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TIPOS DE URÉIA E FONTES DE CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS JOÃO GONSALVES NETO 2011

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TIPOS DE URÉIA E FONTES DE CARBOIDRATOS NA

ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS

JOÃO GONSALVES NETO

2011

JOÃO GONSALVES NETO

TIPOS DE URÉIA E FONTES DE CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO DE

CORDEIROS

Tese apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes, para obtenção do título de “Doutor”.

Orientador: Marcio dos Santos Pedreira

Co-orientador: Fabiano Ferreira da Silva

Co-orientador: Mara Lucia Albuquerque Pereira

ITAPETINGA BAHIA – BRASIL

2011

636.085

G646t

Gonsalves Neto, João.

Tipos de uréia e fontes de carboidratos na alimentação de cordeiros. / João Gonsalves Neto – Itapetinga-BA: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2011. 89 fl..

Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - Campus de Itapetinga. Sob a orientação do Prof. D.Sc. Márcio dos Santos Pedreira e co-orientador Prof. D.Sc. Fabiano Ferreira da Silva; Prof. D. Sc. Mara Lúcia Albuquerque Pereira.

1. Nutrição animal – Uréia – Ovinos Santa Inês. 2. Uréia de liberação lenta – Alimentação alternativa – Ovinos. 3. Uréia de liberação lenta – Digestibilidade – Ovinos. I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Campus de Itapetinga. II. Pedreira, Márcio dos Santos. III. Silva, Fabiano Ferreira da. IV. Pereira, Mara Lúcia Albuquerque. V. Título

CDD(21): 636.085

Catalogação na Fonte:

Cláudia Aparecida de Souza– CRB 1014-5ª Região

Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA

Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:

1. Nutrição animal : Uréia : Ovinos Santa Inês 2. Uréia de liberação lenta : Alimentação alternativa : Digestibilidade : Ovinos 3. Ovinos : Alimentação : Uréia

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Área de Concentração: Produção de Ruminantes

Campus de Itapetinga – BA

DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO

Titulo: “Tipos de Uréia e Fontes de Carboidratos na Alimentação de Cordeiros” Autor: João Gonsalves Neto Orientador: Prof. Dr. Marcio dos Santos Pedreira Co-orientador: Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva Prof. Dra. Mara Lucia Albuquerque Pereira Aprovada como parte das exigências para obtenção do Titulo de DOUTOR EM

ZOOTECNIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PRODUÇÃO DE RUMINANTES,

pela Banca Examinadora:

Prof. Dr. Marcio dos Santos Pedreira – UESB

Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva – UESB

Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto – UFPB

Prof. Dr. Sergio Augusto de Alquerque Fernandes – UESB

Prof. Dr. Herymá Giovane de Oliveira Silva – UESB

Data da realização: 13 de dezembro de 2011.

A Tia Vera “in memória” pessoa sempre presente e que sempre alegrou nossas vidas, e que teve

como sua maior característica sua grande fé em Deus.

Dedico

Ao Deus criador e Senhor de todas as coisas.

“Quando, pois, tiveres comido e fores farto, louvareis ao SENHOR teu Deus, pela boa terra que te deu.”

Dt 8:10

“ e não digas no teu coração: A minha força e a fortaleza do meu braço me adquiriram este poder. Antes

te lembrarás do SENHOR, teu Deus,que ele é o que te dá força para adiquirires poder; para confirmar o

seu concerto, que jurou a teus pais, como se vê neste dia”. Dt 8:17-18

Ofereço

AGRADECIMENTOS

A Deus por tudo que tem feito e que ainda fará na minha vida. Sem Ele seria impossível concluir

esse trabalho. A Deus toda honra, gloria, louvor e exaltação. Obrigado meu Deus.

Aos meus pais, pela vida, criação e apoio.

A minha esposa e minhas filhas, por todo apoio e compreensão.

A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, minha segunda casa desde 1999, pela oportunidade

concedida de concluir o curso de Doutorado.

Ao Professor D.Sc. Marcio dos Santos Pedreira, pela orientação e amizade e ensinamentos passados.

Ao D.Sc. Professor Fabiano Ferreira da Silva, pela amizade, apoio, pelos ensinamentos passados

desde a graduação e pela co-orientação.

A Professora D.Sc. Mara Lucia Albuquerque, por todo apoio nas analises laboratoriais realizadas no

laboratório de fisiologia animal, e pela co-orientação.

A todos os professores do Curso de pós-graduação em Zootecnia.

A colega Edileusa, por todo auxilio nas analises laboratoriais, coleta e armazenamento das amostras,

apoio e amizade.

Ao colega Adler, por todo apoio, na tabulação dos dados.

Ao estagiário Charles pela ajuda durante o experimento e ao estagiário Jadir, pelo apoio e ajuda

durante todo o experimento.

A todos os bolsistas, colegas e estagiários que participaram desta pesquisa.

Ao Zé (do laboratório), pelo apóio nas analises laboratoriais.

Ao Prof. D.Sc. Fabio Teixeira, pelo apoio e auxilio.

Ao Prof. D.Sc. Herymá Giovane, por todo apoio e auxilio.

A todos aqueles que de alguma forma participaram direta ou indiretamente desta pesquisa.

BIOGRAFIA

João Gonsalves Neto, filho de Antonio Odilair de Carvalho e Joana Gonsalves Carvalho, nasceu

em 04 de novembro de 1976, em São João Del Rei – MG.

Formou-se em Técnico em Agropecuária, pela Escola Media de Agropecuária Regional da

Ceplac – EMARC, na cidade de Teixeira de Freitas – BA.

Em 1999 ingressou no curso de graduação em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia – UESB, na cidade de Itapetinga – BA.

Em 2000 fez estagio extra curricular na EMBRAPA GADO DE LEITE no Centro Nacional de

Pesquisa em Gado de leite – CNPGL, Coronel Pacheco – MG.

Em 2003 se tornou Bacharel em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –

UESB, na cidade de Itapetinga – BA.

Em 2004 foi aprovado em 1° lugar na seleção publica para professor do curso de graduação em

Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, na cidade de Itapetinga –

BA.

Em 2005 concluiu o Mestrado em Zootecnia “Produção de Ruminantes” na Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, na cidade de Itapetinga – BA.

Em 2010 se tornou Juiz Auxiliar da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu – ABCZ, em

Uberaba – MG.

Em 2011, se tornou Doutor em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –

UESB, na cidade de Itapetinga – BA.

RESUMO

GONSALVES NETO, J. Utilização de uréia de liberação lenta na alimentação de cordeiros. Itapetinga-BA: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, 2011. 89p (Tese – Doutorado em Zootecnia – Área de concentração em Produção de Ruminantes).*

O objetivo neste experimento foi avaliar o efeito da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o desempenho, digestibilidade aparente dos nutrientes, medidas biométricas, comportamento ingestivo, balanço de nitrogênio e síntese de proteína microbiana de ovinos da raça Santa Inês. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg ( 1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) Optigem ®, associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). O experimento foi dividido em duas etapas a primeira etapa para avaliar o desempenho, crescimento e o comportamento ingestivo dos animais, teve uma duração de 63 dias, divididos em três subperíodos de 21 dias. Sendo precedida por um período de adaptação de 15 dias. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no 19° dia de cada subperiodo experimental, sendo registrado o tempo despendido em alimentação, ruminação e ócio. Foram realizadas observações por três períodos, das 10 às 12h, 14 às 16h e 18 às 20h, determinando-se o número de mastigações merícicas por bolo ruminal e o tempo gasto para ruminação de cada bolo. A segunda etapa teve objetivo de avaliar a digestibilidade dos nutrientes, o balanço de nitrogênio e a síntese de proteína microbiana e teve duração de oito dias, sendo três dias de adaptação e cinco dias de coleta de dados. No 5° dia de coleta, foi coletada, 4 horas após o fornecimento do alimento, uma amostra spot de urina de cada animal, através de micção espontânea. No mesmo dia e horário aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da manha, foi coletado amostras individuais de sangue, por punção da veia jugular, utilizando-se tubos (Vacutainer TM) com ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA). As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. Não foram observados efeitos da substituição da UC pela ULL e do milho pela CS sobre o consumo de nutrientes, exceto do FDN e do FDA, que aumentaram nos tratamentos com casca de soja. A substituição da UC pela ULL e do milho pela CS não influenciaram a digestibilidade dos nutrientes, o ganho médio de peso corporal, a conversão alimentar dos animais e as medidas biométricas. Os tempos de alimentação (338,88 min.) e ruminação (575,72 min.), tempo de mastigação total (15,12 h dia), tempo gasto com mastigações por bolo (45,23 s), número de mastigações por bolo (60,65) e por dia (43.230) bem como as eficiências de alimentação e ruminação não foram influenciados pelos tratamentos. O comportamento ingestivo de ovinos não foi afetado pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja. As concentrações de uréia na urina e no plasma e as excreções de uréia na urina não foram influenciadas pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja. As excreções urinarias de alantoina, acido úrico, xantina e hipoxantina e derivados de purina, as purinas absorvidas e a produção de N microbiano não foram influenciados pela dieta. O nitrogênio retido não foi influenciado quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia convencional, porem foi maior nos tratamentos onde a casca de soja substituiu 50% do milho. Palavras-chave: casca de soja, desempenho, digestibilidade, medidas biométricas, milho, síntese de

proteína microbiana, uréia de liberação lenta

* Orientador: Márcio dos Santos Pedreira, D.Sc., UESB e Co-orientadores: Mara Lúcia de Albuquerque Pereira e Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB

ABSTRACT

Gonsalves NETO, J. Use slow-release urea fed to sheep. Itapetinga-BA: State University of Southwest Bahia-UESB, 2011. 89p (Thesis - PhD in Animal Science - Area of concentration in Ruminant Production) .*

The objective of this trial was to evaluate the effect of partial replacement of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on performance, digestibility of nutrients, biometric measures, ingestive behavior, nitrogen balance and synthesis microbial protein in sheep Santa Ines. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL) Optigem ®, combined with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets: UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80% ) + M (50%) + CS (50%). The experiment was divided into two stages the first step in evaluating the performance, growth and ingestive behavior of animals, lasted 63 days, divided into three sub-periods of 21 days. Being preceded by an adaptation period of 15 days. Assessment of ingestive behavior occurred on the 19th day of each experimental subperiod, and recorded the time spent eating, ruminating and resting. Observations were made for three periods, from 10 to 12h, at 16h 14 to 20h and 18, determining the number of chews per cake rumen and time spent ruminating each cake. The second stage was to evaluate the digestibility of nutrients, nitrogen balance and microbial protein synthesis and lasted 8 days and 3 days for adaptation and 5 days of data collection. On the 5th day of collection, was collected 4 hours after the provision of food, a spot urine sample from each animal by spontaneous voiding. On the same day and time about four hours after the delivery of food in the morning was collected individual samples of blood, by puncturing the jugular vein using tubes (Vacutainer TM) ethylenediaminetetraacetic acid (EDTA). The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. There were no effects of the replacement of the UC ULL by CS and corn on the consumption of nutrients, except for NDF and ADF, which increased in treatments with soybean hulls. The replacement of the UC ULL and corn by CS did not influence the digestibility of nutrients, the mean body weight gain, feed animals and biometric measurements. The feeding times (338.88 min.) And rumination (575.72 min.), Total chewing time (15.12 h day), time spent chewing per cake (45.23 s), number of chews per cake (60.65) per day (43,230) as well as the efficiencies of feeding and rumination were not affected by treatments. The ingestive behavior of sheep was not affected by partial replacement of conventional urea release by 80% controlled-release urea (Optigen ®), and the partial replacement of corn by soybean hulls. The concentrations of urea in urine and plasma and the excretion of urea in the urine were not affected by partial replacement of conventional urea release by 80% controlled-release urea (Optigen ®), and the partial replacement of corn by soybean hulls . The urinary excretion of allantoin, uric acid, xanthine and hypoxanthine and purine derivatives, the absorbed purines and microbial N production were not influenced by diet. The nitrogen retention was not influenced when urea replaced the slow-release urea conventional, but was higher in treatments where soybean hulls replaced 50% corn. Keywords: slow-release urea, soybean hulls, corn, performance, biometric measurements, digestibility, microbial protein synthesis *Advisor: Marcio dos Santos Pedreira, D.Sc., UESB and Co-advisors: Mara Lucia de Albuquerque Pereira, Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB

SUMÁRIO

RESUMO Pagina

ABSTRACT

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 15

REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................................... 18

2.1 - Terminação de ovinos em confinamento............................................................................... 18

2.2 - Utilização de uréia na alimentação de ovinos.........................................................................19

2.3 - Uréia de liberação lenta na alimentação de ruminantes ...................................................... 21

2.4 - Sincronização entre proteína e energia................................................................................. 24

2.5 – Utilização do milho como fonte de carboidrato ....................................................................26

2.6 - Utilização da casca de soja como fonte de carboidrato .........................................................27

3. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 32

CAPÍTULO 1

Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Desempenho, digestibilidade e

medidas biométricas .......................................................................................................................39

RESUMO...........................................................................................................................................39

ABSTRACT.......................................................................................................................................40

4.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... ................. 41

4.2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 43

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 48

4.4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... ................... 55

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 56

CAPÍTULO 2

Tipos de uréia e fontes de carboidratos na dieta de cordeiros: Comportamento ingestivo........61

RESUMO............................................................................................................................................61

ABSTRACT.......................................................................................................................................62

5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 63

5.2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 64

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 67

5.4 CONCLUSÃO............................................................................................................................ 70

5.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 71

CAPÍTULO 3

Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Síntese de proteína microbiana e balanço de nitrogênio ....................................................................................................................73 RESUMO...........................................................................................................................................73ABSTRACT.......................................................................................................................................746.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 75 6.2 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 76 6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................... 81 6.4 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 85 6.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 86

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).......................................46

Tabela 2 - Composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)..........................................................................................46 Tabela 3 - Consumo de matéria seca (CMS g/dia, % do peso corporal e em relação ao peso metabólico PV0,75), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de FDN (CFDN), consumo de FDA (CFDA), consumo de extrato etéreo (CEE), consumo de carboidratos totais (CCHOT), consumo de carboidrato não fibroso (CCNF), consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) e seus coeficientes de variação................................................................................................................................................48 Tabela 4 – Ganho médio diário (GMD), conversão alimentar (CA), peso vivo inicial (PFi) e peso vivo final (PFf) e seus respectivos coeficientes de variação................................................................50 Tabela 5 – Digestibilidade aparente da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFDN), extrato etéreo (DEE), carboidrato total (DCT), carboidrato não fibroso (DCNF), carboidrato não fibroso (DCNFcp) e seus coeficientes de variação.....................................53 Tabela 6 - Medias, Coeficiente de variação (CV) do Comprimento corporal inicial e final (CCi, CCf), Altura do anterior inicial e final (AAi, AAf), Altura do posterior inicial e final (APi, APf), Largura do peito inicial e final (LPi, LPf), Largura da garupa inicial e final (LGi, LGf), Comprimento da perna inicial e final (CPi, CPf), Perímetro torácico inicial e final (PTi, PTf), Escore condição corporal inicial e final (ECCi, ECCf)...................................................................................55 Tabela 7 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).......................................66 Tabela 8 – Médias do tempo despendido em alimentação, ruminação, ócio em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)...............................................................................67 Tabela 9 – Médias dos consumos de MS (CMS e CMSpv) e FDN (CFDN), eficiência de alimentação de MS (EAL) e de FDN (EALFDN), eficiência de ruminação (ERU), eficiência de ruminação de FDN (ERUFDN) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)............69 Tabela 10 – Médias do tempo de mastigação total (TMT), do número de bolos ruminais (NBR), do número de mastigações mereceras (MMnd), das mastigações mereceras por bolo (MMnb) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).................................................70

Tabela 11 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).......................................78 Tabela 12 - Composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)..........................................................................................79

Tabela 13 – Médias e coeficientes de variação (CV) de uréia plasmática (UP), N-uréia plasmática (NUP), e as excreções urinarias de N-ureico (NU) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)..........................................................................................82 Tabela 14 – Valores do balanço de nitrogênio com os respectivos coeficientes de variação (CV) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)......................................................................................................................................................83 Tabela 15 – Médias e coeficientes de variação (CV) para as excreções urinarias de xantina e hipoxantina (XAN e HIPO) alantoína (ALA), acido úrico (AcU), purinas totais (PT), purinas microbianas absorvidas (PA), compostos nitrogênados microbianos (Nmic), proteina bruta microbiana (PB mic) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS)......................................................................................................................................................84

LISTA DE ABREVIATURAS

CDA: Coeficiente de digestibilidade aparente CEE: Consumo de extrato etéreo CCHOT: Consumo de carboidratos totais CCNF: Consumo de carboidratos não fibrosos CFDA: Consumo de fibra em detergente ácido CFDN: Consumo de fibra em detergente neutro CMO: Consumo de matéria orgânica CMS: Consumo de matéria seca CNDT: Consumo de nutrientes digestíveis totais CPB: Consumo de proteína bruta CHOT: Carboidratos totais CNF: Carboidratos não fibrosos CV: Coeficiente de variação EE: Extrato etéreo FDA: Fibra em detergente ácido FDN: Fibra em detergente neutro FDNcp: Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína g/kg 0,75: Gramas por quilo de peso metabólico MM: Matéria mineral MMtb: Tempo gasto em mastigações merícicas por bolo MMnb: Número de mastigações merícicas por bolo MMnd: Número de mastigações merícicas por dia MO: Matéria orgânica MS: Matéria seca N: Nitrogênio N-fecal: Nitrogênio excretado nas fezes N-urinário: Nitrogênio excretado na urina NIDN: Nitrogênio insolúvel em detergente neutro NDT: Nutrientes digestíveis totais NBR: Número de bolos ruminais PB: Proteína bruta PDR: Proteína degradada no rúmen PC: Peso corporal %PC: Porcentagem do peso corporal TAL: Tempo de alimentação TMT: Tempo de mastigação total TRU: Tempo de ruminação

15

1. INTRODUÇÃO

O Brasil possui um rebanho ovino de aproximadamente 17,5 milhões de cabeças, sendo a

grande maioria produzida em pastagens. Entretanto, a produção de carne ovina nestas condições não

atende a demanda do mercado consumidor nacional. Tradicionalmente, nos trópicos, a produção de

ruminantes em pastagens sofre os efeitos da sazonalidade de produção forrageira, limitando a produção

e produtividade dos rebanhos brasileiros. Desta forma, estratégias de alimentação devem ser

implementadas para contornar os problemas decorrentes da distribuição irregular na oferta de forragem

(Santos et al., 2008).

A utilização de fontes de nitrogênio não-protéico, entre elas a uréia, é uma das alternativas

viáveis para redução dos custos com alimentação. A uréia é um composto orgânico rico em NNP, com

45% de N e potencial equivalente a 281% de PB, totalmente degradável no rúmen (NRC, 2001).

De acordo com Santos et al. (2011) a substituição de alimentos que contenham proteína

verdadeira por alimentos com maior teor de nitrogênio na forma de nitrogênio não protéico (NNP),

como a uréia, pode melhorar a eficiência financeira da alimentação e reduzir a necessidade de compra e

estocagem de concentrados protéicos; além disso, possibilita a formulação de dietas com maior inclusão

ou de alimentos energéticos, ou de subprodutos fibrosos, ou de forragens. Esta estratégia explora a

capacidade de ruminantes em sintetizar proteína microbiana de alto valor biológico a partir de NNP.

Entretanto, a rápida hidrolise da uréia por uréases microbianas pode resultar em disponibilidade

ruminal de N amoniacal em taxa superior à capacidade de síntese de proteína microbiana, resultando em

perda excessiva de N do rúmen para o sangue (Lapierre & Lobley, 2001). Acima de 70% do N ingerido

podem ser perdidos nas fezes e na urina (Tamminga, 1992).

Segundo Azevedo et al. (2008) a uréia é amplamente utilizada pelo seu baixo custo por unidade

de nutriente, sendo utilizada na substituição parcial de fontes de proteína verdadeira. Porém, sua alta

taxa de hidrolise se torna um problema pela rápida liberação amônia pelo acumulo de N-NH3 no rúmen,

que precisa ser absorvida e levada ao fígado para metabolização e conversão em uréia, forma pela qual é

excretada pela urina ou reciclada pela parede ruminal e saliva. Entretanto esse processo gasta energia,

diminuindo a disponibilidade de energia para o animal. Quando absorvida em grande quantidade, a

amônia pode exceder a capacidade hepática de detoxificação, acumular-se no sangue e causar

intoxicação, podendo levar à morte do animal. Por tudo isso se torna necessário um período de

adaptação dos animais por ocasião da inclusão de uréia na dieta (Emerick, 1988).

A alta hidrolise ruminal, associada à necessidade de adaptação dos animais à alimentação com

uréia, tem impulsionado o desenvolvimento de produtos que liberem esta uréia mais lentamente no

rúmen, mas estas alternativas são geralmente mais caras do que a uréia (Azevedo et al., 2008).

De acordo com Santos. (2006) a sincronização da degradação da proteína com a de carboidratos

no rúmen, permite maximizar o uso da proteína degradável no rúmen e minimizar as perdas de amônia

através da parede ruminal.

Conforme Carareto. (2007) com o objetivo de sincronizar a produção ruminal de amônia com a

16

energia no rúmen, nas ultimas quatro décadas esforços foram direcionados na tentativa de desenvolver

compostos de liberação controlada de N. Porem as inúmeras fontes de NNP desenvolvidos não tem se

mostrado superiores à uréia convencional em termos de desempenho animal. O Optigem ® é uréia

peletizada, recoberta por um polímero biodegradável capaz de liberação controlada. Trata-se de uma

fonte altamente concentrada de nitrogênio (42% de N), que pode alterar a função ruminal, fornecendo

nitrogênio às bactérias ruminais numa velocidade que otimiza sua conversão em proteína microbiana

(Akay et al., 2004).

