tipos de enxertia
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TIPOS DE ENXERTIA
São vários os tipos de enxertia, como por exemplo: borbulhia, garfagem, encostia,
sobreenxertia.
BORBULHIA
É o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta-enxerto
enraizado.
A época de enxertia, para esse tipo de multiplicação, é de primavera-verão, quando os vegetais
se encontram em plena atividade vegetativa (Simão, 1998).
Tipos de borbulhia:
T normal
Fende-se o cavalo com o canivete, no sentido transversal e, depois, no sentido perpendicular;
de modo a formar um T. O escudo ou gema é retirado segurando-se o ramo em posição
invertida. Prende-se o escudo lateralmente ou pelo pecíolo, levanta-se a casca com o dorso da
lâmina e introduz-se a borbulha. Corta-se o excesso e amarra-se de cima para baixo (Simão,
1998). (Figura 3).
T invertido
Procede-se de modo semelhante ao tipo anterior. Difere apenas na posição normal do ramo
para retirada da borbulha e no modo de introduzir e amarrar. A colocação da borbulha, bem
como a amarração, é feita de baixo para cima (Simão, 1998).
Esse tipo apresenta vantagem sobre o anterior, por evitar a penetração de água e também por
ser mais fácil manejo.
O T invertido é usado para casos em que o cavalo tenha grande circulação de seiva. O
amarrilho é feito de baixo para cima. Este processo é o preferido pela maioria dos operadores
(Pádua, 1983).
Em janela aberta ou escudo
São feitas no porta-enxerto duas incisões transversais e duas longitudinais, de modo a liberar a
região a ser ocupada pela borbulha.
A borbulha é retirada do garfo praticando-se também duas incisões transversais e duas
longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idêntico à parte retirada do cavalo (Simão,
1998).
A borbulha é a seguir embutida no retângulo vazio e deve ficar inteiramente em contato com os
tecidos do cavalo. A seguir o enxerto é amarrado.
Em janela fechada
O porta-enxerto recebe duas incisões transversais e uma vertical no centro. A borbulha é
obtida de maneira semelhante ao tipo anterior. Para assentá-la, levanta-se a casca com o
convite, introduz-se o escudo e a seguir recobre-se com a casca do cavalo. O enxerto é
completado fixando-se com o amarrilho (Simão, 1998).
Anelar, canutilho ou flauta
Para esse tipo de enxertia, faz-se uma incisão circular quando o enxerto é no topo, ou duas
incisões circulares e uma vertical quando é no meio da haste, de modo a retirar um anel
(Simão, 1998).
No garfo, procede-se do mesmo modo, e a superfície deve ser idêntica à do cavalo, para que
haja contato entre as camadas cambiais. A seguir, amarra-se.
Forçamento do enxerto
Para ativar o desenvolvimento do enxerto, uma vez constado o seu pegamento, faz-se a torção
da haste um pouco acima do local da enxertia e curva-se o ramo para o solo. A seiva, devido à
curvatura, tende a reduzir a sua velocidade e acumular-se na região do enxerto, comunicando-
lhe grande vigor. Com isso, em algumas espécies, consegue-se adiantar o desenvolvimento de
dois a três meses. Pode-se também forçar o desenvolvimento do enxerto com incisões ou
anelamentos, praticados na região abaixo dele (Simão, 1998).
GARFAGEM
É um processo que consiste em soldar um pedaço de ramo destacado (garfo) sobre outro
vegetal (cavalo), de maneira a permitir o seu desenvolvimento. A garfagem difere da borbulhia
por possuir, normalmente, mais de uma gema e também porque o porta-enxerto tem a sua
parte superior decapitada. O enxerto de garfagem é feito aproximadamente a 20 cm acima do
nível do solo ou abaixo dele, na raiz, na região do coleto. A região do ramo podada com a
tesoura é a seguir alisada com o canivete. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a
região cambial do garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo (Simão, 1998).
A época normal de garfagem, para as plantas de folhas caducas, se dá no período de repouso
vegetativo (inverno), e nas folhas persistentes, dependendo da espécie, na primavera, no verão
e no outono (Simão, 1998).
Tipos de garfagem:
Em fenda, de topo, fenda cheia ou fenda completa
Podado o cavalo, alisado o corte, faz-se com o canivete uma fenda perpendicular, no sentido
do diâmetro, até aprofundar-se 2 a 3 cm. A fenda completa pode ser cheia ou esvaziada. O
garfo, que deve ter o mesmo diâmetro do cavalo, é preparado na forma de cunha e introduzido
na fenda (Simão, 1998).
Em fenda dupla ou dupla garfagem
É utilizado quando o garfo é de diâmetro inferior ao raio do cavalo. Usam-se dois garfos, cada
um introduzido em uma das extremidades. O método é igual ao de fenda completa (Simão,
1998).
