tipologia afro descendente

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OLORI, O DONO DA CABEÇA. UMA TIPOLOGIA OLORI, O DONO DA CABEÇA. UMA TIPOLOGIA OLORI, O DONO DA CABEÇA. UMA TIPOLOGIA OLORI, O DONO DA CABEÇA. UMA TIPOLOGIA OLORI, O DONO DA CABEÇA. UMA TIPOLOGIA AFRO-DESCENDENTE. AFRO-DESCENDENTE. AFRO-DESCENDENTE. AFRO-DESCENDENTE. AFRO-DESCENDENTE. José Jorge de Morais Zacharias 1 Resumo: A questão das diferenças individuais tem levantado a curiosidade hu- mana desde tempos antigos. Para se justificar estas diferenças e compreender pessoas que apresentam comportamentos diferentes ou semelhantes a outras pessoas, sistemas mágico-religiosos foram construídos em diferentes culturas e épocas. A astrologia, a medicina galênica, a quiromancia são exemplos desta inquietação. No mundo científico, pesquisadores do comportamento criaram tipologias para explicar o fenômeno. Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço desenvol- veu uma tipologia classificando as pessoas em 16 tipos, com base em categorias como intro e extroversão, percepção do mundo através dos cinco sentidos ou da inspiração e tomada de decisão de maneira pessoal ou impessoal. Embora para muitos a cultura afro-descendente mostre-se primitiva, nela encontramos um sis- tema de explicação das diferenças individuais elaborado a partir de sua complexa mitologia e ritualística. Nesta tradição entende-se que cada pessoa tem, desde o nascimento, um orixá de cabeça, chamado Olori (o senhor da cabeça). Assim, serão atribuídos características de personalidade, miticamente determinadas, ao filho do orixá. Por exemplo, um filho de Ogum tenderá a ser combativo e impul- sivo, ao passo que um filho de Oxalá será pacato e teimoso. Esta configuração tipológica contribui para a interação social nas comunidades afro-descendentes, valorizando as diferenças individuais em contraposição à tendência de uniformi- zação social. Palavras-chave: Tipologia; C. G. Jung; Orixá; Candomblé; Religiões Afro-Bra- sileiras Abstract : The question about individual differences has awaked the human curiosity for a long time past. Justifying these differences and comprehending the people that present different or similar behavior in comparison the others, religious- magical system was building in distinct cultures and periods. The astrology, the medicine of Galeno and chiromancy are examples about this unquietness. In a scientific world, the behavior searchers’ established human typologies to explain the phenomenon. Carl Gustav Jung, swiss psychiatric, developed a typology which classify people in 16 types, based on categories as introversion and extroversion; 1 Doutor em Psicologia Social (USP), Professor do Centro Universitário Paulistano - UNIPAULISTANA

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Artigo de pesquisa sobre a introdução a Psicologia Arquetipica dos Orixas.

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  • OLORI, O DONO DA CABEA. UMA TIPOLOGIAOLORI, O DONO DA CABEA. UMA TIPOLOGIAOLORI, O DONO DA CABEA. UMA TIPOLOGIAOLORI, O DONO DA CABEA. UMA TIPOLOGIAOLORI, O DONO DA CABEA. UMA TIPOLOGIAAFRO-DESCENDENTE.AFRO-DESCENDENTE.AFRO-DESCENDENTE.AFRO-DESCENDENTE.AFRO-DESCENDENTE.

    Jos Jorge de Morais Zacharias1

    Resumo: A questo das diferenas individuais tem levantado a curiosidade hu-mana desde tempos antigos. Para se justificar estas diferenas e compreenderpessoas que apresentam comportamentos diferentes ou semelhantes a outraspessoas, sistemas mgico-religiosos foram construdos em diferentes culturas epocas. A astrologia, a medicina galnica, a quiromancia so exemplos destainquietao. No mundo cientfico, pesquisadores do comportamento criaramtipologias para explicar o fenmeno. Carl Gustav Jung, psiquiatra suo desenvol-veu uma tipologia classificando as pessoas em 16 tipos, com base em categoriascomo intro e extroverso, percepo do mundo atravs dos cinco sentidos ou dainspirao e tomada de deciso de maneira pessoal ou impessoal. Embora paramuitos a cultura afro-descendente mostre-se primitiva, nela encontramos um sis-tema de explicao das diferenas individuais elaborado a partir de sua complexamitologia e ritualstica. Nesta tradio entende-se que cada pessoa tem, desde onascimento, um orix de cabea, chamado Olori (o senhor da cabea). Assim,sero atribudos caractersticas de personalidade, miticamente determinadas, aofilho do orix. Por exemplo, um filho de Ogum tender a ser combativo e impul-sivo, ao passo que um filho de Oxal ser pacato e teimoso. Esta configuraotipolgica contribui para a interao social nas comunidades afro-descendentes,valorizando as diferenas individuais em contraposio tendncia de uniformi-zao social.