Os resultados, no entanto, são bastante variáveis. Os ensaios de liberação de amônia in situ são

favoráveis ao uso do produto, pois comprovam uma liberação mais gradual (Ferreira et al., 2005), assim

como trabalhos de avaliação metabólica (Huntington et al., 2006). No entanto, em experimento de

consumo, digestibilidade e desempenho não tem sido verificadas vantagens no uso da uréia de liberação

lenta se comparada à uréia comum (Galo et al., 2003).

O fubá de milho é o concentrado energético mais utilizado na formulação de dietas para os

animais. Contudo, como é utilizado na alimentação humana e apresenta grande variação de preço ao

longo do ano, que aumentou recentemente pelo uso crescente na produção de etanol americano, torna-se

necessária a realização de pesquisas que avaliem alimentos alternativos. A utilização de resíduos de

agricultura na alimentação animal pode ser uma alternativa nutricional e economicamente viável

(Santos et al., 2008).

De acordo com Pedroso et al. (2007) a crescente demanda pela utilização mais racional e

sustentável dos recursos alimentícios em todo o mundo tem aumentado o numero de pesquisas sobre a

utilização de ingredientes alternativos na nutrição animal como forma de evitar a utilização de alimentos

usados em larga escala na alimentação humana. Neste contexto, a substituição de grãos de cereais, em

especial o milho, por outras fontes de energia na alimentação de ruminantes torna-se de grande

importância. Entre as possibilidades, a casca de soja constitui alternativa para substituir, em parte o

milho em grão em dietas em ovinos em confinamento.

O conteúdo em nutrientes da casca de soja pode variar conforme o processo de industrialização

dos grãos de soja para produção de óleo. A casca de soja, de acordo com Zambom et al. (2001),

constitui 2% do total do grão, no entanto, esse percentual pode variar de 0 a 3%. Do ponto de vista

nutricional a casca de soja é classificada como um concentrado energético, apresentando cerca de 76%

do valor energético do milho, porem com maior teor de fibra em detergente neutro - FDN (NRC, 2001).

O milho rico em amido (65 a 67% da MS) é o alimento energético mais usado na alimentação

animal. A casca de soja apresenta um alto teor de fibra 60,3% FDN na MS porem apresenta uma fração

fibrosa pouco lignificada (1,4 a 3,9%), com o teor de amido variando entre zero a 9,4% e com teores

médios de pectina de 12,8% na MS (NRC, 2001). Nutricionalmente, Restle et al. (2004) relataram que a

casca de soja, por apresentar elevado teor de FDN, foi inicialmente estudada como uma opção para

substituição da fração volumoso da dieta de ruminantes. Entretanto, por apresentar elevada

digestibilidade da FDN, proporcionar elevada produção de ácidos graxos voláteis no rúmen, em razão

da excelente fermentabilidade da fibra no rúmen (Bach et al., 1999) e dos benefícios decorrentes da

17

digestão da fibra da dieta total sobre o pH ruminal (Ludden et al., 1995; Gomes., 1998), a casca de soja

se destaca quanto ao seu potencial de uso na alimentação de ruminantes em substituição aos grãos de

cereais. Devido ao padrão de fermentação ruminal, a casca de soja pode ser classificada como fibra

rapidamente fermentável, podendo ser utilizada tanto como fonte de energia, quanto para manter ideal o

teor de fibra da dieta.

A sincronização entre os ritmos de degradação dos carboidratos e do nitrogênio, mais favorável

ao desenvolvimento dos microorganismos do rúmen e da utilização dos alimentos pelos animais para

produção, foi considerada por Herrera-Saldana & Huber (1989).

Pesquisas sobre uso de diferentes fontes de NNP (uréia convencional ou de liberação lenta)

associados a diferentes tipos de alimentos energéticos como milho e casca de soja são necessárias para

gerar informações que contribuam para um correto balanceamento de dietas para ovinos confinados,

contribuindo então para o aumento da produção e com a redução dos custos de produção. Assim, este

trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia convencional

por 80% de uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por 50% de casca de soja,

sobre o desempenho, digestibilidade aparente de nutrientes, medidas biométricas, comportamento

ingestivo, síntese de proteína microbiana, parâmetros sanguíneos e balanço de nitrogênio, em dietas

para ovinos em terminação em confinamento.

18

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 - Terminação de ovinos em confinamento

Os sistemas de exploração ovina no Nordeste são basicamente extensivos. Nos períodos de

estiagem, a produtividade é comprometida. Quando a vegetação nativa deixa de atender às exigências

nutricionais dos animais, ocorre paralisação do crescimento e redução do peso. O confinamento pode

modificar o panorama atual, pois, embora aumente os custos, garante ao produtor um rápido retorno do

capital investido (Vasconcelos et al., 2000).

Segundo Barros et al. (2003) o confinamento representa importante estratégia para o sistema de

produção de carne ovina no Nordeste brasileiro, pois permite a produção de carne de qualidade durante

a época de carência alimentar, disponibiliza forragem das pastagens para as diversas categorias animais

do rebanho, promove rápido retorno do capital aplicado e contribui para a produção de peles de primeira

qualidade.

De acordo com Yamamoto et al. (2005) o sistema intensivo adotado na terminação de cordeiros

com dietas contendo elevada concentração energética pode diminuir o tempo necessário para os animais

atingirem o peso de abate, minimizando os problemas sanitários.

Conforme Barreto et al. (2004) a terminação de cordeiros em confinamento para abate pode ser

uma alternativa zootecnicamente viável e eficiente para a produção de carne ovina de qualidade, pois

resulta em regularidade na oferta, além de padronização das carcaças. Segundo os mesmos autores outra

vantagem do confinamento de cordeiros é a baixa mortalidade dos animais, em razão do maior controle

sanitário e nutricional, que resulta em abate precoce e carcaças de qualidade.

Siqueira et al. (1993) ao estudarem a terminação de cordeiros em pastagens e confinamento,

observaram ganho de peso médio diário no confinamento (153 g) superior aos dos animais mantidos em

pastagens de coastcross (88g), além da mortalidade, de 16,23% no sistema de cordeiros mantidos em

pastagens, e zero no confinamento. Com base nesses resultados, os autores recomendaram o uso do

confinamento para terminação de cordeiros, pelo fato de que nesse sistema, evitaram-se os problemas de

baixo desempenho e alta mortalidade, resultante da verminose. Além disso, os autores ressaltaram que

se dispensou o uso de anti-helmínticos e produziu-se carne sem resíduos químicos.

Otto et al. (1997) estudaram a terminação dos cordeiros em pastagem e confinamento, e

segundo os autores, o lucro foi de R$ 236,10 para cordeiros terminados e um hectare de pastagem, e de

R$ 1.435,50 para cordeiros confinados com dieta a base de silagem de milho, também proveniente de

um hectare.

Pires et al. (2000) avaliaram a terminação de cordeiros desmamados aos 45 dias, com peso em

torno de 20 kg, e confinados até o abate. Os autores obtiveram ganho médio diário de 254 gramas com

abate aos 28 kg de peso corporal dos cordeiros, e ganho médio diário de 237 gramas com abate aos 33

kg. O tempo de confinamento foi de 93 dias para abate aos 28 kg e 118 dias para a bate aos 33 kg. Os

referidos pesquisadores concluíram que o confinamento foi um método eficiente na produção de carne

ovina.

19

Siqueira et al. (2001) avaliaram o efeito do sexo dos cordeiros e de quatro distintos pesos de

abate (28; 32; 36 e 40 kg), concluindo que o peso de 28 kg apresentou melhor resultado econômico.

Os sistemas que promovem rápido crescimento dos cordeiros, usualmente alcançam maior

eficiência alimentar, e requerem poucos dias para os cordeiros atingirem peso de abate, mas também

exigem alimentação mais cara, como é o caso do confinamento.

2.2 - Utilização de uréia na alimentação de ovinos

As despesas com a alimentação contribuem de forma significativa nos custos de produção.

Entre os itens que compõem a dieta de ruminantes, os suplementos protéicos são, geralmente, os

componentes mais caros. Dessa forma, a utilização de alimentos alternativos que substituam as fontes

de proteína comumente utilizada na alimentação de ruminantes é de grande interesse para a atividade

pecuária. A uréia é um composto nitrogenado não-protéico (NNP) que pode ser utilizado para essa

finalidade, uma vez que, comparada com outras fontes de nitrogênio, é economicamente mais barata e,

se utilizada de forma adequada, tem condições de manter bons níveis de produção (Guimarães Junior et

al., 2007).

A uréia tem sido utilizada na dieta de ruminantes por dois motivos básicos. Do ponto de vista

nutricional, ela é usada para adequar a proteína degradável no rúmen (PDR). Do ponto de vista

econômico, é usada com intuito de baixar o custo com a suplementação protéica (Santos, 2006).

A uréia sintética é um produto químico obtido a partir da síntese da amônia com o dióxido de

carbono, sob condições elevadas de temperatura e pressão. O produto apresenta na sua composição

46,4% de nitrogênio; 0,55% de biureto; 0,25% de água; e 0,08% de amônia livre e cinzas. É encontrado

na maioria das vezes no estado sólido, higroscópico e possui elevada solubilidade em água, álcool e

benzina (Coelho da Silva & Leão, 1979).

De acordo com o NRC (1989), o uso de uréia nas dietas de ruminantes é semelhante ao da

proteína degradável no rúmen (PDR), embora a uréia não seja fonte de esqueletos de carbono de cadeia

ramificada e nem de enxofre, os quais devem ser supridos pela PDR, uma vez que ambos são requeridos

para a síntese microbiana de aminoácidos. Esta deve estar em sincronia com a disponibilidade de

nitrogênio e carboidratos prontamente fermentescíveis no ambiente ruminal.

Os microrganismos ruminais são capazes de sintetizar proteína microbiana a partir de amônia e

esqueleto carbônico, sendo o nitrogênio não protéico (NNP) uma das fontes de amônia para os

microorganismos. Dentre as fontes de NNP disponíveis, encontra-se a uréia, a qual merece certa atenção

em função do seu baixo custo (Titto et al. 1999).

Segundo Rodrigues (2003) a uréia é a fonte de nitrogênio não-protéica (NNP) mais utilizada na

substituição de fontes de proteína verdadeira. Uma vez no rúmen, ela é solubilizada e degradada pela

uréase microbiana à nitrogênio amoniacal. Na presença de energia disponível, ela será utilizada pelos

microorganismos do rúmen para produção de proteína e multiplicação microbiana. Entretanto, a uréia

apresenta rápida solubilização, sendo que 30 a 40% são perdidos, não acontecendo ótima sincronização.

20

Quando a uréia alcança o rúmen, ela é rapidamente desdobrada em amônia e CO2 pela enzima

uréase, produzida pelos microrganismos ruminais. A amônia presente no rúmen, resultante da uréia ou

de outra fonte protéica, é utilizada pelos microrganismos para a síntese de sua própria proteína até

satisfazer seus requerimentos, determinados pela disponibilidade de carboidratos fermentáveis. A

amônia em excesso é absorvida pela parede do rúmen e, no fígado, é convertida a uréia. Esta conversão

custa ao animal 12 kcal/g de nitrogênio (Van Soest, 1994). A excreção de uréia representa elevado custo

biológico e desvio de energia para a manutenção das concentrações corporais de nitrogênio em níveis

não tóxicos (Paixão et al., 2006).

Os microrganismos utilizarão corretamente NH3 quando houver aporte adequado de energia.

Portanto, devem-se fornecer fontes (protéicas e energéticas) que tenham sincronia na degradação, pois,

caso contrario, além de ocorrerem perdas de nitrogênio amoniacal pelo excesso de sua liberação, a

produção microbiana será reduzida e a degradação do alimento diminuirá (Russell et al., 1992 b). Isto

irá acarretar sobrecarga de N-amoniacal no fígado e gasto maior de energia para a excreção da uréia,

além de risco de intoxicação. Este processo metabólico é indesejável, pois exige o uso de energia que

poderia ser utilizada para a produção microbiana, uma vez que a síntese de uma molécula de uréia

apresenta balanço negativo de 1 ATP (Brody, 1993). Esta uréia permanece na circulação podendo até

ser excretada via urina e voltar ao rúmen via saliva.

Souza et al. (2004) avaliaram o desempenho e características da carcaça de cordeiros

confinados, submetidos a uma dieta convencional, com outras três, que tiveram a fonte de proteína

verdadeira substituída por níveis crescentes de uréia nos níveis (0,4; 0,8 e 1,2% da matéria seca total).

A elevação dos teores de uréia, em substituição à proteína verdadeira, não afetou o desempenho dos

cordeiros, nem os caracteres da carcaça e os demais componentes da carcaça.

Vidal et al. (2004) estudaram a viabilidade técnico-econômica da utilização da uréia

comparando-se a ração-padrão (milho e farelo de soja) e aquela contendo cama de frango, para

alimentação de ovinos da raça Santa Inês em confinamento. Os autores concluírem que o uso de 60% de

concentrado com uréia pode substituir com vantagem técnica e econômica o uso de ração-padrão e

ração com cama de frango no confinamento de ovinos da raça Santa Inês.

Oliveira et al. (2008) avaliaram o desempenho produtivo de ovinos mantidos em pastagens

diferidas de capim Bufel recebendo suplementos múltiplos com teores crescentes de uréia (5; 8; 11 e

14% de uréia, na matéria seca). Os teores de uréia no concentrado não influenciaram (P>0,05) o peso

corporal final, o ganho de peso total e o ganho médio diário dos ovinos mantidos em pastagens diferidas

de capim Bufel. Entretanto, os suplementos com maiores concentrações de uréia apresentaram menores

consumos de matéria seca, sem comprometer o desempenho animal.

Menezes et al. (2009), estudaram o efeito da inclusão de níveis crescentes de uréia (0, 1, 2 e

3%, na matéria seca) sobre o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes de dietas de ovinos da

raça Santa Inês, e concluíram que inclusão de uréia até 2% nas dietas contendo co-produto de

vitivinícolas desidratado e palma forrageira in natura possibilitou incrementos no consumo e no

coeficiente de digestibilidade dos nutrientes.

21

Acorsi Neto (1980) em ensaio de digestibilidade com carneiros, utilizando 3 fenos de

gramíneas tropicais, obteve como resultados, que a suplementação com uréia aumentou a digestibilidade

aparente da PB, e também a retenção de N, observou ainda uma tendência favorável ao aumento da

ingestão de MS, embora a suplementação não tenha alterado a digestibilidade da mesma.

Segundo Owens et al. (1980) um dos agravantes da suplementação com uréia é o aumento

excessivo da concentração de amônia, logo após a ingestão da uréia, devido à alta taxa de hidrolise no

rúmen. A rápida hidrolise de uréia no rúmen, pode levar a um quadro de intoxicação, o que pode ser um

fator limitante da utilização da uréia.

2.3 - Uréia de liberação lenta na alimentação de ruminantes

A principal fonte de nitrogênio não protéico (NNP) fornecida a ruminantes como

suplementação alimentar é a uréia devido ao custo reduzido e à fácil manipulação. No rúmen, esta fonte

de NNP é hidrolisada em nitrogênio amoniacal que posteriormente é incorporado pelos

microorganismos ruminais e transformado em aminoácidos e proteínas de grande importancia para os

ruminantes (Berchielli, 2006).

A amônia é o principal composto para a síntese de proteína no rúmen, em que esta é

incorporada principalmente em bactérias e, de modo reduzido, em protozoários e fungos. A velocidade

de liberação de amônia no rúmen é o fator determinante na transformação do nitrogênio alimentar em

proteína microbiana (Santos et al., 2001).

Nos últimos 30 anos, inúmeras tecnologias foram desenvolvidas para sincronizar a liberação de

NNP com a degradação de carboidratos no rúmen, para maximizar a eficiência microbiana. Muitas

destas tecnologias visaram o controle da liberação de NNP a partir da uréia, que incluem amireia

(Bartley & Deyoe, 1975), uréias tratadas com formaldeido (Prokop & Klopfenstein, 1977), proteção

com gordura (Forero et al., 1980), proteção com biureto (Loest et al., 2001), uréia liquida e cloreto de

Ca (Cass & Richardson, 1994) e uréia encapsulada com polímero (Galo et al., 2003).

Owens et al. (1980) obtiveram bons resultados na proteção da uréia, através do revestimento

com óleo de linhaça. A digestibilidade aparente de MS, em novilhos, foi superior à uréia não tratada, e

inferior à do farelo de soja; o consumo de MS no tratamento com uréia revestida foi superior ao

observado com farelo de soja.

Prokop & Klopfenstein (1977) encapsularam a uréia com formaldeido Forero et al. (1980) com

óleos vegetais como linhaça, porem esse encapsulamento resultou em menor conversão do NNP em

amônia no rúmen e consequentemente menor síntese de proteína microbiana.

Trabalhos conduzidos na década de 70 (Helmer et al., 1970) testaram um produto resultante da

extrusão da uréia com amido a “Starea”, e observou uma liberação ruminal mais lenta. Entretanto,

Owens & Zinn (1988) relataram que compostos com liberação controlada de nitrogênio, tais como

Starea, biureto, certos materiais de cobertura e a maioria dos complexos de uréia com formaldeído ou

melaço, auxiliaram a evitar a toxicidade da amônia, mas não afetaram a utilização de nutrientes.

22

A efetividade de liberação destes produtos varia de baixa liberação de NNP, limitando a

incorporação na proteína microbiana, ou liberação muito elevada de NNP, resultando em altos níveis de

NNP (Akay et al., 2004).

A utilização do nitrogênio não protéico de liberação gradativa no rúmen pode ser uma

estratégia para diminuir a utilização das fontes de proteína verdadeira e da uréia pecuária em dietas para

ruminantes, com vantagens de diminuir os riscos com intoxicação por uréia, aumentar o espaço para

inclusão de ingredientes na dieta, substituir fontes de proteína verdadeira de alto custo e/ou

disponibilidade limitada, podendo ainda melhorar o sincronismo de nutrientes no rúmen, sem

comprometer o desempenho produtivo de ruminantes (Souza et al., 2010).

O Optigem ® é uréia peletizada, recoberta por um polímero biodegradável capaz de liberação

controlada. Trata-se de uma fonte altamente concentrada de nitrogênio (42% de N), que pode alterar a

função ruminal, fornecendo nitrogênio às bactérias ruminais numa velocidade que otimiza sua

conversão em proteína microbiana (Akay et al., 2004).

Conforme Carrareto (2007) experimentos recentes com a uréia polimerizada mostram que a

hidrolise ruminal deste produto é cadenciada, permitindo uma sincronização entre degradação da fibra e

a liberação de N. Uma outra vantagem da utilização deste produto seria o maior nível de inclusão de

NNP na dieta animal, uma vez que não há pico de liberação de amônia, reduzindo os riscos com

intoxicações.

Campos Neto & Teixeira (2008) realizaram a analise química, biológica e toxicológica da uréia

de liberação lenta e concluíram que tanto na solubilização da uréia in vitro, quanto no tempo de

liberação da amônia do liquido do rúmen, aliado ao teste clinico de intoxicação, mostram que a uréia

revestida com polímeros, proporcionou a liberação lenta e continua da amônia e evitou o aparecimento

dos sinais clínicos de intoxicação. De acordo com Akay et al. (2004), a uréia encapsulada com polímero

confere tempo de degradação da uréia de até 16 h, sendo a sua solubilização lenta e constante. Os

autores avaliaram a utilização in situ do nitrogênio da uréia encapsulada (Optigem®), comparando com

a uréia comum e com soja em grão. A degradação in situ da uréia de liberação lenta seguiu padrão mais

semelhante ao da soja do que ao da uréia. A uréia de liberação lenta teve velocidade intermediaria de

utilização durante as primeiras 16 h de fermentação ruminal, seguida de velocidade mais lenta de

utilização de 16 a 30 h. Esse padrão de utilização em duas fases assemelhou-se ao observado para a

soja. Gonçalves (2006) demonstrou que a degradabilidade da PB da uréia de liberação controlada

(Optigen), apresenta uma curva de liberação semelhante ao do farelo de soja. A degradação do

Optigen no rúmen leva de 16 a 24 h, sendo a sua solubilização lenta e constante, seguindo um padrão

mais semelhante ao da soja e do refinasil, enquanto a uréia é imediatamente solúvel.

Em avaliações com fermentadores in vitro, o uso de uréia encapsulada permitiu maior síntese

de proteína bacteriana e utilização mais rápida de nutrientes em relação à dieta controle, aumentando a

utilização de FDA, FDN, e MO, em 16,6; 6,8; 4,0 e 8,0%, respectivamente (Akay et al., 2004).

Entretanto, Owens e Zinn (1988) relataram que compostos com liberação controlada de

nitrogênio, tais como amireia, biureto, certos materiais de cobertura e a maioria dos complexos de uréia

23

com formaldeido e melaço, auxiliaram a evitar a toxicidade do nitrogênio amoniacal, mas não afetaram

a utilização de nutrientes.

Carrareto (2007) estudou o uso de uréia de liberação lenta para vacas em lactação, e concluiu

que para vacas com produções em torno de 20 kg de leite dia, no terço médio da lactação alimentadas

com silagem de milho a uréia pode substituir 30% da proteína do farelo de algodão sem efeito negativo

no desempenho dos animais e que quando 30% da proteína do farelo de algodão é substituída por fonte

de NNP, não há vantagem em utilizar fonte de uréia de liberação lenta em relação a convencional.

