a 61,50ª 3,51
APf (cm) 66,16a 64,75a 64,91a 66,16ª 3,02
LPi (cm) 17,00a 17,41a 17,08a 17,83ª 6,67
LPf (cm) 21,66a 21,58a 22,33a 21,83ª 5,43
LGi (cm) 14.16b 15,83ab 16,41ab 17,33ª 9,84
LGf (cm) 19,61a 20,16a 20,00a 20,16ª 5,98
CPi (cm) 30,83a 28,83a 30,91a 31,50ª 6,21
CPf (cm) 35,08a 34,41a 35,00a 36,33ª 4,15
PTi (cm) 64,66a 63,16a 63,58a 64,00a 4,21
PTf (cm) 70,83a 68,91a 69,41a 70,58ª 3,62
ECCi 2,50a 2,25a 2,10a 2,41ª 17,87
ECCf 2,88a 2,58a 2,66a 2,91ª 16,43
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
1.4 – CONCLUSÃO
A uréia de liberação lenta em substituição a uréia convencional, bem como a substituição
parcial do milho pela casca de soja, não influencia o desempenho dos animais, a digestibilidade
aparente dos nutrientes e as medidas biométricas.
O uso da casca de soja em substituição ao milho e da uréia de liberação lenta em substituição a
uréia convencional em dietas para cordeiros, fica condicionado a sua viabilidade econômica.
56
1.5 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, V.L.S, et al. Substituição parcial de farelo de soja por uréia protegida na produção e composição do leite. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia, v.62, n.6, p.1415-1422, 2010.
AKAY, V., TIKOFSKY, J.,HOLTZ, C,Y; DAWSON, K.A. Controlled release on non-protein nitrogen in the rúmen. In: NUTRITIONAL BIOTECHNOLOGY IN THE FEED NA FOOD INDUSTRIES ANNUAL SYMPOSIUM, 20.,2004, Proceedings…:Nottingham University Press, 2004.p.179-185.
ANUALPEC. Anuário da pecuária Brasileira. São Paulo: FNP consultoria e Comercio, 2005. p.249-251. AZEVEDO, E.B; PATIÑO, H.O; SILVEIRA, A.L.F; LOPEZ J.;BRUNING, G.; KOZLOSKI, V.
Incorporação de uréia encapsulada em suplementos protéicos fornecidos para novilhos alimentados com feno de baixa qualidade. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.5, p.1381-1387, ago, 2008.
BACH, A.; et al. Effects of type of carbohydrate supplementation to lush pasture on microbial fermentation
in continuos culture. Journal of Dairy Science, v.82, p.153-160, 1999. CARARETO, R. Uso de uréia de liberação lenta para vacas alimentadas com silagem de milho ou
pastagem de capim Elefante manejadas com intervalos fixos ou variáveis de desfolhas. 2007.113 p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz – ESALQ/USP, Piracicaba, 2007.
CARARETO, R. Fontes de nitrogênio, níveis de forragem e métodos de processamento de milho em
rações para tourinhos da raça Nelore terminados em confinamento. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiroz” – ESALQ/USP, Piracicaba, 104 p, 2011.
DINIZ, T.C.S; ALVES, J.B; ALVES, J.P.M; DINIZ, A.A; FERRAZ, M.L.P. Utilização de probiotico e
uréia protegida na alimentação de bovinos terminados em confinamento. Anais da 47 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Salvador, BA – UFBA, 27 a 30 de julho de 2010.
EMERICK, R.J. Urea and nitrate intoxication. In: CHURCH, D.C. The ruminant animal – digestive
physiology and nutrition. New Jersey: Prentice Hall, 1988. p.551-556.
EZEQUIEL, J.M.B.; CRUZ e SILVA, O.G.; GALATI, R.L.; WATANABE, P.W.; BIAGIOLI, B.; FATURI, C. Desempenho de novilhos Nelore alimentados com casca de soja ou farelo de gérmen de milho em substituição parcial ao milho moído. Revista Brasileira de Zootecnia., v.35, n.2, p.569-575, 2006.
FERREIRA, E.M. Substituição parcial do milho pela casca de soja na alimentação de cordeiros da
raça Santa Inês em confinamento. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2008.
FERREIRA, R.N. et al. Liberação de nitrogênio amoniacal no rúmen com o uso de uréia encapsulada com
polímero (Optigen 1200 Alltec). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. 42., 2005, Goiânia. Anais...Goiânia: SBZ, 2005. CD-ROOM.
FIRKINS, J.L. Maximizing microbial protein syntesis in the rúmen. Journal of Nutrition, v.126, p.1347-
1354, 1996. GALATI, R.L.; EZEQUIEL, J.M.B.; SILVA, O.G.C. et al. Desempenho e características de carcaça de
novilhos nelore alimentados com dietas contendo casca de soja ou farelo de gérmen de milho substituindo parcialmente o milho. In: REUINIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
57
ZOOTECNIA, 40., 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003 (CD-ROM).
GALO, E. et al. Effects of a polymer-coated urea product on nitrogen metabolism in lactating holstein dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.86, n.6, p.2154-2162. 2003.
GELINSKI, L.A.M.; ANDRIGUETO, J.L.;ROSSI Jr. Monensina e uréia de liberação lenta no desempenho de bovinos confinados. Archives of Veterinary Science v.5, p. 137-140, 2000.
GOMES, I.P.O. Substituição do milho pela casca de soja em dietas com diferentes proporções de
volumoso : concentrado para bovinos em confinamento. Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, 1998. 84p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, 1998.
GONÇALVES, A.P. Uso de uréia de liberação lenta em suplementos protéico-energéticos fornecidos a
bovinos recebendo forragens de baixa qualidade. Dissertação (mestrado) – Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Nutrição e Produção Animal – Pirassununga, 2006.
HADDAD, C.M. Uréia em suplementos alimentares. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS –
UREIA PARA RUMINANTES, 2., 1984, Piracicaba. Anais...Piracicaba: FEALQ, 1984. p.119-141. HASHIMOTO, J.H. et al. Desempenho e digestibilidade aparente em cabritos Boer x Saanen em
confinamento recebendo rações com casca do grão de soja em substituição ao milho. Revista Brasileira de Zootecnia., v.36, n.1, p.174-182, 2007.
HUNTINGTON, G.B. et al. Effects of a slow-release urea source on absorption of ammonia and
endogenous production of urea by cattle. Animal feed Science and Technology, v.130, n.3, p.225-241, 2006.
HALL, M.B. Neutral detergent-soluble carbohydrates. Nutritional relevance and analysis. Gainesville:
University of Florida, 2000. 76p.
IPHARREGUERRE, I.R.; CLARK, J.H. Review: soyhulls for dairy cows. Journal of Dairy Science, v.86, n.4, p.1052-1073,2003.
IPHARRAGUERRE, I.R. et al. Performance of lactating dairy cows fed varying amounts of soyhulls as a
replacement for corn grain. Journal of Dairy Science, v.85, n.11, p.2905-2912, 2002. KOZLOSKI, G.V., ROCHA, J.B.T.; RIEGEL, R.E. Net portal flux of metabolites following a meal in
calves fed a grainrich diet supplemented with urea or meat meal. Canadian Journal of Animal Science, Ottawa, v.76, p. 393-399, 1996.
LÓPEZ, J. 1984. Uréia em rações para produção de leite. In: URÉIA PARA RUMINANTES, 194,
Piracicaba: FEALQ, 1984. Anais...Piracicaba, p.171-194,1984. LUDDEN, P.A.; CECAVA, M.J.; HENDRIX, K.S. The value of soybean hulls as a replacement for corn in
beef cattle diets formulated with or without added fat. Journal of Animal Science, v.73, p.2706-2711, 1995.
MATOS, M.S.B.B. Substituição do milho pela casca de soja em rações para caprinos: desempenho e digestibilidade dos nutrientes. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Zootecnia. 28p. 2006.
MCMANUS, C.; MIRANDA, R.M. Comparação das raças de ovinos Santa Inês e Bergamácia no Distrito
Federal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.26, n.5, p.1055-1059, 1997.
58
MENDES, A.R.; EZEQUIEL, J.M.B.; GALATI, R.L. et al. Consumo e digestibilidade total e parcial de dietas utilizando farelo de girassol e três fontes de energia em novilhos confinados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.679-691, 2005.
MENDES, A.R.; EZEQUIEL, J.M.B.; GALATI, R.L. et al. Cinética digestiva e eficiência de síntese de
proteína microbiana em novilhos alimentados com farelo de girassol e diferentes fontes energéticas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.264-274, 2006.
MERTENS, D.R. Using fiber and carbohydrate analyses to formulate dairy rations. In: INFORMATIONAL
CONFERENCE WITH DAIRY AND FORAGES INDUSTRIES, 1996, Wisconsin. Proceedings... Wisconsin: 1996. p.81-92.
MORAIS, J.B.; SUSIN, I.; PIRES, A.V.; MENDES, C.Q.; OLIVEIRA, R.C. Substituição do feno de
“coastcross” por casca de soja na alimentação de borregas confinadas. Ciência Rural, v.37, n.4, p. 1073-1078. 2007.
MARCHESIN, W.A.; HERLING, V. R.; LUZ, P. H. C.; MANELLA, M. Q.; FREITAS, E. C.; SCHALCH
JÚNIOR, F. J.; FERREIRA, P. E. B. Níveis de substituição da uréia de suplementos protéicos por uréia encapsulada na recria de machos da raça nelore. 43a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, João Pessoa - PB, Anais, CD-ROM, 2006.
MOURO, G.F.; et al. Substituição do milho pela farinha de mandioca de varredura em dietas de cabras em
lactação: produção e composição do leite e digestibilidade dos nutrientes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.1, p.475-483, 2002.
MILTON, S.T.; BRANDT JR, R.T.; TITGEMEYER, E.C. Urea in dry-rolled corn diets: finishing steer performance nutrient digestion, and microbial protein production. Journal of Animal Science, Albany, v.75, p. 1415-1424, 1997.
NAKAMURA, T.; OWEN, F.G. High amounts of soyhulls for pelleted concentrate diets. Journal of Dairy Science, Savoy, v.72,p.988-994, 1989.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of ruminants: Sheep, Goats, Cervids, and New World Camelids. Washington, D.C.: National Academy Press, 2007. 384p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of dairy cattle. 7 ed. Washington, D.C.: National Academy Press, 2001. 381p. OLIVEIRA, A.S; CAMPOS, J.M.S.; VALADARES FILHO, S.C. et al. Substituição do milho por casca de
café ou de soja em dietas para vacas leiteiras: consumo, digestibilidade dos nutrientes, produção e composição do leite. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.4, p.1172-1182, 2007 (supl.).
OWENS, F.N.; ZINN, R. A. Protein metabolism of ruminant animals. In: The Ruminant Animal, Digestive
Physiology and Nutrition (D.C. Church, ed). Prentice Hall, Englewood Cliffs, NJ, USA, pp. 227-249, 1988.
PROKOP, M.J.; T.J. KLOPFENSTEIN. Slow ammonia release urea. Nebraska Beef Cattle Report No.
EC 77-218, Nebraska PEDROSO, A,M.; SANTOS, F.A.P; BITTAR,C.M.M; PIRES, A.V; MARTINEZ, J.C. Substituição do
milho moído por casca de soja na ração de vacas leiteiras em confinamento. Revista brasileira de zootecnia, Viçosa, v. 36, n. 5,p. 1651-1657, 2007.
PARRÉ, C. Utilização da uréia e da zeolita na alimentação de ovinos. 1995. 96 p. Tese (Doutorado em
Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista”Julio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, 1995.