    Palavras-chave: Tipologia; C. G. Jung; Orix; Candombl; Religies Afro-Bra-sileiras

    Abstract: The question about individual differences has awaked the humancuriosity for a long time past. Justifying these differences and comprehending thepeople that present different or similar behavior in comparison the others, religious-magical system was building in distinct cultures and periods. The astrology, themedicine of Galeno and chiromancy are examples about this unquietness. In ascientific world, the behavior searchers established human typologies to explainthe phenomenon. Carl Gustav Jung, swiss psychiatric, developed a typology whichclassify people in 16 types, based on categories as introversion and extroversion;

    1 Doutor em Psicologia Social (USP), Professor do Centro Universitrio Paulistano - UNIPAULISTANA

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    worlds perception through five senses or inspiration and decision-making personalor impersonal. However many people look the african-descendants culture asprimitive, in it we found a system to explain the individual differences elaboratedin its complex and ritualistic mythology. In this tradition, each person is conceivedhaving a orishas head, since their born, its called Olori (the head sir). Therefore,the characteristics of personality are distributed, in according of Myths, to Orishasson. For example, an Ogum sons tends to be combative and impulsive, while anOxal sons will be calm and obstinate. This typology configuration contributes tothe social interaction on African-descendants communities, valuating the indivi-dual differences contrary to tendencies about social uniformization.

    Keys-words: Typology; C.G. Jung; Orisha; Candombl; African-Brazilian Religions.

    1. TIPOLOGIA, AS DIFERENAS INDIVIDUAIS.

    Desde a antigidade a questo das diferenas individuais tem preocupadoe intrigados os seres humanos. Uma pergunta se formulou: Por que as pessoasso diferentes no seu modo de agir? Esta uma questo que se torna mais com-plicada, quando se coloca outra: Por que algumas pessoas so semelhantes emseus comportamentos? Parece que nestes primeiros tempos a humanidade j haviase deparado com a questo de diferenas e semelhanas de temperamento1.

    A tendncia da conscincia de categorizar e classificar as coisas que noscercam, levaram a antigidade a criar sistemas de classificao dos diferentestipos humanos para, desta forma, conseguir compreender e prever os diversospadres de comportamento.

    Surgiram a partir disto os diversos sistemas mgico-religiosos, como porexemplo, as diversas astrologias, que identificavam traos de personalidade epadres de comportamento para as pessoas, segundo o perodo de nascimento2.

    Na astrologia tradicional, que tem sua origem nos antigos caldeus, temosos doze signos do zodaco como agrupamento lgico de imagens simblicas, queconferiro caractersticas de personalidade e mesmo corporais s pessoas nasci-das sob sua influncia. Assim os caldeus dividiram o zodaco em 12 signos oucasas com 30 graus cada um com a durao de aproximadamente um ms paracada signo. Quem nascesse em um perodo do ano correspondente a um signoteria em seu temperamento as caractersticas mticas daquele signo. Por exem-plo, arianos seriam impulsivos e cancerianos maternais3.

    Outro sistema o zodaco chins, que se baseia em uma seqncia de 12animais que vieram se despedir de um grande Buda (Iluminado) a convite deste.

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    Em recompensa concedeu um ano inteiro para a regncia de cada um dos 12animais. Quem nasce em um ano regido pelo javali ter como temperamento ascaractersticas deste animal.

    O perodo grego clssico nos apresentou outro sistema de categorizaodos estilos de personalidade. Baseados no conceito de que tudo formado com aatuao de quatro elementos: terra, gua, ar e fogo, Galeno pode desenvolver umsistema de temperamentos humanos que classificava as pessoas em melanclico,fleumtico, colrico e sanguneo. Cada uma destes temperamentos indicava ma-neiras de ser e agir diferentes4.

    Os sculos seguintes ao XV apresentaram sistemas curiosos como a fisi-ognomia, pelo qual se identificava a personalidade de algum em funo da se-melhana de seu rosto com algum animal, atribuindo-se o temperamento desteanimal. Outro sistema foi a quiromancia que identificava a personalidade combase no formato da mo.

    Nas descobertas do sculo XIX foi intensa a busca de sistemas factveisde demonstrao cientfica das classificaes de personalidade. Sistemas comoo de Cesare Lombroso, que desenvolveu a antropologia criminal e classificava otemperamento em funo do formato da caixa craniana, at os sistemas de Krets-chmer, Sheldon e Viola, que procuravam determinar as diferenas individuaiscom base na conformao fsica5.

    Em 1920 o psiquiatra suo Carl Gustav Jung desenvolveu um sistema detipologia humana que satisfaz adequadamente a questo da classificao e asexigncias da cincia moderna. Este sistema hoje um dos mais utilizados emtodo o mundo e tem auxiliado muitas pessoas em diversas situaes da vida emque se exija auto conhecimento e desenvolvimento das potencialidades pessoais.