Segundo Santos (2009) a utilização de uréia encapsulada para vacas lactantes, em substituição

parcial ao farelo de soja, tem o potencial de diminuir o consumo de matéria seca, sem influenciar a

produção de leite. Outro potencial beneficio é que a uréia protegida pode ser mais eficiente na redução

do nitrogênio uréico no leite comparativamente a uréia convencional.

Souza et al. (2010), avaliaram os efeitos da uréia protegida na produção e composição do leite,

utilizando-se 34 vacas da raça holandesa. Os tratamentos (T) foram compostos por dietas isoenergéticas

e isonitrogenadas com 1,66 ELL e 18,35% de PB, definidas como: T1 = 11,4% farelo de soja e T2 =

0,4% de uréia encapsulada + 9,0% de farelo de soja. Não foram observadas diferenças (P>0,05) nas

produções diárias de leite e de sólidos, de nitrogênio uréico no leite e da contagem de células somáticas.

A substituição parcial do farelo de soja por uréia protegida não reduziu o desempenho produtivo das

vacas em lactação.

Santos et al. (2011), estudaram a substituição parcial de farelo de soja na dieta-controle por

uréia encapsulada ou por uréia, ambos acrescidos de poupa cítrica, na dieta de vacas em lactação. O teor

de proteína bruta nas dietas foi 15,5% cerca de 1,5% oriundo de nitrogênio não protéico (NNP). Os

tratamentos foram: dietas com farelo de soja como concentrado protéico (controle) e dietas em que a

polpa cítrica e a fonte de NNP de liberação lenta - Optigen® - ou a uréia substituíram o mesmo teor

dietético de farelo de soja. O uso de NNP reduziu o consumo diário de matéria seca em 0,8 kg, sem

influenciar a produção de leite. A conversão do alimento em leite foi menor na dieta-controle. A

substituição de farelo de soja por NNP e polpa cítrica melhorou a eficiência alimentar, sem afetar o

balanço de nitrogênio.

Akay et al. (2004) descreveram a avaliação de desempenho com 220 vacas leiteiras recebendo

dieta controle e outra com uréia de liberação lenta. A dieta com uréia de liberação controlada foi

reformulada, retirando-se parte da proteína verdadeira, porém mantendo-se as dietas isoprotéicas e

isoenergéticas. As vacas recebendo a dieta reformulada apresentaram incremento de 9%,

aproximadamente, na produção de leite, e segundo os autores, esse incremento ocorreu devido à melhor

utilização da uréia encapsulada como fonte de nitrogênio, e isso aumentou a eficiência do rúmen em

relação à uréia e a soja.

Em um segundo experimento com 240 vacas, Akay et al. (2004) observaram que as vacas

recebendo dietas formuladas com uréia de liberação controlada apresentaram redução de 0,89 kg no

consumo de MS. Houve aumento no teor de gordura do leite, sem alterar sua produção, o que conferiu

maior eficiência de conversão para as vacas recebendo uréia encapsulada. Em contrapartida, Gallo et al.

24

(2003) compararam a produção de leite e excreção de N por vacas recebendo dietas com diferentes

níveis de PB com ou sem uréia protegida. Não foi verificada diferença na excreção de N na urina e na

produção de leite.

De Paula et al. (2009) avaliaram os parâmetros ruminais (pH e N-NH3) e plasmático (uréia) de

vacas mestiças (holandês x zebu) não-lactantes canuladas no rúmen, inoculadas ou não com 28

g/animal/dia de nitrogênio não protéico. Os tratamentos foram: controle (sem inoculação de fonte de

nitrogênio), inoculação de uréia pecuária e inoculação de uréia polímero. A uréia polímero

proporcionou, além de estabilidade no pH, uma maior e constante concentração de N-NH3 no meio

ruminal, durante os tempos de observação.

Titto et al. (1999) avaliaram a substituição parcial da proteína do farelo de soja pela uréia

protegida, em rações completas para crescimento de cordeiros. As quatro rações foram compostas de

feno moído de capim andropogon (Andropogon gayanus Kunth), rolão de milho e farelo de soja,

atendendo 100% (trat. A e B) e 70% (Trat. C e D) das exigências protéicas dos animais, com ou sem a

substituição parcial da proteína pela uréia nos níveis de 20,54% (Trat. B) e 26,10% (Trat. C). A inclusão

da uréia não alterou a digestibilidade da proteína bruta e a retenção de nitrogênio. A digestibilidade da

matéria seca mostrou-se semelhante nas dietas que atenderam 100% dos requerimentos protéicos dos

cordeiros, com ou sem a inclusão da uréia. Porém, quando a uréia contribuiu com 26,10% do N total da

dieta (Trat. C) houve significativa diminuição na digestibilidade da matéria seca (p< 0.01).

Azevedo et al. (2008) verificaram o efeito da suplementação com uréia encapsulada ou normal

sobre a utilização de volumoso de baixa qualidade em novilhos. Os tratamentos foram: Feno + sal

mineralizado; Feno + suplemento protéico com uréia comum; Feno + suplemento protéico com uréia

encapsulada formula 1; Feno + suplemento com uréia encapsulada formula 2. A suplementação de

proteína degradável não foi eficiente em aumentar a utilização de volumoso de baixa qualidade. A uréia

encapsulada não demonstrou superioridade em relação à uréia comum, não afetando os parâmetros

avaliados.

Diniz et al. (2010) avaliaram os efeitos da utilização de probiótico e de uréia protegida na

alimentação de novilhos confinados. Os animais do tratamento que receberam ração com probiótico e

uréia protegida apresentaram maior ganho de peso e maior rentabilidade que os animais dos demais

tratamentos.

2.4 - Sincronização entre proteína e energia

O objetivo da nutrição protéica dos ruminantes é fornecer quantidades adequadas de proteína

degradável no rúmen para obter a máxima eficiência ruminal (NRC, 2001).

A eficiência do uso da proteína bruta dietética requer a seleção de proteínas complementares da

alimentação e de suplementação de nitrogênio não protéico (NNP) capazes de fornecer as quantidades

de proteína degradável no rúmen (PDR) para suprir as necessidades de nitrogênio (N) dos

microorganismos ruminais (Mendes, 2009).

O ambiente ruminal é rico em microorganismos de diferentes espécies e a fermentação dos

alimentos depende da atividade que estes exercem no rúmen. O principal substrato utilizado na síntese

25

de proteína microbiana é a amônia, a qual provém de varias fontes de nitrogênio: dieta, saliva e uma

pequena porção de uréia que entra no rúmen via parede ruminal. A relação positiva entre a utilização de

fontes de nitrogênio e a magnitude da digestão de celulose e amido indicam a importancia da amônia

como um componente essencial para a digestão bacteriana destes componentes da ração (Helmer et al.,

1970).

A extensão da síntese microbiana depende da quantidade de energia disponível no substrato, e

não somente da quantidade e da natureza do material presente no rúmen (Hungate, 1966). Segundo

Taniguchi et al. (1995) a sincronia na suplementação de amido e proteína para o rúmen reduz a absorção

de amônia e aumenta a retenção de nitrogênio. A quantidade de amônia que poderá ser utilizada pelas

bactérias depende da quantidade de energia disponível, ou seja, do alimento fermentescível ingerido.

Desta forma, pode-se afirmar que a sincronização da degradação da proteína com a degradação dos

carboidratos no rúmen permite maximizar o uso da PDR e minimizar as perdas de amônia através da

parede ruminal.

Matras et al., (1991) avaliaram os efeitos da sincronização entre a fermentabilidade ruminal do

amido e da proteína sobre o crescimento de cordeiros e observaram aumento na retenção de nitrogênio.

O que esta de acordo com Kraft et al. (2009) que verificaram redução na perda de compostos

nitrogenados via urina ao fornecer ração com baixo teor de N para ovinos. Os mesmos autores

constataram perda de N para rações desbalanceadas em energia. Segundo Kraft et al. (2007) quando

cordeiros receberam rações desbalanceadas em N ou em energia, a captura liquida de aminoácidos

essenciais (AAE) reduziu para rações com baixo teor de N ou energia em relação à rações balanceadas.

O crescimento microbiano é função da quantidade de energia proveniente da fermentação

ruminal e é maximizado quando as taxas de fermentação do amido e da proteína estão sincronizadas

(Russell et al., 1992). Segundo Teixeira (1997) a fonte de energia utilizada na alimentação dos

ruminantes pode afetar a utilização da uréia, sendo que o amido é superior aos açucares e a celulose,

pois apresenta uma velocidade de liberação de energia compatível a uma melhor utilização da uréia

(açucares apresentam hidrolise muito rápida e a celulose muito lenta). Segundo Helmer et al. (1970) o

amido parece ser a melhor fonte de energia para a conversão de amônia em proteína pelos

microorganismos ruminais. A utilização sincronizada entre proteína e carboidrato provenientes da dieta

é necessária para ótimo crescimento microbiano, beneficiando a digestibilidade ruminal e a eficiência na

utilização de energia e proteína (Herrera & Huber, 1989). De acordo com Hoover & Stokes (1991) o

aumento da síntese microbiana é responsável pelo maior fluxo de aminoácidos para o intestino delgado

e também pela melhor eficiência da fermentação ruminal. Com a sincronização da degradação ruminal

de proteína e amido, pode-se esperar um aumento na produção de proteína microbiana no rúmen e

melhora na utilização de energia e fontes de N, uma vez que as bactérias ruminais necessitam desses

dois nutrientes simultaneamente (Herrera – Saldana & Huber,1989).

Conforme Huntington & Archibeque (1999), quando o aumento no suprimento de N não é

acompanhado por um suprimento adicional de energia, a proporção de N-uréico na urina aumenta.

26

Conforme Cass et al. (1994) e Parré (1995) qualquer metodologia que efetivamente torne a

uréia solúvel a taxas mais lentas do que quando fornecida in natura poderia conduzir a sua otimização

em dietas para ruminantes, desde que adequadamente balanceadas para este fim. A liberação gradual de

NH3 permitiria aos microorganismos do rúmen realizar síntese mais constante de proteína celular.

A amônia produzida pelas enzimas bacterianas do rúmen é utilizada para a síntese protéica e

como o desenvolvimento da flora e fauna está diretamente relacionado com a digestão dos carboidratos,

esta sincronia foi motivo principal para que o tratamento da uréia fosse orientado para o uso de

polímeros (Henning et al., 1993, Gallo et al., 2003, Akay et al., 2004).

2.5 – Utilização do milho como fonte de carboidrato

Nutricionalmente, os carboidratos são agrupados em função da taxa de degradabilidade

ruminal. No entanto, os carboidratos solúveis, pela sua heterogeneidade, podem ser agrupados de

diversas formas: em função da digestão pelo animal ou pelos microrganismos do rúmen, da sua

habilidade em dar suporte ao crescimento microbiano, de seu potencial de fermentação a acido lático no

rúmen e da depressão da sua fermentação em pH baixo no rúmen (Hall, 2000).

Dentre os carboidratos solúveis, a fibra solúvel representa a fração de carboidratos solúveis em

detergente que não são digeridos pelas enzimas dos mamíferos, compreendendo as frutanas, -glucanas

e a pectina. Tais carboidratos têm como características não serem fermentados a lactato no rúmen e

garantem maior produção de acetato, enquanto o amido pode ser fermentado a lactato e gera maior

produção de propionato (Hall, 2000).

A pectina apesar de ser um carboidrato estrutural, consegue ser quebrada por enzimas

secretadas pelo ruminante, pois suas moléculas são mais simples, e sua taxa de degradação é bem maior

que a celulose e hemicelulose. Ela é solubilizada pela solução detergente neutro, não entrando na

composição da fibra em detergente neutro – FDN. A pectina se assemelha mais aos carboidratos não

estruturais, fazendo parte de uma classe denominada carboidratos não fibrosos (CNF), que alem de

pectina, inclui os carboidratos não estruturais (Hall, 2000).

Na formulação de concentrado para ruminantes, o grão de milho (Zea mays spp.) é o principal

componente, representando cerca de 30 a 40% da MS consumida ou 50 a 60% dos concentrados

(Coimbra, 2002). Apresenta em sua composição básica cerca de: 60% de amido, 6,5% de casca, 10%

de glúten, 5% de germe e 12 a 15% de água.

A quantidade de amido é muito variável, sendo dependente da variedade, localização,

condições climáticas e praticas agronômicas (Huntington, 1997).

O grânulo de amido é um carboidrato não estrutural, composto basicamente por dois

polissacarídeos: amilose e amilopectina, sendo a última mais digestível. A proporção dos dois

polissacarídeos varia de acordo com a espécie e variedade, sendo que a amilose contribui com 0 a 20%

do total. Também estão presentes, em pequena quantidade, as pectinas e açúcares (Huntington, 1997).

27

A degradabilidade ruminal do amido varia de acordo com o processamento do grão. O grão

inteiro apresenta valor médio de 62,6% (58,9 a 75%), o moído 76,4% (51,4 a 93%) e o quebrado 65%.

A exposição do substrato ao ataque dos microrganismos é um dos principais fatores para melhorar a

degradabilidade. Isto influencia a produção de AGVs, o pH ruminal e o tipo de população microbiana,

alterando, consequentemente, a síntese de proteína microbiana (Emeterio, 1998).

De acordo com Wattiaux (1998), de 60 a 100% do amido ingerido é fermentado no rúmen,

variando de acordo com a quantidade ingerida e taxa de passagem. A fermentação bacteriana do amido

gera alta produção de ácido propiônico, de 35 a 45% dos produtos da fermentação, comparados aos 15 a

20% da fermentação da celulose ou hemicelulose (Orskov, 1986).

2.6 - Utilização da casca de soja como fonte de carboidrato

Em função do alto custo de alimentação em sistemas de produção de ruminantes, os

subprodutos de indústrias de transformação de alimentos, como a casca de soja, vêm se tornando uma

alternativa economicamente viável, uma vez que podem substituir parcial ou totalmente um alimento

volumoso ou concentrado sem prejudicar o desempenho animal (Morais, 2003).

A casca de soja (CS) consiste da película do grão de soja, obtida em sua industrialização para a

extração do óleo. É um alimento que se destaca pela elevada oferta, preços competitivos e composição

bromatologica. E que pode ser utilizada na alimentação de ruminantes como substituto de concentrados

energéticos. O Brasil, maior exportador e segundo maior produtor mundial de soja, produziu na safra

2007/2008 51,42 milhões de toneladas de grãos (Conab, 2008). A produção de soja na Bahia na safra de

2007 foi de 2,297 milhões de toneladas de grãos (IBGE, 2008).

Segundo Zambom et al. (2001) a cada tonelada de soja que é processada, cerca de 2% é

transformada no resíduo, casca de soja. No entanto, esta porcentagem pode variar de 0 a 3%, de acordo

com a proteína da soja que foi esmagada. Quando o teor de proteína é elevado, não há necessidade de

retirar a casca de soja do farelo. Entretanto, se o teor de proteína do grão for baixo, esta necessidade se

caracteriza para elevar o teor de proteína deste.

De acordo com o NRC (2007), a CS apresenta com base na matéria seca (MS), 13,0% de

proteína bruta (PB); 77,0% de nutrientes digestíveis totais (NDT); 2,6% de extrato etéreo (EE); 62,0%

de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e 46% de fibra insolúvel em detergente acido (FDA).

Segundo Mulligan et al. (1999) a composição química da CS depois de retirado os resíduos de

farelos, grãos e impurezas da industrialização apresenta valor médio de 9,0% de PB; 69,9% de FDN e

42,3% de FDA. A fração fibrosa da CS contém relativamente grande quantidade de celulose (43% da

MS) e hemicelulose (18% da MS) e baixas quantidades de lignina, variando de 1,4% da MS a 3,9% da

MS (Anderson et al., 1988) e de amido (2,9%) (Ipharranguerre & Clark, 2003).

Alguns autores definem a casca de soja como um volumoso – concentrado, pois tem função

fisiológica de fibra vegetal e funciona como um grão de cereal em termos de disponibilidade de energia.

Além de possuir uma boa aceitabilidade, a sua inclusão em dietas a base de forragens (como

suplemento) proporciona efeitos associativos positivos, pois promove a manutenção do pH ruminal e

28

assim, não prejudica a digestibilidade da fibra. Isso não acontece quando o milho (processado ou não) é

fornecido em altas quantidades na dieta, pois, em, função do seu alto teor de amido (em torno de 73%),

o pH ruminal pode reduzir, prejudicando as bactérias fibroliticas e possibilitando o aparecimento de

problemas metabólicos, como acidose e a laminite, comum em vacas leiteiras de alta produção (Morais,

2003).

A forma mais usual de se elevar o consumo de energia, visando a maximização do desempenho,

é através do aumento dos teores de concentrado na ração, sendo o milho o ingrediente mais utilizado

(Ferreira, 2008).

O uso de grãos de cereais pode reduzir a digestão da fração fibrosa da ração (Mertens & Loften,

1980; Van Soest, 1994) e diminuir o consumo de matéria seca (CMS) (Pordomingo et al., 1991).

Mertens & Loften (1980) sugeriram que o mecanismo primário causador da diminuição da digestão in

vivo da fibra é a menor atividade das bactérias celulolíticas, sendo isto, devido à condição ácida do

rúmen promovida pela rápida fermentação do amido.

A CS é um alimento praticamente livre de amido, sendo extensivamente digerida no rúmen

(HSU et al., 1987). Assim, sua utilização como tentativa de aumentar o teor energético de uma ração

tem sido amplamente estudada. Porem a energia (ED) da CS é inferior à do milho, sendo 3,4 e 3,9

Mcal/kg, respectivamente. Quando comparada ao sorgo, a energia digestível da CS é de 3,4 e 3,6 Mcal

/kg, respectivamente (NRC, 2007).

Estudos sobre a utilização da CS como substituto dos grãos de cereais são promissores devido à

elevada digestibilidade da sua fração FDN, à elevada produção de ácidos graxos de cadeia curta

(AGCC) fruto da fermentação ruminal e aos benefícios que a CS pode vir a promover sobre a digestão

da fibra e sobre o controle do pH ruminal (Ludden et al., 1995).

A CS, em rações com alto teor de concentrado para vacas leiteiras, pode substituir o milho em

valores ao redor de 30% da MS, sem que haja efeitos negativos, sobre a fermentação ruminal, sobre a

digestão dos nutrientes no trato digestório total, bem como sobre a produção de leite (Ipharraguerre &

Clark, 2003).

A CS tem sido considerada um suplemento energético, pois o seu fornecimento aos ruminantes

permite desempenhos muitas vezes comparáveis aos do milho, devido à boa digestibilidade da parede

celular, basicamente composta por celulose (HSU et al., 1987).

Devido ao padrão de fermentação ruminal, com grande produção de acetato, a CS pode ser

classificada com fibra altamente fermentável. Trata-se de um resíduo de alto valor nutricional, com

cerca de 12% de PB, 80% de NDT e, apesar apresentar em média 66% de FDN, é de alta

digestibilidade, podendo chegar a 90% (Zambom et al., 2001). Em relação à fração de carboidrato não

fibroso - CNF, a pectina apresenta a maior (62%), enquanto amido (19%) e açucares simples (19%)

estão presentes em menor proporção (NRC, 2001).

Segundo Ipharraguerre & Clark (2003) a inclusão de CS na ração de vacas leiteiras resulta em

padrão de fermentação ruminal que mantém ou aumenta a concentração ruminal total dos AGCC. A

grande quantidade de FDN facilmente fermentada no rúmen contida na CS permite uma maior extensão

29

de fermentação ruminal, o que possivelmente resulta em maior concentração de AGCC quando

comparada com rações ricas em forragens (Sarwar et al., 1992).

Conforme Hsu et al. (1987), a fibra da CS altamente fermentescível no rúmen apresenta padrão

de fermentação semelhante ao de alimentos concentrados. Utilizando uma ração com 80% de CS, esses

autores verificaram pH de 5,4, concentração total dos AGCC, acido acético, acido propionico e acido

butirico de 134,8; 59,6; 23,8; e 11,3 mm, respectivamente. A produção acetato:butirato verificada foi de

2,6. Consistente com esta informação, a substituição do milho pela CS em rações contendo 40% de

volumoso, não afetou a produção dos AGCC e o pH ruminal (Zervas et al., 1998).

Hsu et al. (1987), em experimento in vivo utilizando ovinos de corte canulados alimentados

com ração contendo 80% de CS na MS, quantificaram uma digestibilidade aparente no trato digestório

total de 74,2% para a MS, 61% para a fração PB e 71,6% para a fração FDN.

Tambara et al. (1995) utilizando CS moída como alimento exclusivo para ovinos, obtiveram

valores de 69,3% para a digestibilidade in vitro da MS. Sendo que a digestibilidade aparente no trato

digestório total da MS foi de 65,4%.

Silva et al. (2004) verificaram que a digestibilidade in vitro da MS e da FDN foi de 76,9% e

85,7%, respectivamente, a digestibilidade in situ das mesmas frações foi de 64,8% e 57,4%,

respectivamente.

Devido ao reduzido tamanho de partícula, a rápida fermentação ruminal e a alta gravidade

especifica quando hidratada, uma elevada inclusão de fibras oriundas de fontes não forragem (FFNF) na

ração pode promover aumento na taxa de passagem, e reduzir a digestibilidade ruminal da fração FDN

(Grant, 1997).