59
PRADO, J.R.A. Confinamento: a receita dos paulistas para engordar cordeiros. A granja, Porto Alegre, ano 49, n.542,p.12-17, dez, 1993.
OWENS, F.N.; ZINN, R.A.Protein metabolismo ruminant animals. In: CHURCH, D.C. (Ed). The Ruminant Animal, Digestive Physiology and Nutrition. Englewood Cliffs, NJ, USA: Prentice Hall, 1988.p.227-249.
RENNÓ, L.N.; VALADARES FILHO, S.C.; VALADARES, R.F.D.; CECEON, P.R.; BACKES, A.A.; RENNÓ, F.P.; ALVES, D.; SILVA,P.A. Níveis de uréia na ração de novilhos de quatro grupos genéticos: Consumo e Digestibilidades totais. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.34, n.5, p.1775-1785, 2005
RESTLE, J.; FATURI, C.; FILHO, D.C.A. et al. Substituição do grão de sorgo por casca de soja na dieta de
novilhos terminados em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.4, p.1009-1015, 2004. RODRIGUES, A.A. Utilização de nitrogênio não protéico em dietas de ruminantes. In: V SIMPOSIO
GOIANO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E LEITE, Goiânia [Anais...] Goiânia: CNBA, 2003.
RUSSEL, J.B.; OÇONNOR, J.D.; FOX, D.G.; VAN SOEST, P.J.; SNIFFEN, C.J. A net carbohydrate and
protein system for evaluating cattle diets: I. Ruminal fermentation. Journal of Animal Science, v.70, p. 3551-3561, 1992.
SALMAN, A.K.D., et al. Estudo do balanço nitrogenado e da digestibilidade da matéria seca e proteína de
rações para ovinos, suplementadas com amireia ou farelo de algodão. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 26, p. 179-185, 1997.
SANTANA, A. F. de; COSTA, G. B.; FONSECA, L. S. Correlações entre peso e medidas corporais em
ovinos jovens da raça Santa Inês. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.1, p.74-77, 2001. SANTOS, F.A.P. Metabolismo de Proteínas. In. Nutrição de Ruminantes. Jaboticabal: Funep, p.538-
601.2006
SANTOS, J.W.; CABRAL, L.S.; ZERVOUDAKIS, J.T; SOUSA, A.L; ABREU, J.G; BAUER, M.O. Casca de soja em dietas para ovinos. R. Bras. Zootec., v.37, n.11, p.2049-2055, 2008.
SARWAR, M.; FIRKINS, J.L.; EASTRIDGE, M.L. Effects of varying forage and concentrate carbohydrates on nutrient digestibilities and milk production by dairy cows. Journal of Dairy Science, Savoy, v.75, p. 1533-1542, 1992.
SAS INSTITUTE. SAS User’s guide: Statistics. Version 6.12. Cary, 1996. 956p. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 2.ed.Viçosa, MG:
Editora UFV, 2002. 165p. SILVA, R.M.N.; VALADARES, R.F.D.; VALADARES FILHO, S.C. Uréia para vacas em lactação. 1.
Consumo, digestibilidade, produção e composição do leite. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.30, n.5, p. 1639-1649, 2001.
SILVA, D. J. & QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos.2. ad. Viçosa:
Imprensa Universitária. 2002. 156p. SNIFFEN, C.J.; O’CONNOR, J.D.; Van SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and protein system for
evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v.70, n.12, p.3562-3577, 1992.
60
TEDESCHI, L.O. et al. Performance of growing and finishing cattle supplemented with a slow-release urea product and urea. Canadian Journal of Animal Science, v.82, p.567-573, 2002.
THIAGO, L.R.L.S.; SILVA, J.M.; FEIJÓ, G.L.D. et al. Substituição do milho pelo sorgo ou casca de soja em dietas para engorda de bovinos em confinamento. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37., 2000, Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG: 2000. (CD-ROM).
TITO, E.A.L, NOGUEIRA FILHO, J.C., BIZUTTI, O., FUKUSHIMA, R.S. Substituição parcial do farelo
de soja (Glycine max Merril) pela uréia em rações para cordeiros (Ovis áries L.) em crescimento: digestibilidade aparente e balanço nitrogenado. ARS VETERINARIA, 15(1): 61-66, 1999.
VALINOTE, A.C.; HERRERA, R.G.; LEME, P.R; et al. Optigen na Beef-Sacc in digestibility and
degradability with high roughage diets. In: ANNUAL SYMPOSIUM, 21., 2005, Lexington. Proceedings…Lexington-KY: [s.n] 1 CD-ROM. 2005.
VALDEZ, C.A., FAGAN, D.V., VICERA, I.B. The correlation of body weight to external body
measurements in goats. Philippine Journal of Animal Industry, v. 37, n.4, p.62-89, 1982. VASQUEZ, O.P.; SMITH, T.R. Factors affecting pastures intake and total dry matter intake in grazing dairy
cows. Journal of Dairy Science, v.83, n.10, p.2301-2309, 2000.
VELLOSO, L. Uréia em rações de engorda de bovines. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS – UREIA PARA RUMINANTES, 2., 1984. Piracicaba. Anais…Piracicaba: FEALQ, 1984. p. 174.
ZAMBOM, M.A; ALCALDE, C.R.; SILVA, K.T. et al. Desempenho e digestibilidade dos nutrientes de rações com casca do grão de soja em substituição ao milho para cabras em lactação e no pré-parto. Revista Brasileira de Zootecnia., v.37, n.7, p.1311-1318, 2008.
ZAMBOM, M.A.; SANTOS, G.T.; MODESTO, E.C. et al. Valor nutricional da casca do grão de soja,
farelo de soja, milho moído e farelo de trigo para bovinos. Acta Scientiarum, v.23, n.4, p.937-943, 2001.
ZAMBOM, M.A. et al. Parâmetros digestivos, produção e qualidade de leite de cabras Saanen recebendo
rações com casca do grão de soja em substituição ao milho. Acta Scientiarum, v.29, n.3, p.309-316, 2007.
Van SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell University Press, 1994. 476p. VIDAL, M. F.; DA SILVA, L. A. C.; SOUSA NETO, J. ; et al. Análise econômica de confinamento de
ovinos: o uso da uréia em substituição à cama de frango e a dietas a base de milho e soja. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.2, p.493-498, mar-abr, 2004.
61
Capitulo 2
Tipos de uréia e fontes de carboidratos na dieta de cordeiros: Comportamento ingestivo
RESUMO
Objetivou-se neste trabalho avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o comportamento ingestivo de ovinos da raça Santa Inês. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg ( 1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL Optigem ®), associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). O período experimental foi de 63 dias, divididos em três subperíodos de 21 dias. As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no 19° dia de cada subperíodo experimental, sendo registrado o tempo despendido em alimentação, ruminação e ócio. Foram realizadas observações por três períodos, das 10 às 12h, 14 às 16h e 18 às 20h, determinando-se o número de mastigações merícicas bolo ruminal e o tempo gasto para ruminação de cada bolo. Os tempos de alimentação (338,88 min.) e ruminação (575,72 min.), tempo de mastigação total (15,12 h dia), tempo gasto com mastigações por bolo (45,23 s), número de mastigações por bolo (60,65) e por dia (43.230) bem como as eficiências de alimentação e ruminação não foram influenciados pelos tratamentos. O comportamento ingestivo de ovinos não foi afetado pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja.
Palavras-chave: casca de soja, comportamento ingestivo, uréia de liberação lenta.
62
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effects of partial substitution of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on feeding behavior of Santa Inês sheep. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL Optigem ®), associated with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets: UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80% ) + M (50%) + CS (50%). The experimental period was 63 days, divided into three sub-periods of 21 days. The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. Assessment of ingestive behavior occurred on the 19th day of each experimental sub-period, and recorded the time spent eating, ruminating and resting. Observations were made for three periods, from 10 to 12h, at 16h 14 to 20h and 18, determining the number of chews ruminal bolus and the time spent ruminating each cake. The feeding times (338.88 min.) And rumination (575.72 min.), Total chewing time (15.12 h day), time spent chewing per cake (45.23 s), number of chews per cake (60.65) per day (43,230) as well as the efficiencies of feeding and rumination were not affected by treatments. The ingestive behavior of sheep was not affected by partial replacement of conventional urea release by 80% controlled-release urea (Optigen®), and the partial replacement of corn by soybean hulls. Keywords: soybean hulls, ingestive behavior, slow-release urea.
63
2.1 - INTRODUÇÃO
O conhecimento do comportamento ingestivo se tornou ferramenta importante na avaliação das
dietas, possibilitando o ajuste do manejo alimentar animal para obtenção de melhor desempenho
produtivo (Cardoso et al., 2006). Assim, o estudo do comportamento ingestivo dos ruminantes tem sido
usado com o objetivo de estudar os efeitos do arraçoamento ou quantidade e qualidade nutritiva de
alimentos sobre o comportamento ingestivo; estabelecer a relação entre comportamento ingestivo e
consumo de nutrientes; e verificar o uso potencial do conhecimento a respeito do comportamento
ingestivo para melhorar o desempenho animal.
Os parâmetros mais estudados para avaliar o comportamento ingestivo são o tempo de
alimentação, ruminação e ócio, eficiência de alimentação e ruminação, numero de mastigações
merícicas por bolo alimentar, tempo gasto com mastigações por bolo ruminal e número de mastigações
merícicas por dia (Burger et al., 2000). Segundo Macedo et al. (2007), para entendimento completo do
consumo diário de alimentos, é necessário estudar individualmente seus componentes, que podem ser
descritos pelo número de refeições consumidas por dia, pela duração média das refeições e pela
velocidade de alimentação de cada refeição.
Segundo Van Soest (1994), o tempo de ruminação é influenciado pela natureza da dieta e
parece ser proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. O mesmo autor relata que animais
confinados gastam em torno de 1h consumindo alimentos ricos em energia ou até mais de 6h para fontes
com baixo teor de energia e alto teor de fibra. Alimentos concentrados e fenos finamente triturados ou
peletizados reduzem o tempo de ruminação, enquanto volumosos com alto teor de parede celular
tendem a aumentar o tempo de ruminação. O aumento do consumo tende a reduzir o tempo de
ruminação por grama de alimento, fator provavelmente responsável pelo aumento de tamanho das
partículas fecais, quando os consumos são elevados.
A casca de soja devido ao seu alto teor de fibra pode interferir no consumo de MS, a uréia,
fonte de nitrogênio não protéico (NNP), possui sabor adstringente e baixa palatabilidade, podendo
reduzir o consumo quando adicionado em altos níveis na dieta.
A substituição de alimentos que contenham proteína verdadeira por alimentos com maior teor
de nitrogênio na forma de nitrogênio não protéico (NNP), como a uréia, pode melhorar a eficiência
financeira da alimentação e reduzir a necessidade de compra e estocagem de concentrados protéicos;
além disso, possibilita a formulação de dietas com maior inclusão ou de alimentos energéticos, ou de
subprodutos fibrosos, ou de forragem. Esta estratégia explora a capacidade de ruminantes de sintetizar
proteína microbiana de alto valor biológico a partir de NNP (Santos et al., 2011).
Entretanto, a rápida hidrolise da uréia por uréases microbianas pode resultar em disponibilidade
ruminal de N amoniacal em taxa superior à capacidade de síntese de proteína microbiana, resultando em
perda excessiva de N do rúmen para o sangue (Lapierre & Lobley, 2001). Acima de 70% do N ingerido
podem ser excretado nas fezes e urina (Tamminga, 1992). Este fato é preocupante quando são
considerados seus possíveis impactos negativos sobre o ambiente (Smith e Frost, 2000). Aumento
64
excessivo no teor e N na forma de uréia e amônia no sangue e em tecidos também pode ter impacto
negativo sobre a fisiologia animal, especialmente sobre a reprodução (Butler, 1998).