    O sistema de Jung apresenta trs divises bsicas: o foco de ateno indi-vidual ou atitude, a maneira como a pessoa recebe informaes do mundo e amaneira como processa estas informaes.

    A obra Tipos psicolgicos foi publicada em 1921, aps dez anos de obser-vao e pesquisa. Primeiramente Jung definiu duas atitudes, a introverso e aextroverso. Logo aps definiu as funes psquicas - sensao, intuio, pensa-mento e sentimento, alm dos conceitos de funo principal, auxiliar e inferior.Vamos explicar melhor cada uma delas a seguir.

    Por atitudes, estamos definindo que rumo toma a energia psquica, ou seja,onde uma determinada pessoa foca sua ateno preferencialmente. A ateno podeestar voltada para fora, para o mundo concreto de pessoas, coisas e fatos; ouvoltada para si mesmo, o mundo interno de representaes e impresses pessoais6.

    As pessoas que tm uma atitude extrovertida focam, geralmente, sua aten-o no mundo externo de fatos, coisas e pessoas. Estas pessoas orientam-se de

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    acordo com o ambiente externo e so muito suscetveis a ele. A experinciaimediata tem predominncia sobre os aspectos subjetivos. O interesse est volta-do para o mundo externo, que ao mesmo tempo orientador e campo de ao.Tais pessoas tm facilidade em acomodarem-se no mundo e caminhar com ele,quer seja um caminho adequado ou no.

    Geralmente os extrovertidos apresentam uma disposio para a impulsivi-dade, uma espcie de vamos viver a vida agora e depois pensaremos sobre ela.Preferem falar a escrever, ver e ouvir a ler. Tendem a conhecer uma srie deassuntos pela superfcie, mas sentem dificuldade em aprofundar seu conheci-mento especfico, so mais generalistas do que especialistas. Acham fcil termuitos amigos, mas suas relaes no costumam ser muito profundas.

    Correm o risco de serem envolvidos demais pelo mundo externo e suasexigncias, ficando assim muito distante de suas prprias necessidades pessoais,o que lhes causa muitos transtornos e aborrecimentos.

    Uma pessoa considerada extrovertida por ser esta sua disposio maishabitual, e pelo fato de sua funo diferenciada manifestar-se de maneira extro-vertida, ficando a funo auxiliar em uma disposio introvertida.

    Por exemplo, uma pessoa com fortes caractersticas de extroverso tem atendncia de assumir mais compromissos do que realmente pode dar conta, e spercebe isto quando j no suporta tantas exigncias externas7.

    As pessoas introvertidas orientam-se por fatores subjetivos. No introvertidoo foco de ateno deslocado para o seu mundo interno de impresses, emoes epensamentos os seus prprios processos internos. Embora em nossa cultura hajamuito preconceito quanto a uma atitude introvertida, devemos ressaltar que o as-pecto subjetivo da realidade to real quanto os aspectos objetivos.

    O introvertido tende a apresentar certa hesitao frente a uma deciso,uma espcie de vamos analisar e compreender a vida antes de viv-la. Possuimaior facilidade em escrever do que em falar, aprende melhor lendo do que ou-vindo e vendo. mais especialista do que generalista, prefere conhecer muitosobre poucos assuntos a conhecer pouco sobre muitos assuntos, aprecia poucas,mas profundas amizades e seu crculo de amigos tende a ser pequeno.

    No se deve confundir a introverso com timidez, esta ltima caracteriza-se por uma ansiedade constante de no ser aceito pelo grupo a que se dirige.Extrovertidos e introvertidos podem ser tmidos.

    Podemos tomar como exemplo de diferenas entre o foco de ateno nomundo externo e interno a obra de arte. Se pedirmos para dois pintores reprodu-zirem em suas telas um determinado modelo humano, e supondo que um delesreproduza um retrato fiel, e o outro uma interpretao impressionista do modelo;podemos dizer que o primeiro reproduziu o que objetivamente percebeu do mun-

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    do externo, ao passo que o segundo reproduziu a experincia interna motivadapelo modelo.

    Um grande problema quando o introvertido se deixa absorver totalmentepelo seu mundo interior, negando-se a entrar em contato com o mundo exterior.

    Se tomarmos como exemplo a convivncia entre os tipos poderemos exem-plificar um pouco esta questo. dito popular que os opostos se atraem, e isto fato, atraem-se por complementaridade (o que um no tem sobra no outro). Noentanto, outro tipo de atrao tambm verdadeiro, a atrao por semelhana ouidentificao.

    Conviver com pessoas parecidas conosco, de certo modo cmodo e apa-recem poucas reas de conflito, porm a possibilidade de aprendizado muitopouca (aprendemos mais com pessoas e opinies diferentes do que com iguais).Conviver com pessoas muito diferentes tipologicamente requer uma boa dose dehumildade e pacincia. Isto porque, sempre achamos que o nosso modo de ver omundo e as coisas ou pessoas o mais correto, os outros esto sempre errados.