Além do reduzido tamanho de partícula e da gravidade específica a menor densidade energética

da CS em relação ao milho (NRC, 2007) também pode contribuir para o aumento no CMS. Ludden et

al., (1995) verificaram redução linear na % de energia digestível da ração quando incluíram CS em até

60% da MS, entretanto, não observaram efeito da inclusão de CS sobre o consumo de energia digestível

em Mcal/dia, visto que o animal compensou a menor densidade energética da ração aumentando o

CMS.

Outro fator a ser considerado quanto ao efeito da inclusão de CS em substituição ao milho na

ração sobre o CMS seria a ocorrência de limitação física do CMS, visto que o teor de FDN da CS é

superior ao do milho (NRC, 2007).

Segundo Mertens (1992) o CMS está negativamente correlacionado com a concentração de

FDN quando o enchimento ruminal limita à ingestão e positivamente correlacionado quando a energia é

o fator limitante. Com base nessa informação pode-se concluir que, em rações em que a CS substituiu o

milho, à redução da densidade energética é mais importante do que o enchimento físico em determinar o

CMS.

Segundo Anderson et al. (1988) os valores de energia liquida do milho e da CS são equivalentes

numa situação de rações com alta proporção de forragem, devido à redução dos efeitos associativos que

o milho causa sobre a digestão da fibra. Entretanto, é importante salientar que a maneira como a CS é

30

utilizada na formulação de rações, juntamente com o tipo de ração (quantidade de volumosos e

concentrados), influencia o seu valor energético e o desempenho dos animais (Ferreira, 2008).

Com rações contendo 55% de volumoso a substituição de 55% do milho pela CS não afetou o

CMS ou o GMD de bovinos de corte (Mendes et al., 2005). Ezequiel et al. (2006) e Restle et al. (2006)

também não verificaram efeito da substituição parcial do milho pela CS sobre o GMD e o CMS de

bovinos de corte alimentados com rações contendo 50% de volumoso.

Hejazi et al. (1999) avaliaram os efeitos do processamento do milho e da CS no desempenho de

cordeiros confinados numa situação em que as rações continham alta proporção de concentrado e

verificaram que o CMS e o GMD foram maiores para os animais alimentados com as rações que

continham CS (10% da MS) comparados à ração com 100% de concentrado. Os mesmos autores

sugeriram que a adição de uma fonte de fibra pode aumentar o CMS e o GMD quando comparados com

rações de alta proporção de concentrado, seja a fonte de fibra moída ou peletizada.

Hsu et al. (1987), compararam rações contendo 70% de milho ou 70% de CS na dieta de ovinos

de corte e obtiveram valores semelhantes de GMD (0,20 kg/dia para o milho x 0,22 kg/dia para CS) e

conversão alimentar para as duas rações. Entretanto, os ovinos alimentados com CS tiveram maior CMS

(1,36 kg/dia para milho x 1,80 kg/dia para CS).

Com baixas taxas de substituição em rações com alta proporção de concentrado, a CS não

compromete o desempenho quando comparada ao milho, por reduzir transtornos metabólicos, de tal

modo que aumenta a disponibilidade energética de outros nutrientes da ração. Porém, com altas taxas de

substituição (acima de 20% MS da ração) o desempenho pode ser comprometido (Ludden et al., 1995).

Os autores concluíram que, quando incluída em rações com alta proporção de ingredientes concentrados

em moderada ou altas quantidades de milho, a CS tem valor alimentar estimado de 74 a 80% do valor

do milho.

Nutricionalmente, Restle et al. (2004) relataram que a casca de soja, por apresentar elevado teor

de FDN, foi inicialmente estudada como uma opção para substituição da fração volumoso da dieta de

ruminantes. Entretanto, por apresentar elevada digestibilidade da FDN, proporcionar elevada produção

de ácidos graxos voláteis no rúmen, em razão da excelente fermentabilidade da fibra no rúmen (Bach et

al., 1999) e dos benefícios decorrentes da digestão da fibra da dieta total sobre o pH ruminal (Ludden et

al., 1995; Gomes, 1998), a casca de soja se destaca quanto ao seu potencial de uso na alimentação de

ruminantes em substituição aos grãos de cereais.

Turino et al. (2007) avaliaram a substituição da fibra em detergente neutro (FDN) do bagaço de

cana-de-açúcar in natura pela FDN da casca de soja (CS) sobre desempenho e as características de

carcaça. Os autores concluíram que a casca de soja promove melhor desempenho quando comparada ao

bagaço de cana-de-açúcar in natura e pode ser utilizada como fonte de fibra para cordeiros terminados

com dietas contendo alta proporção de concentrado.

Santos et al. (2008) avaliaram a utilização de quatro níveis de casca de soja (0,8,0; 16,0 ou

24,0%) em substituição ao fubá de milho (0, 25, 50 e 75%) em dietas para ovinos em confinamento.

Não foram observados efeitos dos níveis de casca de soja da dieta sobre o consumo de nutrientes, exceto

31

o de FDN, que aumentou linearmente de acordo com o nível de casca de soja na dieta. Os níveis de

casca de soja não influenciaram a digestibilidade dos nutrientes, o ganho de peso e a conversão

alimentar dos animais. O aumento do nível de casca de soja de 0 e 75% na dieta reduziu os gastos com

alimentação e aumentou a margem bruta de R$ 10,89 para R$ 18,63 por animal. A substituição de até

75% do fubá de milho por casca de soja na dieta não afeta o desempenho de ovinos em terminação em

confinamento.

Morais et al. (2007) estudaram os efeitos da substituição do feno de “Coastcross” por casca de

soja no desempenho de borregas da raça Santa Inês em confinamento. A casca de soja foi incluída nas

proporções de 0; 12,5; 25 e 37,5% da matéria seca das dietas. Os autores observaram que a casca de soja

adicionada em dietas para borregas em até 37,5% da MS melhora o desempenho, fazendo com que os

animais alcancem o peso de cobrição mais rápido.

32

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Capitulo 1

Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Desempenho,

digestibilidade e medidas biométricas

RESUMO

O objetivo neste experimento foi avaliar o efeito da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o desempenho, digestibilidade, e medidas biométricas de ovinos da raça Santa Inês. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg ( 1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL Optigem ®), associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). O experimento foi dividido em duas etapas a primeira para avaliar o desempenho e o crescimento dos animais, teve uma duração de 63 dias, divididos em três subperíodos de 21 dias. A segunda etapa teve objetivo de avaliar a digestibilidade aparente dos nutrientes, teve duração de 8 dias sendo 3 dias de adaptação e 5 dias de coleta total de fezes. As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. Não foram observados efeitos da substituição da UC pela ULL e do milho pela CS sobre o consumo de nutrientes, exceto do FDN e do FDA, que aumentaram nos tratamentos com casca de soja. A substituição da UC pela ULL e do milho pela CS não influenciaram a digestibilidade dos nutrientes, ganho médio de peso corporal, conversão alimentar dos animais e medidas biométricas. A substituição parcial da uréia convencional pela de liberação lenta bem como a substituição parcial do milho pela casca de soja em dietas para ovinos em confinamento não afeta o desempenho dos animais e a digestibilidade aparente dos nutrientes.

Palavras-chave: casca de soja, desempenho, digestibilidade, medidas biométricas, uréia de liberação

lenta.

40

ABSTRACT

The objective of this trial was to evaluate the effect of partial replacement of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on performance, digestibility, and biometric measurements of Santa Ines sheep. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL Optigem ®), associated with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets: UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80% ) + M (50%) + CS (50%). The experiment was divided into two stages the first to evaluate the performance and growth of animals, lasted 63 days, divided into three sub-periods of 21 days. The second stage was to evaluate the apparent digestibility of nutrients, lasted 8 days and 3 days for adaptation and 5 days of total collection of feces. The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. There were no effects of the replacement of the UC ULL by CS and corn on the consumption of nutrients, except for NDF and ADF, which increased in treatments with soybean hulls. The replacement of the UC ULL and corn by CS did not influence the digestibility of nutrients, the mean body weight gain, feed conversion of animals and biometric measurements. The partial substitution of urea by conventional slow-release and the partial replacement of corn by soybean hulls in diets in confinement does not affect animal performance and apparent digestibility of nutrients. Keywords: soybean hulls, performance, digestibility, biometric measurements, slow-release urea.

41

1.1 - INTRODUÇÃO

A uréia é amplamente utilizada pelo seu baixo custo por unidade de nutriente, sendo utilizada

na substituição parcial de fontes de proteína verdadeira. Porém, sua alta taxa de hidrolise se torna um

problema pela rápida liberação de amônia pelo acumulo de N-NH3 no rúmen, que precisa ser absorvida

e levada ao fígado para metabolização e conversão em uréia, forma pela qual é excretada pela urina ou

reciclada pela parede ruminal e saliva. Entretanto, este processo gasta energia, diminuindo a

disponibilidade de energia para o animal. Quando absorvida em grande quantidade, a amônia pode

exceder a capacidade hepática de detoxificação, acumular-se no sangue e causar intoxicação, podendo

levar a morte do animal. Por tudo isso se torna necessário um período de adaptação dos animais por

ocasião da inclusão de uréia na dieta (Emerick, 1988).

Segundo Azevedo et al. (2008) a alta taxa de hidrolise ruminal, associada à necessidade de

adaptação dos animais à alimentação com uréia, tem impulsionado o desenvolvimento de produtos que

liberem essa uréia mais lentamente no rúmen, mas estas alternativas são geralmente mais caras do que a

uréia.

Conforme Rodrigues (2003) a uréia é a fonte de nitrogênio-não-protéico (NNP) mais utilizada

na substituição de fontes de proteína verdadeira. Uma vez no rúmen, ela é solubilizada e degradada pela

uréase microbiana a nitrogênio amoniacal. Na presença de energia disponível, ela será utilizada pelos

microorganismos do rúmen para a produção de proteína e multiplicação microbiana. Entretanto a uréia

apresenta rápida solubilização, sendo que 30 a 40% do N são perdidos, não acontecendo ótima

sincronização.

De acordo com Carareto (2007) com o objetivo de sincronizar a produção ruminal de amônia

com a energia no rúmen, nas ultimas 4 décadas esforços foram direcionados na tentativa de desenvolver

compostos de liberação controlada de N. A Optigem ® é uréia peletizada, recoberta por um polímero

biodegradável capaz de liberação controlada. Trata-se de uma fonte altamente concentrada de nitrogênio

(42% de N), que pode alterar a função ruminal, fornecendo nitrogênio às bactérias dos ruminantes numa

velocidade que otimiza sua conversão em proteína microbiana (Akay et al., 2004).

Conforme Gonçalves (2006) a degradabilidade da proteína bruta da uréia de liberação lenta

(Optigen®), apresenta uma curva de liberação semelhante ao do farelo de soja. A degradação do

Optigen no rúmen leva de 16 a 24 h, sendo a sua solubilização lenta e constante, seguindo um padrão

mais semelhante ao da soja e do refinazil, enquanto a uréia é imediatamente solúvel.

Akay et al. (2004), avaliaram a utilização in situ do nitrogênio da uréia encapsulada

(Optigen®) com a uréia e soja em grãos. A degradação in situ do Optigen® teve uma velocidade

intermediaria de utilização durante as primeiras 16 hs de fermentação ruminal, seguindo-se uma

velocidade mais lenta de utilização, de 16 a 30 hs. Esse padrão de utilização em duas fases assemelhou-

se ao observado para a soja.

No entanto, os resultados do uso da uréia de liberação lenta são bastante variáveis. Os ensaios

de liberação de amônia in situ são favoráveis ao uso do produto, pois comprovam uma liberação mais

42

gradual (Ferreira et al., 2005), assim como trabalhos de avaliação metabólica (Huntington et al., 2006).

No entanto, em experimentos de consumo, digestibilidade e desempenho não têm sido verificadas

vantagens no uso de uréia de liberação lenta se comparado à uréia comum (Galo et al., 2003).

Porem Akay et al. (2004) avaliaram o desempenho com 220 vacas leiteiras recebendo uma

dieta controle, e outra com Optigen®. A dieta com uréia de liberação controlada foi reformulada,

retirando parte da proteína verdadeira, porém mantendo as dietas iso-protéicas e iso-energética. As

vacas recebendo a dieta reformulada propiciou um incremento na ordem de 9% na produção.

Em um segundo experimento com 240 vacas, Akay et al. (2004) observaram que as vacas

recebendo dietas formuladas com uréia de liberação controlada apresentaram uma redução no consumo

de MS de 0,89 kg de MS. Entretanto houve um aumento no teor de gordura, sem alterar a produção de

leite, o que conferiu maior eficiência de conversão para as vacas recebendo a uréia encapsulada.

Diniz et al. (2010) avaliaram os efeitos da utilização de probiótico e de uréia protegida na

alimentação de novilhos confinados. Os animais do tratamento que recebeu ração com probiotico e

uréia protegida apresentaram maior ganho de peso (P<0,01) e maior rentabilidade que os animais dos

demais tratamentos.

De acordo com Pedroso et al. (2007) a crescente demanda pela utilização mais racional e

sustentável dos recursos alimentícios em todo o mundo tem aumentado o numero de pesquisas sobre a

utilização de ingredientes alternativos na nutrição animal como forma de evitar a utilização de alimentos

usados em larga escala na alimentação humana. Neste contexto, a substituição de grãos de cereais, em

especial o milho, por outras fontes de energia na alimentação de ruminantes torna-se de grande

importância. Entre as possibilidades, a casca de soja constitui alternativa para substituir, em parte o

milho em grão em dietas em ovinos em confinamento.

Do ponto de vista nutricional a casca de soja é classificada como um concentrado energético,

apresentando cerca de 76% do valor energético do milho, porem com maior teor de fibra em detergente

neutro (FDN).O milho rico em amido (65 a 67% da MS) é o alimento energético mais usado na

alimentação animal. A casca de soja apresenta um alto teor de fibra 60,3% FDN na MS porem apresenta

uma fração fibrosa pouco lignificada (1,4 a 3,9%), com o teor de amido variando entre 0 a 9,4% e com

teores médios de pectina 12,8% na MS (NRC, 2001).

Nutricionalmente, Restle et al. (2004) relataram que a casca de soja, por apresentar elevado teor

de FDN, foi inicialmente estudada como uma opção para substituição da fração do volumoso da dieta de

ruminantes. Entretanto, por apresentar elevada digestibilidade da FDN, proporcionar elevada produção

de ácidos graxos voláteis no rúmen, em razão da excelente fermentabilidade da fibra no rúmen (Bach et

al., 1999) e dos benefícios decorrentes da digestão da fibra da dieta total sobre o pH ruminal (Ludden et

al., 1995; Gomes, 1998), a casca de soja se destaca quanto ao seu potencial de uso na alimentação de

ruminantes em substituição aos grãos de cereais.

Conforme Russell et al. (1992) e Firkins (1996) para a otimização da produção de proteína

microbiana é necessária a sincronização entre a disponibilidade de energia e compostos nitrogenados no

ambiente ruminal.

43

Pesquisas sobre uso de diferentes fontes de NNP (uréia convencional ou de liberação lenta)

associados a diferentes tipos de alimentos energéticos como milho (rico em amido) e casca de soja (rico

em pectina) são necessárias para gerar informações que contribuam para uma correto balanceamento de

dietas para ovinos confinados contribuindo então para o aumento da produção e com a redução dos

custos de produção. O objetivo neste estudo foi avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia

convencional pela uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por 50% de casca

de soja, na dieta de ovinos confinados, sobre o desempenho, digestibilidade aparente de nutrientes e

medidas biométricas.

1.2 - MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nas instalações do setor de Ovino-caprinocultura, da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga - BA, localizada a 15º 09’

07” de latitude sul, 40º 15’ 32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura

media anual de 27ºC e com altitude média de 268 m, durante os meses de junho a setembro de 2010.

Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, machos não castrados, com peso vivo inicial

de 21,54 kg (1,95) e quatro meses de idade. Previamente ao inicio do experimento todos os cordeiros

foram vermifugados, vacinados contra clostridioses, identificados, pesados e distribuídos em um

delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. O período

experimental foi de 63 dias, composto de três sub-períodos de 21 dias, sendo precedido de 15 dias de

adaptação as dietas e ao ambiente.

Os animais foram confinados em baias individuais, cobertas suspensas, com piso de madeira

ripado providas de comedouros e bebedouros. Foram pesados e tomadas as medidas biométricas no

inicio e no final do experimento, após jejum alimentar de 16 horas, foram feitas também pesagens e

medições intermediarias a cada 21 dias, para determinação do ganho de peso médio diário (GMD) e

avaliação do crescimento.

Os animais foram colocados sobre uma superfície plana para determinação da condição

corporal e das medidas biométricas. A condição corporal foi determinada pela atribuição de escore,

utilizando-se escala de 0 a 5 pontos (0 = animal extremamente magro e 5 = animal gordo), e mediante

visualização e palpação da coluna vertebral logo após o 13° par de costelas.

As medidas biométricas foram obtidas utilizando-se uma fita métrica e uma régua de madeira.

Foram tomadas as seguintes medidas: comprimento corporal – distância entre a articulação

cervicotorácica e a base da cauda; altura anterior - distância entre a região da cernelha e a extremidade

distal do membro anterior; altura posterior - distância entre a tuberosidade sacral, na garupa, e a

extremidade distal do membro posterior; perímetro torácico -perímetro tomando-se como base o esterno

e a cernelha, passando por trás da paleta; largura da garupa - distância entre os trocânteres maiores dos

fêmures; largura do peito - distância entre as faces das articulações escápuloumerais; comprimento de

perna – distancia entre o trocanter maior do fêmur e o bordo da articulação tarsometatarsiana.

44

As rações experimentais foram definidas com a utilização de uréia convencional ou uréia

convencional substituída por 80% de uréia de liberação lenta em rações contendo milho ou milho

substituído por 50% de casca de soja. Os tratamentos foram T1 = Uréia convencional (UC) + Milho

(M); T2 = UC (20%):Uréia de liberação lenta (ULL 80%) + M; T3 = UC + M (50%): Casca de soja

(CS 50%); T4 = UC (20%) + ULL (80%) + M (50%):CS(50%).

As dietas experimentais, isoproteicas e isoenergeticas foram formuladas para atender às

exigências nutricionais de cordeiros de porte médio, com base no NRC (2007), para um ganho de

100g/dia. A ração foi distribuída duas vezes ao dia, pela manhã, às 07h:00, e à tarde, às 16h:00, com

água disponível todo o tempo. A quantidade de alimento fornecido foi reajustada conforme o consumo

do dia anterior, permitindo uma disponibilidade entre 5 e 10% de sobras como margem de segurança.

Diariamente, foi registrada a quantidade de ração oferecida e as sobras foram retiradas individualmente

e pesadas, objetivando avaliar o consumo médio diário. O consumo de nutrientes foi calculado através

da fórmula:

CN = [(MSo x NMSo) – (MSS x NMSS)]/100

Em que:

CN = consumo de nutrientes (g)

MSo = matéria seca oferecida (g)

MSs = matéria seca das sobras (g)

NMSo = nutriente na matéria seca oferecida (%)

NMSs = nutriente na matéria seca das sobras (%)

Os animais receberam dietas contendo 60% de volumoso e 40% de ração concentrada. O

volumoso utilizado foi o feno de coastcross (Cynodon dactilon). Para compor os concentrados foram

utilizados: milho, casca de soja, melaço, uréia convencional, uréia de liberação lenta (Optigen®), e

mistura mineral. A mistura entre volumoso e o concentrado foi realizada no momento do fornecimento

da alimentação. A composição percentual dos ingredientes e a composição bromatologica das dietas

encontram-se na Tabela 1.

O feno foi picado utilizando-se picador moedor provido de peneira com crivos de 3,0cm. Todos

os ingredientes previamente pesados foram homogeneizados em um misturador horizontal com

capacidade de 500kg.

Amostras das dietas e sobras foram coletadas semanalmente e armazenadas em freezer com

temperatura a -10ºC até ocasião das análises laboratoriais. Ao final do ensaio, foram feitas amostras

compostas por período, submetidas a analises bromatológicas no laboratório de Pastagem e Nutrição

Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. As amostras do feno, concentrado,

sobras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC, durante 72 horas. Em seguida, foram

homogeneizadas para confecção das amostras compostas por animal e moídas em moinho tipo Willey,

utilizando-se peneira com crivos de 1 mm.

45

As análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), nitrogênio total, fibra em detergente

neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), nitrogênio

insolúvel em detergente neutro (NIDN) foram realizadas segundo os procedimentos descritos por Silva

e Queiroz (2002). Os teores de carboidratos totais (CHOT) foram calculados segundo a equação

proposta por Sniffen et al. (1992).

CHOT = 100 - (%PB + %EE + %MM);

em que:

CHOT = carboidratos totais (%MS);

PB = teor de PB (%MS);

EE = teor de EE (%MS);

MM = teor de MM (%MS).

Os teores de CNF em amostras de alimentos, sobras e fezes foram avaliados por meio da equação

proposta por Hall (2000). Como nas dietas foram utilizadas uréia como fonte de nitrogênio, os teores

dietéticos de CNF foram estimados por adaptação à proposição pelo mesmo autor:

CNF= 100 - (PB + EE + MM + FDNcp)

CNF = 100 − [(PB − PBu +U) + EE + MM + FDNcp];

em que:

CNF = teor estimado de CNF (%MS);

PB = teor de PB (%MS);

EE = teor de EE (%MS);

MM = teor de MM (%MS);

FDNcp = teor de FDN corrigido para cinzas e proteína (%MS);

PBu = teor de PB proveniente da uréia (%MS);

U = teor de uréia (%MS).