A uréia é fisicamente encapsulada por ceras vegetais (Optigen®) visando reduzir a velocidade
de liberação do N no rúmen. Segundo Carvalho et al. (2008), animais em regime de confinamento
geralmente consomem alta quantidade de concentrados para suprir as exigências de energia e proteína.
Entre os ingredientes mais utilizados destacam-se o milho e o farelo de soja, pois formam excelente
combinação de energia e proteína de alto valor biológico, entretanto, o elevado custo constitui fator
limitante à sua utilização. Neste contexto, esforços têm sido despendidos na busca por alimentos
alternativos de baixo custo que possam substituir parcial ou totalmente os ingredientes padrões
(Carvalho et al, 2006, 2008; Henrique et al., 2003; Souza et al.,2004; Zeoula et al., 2003). A casca de
soja, subproduto das indústrias de processamento da soja, surgiu como fonte alternativa, que contribui
para o valor da fibra, na formulação de dietas para ruminantes (Armentano & Pereira, 1997).
A casca de soja é definida como volumoso-concentrado, pois, tem a função fisiológica de fibra
vegetal e funciona como um grão de cereal em termos de disponibilidade de energia (3,01 Mcal energia
digestível por quilograma de matéria seca) (National Research Council, 2001). Ipharraguerre & Clark
(2003) compilaram trabalhos sobre a composição química da casca de soja e encontraram valores
médios de 11,8% de proteína bruta e 65,6% de fibra em detergente neutro (FDN) na matéria seca (MS),
sendo 43% composta de celulose e 17,8% de hemicelulose.
Em determinadas regiões do Brasil, a casca de soja apresenta grande disponibilidade no
mercado e, na maioria dos casos, sua inclusão na formulação de dietas para ruminantes reduz o custo de
produção (Morais et al, 2006).
Conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o comportamento ingestivo de ovinos da
raça Santa Inês alimentados com dietas contendo uréia convencional ou uréia convencional substituída
parcialmente pela uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por 50% de casca
de soja.
2.2 - MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nas instalações do setor de Ovino-caprinocultura, da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga - BA, localizada a 15º 09’
07” de latitude sul, 40º 15’ 32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura
media anual de 27ºC e com altitude média de 268 m, durante os meses de junho a setembro de 2010.
Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, machos não castrados, com peso vivo inicial
de 21,67 kg e quatro meses de idade. Previamente ao inicio do experimento todos os cordeiros foram
vermifugados, vacinados contra clostridioses, identificados, pesados e distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. O período experimental foi de 63
dias, composto de três sub-períodos de 21 dias, sendo precedido de 15 dias de adaptação as dietas e ao
ambiente. Os animais foram confinados em baias individuais, cobertas suspensas, com piso de madeira
ripado providas de comedouros e bebedouros
65
As rações experimentais foram definidas com a utilização de uréia convencional ou uréia
convencional substituída por 80% de uréia de liberação lenta em rações contendo milho ou milho
substituído por 50% de casca de soja. Os tratamentos foram T1 = Uréia convencional (UC) + Milho
(M); T2 = UC (20%):Uréia de liberação lenta (ULL 80%) + M; T3 = UC + M (50%): Casca de soja
(CS 50%); T4 = UC (20%) + ULL (80%) + M (50%):CS(50%).
As dietas experimentais, isoproteicas e isoenergeticas foram formuladas para atender às
exigências nutricionais de cordeiros de porte médio, com base no NRC (2007), para um ganho de
100g/dia. A ração foi distribuída duas vezes ao dia, pela manhã, às 07h:00, e à tarde, às 16h:00, com
água disponível todo o tempo. A quantidade de alimento fornecido foi reajustada conforme o consumo
do dia anterior, permitindo uma disponibilidade entre 5 e 10% de sobras como margem de segurança.
Diariamente, foi registrada a quantidade de ração oferecida e as sobras foram retiradas individualmente
e pesadas, objetivando avaliar o consumo médio diário. O consumo de nutrientes foi calculado através
da fórmula:
CN = [(MSo x NMSo) – (MSS x NMSS)]/100
Em que:
CN = consumo de nutrientes (g)
MSo = matéria seca oferecida (g)
MSs = matéria seca das sobras (g)
NMSo = nutriente na matéria seca oferecida (%)
NMSs = nutriente na matéria seca das sobras (%)
Os animais receberam dietas contendo 60% de volumoso e 40% de ração concentrada. O
volumoso utilizado foi o feno de coastcross (Cynodon dactilon). Para compor os concentrados foram
utilizados: milho, casca de soja, melaço, uréia convencional, uréia de liberação lenta (Optigen®), e
mistura mineral. A mistura entre volumoso e o concentrado foi realizada no momento do fornecimento
da alimentação. A composição percentual dos ingredientes e a composição bromatologica das dietas
encontram-se na Tabela 7.
O feno foi picado utilizando-se picador moedor provido de peneira com crivos de 3,0cm. Todos
os ingredientes previamente pesados foram homogeneizados em um misturador horizontal com
capacidade de 500kg.
No 19° dia de cada subperíodo experimental, foi avaliado o comportamento ingestivo de todos
os animais, individualmente. No registro do tempo despendido em alimentação, ruminação e ócio,
adotou-se a observação visual dos animais a cada cinco minutos, durante 24 horas (Johnson e Combs,
1991).
No mesmo dia foi realizada a contagem do número de mastigações merícicas MMnb(n/bolo) e
do tempo despendido para ruminação de cada bolo MMnb(seg/bolo) utilizando-se um cronômetro
digital. Para obtenção das medias das mastigações e do tempo, foram feitas as observações de três bolos
ruminais em três períodos diferentes do dia (10-12, 14-16 e 18-20 horas).
66
Tabela 7 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes
UC UC:ULL UC UC:ULL
Feno de coastcross 60,00 60,00 60,00 60,00
Milho moído 32,80 32,64 16,40 16,32
Casca de soja - - 16,32 16,40
Uréia 1,70 0,34 1,70 0,34
ULL - 1,36 - 1,36
Melaço 4,00 4,00 4,00 4,00
Mistura mineral1 1,50 1,50 1,50 1,50
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição química das dietas experimentais
PB (%MS) 11,58 11,54 11,29 11,56
EE (%MS) 1,30 1,29 1,14 1,37
FDA (%MS) 41,79 45,73 40,69 44,77
FDN (%MS) 64,40 67,20 64,34 67,15
CHOT (%MS) 79,24 79,66 79,92 79,13
CNF (%MS) 16,43 14,06 17,16 14,73
MM (%MS) 7,74 7,50 7,64 7,94
MO (%MS) 92,26 92,50 92,36 92,06
FDNcp (%MS) 63,64 66,43 63,58 66,40
NDT (%MS)2 64,39 63,77 64,62 60,58
¹ Composição: Cálcio (0,48%); Fósforo (0,35%), Sódio (0,59%); Enxofre (0,072%); Cobre (590 ppm);Cobalto (40 ppm); Cromo (20 ppm); Ferro (1800 ppm); Iodo (80 ppm); Manganês (1300 ppm); Selênio ( 15 ppm); Zinco (3800 ppm); Molibdênio (300 ppm). ² NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD.
No período noturno, o ambiente recebeu iluminação artificial. Os resultados referentes aos fatores
do comportamento ingestivo foram obtidos pelas relações:
EAL = CMS/TAL
ERU = CMS/TRU
ERU = CFDN/TRU
TMT = TAL + TRU
BOL = TRU/MMtb
MMnd = BOL x MMnb
em que EAL (g MS/h) é a eficiência de alimentação; CMS (g MS/dia), consumo de MS; TAL
(min/dia), tempo de alimentação; ERU (g MS/h; g FDN/h), eficiência de ruminação; TRU (min/dia),
tempo de ruminação; TMT (h/dia), tempo de mastigação total; BOL (n°/dia), número de bolos ruminais;
TRU (s/dia), tempo de ruminação; MMtb (s/bolo), tempo de mastigações merícicas por bolo ruminal
67
(Polli el al., 1996); MMnd (n°/dia), número de mastigações merícicas; e MMnb (n°/bolo), número de
mastigações merícicas por bolo.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro tratamentos e
seis repetições, com 24 animais distribuídos em quatro tratamentos: Uréia convencional + Milho (UC +
M); Uréia convencional + Uréia de Liberação lenta + milho (UC(20%) + ULL(80%) + M); Uréia
convencional + milho + casca de soja (UC + M (50%) + CS (50%)) e Uréia convencional + Uréia de
Liberação lenta + Milho + Casca de soja (UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%)).
Os resultados obtidos foram submetidos à analise de variância pelo procedimento GLM do
Statistical Analysis Systems (1996), aplicando-se o teste Tukey a 5% de probabilidade, para
comparação das médias.
2.3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tempo despendido nas atividades de alimentação – TAL (338,88 min.), ruminação – TRU
(568,97 min.) e ócio (527,78 min.), não foram influenciados (p >0,05) pela substituição parcial da uréia
convencional pela uréia de liberação lenta, nem pela substituição parcial do milho pela casca de soja;
nas dietas (Tabela 8). Geralmente, o aumento no consumo eleva o tempo de alimentação e reduz o
tempo de ruminação (Van Soest, 1994). Dessa forma, a semelhança no consumo para as diferentes
dietas pode ser um fator que contribuiu para as semelhanças nos tempos de alimentação, ruminação e
ócio.
Tabela 8 – Médias do tempo despendido em alimentação, ruminação, ócio em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Atividade(minutos/dia) UC UC+ULL UC UC+ULL
Parâmetros
Alimentação 335,53a 336,11ª 337,22a 346,67a 10,89
Ruminação 569,72a 539,72ª 590,00a 576,45a 6,65
Ócio 516,94a 564,17ª 513,06a 516,94a 10,13
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
O ato da ruminação pelo animal tem por objetivo reduzir o tamanho de partícula do alimento
para facilitar o processo de degradação. Segundo Van Soest (1994), o teor de fibra e a forma física da
dieta são os principais fatores que afetam o tempo de ruminação. Neste trabalho, as dietas apresentaram
teores de FDN semelhantes e mesmo tamanho de partícula, pois foi utilizado um único tipo de
volumoso e igual proporção de volumoso:concentrado, esses fatores também poderiam explicar a não
diferença entre os tempos de alimentação, ruminação e ócio.
68
Alves et al. (2010), também não observaram diferenças nos tempos de alimentação, ruminação
e ócio (min/dia), quando avaliaram os efeitos da inclusão de uréia em dietas de ovinos, o nível maximo
de uréia utilizado foi de 1,5% da MS total. Semelhante aos níveis de uréia utilizados neste experimento
que foram de 1,7% e 1,84% da MS total, respectivamente para os tratamentos com uréia convencional e
uréia de liberação lenta.
Gentil (2010) avaliou os efeitos da substituição do milho pela casca de soja (0, 20, 40 e 60% do
concentrado) sobre o comportamento ingestivo de cabras leiteiras. Não observando diferença entre os
tratamentos para o CMS e tempos de ingestão, ruminação e ócio (min/d).
Aikam et al. (2006) e Miron et al. (2004), ao avaliarem a inclusão de CS em rações para vacas
em lactação, observaram aumento no tempo gasto de ingestão e mastigação, porem não verificaram
variações no tempo despendido com ruminação devido à inclusão da CS em substituição ao grão de
trigo. Ambos sugerem que o co-produto tem maior capacidade de enchimento que o trigo e o milho,
sendo assim necessário, maior tempo de ingestão para iguais quantidades de alimento consumido.