    Isto ocorre porque eu s posso ver o mundo de acordo com o meu perfiltipolgico, como se cada pessoa possusse um par de culos de lentes coloridas,algumas de mesma cor e outras de cor diferente.

    Alm da atitudes acima citadas, Jung definiu funes psquicas que deter-minam os tipos psicolgicos, classificados em funes irracionais e racionais8.

    Por funes irracionais estamos definindo as duas maneiras possveis dereceber informao sobre algo, ou seja, de que maneira uma determinada pessoaprefere receber informaes do meio, para poder process-las e agir no meio.Posteriormente alguns autores sugeriram a denominao de funes de percep-o.

    H duas maneiras de receber informaes, diretamente dos rgos dos sen-tidos, de modo a criar uma idia concreta sobre a informao; ou, recebendo-as demodo a no se fixar nas caractersticas concretas da informao, mas nas possibi-lidades futuras da mesma. Assim, temos a sensao e a intuio, respectivamente.

    A funo sensao privilegia os rgos dos sentidos, a funo que nosdiz que algo existe. As pessoas que preferem receber informaes atravs dasensao so pessoas voltadas para o aqui-agora, mostrando-se prticas e realis-tas. Tendem a aceitar as coisas como lhes parece ser, no utilizando muito aimaginao. Preferem manter as coisas funcionando, ao invs de criar novoscaminhos. Preferem ver as partes ao todo, apreendem melhor uma tarefa a serexecutada quando os passos prticos para tal so explicitados. Apresentam bomcontrole psicomotor e preferem relacionar-se com coisas concretas e objetivas.

    Por exemplo, so pessoas tipo sensao aquelas que, entrando em um ambien-te completamente novo, podem descrever detalhadamente os objetos que compe

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    este lugar. Outra maneira de receber informaes atravs da intuio. Esta manei-ra de receber informao no se fixa no dado concreto, no aqui-agora, mas vai alm,buscando o significado intrnseco das coisas e suas possibilidades futuras9.

    O intuitivo v o todo e no as partes. Quando uma tarefa lhe designada,ele precisa compreender o todo para poder realiz-la a contento. Prefere plane-jar a executar, e est sempre adiante de seu tempo quanto a projetos e possibili-dades. So pessoas mais criativas e inovadoras do que as do tipo sensao so,no entanto, inbeis para lidar com a realidade concreta de maneira prtica e coma rotina de uma atividade qualquer.

    As funes racionais so definidas como sendo aquelas que determinamdois modos possveis de tomada de deciso, ou seja, de que maneira uma pessoaprefere avaliar as informaes recebidas do meio ambiente e como prefere to-mar decises. Duas so as possibilidades, atravs de uma anlise lgica e racio-nal, baseada em estruturas gerais de pensamento; ou atravs de uma avaliaovalorativa pessoal. Assim temos o pensamento e o sentimento respectivamente.Alguns autores preferem o termo funes de julgamento.

    As pessoas que preferem tomar decises com base no pensamento procu-ram orientar-se por uma lei geral aplicvel s situaes, sem permitir a interfern-cia de valores pessoais. Esto atentas causalidade lgica de seus atos e doseventos. Incluem em sua avaliao os prs e contra de uma mesma situao ebuscam um padro objetivo da verdade. Apreciam a organizao e a lgica, base-ando seus julgamentos em padres universais e coerentes. Como so naturalmentevoltados para a razo, muitas vezes so imparciais em seus julgamentos; pormconseguem uma anlise isenta de interferncias pessoais e com significado geral.

    Estas pessoas lidam melhor com tarefas (processos lgicos e formais) doque com pessoas, pois no conseguem lidar com valores pessoais, sejam estesseus mesmos ou de outros.

    O sentimento no deve ser confundido com emoo ou afeto, pois a emo-o pode surgir em uma pessoa de qualquer um dos tipos psicolgicos. A emoo um afeto de grande intensidade e energia que quando nos assalta altera fun-es orgnicas como batimento cardaco e ritmo respiratrio. A funo senti-mento nada tem haver com estas reaes fsicas, pois est ligada uma dimen-so valorativa das pessoas e coisas, a busca de valores pessoais e no univer-sais como ocorre com a funo pensamento.

    As pessoas que preferem tomar decises com base no sentimento esto seutilizando dos seus prprios valores pessoais (ou de outros), mesmo que estasdecises no tenham lgica e objetividade alguma do ponto de vista da causalida-de e das leis gerais. Sempre levaro em conta o que sentem em relao a algumou a uma situao.

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    Como valorizam as impresses pessoais esto naturalmente voltadas srelaes interpessoais e preocupam-se com os sentimentos e valores dos outros,assim as idiossincrasias humanas so respeitadas. Tendem a ser receptivas eboas para lidar com as pessoas, alm de possurem uma forte atrao pela hist-ria e pelas tradies10.