46

Tabela 1 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos Milho Casca de soja + Milho

Ingredientes UC

UC:ULL (20:80) UC UC:ULL

(20:80)

Feno de coastcross 60,00 60,00 60,00 60,00

Milho moído 32,80 32,64 16,40 16,32

Casca de soja - - 16,32 16,40

Uréia 1,70 0,34 1,70 0,34

ULL - 1,36 - 1,36

Melaço 4,00 4,00 4,00 4,00

Mistura mineral1 1,50 1,50 1,50 1,50

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

¹ Composição: Cálcio (0,48%); Fósforo (0,35%), Sódio (0,59%); Enxofre (0,072%); Cobre (590 ppm);Cobalto (40 ppm); Cromo (20 ppm); Ferro (1800 ppm); Iodo (80 ppm); Manganês (1300 ppm); Selênio ( 15 ppm); Zinco (3800 ppm); Molibdênio (300 ppm).

Tabela 2 - Composição química das dietas experimentais (% MS) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes

UC UC:ULL (20:80) UC UC:ULL (20:80)

PB (%MS) 11,58 11,54 11,29 11,56

EE (%MS) 1,30 1,29 1,14 1,37

FDA (%MS) 41,79 45,73 40,69 44,77

FDN (%MS) 64,40 67,20 64,34 67,15

CHOT (%MS) 79,24 79,66 79,92 79,13

CNF (%MS) 16,43 14,06 17,16 14,73

MM (%MS) 7,74 7,50 7,64 7,94

MO (%MS) 92,26 92,50 92,36 92,06

FDNcp (%MS) 63,64 66,43 63,58 66,40

NDT (%MS)2 64,39 63,77 64,62 60,58

² NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD.

Ao final do ensaio de desempenho, utilizando as mesmas instalações e os mesmos animais, foi

avaliada a digestibilidade aparente dos nutrientes. Para tanto foi realizado um estudo de digestibilidade

com os mesmos animais recebendo as mesmas dietas experimentais, os quais passaram por um período

de três dias de adaptação as sacolas e cinco dias de coleta total de fezes. Durante os cinco dias de

47

coletas, diariamente foram anotadas a quantidade de alimento oferecido e as sobras para cada animal,

além da amostragem dos ingredientes oferecidos. Todos os dias as rações foram pesadas em balança

eletrônica com precisão de 5 g e ofertadas ad libitum as 7 e as 16 horas, a quantidade de ração ofertada

foi ajustada, de forma a permitir sobras de 5 a 10% da quantidade ofertada.

As 7 horas da manha, foram pesadas as sobras de ração, para obtenção do consumo de matéria

seca (CMS) por animal. No mesmo horário, diariamente, as fezes foram quantificadas. Para colheita de

fezes, foram adaptados arreios, que contem uma bolsa colhedora de fezes, com objetivo de evitar

mistura de fezes e urina.

Amostras de 10% da ração ofertada e das sobras foram colhidas, compostas por animal e

armazenadas a – 20 C. As fezes foram coletadas diariamente durante 5 dias; a produção total teve o

peso registrado, com reserva de 20% do total coletado. Ao final, foi preparada uma amostra composta

por animal que foi embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -20°C. As amostras foram

descongeladas e secas em estufa de ventilação forçada (55C) por 72 horas, e moídas em moinho tipo

Wiley com peneiras com crivos de 1 mm e acondicionadas para analises laboratoriais. Todas as

amostras foram analisadas no Laboratório de Pastagem e Nutrição Animal da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia – UESB.

As análises bromatológicas (MS, Cinzas, PB, EE, FDN, FDA, NIDN, NIDA) foram feitas

seguindo os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002).

O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) observado foi obtido a partir da equação somativa:

NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD;

em que:

PBD = proteína bruta digestível;

EED = extrato etéreo digestível

FDNcpD = fibra em detergente neutro (corrigida para cinzas e proteína) digestível

CNFD = carboidratos não-fibrosos digestíveis.

A digestibilidade aparente dos nutrientes no trato digestorio total (DATT) foi calculado pelas

formulas que seguem: DATT (%) = [(nutriente consumido – nutriente excretado) / nutriente consumido]

x 100.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro tratamentos e

seis repetições. Com 24 animais distribuídos em quatro tratamentos: Uréia convencional + Milho (UC +

M); Uréia convencional + Uréia de Liberação lenta + milho (UC(20%) + ULL(80%) + M); Uréia

convencional + milho + casca de soja (UC + M (50%) + CS (50%)) e Uréia convencional + Uréia de

Liberação lenta + Milho + Casca de soja (UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%)).

Os dados foram submetidos à analise de variância pelo procedimento GLM do Statistical

Analysis Systems (1996), aplicando-se o teste Tukey a 5% de probabilidade, para comparação das

médias, após avaliadas as normalidades dos erros.

48

1.3 - RESULTADO E DISCUSSÃO

As médias e os coeficientes de variação para consumo de matéria seca (CMS) em g/dia, %PV,

g/kg PV0,75, proteína bruta (CPB), extrato etéreo (CEE), fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em

detergente acido (CFDA), carboidrato não fibroso (CCNF), carboidrato total (CCHOT), consumo de

nutrientes digestíveis totais (CNDT) estão apresentados na Tabela 3.

A ingestão média de matéria seca de 856,97 g/dia e 3,45 % do PV se encontram dentro do

recomendado pelo NRC (2007), para cordeiros em crescimento.

O consumo médio de PB e de NDT foi de 103,99 e 548,11 g/dia respectivamente. Conforme o

NRC (2007) esse consumo de PB e de NDT seria o suficiente para atender os requisitos nutricionais de

cordeiros com 20 kg de peso corporal com ganho de peso médio diário de 150 g.

Milton et al., (1997) afirmaram que o aumento da concentração de uréia na ração pode reduzir a

quantidade de MS ingerida. Entretanto no presente estudo o CMS não foi alterado pelos altos níveis de

uréia na ração.

Tabela 3 - Consumo de matéria seca (CMS g/dia, % do peso corporal e em relação ao peso metabólico PV0,75), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de FDN (CFDN), consumo de FDA (CFDA), consumo de extrato etéreo (CEE), consumo de carboidratos totais (CCHOT), consumo de carboidrato não fibroso (CCNF), consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) e seus coeficientes de variação.

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

CMS (g/dia) 874,64a 779,47ª 886,92a 922,85ª 13,01

CMSPV (%PV) 3,43ª 3,29ª 3,55a 3,56ª 8,58

CMSPM (g/kg0,75) 77,13a 72,58ª 79,40a 80,30ª 9,02

CPB (g/dia) 108,14a 96,56ª 101,36a 110,07ª 12,68

CEE (g/dia) 11,49a 10,22ª 9,86a 12,97ª 13,59

CFDN (g/dia) 501,93b 449,25b 621,24a 646,92ª 13,31

CFDA (g/dia) 340,40b 293,20b 391,97a 395,59ª 13,36

CCHOT (g/dia) 682,85a 610,64ª 702,80a 723,02ª 13,11

CNDT (g/dia) 563,18a 497,07ª 573,13a 559,06ª 12,94

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Não houve efeito da substituição da uréia convencional por uréia de liberação lenta, sobre o

CMS em g/dia, %PV , g/kg PV0,75 , CPB, CEE, CHOT, NDT. Pode-se inferir que a substituição da uréia

tradicional por uma de liberação lenta, não afetou o consumo de alimentos por ovinos. Dessa forma, nas

condições representadas por este estudo, a uréia de liberação lenta é um produto que pode ser oferecido,

sem que haja prejuízos na ingestão de nutrientes, sendo seu uso condicionado ao custo.

Resultados semelhantes foram observados por Tedeschi et al. (2002) que testaram níveis de

substituição de uréia comum por uréia encapsulada por polímeros e verificaram consumos de matéria

49

seca (CMS) semelhantes (P>0,05). Galo et al. (2003), testando a uréia encapsulada em bovinos leiteiros

observaram que os consumos de matéria seca não apresentaram diferença estatística (P>0,05).

Rennó et al. (2005) avaliaram o efeito de níveis crescentes de inclusão de ULL na dieta sobre o

consumo de nutrientes por novilhos Zebu e cruzados com a raça holandesa, alimentados com ração com

relação volumoso:concentrado de 50:50. Os autores não verificaram efeitos sobre o consumo de matéria

seca e de nenhum dos nutrientes da dieta em quilos por dia ou em porcentagem de peso vivo,

concordando com os resultados aqui apresentados, que embora se trate de outra espécie, a comparação

foi considerada por serem animais ruminantes.

Gonçalves (2006) avaliou os efeitos da substituição da uréia tradicional por uréia de liberação

lenta (ULL) em suplementos oferecidos a novilhos Nelore e não observou diferenças sobre o consumo

de matéria seca e de matéria seca digestível. Azevedo et al. (2008), comparando uréia encapsulada e

comum sobre a utilização de volumosos de baixa qualidade em suplementos para novilhos, também não

encontraram diferença no consumo de nutrientes. No entanto, Gelinski et al. (2000) avaliando os efeitos

do ionóforo monensina (Rumensin ®), uma fonte de uréia de liberação lenta (Anipro®) e sua associação

em bovinos confinado, observaram que os animais recebendo uréia de liberação lenta apresentaram

menor consumo de matéria seca do que os grupos controle e com Rumensin®.

Marchesin et al. (2006) estudaram o desempenho de bovinos Nelore em pastagem de B.

brizantha durante o período da seca recebendo suplemento mineral ou protéico com 30% de uréia, 15%

de farelo de algodão e 45% de mistura mineral, sendo que a uréia foi substituída por 25, 65 ou 100% de

uréia encapsulada. Segundo os autores, o nível ótimo de substituição foi de 25%, apresentando ganhos

de peso cerca de 41% maiores que os obtidos pelos animais que receberam suplemento proteinado. Ao

aumentar os níveis de ULL no suplemento, o desempenho foi reduzido, pois, segundo os autores, pode

ter ocorrido limitação de nitrogênio prontamente solúvel na dieta.

Da mesma forma que a comparação ULL x UC, a substituição de parte do milho pela casca de

soja não afetou o CMS em g/dia, %PV , g/kg PV0,75 , CPB, CEE, CHOT. Porem o consumo de FDN e

FDA foram superiores nos tratamentos com casca de soja. Ezequiel et al. (2006) substituíram 70% do

milho moído por casca de soja e não observaram diferença no consumo de matéria seca de bovinos

confinados. O consumo de FDA apresentou efeito significativo, observando-se maior valor quando a

casca de soja substituiu 70% do milho moído. Thiago et al. (2000), também não observaram diferenças

no consumo de MS quando substituíram milho (0; 33; 67 e 100%) pela casca de soja na dieta de

novilhos confinados.

Santos et al. (2008) estudando os efeitos dos níveis de casca de soja em substituição ao milho

(0, 25, 50 e 70%) em ovinos confinados não observaram diferenças sobre o consumo de nutrientes, com

exceção do FDN, que aumentou com a inclusão de casca de soja na dieta.

Oliveira et al. (2007) trabalhando com vacas em lactação verificou que o aumento dos níveis de

casca de soja não afetou o consumo de matéria seca, mas aumentou o percentual de FDN nas dietas,

semelhante ao verificado por outros autores (Ipharraguerre & Clark, 2003).

50

Pedroso et al. (2007) avaliaram a substituição do milho por casca de soja (0,10 e 20%). A

inclusão da casca de soja nas rações não afetou o consumo de matéria seca para vacas leiteiras. Segundo

o autor a substituição do milho por casca de soja na alimentação de vacas leiteiras pode ser uma

alternativa interessante, desde que o preço do subproduto seja competitivo.

Ipharraguerre et al. (2002) testaram quatro níveis de substituição do milho por casca de soja

(10, 20, 30 e 40%) e não observaram diferenças entre o consumo de MS da ração controle em

comparação aquelas contendo casca de soja em vacas em lactação.

Matos (2006) avaliando a substituição de milho por casca de soja (0; 8; 16,5 e 26% de casca de

soja na MS das dietas, em substituição ao milho) na alimentação de caprinos, não observou influencia

dos níveis de casca de soja sobre o consumo de matéria seca, cuja média foi de 738,7 g/dia.

Ferreira (2008) avaliou o efeito da substituição parcial do milho pela casca de soja, na

alimentação de cordeiros em confinamento. O milho foi substituído em 15%, 30% e 45% pela casca de

soja. O consumo de MS, MO, FDN, FDA e PB em kg/dia e g/kg de PC0,75, bem como o consumo de

NDT em kg/dia aumentaram linearmente com a inclusão de casca de soja.

De acordo com Ipharraguerre & Clark (2003), a manutenção do consumo de matéria seca com a

utilização de casca de soja em dietas para ruminantes pode ser atribuída ao efeito positivo da elevada

taxa de digestão da FDN, do reduzido tamanho das partículas e da elevada capacidade de hidratação da

casca de soja, proporcionando elevação na taxa de passagem da FDN pelo trato gastrointestinal e,

consequentemente, da ingestão de MS.

As medias de ganho médio diário (GMD), conversão alimentar (CA), peso vivo inicial (PVi) e

peso vivo final (PVf) são apresentados na tabela 4. Não houve efeito (P>0,05) da substituição da uréia

convencional pela de liberação lenta, nem do milho pela casca de soja sobre o ganho médio diário e

conversão alimentar.

Tabela 4 – Ganho médio diário (GMD), conversão alimentar (CA), peso vivo inicial (PFi) e peso vivo final (PFf) e seus respectivos coeficientes de variação. Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

GMD (kg/dia) 0,114ª 0,094ª 0,108a 0,119ª 22,31

CA 7,85ª 8,25ª 8,31a 8,02ª 14,23

PVi 21,86ª 20,70ª 21,55a 22,06ª 9,30

PVf 29,06a 26,68ª 28,38a 29,62ª 9,31

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Gelinski et al. (2000) estudaram os efeitos do ionóforo monensina (Rumensin ®) e uma fonte

de uréia de liberação lenta (Anipro®) e sua associação em bovinos confinados. Os animais que

receberam uréia de liberação lenta apresentaram menor ganho médio diário, peso final e peso de

carcaça, porém sem efeito sobre a conversão alimentar em relação aos grupos controle e com

Rumensin® .

51

Porem Diniz et al. (2010) avaliaram os efeitos da utilização de probiotico e de uréia protegida

na alimentação de novilhos confinados. Os animais do tratamento que recebeu ração com probiotico e

uréia protegida apresentaram maior ganho de peso (P<0,01) e maior rentabilidade que os demais

tratamentos.

Almeida et al. (2010), avaliaram os efeitos da uréia protegida no desempenho de vacas leiteiras.

Os tratamentos foram compostos por dietas isoenergéticas e isonitrogenadas com 1,66 ELL e 18,35% de

PB, definidas como T1 = 11,4% farelo de soja e T2 = 0,4% uréia encapsulada + 9,0% farelo de soja.

Segundo os autores a substituição parcial do farelo de soja por uréia protegida não reduziu o

desempenho produtivo das vacas em lactação.

Carareto (2011) estudou o efeito da substituição da uréia pelo farelo de soja ou pela uréia de

liberação lenta (Optigen®) em rações para bovinos em terminação. A ingestão de MS, o ganho de peso

diário e a conversão alimentar não foram afetados pelas fontes de N testados (P>0,05).

O ganho médio diário e conversão alimentar apresentaram valores médios de 0,108 kg/animal

dia e 8,10, respectivamente. Valores abaixo dos encontrados por Santos et al. (2008) 0,215

kg/animal/dia e 6,20. Os autores avaliaram os efeitos dos níveis de casca de soja em substituição ao

milho (0, 25, 50 e 70%) para ovinos confinados e também não observaram efeitos dos níveis de casca de

soja sobre o ganho de peso e a conversão alimentar. O menor ganho de peso obtido nesse experimento

foi causado possivelmente pela alta relação de volumoso em relação ao concentrado (60:40).

Thiago et al. (2000) avaliaram o efeito da substituição de milho por casca de soja em dietas

para bovinos de corte em confinamento e verificaram melhoria no ganho de peso dos animais. Os

autores afirmaram que a substituição do milho pela casca de soja melhora o ambiente ruminal reduzindo

os efeitos negativos decorrentes do consumo excessivo de amido, proporcionando elevada digestão dos

nutrientes, adequado crescimento microbiano e elevada produção de ácidos graxos voláteis. Nesse

sentido, Mendes et al. (2006) observaram que a substituição parcial do milho pela casca de soja

melhorou a produção e eficiência microbiana, aumentando a contribuição da proteína microbiana que

chegou ao duodeno.

Os resultados encontrados por Thiago et al. (2000) corroboram a possibilidade de se substituir o

milho pela casca de soja, sem que ocorra redução no desempenho dos animais, conforme verificado

nesta pesquisa.

Matos (2006) avaliando o efeito da substituição de milho por casca de soja (0; 8; 16,5 e 26% na

MS) em caprinos, não observou influencia dos níveis de casca de soja sobre o ganho de peso dos

animais, cuja média foi de 122g/dia.

Galati et al. (2003) avaliaram o desempenho de novilhos Nelore em confinamento alimentados

com 60% de silagem de milho e concentrado contendo casca de soja em substituição ao milho (70%) e

também não observaram diferença significativa para o ganho médio diário.

Restle et al. (2004) acrescentaram que a utilização da casca de soja na alimentação de bovinos

de corte, alem do aspecto econômico, pode trazer benéficos na eficiência de utilização dos alimentos

pelo animal, visto que os cereais comumente utilizados (milho e sorgo) apresentam elevado teor de

52

amido e podem provocar efeitos associativos negativos, promovendo redução da digestibilidade da

fração fibrosa da dieta (Van Soest, 1994).

Restle et al. (2004), afirmam que o principal fator que afeta a digestão dos carboidratos

estruturais é a adição de carboidratos solúveis, por meio de alimentos concentrados, que provocam

alterações no trato digestivo e na cinética do processo digestivo, como taxa de digestão, taxa de

passagem das partículas, pH ruminal e natureza da população microbiana.

Ezequiel et al. (2006) verificaram que a substituição de 70% do milho por casca de soja não

afetou o consumo de matéria seca, o ganho de peso, a conversão e a eficiência alimentar e o rendimento

de carcaça de novilhos Nelore confinados.

Ferreira (2008) avaliou o efeito da substituição parcial do milho pela casca de soja (15%, 30% e

45%) na alimentação de ovinos, e não observou diferença no ganho médio diário, porem a conversão

alimentar aumentou linearmente com a inclusão da casca de soja.

Morais et al. (2007) estudaram os efeitos da substituição do “feno de Coastcross” por casca de

soja no desempenho de ovinos em confinamento. Os autores observaram que o ganho de peso aumentou

linearmente com a inclusão de casca de soja na dieta, variando do 113 a 187 g/animal/dia. A conversão

alimentar também melhorou linearmente com a inclusão da casca de soja.

Na Tabela 5 são apresentados os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS),

proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFND), extrato etéreo (DEE), carboidrato total

(DCHOT), carboidrato não fibroso (DCNF) e os nutrientes digestíveis totais, alem dos coeficientes de

variação.

Não houve efeito significativo entre os tratamentos sobre nenhum dos coeficientes de

digestibilidade e sobre a percentagem de nutrientes digestíveis totais.

Resultados semelhantes foram observados por Gonçalves (2006) onde não houve efeito

significativo da substituição de uréia pela ULL sobre o coeficiente de digestibilidade da FDA, FDN, EE,

CNF, MO ou sobre a percentagem de nutrientes digestíveis totais.

Valinote et al. (2005) avaliaram o efeito de substituição de 82% da uréia tradicional por ULL

em dietas de bubalinos, e também não encontraram diferenças significantes nas digestibilidades do FDN

e FDA.

Titto et al. (1999) estudaram a substituição parcial do farelo de soja pela uréia protegida, em

rações completas para cordeiros. As rações foram formuladas para atender 100% e 70% das exigências

protéicas dos animais, com ou sem a substituição parcial da proteína pela uréia protegida nos níveis de

20,54% e 26,10%. Os autores concluíram que a inclusão da uréia protegida não alterou a digestibilidade

da proteína bruta. A digestibilidade da matéria seca mostrou-se semelhante nas dietas que atenderam

100% dos requerimentos protéicos dos cordeiros, com ou sem a inclusão da uréia protegida. Porém

quando a uréia contribuiu com 26,10% do N total da dieta houve diminuição na digestibilidade da

matéria seca.

53

Tabela 5 – Digestibilidade aparente da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em detergente

neutro (DFDN), extrato etéreo (DEE), carboidrato total (DCHOT), carboidrato não fibroso (DCNF),

carboidrato não fibroso (DCNFcp) e seus coeficientes de variação.

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

Parâmetros T1 T2 T3 T4 CV

DMS 64,63ª 63,18ª 65,66a 60,08ª 8,03

DPB 67,97ª 80,20ª 71,50a 68,43ª 10,45

DFDN 53,91ª 54,27ª 62,93a 58,11ª 10,51

DEE 69,08ª 61,58ª 63,85a 61,96ª 9,59

DCHOT 65,80ª 59,52ª 63,76a 59,83ª 10,08

DFDNcp 54,02ª 54,79ª 63,28a 58,63ª 10,40

NDT1 64,39 63,77 64,62 60,58

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 1 Valores estimados (NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD).

Gonçalves (2006) utilizando a ULL observou aumento linear da digestibilidade da proteína

bruta com o aumento na substituição da uréia pela ULL. Entretanto nesse estudo a substituição de 80%

da uréia convencional (UC) pela ULL não aumentou a digestibilidade da proteína bruta.