Segundo Ferreira (2008) a substituição parcial do milho pela casca de soja (15%, 30% e 45%)
na dieta de ovinos confinados, não afetou as atividades de ingestão, ruminação e ócio.
Morais et al. (2006) avaliaram os efeitos da substituição de feno de coastcross por casca de soja
(12,5, 25 e 37,5% da MS da dieta) sobre o comportamento ingestivo de ovinos e observaram efeito
linear decrescente quanto aos tempos de ingestão em minutos por dia e de ruminação, à medida que se
aumentou a casca de soja na dieta.
A substituição parcial do milho pela casca de soja, não afetou o tempo de ruminação em
minutos/dia. Isso pode ser explicado, pois casca de soja é pouco efetiva para estimular a ruminação,
pois possui reduzido tamanho de partículas. As dietas experimentais utilizadas neste experimento
continham quantidades de volumoso similares (60% da MS total), que possivelmente forneceram
estímulos para ruminação semelhante entre os tratamentos.
Não foi observada diferença (p >0,05) para o consumo de MS (g/dia e % PV), porém o
consumo de FDN foi maior nos tratamentos com casca de soja possivelmente devido ao maior teor de
FDN na mesma (Tabela 9).
A eficiência de alimentação (EAL), não diferiu entre os tratamentos, assim como a eficiência de
ruminação em g MS/h, porem a eficiência de ruminação em g FDN/h, foi maior nos tratamentos com
casca de soja.
Geralmente, essas variáveis são influenciadas pelo consumo de MS e FDN, fato comprovado
por Carvalho et al. (2004) que observaram menor eficiência de ruminação quando os animais
consumiram menores quantidades desses nutrientes.
69
Tabela 9 – Médias dos consumos de MS (CMS e CMSpv) e FDN (CFDN), eficiência de alimentação de MS (EAL) e de FDN (EALFDN), eficiência de ruminação (ERU), eficiência de ruminação de FDN (ERUFDN) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
Parâmetros
CMS (g/dia) 874,64a 779,47a 886,92a 922,85a 13,01
CMS (% PV) 3,43ª 3,29a 3,55a 3,56a 8,58
CFDN (g/dia) 501,93b 449,25b 621,24a 646,92a 13,31
EAL (g MS/h) 158,94a 141,17a 159,16a 160,77a 18,35
ERU (g MS/h) 92,27a 87,78a 90,65a 96,00a 15,15
ERUFDN(g FDN/h) 52,95b 50,61b 63,50a 67,29a 15,19
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A ausência de efeito sobre as eficiências de alimentação e ruminação (g MS/h) encontradas
pode ser explicada pela semelhança observada no consumo de MS e nos tempos de alimentação e
ruminação. A maior eficiência de ruminação em g FDN/h pode ser explicado pelo maior consumo de
FDN dos tratamentos com casca de soja.
As médias do tempo de mastigação total, em horas por dia, do número de bolos ruminais e do
número de mastigações merícicas, em n°/dia, do número de mastigações merícicas por bolo, em n°/bolo,
e do tempo de mastigação merícica por bolo, em s/bolo, com os respectivos coeficientes de variação,
são apresentados na Tabela 10.
Não foram observadas diferenças (p >0,05) para tempo de mastigação total (TMT),
provavelmente em função da semelhança nos tempos despendidos em alimentação e ruminação entre as
dietas, e pelo fato de ter ocorrido diferenças nos consumos de MS.
O número de bolos ruminais (NBR) também não diferiu (p >0,05) entre os tratamentos, sendo o
valor médio de 717,27 bolos/dia. O NBR é dependente do tempo de ruminação e do tempo gasto para
ruminar cada bolo, e o fato de não ter ocorrido variação nesses tempos explica a semelhança do NBR
entre os tratamentos.
Em relação às mastigações merícicas, o tempo gasto (MMtb) e o número de mastigações
merícicas por dia (MMnd), das mastigações merícicas por bolo (MMnb), foram semelhantes (p>0,05)
entre os tratamentos, com médias de 45,23 s/bolo, 43.230 mastigações/dia, 60,65 mastigações/bolo.
A inclusão da casca de soja em substituição ao milho não aumentou o tempo de mastigação
total, pois, embora o teor de FDN da casca de soja seja semelhante ao de forragens, seu estimulo a
mastigação é restrito, devido ao tamanho reduzido das partículas. Fato observado por Morais et al.
(2006) que avaliando os efeitos da substituição de feno de coastcross por casca de soja (12,5, 25,0 e
37,5% da MS da dieta) sobre o comportamento ingestivo de ovinos, observaram efeito linear
decrescente do tempo de mastigação em minutos por dia, à medida que se aumentou a casca de soja na
70
dieta. A redução do tamanho de partícula das dietas com a inclusão da casca foi um dos fatores que
contribuíram para esses resultados.
A FDN fisicamente efetiva (FDNfe) da casca de soja - fração da fibra que estimula a
mastigação – é menor que a FDNfe proveniente de uma fonte de forragem (Grant, 1997). Sua inclusão
reduz a atividade de mastigação, porém, pode aumentar o consumo de FDN por unidade de mastigação.
Tabela 10 – Médias do tempo de mastigação total (TMT), do número de bolos ruminais (NBR), do número de mastigações merícicas (MMnd), das mastigações merícicas por bolo (MMnb), do tempo gasto das mastigações merícicas por bolo (MMtb) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
TMT (h/dia) 15,08ª 14,59a 15,45a 15,38a 5,94
NBR (n°/dia) 778,49a 696,25a 680,79a 713,54a 11,87
MMnd (n°/dia) 44.160a 42.687a 41.805a 44.268a 10,50
MMnb (n°/bolo) 56,83ª 61,61a 61,76a 62,40a 8,67
MMtb (s/bolo) 41,44ª 46,85a 47,32a 45,34a 12,09
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
2.4 – CONCLUSÃO
A substituição parcial de 80% da uréia convencional pela uréia de liberação lenta, assim como a
substituição parcial de 50% do milho pela casca de soja não afeta o comportamento ingestivo de ovinos
confinados.
71
2.5 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, E.M; PEDREIRA, M.S; OLIVEIRA, C.A.S; AGUIAR, L.V.A; Comportamento ingestivo de ovinos alimentados com farelo da vagem de algaroba associado a níveis de uréia. Acta Scientiarum, v.32, n.4, p.439-445, 2010.
ARMENTANO, L.; PEREIRA, M. Measuring the effectiveness of fiber by animal response trials.
Journal of Dairy Science, v.80, p.1416-1425, 1997. BÜRGER, P. J.; PEREIRA, J. C.; QUEIROZ, A. C.;SILVA, J. F. C.; VALADARES FILHO, S. C.;
CECON,P. R.; CASALI, A. D. P. Comportamento ingestivo em bezerros holandeses alimentados com dietas contendo diferentes níveis de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 1, p. 236-242, 2000.
CARDOSO, A. R.; CARVALHO, S; GALVANI, D. B.;PIRES, C. C.; GASPERIN, B. G.; GARCIA, R. P.
A.Comportamento ingestivo de cordeiros alimentados com dietas contendo diferentes níveis de fibra em detergente neutro. Ciência Rural, v. 36, n. 2, p. 604-609, 2006.
CARVALHO, G. G. P.; PIRES, A. J. V.; SILVA; R. R.;VELOSO, C. M.; SILVA, H. G. O. Comportamento
ingestivo de ovinos alimentados com dietas compostas de silagem de capim-elefante amonizada ou não e subprodutos agroindustriais. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 4, p. 1805-1812, 2006.
CARVALHO, G. G. P.; PIRES, A. J. V.; SILVA, R. R.; RIBEIRO, L. S. O.; CHAGAS, D. M. T.
Comportamento ingestivo de ovinos Santa Inês alimentados com dietas contendo farelo de cacau. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 4, p. 660-665, 2008.
CARVALHO, G. G. P.; PIRES, A. J. V.; SILVA, F. F.;VELOSO, C. M.; SILVA, R. R.; SILVA, H. G.
O.;BONOMO, P.; MENDONÇA, S. S. Comportamento ingestivo de cabras leiteiras alimentadas com farelo de cacau ou torta de dendê. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 9, p. 919-925, 2004.
CHURCH, D. C. Gusto, apetito e regulacion de la ingesta de alimentos; In: CHURCH, D. C. (Ed.)
Fisiologia digestiva y nutricion de los ruminantes. Zaragoza: Acribia, 1974. p. 405-435. FERREIRA, E.M. Substituição parcial do milho pela casca de soja na alimentação de cordeiros da
raça Santa Inês em confinamento. (Dissertação Mestrado), Piracicaba, 2008. GENTIL, R.S. Substituição do milho ou feno pela casca de soja na alimentação de pequenos
ruminantes. Tese (Doutorado em Agronomia), Piracicaba, 2010. GRANT, R.J. Interactions among forages and non forage fiber sources. Journal of Dairy Science, v.80,
p.1438-1446, 1997. HENRIQUE, W.; SAMPAIO, A.A.M.; LEME, P.R.; ALLEONI, G.F., DUARTE LANNA, D.P. D.;
MALHEIROS, E. B. Digestibilidade e balanço de nitrogênio em ovinos alimentados à base de dietas com elevado teor de concentrado e níveis crescentes de polpa cítrica peletizada. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 6, p. 2007-2015, 2003.
IPHARRAGUERRE, I.R.; CLARK, J.H. Soyhulls as an alternative feed for lactating dairy cows: a review.
Journal of Dairy Science, v.86, p.1052-1073, 2003. JOHNSON, T. R.; COMBS, D. K. Effects of prepartum diet, inert rumen bulk, and dietary polythylene
glicol on dry matter intake of lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 74, n. 3, p. 933-944, 1991.
LAPIERRE, H.; LOBLEY, G.E. Nitrogen recycling in the ruminant: a review. Journal of Dairy Science.,
v.84, suppl., p.E223-E236, 2001.
72
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7th ed. Washington:
National Academy Press, 2001. 381p. MACEDO, C. A. B.; MIZUBUTI, I. Y.; MOREIRA, F. B.; PEREIRA, E. S.; RIBEIRO, E. L. A.; ROCHA,
M. A.; RAMOS, B. M. O.; MORI, R. M.; PINTO, A. P.; ALVES, T. C.; CASIMIRO, T. R. Comportamento ingestivo de ovinos recebendo dietas com diferentes níveis de bagaço de laranja em substituição à silagem de sorgo na ração. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 6, p. 1910-1916, 2007.
MORAIS, J. B.; SUSIN, I.; PIRES, A. V.; MENDES, C. Q.; OLIVEIRA JUNIOR, R. C.; PACKER, I. U.
Comportamento ingestivo de ovinos e digestibilidade aparente dos nutrientes de dietas contendo casca de soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, n. 7,p. 1157-1164, 2006.
NRC-National Research Council. Nutrient requirements of ruminants: sheep, goats, cervids, and new
world camelids. Washington, D.C.: National Academy Press, 2007. SÁ, O. C; MUNIZ, E.N; COSTA, C.X. Aspectos técnicos e econômicos da terminação de cordeiros a pasto
e em confinamento.Tecnologia & Ciência Agropecuária., João Pessoa, v.2, n.3, p.47-55, set. 2008. POMPEU, R. C. F. F.; ROGÉRIO, M. C. P.;CÂNDIDO, M. J. D.; NEIVA, J. N. M.; GUERRA, J. L. L.;
GONÇALVES, J. S. Comportamento de ovinos em capim-tanzânia sob lotação rotativa com quatro níveis de suplementação concentrada. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 2, p. 374-383, 2009.