    As duas atitudes e as quatro funes apresentadas se organizam em umquatrnio, no qual duas funes ficam conscientes e associam-se a um das atitu-des (introverso ou extroverso) e as outras ficam inconscientes.

    A funo principal muito mais gil e mais facilmente coordenada pelavontade consciente. A funo principal pode manifestar-se de maneira introver-tida ou extrovertida. Esta a funo mais desenvolvida e a mais utilizada na vidadiria. A funo auxiliar oferece apoio construo do comportamento consci-ente, isto , funciona como um segundo ponto de vista complementar, recebendoinformaes do mundo ou elaborando avaliaes que orientaro o comportamen-to. Ambas so conscientes e determinam o tipo psicolgico.

    A funo oposta funo auxiliar e j se encontra abaixo do limiar daconscincia e o controle do ego sobre ela bem menor. A funo inferior, amenos diferenciada das quatro funes, mais primitiva, arcaica e inadaptada,corresponde ao lado sombrio da personalidade e se constitui na porta de acessoao inconsciente.

    Dentre as possibilidades de alinhamento das funes e atitudes podemoster 16 tipos psicolgicos definidos por Jung e outros pesquisadores11.

    Uma tipologia apresenta duas utilidades imediatas, a primeira a possibili-dade de autocompreenso e sentido de identidade pessoal. A segunda a facilita-o que a compreenso tipolgica traz ao convvio de um grupo ou comunidade,pois explicita e acomoda as diferenas individuais. Possibilita a integrao dasdiferenas pessoais na unidade do grupo12.

    2. A CONTRIBUIO DAS TRADIES AFRICANAS.

    O mundo acadmico e erudito, centrado nos valores europeus, por muitotempo de nossa histria olhou as culturas africanas com o desprezo de quemobserva o inferior, inculto e ignorante. No entanto as culturas africanas no fi-cam atrs da cultura europia quando o assunto a percepo e compreensohumana, especialmente das diferenas individuais.

    Como os chineses, caldeus e gregos antigos, os nags, bantos, dentre ou-tros, criaram um sistema de classificao de temperamentos e diferenas indivi-duais que atribui identidade e facilita o convvio comunitrio.

    O culto dos Orixs atravessou o oceano, vindo no corao dos povos ne-gros escravizados, e fincou fortes razes em solo brasileiro. Aqui estes deuses

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    encontraram-se com outros que vieram de Portugal, atravs da religiosidade po-pular do colonizador, e no pela teologia oficial da Igreja: bem como enlaaram-se das prticas indgenas da pajelana. Neste contexto histrico, a religiosidadebrasileira desenvolveu formas, cores, ritos e smbolos, dos quais podemos citar aUmbanda como o mais representativo culto de desenvolvimento sincrtico13.

    Neste sentido, podemos afirmar que as divindades do Candombl e Um-banda povoam a psique simblica da maioria dos brasileiros, aproximadamentecomo os deuses helnicos povoavam a dinmica simblica da antiga Grcia. Oconhecimento do contedo simblico contido nos cultos de Orix fornece chavesde entendimento para processos psquicos, sejam estes individuais ou coletivos.

    Isto s possvel graas s analogias mticas, que podemos traar entre osdeuses de vrias culturas. Por exemplo, deuses que tm por elemento o raio e otrovo: Zeus, Tup e Xang.

    Em um contexto de populao fortemente influenciada pelos cultos afro-brasileiros, de vital importncia que o contedo mtico-simblico destes cultossejam conhecidos e compreendidos em seu sentido psicolgico. Os smbolos edeuses cultuados nos cultos afro-brasileiros so mitologias vivas, pois que a reli-gio est viva, diferentemente dos deuses e mitos helnicos, que na atualidade spodem ser compreendidos atravs de um exerccio de interpretao cognitiva,visto estar o helenismo, como religio do povo, morto14.

    A mitologia dos Orixs est viva e representada na vida religiosa e cotidi-ana de cada iniciado. Cada pessoa expressa no mundo, na comunidade, na fam-lia e em sua prpria representao identitria o Orix vivo e atuante.

    3. UMA TIPOLOGIA AFRO DESCENDENTE

    Na tradio de Orix, cada pessoa que retorna do Orum (mundo imaterial)para o Ay (mundo material) constituda de elementos que pertencem a umOrix. Desta maneira, ao reencarnar, cada pessoa ter a tutela de um Orix, quereger sua cabea por toda a vida.

    Olo significa dono e Ori, cabea. Olori significa dono da cabea, assi-milado, no Brasil ao Eled, dono do eu espiritual15.

    Os Orixs so representaes coletivas de caractersticas arquetpicas que,semelhante aos deuses gregos, apresentam mitologia e padres de comporta-mento ligados aos elementos naturais ou culturais que lhes so prprios. SegundoJung16 os arqutipos so estruturas psquicas ancestrais que representam as ex-perincias humanas coletivas, apresentam forma, mas no contedo e so ex-pressos em mitos e smbolos em todos os tempos e lugares.