Em meia-fenda cheia
Faz-se no cavalo uma fenda, no sentido do raio, até atingir a medula. A fenda estende-se por 2
ou 3 cm, no sentido do comprimento do cavalo. O garfo é preparado na forma de bisel e
introduzido na incisão. O bisel deve ter aproximadamente o mesmo comprimento da incisão
lateral (Simão, 1998).
Em meia-fenda esvaziada
A incisão no cavalo é semelhante ao tipo anterior, dele diferindo por se praticar duas incisões
convergentes, de modo a retirar uma cunha de madeira, esvaziando a incisão. O garfo é
preparado do mesmo modo que o anterior. É um tipo mais aconselhável para as espécies de
lenho duro (Simão, 1998).
Em fenda incrustada
Difere da anterior por não atingir a medula. É utilizada quando os garfos são de pequeno
diâmetro. O cavalo e o garfo são preparados à semelhança da meia-fenda esvaziada (Simão,
1998).
Em fenda lateral
Também denominada garfagem lateral, consiste em remover um segmento do caule do porta-
enxerto e do enxerto ( 5 a 6 cm), permitindo que haja contato entre eles (Paiva e Gomes,
2001).
Em fenda a cavalo
Também denominada garfagem no enxerto, consiste em decepar o porta-enxerto, a certa altura
do solo, fazendo com que ele tome forma de uma cunha; o enxerto é cortado e nele é feita uma
fenda; fazer a junção das partes e amarrar o fitilho e o saco plástico. É o contrário da garfagem
em fenda (Paiva e Gomes, 2001).
Inglês simples
Para a prática desse tipo de enxerto, é necessário que o cavalo e o cavaleiro apresentem o
mesmo diâmetro. A operação é bastante fácil e consiste tão-somente no corte em bisel no
cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes e, a seguir , amarram-se (Simão, 1998).
Inglês complicado
A operação é semelhante ao inglês simples, mas, neste tipo, faz-se uma incisão longitudinal
em ambas as partes a unir. A incisão será feita no terço inferior do garfo, se a do cavalo for
feita no terço superior, para que haja perfeito encaixe entre as fendas.
O inglês complicado dá ao enxerto maior penetração de uma parte sobre a outra e, portanto,
maior fixação (Simão, 1998).
Complementação da garfagem
Após a justaposição do cavaleiro ao cavalo, a região será amarrada e a seguir recoberta com
uma pasta ou massa. A esse material plástico de fácil moldagem dá-se o nome de mastique
(Simão, 1998).
O mastique é utilizado para todos os tipos de garfagem executada no colo da planta, isto é, na
região abaixo do solo e naquela acima dele, que deixam parte do corte exposto, como ocorre
nos enxertos de meia-fenda, fenda esvaziada e dupla fenda (Simão, 1998).
O mastique tem por finalidade proteger a madeira exposta do ataque de fungos e da
penetração de umidade.
Atualmente, o mastique vem sendo substituído por material plástico, que confere proteção,
preserva a região da enxertia e o enxerto da dessecação, pela formação de uma câmara úmida
(Simão, 1998).
ENCOSTIA
É o método utilizado para unir duas plantas que continuam vivendo sobre seus próprios
sistemas radiculares, até que a soldadura entre ambas se complete e possibilite a separação
do ramo (cavaleiro) de suas próprias raízes.
A encostia somente é utilizada quando falham os demais processos de propagação, dadas as
dificuldades naturais de obter número elevado de mudas (Simão, 1998).
Tipos de encostia
Lateral simples e inglesa
Pratica-se no cavalo e no ramo-enxerto um entalhe, retirando-se parte do alburno. Aproximam-
se as duas partes, ajustando as superfícies. Fixam-se as partes com amarrilhos, no caso da
lateral simples.
Na lateral inglesa, procede-se da mesma maneira, porém sobre o entalhe do cavalo e do
cavaleiro, faz-se uma incisão oblíqua. Abre-se o entalhe, unindo-se as partes. A seguir amarra-
se (Simão, 1998).
De topo simples e inglesa
Na encostia simples no topo, poda-se o cavalo a determinada altura e, com o canivete, faz-se
um bisel de ambos os lados. O ramo-enxerto sofre uma incisão oblíqua até o lenho. Encaixa-se
sobre o bisel do cavalo e amarra-se.
A inglesa é preparada do mesmo modo. Apenas recebe uma incisão a mais tanto no cavalo
como no cavaleiro, para que haja maior fixação (Simão, 1998).
Inarching ou subenxertia
É um tipo de encostia que é usado para revigorar uma planta em decadência, devido à
incompatibilidade entre cavalo e cavaleiro (Simão, 1998).