SANTOS, J.F; DIAS JÚNIOR, G.S; BITENCOURT, L.L; LOPES, N.M; SIÉCOLA JÚNIOR, S; SILVA,
J.R.M; PEREIRA, R.A.N; PEREIRA, M.N. Resposta de vacas leiteiras à substituição parcial de farelo de soja por uréia encapsulada. Arq. Brás. Méd. Zootec, v.63, n.2, p.423-432, 2011.
SAS INSTITUTE. SAS User’s guide: Statistics. Version 6.12. Cary, 1996. 956p. SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 2. ed. Viçosa:
Imprensa Universitária, 2002. SMITH, K.A.; FROST, J.P. Nitrogen excretion by farm livestock with respect to land spreading
requirements and controlling nitrogen losses to ground and surface waters: part 1: cattle and sheep. Liv. Prod. Sci., v.71, p.173-181, 2000.
SNIFFEN, C. J.; O’CONNOR, J. D.; VAN SOEST, P. J.; FOX, D. G.; RUSSELL, J. B. A net carbohydrate
and protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v. 70, n. 12, p. 3562-3577, 1992.
SOUZA, A. L.; GARCIA, R.; BERNARDINO, F. S.; ROCHA, F. C.; VALADARES FILHO, S. C.;
PEREIRA, O. G.; PIRES, A. J. V. Casca de café em dietas de carneiros: consumo e digestibilidade. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 6, p. 2170-2176, 2004.
TAMMINGA, S. Nutrition management of dairy cows as a contribution to pollution control. J. Dairy Sci.,
v.75, p.345-357, 1992. VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2nd ed. London: Constock, 1994. ZEOULA, L. M.; CALDAS NETO, S. F.; GERON, L. J. V.; MAEDA, E. M.; PRADO, I. N.; DIAN, P. H.
M.; JORGE, J. R. V.; MARQUES, J. A. Substituição do milho pela farinha de varredura de mandioca (Manihot esculenta Crantz) em rações de ovinos: consumo, digestibilidade, balanços de nitrogênio e energia e parâmetros ruminais. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 2, p. 491-502, 2003.
73
Capitulo 3
Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Síntese de proteína microbiana e
balanço de nitrogênio
RESUMO
Conduziu-se este experimento para avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o balanço de nitrogênio, as concentrações de uréia na urina e no plasma e a síntese de proteína microbiana em ovinos confinados. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg (1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL Optigem ®), associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. Foi coletada, 4 horas após o fornecimento do alimento, uma amostra spot de urina de cada animal, através de micção espontânea. Alíquotas de 10 mL de urina foram diluídas em 40 mL de acido sulfúrico a 0,036 N e congeladas a – 20º C para analises e determinação dos derivados de purinas (acido úrico, alantoina), creatinina e uréia. No mesmo dia e horário aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da manha, foi coletado amostras individuais de sangue, por punção da veia jugular, utilizando-se tubos (Vacutainer TM) com ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA). As concentrações de uréia na urina e no plasma e as excreções de uréia na urina não foram influenciadas pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja. As excreções urinarias dos derivados de purinas (mmol/dia), as purinas absorvidas e a produção de nitrogênio (N) microbiano não foram influenciados pela dieta. O N retido não foi influenciado quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia convencional, porem foi maior nos tratamentos onde a casca de soja substituiu 50% do milho.
Palavras-chave: casca de soja, síntese de proteína microbiana, uréia de liberação lenta.
74
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effects of partial substitution of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on the nitrogen balance and microbial protein production in feedlot sheep. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL Optigem ®), associated with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets containing UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). At the end of the performance test, using the same facilities and the same animal was evaluated, the microbial protein synthesis and nitrogen balance for both a study was conducted with the same animals receiving the same diets, which have undergone a period of three days of adaptation and five days of collection. On the 5th day of collection, was collected 4 hours after the provision of food, a spot urine sample from each animal by spontaneous voiding. Aliquots of 10 mL of urine was diluted with 40 mL of 0.036 N sulfuric acid and frozen at - 20 ° C for analysis and determination of purine derivatives (allantoin and uric acid), creatinine and urea. On the same day and time about four hours after the delivery of food in the morning was collected individual samples of blood, by puncturing the jugular vein using tubes (Vacutainer TM) ethylenediaminetetraacetic acid (EDTA). The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. The urinary excretion of allantoin, uric acid, xanthine and hypoxanthine and purine derivatives, the absorbed purines and microbial N production were not influenced by diet. The nitrogen retention was not influenced when urea replaced the slow-release urea conventional, but was higher in treatments where soybean hulls replaced 50% corn.
Keywords: soybean hulls, microbial protein synthesis, slow-release urea.
75
3.1 – INTRODUÇÃO
A determinação do suprimento de proteína microbiana é uma importante área de estudo na
nutrição protéica de ruminantes. Sistemas de alimentação que alteram a produção microbiana podem
afetar a quantidade e a qualidade da proteína que chega ao intestino delgado. Sendo assim, é de
fundamental importancia o estudo de métodos para estimar a síntese de proteína microbiana de forma
rápida, rotineira e não invasiva (Barbosa et al., 2006).
Pesquisas para avaliar a contribuição das proteínas microbianas, como fontes de proteína para o
hospedeiro, utilizam marcadores microbianos que podem ser internos ou externos. Dentre os principais
marcadores internos estão ácido 2,6- diaminopimélico, D-alinina, ácido 2-aminoetilfosfônico e ácidos
nucléicos. Os marcadores externos mais utilizados são os isótopos estáveis e radioativos (Broderick &
Merchen, 1992). Estes métodos requerem a utilização de animais cirurgicamente adaptados e a
determinação do fluxo de matéria seca no abomaso são laboriosos e podem comprometer o bem estar
animal (Chizzotti et al., 2007).
Outra possibilidade de estimar a síntese de proteína microbiana é o uso de técnicas indiretas e
não invasiva, como a excreção urinaria de derivados de purina. Não requer animais cirurgicamente
adaptados e tem sido muito utilizada em trabalhos de nutrição. Este método assume que a quantidade de
derivados de purina excretados na urina dos ruminantes está relacionada à quantidade de purinas
microbianas absorvidas no intestino delgado (Broderick & Merchen, 1992; Chen & Gomes, 1992).
Analises de urina têm grande aplicação em experimentos de nutrição por estimar a síntese de
proteína microbiana e possibilitar a mensuração da excreção de uréia e nitrogênio urinário. Quando os
ensaios são realizados com animais machos, confinados e mantidos em gaiolas metabólicas ou em
fêmeas com cateteres, estes procedimentos são relativamente simples, no entanto, podem comprometer
a saúde e o bem estar animal (Koloski et al., 2005). Em função disto, métodos alternativos têm sido
sugeridos para estimativa da produção urinaria nestas condições.
Na tentativa de simplificar a coleta de urina e garantir o bem estar animal, amostragens quatro
horas, após a alimentação matinal (Spot), são realizadas e a creatinina na urina tem sido utilizada como
indicador da produção urinária diária. A creatinina é um produto metabólico do qual o corpo já não
necessita, portanto, não é utilizada para formação de novas moléculas, sendo excretada pelos rins (Leal
et al., 2007).
Vários trabalhos na literatura (Rennó et al., 2008; Chizzotti et al., 2007; Barbosa et al., 2006)
demonstraram que a coleta spot de urina consiste em metodologia rápida e eficaz para estimação da
excreção urinaria dos derivados de purinas e da produção de compostos nitrogenados.
Santos (2011), sugere que a obtenção de apenas uma amostra (spot) representativa ao ciclo de
24 horas, quatro horas após a primeira alimentação matinal é a mais indicada para as estimativas de
síntese de proteína microbiana.
A suplementação protéica através de nitrogênio não protéico (NNP) é uma prática comum na
alimentação de ovinos. A uréia aparece como fonte principal de NNP por ser de baixo custo e pela
76
praticidade na sua utilização. No rúmen, através da ação da enzima uréase, produzida pelas bactérias
ureolíticas, a uréia é transformada em amônia e CO2, que é utilizada pela flora e fauna ruminal na
síntese da proteína microbiana. Para que isso ocorra e necessário e essencial a presença de fontes
energéticas (Campos Neto, 2003).
A amônia produzida pelas enzimas bacterianas do rúmen é utilizada para a síntese protéica e
como o desenvolvimento da flora e fauna está diretamente relacionado com a digestão dos carboidratos,
esta sincronia entre a produção de amônia e a presença de carboidratos da alimentação foi motivo
principal para que o tratamento da uréia fosse dirigido para o uso de polímeros (Henning et al 1993,
Galo et al. 2003, Akay et al.. 2003 e Jetzabel et al. 2004).
A uréia é fisicamente encapsulada por polímeros (Optigen®) visando reduzir a velocidade de
liberação de nitrogênio (N) no rúmen. Já foram observadas tendências de aumento na síntese
microbiana in vitro, quando a Optigen substituiu a uréia (Harrison et al., 2006). Sendo assim, a uréia de
liberação lenta pode ser uma fonte alternativa de NNP para ruminantes.
De acordo com Pedroso et al. (2007) a crescente demanda pela utilização mais racional e
sustentável dos recursos alimentícios em todo o mundo tem aumentado o numero de pesquisas sobre a
utilização de ingredientes alternativos na nutrição animal como forma de evitar a utilização de alimentos
usados em larga escala na alimentação humana. Neste contexto, a substituição de grãos de cereais, em
especial o milho, por outras fontes de energia na alimentação de ruminantes torna-se de grande
importância. Entre as possibilidades, a casca de soja constitui alternativa para substituir, em parte o
milho em grão em dietas em ovinos em confinamento. A casca de soja é definida como volumoso-
concentrado, pois, tem a função fisiológica de fibra vegetal e funciona como um grão de cereal em
termos de disponibilidade de energia (3,01 Mcal energia digestível por quilograma de matéria seca)
(National Research Council, 2001).
Ipharraguerre & Clark (2003) compilaram trabalhos sobre a composição química da casca de
soja e encontraram valores médios de 11,8% de proteina bruta e 65,6% de fibra em detergente neutro
(FDN) na matéria seca (MS), sendo 43% composta de celulose e 17,8% de hemicelulose.
Objetivou-se neste trabalho avaliar a síntese de proteína microbiana e o balanço de nitrogênio
de ovinos da raça Santa Inês alimentados com dietas contendo uréia convencional ou uréia convencional
substituída parcialmente pela uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por
50% de casca de soja.
3.2 - MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, machos não castrados, com peso vivo inicial
de 21,54 kg (1,95) e quatro meses de idade. Previamente ao inicio do experimento todos os cordeiros
foram vermifugados, vacinados contra clostridioses, identificados, pesados e distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. O período
experimental foi de 63 dias, composto de três sub-períodos de 21 dias, sendo precedido de 15 dias de
adaptação às dietas e ao ambiente.
77
Os animais foram confinados em baias individuais, cobertas suspensas, com piso de madeira
ripado providas de comedouros e bebedouros. Foram pesados no inicio e no final do experimento, após
jejum alimentar de 16 horas, foram feitas também pesagens intermediarias a cada 21 dias, para
determinação do ganho de peso médio diário (GMD).
As rações experimentais foram definidas com a utilização de uréia convencional ou uréia
convencional substituída por 80% de uréia de liberação lenta em rações contendo milho ou milho
substituído por 50% de casca de soja. Os tratamentos foram T1 = Uréia convencional (UC) + Milho
(M); T2 = UC (20%):Uréia de liberação lenta (ULL 80%) + M; T3 = UC + M (50%): Casca de soja
(CS 50%); T4 = UC (20%) + ULL (80%) + M (50%):CS(50%).