    As divindades afro-descendentes so responsveis por reas especficasda experincia humana, como a vida e morte, procriao, doena e medicina,

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    guerras, paz, sustento, dentre outras. Assim, cada pessoa tem um Orix, ou me-lhor, o Orix que possui a pessoa, assim como no a pessoa eu possui umarqutipo, mas o arqutipo que a possui17.

    Apesar de o Orix ser um elemento do coletivo ancestral, ao se estabele-cer um vnculo especfico do Orix com o iniciado, ocorre uma personalizao doOrix no mundo material. Isto possvel atravs do Ori, cabea ou psique dofilho do Orix, alma perecvel, inteligncia e sensibilidade18, que expressar opotencial coletivo por intermdio de sua vivncia pessoal. Assim ocorrer varia-o de um para outro iniciado no mesmo Orix.

    Se entendermos Ori como a estrutura egica, o eu individual e pessoal; eOrix como imagem arquetpica do inconsciente coletivo, podemos traar umparalelo entre a tradio de Orix e o sistema psicolgico de Jung e principal-mente sua teoria tipolgica.

    Para facilitar a compreenso desta relao, devemos lembrar que, seme-lhante ao pensamento dos gnsticos, o criador csmico Olorum encarregou Oxa-l/Odudu de criar o mundo e a humanidade, permanecendo distante da criao.Nesta concepo, os Orixs tornaram-se intermedirios entre a humanidade eOlorum, se bem que no exista formalmente uma hierarquia entre os vrios Ori-xs, mas sim, parentescos19.

    Desta maneira, podemos entender Olori como uma imagem intermediriaentre Olorum, cujo conceito se aproxima do que Jung chamou de Si-Mesmo, ocentro da personalidade; e o Ori, cuja significao pode ser entendida com ego,ou o centro da experincia consciente e da identidade individual20.

    Nesta perspectiva, a iniciao de um nefito, chamado de Yao, que oritual chamado de feitura de cabea, um processo que leva a pessoa a experi-mentar mais diretamente o seu Orix; trazendo-o do coletivo mtico para a expe-rincia individual.

    Podemos comparar com o processo pelo qual o ego entra em contato comcontedos do inconsciente coletivo de forma interativa e no somente sendo in-fluenciado pelos seus contedos de forma aleatria21.

    Alguns cuidados devem ser tomados, a exemplo do que ocorre no processode anlise psicolgica. O ego deve ser fortalecido para que se entre em contatocom o contedo inconsciente e arquetpico sem o risco de dissoluo da consci-ncia22. Esta preparao, na tradio de Orix, chama-se Bori, ritual conhecidocomo dar de comer cabea.

    Este ritual tem caractersticas profilticas e teraputicas, para fortificar oesprito do crente. Estabelecida a ligao do Ori com o Orix pessoal, atravsda iniciao, o Orix torna-se uma referncia mtica constante para a vida edesenvolvimento do iniciado. Em sua vida o ya realiza e fortalece o potencial

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    arquetpico do Orix na realidade externa, ao mesmo tempo em que o Orixfornece caractersticas de personalidade e identidade, sentido e significado paraa vida do iniciado.

    Neste processo a pessoa se tornar mais ntima desta potencialidade inte-rior e realizar o mito pessoal no contexto dos rituais, das comunidades de can-dombl e na sociedade mais ampla.

    Quando se identifica o Orix de cabea de um adepto, geralmente atravsdo jogo de bzios ou Opel If, identifica-se o Olori, isto , a figura mtica iden-tificada intrinsecamente com a pessoa. Este Orix determina a identidade religi-osa, comunitria e pessoal do indivduo a partir da. Entende-se que as caracte-rsticas do Orix dono da cabea da pessoa lhe atribua suas caractersticas detemperamento, definindo sua tipologia23.

    Esta identificao no ao acaso, pois pode parecer que uma pessoa assu-ma as caractersticas do Orix identificado pela fora da sugesto. No entanto,os Orixs tem caractersticas de temperamento to diferentes entre si que pare-ceria inadequado ao prprio adepto receber a indicao de um Orix do qual notem qualquer afinidade pessoal. Por exemplo, atribuir a cabea de uma pessoaserena e paciente a Ogum, o Orix da guerra24.

    A identificao do ya com seu Orix to forte que nas comunidades decandombl costume chamar os iniciados pelo nome do seu Orix e no seunome civil.

    A convivncia mtica dos Orixs no mundo imaterial se reflete na vida dacomunidade dos terreiros, onde os vrios Orixs, representados e materializadosem seus filhos, interagem na diversidade de suas diferenas.