O processo consiste em plantar, ao lado do tronco da árvore, uma muda que será ligada a ela.
No tronco, faz-se uma incisão e, no ápice da muda, um bisel. Ajusta-se a região e fixa-se com
um prego ou cravo de madeira.
SOBREENXERTIA
É a operação que tem por finalidade o aproveitamento de plantas já formadas, com alteração
da variedade copa. Seu emprego é indicado nos pomares de idade média e sadios.
Fazendo a sobreenxertia, ganha-se tempo, pois o porta-enxerto se encontra perfeitamente
estabelecido, e as produções se tornam mais precoces.
Para proceder à sobreenxertia, poda-se a copa e deixem-se de 4 a 5 pernadas, sobre as quais
se fará a enxertia da variedade desejada (Simão, 1998).
VANTAGENS DA ENXERTIA
assegura as características da planta que se quer multiplicar;
propicia floração e frutificação mais precoces;
permite a utilização de porta-enxertos resistentes a certas enfermidades e pragas;
modifica o porte das plantas;
pode restaurar plantas, substituindo a copa;
assegura a criação de novas variedades;
influi na qualidade do fruto.
DESVANTAGENS DA ENXERTIA
possibilidade de transmissão de viroses, caso de borbulhas de clones velhos;
pequena longevidade da planta;
alto risco de rejeição em algumas espécies.
BIOTECNOLOGIA
A biotecnologia de plantas, segundo Crocomo et al. (1991) citados por Simão (1998) é uma
aplicação da engenharia celular a qual manipula os genomas das células vegetais,
regenerando plantas com a finalidade de aumentar a produtividade e auxiliar em soluções
fundamentais, tais como:
produção de plantas sadias;
obtenção de novas variedades;
transmissão de caracteres genéticos entre espécies incompatíveis;
obtenção de plantas transgênicas após a inserção do DNA em células e protoplastos.
Pode-se utilizar:
Cultura de tecidos ou micropropagação
É a expressão usada para indicar cultura asséptica in vitro de uma porção de parte extraída da
planta, sempre que sejam células capazes de se dividir.
A maior aplicação da cultura de tecidos se dá provavelmente na multiplicação clonal de
espécies que dificilmente se propagam pelos métodos tradicionais. Esta propagação pode ser
feita em qualquer época do ano, independentemente das limitações de natureza sazonal,
desde que lhe sejam fornecidas condições apropriadas (Pasqual, 1985). (Figura 4).
A habilidade de regeneração e crescimento dos tecidos da planta (calos, célula, protoplastos),
órgãos isolados (haste, flores, raízes) e embriões em cultura asséptica tem sido base para a
propagação.
A cultura de tecido inicia-se pela retirada de um tecido da planta (explant = estaca
miniaturizada), livre de microorganismos e transferido para um meio de cultura; e se baseia no
princípio da totipotência, isto é, o conceito de que cada célula tem o potencial genético de se
reproduzir identicamente (Simão, 1998).
Figura 4.
Caminhos seguidos para a multiplicação e regeneração de plantas a partir de cultura de
tecidos.
Fonte: Abbott (1977), citado por Pasqual (1985).
Cultura meristemática
Trata-se da extração do meristema apical ou dos primórdios foliares. Esse sistema de
propagação consiste basicamente em obter uma planta livre de vírus. Outra opção de se obter
plantas livres de vírus seria a utilização da microenxertia.
Quanto menor o explant, maior a segurança em obter uma planta livre de patógeno (Simão,
1998).
Microgarfagem
Em citros, utilizam-se suas sementes como cavalo. Elas são esterilizadas e semeadas em meio
inorgânico, com solução de ágar. O embrião germina no escuro, em duas semanas.
O seedling é removido, decapitado a 1 ou 1,5 cm de comprimento; os cotilédones e as gemas
laterais são removidos com uma lâmina. Um meristema apical com 0,14 a 0,18 mm, com três
folhas primordiais, é utilizado como enxerto. Pode-se também enxertar por borbulha, em T
invertido, com 1 mm de comprimento (Simão, 1998).
A planta enxertada é colocada em meio líquido, mantida sob iluminação por 3 a 5 semanas, até
que haja o pegamento do enxerto. Quando 2 folhas expandidas aparecerem no enxerto, a
planta pode ser transplantada para outro meio. Processo semelhante é utilizado para maçã e
ameixa e outras espécies de Prunus (Simão, 1998).
Cultura de embrião
É obtido separando-se o embrião da semente na fase de desenvolvimento e colocando para
germinar em um meio especial. Uma das vantagens desse processo é a obtenção de plantas
de cruzamentos interespecíficos. A desinfecção do material pode ser feita utilizando-se ácido
carbônico a 5% por cinco minutos, ou álcool, ou hipoclorito de cálcio ou sódio (Simão, 1998).