As dietas experimentais, isoproteicas e isoenergeticas foram formuladas para atender às
exigências nutricionais de cordeiros de porte médio, com base no NRC (2007), para um ganho de
100g/dia. A ração foi distribuída duas vezes ao dia, pela manhã, às 07h:00, e à tarde, às 16h:00, com
água disponível todo o tempo. A quantidade de alimento fornecido foi reajustada conforme o consumo
do dia anterior, permitindo uma disponibilidade entre 5 e 10% de sobras como margem de segurança.
Diariamente, foi registrada a quantidade de ração oferecida e as sobras foram retiradas individualmente
e pesadas, objetivando avaliar o consumo médio diário. O consumo de nutrientes foi calculado através
da fórmula:
CN = [(MSo x NMSo) – (MSS x NMSS)]/100
Em que:
CN = consumo de nutrientes (g)
MSo = matéria seca oferecida (g)
MSs = matéria seca das sobras (g)
NMSo = nutriente na matéria seca oferecida (%)
NMSs = nutriente na matéria seca das sobras (%)
Os animais receberam dietas contendo 60% de volumoso e 40% de ração concentrada. O
volumoso utilizado foi o feno de coastcross (Cynodon dactilon). Para compor os concentrados foram
utilizados: milho, casca de soja, melaço, uréia convencional, uréia de liberação lenta (Optigen®), e
mistura mineral. A mistura entre volumoso e o concentrado foi realizada no momento do fornecimento
da alimentação. A composição percentual dos ingredientes e a composição bromatologica das dietas
encontram-se nas tabelas 11 e 12.
O feno foi picado utilizando-se picador moedor provido de peneira com crivos de 3,0cm. Todos
os ingredientes previamente pesados foram homogeneizados em um misturador horizontal com
capacidade de 500kg.
Amostras das dietas e sobras foram coletadas semanalmente e armazenadas em freezer com
temperatura a -10ºC até ocasião das análises laboratoriais. Ao final do ensaio, foram feitas amostras
compostas por período, submetidas a analises bromatológicas no laboratório de Pastagem e Nutrição
Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. As amostras do feno, concentrado,
sobras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC, durante 72 horas. Em seguida, foram
78
homogeneizadas para confecção das amostras compostas por animal e moídas em moinho tipo Willey,
utilizando-se peneira com crivos de 1 mm.
As análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), nitrogênio total, fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), nitrogênio
insolúvel em detergente neutro (NIDN) foram realizadas segundo os procedimentos descritos por Silva
e Queiroz (2002). Os teores de carboidratos totais (CHOT) foram calculados segundo a equação
proposta por Sniffen et al. (1992).
CHOT = 100 - (%PB + %EE + %MM);
em que:
CHOT = carboidratos totais (%MS);
PB = teor de PB (%MS);
EE = teor de EE (%MS);
MM = teor de MM (%MS).
Os teores de CNF foram avaliados por meio da equação proposta por Hall (2000). CNF= 100 - (PB
+ EE + MM + FDNcp)
em que:
CNF = teor estimado de CNF (%MS);
PB = teor de PB (%MS);
EE = teor de EE (%MS);
MM = teor de MM (%MS);
FDNcp = teor de FDN corrigido para cinzas e proteína (%MS);
Tabela 11 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes
UC UC:ULL UC UC:ULL
Feno de coastcross 60 60 60 60
Milho moído 32,80 32,64 16,40 16,32
Casca de soja - - 16,32 16,40
Uréia 1,70 0,34 1,70 0,34
ULL - 1,36 - 1,36
Melaço 4,00 4,00 4,00 4,00
Mistura mineral1 1,50 1,50 1,50 1,50
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
¹ Composição: Cálcio (0,48%); Fósforo (0,35%), Sódio (0,59%); Enxofre (0,072%); Cobre (590 ppm);Cobalto (40 ppm); Cromo (20 ppm); Ferro (1800 ppm); Iodo (80 ppm); Manganês (1300 ppm); Selênio ( 15 ppm); Zinco (3800 ppm); Molibdênio (300 ppm).
79
Tabela 12 - Composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes
UC UC:ULL UC UC:ULL
PB (%MS) 11,58 11,54 11,29 11,56
EE (%MS) 1,30 1,29 1,14 1,37
FDA (%MS) 41,79 45,73 40,69 44,77
FDN (%MS) 64,40 67,20 64,34 67,15
CHOT (%MS) 79,24 79,66 79,92 79,13
CNF (%MS) 16,43 14,06 17,16 14,73
MM (%MS) 7,74 7,50 7,64 7,94
MO (%MS) 92,26 92,50 92,36 92,06
FDNcp (%MS) 63,64 66,43 63,58 66,40
NDT (%MS)2 64,39 63,77 64,62 60,58
² NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD.
Ao final do ensaio de desempenho, utilizando as mesmas instalações, foi avaliada a
digestibilidade aparente dos nutrientes, a síntese de proteína microbiana e o balanço de nitrogênio, para
tanto foi realizado um estudo com os mesmos animais recebendo as mesmas dietas experimentais, os
quais passaram por um período de três dias de adaptação as bolsas coletoras de fezes e cinco dias de
coleta. Durante os cinco dias de coletas, diariamente foram anotados a quantidade de alimento
oferecido e as sobras para cada animal, além da amostragem dos ingredientes oferecidos e das sobras.
Todos os dias as rações foram pesadas em balança eletrônica com precisão de 5 g e ofertadas ad libitum
às 7 e às 16 horas, a quantidade de ração ofertada foi ajustada, de forma a permitir sobras de 10% da
quantidade ofertada.
As 7 horas da manhã, foram pesadas as sobras de ração, para obtenção do consumo de matéria
seca (CMS) por animal. No mesmo horário, diariamente, as fezes foram quantificadas. Para colheita de
fezes, foram adaptados arreios, que contem uma bolsa colhedora de fezes, com objetivo de evitar
mistura de fezes e urina. Os animais foram pesados no inicio e no final do ensaio para determinação do
peso corporal. Amostras de 10% da ração ofertada e das sobras foram colhidas, compostas por animal e
armazenadas a – 20 C.
As fezes foram coletadas diariamente durante 5 dias; a produção total teve o peso registrado,
com reserva de 20% do total coletado. Ao final, foi preparada uma amostra composta por animal que foi
embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -20°C. As amostras foram descongeladas e
secas em estufa de ventilação forçada (55C) por 72 horas, e moídas em moinho tipo Wiley com
peneiras com crivos de 1mm e acondicionadas para analises laboratoriais.Todas as amostras foram
analisadas no Laboratório de Pastagem e Nutrição Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia – UESB.
80
No 5° dia de coleta, foi coletada, 4 horas após o fornecimento do alimento, uma amostra spot de
urina de cada animal, através de micção espontânea. Alíquotas de 10 mL de urina foram diluídas em 40
mL de acido sulfúrico a 0,036 N e congeladas a – 20º C para analises e determinação dos derivados de
purinas (acido úrico e alantoina), creatinina e uréia, conforme descrito por Valadares et al. (1997). No
mesmo dia e horário aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da manha, foi
coletado amostras individuais de sangue, por punção da veia jugular, utilizando-se tubos (Vacutainer
TM) com ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA). O sangue com EDTA foi imediatamente
centrifugado a 5000 rpm por 15 minutos, obtendo-se o plasma, que foi acondicionado em eppendorfs e
armazenado em freezer a -20ºC até a realização das analises.
O volume urinário médio diário foi obtido dividindo-se a excreção total de creatinina
(concentração de creatinina em mg/kg PC multiplicada pelo peso corporal) pela concentração de
creatinina na amostra spot de urina, utilizando-se o valor de 14,25 mg/kg de PC de creatinina para
estimativa do volume urinário. Esse valor foi a media encontrada por Santos et al., (2009) para ovinos
da raça Santa Inês.
As concentrações de creatinina e ácido úrico na urina e uréia na urina e no plasma foram
estimadas utilizando-se kits comerciais (Bioclin). A conversão dos valores de uréia em nitrogênio ureico
foi realizada pela multiplicação dos valores obtidos pelo fator 0,4667. Sendo o teor de nitrogênio total
estimado pelo método de Kjeldhal (Silva e Queiroz, 2002).
O balanço de nitrogênio (N-retido, g/dia) foi calculado com: N-retido = N ingerido (g) – N nas fezes (g)
– N na urina (g).
Foi utilizado o método baseado na excreção urinária dos derivados de purina, proposto por
Topps & Elliott, (1965), para se estimar a produção de proteína microbiana no rúmen, que se constitui
em um método simples e não-invasivo (Perez et al., 1996). De acordo com Valadares et al. (1999), os
maiores avanços nessa técnica foram realizados recentemente. Na urina foram realizadas as análises dos
derivados de purinas (alantoína, ácido úrico, xantina e hipoxantina) pelo método colorimétrico,
conforme técnica de Fujihara et al. (1987), descrita por Chen & Gomes (1992). A excreção de purinas
totais (PT) foi estimada pela soma das quantidades de alantoina, ácido úrico, xantina e hipoxantina
excretadas na urina. As purinas microbianas absorvidas (X, mmol/dia) foram calculadas a partir da
excreção de derivados de purinas na urina (Y, mmol/dia), por intermédio da equação: Y = 0,84X +
(0,150PV 0,75 e –0,25X), em que 0,84 é a recuperação de purinas absorvidas como derivados urinários de
purinas e 0,150 PV0,75, a contribuição endógena para a excreção de purinas (Verbic et al., 1990).
O fluxo intestinal de compostos nitrogenados (N) microbianos (g N/dia) foi calculado em
função das purinas microbianas absorvidas (X, mmol/dia), utilizando- se a equação:Y = X (mmol/dia)
*70 / 0,83 x 0,116 x 1000, em que 70 representa o conteúdo de nitrogênio nas purinas (70 mg N/mmol
de purinas), 0,83, a digestibilidade intestinal das purinas microbianas e 0,116, que é a relação N
purina:N-total na massa microbiana (Chen & Gomes, 1992).
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro tratamentos e
seis repetições. Com 24 animais distribuídos em quatro tratamentos: Uréia convencional + Milho (UC +
81
M); Uréia convencional + Uréia de Liberação lenta + milho (UC(20%) + ULL(80%) + M); Uréia
convencional + milho + casca de soja (UC + M (50%) + CS (50%)) e Uréia convencional + Uréia de
Liberação lenta + Milho + Casca de soja (UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%)).Os
resultados obtidos foram submetidos à analise de variância pelo procedimento GLM do Statistical
Analysis Systems (1996), aplicando-se o teste Tukey a 5% de probabilidade.