    A ttulo de breve definio, descreveremos algumas caractersticas de tem-peramento mais comumente associadas a cada Orix25:

    Exu: sedutor e envolvente com sua conversa matreira, apresenta carterdbio e intelectualizado. Brincalho, astuto e briguento, alm de muito erotizado.Pode ser entendido como um tipo extrovertido, intuitivo com pensamento.

    Ogum: agressivo e temperamental expansivo e tende a se impor aos ou-tros, podendo se tornar violento e impulsivo. Inteligente e engenhoso, franco eum tanto rude no relacionamento pessoal. Pode ser entendido como um tipo ex-trovertido, sensao com pensamento.

    Oxosse: impulsivo e sempre em busca de novas atividades e amizades.No suporta trabalhos rotineiros e espontneo e franco, curioso, mas discreto.Pode ser um tipo extrovertido, intuitivo com pensamento.

    Loguned: inconstante e um tanto arrogante. Tem dificuldades para se deci-dir sendo, no entanto, bem humorados e de fcil trato social. Tende a ser romnticoe flexvel. Pode ser classificado com extrovertido, intuitivo com sentimento.

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    Xang: teimoso com tendncia a ser temperamental e explosivo. Vaidoso eenrgico pode magoar os que o rodeiam sem perceber. Esta descrio aproxima-o ao tipo extrovertido, pensamento com sensao.

    Ians: autoritria, voluntariosa, audaciosa e expansiva. Decidida, no seprende ao socialmente aceito, rompendo com estatutos de moral ou conduta.Festeira, alegre e de intelecto brilhante. Pode ser identificada com o tipo extro-vertido, intuitivo com pensamento.

    Oxum: carinhosa, dissimulada, meiga e vaidosa. Festeira e tende a ser levi-ana ou ftil quando isto lhe convm. Gosta de ser mimada, mas apresenta muitaesperteza no trato social. um tipo extrovertido, sentimento com sensao.

    Oxagui: irrequieto, corajoso, lgico e organizado. Brilha pelo intelecto edetesta receber crticas por sua impulsividade ou originalidade. Representa o tipoextrovertido, pensamento com intuio.

    Ossaim: contido, impessoal, retrado e obstinado. Procura o isolamento soci-al, contido e impessoal nos julgamentos que faz dos outros. Tranqilo, porm obsti-nado e eficiente. Corresponde ao tipo introvertido, sensao com pensamento.

    Obalua: impaciente, retrado, altrusta e vingativo. Tende a apresentarautopiedade e necessita de aceitao e afeto. Tende a no se envolver social-mente. Pode ser o exemplo do tipo introvertido, sensao com sentimento.

    Oxumar: dissimulado, ardiloso, perseverante e generoso. estrategista,concentrando-se no alvo e desprezando os sentimentos externos. Pode ser com-preendido como introvertido, intuitivo com pensamento.

    Nana Buruku: vagarosa, calma, controlada e vingativa. No perde o con-trole das prprias emoes. Acentua as regras morais e sociais. Um tipo intro-vertido, sentimento com intuio.

    Ob: agressiva, viril, sedutora e ciumenta. constante e tem habilidadecom coisas e objetos (ferramentas). ciumenta e tende a aprofundar-se no tra-balho para esquecer os infortnios e revezes. Representa o tipo introvertido, sen-timento com sensao.

    Eu: desconfiada, dominadora, arredia e severa. Defensora das normas so-ciais e morais no apreciam o convvio social. Austera e pudica geralmente tempoucos amigos, no vaidosa. Um tipo introvertido, intuio com pensamento.

    Iemanj: sria, impetuosa, reservada e emotiva. Tende a no esquecer as ofensase dissimular seus pensamentos e sentimentos. Lenta, emotiva, reservada e boa con-selheira. Pode ser representado pelo tipo introvertido, sentimento com intuio.

    Oxaluf: convencido, constante, observador e rancoroso. Calmo e teimosoinspira respeito e admirao. Lento e com muita fora de vontade, sereno e dcil,mas tem poucos relacionamentos sociais. Aproxima-se da definio do tipo intro-vertido, intuitivo com sentimento.

  • 162 REVISTA ESBOOS Volume 17, N 23, pp. 151-163 UFSC

    O sistema religioso afro descendente apresenta uma tipologia baseada nafiliao espiritual a um Orix, equiparando-se em observao das diferenas hu-manas aos antigos caldeus, chineses e gregos, possibilitando que se construampontes entre estas tradies e a tipologia cientfica de Jung, demonstrada pelapsicologia analtica e diferencial.

    Estas aproximaes so possveis graas a paciente observao e investi-gao do comportamento humano que apresenta variaes e categorias que po-dem ser constatadas.

    Tanto o sistema tipolgico de Jung, desenvolvido no sculo XX, no mbitoda psicologia cientfica quanto as classificaes mtico identitrias originadas natradio e nos mitos nags, aproximam na tentativa de compreender as diferen-as individuais e de integrao destas diferenas no convvio social e cultural.