Azevedo et al. (2008), estudando o efeito da suplementação com uréia encapsulada ou normal

sobre a utilização de volumosos de baixa qualidade para novilhos. Não encontraram diferença no

coeficiente de digestibilidade da matéria orgânica e do FDN. Da mesma

forma que a comparação ULL x UC, a substituição de parte do milho pela casca de soja não afetou a

digestibilidade dos nutrientes. Zambrom et al. (2008) trabalhando com cabras em lactação avaliaram a

substituição do milho pela casca de soja e não verificaram diferença para digestibilidade da matéria seca

(DMS), matéria orgânica (DMO) e da proteína bruta (DPB). Contudo, houve diferença para a

digestibilidade da fibra em detergente neutro (DFDN), que foi maior com a substituição do milho por

casca do grão de soja, confirmando que a FDN da casca de soja é de alta digestibilidade, 95,69%

(Zambom et al., 2001).

Matos (2006) estudou o efeito da substituição do milho por casca de soja (0; 8; 16,5 e 26% de

substituição) nas dietas de caprinos confinados e não observou influencia dos níveis de casca de soja

sobre os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e carboidratos

totais. Todavia, a casca de soja melhorou (p<0,05) a digestibilidade da fibra em detergente neutro e

reduziu (p<0,05) a digestibilidade dos carboidratos não fibrosos e do extrato etéreo.

Miranda et al. (2009) avaliando o efeito das combinações de diferentes fontes de carboidrato

(milho e casca de soja) e nitrogênio não protéico (uréia, amireia 150S e uréia encapsulada (Optigen)

em suplementos proteinados sobre a degradabilidade do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Não

observaram diferença entre os tratamentos nos parâmetros de degradabilidade, bem como na

54

degradabilidade efetiva dos nutrientes. Os tratamentos foram T1: casca de soja + Optigen, T2: casca de

soja + uréia, T3: milho + amiréia, T4: milho + Optigen, T5: milho + uréia. Os autores concluíram que as

combinações entre diferentes fontes de carboidratos e nitrogênio não protéico nos suplementos protéicos

não modificaram a digestibilidade da forragem.

Os valores médios de digestibilidade de MS, PB e FDN (63,38, 72,02, 57,30%

respectivamente) obtidos neste experimento foram semelhantes, aos obtidos por Zambrom et al. (2008),

que, em pesquisa com cabras Saanen substituiu o milho por 50% de casca de soja e observaram

digestibilidade de MS, PB e FDN de 71,18, 72,89, 53,83, respectivamente, e Mouro et al. (2002), que

utilizaram 15% de casca de soja na MS e observaram coeficientes de digestibilidade da MS, PB e FDN

de 69,00; 69,73 e 57,25%, respectivamente.

Ensaios de digestibilidade comprovaram que a utilização de casca de soja para cabritos em

crescimento (Hashimoto et al., 2007), cabras em lactação (Zambrom et al., 2007) e vacas em lactação

(Ipharraguerre et al., 2002), não altera a digestibilidade da matéria seca, o que confirma a boa utilização

da parede celular na fermentação ruminal, resultando em efeito associativo positivo que possibilita a

substituição parcial ou total do milho das rações.

Santos et al. (2008) também, não observaram efeitos dos níveis de casca de soja em substituição

ao milho (0, 25, 50 e 70%) sobre a digestibilidade dos nutrientes em ovinos confinados. Assim como

Ferreira (2008) que avaliou o efeito da substituição parcial do milho pela casca de soja (15%,

30% e 45%) na alimentação de ovinos, e não observou diferença nos coeficientes de digestibilidade

aparente da MS, CNF, PB e EE.

As médias obtidas para o Comprimento corporal (CC), Altura do anterior (AA), Altura do

posterior (AP), Largura do peito (LP), Largura da garupa (LG), Comprimento da perna (CP), Perímetro

torácico (PT), Escore condição corporal (ECC) e para crescimento são apresentadas na Tabela 6, não

sendo observado diferença significativa (P<0,05) para nenhum dos parâmetros avaliados.

A caracterização dos grupos genéticos por meio de medidas corporais e índices zootécnicos é

de fundamental importância para que se conheça o potencial produtivo dos biótipos e suas habilidades

para exploração comercial. As informações obtidas permitem a comparação entre rebanhos de

localidades diferentes e contribui para a definição de um padrão racial, servindo como referencial para

programas de melhoramento genético (Valdez et al., 1982).

As medidas corporais, tais como comprimento do corpo, perímetro torácico, altura da cernelha

e da garupa são importantes, uma vez que essas medidas podem indicar, por exemplo, a capacidade

digestiva e respiratória dos animais, bem como, características produtivas como o rendimento de caraça

(Santana et al., 2001)

55

Tabela 6 - Medias, Coeficiente de variação (CV) do comprimento corporal inicial e final (CCi, CCf), altura do anterior inicial e final (AAi, AAf), altura do posterior inicial e final (APi, APf), largura do peito inicial e final (LPi, LPf), largura da garupa inicial e final (LGi, LGf), comprimento da perna inicial e final (CPi, CPf), perímetro torácico inicial e final (PTi, PTf), escore condição corporal inicial e final (ECCi, ECCf).

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

CCi (cm) 57,16ª 56,75a 58,58a 61,33ª 6,01

CCf (cm) 66,00a 64,35a 66,58a 67,75ª 4,61

AAi (cm) 59,33ª 58,00a 60,08a 59,08ª 4,28

AAf (cm) 64,91ª 63,25a 64,83a 64,00a 3,17

APi (cm) 60,33ª 60,10a 61,50a 61,50ª 3,51

APf (cm) 66,16a 64,75a 64,91a 66,16ª 3,02

LPi (cm) 17,00a 17,41a 17,08a 17,83ª 6,67

LPf (cm) 21,66a 21,58a 22,33a 21,83ª 5,43

LGi (cm) 14.16b 15,83ab 16,41ab 17,33ª 9,84

LGf (cm) 19,61a 20,16a 20,00a 20,16ª 5,98

CPi (cm) 30,83a 28,83a 30,91a 31,50ª 6,21

CPf (cm) 35,08a 34,41a 35,00a 36,33ª 4,15

PTi (cm) 64,66a 63,16a 63,58a 64,00a 4,21

PTf (cm) 70,83a 68,91a 69,41a 70,58ª 3,62

ECCi 2,50a 2,25a 2,10a 2,41ª 17,87

ECCf 2,88a 2,58a 2,66a 2,91ª 16,43

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

1.4 – CONCLUSÃO

A uréia de liberação lenta em substituição a uréia convencional, bem como a substituição

parcial do milho pela casca de soja, não influencia o desempenho dos animais, a digestibilidade

aparente dos nutrientes e as medidas biométricas.

O uso da casca de soja em substituição ao milho e da uréia de liberação lenta em substituição a

uréia convencional em dietas para cordeiros, fica condicionado a sua viabilidade econômica.

56

1.5 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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61

Capitulo 2

Tipos de uréia e fontes de carboidratos na dieta de cordeiros: Comportamento ingestivo

RESUMO

Objetivou-se neste trabalho avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o comportamento ingestivo de ovinos da raça Santa Inês. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg ( 1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL Optigem ®), associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). O período experimental foi de 63 dias, divididos em três subperíodos de 21 dias. As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no 19° dia de cada subperíodo experimental, sendo registrado o tempo despendido em alimentação, ruminação e ócio. Foram realizadas observações por três períodos, das 10 às 12h, 14 às 16h e 18 às 20h, determinando-se o número de mastigações merícicas bolo ruminal e o tempo gasto para ruminação de cada bolo. Os tempos de alimentação (338,88 min.) e ruminação (575,72 min.), tempo de mastigação total (15,12 h dia), tempo gasto com mastigações por bolo (45,23 s), número de mastigações por bolo (60,65) e por dia (43.230) bem como as eficiências de alimentação e ruminação não foram influenciados pelos tratamentos. O comportamento ingestivo de ovinos não foi afetado pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja.

Palavras-chave: casca de soja, comportamento ingestivo, uréia de liberação lenta.

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effects of partial substitution of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on feeding behavior of Santa Inês sheep. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL Optigem ®), associated with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets: UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80% ) + M (50%) + CS (50%). The experimental period was 63 days, divided into three sub-periods of 21 days. The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. Assessment of ingestive behavior occurred on the 19th day of each experimental sub-period, and recorded the time spent eating, ruminating and resting. Observations were made for three periods, from 10 to 12h, at 16h 14 to 20h and 18, determining the number of chews ruminal bolus and the time spent ruminating each cake. The feeding times (338.88 min.) And rumination (575.72 min.), Total chewing time (15.12 h day), time spent chewing per cake (45.23 s), number of chews per cake (60.65) per day (43,230) as well as the efficiencies of feeding and rumination were not affected by treatments. The ingestive behavior of sheep was not affected by partial replacement of conventional urea release by 80% controlled-release urea (Optigen®), and the partial replacement of corn by soybean hulls. Keywords: soybean hulls, ingestive behavior, slow-release urea.

63

2.1 - INTRODUÇÃO

O conhecimento do comportamento ingestivo se tornou ferramenta importante na avaliação das

dietas, possibilitando o ajuste do manejo alimentar animal para obtenção de melhor desempenho

produtivo (Cardoso et al., 2006). Assim, o estudo do comportamento ingestivo dos ruminantes tem sido

usado com o objetivo de estudar os efeitos do arraçoamento ou quantidade e qualidade nutritiva de

alimentos sobre o comportamento ingestivo; estabelecer a relação entre comportamento ingestivo e

consumo de nutrientes; e verificar o uso potencial do conhecimento a respeito do comportamento

ingestivo para melhorar o desempenho animal.

Os parâmetros mais estudados para avaliar o comportamento ingestivo são o tempo de

alimentação, ruminação e ócio, eficiência de alimentação e ruminação, numero de mastigações

merícicas por bolo alimentar, tempo gasto com mastigações por bolo ruminal e número de mastigações

merícicas por dia (Burger et al., 2000). Segundo Macedo et al. (2007), para entendimento completo do

consumo diário de alimentos, é necessário estudar individualmente seus componentes, que podem ser

descritos pelo número de refeições consumidas por dia, pela duração média das refeições e pela

velocidade de alimentação de cada refeição.

Segundo Van Soest (1994), o tempo de ruminação é influenciado pela natureza da dieta e

parece ser proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. O mesmo autor relata que animais

confinados gastam em torno de 1h consumindo alimentos ricos em energia ou até mais de 6h para fontes

com baixo teor de energia e alto teor de fibra. Alimentos concentrados e fenos finamente triturados ou

peletizados reduzem o tempo de ruminação, enquanto volumosos com alto teor de parede celular

tendem a aumentar o tempo de ruminação. O aumento do consumo tende a reduzir o tempo de

ruminação por grama de alimento, fator provavelmente responsável pelo aumento de tamanho das

partículas fecais, quando os consumos são elevados.

A casca de soja devido ao seu alto teor de fibra pode interferir no consumo de MS, a uréia,

fonte de nitrogênio não protéico (NNP), possui sabor adstringente e baixa palatabilidade, podendo

reduzir o consumo quando adicionado em altos níveis na dieta.

A substituição de alimentos que contenham proteína verdadeira por alimentos com maior teor

de nitrogênio na forma de nitrogênio não protéico (NNP), como a uréia, pode melhorar a eficiência

financeira da alimentação e reduzir a necessidade de compra e estocagem de concentrados protéicos;

além disso, possibilita a formulação de dietas com maior inclusão ou de alimentos energéticos, ou de

subprodutos fibrosos, ou de forragem. Esta estratégia explora a capacidade de ruminantes de sintetizar

proteína microbiana de alto valor biológico a partir de NNP (Santos et al., 2011).

Entretanto, a rápida hidrolise da uréia por uréases microbianas pode resultar em disponibilidade

ruminal de N amoniacal em taxa superior à capacidade de síntese de proteína microbiana, resultando em

perda excessiva de N do rúmen para o sangue (Lapierre & Lobley, 2001). Acima de 70% do N ingerido

podem ser excretado nas fezes e urina (Tamminga, 1992). Este fato é preocupante quando são

considerados seus possíveis impactos negativos sobre o ambiente (Smith e Frost, 2000). Aumento

64

excessivo no teor e N na forma de uréia e amônia no sangue e em tecidos também pode ter impacto

negativo sobre a fisiologia animal, especialmente sobre a reprodução (Butler, 1998).

A uréia é fisicamente encapsulada por ceras vegetais (Optigen®) visando reduzir a velocidade

de liberação do N no rúmen. Segundo Carvalho et al. (2008), animais em regime de confinamento

geralmente consomem alta quantidade de concentrados para suprir as exigências de energia e proteína.

Entre os ingredientes mais utilizados destacam-se o milho e o farelo de soja, pois formam excelente

combinação de energia e proteína de alto valor biológico, entretanto, o elevado custo constitui fator

limitante à sua utilização. Neste contexto, esforços têm sido despendidos na busca por alimentos

alternativos de baixo custo que possam substituir parcial ou totalmente os ingredientes padrões

(Carvalho et al, 2006, 2008; Henrique et al., 2003; Souza et al.,2004; Zeoula et al., 2003). A casca de

soja, subproduto das indústrias de processamento da soja, surgiu como fonte alternativa, que contribui

para o valor da fibra, na formulação de dietas para ruminantes (Armentano & Pereira, 1997).

A casca de soja é definida como volumoso-concentrado, pois, tem a função fisiológica de fibra

vegetal e funciona como um grão de cereal em termos de disponibilidade de energia (3,01 Mcal energia

digestível por quilograma de matéria seca) (National Research Council, 2001). Ipharraguerre & Clark

(2003) compilaram trabalhos sobre a composição química da casca de soja e encontraram valores

médios de 11,8% de proteína bruta e 65,6% de fibra em detergente neutro (FDN) na matéria seca (MS),

sendo 43% composta de celulose e 17,8% de hemicelulose.

Em determinadas regiões do Brasil, a casca de soja apresenta grande disponibilidade no

mercado e, na maioria dos casos, sua inclusão na formulação de dietas para ruminantes reduz o custo de

produção (Morais et al, 2006).

Conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o comportamento ingestivo de ovinos da

raça Santa Inês alimentados com dietas contendo uréia convencional ou uréia convencional substituída

parcialmente pela uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por 50% de casca

de soja.

2.2 - MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nas instalações do setor de Ovino-caprinocultura, da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga - BA, localizada a 15º 09’

07” de latitude sul, 40º 15’ 32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura

media anual de 27ºC e com altitude média de 268 m, durante os meses de junho a setembro de 2010.

Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, machos não castrados, com peso vivo inicial

de 21,67 kg e quatro meses de idade. Previamente ao inicio do experimento todos os cordeiros foram

vermifugados, vacinados contra clostridioses, identificados, pesados e distribuídos em um delineamento

inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. O período experimental foi de 63

dias, composto de três sub-períodos de 21 dias, sendo precedido de 15 dias de adaptação as dietas e ao

ambiente. Os animais foram confinados em baias individuais, cobertas suspensas, com piso de madeira

ripado providas de comedouros e bebedouros

65

As rações experimentais foram definidas com a utilização de uréia convencional ou uréia

convencional substituída por 80% de uréia de liberação lenta em rações contendo milho ou milho

substituído por 50% de casca de soja. Os tratamentos foram T1 = Uréia convencional (UC) + Milho

(M); T2 = UC (20%):Uréia de liberação lenta (ULL 80%) + M; T3 = UC + M (50%): Casca de soja

(CS 50%); T4 = UC (20%) + ULL (80%) + M (50%):CS(50%).

As dietas experimentais, isoproteicas e isoenergeticas foram formuladas para atender às

exigências nutricionais de cordeiros de porte médio, com base no NRC (2007), para um ganho de

100g/dia. A ração foi distribuída duas vezes ao dia, pela manhã, às 07h:00, e à tarde, às 16h:00, com

água disponível todo o tempo. A quantidade de alimento fornecido foi reajustada conforme o consumo

do dia anterior, permitindo uma disponibilidade entre 5 e 10% de sobras como margem de segurança.

Diariamente, foi registrada a quantidade de ração oferecida e as sobras foram retiradas individualmente

e pesadas, objetivando avaliar o consumo médio diário. O consumo de nutrientes foi calculado através

da fórmula:

CN = [(MSo x NMSo) – (MSS x NMSS)]/100

Em que:

CN = consumo de nutrientes (g)

MSo = matéria seca oferecida (g)

MSs = matéria seca das sobras (g)

NMSo = nutriente na matéria seca oferecida (%)

NMSs = nutriente na matéria seca das sobras (%)

Os animais receberam dietas contendo 60% de volumoso e 40% de ração concentrada. O

volumoso utilizado foi o feno de coastcross (Cynodon dactilon). Para compor os concentrados foram

utilizados: milho, casca de soja, melaço, uréia convencional, uréia de liberação lenta (Optigen®), e

mistura mineral. A mistura entre volumoso e o concentrado foi realizada no momento do fornecimento

da alimentação. A composição percentual dos ingredientes e a composição bromatologica das dietas

encontram-se na Tabela 7.

O feno foi picado utilizando-se picador moedor provido de peneira com crivos de 3,0cm. Todos

os ingredientes previamente pesados foram homogeneizados em um misturador horizontal com

capacidade de 500kg.

No 19° dia de cada subperíodo experimental, foi avaliado o comportamento ingestivo de todos

os animais, individualmente. No registro do tempo despendido em alimentação, ruminação e ócio,

adotou-se a observação visual dos animais a cada cinco minutos, durante 24 horas (Johnson e Combs,

1991).

No mesmo dia foi realizada a contagem do número de mastigações merícicas MMnb(n/bolo) e

do tempo despendido para ruminação de cada bolo MMnb(seg/bolo) utilizando-se um cronômetro

digital. Para obtenção das medias das mastigações e do tempo, foram feitas as observações de três bolos

ruminais em três períodos diferentes do dia (10-12, 14-16 e 18-20 horas).

66

Tabela 7 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes

UC UC:ULL UC UC:ULL

Feno de coastcross 60,00 60,00 60,00 60,00

Milho moído 32,80 32,64 16,40 16,32

Casca de soja - - 16,32 16,40

Uréia 1,70 0,34 1,70 0,34

ULL - 1,36 - 1,36

Melaço 4,00 4,00 4,00 4,00

Mistura mineral1 1,50 1,50 1,50 1,50

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Composição química das dietas experimentais

PB (%MS) 11,58 11,54 11,29 11,56

EE (%MS) 1,30 1,29 1,14 1,37

FDA (%MS) 41,79 45,73 40,69 44,77

FDN (%MS) 64,40 67,20 64,34 67,15

CHOT (%MS) 79,24 79,66 79,92 79,13

CNF (%MS) 16,43 14,06 17,16 14,73

MM (%MS) 7,74 7,50 7,64 7,94

MO (%MS) 92,26 92,50 92,36 92,06

FDNcp (%MS) 63,64 66,43 63,58 66,40

NDT (%MS)2 64,39 63,77 64,62 60,58

¹ Composição: Cálcio (0,48%); Fósforo (0,35%), Sódio (0,59%); Enxofre (0,072%); Cobre (590 ppm);Cobalto (40 ppm); Cromo (20 ppm); Ferro (1800 ppm); Iodo (80 ppm); Manganês (1300 ppm); Selênio ( 15 ppm); Zinco (3800 ppm); Molibdênio (300 ppm). ² NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD.

No período noturno, o ambiente recebeu iluminação artificial. Os resultados referentes aos fatores

do comportamento ingestivo foram obtidos pelas relações:

EAL = CMS/TAL

ERU = CMS/TRU

ERU = CFDN/TRU

TMT = TAL + TRU

BOL = TRU/MMtb

MMnd = BOL x MMnb

em que EAL (g MS/h) é a eficiência de alimentação; CMS (g MS/dia), consumo de MS; TAL

(min/dia), tempo de alimentação; ERU (g MS/h; g FDN/h), eficiência de ruminação; TRU (min/dia),

tempo de ruminação; TMT (h/dia), tempo de mastigação total; BOL (n°/dia), número de bolos ruminais;

TRU (s/dia), tempo de ruminação; MMtb (s/bolo), tempo de mastigações merícicas por bolo ruminal

67

(Polli el al., 1996); MMnd (n°/dia), número de mastigações merícicas; e MMnb (n°/bolo), número de

mastigações merícicas por bolo.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro tratamentos e

seis repetições, com 24 animais distribuídos em quatro tratamentos: Uréia convencional + Milho (UC +

M); Uréia convencional + Uréia de Liberação lenta + milho (UC(20%) + ULL(80%) + M); Uréia

convencional + milho + casca de soja (UC + M (50%) + CS (50%)) e Uréia convencional + Uréia de

Liberação lenta + Milho + Casca de soja (UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%)).

Os resultados obtidos foram submetidos à analise de variância pelo procedimento GLM do

Statistical Analysis Systems (1996), aplicando-se o teste Tukey a 5% de probabilidade, para

comparação das médias.

2.3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tempo despendido nas atividades de alimentação – TAL (338,88 min.), ruminação – TRU

(568,97 min.) e ócio (527,78 min.), não foram influenciados (p >0,05) pela substituição parcial da uréia

convencional pela uréia de liberação lenta, nem pela substituição parcial do milho pela casca de soja;

nas dietas (Tabela 8). Geralmente, o aumento no consumo eleva o tempo de alimentação e reduz o

tempo de ruminação (Van Soest, 1994). Dessa forma, a semelhança no consumo para as diferentes

dietas pode ser um fator que contribuiu para as semelhanças nos tempos de alimentação, ruminação e

ócio.