3.3 - RESULTADO E DISCUSSÃO
As concentrações de uréia no plasma (22,52 mg/dL) N uréico no plasma (11,30 mg/dL) e na
urina (33,69 mg/dL) e uréia na urina (33,89 mg/kg PV) estão apresentadas na Tabela 13. Não foi
observada diferença estatística (p>0,05) entre as médias nos tratamentos, o que provavelmente, deve-se
ao fato de as dietas experimentais serem isoprotéicas, estando de acordo com Silva et al. (2001), que
não observaram diferença entre os tratamentos com mesmo teor de PB e diferentes níveis de NNP. A
concentração plasmática de N uréico em ruminantes está diretamente relacionada ao consumo de
proteína e tem sido usada em estudos para verificar o estado nutricional protéico dos animais (Barton et
al., 1996; Butler et al., 1996; Butler, 1998; Ruas et al., 2000). As
concentrações plasmáticas de N uréico apresentadas neste estudo foram, 10,15; 12,55; 10,80; 11,71
mg/dL, respectivamente para os tratamentos com UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M; UC + M
(50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). Valores próximos dos encontrados
por Magalhães et al. (2005) que encontraram valores de 12,81; 18,53; 14,21; 14,11 mg/dL para bovinos
em crescimento. E dos valores encontrados por Fialho et al. (2007) de 8,60; 7,90; 8,45; 10,31; 9,36
mg/dL que avaliaram os efeitos das combinações entre diferentes fontes de carboidratos (casca de soja e
milho) e nitrogênio não protéico (NNP) (uréia, amireia, Optigem®) em proteinados para bovinos de
corte alimentados com feno de Brachiaria brizantha.
Dos compostos nitrogenados que chegam ao rúmen, cerca de 50 a 70% são degradados pelos
microorganismos, liberando amônia. Durante a fermentação ruminal, sempre que excede o nível de
utilização pelos microorganismos ruminais, a concentração de amônia é absorvida e, por meio da
circulação entero-hepatica, chega ao fígado, onde é transformada em uréia, que, juntamente com a uréia
produzida no fígado a partir do metabolismo de aminoácidos, constitui a maior parte da uréia
plasmática. Parte da uréia é reciclada, via saliva e parede ruminal, e volta ao rúmen e a outra é excretada
pela urina (Kozloski, 2002).
A média de excreção urinária de uréia no presente experimento foi de 34,64 mg/kg PV.
Valadares et al. (1997), estudando novilhos zebuínos recebendo dietas contendo 7; 9,5; 12 e 14,5% de
PB, observaram efeito do nível de PB da dieta sobre a excreção de uréia na urina, sendo de 27,13 mg/kg
PV para a dieta com 7% de PB e 391,81 mg/kg PV para o nível de 14,5% de PB.
Neste estudo não foi observado diferença significativa entre os tratamentos para os níveis de N
uréico no plasma e N uréico na urina e uréia na urina, o que está de acordo com Fialho et al. (2007) que
também não observaram efeito das diferentes combinações de fontes de carboidratos (milho e casca de
82
soja) e nitrogênio não protéico (uréia, amireia e Optigen®) nos proteinados, sobre a concentração de
uréia no plasma e na urina de bovinos.
Tabela 13 – Médias e coeficientes de variação (CV), de N-ureico no plasma, N-ureico na urina, e uréia na urina em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS). Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
Uréia plasma (mg/dL) 19,53a 22,27a 23,18a 25,13a 18,91
N uréico no plasma
(mg/dL)
10,15a 12,55a 10,80a 11,71a 11,65
N uréico na urina
(mg/dL)
35,27a 35,17a 32,64a 31,71a 16,12
Uréia na urina (mg/kg
PV)
35,25a 35,14a 35,98a 32,21a 9,52
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os valores determinados no balanço de nitrogênio são apresentados na Tabela 14. Os maiores
valores de nitrogênio ingerido e absorvido foram obtidos com as dietas com milho + casca de soja, tanto
com uréia convencional como com a substituição de 80% da uréia convencional por uréia de liberação
lenta.
A maior ingestão de nitrogênio no grupo alimentado com milho + casca de soja refletiu no
aumento do nitrogênio absorvido (Tabela 15), pois foram observados valores de 13,04; 12,51; 16,64;
16,55 g/dia, respectivamente para os tratamentos com UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M; UC + M
(50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%).
Esses valores, entretanto, são superiores aos observados por Branco et al. (2003), que relataram
4,7; 5,6; 6,2; 7,1 e 7,6 g/dia, respectivamente, para as substituições de farelo de soja por farinha de pena
de 0, 25, 50, 75 e 100% em dietas para ovinos.
As excreções urinarias de nitrogênio não diferiram entre os tratamentos observando um valor
médio de 7,01 g/dia. Branco et al. (2003) registraram valores de 16,3; 15,8; 14,7; 14,8 e 13,9 g/dia,
respectivamente, para as substituições de farelo de soja por farinha de pena de 0, 25, 50, 75 e 100% na
dieta de ovinos confinados.
O teor de nitrogênio retido foi maior para os tratamentos com Milho + Casca de soja (M+CS).
A retenção de nitrogênio foi de 5,90; 5,59; 10,70; 8,39, respectivamente para os tratamentos com UC +
M; UC (20%) + ULL (80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) +
CS (50%). Parece ter havido maior sincronização entre a degradação dos carboidratos da casca de soja e
a liberação de amônia das fontes de NNP.
O que está de acordo com Fialho (2007) que observou menor concentração de amônia ruminal
no tratamento com casca de soja em relação ao milho, quando avaliou os efeitos das combinações entre
83
as diferentes fontes de carboidratos (milho e casca de soja) e nitrogênio não protéico (NNP) (uréia e
uréia de liberação lenta (optigen®)) em proteinados para bovinos de corte alimentados com feno de
Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Mouro et al. (2007), avaliaram a influencia de duas fontes de carboidrato (casca de soja e milho
grão) e dois níveis de volumoso (40 e 70%) em dietas para ovinos, e diferente deste trabalho não
observaram efeito das dietas sobre a retenção de nitrogênio, cujo valor médio foi de 5,72 g/dia, valor
abaixo da media de 7,64 verificada neste trabalho.
Tabela 14 – Valores do balanço de nitrogênio com os respectivos coeficientes de variação (CV) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
Nitrogênio ingerido, g/dia 18,18b 17,05b 22,07a 22,60a 11,36
Nitrogênio fecal, g/dia 5,14a 4,54a 5,42a 6,04a 22,93
Nitrogênio absorvido, g/dia 13,04b 12,51b 16,64a 16,55a 11,90
Nitrogênio urinário, g/dia 7,13a 6,81a 5,94a 8,16a 33,80
Nitrogênio retido, g/dia 5,90b 5,59b 10,70a 8,39a 33,37
N retido (% do ingerido) 32,66a 33,25a 48,42a 37,10a 30,24
N retido (% do absorvido) 46,17a 44,72a 64,18a 50,52a 29,59 Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio ingerido não diferiu entre os
tratamentos com valor médio de 37,85%. Valor próximo ao encontrado por Henrique et al. (2003) de
35,27%, para ovinos alimentados com elevado teor de concentrado e níveis crescentes de polpa cítrica
em substituição ao grão de milho. Inferior ao encontrado por Zeoula et al. (2006) de 44,27% que
avaliaram dietas com diferentes teores de proteína degradável no rúmen e milho moído como fonte de
amido em ovinos. Superior aos observados por Lavezzo et al. (1996), de 23,3% do NI e por Zeoula et al.
(2003), de 34,70% do NI, para ovinos alimentados, respectivamente, com rações contendo 15,4% e
10,9% de PB.
A porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio absorvido não diferiu entre os
tratamentos com valor médio de 51,39%. Valor próximo ao encontrado por Henrique et al. (2003) de
53,88%, para ovinos alimentados com elevado teor de concentrado e níveis crescentes de polpa cítrica
em substituição ao milho.
Na Tabela 15 constam as excreções dos derivados de purinas (DP), representados por alantoina,
acido úrico, xantina e hipoxantina, derivados de purinas totais e purinas absorvidas, e as produções de
compostos nitrogenados microbiano (Nmic), correspondentes aos tratamentos e os respectivos
coeficientes de variação. Nenhumas das variáveis foram afetadas significativamente (P>0,05) pela
84
substituição parcial da uréia convencional pela de liberação lenta, nem pela substituição parcial do
milho pela casca de soja.
Tabela 15 – Médias e coeficientes de variação (CV) para as excreções urinarias de xantina e hipoxantina (XAN e HIPO) alantoína (ALA), acido úrico (AcU), purinas totais (PT), purinas microbianas absorvidas (PA), compostos nitrogênados microbianos (Nmic), proteína bruta microbiana (PB mic,), em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).
Tratamentos
Milho Milho + CS CV
Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL
ALA (mmol/dia) 3,36a 2,87a 2,92a 2,69a 12,67
AcU (mmol/dia) 0,74a 0,65a 0,63a 0,55a 18,08
XAN e HIPO (mmol/dia) 1,38a 1,19a 1,02a 1,67a 15,01
PT (mmol/dia) 5,48a 4,71a 4,57a 4,91a 11,65
PA (mmol/dia) 5,57a 4,22a 4,35a 5,10a 10,74
Nmic (g/dia) 4,27a 4,41a 5,27a 3,95a 9,52
PB mic (g/dia) 26,70a 27,60a 32,96a 24,72a 11,93
Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fialho (2007) avaliou os efeitos das combinações entre as diferentes fontes de carboidratos
(milho e casca de soja) e nitrogênio não protéico (NNP) (uréia e uréia de liberação lenta (optigen®))
em proteinados para bovinos de corte alimentados com feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Os
tratamentos foram (casca de soja + optigen®); (casca de soja + uréia); (milho + amireia); (milho +
optigen®) e (milho + uréia).
Segundo Yu et al. (2002), entre outros fatores, as excreções de alantoína, ácido úrico, xantina e
hipoxantina podem ser afetadas pelas fontes de proteína dietética e energia, pelo peso vivo, pelos
aditivos alimentares e pela espécie. Essa informação é condizente com os resultados observados, pois a
ausência de efeito significativo pode estar relacionada a similaridade entre as fontes alimentares e o
peso dos animais (ovinos Santa Inês em crescimento) utilizados no experimento.
A produção microbiana seguiu o mesmo comportamento observado nas excreções de alantoina
e purinas totais, ou seja, não apresentou efeito significativo entre os tratamentos. O que está de acordo
com as observações de Puchala & Kulasek (1992) em ovinos. De acordo com estes autores, esse
comportamento indica alta correlação entre excreção de derivados de purinas na urina e fluxo de
compostos nitrogenados microbianos no duodeno.
As estimativas de síntese de compostos nitrogenados microbianos observadas neste estudo, de
4,27; 4,41; 5,27 e 3,95 g/dia , respectivamente para os tratamentos com UC + M; UC (20%) + ULL
(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%), foram
próximos dos valores encontrados por Carvalho (2008) de 3,7; 3,4; 3,3; 3,2 g/dia para ovinos
85
alimentados com dietas contendo cana-de-açúcar. E próximos aos encontrados por Carvalho et al.
(2010) de 5,42; 5,52; 5,95 e 5,72 g/dia para caprinos em crescimento alimentados com cana-de-açúcar.
Em trabalho conduzido por Bueno (2002), o autor avaliou a produção de N microbiano em
ovinos Santa Inês alimentados com fenos de alfafa, braquiária e Tifton-85, relatando valores de 14,0;
3,6; e 5,1 g/dia, respectivamente. Os valores médios observados no presente estudo estão de acordo
com o valor verificado para o tratamento com feno de Tifton-85 utilizado pelo autor. Avaliando dietas
contendo capim-colonião e concentrado para ovinos, Jetana et al. (2000) relataram valores de N
microbiano variando entre 7,8 e 10,8 g/dia.
As proporções dos derivados de purinas, expressos em % de purinas totais, estão em
concordância com os valores relatados para ovinos por Chen & Gomes (1992), os quais citaram faixas
de 60 a 80% para alantoína, 10-30% para o acido úrico. Neste estudo os valores foram 61,5% , 13,03%,
respectivamente, para alantoína e acido úrico.