    Esta constatao contradiz a concepo errnea de que estas tradiesancestrais so limitadas em sua compreenso do mundo, da sociedade e das pes-soas. A observao emprica das diferenas individuais e sua vivncia dos con-tedos inconscientes mticos e arquetpicos na prtica religiosa desenvolveramum sistema de categorizao de temperamento individual muito eficiente, o queconfere a estas comunidades maior integrao das diversidades na unidade.

    4. BIBLIOGRAFIA

    CACCIATORE, Olga. Dicionrio de cultos afro-brasileiros. Rio de Janeiro:Forense Universitria, 1977.FAUSTO, Boris. Histria do Brasil. So Paulo: EDUSP, 1995.JACOBI, Jolande. Complexo, arqutipo, smbolo na psicologia de C.G. Jung.So Paulo: Cultrix, 1986.JUNG, Carl Gustav. A natureza da psique. Petrpolis: Vozes, 1991.______. O eu e o inconsciente. Petrpolis: Vozes, 1987a.______. A prtica da psicoterapia. Petrpolis: Vozes, 1987b.LIGIRO, Zeca. Iniciao ao candombl. Rio de Janeiro: Record, 1993.PRANDI, Reginaldo. Os candombls de So Paulo. So Paulo: Hucitec eEDUSP, 1991.SEGATO, Rita Laura. Santos e daimones. Braslia: Universidade de Braslia, 1995.SHARP, Daryl. Tipos de personalidade. So Paulo: Cultrix, 1990.VERGER, Pierre Fatumbi. Orixs. So Paulo: Editora Corrupio e Crculo doLivro, 1986.ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Entendendo os tipos humanos. So Paulo:Paulus, 1995.______. Ori ax. So Paulo: Vetor, 1998.______. Tipos, a diversidade humana. So Paulo: Vetor, 2006.

  • 163Olori, o dono da cabea. Uma tipologia afro-descendente

    NOTAS2 Ver: ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Tipos, a diversidade humana. So Paulo: Vetor, 2006.3 Ver: ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Entendendo os tipos humanos. So Paulo: Paulus, 1995.4 Ibidem.5 Ver: ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Op. Cit. 2006.6 Ibidem.7 Ver: JUNG, Carl Gustav. A natureza da psique. Petrpolis: Vozes, 1991.8 Ver: Ver: ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Op. Cit. 2006.9 Ver: JUNG, Carl Gustav. Op. Cit.1991; ZACHARIAS, Jos Jorge Morais, Op. Cit.2006.10 Ver: SHARP, Daryl. Tipos de personalidade. So Paulo: Cultrix, 1990; ZACHARIAS, Jos Jorge Morais.Op. Cit. 200611 Ver: SHARP, Daryl. Op. Cit. 1990; ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Op. Cit. 2006.12 Ver: JUNG, Carl Gustav. Op. Cit., 1991; SHARP, Daryl. Op. Cit., 1990; ZACHARIAS, Jos JorgeMorais. Op. Cit., 200613 Ver: SHARP, Daryl. Op. Cit., 1990; ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Op. Cit., 1995; ZACHARIAS,Jos Jorge Morais. Op. Cit., 200614 Ver: FAUSTO, Boris. Histria do Brasil. So Paulo: EDUSP, 1995; ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Oriax. So Paulo: Vetor, 1998.15 Ver: ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Op.Cit., 1998.16 Ver: CACCIATORE, Olga. Dicionrio de cultos afro-brasileiros. Rio de Janeiro: Forense Universitria,1977; PRANDI, Reginaldo. Os candombls de So Paulo. So Paulo: Hucitec e EDUSP, 1991.17 Ver: JUNG, Carl Gustav. Op. Cit.1991.18 Ver: PRANDI, Reginaldo. Op. Cit., 1991; VERGER, Pierre Fatumbi. Orixs. So Paulo: EditoraCorrupio e Crculo do Livro, 1986.19 Ver: CACCIATORE, Olga. Op. Cit., 1977.20 Ver: VERGER, Pierre Fatumbi. Op. Cit., 1986.21 Ver: ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Op. Cit., 1998.22 Ver: JACOBI, Jolande. Complexo, arqutipo, smbolo na psicologia de C.G. Jung. So Paulo: Cultrix,1986.23 Ver: JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente. Petrpolis: Vozes, 1987 e A prtica da psicoterapia.Petrpolis: Vozes, 1987.24 Ver: ZACHARIAS, Jos Jorge Morais. Op. Cit., 1998.25 Ver: SEGATO, Rita Laura. Santos e daimones. Universidade de Braslia: Braslia, 1995.26 Ver: CACCIATORE, Olga. Op. Cit., 1977; LIGIRO, Zeca. Iniciao ao candombl. Rio de Janeiro:Record, 1993;PRANDI, Reginaldo. Op. Cit., 1991; SEGATO, Rita Laura. Op. Cit. 1995; ZACHARIAS,Jos Jorge Morais. Op. Cit., 1998.