Tabela 8 – Médias do tempo despendido em alimentação, ruminação, ócio em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Atividade(minutos/dia) UC UC+ULL UC UC+ULL

Parâmetros

Alimentação 335,53a 336,11ª 337,22a 346,67a 10,89

Ruminação 569,72a 539,72ª 590,00a 576,45a 6,65

Ócio 516,94a 564,17ª 513,06a 516,94a 10,13

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O ato da ruminação pelo animal tem por objetivo reduzir o tamanho de partícula do alimento

para facilitar o processo de degradação. Segundo Van Soest (1994), o teor de fibra e a forma física da

dieta são os principais fatores que afetam o tempo de ruminação. Neste trabalho, as dietas apresentaram

teores de FDN semelhantes e mesmo tamanho de partícula, pois foi utilizado um único tipo de

volumoso e igual proporção de volumoso:concentrado, esses fatores também poderiam explicar a não

diferença entre os tempos de alimentação, ruminação e ócio.

68

Alves et al. (2010), também não observaram diferenças nos tempos de alimentação, ruminação

e ócio (min/dia), quando avaliaram os efeitos da inclusão de uréia em dietas de ovinos, o nível maximo

de uréia utilizado foi de 1,5% da MS total. Semelhante aos níveis de uréia utilizados neste experimento

que foram de 1,7% e 1,84% da MS total, respectivamente para os tratamentos com uréia convencional e

uréia de liberação lenta.

Gentil (2010) avaliou os efeitos da substituição do milho pela casca de soja (0, 20, 40 e 60% do

concentrado) sobre o comportamento ingestivo de cabras leiteiras. Não observando diferença entre os

tratamentos para o CMS e tempos de ingestão, ruminação e ócio (min/d).

Aikam et al. (2006) e Miron et al. (2004), ao avaliarem a inclusão de CS em rações para vacas

em lactação, observaram aumento no tempo gasto de ingestão e mastigação, porem não verificaram

variações no tempo despendido com ruminação devido à inclusão da CS em substituição ao grão de

trigo. Ambos sugerem que o co-produto tem maior capacidade de enchimento que o trigo e o milho,

sendo assim necessário, maior tempo de ingestão para iguais quantidades de alimento consumido.

Segundo Ferreira (2008) a substituição parcial do milho pela casca de soja (15%, 30% e 45%)

na dieta de ovinos confinados, não afetou as atividades de ingestão, ruminação e ócio.

Morais et al. (2006) avaliaram os efeitos da substituição de feno de coastcross por casca de soja

(12,5, 25 e 37,5% da MS da dieta) sobre o comportamento ingestivo de ovinos e observaram efeito

linear decrescente quanto aos tempos de ingestão em minutos por dia e de ruminação, à medida que se

aumentou a casca de soja na dieta.

A substituição parcial do milho pela casca de soja, não afetou o tempo de ruminação em

minutos/dia. Isso pode ser explicado, pois casca de soja é pouco efetiva para estimular a ruminação,

pois possui reduzido tamanho de partículas. As dietas experimentais utilizadas neste experimento

continham quantidades de volumoso similares (60% da MS total), que possivelmente forneceram

estímulos para ruminação semelhante entre os tratamentos.

Não foi observada diferença (p >0,05) para o consumo de MS (g/dia e % PV), porém o

consumo de FDN foi maior nos tratamentos com casca de soja possivelmente devido ao maior teor de

FDN na mesma (Tabela 9).

A eficiência de alimentação (EAL), não diferiu entre os tratamentos, assim como a eficiência de

ruminação em g MS/h, porem a eficiência de ruminação em g FDN/h, foi maior nos tratamentos com

casca de soja.

Geralmente, essas variáveis são influenciadas pelo consumo de MS e FDN, fato comprovado

por Carvalho et al. (2004) que observaram menor eficiência de ruminação quando os animais

consumiram menores quantidades desses nutrientes.

69

Tabela 9 – Médias dos consumos de MS (CMS e CMSpv) e FDN (CFDN), eficiência de alimentação de MS (EAL) e de FDN (EALFDN), eficiência de ruminação (ERU), eficiência de ruminação de FDN (ERUFDN) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

Parâmetros

CMS (g/dia) 874,64a 779,47a 886,92a 922,85a 13,01

CMS (% PV) 3,43ª 3,29a 3,55a 3,56a 8,58

CFDN (g/dia) 501,93b 449,25b 621,24a 646,92a 13,31

EAL (g MS/h) 158,94a 141,17a 159,16a 160,77a 18,35

ERU (g MS/h) 92,27a 87,78a 90,65a 96,00a 15,15

ERUFDN(g FDN/h) 52,95b 50,61b 63,50a 67,29a 15,19

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A ausência de efeito sobre as eficiências de alimentação e ruminação (g MS/h) encontradas

pode ser explicada pela semelhança observada no consumo de MS e nos tempos de alimentação e

ruminação. A maior eficiência de ruminação em g FDN/h pode ser explicado pelo maior consumo de

FDN dos tratamentos com casca de soja.

As médias do tempo de mastigação total, em horas por dia, do número de bolos ruminais e do

número de mastigações merícicas, em n°/dia, do número de mastigações merícicas por bolo, em n°/bolo,

e do tempo de mastigação merícica por bolo, em s/bolo, com os respectivos coeficientes de variação,

são apresentados na Tabela 10.

Não foram observadas diferenças (p >0,05) para tempo de mastigação total (TMT),

provavelmente em função da semelhança nos tempos despendidos em alimentação e ruminação entre as

dietas, e pelo fato de ter ocorrido diferenças nos consumos de MS.

O número de bolos ruminais (NBR) também não diferiu (p >0,05) entre os tratamentos, sendo o

valor médio de 717,27 bolos/dia. O NBR é dependente do tempo de ruminação e do tempo gasto para

ruminar cada bolo, e o fato de não ter ocorrido variação nesses tempos explica a semelhança do NBR

entre os tratamentos.

Em relação às mastigações merícicas, o tempo gasto (MMtb) e o número de mastigações

merícicas por dia (MMnd), das mastigações merícicas por bolo (MMnb), foram semelhantes (p>0,05)

entre os tratamentos, com médias de 45,23 s/bolo, 43.230 mastigações/dia, 60,65 mastigações/bolo.

A inclusão da casca de soja em substituição ao milho não aumentou o tempo de mastigação

total, pois, embora o teor de FDN da casca de soja seja semelhante ao de forragens, seu estimulo a

mastigação é restrito, devido ao tamanho reduzido das partículas. Fato observado por Morais et al.

(2006) que avaliando os efeitos da substituição de feno de coastcross por casca de soja (12,5, 25,0 e

37,5% da MS da dieta) sobre o comportamento ingestivo de ovinos, observaram efeito linear

decrescente do tempo de mastigação em minutos por dia, à medida que se aumentou a casca de soja na

70

dieta. A redução do tamanho de partícula das dietas com a inclusão da casca foi um dos fatores que

contribuíram para esses resultados.

A FDN fisicamente efetiva (FDNfe) da casca de soja - fração da fibra que estimula a

mastigação – é menor que a FDNfe proveniente de uma fonte de forragem (Grant, 1997). Sua inclusão

reduz a atividade de mastigação, porém, pode aumentar o consumo de FDN por unidade de mastigação.

Tabela 10 – Médias do tempo de mastigação total (TMT), do número de bolos ruminais (NBR), do número de mastigações merícicas (MMnd), das mastigações merícicas por bolo (MMnb), do tempo gasto das mastigações merícicas por bolo (MMtb) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

TMT (h/dia) 15,08ª 14,59a 15,45a 15,38a 5,94

NBR (n°/dia) 778,49a 696,25a 680,79a 713,54a 11,87

MMnd (n°/dia) 44.160a 42.687a 41.805a 44.268a 10,50

MMnb (n°/bolo) 56,83ª 61,61a 61,76a 62,40a 8,67

MMtb (s/bolo) 41,44ª 46,85a 47,32a 45,34a 12,09

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

2.4 – CONCLUSÃO

A substituição parcial de 80% da uréia convencional pela uréia de liberação lenta, assim como a

substituição parcial de 50% do milho pela casca de soja não afeta o comportamento ingestivo de ovinos

confinados.

71

2.5 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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73

Capitulo 3

Tipos de uréia e fontes de carboidratos nas dietas de cordeiros: Síntese de proteína microbiana e

balanço de nitrogênio

RESUMO

Conduziu-se este experimento para avaliar os efeitos da substituição parcial da uréia convencional pela uréia de liberação lenta em dietas com diferentes proporções de milho e casca de soja sobre o balanço de nitrogênio, as concentrações de uréia na urina e no plasma e a síntese de proteína microbiana em ovinos confinados. Vinte e quatro cordeiros com peso corporal (PC) médio inicial de 21,54 kg (1,95) e idade de 120 dias foram confinados, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e seis repetições. Foram avaliadas a substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL Optigem ®), associadas a duas fontes de carboidratos: o milho (M) e a substituição parcial do mesmo por 50% de casca de soja (CS). Os tratamentos foram constituídos por rações contendo: UC + M; UC(20%) + ULL(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%) e UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). As rações experimentais foram isonitrogenadas, contendo 60% de volumoso (feno de capim “coastcroos”) e 40% de concentrado. Foi coletada, 4 horas após o fornecimento do alimento, uma amostra spot de urina de cada animal, através de micção espontânea. Alíquotas de 10 mL de urina foram diluídas em 40 mL de acido sulfúrico a 0,036 N e congeladas a – 20º C para analises e determinação dos derivados de purinas (acido úrico, alantoina), creatinina e uréia. No mesmo dia e horário aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da manha, foi coletado amostras individuais de sangue, por punção da veia jugular, utilizando-se tubos (Vacutainer TM) com ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA). As concentrações de uréia na urina e no plasma e as excreções de uréia na urina não foram influenciadas pela substituição parcial da uréia de liberação convencional por 80% da uréia de liberação controlada (Optigen®), e pela substituição parcial do milho pela casca de soja. As excreções urinarias dos derivados de purinas (mmol/dia), as purinas absorvidas e a produção de nitrogênio (N) microbiano não foram influenciados pela dieta. O N retido não foi influenciado quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia convencional, porem foi maior nos tratamentos onde a casca de soja substituiu 50% do milho.

Palavras-chave: casca de soja, síntese de proteína microbiana, uréia de liberação lenta.

74

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effects of partial substitution of urea by conventional slow-release urea in diets with different proportions of corn and soybean hulls on the nitrogen balance and microbial protein production in feedlot sheep. Twenty-four lambs with body weight (BW) averaging 21.54 kg ( 1.95) and age were confined for 120 days, distributed in a completely randomized design with four treatments and six repetitions. We evaluated the replacement of conventional 80% urea (CU) by slow-release urea (ULL Optigem ®), associated with two sources of carbohydrates: corn (M) and partial replacement of it by 50% soybean hulls (CS ). The treatments consisted of diets containing UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M, M + UC (50%) + CS (50%) and UC (20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). At the end of the performance test, using the same facilities and the same animal was evaluated, the microbial protein synthesis and nitrogen balance for both a study was conducted with the same animals receiving the same diets, which have undergone a period of three days of adaptation and five days of collection. On the 5th day of collection, was collected 4 hours after the provision of food, a spot urine sample from each animal by spontaneous voiding. Aliquots of 10 mL of urine was diluted with 40 mL of 0.036 N sulfuric acid and frozen at - 20 ° C for analysis and determination of purine derivatives (allantoin and uric acid), creatinine and urea. On the same day and time about four hours after the delivery of food in the morning was collected individual samples of blood, by puncturing the jugular vein using tubes (Vacutainer TM) ethylenediaminetetraacetic acid (EDTA). The experimental diets were isonitrogenous, containing 60% roughage (hay "coastcroos") and 40% concentrate. The urinary excretion of allantoin, uric acid, xanthine and hypoxanthine and purine derivatives, the absorbed purines and microbial N production were not influenced by diet. The nitrogen retention was not influenced when urea replaced the slow-release urea conventional, but was higher in treatments where soybean hulls replaced 50% corn.

Keywords: soybean hulls, microbial protein synthesis, slow-release urea.

75

3.1 – INTRODUÇÃO

A determinação do suprimento de proteína microbiana é uma importante área de estudo na

nutrição protéica de ruminantes. Sistemas de alimentação que alteram a produção microbiana podem

afetar a quantidade e a qualidade da proteína que chega ao intestino delgado. Sendo assim, é de

fundamental importancia o estudo de métodos para estimar a síntese de proteína microbiana de forma

rápida, rotineira e não invasiva (Barbosa et al., 2006).

Pesquisas para avaliar a contribuição das proteínas microbianas, como fontes de proteína para o

hospedeiro, utilizam marcadores microbianos que podem ser internos ou externos. Dentre os principais

marcadores internos estão ácido 2,6- diaminopimélico, D-alinina, ácido 2-aminoetilfosfônico e ácidos

nucléicos. Os marcadores externos mais utilizados são os isótopos estáveis e radioativos (Broderick &

Merchen, 1992). Estes métodos requerem a utilização de animais cirurgicamente adaptados e a

determinação do fluxo de matéria seca no abomaso são laboriosos e podem comprometer o bem estar

animal (Chizzotti et al., 2007).

Outra possibilidade de estimar a síntese de proteína microbiana é o uso de técnicas indiretas e

não invasiva, como a excreção urinaria de derivados de purina. Não requer animais cirurgicamente

adaptados e tem sido muito utilizada em trabalhos de nutrição. Este método assume que a quantidade de

derivados de purina excretados na urina dos ruminantes está relacionada à quantidade de purinas

microbianas absorvidas no intestino delgado (Broderick & Merchen, 1992; Chen & Gomes, 1992).

Analises de urina têm grande aplicação em experimentos de nutrição por estimar a síntese de

proteína microbiana e possibilitar a mensuração da excreção de uréia e nitrogênio urinário. Quando os

ensaios são realizados com animais machos, confinados e mantidos em gaiolas metabólicas ou em

fêmeas com cateteres, estes procedimentos são relativamente simples, no entanto, podem comprometer

a saúde e o bem estar animal (Koloski et al., 2005). Em função disto, métodos alternativos têm sido

sugeridos para estimativa da produção urinaria nestas condições.

Na tentativa de simplificar a coleta de urina e garantir o bem estar animal, amostragens quatro

horas, após a alimentação matinal (Spot), são realizadas e a creatinina na urina tem sido utilizada como

indicador da produção urinária diária. A creatinina é um produto metabólico do qual o corpo já não

necessita, portanto, não é utilizada para formação de novas moléculas, sendo excretada pelos rins (Leal

et al., 2007).

Vários trabalhos na literatura (Rennó et al., 2008; Chizzotti et al., 2007; Barbosa et al., 2006)

demonstraram que a coleta spot de urina consiste em metodologia rápida e eficaz para estimação da

excreção urinaria dos derivados de purinas e da produção de compostos nitrogenados.

Santos (2011), sugere que a obtenção de apenas uma amostra (spot) representativa ao ciclo de

24 horas, quatro horas após a primeira alimentação matinal é a mais indicada para as estimativas de

síntese de proteína microbiana.

A suplementação protéica através de nitrogênio não protéico (NNP) é uma prática comum na

alimentação de ovinos. A uréia aparece como fonte principal de NNP por ser de baixo custo e pela

76

praticidade na sua utilização. No rúmen, através da ação da enzima uréase, produzida pelas bactérias

ureolíticas, a uréia é transformada em amônia e CO2, que é utilizada pela flora e fauna ruminal na

síntese da proteína microbiana. Para que isso ocorra e necessário e essencial a presença de fontes

energéticas (Campos Neto, 2003).

A amônia produzida pelas enzimas bacterianas do rúmen é utilizada para a síntese protéica e

como o desenvolvimento da flora e fauna está diretamente relacionado com a digestão dos carboidratos,

esta sincronia entre a produção de amônia e a presença de carboidratos da alimentação foi motivo

principal para que o tratamento da uréia fosse dirigido para o uso de polímeros (Henning et al 1993,

Galo et al. 2003, Akay et al.. 2003 e Jetzabel et al. 2004).

A uréia é fisicamente encapsulada por polímeros (Optigen®) visando reduzir a velocidade de

liberação de nitrogênio (N) no rúmen. Já foram observadas tendências de aumento na síntese

microbiana in vitro, quando a Optigen substituiu a uréia (Harrison et al., 2006). Sendo assim, a uréia de

liberação lenta pode ser uma fonte alternativa de NNP para ruminantes.

De acordo com Pedroso et al. (2007) a crescente demanda pela utilização mais racional e

sustentável dos recursos alimentícios em todo o mundo tem aumentado o numero de pesquisas sobre a

utilização de ingredientes alternativos na nutrição animal como forma de evitar a utilização de alimentos

usados em larga escala na alimentação humana. Neste contexto, a substituição de grãos de cereais, em

especial o milho, por outras fontes de energia na alimentação de ruminantes torna-se de grande

importância. Entre as possibilidades, a casca de soja constitui alternativa para substituir, em parte o

milho em grão em dietas em ovinos em confinamento. A casca de soja é definida como volumoso-

concentrado, pois, tem a função fisiológica de fibra vegetal e funciona como um grão de cereal em

termos de disponibilidade de energia (3,01 Mcal energia digestível por quilograma de matéria seca)

(National Research Council, 2001).

Ipharraguerre & Clark (2003) compilaram trabalhos sobre a composição química da casca de

soja e encontraram valores médios de 11,8% de proteina bruta e 65,6% de fibra em detergente neutro

(FDN) na matéria seca (MS), sendo 43% composta de celulose e 17,8% de hemicelulose.

Objetivou-se neste trabalho avaliar a síntese de proteína microbiana e o balanço de nitrogênio

de ovinos da raça Santa Inês alimentados com dietas contendo uréia convencional ou uréia convencional

substituída parcialmente pela uréia de liberação lenta, associadas ao milho ou milho substituído por

50% de casca de soja.

3.2 - MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, machos não castrados, com peso vivo inicial

de 21,54 kg (1,95) e quatro meses de idade. Previamente ao inicio do experimento todos os cordeiros

foram vermifugados, vacinados contra clostridioses, identificados, pesados e distribuídos em um

delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. O período

experimental foi de 63 dias, composto de três sub-períodos de 21 dias, sendo precedido de 15 dias de

adaptação às dietas e ao ambiente.

77

Os animais foram confinados em baias individuais, cobertas suspensas, com piso de madeira

ripado providas de comedouros e bebedouros. Foram pesados no inicio e no final do experimento, após

jejum alimentar de 16 horas, foram feitas também pesagens intermediarias a cada 21 dias, para

determinação do ganho de peso médio diário (GMD).

As rações experimentais foram definidas com a utilização de uréia convencional ou uréia

convencional substituída por 80% de uréia de liberação lenta em rações contendo milho ou milho

substituído por 50% de casca de soja. Os tratamentos foram T1 = Uréia convencional (UC) + Milho

(M); T2 = UC (20%):Uréia de liberação lenta (ULL 80%) + M; T3 = UC + M (50%): Casca de soja

(CS 50%); T4 = UC (20%) + ULL (80%) + M (50%):CS(50%).

As dietas experimentais, isoproteicas e isoenergeticas foram formuladas para atender às

exigências nutricionais de cordeiros de porte médio, com base no NRC (2007), para um ganho de

100g/dia. A ração foi distribuída duas vezes ao dia, pela manhã, às 07h:00, e à tarde, às 16h:00, com

água disponível todo o tempo. A quantidade de alimento fornecido foi reajustada conforme o consumo

do dia anterior, permitindo uma disponibilidade entre 5 e 10% de sobras como margem de segurança.

Diariamente, foi registrada a quantidade de ração oferecida e as sobras foram retiradas individualmente

e pesadas, objetivando avaliar o consumo médio diário. O consumo de nutrientes foi calculado através

da fórmula:

CN = [(MSo x NMSo) – (MSS x NMSS)]/100

Em que:

CN = consumo de nutrientes (g)

MSo = matéria seca oferecida (g)

MSs = matéria seca das sobras (g)

NMSo = nutriente na matéria seca oferecida (%)

NMSs = nutriente na matéria seca das sobras (%)

Os animais receberam dietas contendo 60% de volumoso e 40% de ração concentrada. O

volumoso utilizado foi o feno de coastcross (Cynodon dactilon). Para compor os concentrados foram

utilizados: milho, casca de soja, melaço, uréia convencional, uréia de liberação lenta (Optigen®), e

mistura mineral. A mistura entre volumoso e o concentrado foi realizada no momento do fornecimento

da alimentação. A composição percentual dos ingredientes e a composição bromatologica das dietas

encontram-se nas tabelas 11 e 12.

O feno foi picado utilizando-se picador moedor provido de peneira com crivos de 3,0cm. Todos

os ingredientes previamente pesados foram homogeneizados em um misturador horizontal com

capacidade de 500kg.

Amostras das dietas e sobras foram coletadas semanalmente e armazenadas em freezer com

temperatura a -10ºC até ocasião das análises laboratoriais. Ao final do ensaio, foram feitas amostras

compostas por período, submetidas a analises bromatológicas no laboratório de Pastagem e Nutrição

Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. As amostras do feno, concentrado,

sobras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC, durante 72 horas. Em seguida, foram

78

homogeneizadas para confecção das amostras compostas por animal e moídas em moinho tipo Willey,

utilizando-se peneira com crivos de 1 mm.

As análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), nitrogênio total, fibra em detergente

neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), nitrogênio

insolúvel em detergente neutro (NIDN) foram realizadas segundo os procedimentos descritos por Silva

e Queiroz (2002). Os teores de carboidratos totais (CHOT) foram calculados segundo a equação

proposta por Sniffen et al. (1992).

CHOT = 100 - (%PB + %EE + %MM);

em que:

CHOT = carboidratos totais (%MS);

PB = teor de PB (%MS);

EE = teor de EE (%MS);

MM = teor de MM (%MS).

Os teores de CNF foram avaliados por meio da equação proposta por Hall (2000). CNF= 100 - (PB

+ EE + MM + FDNcp)

em que:

CNF = teor estimado de CNF (%MS);

PB = teor de PB (%MS);

EE = teor de EE (%MS);

MM = teor de MM (%MS);

FDNcp = teor de FDN corrigido para cinzas e proteína (%MS);

Tabela 11 - Proporção dos ingredientes (% MS) e composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes

UC UC:ULL UC UC:ULL

Feno de coastcross 60 60 60 60

Milho moído 32,80 32,64 16,40 16,32

Casca de soja - - 16,32 16,40

Uréia 1,70 0,34 1,70 0,34

ULL - 1,36 - 1,36

Melaço 4,00 4,00 4,00 4,00

Mistura mineral1 1,50 1,50 1,50 1,50

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

¹ Composição: Cálcio (0,48%); Fósforo (0,35%), Sódio (0,59%); Enxofre (0,072%); Cobre (590 ppm);Cobalto (40 ppm); Cromo (20 ppm); Ferro (1800 ppm); Iodo (80 ppm); Manganês (1300 ppm); Selênio ( 15 ppm); Zinco (3800 ppm); Molibdênio (300 ppm).

79

Tabela 12 - Composição química das dietas experimentais em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos Milho Casca de soja + Milho Ingredientes

UC UC:ULL UC UC:ULL

PB (%MS) 11,58 11,54 11,29 11,56

EE (%MS) 1,30 1,29 1,14 1,37

FDA (%MS) 41,79 45,73 40,69 44,77

FDN (%MS) 64,40 67,20 64,34 67,15

CHOT (%MS) 79,24 79,66 79,92 79,13

CNF (%MS) 16,43 14,06 17,16 14,73

MM (%MS) 7,74 7,50 7,64 7,94

MO (%MS) 92,26 92,50 92,36 92,06

FDNcp (%MS) 63,64 66,43 63,58 66,40

NDT (%MS)2 64,39 63,77 64,62 60,58

² NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD.

Ao final do ensaio de desempenho, utilizando as mesmas instalações, foi avaliada a

digestibilidade aparente dos nutrientes, a síntese de proteína microbiana e o balanço de nitrogênio, para

tanto foi realizado um estudo com os mesmos animais recebendo as mesmas dietas experimentais, os

quais passaram por um período de três dias de adaptação as bolsas coletoras de fezes e cinco dias de

coleta. Durante os cinco dias de coletas, diariamente foram anotados a quantidade de alimento

oferecido e as sobras para cada animal, além da amostragem dos ingredientes oferecidos e das sobras.

Todos os dias as rações foram pesadas em balança eletrônica com precisão de 5 g e ofertadas ad libitum

às 7 e às 16 horas, a quantidade de ração ofertada foi ajustada, de forma a permitir sobras de 10% da

quantidade ofertada.

As 7 horas da manhã, foram pesadas as sobras de ração, para obtenção do consumo de matéria

seca (CMS) por animal. No mesmo horário, diariamente, as fezes foram quantificadas. Para colheita de

fezes, foram adaptados arreios, que contem uma bolsa colhedora de fezes, com objetivo de evitar

mistura de fezes e urina. Os animais foram pesados no inicio e no final do ensaio para determinação do

peso corporal. Amostras de 10% da ração ofertada e das sobras foram colhidas, compostas por animal e

armazenadas a – 20 C.

As fezes foram coletadas diariamente durante 5 dias; a produção total teve o peso registrado,

com reserva de 20% do total coletado. Ao final, foi preparada uma amostra composta por animal que foi

embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -20°C. As amostras foram descongeladas e

secas em estufa de ventilação forçada (55C) por 72 horas, e moídas em moinho tipo Wiley com

peneiras com crivos de 1mm e acondicionadas para analises laboratoriais.Todas as amostras foram

analisadas no Laboratório de Pastagem e Nutrição Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia – UESB.

80

No 5° dia de coleta, foi coletada, 4 horas após o fornecimento do alimento, uma amostra spot de

urina de cada animal, através de micção espontânea. Alíquotas de 10 mL de urina foram diluídas em 40

mL de acido sulfúrico a 0,036 N e congeladas a – 20º C para analises e determinação dos derivados de

purinas (acido úrico e alantoina), creatinina e uréia, conforme descrito por Valadares et al. (1997). No

mesmo dia e horário aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da manha, foi

coletado amostras individuais de sangue, por punção da veia jugular, utilizando-se tubos (Vacutainer

TM) com ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA). O sangue com EDTA foi imediatamente

centrifugado a 5000 rpm por 15 minutos, obtendo-se o plasma, que foi acondicionado em eppendorfs e

armazenado em freezer a -20ºC até a realização das analises.

O volume urinário médio diário foi obtido dividindo-se a excreção total de creatinina

(concentração de creatinina em mg/kg PC multiplicada pelo peso corporal) pela concentração de

creatinina na amostra spot de urina, utilizando-se o valor de 14,25 mg/kg de PC de creatinina para

estimativa do volume urinário. Esse valor foi a media encontrada por Santos et al., (2009) para ovinos

da raça Santa Inês.

As concentrações de creatinina e ácido úrico na urina e uréia na urina e no plasma foram

estimadas utilizando-se kits comerciais (Bioclin). A conversão dos valores de uréia em nitrogênio ureico

foi realizada pela multiplicação dos valores obtidos pelo fator 0,4667. Sendo o teor de nitrogênio total

estimado pelo método de Kjeldhal (Silva e Queiroz, 2002).

O balanço de nitrogênio (N-retido, g/dia) foi calculado com: N-retido = N ingerido (g) – N nas fezes (g)

– N na urina (g).

Foi utilizado o método baseado na excreção urinária dos derivados de purina, proposto por

Topps & Elliott, (1965), para se estimar a produção de proteína microbiana no rúmen, que se constitui

em um método simples e não-invasivo (Perez et al., 1996). De acordo com Valadares et al. (1999), os

maiores avanços nessa técnica foram realizados recentemente. Na urina foram realizadas as análises dos

derivados de purinas (alantoína, ácido úrico, xantina e hipoxantina) pelo método colorimétrico,

conforme técnica de Fujihara et al. (1987), descrita por Chen & Gomes (1992). A excreção de purinas

totais (PT) foi estimada pela soma das quantidades de alantoina, ácido úrico, xantina e hipoxantina

excretadas na urina. As purinas microbianas absorvidas (X, mmol/dia) foram calculadas a partir da

excreção de derivados de purinas na urina (Y, mmol/dia), por intermédio da equação: Y = 0,84X +

(0,150PV 0,75 e –0,25X), em que 0,84 é a recuperação de purinas absorvidas como derivados urinários de

purinas e 0,150 PV0,75, a contribuição endógena para a excreção de purinas (Verbic et al., 1990).

O fluxo intestinal de compostos nitrogenados (N) microbianos (g N/dia) foi calculado em

função das purinas microbianas absorvidas (X, mmol/dia), utilizando- se a equação:Y = X (mmol/dia)

*70 / 0,83 x 0,116 x 1000, em que 70 representa o conteúdo de nitrogênio nas purinas (70 mg N/mmol

de purinas), 0,83, a digestibilidade intestinal das purinas microbianas e 0,116, que é a relação N

purina:N-total na massa microbiana (Chen & Gomes, 1992).

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro tratamentos e

seis repetições. Com 24 animais distribuídos em quatro tratamentos: Uréia convencional + Milho (UC +

81

M); Uréia convencional + Uréia de Liberação lenta + milho (UC(20%) + ULL(80%) + M); Uréia

convencional + milho + casca de soja (UC + M (50%) + CS (50%)) e Uréia convencional + Uréia de

Liberação lenta + Milho + Casca de soja (UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%)).Os

resultados obtidos foram submetidos à analise de variância pelo procedimento GLM do Statistical

Analysis Systems (1996), aplicando-se o teste Tukey a 5% de probabilidade.

3.3 - RESULTADO E DISCUSSÃO

As concentrações de uréia no plasma (22,52 mg/dL) N uréico no plasma (11,30 mg/dL) e na

urina (33,69 mg/dL) e uréia na urina (33,89 mg/kg PV) estão apresentadas na Tabela 13. Não foi

observada diferença estatística (p>0,05) entre as médias nos tratamentos, o que provavelmente, deve-se

ao fato de as dietas experimentais serem isoprotéicas, estando de acordo com Silva et al. (2001), que

não observaram diferença entre os tratamentos com mesmo teor de PB e diferentes níveis de NNP. A

concentração plasmática de N uréico em ruminantes está diretamente relacionada ao consumo de

proteína e tem sido usada em estudos para verificar o estado nutricional protéico dos animais (Barton et

al., 1996; Butler et al., 1996; Butler, 1998; Ruas et al., 2000). As

concentrações plasmáticas de N uréico apresentadas neste estudo foram, 10,15; 12,55; 10,80; 11,71

mg/dL, respectivamente para os tratamentos com UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M; UC + M

(50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%). Valores próximos dos encontrados

por Magalhães et al. (2005) que encontraram valores de 12,81; 18,53; 14,21; 14,11 mg/dL para bovinos

em crescimento. E dos valores encontrados por Fialho et al. (2007) de 8,60; 7,90; 8,45; 10,31; 9,36

mg/dL que avaliaram os efeitos das combinações entre diferentes fontes de carboidratos (casca de soja e

milho) e nitrogênio não protéico (NNP) (uréia, amireia, Optigem®) em proteinados para bovinos de

corte alimentados com feno de Brachiaria brizantha.

Dos compostos nitrogenados que chegam ao rúmen, cerca de 50 a 70% são degradados pelos

microorganismos, liberando amônia. Durante a fermentação ruminal, sempre que excede o nível de

utilização pelos microorganismos ruminais, a concentração de amônia é absorvida e, por meio da

circulação entero-hepatica, chega ao fígado, onde é transformada em uréia, que, juntamente com a uréia

produzida no fígado a partir do metabolismo de aminoácidos, constitui a maior parte da uréia

plasmática. Parte da uréia é reciclada, via saliva e parede ruminal, e volta ao rúmen e a outra é excretada

pela urina (Kozloski, 2002).

A média de excreção urinária de uréia no presente experimento foi de 34,64 mg/kg PV.

Valadares et al. (1997), estudando novilhos zebuínos recebendo dietas contendo 7; 9,5; 12 e 14,5% de

PB, observaram efeito do nível de PB da dieta sobre a excreção de uréia na urina, sendo de 27,13 mg/kg

PV para a dieta com 7% de PB e 391,81 mg/kg PV para o nível de 14,5% de PB.

Neste estudo não foi observado diferença significativa entre os tratamentos para os níveis de N

uréico no plasma e N uréico na urina e uréia na urina, o que está de acordo com Fialho et al. (2007) que

também não observaram efeito das diferentes combinações de fontes de carboidratos (milho e casca de

82

soja) e nitrogênio não protéico (uréia, amireia e Optigen®) nos proteinados, sobre a concentração de

uréia no plasma e na urina de bovinos.

Tabela 13 – Médias e coeficientes de variação (CV), de N-ureico no plasma, N-ureico na urina, e uréia na urina em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS). Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

Uréia plasma (mg/dL) 19,53a 22,27a 23,18a 25,13a 18,91

N uréico no plasma

(mg/dL)

10,15a 12,55a 10,80a 11,71a 11,65

N uréico na urina

(mg/dL)

35,27a 35,17a 32,64a 31,71a 16,12

Uréia na urina (mg/kg

PV)

35,25a 35,14a 35,98a 32,21a 9,52

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os valores determinados no balanço de nitrogênio são apresentados na Tabela 14. Os maiores

valores de nitrogênio ingerido e absorvido foram obtidos com as dietas com milho + casca de soja, tanto

com uréia convencional como com a substituição de 80% da uréia convencional por uréia de liberação

lenta.

A maior ingestão de nitrogênio no grupo alimentado com milho + casca de soja refletiu no

aumento do nitrogênio absorvido (Tabela 15), pois foram observados valores de 13,04; 12,51; 16,64;

16,55 g/dia, respectivamente para os tratamentos com UC + M; UC (20%) + ULL (80%) + M; UC + M

(50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%).

Esses valores, entretanto, são superiores aos observados por Branco et al. (2003), que relataram

4,7; 5,6; 6,2; 7,1 e 7,6 g/dia, respectivamente, para as substituições de farelo de soja por farinha de pena

de 0, 25, 50, 75 e 100% em dietas para ovinos.

As excreções urinarias de nitrogênio não diferiram entre os tratamentos observando um valor

médio de 7,01 g/dia. Branco et al. (2003) registraram valores de 16,3; 15,8; 14,7; 14,8 e 13,9 g/dia,

respectivamente, para as substituições de farelo de soja por farinha de pena de 0, 25, 50, 75 e 100% na

dieta de ovinos confinados.

O teor de nitrogênio retido foi maior para os tratamentos com Milho + Casca de soja (M+CS).

A retenção de nitrogênio foi de 5,90; 5,59; 10,70; 8,39, respectivamente para os tratamentos com UC +

M; UC (20%) + ULL (80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) +

CS (50%). Parece ter havido maior sincronização entre a degradação dos carboidratos da casca de soja e

a liberação de amônia das fontes de NNP.

O que está de acordo com Fialho (2007) que observou menor concentração de amônia ruminal

no tratamento com casca de soja em relação ao milho, quando avaliou os efeitos das combinações entre

83

as diferentes fontes de carboidratos (milho e casca de soja) e nitrogênio não protéico (NNP) (uréia e

uréia de liberação lenta (optigen®)) em proteinados para bovinos de corte alimentados com feno de

Brachiaria brizantha cv. Marandu.

Mouro et al. (2007), avaliaram a influencia de duas fontes de carboidrato (casca de soja e milho

grão) e dois níveis de volumoso (40 e 70%) em dietas para ovinos, e diferente deste trabalho não

observaram efeito das dietas sobre a retenção de nitrogênio, cujo valor médio foi de 5,72 g/dia, valor

abaixo da media de 7,64 verificada neste trabalho.

Tabela 14 – Valores do balanço de nitrogênio com os respectivos coeficientes de variação (CV) em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

Nitrogênio ingerido, g/dia 18,18b 17,05b 22,07a 22,60a 11,36

Nitrogênio fecal, g/dia 5,14a 4,54a 5,42a 6,04a 22,93

Nitrogênio absorvido, g/dia 13,04b 12,51b 16,64a 16,55a 11,90

Nitrogênio urinário, g/dia 7,13a 6,81a 5,94a 8,16a 33,80

Nitrogênio retido, g/dia 5,90b 5,59b 10,70a 8,39a 33,37

N retido (% do ingerido) 32,66a 33,25a 48,42a 37,10a 30,24

N retido (% do absorvido) 46,17a 44,72a 64,18a 50,52a 29,59 Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio ingerido não diferiu entre os

tratamentos com valor médio de 37,85%. Valor próximo ao encontrado por Henrique et al. (2003) de

35,27%, para ovinos alimentados com elevado teor de concentrado e níveis crescentes de polpa cítrica

em substituição ao grão de milho. Inferior ao encontrado por Zeoula et al. (2006) de 44,27% que

avaliaram dietas com diferentes teores de proteína degradável no rúmen e milho moído como fonte de

amido em ovinos. Superior aos observados por Lavezzo et al. (1996), de 23,3% do NI e por Zeoula et al.

(2003), de 34,70% do NI, para ovinos alimentados, respectivamente, com rações contendo 15,4% e

10,9% de PB.

A porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio absorvido não diferiu entre os

tratamentos com valor médio de 51,39%. Valor próximo ao encontrado por Henrique et al. (2003) de

53,88%, para ovinos alimentados com elevado teor de concentrado e níveis crescentes de polpa cítrica

em substituição ao milho.

Na Tabela 15 constam as excreções dos derivados de purinas (DP), representados por alantoina,

acido úrico, xantina e hipoxantina, derivados de purinas totais e purinas absorvidas, e as produções de

compostos nitrogenados microbiano (Nmic), correspondentes aos tratamentos e os respectivos

coeficientes de variação. Nenhumas das variáveis foram afetadas significativamente (P>0,05) pela

84

substituição parcial da uréia convencional pela de liberação lenta, nem pela substituição parcial do

milho pela casca de soja.

Tabela 15 – Médias e coeficientes de variação (CV) para as excreções urinarias de xantina e hipoxantina (XAN e HIPO) alantoína (ALA), acido úrico (AcU), purinas totais (PT), purinas microbianas absorvidas (PA), compostos nitrogênados microbianos (Nmic), proteína bruta microbiana (PB mic,), em função da substituição de 80% da uréia convencional (UC) pela uréia de liberação lenta (ULL) em dietas com milho (M) ou milho substituído por 50% de casca de soja (CS).

Tratamentos

Milho Milho + CS CV

Parâmetros UC UC+ULL UC UC+ULL

ALA (mmol/dia) 3,36a 2,87a 2,92a 2,69a 12,67

AcU (mmol/dia) 0,74a 0,65a 0,63a 0,55a 18,08

XAN e HIPO (mmol/dia) 1,38a 1,19a 1,02a 1,67a 15,01

PT (mmol/dia) 5,48a 4,71a 4,57a 4,91a 11,65

PA (mmol/dia) 5,57a 4,22a 4,35a 5,10a 10,74

Nmic (g/dia) 4,27a 4,41a 5,27a 3,95a 9,52

PB mic (g/dia) 26,70a 27,60a 32,96a 24,72a 11,93

Médias na mesma linha com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Fialho (2007) avaliou os efeitos das combinações entre as diferentes fontes de carboidratos

(milho e casca de soja) e nitrogênio não protéico (NNP) (uréia e uréia de liberação lenta (optigen®))

em proteinados para bovinos de corte alimentados com feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Os

tratamentos foram (casca de soja + optigen®); (casca de soja + uréia); (milho + amireia); (milho +

optigen®) e (milho + uréia).

Segundo Yu et al. (2002), entre outros fatores, as excreções de alantoína, ácido úrico, xantina e

hipoxantina podem ser afetadas pelas fontes de proteína dietética e energia, pelo peso vivo, pelos

aditivos alimentares e pela espécie. Essa informação é condizente com os resultados observados, pois a

ausência de efeito significativo pode estar relacionada a similaridade entre as fontes alimentares e o

peso dos animais (ovinos Santa Inês em crescimento) utilizados no experimento.

A produção microbiana seguiu o mesmo comportamento observado nas excreções de alantoina

e purinas totais, ou seja, não apresentou efeito significativo entre os tratamentos. O que está de acordo

com as observações de Puchala & Kulasek (1992) em ovinos. De acordo com estes autores, esse

comportamento indica alta correlação entre excreção de derivados de purinas na urina e fluxo de

compostos nitrogenados microbianos no duodeno.

As estimativas de síntese de compostos nitrogenados microbianos observadas neste estudo, de

4,27; 4,41; 5,27 e 3,95 g/dia , respectivamente para os tratamentos com UC + M; UC (20%) + ULL

(80%) + M; UC + M (50%) + CS (50%); UC(20%) + ULL (80%) + M (50%) + CS (50%), foram

próximos dos valores encontrados por Carvalho (2008) de 3,7; 3,4; 3,3; 3,2 g/dia para ovinos

85

alimentados com dietas contendo cana-de-açúcar. E próximos aos encontrados por Carvalho et al.

(2010) de 5,42; 5,52; 5,95 e 5,72 g/dia para caprinos em crescimento alimentados com cana-de-açúcar.

Em trabalho conduzido por Bueno (2002), o autor avaliou a produção de N microbiano em

ovinos Santa Inês alimentados com fenos de alfafa, braquiária e Tifton-85, relatando valores de 14,0;

3,6; e 5,1 g/dia, respectivamente. Os valores médios observados no presente estudo estão de acordo

com o valor verificado para o tratamento com feno de Tifton-85 utilizado pelo autor. Avaliando dietas

contendo capim-colonião e concentrado para ovinos, Jetana et al. (2000) relataram valores de N

microbiano variando entre 7,8 e 10,8 g/dia.

As proporções dos derivados de purinas, expressos em % de purinas totais, estão em

concordância com os valores relatados para ovinos por Chen & Gomes (1992), os quais citaram faixas

de 60 a 80% para alantoína, 10-30% para o acido úrico. Neste estudo os valores foram 61,5% , 13,03%,

respectivamente, para alantoína e acido úrico.

3.4 – CONCLUSÃO

A uréia de liberação lenta em substituição a uréia convencional, bem como a substituição

parcial do milho pela casca de soja, não influenciou nas concentrações de nitrogênio ureico na urina

e no plasma e as excreções de uréia na urina de ovinos confinados. Também não houve alteração na

excreção dos derivados de purinas nem na síntese de compostos nitrogenados e proteína microbiana

quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia convencional, e na substituição parcial do milho

pela casca de soja.

O nitrogênio retido não foi influenciado quando a uréia de liberação lenta substituiu a uréia

convencional, porém foi maior nos tratamentos onde a casca de soja substituiu o milho em 50%.

86

3.5 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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