3.4 – CONCLUSÃO
A uréia de liberação lenta em substituição a uréia convencional, bem como a substituição
parcial do milho pela casca de soja, não influenciou nas concentrações de nitrogênio ureico na urina
e no plasma e as excreções de uréia na urina de ovinos confinados. Também não houve alteração na
excreção dos derivados de purinas nem na síntese de compostos nitrogenados e proteína microbiana
quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia convencional, e na substituição parcial do milho
pela casca de soja.
O nitrogênio retido não foi influenciado quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia
convencional, porém foi maior nos tratamentos onde a casca de soja substituiu o milho em 50%.
86
3.5 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AKAY, V; TIKOFSKY, J. HOLTZ, C., DAWSON, K.A. Optigen 1200: liberação controlada de
nitrogênio não protéico no rúmen. Anais do Simpósio Brasileiro Alltech. 105-111, 2004 BARBOSA, A.M.; VALADARES, R. F. D.; VALADARES FILHO, S. C. et al. Efeito do período de
coleta de urina, dos níveis de concentrado e de fontes protéicas sobre a excreção de creatinina, de uréia e de derivados de purina e a produção microbiana em bovinos Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.870-877, 2006.
BARTON, B.A.; ROSARIO, H.A.; ANDRESON, G.M. et al. Effect of dietary crude protein, breed,
parity, and health status on the fertility of dairy cows. Journal of Dairy Science, v.79, n.12, p.2225-2236, 1996.
BRANCO, A.T.; ZEOULA, L.M.; BUMBIERIS, V.H. Farinha de penas hidrolisada em dietas de ovinos.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1454-1460, 2003. BRODERICK, G.A.; MERCHEN, N.R. Markers for quantifying microbial protein synthesis in the
rumen. Journal Dairy Science, v.75, n.9, p.2618-2632, 1992. BUENO, I.C.S. Cinética digestiva e síntese microbiana ruminal em ovinos alimentados com fenos
de três qualidades distintas. 2002. 97p Tese (Doutorado em Ciência Animal e Pastagem) – ESALQ/USP, Piracicaba, 2002.
BUTLER, W.R. Symposium: optimizing protein nutrition for reproduction and lactation. Journal of
Dairy Science, v.81, n.9, p.2533-2539, 1998. BUTLER, W.R.; CALAMAN, J.J.; BEAM, S.W. Plasma and milk urea nitrogen in relation to pregnancy
rate in lactating dairy cattle. Journal of Animal Science, v.74, n.4, p.858-865, 1996. CAMPOS NETO, O; SCALZO, A.L; CAMPANHA, F.B. Analise Química, biológica e toxicológica de
uréia de liberação lenta. Revista Cientifica Eletrônica de Medicina Veterinária, ed.1. 2003. CARVALHO, C.G.P. Cana-de-açúcar tratada com oxido de cálcio em dietas para ovinos, caprinos,
novilhas e vacas em lactação. 2008. 304p. Tese (Doutorado em Zootecnia), UFV – Viçosa, 2008. CHEN, X.B.; GOMES, M.J. Estimation of microbial protein supply to sheep and cattle based on urinary
excretion of purine derivatives – an overview of technical details. Bucksburnd: Rowett Research Institute; International Feed Resources Unit, 1992, 21p. (Occasional publication).
CHIZZOTTI, M.L.; VALADARES FILHO, S.C.; VALADARES, R.F.D. et al. Consumo,
digestibilidade e excreção de uréia e derivados de purinas em vacas de diferentes níveis de produção de leite. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.1, p.138-146, 2007.
FIALHO, M.P. F; MIRANDA, P.A. B; SALIBA, E.O. S; OLIVEIRA, L.O. F; et al. Concentração de
uréia no plasma e na urina de bovinos suplementados com proteinados combinando diferentes fontes de carboidratos e nitrogênio não protéico. In: CONGRESSO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2007. Londrina – PR. Anais eletrônicos..., disponível em www.abz.org.br/anais-zootec-2007. 2007.
FIALHO, M.P. Parâmetros ruminais e eficiência de síntese de proteína microbiana em bovinos
suplementados com proteinados combinando diferentes fontes de carboidratos e nitrogênio não protéico. (Dissertação de Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, 58p. 2007.
FUJIHARA, T., ORSKOV, E.R., REEDS, P.J. et al. 1987. The effect of protein infusion on urinary
excretion of purine derivatives in ruminants nourished by intragastric nutrition. J. Agric. Sci., 109:7-12.
87
GALO. E, EMANUEL S.M. SNIFFEN C.J. WHITE, J.H., AND KNAPP J.R. Effect of a polymer-cooat urea product on nitrogen metabolism in lactating dairy catlle. J. Dairy Sci 86: 2154-2162, 2003
HARRISON, G.A.; TRICARICO, J.M.; DAWSON, K.A. Effects of urea and Optigen® II on ruminal
fermentation and microbial protein synthesis in rumen-simulating cultures. In: Anais NUTRITIONAL BIOTECHNOLOGY IN THE FEED AND FOOD INDUSTRIES, 22., 2006, Lexington. Proceedings… Lexington: Alltech, 2006. (CD-ROM).
HENRIQUE, W; SAMPAIO, A.A.M; LEME, P.R; ALLEONI, F; et al. Digestibilidade e Balanço de
Nitrogênio em Ovinos alimentados à base de dietas com elevado teor de concentrado e níveis crescentes de polpa cítrica peletizada. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.2007-2015, 2003.
KOZLOSKI, G.V.; FIORENTINI, G.; H_TER, C.J. et al. Uso da creatinina como indicador da excreção
urinária em ovinos. Ciência Rural, v.35, n.1, p.98-102, 2005. IPHARRAGUERRE, I.R.; CLARK, J.H. Soy hulls as an alternative feed for lactating dairy cows: a
review. Journal of Dairy Science, v.86, p.1052-1073, 2003. JETANA, T.; ABDULLANH, N.; HALIM, R.A. et al. Effects of energy and protein supplementation on
microbial – N synthesus and allantoin excretion in sheoo fed guinea grass. Animal Feed Science and Technology, v.84, n.3/4, p.167-181, 2000.
LAVEZZO, O.E.N.; LAVEZZO, W.; BURINI, R.C. Efeitos nutricionais da substituição parcial do
farelo de soja, em dietas de ovinos. Comparação da digestibilidade aparente e balanço de nitrogênio com a cinética do metabolismo da n-glicina. Revista Brasileira de Zootecnia, v.25, n.2, p.282-297, 1996.
LEAL, T.L., VALADARES, R.F.D.; VALADARES FILHO, S.C. et al. Variações diárias nas excreções
de creatinina e derivados de purinas em novilhas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.4, p.905-911, 2007.
MAGALHÃES, K.A.; VALADARES FILHO, S.C.; VALADARES, R.F.D. et al. Produção de proteína
microbiana, concentração plasmática de uréia e excreções de uréia em novilhos alimentados com diferentes níveis de uréia ou casca de algodão.Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.4, p.1400-1407,2005.
MOURO, G.F.; BRANCO, A.F.; HARMON, D.L. et al. Fontes de carboidratos e porcentagem de
volumosos em dietas para ovinos: balanço de nitrogênio, digestibilidade e fluxo portal de nutrientes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.2, p.489-498, 2007.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of ruminants: Sheep, Goats,
Cervids, and New World Camelids. Washington, D.C.: National Academy Press, 2007. 384p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7th ed. Washington: National Academy Press, 2001. 381p.
PEDROSO, A,M.; SANTOS, F.A.P; BITTAR,C.M.M; PIRES, A.V; MARTINEZ, J.C. Substituição do
milho moído por casca de soja na ração de vacas leiteiras em confinamento. Revista brasileira de zootecnia, Viçosa, v. 36, n. 5,p. 1651-1657, 2007.
PEREZ, J.F., BALCELLS, J., GUADA, J.A. et al. 1996. Determination of rumen microbial-nitrogen
production in sheep: a comparison of urinary purine excretion with methods using 15N and purine bases as markers of microbial-nitrogen entering the duodenal. Br. J. Nut., 75:699-709.
88
PUCHALA, R., KULASEK, G.W. 1992. Estimation of microbial protein flow from the rumen of sheep using microbial nucleic acid and excretion of purine derivatives. Can. J. Anim. Sci., 72:821-830.
ROSELER, D.K., FERGUSON, J.D., SNIFFEN. C.J. Dietary protein degradability effects on plasma
anda milk urea nitrogen and milk nonprotein nitrogen in Holstein cows. J.Dairy Sci., v. 76, n.2 p525-534, 1993.
RUAS, J.R.M.; TORRES, C.A.A.; BORGES, L.E. et al. Efeito da suplementação protéica a pasto sobre
eficiência reprodutiva e concentração sanguínea de colesterol, glicose e uréia em vacas Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.6, p.2043-2050,2000.
SANTOS, A.B. dos. Farelo da vagem de algaroba associado a fontes protéicas em dietas de cabras lactantes. (Dissertação de Mestrado), Itapetinga-BA: UESB, 2011. 91fl.
SANTOS, E.J; PEREIRA, M.L.A; ALMEIDA, P.J.P; et al. Estimativa do volume urinário por meio do uso de creatinina em ovinos alimentados com farelo de vagem de algaroba (Prosopis juliflora). Anais...Zootec 2009, Águas de Lindóia , SP. 2009.
SAS INSTITUTE. SAS User’s guide: Statistics. Version 6.12. Cary, 1996. 956p. SILVA, RM.N.; VALADARES, R.F.D.; VALADARES FILHO, S.C. et al. Uréia para vacas em
lactação. 2. Estimativa do volume urinário, da produção microbiana e da excreção de uréia. Rev. Bras. Zootec., v.30, n.5, p.1948-1957, 2001.
SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 2. ed. Viçosa:
Imprensa Universitária, 2002. TOPPS, J.H., ELLIOT, R.C. 1965. Partition of nitrogen in the urine of African sheep given a variety of
low-protein diets. Anim. Prod., 9(1):219-227. VALADARES, R.F.D., BRODERICK, G.A., VALADARES FILHO, S.C. et al. 1999. Effect of
replacing alfafa with high moisture corn on ruminal protein synthesis estimated from excretion of total purine derivatives. J. Dairy Sci., 82:2686-2696.
VALADARES, R.F.D., GONÇALVES, L.C., SAMPAIO, I.B. et al. 1997. Níveis de proteína em dietas
de bovinos. 2. Consumo, digestibilidade e balanços de compostos nitrogenados. R. Bras. Zootec., 26(6):1259-1263.
VALADARES, R.F.D.; GONÇALVES, L.C.; RODRIGUEZ, N.M. et al. Niveis de proteína em dietas de
bovinos. 4. Concentrações de amônia ruminal e uréia plasmática e excreções de uréia e creatinina. R. Bras. Zootec., v.26, n.6, p.1270-1278, 1997.
VERBIC, J., CHEN, X.B., MACLEOD, N.A. et al. 1990. Excretion of purine derivatives by ruminants.
Effect of microbial nucleic acid infusion on purine derivative excretion by steers. J. Agric. Sci., 114(3):243-248.
ZEOULA, L.M.; FERELI, F; PRADO, I.N; GERON, L. J. V. et al. Digestibilidade e balanço de
nitrogênio de rações com diferentes teores de proteína degradável no rúmen e milho moído como fonte de amido em ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia , v.35, n.5, p.2179-2186, 2006.
ZEOULA, L.M.; CALDAS NETO, S.F.; GERON, L.J.V. et al. Substituição do milho pela farinha de
varredura de mandioca (Maneou esculent, Crantz ) em rações de ovinos: consumo, digestibilidade, balanços de nitrogênio e energia e parâmetros ruminais. Revista Brasileira de Zootecnia , v.32, n.2, p.491-502, 2003.